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Índice

4 Apresentação

6 O que é o GIV

8 O que é Aids?

9 O que é HIV?

12 Medicamentos
contra o HIV

14 Prevenção

32 Adesão ao tratamento

36 Perguntas e respostas
Apresentação

4
E
sta cartilha faz parte do tem o intuito de informar ao leitor
Projeto “Jovens e adultos a diferença entre HIV e Aids, as
vivendo com HIV/Aids, diferentes formas de prevenção
Prevenção e Cidadania combinada ao HIV/Aids, adesão
III”, do GIV - Grupo de Incenti- ao tratamento, a declaração Inde-
vo à Vida apoiado pela Secretaria tectável = Intransmissível, trans-
de Estado da Saúde de São Paulo. missão vertical e gerenciamento
de risco.
O Projeto tem como objetivo o
acolhimento, através de agentes Apresenta, também, uma seção
de campo que se dispõem a con- de perguntas e respostas relacio-
versar sobre vivência, tratamento nadas com os temas acima, que
e prevenção ao HIV/Aids em sala foram enviadas para as nossas
de espera, e atendimento jurídico mídias sociais e e-mail.
para pessoas que vivem com HIV/
Aids, nos serviços de saúde nas Esperamos que essa leitura pos-
cidades de São Paulo, Guarulhos sa ajudar a conhecer as diversas
e Ferraz de Vasconcelos. formas de prevenção e, assim,
possa escolher a que melhor se
A proposta da cartilha “Saúde e adequa ao momento de vida.
Cuidados Sexuais: Prevenção ao
HIV/Aids e Adesão ao Tratamento”, Boa leitura!

5
O que é o GIV

6
É
um grupo que luta pe- são importantes para as pessoas
los direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids, como por
vivendo com HIV/Aids exemplo a luta por acesso gratuito
(PVHA) e das populações a medicamentos, a constituição
mais vulneráveis à infecção pelo de fóruns e encontros de articu-
HIV, sem finalidades lucrativas lação nacional entre ONG/Aids e a
e destituído de quaisquer pre- luta pela garantia dos direitos das
conceitos e/ou vinculações de pessoas vivendo com HIV/Aids. O
natureza político-partidário ou GIV realiza trabalhos no âmbito da
religiosa. Com seu trabalho e prevenção, da luta pelos direitos e
as parcerias que estabeleceu, o contra o preconceito, tem grupos
GIV firmou-se e contribui para o de vivência para jovens, mulheres
crescimento e fortalecimento das e LGBTQIA+, possui apoio psico-
respostas comunitárias de com- lógico, de serviço social e jurídico,
bate à aids assumindo seu papel proporciona palestras, cursos e
dentro do quadro de instituições oficinas. Funciona de 2ª à 5ª feira
da sociedade civil envolvidas nes- das 14 às 22h, sendo que as 2ª fei-
ta luta. Esteve envolvido técnica ras somente com agendamento e
e politicamente na maior parte eventualmente aos sábados. Saiba
das decisões e reivindicações que mais desse trabalho em nosso site.

Rua Capitão Cavalcanti, 145 - Vila Mariana


CEP: 04017-000 - São Paulo - SP

(11) 5084 0255 / (11) 5084 6397


giv@giv.org.br
giv.org.br
@grupodeincentivoavida
@giv_ong

7
O que é Aids?
A
IDS é a sigla em inglês ças pode ser prejudicado com a
para a Síndrome da Imu- presença do HIV no organismo.
nodeficiência Adquirida. O organismo humano reage dia-
Ela é um conjunto de riamente aos ataques de bactérias,
sinais e sintomas, resultante da vírus e outros micróbios, por meio
infecção pelo vírus chamado HIV. do sistema imunológico. Muito
A Aids se caracteriza pelo enfra- complexa, essa barreira é com-
quecimento do sistema imuno- posta por milhões de células de
lógico do corpo. Assim, ele fica diferentes tipos e com diferentes
mais vulnerável ao aparecimento funções, responsáveis por garan-
de algumas doenças chamadas tir a defesa do organismo e por
oportunistas, como tuberculo- manter o corpo funcionando livre
se ou alguns tipos de câncer. O de doenças.
próprio tratamento dessas doen-

8
O que é HIV?
H
IV1 é a sigla em inglês pessoas. Isso pode ser por relações
do Vírus da Imunode- sexuais desprotegidas, pelo com-
ficiência Humana. Cau- partilhamento de seringas con-
sador da Aids, ataca o taminadas ou de mãe para filho
sistema imunológico, responsá- durante a gravidez, parto e a ama-
vel por defender o organismo de mentação. Por isso, é importante
doenças. As células mais atingi- fazer o teste para HIV, se proteger
das são os linfócitos T CD4+. E é em todas as situações e procurar
se inserindo no DNA dessa célula assistência médica se o teste for
que o HIV faz cópias de si mesmo. positivo. Assim há risco: no sexo
Depois de se multiplicar, rompe vaginal ou anal sem preservati-
os linfócitos em busca de outros vo com uma pessoa infectada que
para continuar a infecção. Ter o não esteja em tratamento eficaz;
HIV não é a mesma coisa que ter no uso de seringa por mais de uma
Aids. Há muitos soropositivos ao pessoa; na transfusão de sangue
HIV que vivem anos sem apresen- contaminado; da mãe infectada
tar sintomas e sem desenvolver a para seu filho durante a gravidez,
doença. Mas quando não estão em no parto e na amamentação; por
tratamento eficaz ou não tomam instrumentos que furam ou cor-
as devidas medidas de prevenção, tam não esterilizados.
podem transmitir o vírus a outras

HIV é o vírus que pode


causar Aids. Então as
pessoas não “pegam” Aids,
elas se infectam com HIV
1 O que é HIV. In: Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissí-
veis do Ministério da Saúde. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv>.
Acesso em 23 de junho de 2022.

9
Assim há
risco:

Sexo vaginal ou anal


sem preservativo
com uma pessoa
infectada que
não esteja em
tratamento eficaz;

Compartilhamento
de seringas Através
contaminadas
do beijo
Transfusão
de sangue
contaminado;

Da mãe infectada
para seu filho
durante a gravidez,
no parto e na
amamentação;

Instrumentos que
furam ou cortam
não esterilizados

10
Assim não
há risco:

Através de
picadas de
insetos
Por trocas
de carícias

Por
compartilhar
talheres

Por compartilhar
vaso sanitário
11
Medicamentos
contra o HIV

12
O
s medicamentos usados no tratamento. Segundo dados divul-
combate ao HIV chamam- gados pelo Ministério da Saúde
-se antirretrovirais (ARV). em dezembro de 2021, no Brasil de
1980 até 2021 foram notificados,
Os antirretrovirais surgiram na 1.045.355 pessoas com HIV/Aids.
década de 1980, para impedir a Atualmente, são distribuídos mais
multiplicação do vírus no orga- de 20 antirretrovirais diferentes
nismo. Eles não matam o HIV, no Brasil.
vírus causador da Aids, mas im-
pedem sua replicação, ajudando Além da distribuição para o tra-
assim a evitar o enfraquecimento tamento do HIV, também são
do sistema imunológico. Por isso, utilizados e distribuídos antir-
seu uso é fundamental para au- retrovirais para as estratégias de
mentar o tempo e a qualidade de prevenção. São estas a PEP (Pro-
vida de quem vive com HIV/Aids. filaxia Pós-Exposição) e PrEP
(Profilaxia Pré-Exposição). Elas
Desde 1996, o Brasil distribui são comprovadamente eficazes
gratuitamente pelo SUS (Sistema para a prevenção da infecção pelo
Único de Saúde) os antirretrovi- HIV em inúmeras pesquisas.
rais para todos que necessitam do

13
Prevenção

14
A
Prevenção Combinada é um e externos e gel lubrificante são
conjunto de estratégias que distribuídos gratuitamente pelo
utiliza diferentes formas de Sistema Único de Saúde (SUS).
abordagens para dar uma
resposta ao HIV e outras IST. Essas Circuncisão
estratégias podem ser estruturais, Consiste na retirada cirúrgica da
comportamentais e biomédicas, e pele que recobre a cabeça do pê-
podem ser aplicadas de maneira que nis (prepúcio). Tem eficácia em
atinja múltiplos públicos nos níveis homens que façam sexo com mu-
individual, social, comunitário e en- lheres com HIV. A mulher sorone-
tre relacionamentos.³ gativa não desfruta de nenhuma
proteção se mantiver relações
Preservativos e Gel Lubrificante sexuais com um homem com
Os Preservativos Interno (conhe- HIV circuncidado. Não há resul-
cidos também como masculinos e tados sobre a proteção por meio
penianos) e Externo (conhecidos de circuncisão em gays e homens
também como femininos ou vagi- que fazem sexo com homens. No
nais) são considerados os méto- Brasil não há recomendação ofi-
dos de barreira mais eficazes para cial do Ministério da Saúde para
a prevenção do HIV, infecções se- implementar essa política, mas
xualmente transmissíveis (IST) os homens que assim o desejarem
e, também, é um meio contra- podem optar por esta estratégia,
ceptivo muito eficaz, que permite realizando a cirurgia.
evitar a gravidez não planejada. É
importante aprender a colocar os
Testagem para HIV
preservativos da forma correta,
aumentando a proteção. Se você
JANELA IMUNOLÓGICA:
estiver fazendo sexo com vários
Tempo que leva entre
parceiros, é importante trocar o
o contato com o HIV e a
preservativo a cada mudança de
positividade do teste. Neste
parceiro/a. Outro insumo impor-
período a pessoa já pode
tante é o gel lubrificante, que pode
estar infectada e ainda o
ser usado sozinho ou associado ao
teste ter resultado negativo.
preservativo. O gel evita o rompi-
A janela imunológica muda
mento do preservativo e possíveis
de acordo com o tipo de teste
lesões nas mucosas genitais e anal
durante a relação sexual, que po-
3 Prevenção Combinada. UNAIDS. Disponível em:
dem ser porta de entrada para HIV <https://unaids.org.br/prevencao-combinada/>.
e IST. Os preservativos internos Acesso em: 16 de agosto de 2022.

15
noblot (IB), Imunofluorescência
Hoje temos 3 tipos de testes: indireta (IFI), Testes moleculares.
A maioria destes testes detectam
1 - Laboratoriais apenas anticorpos. Então, uma
pessoa com infecção muito recente
(envolve coleta de sangue) pode ter um teste de rastreio de 4ª
geração positivo e um WB negati-
• Imunoensaio (ELISA): Logo após
vo, pois ainda não houve tempo de
a descoberta do HIV, foram de-
aparecerem os anticorpos.
senvolvidos imunoensaios (IE)
para o diagnóstico da infecção.
Diagnóstico por Detecção Direta
Nas últimas décadas, quatro ge-
do HIV:
rações de IE foram desenvolvi-
São especialmente úteis para o
das. Essas gerações foram defi-
diagnóstico em crianças com ida-
nidas de acordo com a evolução
de inferior a 18 meses e na infec-
das metodologias empregadas, a
ção aguda em adultos.
partir do primeiro ensaio dispo-
nível comercialmente, no ano de
1985. São testes de 1ª, 2ª, 3ª, e 4ª 2 - Testes Rápidos (TR)
geração. Os testes mais novos (4ª
geração) conseguem identificar Em termos gerais, o teste rápido
marcadores que aparecem mais é realizado em local que permi-
cedo no sangue, possibilitando te fornecer o resultado durante
um diagnóstico mais precoce (ja- o período da visita do indivíduo
nela imunológica de 15 dias). Es- (consulta médica, atendimento
ses testes são bastante sensíveis em Centro de Testagem e Acon-
e por isso podem apresentar re- selhamento - CTA, atendimento
sultados falso positivos. Por isso, em Unidade de Testagem Móvel
quando um desses testes possui - UTM, organização não governa-
um resultado positivo, um teste mental, etc.), por pessoal capaci-
complementar deverá ser feito tado. Os testes rápidos permitem
para confirmar o resultado. que a pessoa, no mesmo momento
que faz o teste, tenha conheci-
Testes Complementares: mento do resultado e receba o
São testes que auxiliam no esclare- aconselhamento pré e pós-teste.
cimento dos resultados da infeção Em caso de resultado reagente no
aguda pelo HIV, e nos casos de rea- teste rápido inicial, há necessida-
tividade no teste de 4ª geração. São de de executar um segundo teste
esses: Western blot (WB), Imu- rápido antes da liberação do laudo.

16
Falso Positivo: 3 – Autotestes:
Um teste pode ser falso positivo,
isto é, indicar a presença de an- São feitos pela própria pessoa que
ticorpos para o HIV, sem que o quer se testar, a partir do sangue
organismo tenha estes anticor- (punção no dedo) ou saliva. Atual-
pos. Isto pode ser devido a inter- mente, é possível adquirir testes
ferências de outras condições ou comercializados em farmácias e
medicamentos no organismo, em algumas cidades distribuídos
como por exemplo, vacina recente gratuitamente pelos serviços de
contra influenza A-H1N1; Artrite saúde e/ou parceiros. Na maioria
reumatoide; terapia com interfe- dos casos, a janela imunológica
ron em pacientes hemodialisados; para esses tipos de teste é de 30
infecção viral aguda, entre outros. dias após o contato com o vírus
(verificar na bula do teste).
Falso Negativo:
O teste também pode ser falso Vantagens do autoteste
negativo, isto é, não detectar a • São acessíveis;
presença de anticorpos ou HIV • A própria pessoa pode fazer;
quando, na verdade, estes estão • Garante a discrição diagnóstica;
presentes no organismo. Muitos • Resultado sai em até 20 minutos.
testes atuais têm uma proporção
extremamente pequena de resul- Desvantagens do autoteste
tados falso negativo. Também isto • Apesar de possuírem grande
pode ocorrer por falhas relacio- precisão, existem uma série de
nadas diretamente à execução do situações que podem prejudicar o
teste ou pelo local em que o teste é resultado do teste, por exemplo,
executado. Uma pessoa em uso de quando realizado abaixo do tempo
tratamento antirretroviral pode de janela imunológica, não arma-
ter um teste falsamente negativo. zenado corretamente, estiver fora
de validade ou por inabilidade da
Da coleta ao resultado, o
pessoa que o realizou.
teste rápido pode levar até
• Resultados falso negativos
30 minutos. Porém vários
podem dar uma falsa sensação
fatores podem aumentar
de segurança, aumentando o
o tempo de espera, como
risco de exposição da pessoa e
número de funcionários,
de seus contatos sexuais ainda
quantidade de pessoas
mais em risco.
aguardando o teste/
resultado, etc.
17
Autoteste Positivo mês para que o organismo produ-
Um único autoteste positivo não za os anticorpos correspondentes;
confirma o diagnóstico de HIV; Na Assim, quando o resultado é ne-
embalagem do teste há um tele- gativo, o teste deve ser repetido
fone 24 horas para contato, caso 30 dias depois; Em caso de dúvida,
tenha dúvidas ou queira conversar um médico/serviço de saúde deve
com alguém; Procurar um serviço ser consultado e exames especí-
de saúde ou um médico infectolo- ficos devem ser realizados. Uma
gista; Será necessário realizar um vez diagnosticado como portador
outro tipo de teste para confir- da infecção pelo HIV, em qualquer
mação do diagnóstico, no serviço tipo de teste, a pessoa deve ser
de saúde ou em um laboratório encaminhada prontamente para
particular. atendimento em uma Unidade
Básica de Saúde (UBS) do Sistema
Autoteste Negativo Único de Saúde (SUS) ou para um
É importante lembrar que após a Serviço de Assistência Especiali-
exposição ao HIV demora até um zada (SAE).

Existem testes
disponíveis no SUS
para Sífilis e Hepatites
B e C. Ao fazer o teste
de HIV, caso não
seja ofertado pelo
profissional de saúde,
peça para fazer!!!

18
A diferença entre
PrEP E PEP

PrEP
infecção, como os gays e outros
homens que fazem sexo com
homens, pessoas transexuais,
profissionais do sexo e usuários

A
de drogas. Essas populações, por
Profilaxia Pré-Exposição estarem sob maior risco de ad-
ao HIV (PrEP)4 consiste quirir o HIV, são prioridade para o
no uso de antirretrovi- uso de PrEP. Pessoas em parceria
rais (ARV) por uma pes- sorodiferente para o HIV (onde
soa soronegativa para reduzir o uma delas é positiva para o HIV)
risco de adquirir a infecção pelo também são consideradas prio-
HIV. Essa estratégia se mostrou ritárias para uso da PrEP. Sabe-
eficaz e segura em pessoas com mos que pessoas que vivem com
risco aumentado de adquirir a HIV/Aids em tratamento eficaz,
infecção em estudos em vários com carga viral indetectável há
países, inclusive no Brasil, onde mais de seis meses, o vírus não
foi implementada em 2018. No é transmitido em relações sexu-
Brasil, a epidemia de HIV/Aids é ais. A PrEP pode ser utilizada pe-
concentrada em alguns segmen- lo(a) parceiro(a) soronegativo(a)
tos populacionais que respondem como forma complementar de
pela maioria de casos novos da prevenção.

4 Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle


das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes
terapêuticas para profilaxia pré-exposição (PrEP) de risco à infecção pelo HIV. Ministério da Saúde: Brasília,
2017. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuti-
cas-para-profilaxia-pre-exposicao-prep-de-risco>. Acesso em 23 de junho de 2022.

19
Segmentos Populacionais Prioritários e Critérios de Indicação
Segmentos
Critérios de
Populacionais Definição
indicação
Prioritários
Gays e outros ho- Homens que se rela-
mens que fazem sexo cionam sexualmente
com homens (HSH) e/ou afetivamente
Relação sexual anal
com outros homens
(receptiva ou inser-
tiva) ou vaginal, sem
Pessoas Trans Pessoas que expres- uso de preservativo,
sam um gênero di- nos últimos seis meses
ferente do sexo de-
finido ao nascimento. E/OU
Nesta definição são
incluídos homens Episódios recorren-
trans, mulheres tes de Infecções Se-
transexuais, trans- xualmente Trans-
gêneros, travestis e missíveis (IST)
outras pessoas com
gênero não binários E/OU

Uso repetido de Pro-


Profissionais do Sexo Homens, mulheres e
fixalia Pós-Exposi-
pessoas trans que re-
ção (PEP)
cebem dinheiro ou
benefícios em troca de
serviços sexuais, regu-
lar ou ocasionalmente

Parcerias Parceria heterosse- Relação sexual anal ou


sorodiferentes xual ou homossexual vaginal com uma pes-
para o HIV na qual uma das pes- soa infectada pelo HIV
soas é infectada pelo sem preservativo
HIV e a outra não

Pessoas em risco A critério médico


acrescido em geral

20 Fonte: DIAHV/ SVS/MS


Atualmente, indica-se para a HIV, sífilis, hepatite C, função
PrEP a combinação de Tenofo- renal e hepática); • Avaliação de
vir associado a Entricitabina, em eventos adversos; • Avaliação de
dose fixa combinada TDF/FTC adesão, de exposições de risco e
300/200mg, um comprimido orientações sobre prevenção; •
por dia, via oral em uso contí- Quando interromper a PrEP.
nuo. Essa combinação tem raros
efeitos colaterais e quando eles
ocorrem são transitórios. O uso
diário e regular da medicação PrEP sob demanda
é fundamental para a proteção A Organização Mundial de Saúde
contra o HIV. Estudos sugerem (OMS) atualizou sua recomen-
que altos níveis de concentra- dação para a profilaxia pré-ex-
ção celular dos medicamentos posição (PrEP) incluindo a PrEP
ocorrem a partir do 7º dia de uso sob demanda5 que é feita antes
continuo da medicação para as e depois do sexo. Ela também é
exposições por relação anal e de chamada de PrEP cronograma 2 +
aproximadamente 20 dias de uso 1 + 1 – como opção de prevenção
para as exposições vaginais. Por- do HIV para homens que fazem
tanto, é importante aguardar os sexo com homens (HSH).
períodos descritos acima. Para a
indicação do uso de PrEP, deve- A atualização foi anunciada na 10ª
-se excluir o diagnóstico prévio Conferência da Sociedade Interna-
da infecção pelo HIV, uma vez que cional de AIDS (IAS) sobre Ciência
a introdução da PrEP em quem já do HIV (IAS 2019), na Cidade do
está infectado pode ocasionar a México. A Conferência contou com
seleção de variedades resistentes inúmeras apresentações sobre a
de vírus a algum dos medicamen- PrEP, incluindo um relatório de
tos utilizados. Nas consultas de que nenhum participante do es-
seguimento, deve-se avaliar: • tudo francês PRÉVENIR que usou
Acompanhamento clínico e labo- consistentemente a PrEP diária ou
ratorial a cada 3 meses (testagem sob demanda adquiriu o HIV.

5 • Molina JM et al. Incidence of HIV-infection with daily or on-demand PrEP with TDF/FTC in Paris area.
Update from the ANRS Prévenir Study. 10th International AIDS Society Conference on HIV Science, Mexico
City, abstract TUAC0202, 2019. Veja este resumo no website da IAS 2019 apud BOLETIM VACINAS E NOVAS
TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO, n. 33, p. 09-10, 2019. Disponível em: <http://giv.org.br/boletimvacinas/33/
oms-endossa-prep-sob-demanda-para-homens-gay.php>. Acesso em: 23 de junho de 2022.
• WHO What’s the 2+1+1? Event-driven oral pre-exposure prophylaxis to prevent HIV for men who have
sex with men: Update to WHO’s recommendation on oral PrEP. July 2019 apud BOLETIM VACINAS E NOVAS
TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO, n. 33, p. 09-10, 2019. Disponível em: <http://giv.org.br/boletimvacinas/33/
oms-endossa-prep-sob-demanda-para-homens-gay.php>. Acesso em: 23 de junho de 2022.

21
A PrEP sob demanda (também e, em caso de sexo, uma pílula 24
chamada de PrEP intermitente) horas após a dose dupla e outra
envolve tomar uma dose dupla 24 horas mais tarde. Se o sexo
(duas pílulas) de Truvada (teno- ocorrer vários dias seguidos, um
fovir disoproxil fumarato/emtri- comprimido deve ser tomado to-
citabina; TDF+FTC) entre 2 e 24 dos os dias, até 48 horas após o
horas antes do sexo ser previsto último evento.

Locais que oferecem a PrEP e mais


informações:

Estado de São Paulo Brasil


http://www.saude.sp.gov. http://www.aids.gov.br/pt-
br/centro-de-referencia- br/acesso_a_informacao/
e-treinamentodstaids-sp/ servicos-de-saude/prep
homepage/acesso-rapido/
informacoes-sobre-prep

o tratamento no Brasil passou a

PEP
incluir qualquer exposição se-
xual de risco, como o não uso ou
o rompimento do preservativo.

A
Profilaxia Pós-Exposição O primeiro atendimento após a
(PEP)6 é uma medida de exposição ao HIV é considera-
prevenção que consiste do pelo Ministério da Saúde um
em prevenir a infecção
pelo HIV, com a ingestão de an-
tirretrovirais, após uma provável
exposição ao vírus. Essa forma
de prevenção já é usada desde a até
década de 90, em profissionais
de saúde que se acidentam com
agulhas e outros objetos cortan-
tes contaminados, e para casos de
violência sexual. A partir de 2010,

22
atendimento de urgência. O início Efeitos adversos durante o uso
desse tratamento deve ser feita de PEP, pode ocorrer náusea,
idealmente em até 2 horas após diarreia, enxaqueca ou outros.
a exposição e no máximo até 72 Na maioria dos casos, eles nem
horas, sendo que a eficácia pode aparecem, e mesmo quando apa-
decair à medida que as horas pas- recem podem sumir rápido. Du-
sam. Os antirretrovirais são uti- rante sua consulta, você deve ser
lizados por 28 dias para garantir informado sobre estes possíveis
a eficácia. A pessoa exposta deve efeitos adversos e para onde se
ser acompanhada pela equipe de dirigir em caso de seu surgimento.
saúde e ser testada para o HIV
em 30 e 90 dias após a exposi-
ção. A Rede de PEP deve ter como
porta de entrada um serviço de Para saber onde
atendimento 24 horas, como encontrar PEP
por exemplo, Prontos Socorros,
consultar:
UPA ou outros serviços da rede
de urgência e emergência. O se- Estado de São Paulo
guimento dos casos pode ocorrer http://www.saude.sp.gov.
nos Serviços de Atenção Espe- br/ centro-de-referencia-
e-treinamento-dstaids-sp/
cializada ou em outros serviços assistencia/ busca-de-
disponíveis localmente. O médico servicos-para-profilaxia-
pos-exposicao-pep-
pode recomendar o início do tra- sexual>
tamento para outras infecções
sexualmente transmissíveis,
quando for pertinente. Contudo, é Brasil
importante ressaltar que mesmo http://www.aids.gov.br/pt-
administrando os medicamentos br/onde-encontrar-pep

a tempo, existe sempre a possi-


bilidade de que ocorra a infecção
pelo HIV.
6 Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Con- PEP É CASO DE URGÊNCIA! O
trole das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do ideal é começá-lo nas duas
HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo clínico e
diretrizes terapêuticas para profilaxia pós-exposição horas seguintes à exposição
(PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e hepatites
virais. Ministério da Saúde: Brasília, 2017. Disponí-
para ter mais eficácia NÃO
vel em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/ ADMITA DEMORAS
protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-
-profilaxia-pos-exposicao-pep-de-risco>. Acesso
em 23 de junho de 2022.

23
Indetectável = Intransmissível

A
pós mais de vel. Porém, quando liar às PVHA a tomar
uma década o parceiro com HIV suas decisões de vida
de pesqui- tem carga viral in- sexual conforme seus
sas, há con- detectável, isto não entendimentos e não
firmação baseada em só protege a saúde do pela opinião de ou-
evidências de que o soropositivo como tras pessoas.
risco de transmissão também impede no-
do HIV por via sexual vas infecções. Entre- A Declaração de Con-
é inexistente a partir tanto, muitas PVHA, senso em 2017(depois
de uma Pessoa Vi- agentes de saúde e chamada de Indetec-
vendo com HIV/Aids aqueles em risco po- tável = Intransmis-
(PVHA) que esteja tencial de infecção sível) aborda o risco
em Terapia Antir- pelo HIV não estão de transmissão do
retroviral (TARV) e cientes da magnitu- HIV por PVHA que
conseguiu uma car- de da prevenção do tenham uma carga
ga viral indetectável HIV que ocorre com viral indetectável. Ela
no sangue por pelo um tratamento que é endossada por im-
menos 6 meses2. Es- funciona. Muitas das portantes investiga-
tar indetectável não informações sobre o dores de cada um dos
quer dizer que não risco de transmissão estudos mais proemi-
tenha mais o vírus do HIV são baseadas nentes que exami-
circulando no san- em pesquisas antigas naram esta questão,
gue; mas ele está e também por polí- além de instituições
numa quantidade ticas que perpetuam muito prestigiosas. É
tão baixa, que não é negatividade sexual, essencial que as pes-
detectado pelo exame estigma e discrimi- soas vivendo com HIV
de carga viral. O HIV nação em relação ao e aids, seus parceiros
nem sempre é trans- HIV. Elas precisam de íntimos e agentes de
mitido mesmo com atualização e as polí- saúde tenham in-
carga viral detectá- ticas precisam auxi- formações precisas

24
sobre os riscos de iniciar o tratamento.
transmissão do HIV a O entendimento de
partir dos que obtive- que a terapia antirre-
ram sucesso na TARV. troviral eficaz previne
Ao mesmo tempo, é a transmissão pode
importante reconhe- ajudar a reduzir es-
cer que muitas PVHA tigma ligado ao HIV
podem não chegar a e encorajar PVHA a
alcançar a carga viral iniciar e aderir a um
indetectável por con- tratamento com an-
ta de fatores que limi- tirretrovirais que
tem o acesso a trata- funcionem. A Decla-
mento (por exemplo: ração de Consenso a
desconhecimento de respeito do tema é
sua sorologia, sis- assinada por mais de
tema de saúde ina- 600 organizações que
dequado, pobreza, podem ser encontra-
racismo, negação, es- das em https://pre-
tigma, discriminação, ventionaccess.org/.
criminalização), uso Entre elas, o CDC
prévio da TARV que dos EUA, respeitá-
tenha resultado em veis pesquisadores e
resistência a antirre- centros de pesquisa
trovirais ou toxicida- no mundo. O Minis-
de aos medicamentos. tério de Saúde do Bra-
Alguns podem esco- sil adota esta posição
lher não se tratar ou na Nota Informativa 2 The U=U Global Community. In:
Prevention access campaign. Dis-
podem ainda não es- nº 5/2019 - DIAHV/ ponível em: <https://www.pre-
ventionaccess.org/community>.
tar preparados para SVS/MS. Acesso em 23 de junho de 2022.

25
Transmissão Vertical

O
risco de uma mãe infecta- carga viral indetectável após a 34ª
da transmitir o HIV para semana de gestação); • Utilização
seu bebê, quando não são de AZT xarope para o bebê, até 42
realizadas as intervenções dias de vida (com acréscimo de
de profilaxia, é de 25% (1 em cada Nevirapina, se a mãe não fez uso
4 gestações), sendo que: • 35% de ARV durante o pré-natal ou
dessa transmissão ocorre durante não têm carga viral menor de 1000
a gestação • 65% ocorre antes copias/ml no último trimestre de
e durante o parto. Há um risco gestação); • Não amamentação, que
acrescido de transmissão através deve ser substituída pela fórmula
da amamentação entre 7% e 22% infantil (leite).7
por exposição (mamada). Porém se
forem realizadas as intervenções
de profilaxia esse risco cai para 1 As mulheres com teste negativo
a 2% (1 a 2 a cada 100 gestações). para o HIV, durante a gestação
As intervenções são: • Diagnóstico e parto, devem se prevenir de
precoce do HIV, no pré-natal (teste uma possível infecção após
o nascimento do bebê. Caso
realizado no 1º e 3º trimestre de
a mulher se infecte durante
gestação); • Utilização de trata-
o período que ela esteja
mento antirretroviral na gestação; amamentando, o bebê pode
• Manejo obstétrico por meio de se infectar, pois na fase aguda
cuidados específicos durante o da infecção pelo HIV há um
parto normal ou cesárea (indicada rápido aumento da carga viral.
para mães com carga viral alta ou Neste caso, a mulher deve ser
desconhecida); • Utilização do orientada a interromper a
AZT durante o parto que deverá amamentação.
iniciar no mínimo três horas antes
do parto e mantido até o clam- O pré-natal, as medicações
peamento do cordão umbilical e o leite são fornecidos
(exceto aquelas que apresentam gratuitamente pelo SUS.

26
Amamentação e HIV

N
a 22ª Conferência In- “Durante a 18ª Conferência da
ternacional de Aids, em Sociedade Europeia de HIV/Aids,
Amsterdã, em julho de foi apresentada uma pesquisa sobre
2018, foi apresentado o esse tema. Desde 2019 na Suíça
estudo PROMISE, que foi um gran- houve uma mudança no protocolo
de estudo internacional realizado de saúde e passou a ser prevista
em 14 países de baixa e média durante o pré-natal de gestantes
renda, investigando a eficácia da que vivem com HIV uma reunião
terapia antirretroviral materna na multidisciplinar em que são apre-
prevenção da transmissão do HIV sentados todos os dados conhecidos
e seu impacto na saúde materna. sobre os riscos de transmissão viral
O estudo recrutou mulheres com pela amamentação para que elas
contagem de células CD4 acima de decidam o que consideram melhor
350 células/mm³ e randomizou as para elas e os bebês.
participantes em três momentos:
antes do parto, após o parto du- As mulheres que optarem por
rante o período de amamentação amamentar seus filhos precisam
(pós-parto), ou após a interrupção realizar uma rotina mais intensa e
da amamentação. Duas mães que frequente de exames laboratoriais
tinham uma carga viral indetectável, que incluem a carga viral para HIV.
fazendo tratamento antirretroviral, Enquanto a carga viral da mãe se
transmitiram o HIV para seus bebês mantiver indetectável, nenhum
durante o período de aleitamento medicamento profilático é dado
materno8. Esses casos de trans- para o recém-nascido.
missão sugerem que indetectável
não significa intransmissível no Na Conferência foram apresentados
caso da amamentação. dados sobre 41 mulheres vivendo

27
com HIV que engravidaram depois
da mudança do protocolo suíço,
das quais 20 concordaram com
acompanhamento intensivo para
poder amamentar seus filhos. Seis
meses depois do parto, 45% delas
continuavam seguindo o protoco-
lo e amamentando, e não houve Gerenciamento
nenhuma transmissão vertical do
HIV registrada9. de Risco

O
7 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilân-
cia dm Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção risco de contrair o HIV
e Controle das Infecções Sexualmente Transmissí- varia muito dependendo
veis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo
clínico e diretrizes terapêuticas para prevenção da do tipo de exposição ou
transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais.
Ministério da Saúde: Brasília, 2017. Disponível em:
comportamento (como
<http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2022/protoco- compartilhar agulhas ou o tipo
lo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-preven-
cao-da-transmissao-vertical-de-hiv>. Acesso em:
de relação sexual). Algumas ex-
23 de junho de 2022. posições ao HIV apresentam um
8 • Flynn PM et al. Association of maternal viral load risco de transmissão muito maior
and the CD4 count with perinatal HIV-1 transmission do que outras exposições. Para
risk during breastfeeding in the PROMISE postpar-
tum component. 22ª Conferência Internacional de algumas exposições, enquanto
AIDS, Amsterdã, resumo THPEB115 apud BOLETIM
VACINAS E NOVAS TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO, n.
a transmissão é biologicamente
32, p. 09-10, 2019. Disponível em: <http://giv.org.br/ possível, o risco é tão baixo que
boletimvacinas/32/05-i=i-transmissao-pela-ama-
mentacao.php>. Acesso em: 23 de junho de 2022.
não é possível colocar um número
• Flynn PM et al. Prevention of HIV-1 transmission preciso nela (por exemplo, sexo
through breastfeeding: efficacy and safety of mater-
nal antiretroviral therapy versus infant nevirapine oral).10
prophylaxis for duration of breastfeeding in HIV-
-1-infected women with high CD4 count (IMPAACT
PROMISE): a randomised, open-label, clinical trial. O CDC dos EUA, elaborou uma
J Acquir Immune Defic Syndr, 77(4): 383-392, 2018
apud BOLETIM VACINAS E NOVAS TECNOLOGIAS
tabela de estimativas de risco
DE PREVENÇÃO, n. 32, p. 09-10, 2019. Disponível apresentada ao lado.
em: <http://giv.org.br/boletimvacinas/32/05-i=-
i-transmissao-pela-amamentacao.php>. Acesso
em: 23 de junho de 2022.

9 VASCONCELOS, Rico. Amamentação por mães


que vivem com HIV: um debate calado. VivaBem
UOL, 11 de novembro de 2021. OPINIÃO. Disponível
em: <https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/ 10 HIV Risk Behaviors. In: Centers for Disease Control
rico-vasconcelos/2021/11/19/amamentacao-por- and Prevention. Disponível em: <https://www.cdc.
-maes-que-vivem-com-hiv-um-debate-calado. gov/hiv/risk/estimates/riskbehaviors.html>. Acesso
htm>. Acesso em 23 de junho de 2022. em 23 de junho de 2022.

28
Probabilidade de adquirir HIV de uma
fonte infectada, por tipo de Exposição *

Tipo de exposição Risco por 10.000


exposições

Parental
Transfusão de sangue 9.250
Compartilhamento
de agulhas durante
63
o uso de drogas
injetáveis
Percutânea
(acidente com 23
agulha)

Sexual

Anal Receptivo
138
(ativo é HIV+)
Anal Insertivo
11
(passivo é HIV+)
Vaginal receptivo 8
(homem é HIV+)
Vaginal insertivo
4
(mulher é HIV+)
Oral receptivo Baixo
Oral insertivo Baixo

Fonte: www.cdc.gov/hiv/risk/estimates/riskbehaviors.html (modificação própria)

* Fatores que podem aumentar o risco de transmissão do HIV incluem infecções sexualmente trans-
missíveis, infecção por HIV em fase aguda e tardia e alta carga viral. Fatores que podem diminuir o
risco incluem uso de preservativos, circuncisão masculina, tratamento antirretroviral e profilaxia
pré-exposição. Nenhum desses fatores é contabilizado nas estimativas apresentadas na tabela.

29
Esta Tabela deve ser momento pode optar sexo com pessoas de
interpretada mais pelo sexo oral sem pre- fora do relacionamento,
como hierarquia do que servativo, orienta-se a usam o preservativo.
como uma quantifica- não fazer sexo vaginal Veja que o casal pode
ção. Para exemplificar e anal sem preservativo transar conjuntamente
como gerenciar o risco, por serem práticas de com outras pessoas
usando a tabela acima, maior risco. Daí o nome ou cada parceiro in-
imaginemos um homem de gerenciamento de dividualmente. Ainda
homossexual versátil risco: você gerencia, no um outro exemplo, é
que deseja fazer sexo momento da relação quando duas pessoas
sem camisinha com sexual, qual prática que irão transar mos-
alguém de sorologia oferece uma menor tram seus exames de
desconhecida. Ele pode chance de infecção. HIV negativos ou fazem
optar por ser o ativo Outro exemplo de ge- antes o autoteste. Neste
nesta relação porque se renciamento de risco caso, elas devem levar
fosse o passivo correria é o chamado Pacto em conta o tempo de
um risco maior. Ou um do Casal. Neste caso, janela imunológica,
casal heterossexual que o casal combina de data na qual o teste
não se conhece e quer transar entre si sem foi feito e se houve
ter relação sexual, mas uso de preservativo, alguma exposição de
não tem camisinha no mas quando fazem risco nesse meio tempo.

Para gerenciar
seu risco,
conhecimento
e uma boa
conversa são
fundamentais!
30
Prevenção
combinada
ão

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s Gerenciamento H
de Risco

31
Adesão
ao tratamento

32
A
desão ao tratamento sig- é diminuir o número de vírus cir-
nifica em primeiro lugar culante no sangue e aumentar as
tomar os medicamentos células de defesa (CD4).
como receitados, reali-
zar os exames necessários e ir às Atualmente, o esquema que está
consultas regularmente. Existem sendo disponibilizado para as pessoas
fatores que facilitam ou dificultam recém-infectadas é composto por
a adesão. O tema adesão sempre dois comprimidos, uma vez ao dia.
esteve presente nas discussões do Ao pensarmos em adesão temos
GIV. Em 1997, o GIV publicou em que levar em conta vários fatores
seu informativo “A Ponte” o pri- que podem influenciá-la:
meiro texto abordando a adesão, • Número de comprimidos que a
no âmbito do HIV/Aids no Brasil. pessoa ingere.
O texto tem o título de “Você e os • Conhecer a utilidade dos ARV e
Novos Remédios: Nossas Respon- seus possíveis efeitos colaterais;
sabilidades”. No final dos anos 90 • Cuidado integral através de aten-
e na década seguinte, o GIV reali- dimento multidisciplinar especia-
zou em São Paulo (na capital e no lizado, que é disponibilizado pelo
interior), assim como em outros SUS (nos SAE, CTA e CR);
estados, oficinas de adesão. As • Bom relacionamento com a equipe
medicações usadas para combater de saúde;
o HIV são chamadas de antirretro- • Questões sociais, como local de
virais (ARV). Antes de 1996 os ARV residência, distância do serviço
eram usados em separado, isto especializado, trabalho, estudo,
é, em monoterapia, com eficácia transporte;
temporária. A partir de 1996, eles • Busca de qualidade de vida, que
começaram a ser usados em com- pode ser por meio de práticas
binações de pelo menos três ARV, esportivas, meditações, terapias
aumentando muito sua eficácia no alternativas, ou mesmo pequenas
controle do HIV e na durabilidade mudanças no cotidiano.
do tratamento. O objetivo da TARV

33
Revelação de diagnóstico. fazer coisas do seu tratamento
como não ir a consultas ou deixar
O momento da revelação do diag- de fazer exames, para não faltar
nóstico positivo para o teste HIV, no trabalho e não tomar os ARV
mesmo após mais de 30 anos do nos horários recomendados, por
início da epidemia, ainda abala estar com amigos, por exemplo.
fortemente a vida das pessoas.
Aparecem receios da rejeição, da Facilidade do tratamento atual-
discriminação e do preconceito, mente disponível.
entre inúmeros outros. Quando
disponíveis, o apoio familiar, de A maioria dos medicamentos se-
amigos e da rede de profissionais gue um padrão simples de guarda e
que cuidam da pessoa vivendo com manuseio, o que era bem diferente
o HIV/Aids ajudam ultrapassar as até alguns anos atrás. Tínhamos
primeiras barreiras, e permitem medicamentos que necessitavam
aderir positivamente aos medi- serem guardados em geladeira, ou
camentos e tratamentos. serem dissolvidos em água, alguns
necessitavam de jejum e outros da
O estigma e o preconceito podem obrigatoriedade de alimentação
dificultar a adesão. A decisão de anterior, além do número elevado
contar para familiares e amigos o de cápsulas, o que acabava criando
diagnóstico é difícil devido ao medo dificuldade para a adesão. As pessoas
de sofrer estigma. O segredo sobre têm sua individualidade, e reagem de
o HIV pode ter impacto negativo forma diferente no seu dia a dia, quer
na adesão, pois a pessoa pode ter seja física ou mentalmente. Não é por-
medo de que outras pessoas des- que um tratamento ou medicamento
confiem de sua soropositividade não deu bons resultados para uma
ao descobrirem que usa algumas pessoa, que todas as outras pessoas
medicações, além de deixar de terão a mesma dificuldade. Buscar

34
uma conversa franca com os profis- passam por dificuldades e isso
sionais de saúde onde o tratamento não precisa ser um ato solitário.
é realizado, ter informações claras e Conhecer as medicações que está
ser ouvido, também, não deixando tomando e quais os possíveis efei-
dúvidas e expondo as dificuldades, tos colaterais ajudam na adesão ao
auxilia na adesão. tratamento. Uma conversa franca
com o profissional de saúde, ajuda a
Efeito Colateral. esclarecer dúvidas e a pessoa se sentir
confiante para a ingestão dos ARV.
Se você achar que está sofrendo Muitas não gostam de ler a bula das
algum efeito colateral, consulte com medicações, por receio que reações
seu médico antes de suspender o que elas relatam acabem ocorrendo.
tratamento. Atualmente, há várias É bom lembrar que nas bulas são
opções de tratamento e talvez pos- relatados os efeitos colaterais que
sam tentar uma nova combinação. ocorreram a algumas pessoas que
testaram o medicamento, e que a
Diferente de doenças como diabe- grande maioria não teve essas re-
tes, pressão alta, entre outras, que ações. Grupos de ajuda mútua nas
também demandam tomada diária atividades em grupo ou no aconse-
de medicação, o HIV está permeado lhamento individual, podem auxiliar
de estigma desde seu surgimento. na adesão. Participar de grupos
A adesão das PVHA não depende de ajuda mútua, onde há troca de
somente delas. Conhecimento experiências e vivências, pode ser
sobre HIV/Aids, sobre os ARV e um modo de achar alternativas e
seus possíveis efeitos colaterais, soluções para suas dificuldades. Se
bom relacionamento com a equipe você está se sentindo sozinho, com
multiprofissional, rede de apoio dificuldades de aceitação e adesão
composta por amigos, familiares, o GIV está de portas abertas para
podem ajudar. Muitas pessoas te receber.
Perguntas e
Respostas
M
uitas dúvidas são envia- P - Bom dia. Tudo bem? Estou com
das diariamente através uma dúvida: se a pessoa me arranhar
dos canais digitais e o braço e ficar vermelho por causa
contatos do GIV. Várias do arranhão devido a unha que me
dessas questões são relacionadas passou no braço, tem risco para HIV?
a formas de infecção às IST/HIV, R - Bom dia, não há risco de você
testagem, tratamento, prevenção, pegar pelo arranhão.
entre outras. Respondemos da me- (mensagem via direct do Instagram)
lhor maneira possível, acolhendo e
encaminhando quando necessário. P - Me ajuda, existe risco de con-
Algumas dúvidas podem parecer trair vírus no CTA fazendo teste de
simples para alguns, mas são HIV? As lancetas possuem algum
importantes para outros. Por isso, mecanismo de trava?
não tenha receio de nos procurar! R - Não há risco. Os profissionais
são treinados para fazer a tes-
Pergunta - Oi, tô com uma dúvida. tagem e os materiais são de uso
Eu fui limpar o vaso do banheiro único e descartáveis. As lancetas
onde eu trabalho e quando levan- travam após o uso.
tei a tampa percebi que tinha uma (mensagem via direct do Instagram)
gota de sangue e que eu encostei.
Logo em seguida passei álcool em P - Queria saber se uma pessoa
gel na minha mão. portadora de HIV tem chance de
Corro algum risco? cura. Você saberia me dizer? E se o
Resposta - Você não corre risco remédio a tomar é fácil de encon-
para HIV, pois ele não sobrevive trar em qualquer farmácia.
muito tempo no ambiente, mas R - O HIV ainda não tem cura, mas
o vírus da hepatite B, sobrevive 7 tem tratamento. O remédio para
dias. Se sua mão estiver íntegra, tratamento no Brasil, não é ven-
sem corte ou machucados, você dido em farmácia. Ele é distribuí-
não corre risco. do pelo SUS para todas as pessoas
(mensagem via direct do Instagram) com HIV.(mensagem via direct do Instagram)

36
atendimento. Você pode encontrar
P - Você acha que é possível eu os endereços no link abaixo:
manter isso em segredo? Não que-
ro contar para meus pais. https://www.prefeitura.sp.gov.br/ci-
R - Você não precisa contar para dade/secretarias/saude/istaids/index.
ninguém se você não quiser. So- php?p=245171}
mente você pode revelar sua so-
rologia para alguém quando e se Lá eles irão te orientar para a sua
você quiser, o sigilo está previsto vinculação caso seja necessário.
em lei. (mensagem via e-mail)
(mensagem via direct do Instagram)

P - Oie. Tudo bom? Gente, queria


P - Acabo de fazer um teste rápido uma ajuda se puderem.
de farmácia e o resultado foi po- Meu noivo toma PrEP, por sermos
sitivo para HIV. Eu não sei o que sorodiferentes, mas não está tra-
fazer agora... Tô há horas pes- balhando e está pesado pra gente
quisando na internet centros de comprar. Sabem como funcionaria
apoio, médicos que eu possa con- para ele pegar pelo SUS e se isso é
sultar (mas não sei onde marcar possível?
esse tipo de consulta pelo SUS), R - Ele consegue pegar pelo SUS, sim.
um teste mais confiável pra fa-
zer, moro há pouco tempo em SP, https://www.prefeitura.sp.gov.br/ci-
não tenho referências... enfim. Tô dade/secretarias/saude/istaids/index.
precisando de orientação, não sei php?p=248175
por onde começar. O que eu faço?
R - Sugerimos que você vá ao CRT/ Nesse site tem os locais que dis-
IST/AIDS-SP que fica próximo a pensam PrEP em São Paulo. Ele
estação Santa Cruz do metrô e faça teria que passar em consulta... Me-
o teste novamente para a confir- lhor ligar antes e ver se tem vaga
mação do diagnóstico, segue en-
dereço no link. No CRT também têm.

https://www.saude.sp.gov.br/centro-de- https://www.saude.sp.gov.br/centro-de-
-referencia-e-treinamento-dstaids-sp/ -referencia-e-treinamento-dstaids-sp/
crt/sobre-o-crt crt/sobre-o-crt
(mensagem via direct do Instagram)
Os CTA -Centro de Testagem e
Aconselhamento do município de
São Paulo, também realizam esse

37
P - I=I Sou indetectável há 3 anos P - Gostaria de saber a janela imu-
e nunca deixei de tomar a medica- nológica pra sífilis, obrigado!!
ção, contudo minha parceria con- R - A janela imunológica para sí-
traiu o vírus. Como fica a questão filis é de 10 dias.
do I=I? Tenho realizado 1 vez ao (mensagem via e-mail)
ano os exames.
R - O conceito Indetectável = In- P - Gostaria de saber como faço
transmissível foi divulgado após para pegar um teste rápido?
vários anos de pesquisas em diver- R - Entregamos o autoteste de HIV
sos países. Sugerimos que você rela- de terça a quinta feira das 14:30 às
te o fato ao seu médico para buscar 18:30 h.
descobrir o que pode ter ocorrido (se Se você preferir não esperar, os SAEs
a sua parceria já tinha HIV antes de da Prefeitura também distribuem.
vocês iniciarem o relacionamento,
ou se teve relação desprotegida com https://www.prefeitura.sp.gov.br/ci-
outra pessoa, além de outras possi- dade/secretarias/saude/istaids/index.
bilidades). Importante frisar que o php?p=245171
exame de carga viral deve ser rea- (mensagem via WhatsApp)
lizado no máximo a cada 6 meses.
(mensagem via e-mail) P - Oi, bom dia! Tenho um problema,
não sei como poderia me ajudar. Mas
P - Eu sou espanhol e vou passar meu remédio acabou hoje e os postos
a morar no Brasil, como faço para estão fechados. Sabe como posso fa-
conseguir os antirretrovirais sen- zer para não ficar esses dois próximos
do estrangeiro? dias sem medicação?
R - O tratamento é fornecido gra- R - Infelizmente, muitas pessoas
tuitamente pelo SUS, tanto para esquecem de retirar seus me-
residentes, como estrangeiros. dicamentos com antecedência.
Segue anexa a Nota Informativa Lembramos que as farmácias dos
referente as recomendações sobre serviços especializados liberam a
o atendimento e o fornecimen- retirada dos antirretrovirais 5 dias
to de antirretrovirais (ARV) para antes do vencimento correspon-
pessoas estrangeiras vivendo com dente à última retirada. Isso pro-
HIV no Brasil. (NOTA INFORMATI- porciona uma reserva. Você pode ir
VA No 3/2018-.DIAHV/SVS/MS) e o a um hospital que atende pacientes
endereço com mais informações: de HIV e explicar a situação. Em
http://www.aids.gov.br/en/node/65280 São Paulo pode ser o Emílio Ribas,
(mensagem via e-mail) por exemplo.
(mensagem via direct do Instagram)

38
EXPEDIENTE
agosto de 2022

Organização
Teresinha Martins, Vinícius Uchoa,
Valdemir Conceição da Silva e Filipe
Vieira Pombo

Colaboração
Claudio Pereira, Jorge Adrián Beloqui,
Andrea Paula Ferrara e Gustavo
Humberto da Rocha

Diretoria do GIV
Presidente: Claudio Pereira
Tesoureiro: Luiz Donizeti Rocha
Tesoureiro Suplente: Alisson Barreto
Secretário: Jorge A. Beloqui
Secretário suplente: Teresinha Martins

Revisão
Andrea Paula Ferrara, Jorge A. Beloqui
e Teresinha Martins

Projeto Gráfico, diagramação, artes e capa


Rafael Bezerra e Rai Alex

Impressão e acabamento
Fink Serviços Gráficos Ltda
Tiragem – 1.500 exemplares

Financiamento
A cartilha faz parte do projeto Jovens
e Adultos Vivendo com HIV/Aids,
Prevenção e Cidadania III do Grupo
de Incentivo a Vida, financiado com
recursos da Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo através do convenio
nº 00079/2021

Realização Apoio

39
Realização Apoio

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