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Objetivos do capítulo
Apresentar os tipos de juntas para INTRODUÇÃO À SOLDAGEM
• Definições
soldagem;
• Histórico
Apresentar os conceitos de tensões e
• Tipos de juntas e preparação de
deformações em soldagem; juntas de soldagem
Apresentar os defeitos em operações • Simbologia de soldagem
de soldagem.
TENSÕES E DEFORMAÇÕES
EM SOLDAGEM
• Análise das tensões em um
dispositivo
• ZAT
• Distorções
• Controle e correção da distorção
DEFEITOS EM OPERAÇÕES
DE SOLDAGEM
• Descontinuidades nas operações de
soldagem
• Critérios de aceitação de defeitos em
soldas
• Falha de componentes estruturais
• Trincas
CURIOSIDADE:
Os robôs industriais aplicados à soldagem foram criados na década de 60, na indústria
automobilística, e eram utilizados na soldagem por resistência, ou seja, solda ponto.
5.1.1 Definições
O processo de soldagem envolve uma fonte de energia capaz de unir peças metálicas, com
ou sem adição de material, e essa união é geralmente feita em peças de mesmo material. As
principais definições do processo de soldagem são:
De acordo com a AWS, a soldagem visa obter coalescência localizada em peças metálicas,
produzida pelo aquecimento até uma temperatura adequada, obtida através de uma fonte de
energia, com ou sem aplicação de pressão e de metal de adição.
Soldagem é um processo de união de materiais metálicos em uma região de contato entre
os materiais a serem unidos, de forças de ligação química, semelhantes e atuantes no interior
dos próprios materiais.
5.1.2 Histórico
As técnicas modernas de soldagem começaram a ser melhor utilizadas a partir da descober-
ta do arco elétrico, e também da sintetização do gás acetileno, em 1836, por Edmund Davy, o
que permitiu que se iniciassem alguns processos de fabricação de peças, utilizando essa nova
fonte de energia.
Com o acontecimento da primeira guerra mundial, as técnicas para soldar começaram a ser
mais utilizada nos processos de fabricação, porém, foi na segunda guerra mundial que os pro-
cessos de soldar ganharam um grande impulso de tecnologia, desenvolvendo novas técnicas e
aperfeiçoando as já existentes.
Na década de 1930, a Associação Americana de Soldagem, AWS, desenvolveu as primei-
ras normas para os eletrodos revestidos. Nessa década, também foram desenvolvidos os pro-
cessos de soldagem com eletrodo não consumível (TIG) e arco submerso.
A partir da década de 1950, alemães e franceses conseguiram desenvolver um método novo
de solda, utilizando um feixe de elétrons. Nesta década também foi desenvolvida a solda com
processo a plasma.
Na década de 60 foram utilizadas as primeiras soldas a laser e na década de 70 foram utili-
zados os primeiros rabos nos processos de soldagem.
A) B) C)
D) E)
Figura 2. Resumo da aplicação das simbologias de solda. Fonte: AWS A2.4, 2012. (Adaptado).
Outros
Solda de Filete
mesmo lado
Solda de Filete
lado oposto
Solda de Filete
ambos os lados
Chanfro em V
mesmo lado
Chanfro em
duplo V ou X
Solda de Filete
mesmo lado
Solda de Filete
lado oposto
Solda de Filete
ambos os lados
Quando o símbolo básico é colocado sobre a linha de referência, a solda deve ser feita do lado
oposto em que se encontra a seta, caso contrário, a solda deve ser executada do mesmo lado da
seta, como podemos observar na Fig. 4. Pode ser utilizado mais de um símbolo básico em um ou
dos dois lados da linha de referência.
CURIOSIDADE:
Durante a segunda guerra mundial, foram construídos 4.694 navios, dos quais
1.289 sofreram fratura frágil devido a tensões térmicas causadas pelo processo
de soldagem.
Δl= l – l0 = l0.α.Δt
F F
σ= =
A l.t
F I
t
I
A= Ixt
5.2.2 ZAT
A zona afetada termicamente, ou ZAT, como é mais conhecida, é uma região da solda que
não entrou em ponto de fusão durante a soldagem e que sofreu mudanças microestruturais,
devido ao calor gerado pela soldagem. Essa região pode se tornar fraca em uma junta solda-
da, pois a estrutura granular no ZAT não é tão refinada e, portanto, é mais fraca que o metal
circunvizinho da região. Se o ZAT (Fig. 6) resfriar rapidamente, pode, em determinados aços,
formar uma estrutura cristalina muito frágil, denominada martensita.
O ZAT pode conter, também, poros relativamente grandes, gerando locais naturais de cap-
tura de hidrogênio atômico, pois, quando dois átomos de hidrogênio se encontram, há uma
união imediata entre eles para formar o hidrogênio molecular em estado gasoso. Essas molé-
culas de hidrogênio são maiores que a estrutura cristalina do metal e podem ficar impedidas
de migrar livremente. Quanto mais átomos de hidrogênio migram até estes poros mais molé-
culas ficam aprisionadas aumentando a pressão interna e consequentemente geram trincas
ou fissuras, como podemos observar na Fig. 7.
Zona de fusão
Zona afetada
Interface termicamente
da solda
Trincas induzidas
pelo hidrogênio
Quando a solda é realizada em aços carbono que possuem uma boa plasticidade, as ten-
sões internas são acomodadas, diminuindo a probabilidade do acontecimento de trincas; po-
rém, quando se trata de aços de alta dureza e alta resistência, que não possuem uma boa
5.2.3 Distorções
O aquecimento e resfriamento brusco nas regiões localizadas nas juntas de soldagem por
fusão, especialmente a arco elétrico, resultam em uma expansão térmica e uma contração,
originando tensões residuais em peças soldadas. Essas tensões podem causar distorções e
empenamentos em peças soldadas.
O que ocorre nesse caso é muito complexo, porque o aquecimento é muito localizado, a fu-
são dos metais-base ocorre de forma localizada nessas regiões e há movimentação da região sob
aquecimento e fusão. Como, por exemplo, podemos considerar uma solda de topo entre duas pla-
cas, por meio de soldagem a arco elétrico, como ilustrado na Fig. 8, na qual as letras demonstram:
A: A operação de soldagem da união das chapas inicia em uma das extremidades, deslo-
cando-se para a extremidade oposta. Na sequência, uma poça de fusão é formada a partir do
metal base e do metal de adição, que solidifica de forma rápida, logo após ao arco móvel. As re-
giões vizinhas ao cordão de solda absorvem muita energia térmica e se expandem ao mesmo
tempo que as regiões distantes permanecem relativamente frias. A poça de solda é solidificada
de forma rápida entre a união das duas chapas e, como o metal ao redor está frio, uma tensão
de contração ocorre por toda extensão da solda.
B: As regiões vizinhas ao cordão de solda absorvem muita energia térmica e se expandem,
ao mesmo tempo que as regiões distantes permanecem relativamente frias.
C: A tensão residual no cordão de solda gera tensões de compressão reativas nas regiões
das chapas distantes do cordão de solda. Essas regiões das chapas permanecem relativamen-
te frias e, portanto, não têm suas dimensões alteradas, enquanto que o cordão solidificado a
altas temperaturas contrai na sequência, fazendo com que as tensões trativas residuais per-
maneçam de forma longitudinal no cordão de solda.
D: O resultado final dessas tensões residuais, longitudinal e transversal, podem causar o
empenamento do conjunto soldado (GROOVER, 2016).
V Após
soldagem
Largura
original
C) D)
-0
- +
+ 0 σ
σ
- -
0 0+
+ Modelo de Empenamento
Modelo de distribuição provável
distribuição da tensão
da tensão longitudinal
transversa
Figura 8. Distorções em uma solda de topo. Fonte: GROOVER, 2016. (Adaptado).
SOBREPOSIÇÃO
FALTA DE MATERIAL
CORDÕES DE SOLDA
POROSIDADE
Tais defeitos podem ser observados macroscopicamente e podem chegar a refugar as pe-
ças após a soldagem, a menos que possam ser reparados. No entanto, só são considerados
defeitos quando superam os limites fixados no projeto de soldagem da peça.
5.3.4 Trincas
As trincas fazem parte dos diversos tipos de defeitos que podem aparecer em peças soldadas,
sendo o principal defeito que gera falhas nos componentes estruturais soldados.
As trincas são interrupções semelhante às fraturas dentro dos cordões de solda ou na região
adjacente desses. Possivelmente, é o defeito de soldagem mais grave, pois constitui uma des-
continuidade do metal, reduzindo, de maneira significativa, a resistência da estrutura soldada.
As trincas provenientes de um processo de soldagem podem ser originadas da baixa ductili-
dade da solda ou do metal base, causando uma fragilização localizada durante a contração do
metal. Já as trincas em soldas também podem ocorrer em temperaturas mais amenas, entre
200 ºC e 300 ºC, nos aços ao carbono e de baixa liga.
As trincas a frio são típicas de raiz, e podem ocorrer sob circunstâncias metalúrgicas e me-
cânicas particulares, associadas:
• À temperabilidade das soldas: determinada por uma combinação de composição quími-
ca e da velocidade de resfriamento do cordão de solda.
• À quantidade de hidrogênio difundido nas soldas: varia segundo o tipo de processo de
soldagem, o tipo de metal de adição, contaminantes na superfície da peça, como óleo e umida-
de, e a velocidade de resfriamento da solda.
• Ao grau de limitação das juntas soldadas: varia com o tipo de estrutura a ser soldada,
porém, a espessura do componente estrutural é o fator mais predominante, pois quanto mais
espessa for a chapa, mais alta será a limitação.
• À velocidade de resfriamento das soldas: varia segundo o aporte de calor de soldagem,
a espessura da chapa e a temperatura de pré-aquecimento.
Quanto mais esses fatores aumentarem, mais suscetível fica a trinca na raiz do cordão
de solda.
Proposta de Atividade
Agora é hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Faça uma pesqui-
sa sobre os principais processos de soldagem utilizados na construção naval. A partir dessas
informações, faça um resumo dos tópicos, considerando os conteúdos do capítulo.