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APOSTILA
OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO
DISCIPLINA
Tratadores Eletrostáticos
AUTORES:
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CURSO DE FORMAÇÃO EM OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO
PETROBRAS/PSP/SC-1-11 DE SETEMBRO DE 2001
ÍNDICE
TRATADORES ELETROSTÁTICO...................................................................................2
1 - INTRODUÇÃO................................................................................................................2
2 - TEORIA DE EMULSÕES..................................................................................................3
2.1 – Mecanismos Utilizados na Quebra de Emulsões de Petróleo............................5
2.2 – Segregação Gravitacional...................................................................................7
2.3 – Métodos Empregados para a quebra de Emulsão...............................................9
2.3.1 - Tempo de residência....................................................................................9
2.3.2 - Aquecimento..............................................................................................10
2.3.3 - Produto desemulsificante...........................................................................11
2.3.4 – Agitação.....................................................................................................13
2.3.5 – Campo eletrostático...................................................................................13
2.3.5.1 – Gradiente de tensão máximo e consumo elétrico...................................14
2.3.5.2 – Mecanismo de rompimento de emulsões em campo elétrico de corrente
alternada (AC).......................................................................................................15
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TRATADORES ELETROSTÁTICO
1 - INTRODUÇÃO
Apesar das águas de formação serem compostas de vários tipos de sais, costuma-se
relacionar a salinidade global dessas águas em base de cloreto de sódio, daí o conceito
de PTB (libras por mil barris) de cloreto de sódio, normalmente, empregado na indústria
de petróleo para definir a salinidade de um determinado fluido.
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2 - TEORIA DE EMULSÕES
A mistura de água em óleo pode ser classificada em: água livre e emulsionada no óleo. A
água “livre” seria aquela facilmente separável da fase óleo. Já uma emulsão de água em
óleo é muito mais difícil de separar, exigindo equipamentos mais complexos e um maior
custo.
Poderíamos considerar como água livre aquela água que se encontra na iminência de
separação ou pela ação do produto desemulsificante, ao longo da linha até a entrada do
separador, ou proveniente de um poço com BS&W muito alto, onde as forças de
coalescência passam a ser predominantes.
Uma emulsão é uma mistura de dois líquidos imiscíveis, onde um deles está disperso, na
forma de gotas, no outro. Na indústria do petróleo, os dois líquidos são, usualmente,
petróleo ou hidrocarbonetos refinados e água (Figura 1). Em Sistema de Produção a
maioria dos poços vão, em algum ponto da sua curva de produção, passar a produzir,
simultaneamente, óleo e água. Isto ocorre tanto como resultado natural das condições de
formação ou como um efeito da utilização de um método de recuperação secundária ou
terciária. Nas refinarias a presença de água no óleo é, normalmente, induzida para lavar
os contaminantes presentes ou injetada como vapor para otimizar o fracionamento
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Para que uma emulsão se quebre, é necessário que, inicialmente, haja ruptura do filme
circundante, as gotículas dispersas na fase contínua colidam seguida de uma fusão em
gotas maiores até que se atinja um tamanho suficiente para que ocorra a segregação
gravitacional. Nesta sistemática de processo, três mecanismos básicos são requeridos:
sedimentação ou desestabilização;
floculação;
coalescência.
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V = g (A - o ) d2 / 18 o
onde,
v é a velocidade de sedimentação da gotícula (cm/s);
o é a densidade do óleo na temperatura de tratamento;
A é a densidade da água na temperatura de tratamento;
g é a aceleração do campo gravitacional (cm2/s);
d é o diâmetro da gotícula (cm);
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Para que haja coalescência e segregação das gotículas presentes numa dada emulsão e,
conseqüente separação das fases presentes, é necessário que os fluidos produzidos
permaneçam por um certo tempo no interior do vaso separador. Este tempo é
referenciado ao volume de vaso e as quantidades (vazões) dos fluidos produzidos.
O tempo de retenção de um fluido é definido como uma retenção entre o volume do fluido
presente no interior do vaso dividido pela sua vazão.
2.3.2 - Aquecimento
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Com todos estes benefícios, seria presumível que se utilizasse um aquecimento irrestrito
no projeto de um Sistema de Tratamento, mas alguns pontos negativos devem ser
levados em consideração na hora da definição da temperatura de tratamento:
custo do combustível, quando o aquecimento é feito através da utilização do mesmo;
perda de frações leves, o que aumenta o 0API do petróleo e, conseqüentemente, reduz o
seu valor comercial.
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Devido a importância que o tamanho das gotas de água apresentam para a separação da
fase óleo, o coalescimento das pequenas gotas em gotas maiores é um fator importante
a ser considerado no tratamento da emulsão. Devido ao filme emulsificante formado ao
redor das gotas de água, este coalescimento é dificultado. Mas como este filme é de
natureza química, ele pode ser quebrado pela ação de certos produtos químicos.
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2.3.4 – Agitação
Conforme já visto anteriormente, agitação e/ou turbulência são fatores responsáveis pelo
surgimento de uma emulsão. Entretanto, se convenientemente controladas, elas poderão
ser de substancial importância na resolução de uma emulsão.
As forças que atuam sobre as gotículas de uma emulsão quando submetidas à ação de
um campo elétrico são:
as forças viscosas;
as forças gravitacionais;
as forças eletrostáticas;
as forças tipo dipolo-dipolo.
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Uma vez polarizadas as gotículas tenderão a alinhar-se com as linhas de força do campo
elétrico e surgirão então as interações dipolo-dipolo entre elas.
Quanto maior o gradiente de tensão aplicado sobre as gotículas de uma emulsão, mais
rápido se dará o processo de coalescência das mesmas.
Via de regra, os petróleos mais pesados são também os mais condutivos e os de mais difícil
tratamento. A característica condutora destes petróleos está associada, principalmente, a
presença de compostos organo-metálicos enquanto que a sua maior dificuldade de
tratamento está relacionada a presença de fatores altamente estabilizantes de emulsão e às
resinas. Desta forma, devido aos elevados gradientes de tensão requeridos e a alta
condutividade associada, o gasto elétrico despendido no processo de tratamento de
petróleos pesados e extra-pesados é, consideravelmente, maior do que aquele despendido
com petróleos mais leves.
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A ação de um campo elétrico sobre uma emulsão gera dipolos induzidos, com
conseqüente deformação (alongamento), nas gotículas desta emulsão. Se o campo
elétrico utilizado for de corrente alternada, será verificado que os dipolos e as
deformações surgirão e desaparecerão conforme o número de ciclos da corrente
aplicada. As mudanças constantes de carga elétrica e geometria tenderão a provocar o
deslocamento dos emulsificantes localizados na interface óleo-água, enquanto que o
movimento de vibração intensificará os choques entre as gotículas. Este dois fatores
associados serão os principais responsáveis pelo coalescimento destas gotículas.
Na figura 3 está ilustrado o efeito gerado sobre as gotas de água de uma emulsão óleo-
água, quando submetidas a ação de uma campo elétrico de corrente alternada (AC).
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Fig.3 – Efeito gerado sobre as gotas de água de uma emulsão óleo-água, quando
submetidas a ação de um campo elétrico de corrente alternada.
Na prática existem vários tipos de tratadores eletrostáticos que podem ser classificados
quanto a sua forma geométrica, ao tipo de corrente utilizada e a região de introdução da
carga a ser tratada.
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Atualmente, a forma geométrica mais utilizada nas estações de tratamento de petróleo, nas
plataformas e nas refinarias, é a forma horizontal. No entanto, no tratamento de derivados a
nível de refinarias ainda é possível encontrarmos tratadores eletrostáticos verticais e
esféricos.
Nos processos de tratamento eletrostático podem ser utilizados três tipos de corrente
elétrica:
corrente contínua (DC);
corrente alternada (AC);
sistema misto de corrente contínua e alternada (AC/DC).
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Nos tratadores que utilizam este sistema misto de correntes, a emulsão é, inicialmente,
submetida a um campo elétrico, dito de corrente alternada (AC), formado entre a interface
óleo-água e os eletrodos energizados com corrente contínua (DC). Neste instante, parte das
gotas de maiores diâmetros irão coalescer, enquanto que as demais irão ascender até o
campo de corrente contínua (DC) onde serão então coalescidas por efeitos de polarização e
eletroforese.
Segundo a CE-NATCO este sistema misto é especialmente recomendado quando a
eficiência e/ou a disponibilidade de espaço sejam de vital importância.
Este processo permite reduzir o teor de água a níveis de até 0,1% em volume, dependendo
da carga a ser tratada.
A literatura informa que, os tratadores que operam com corrente contínua (DC) são mais
comuns em refinarias onde o acerto da especificação dos teores de sais e água dos
derivados se faz necessário. Nas refinarias da Petrobras não existem dessalgadoras com
esta finalidade.
Este processo é extremamente eficiente e permite reduzir o teor de água e sais para poucos
ppms. No entanto, só deve ser utilizado para fluidos de baixa condutividade (10-10 Mho/cm).
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Assim como no processo DC/AC este processo tem como desvantagem a chance de
corrosão eletrolítica do vaso tratador, devido a formação de “curto-circuito” por
encadeamento de gotas.
Os tratadores eletrostáticos que operam a alta velocidade são mais comumente encontrados
nas refinarias e estão associados ao uso de corrente alternada. Neste tipo de tratadores a
carga (emulsão) a ser tratada é introduzida na região entre os eletrodos, sendo
uniformemente distribuída por toda a extensão dos eletrodos pela ação da(s) válvula(s) de
mistura e de anteparos (chapas circulares) que evitam o aparecimento de caminhos
preferenciais através dos eletrodos.
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A introdução da carga no vaso tratador se dá através de um distribuidor que pode ter várias
configurações e cuja principal finalidade é garantir a distribuição uniforme da carga ao longo
da seção do vaso, além de permitir a separação primária de sólidos e água livre presentes
na carga.
Em alguns casos específicos, quando o petróleo é consideravelmente leve (35 oAPI), pode-
se observar em alguns tratadores eletrostáticos que o distribuidor de carga está no mesmo
nível e até abaixo da interface óleo-água. Segundo os projetistas este procedimento
provocaria uma melhor lavagem do petróleo sem prejudicar a qualidade da água removida
do processo uma vez que nestes casos a diferença de densidade das fases envolvidas é
consideravelmente alta.
inferior energizado e a interface óleo-água. Neste instante, parte destas gotas irão coalescer
e iniciarão o processo de sedimentação em direção à interface óleo-água onde ocorrerá a
sua incorporação à fase aquosa. As gotas não removidas neste campo de pequena
intensidade irão continuar a sua ascensão até atingirem o campo eletrostático propriamente
dito, onde serão coalescidas, em sua maioria, devido aos fortes efeitos de interações dipolo-
dipolo criado entre as gotas.
Uma vez definidas a vazão e a carga a ser tratada, a temperatura de operação será então
somente função da qualidade de separação desejada.
Como visto anteriormente, o aumento da temperatura do processo acarreta além dos gastos
extras com aquecimento e resfriamento da carga, em elevação do consumo de energia
elétrica pelo processo uma vez que a condutividade dos petróleos aumenta com a
temperatura. Este fato é ainda mais acentuado quando do tratamento de petróleos pesados
e extra-pesados uma vez que os mesmos, normalmente, já apresentam alta condutividade
elétrica mesmo à baixas temperaturas.
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Assim sendo, como muitas vezes a temperatura do processo não pode ser aumentada de
modo a propiciar que a viscosidade do petróleo a ser tratado atinja os níveis desejados, os
projetistas vêem-se obrigados a encontrar uma situação operacional que satisfaça as
necessidades do processo em questão, através de alterações no tempo de residência da
carga e na qualidade de separação das fases.
A vazão de tratamento em um tratador eletrostático de baixa velocidade deve ser tal que
propicie ao petróleo a ser tratado um tempo de residência entre os eletrodos adequados a
separação. A definição do tempo de residência mais apropriado dependerá,
fundamentalmente, das características das fases envolvidas e da temperatura de tratamento
adotada. Sabe-se que quanto mais pesado é o petróleo, maior deverá ser o seu tempo de
residência entre os eletrodos.
O processo de tratamento eletrostático de baixa velocidade permite tratar cargas com
elevados teores de água associada. Neste processo, a forma de dispersão desta água
pouco influencia na eficiência de separação obtida no final do processo.
Por outro lado, como a velocidade de sedimentação das gotas de uma emulsão é
diretamente proporcional a diferença de massa específica entre as fases que a compõem,
quanto maior a diferença de massas específica entre o petróleo e a água, melhor será a
qualidade de separação obtida.
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A interface óleo-água deve ser controlada em uma altura que permita a melhor separação
possível para ambas as fases. Assim sendo, qualquer alteração no nível da interface óleo-
água deve ser realizado de forma criteriosa, a fim de evitar a melhora da qualidade de uma
das fases em detrimento da qualidade da outra fase.
Um nível de interface muito alto pode fazer com que a camada de emulsão atinja o eletrodo
inferior curto-circuitando-o enquanto que um nível de interface muito baixo poderá
prejudicar, sensivelmente, a qualidade da água separada, devido ao arraste conjunto da
parte da fase oleosa.
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