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PROCESSOS DE REFINO

prof. João Vicente - 2023.1


1. Processamento primário de petróleo
1.1. Introdução1
• Durante o processo de produção de petróleo bruto,
na fase pela qual as correntes de fluidos de
diferentes poços escoam através dos manifolds de
produçãoa,b até a superfície, em terra (onshore) ou
nas plataformas (offshore), é comum o aparecimento
de gás (gás associado), água associada à impurezas
(sedimentos, partículas inorgânicas) e sais contidos
no reservatório, Figuras 01, 02 e 03.
1. Processamento primário de petróleo (apostila). Rio de Janeiro: UNIVERSIDADE PETROBRAS - Escola de Ciências
e Tecnologias E&P, 2007.
a. O manifold de produção é o equipamento indicado quando dois ou mais poços são alinhados para mesma
instalação de superfície reunindo todos os fluidos e equalizando a pressão de alimentação da instalação do
processamento primário, BRASIL (2011).
b. O manifold é um conjunto de válvulas e acessórios que serve para direcionar a produção de vários poços para um
duto coletor, o qual conduz a produção total para uma unidade de produção. Disponível em:
<https://pt.linkedin.com/pulse/voc%C3%AA-sabe-o-que-%C3%A9-um-manifold-peter-pereira->

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Figura 01: Manifold Submarino
Fonte: <https://pt.linkedin.com/pulse/voc%C3%AA-
sabe-o-que-%C3%A9-um-manifold-peter-pereira->

Figura 02: Manifold Submarino de Produção DA (MSP-DA) para a produção de


petróleo, em lâmina d'água de até 300 m.
Fonte: <https://webnordeste.com.br/produtos/produtos-offshore/manifold-submarino>
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Figura 03: Manifold Onshore
Fonte:<https://webnordeste.com.br/media/k2/items/cache/8fe3e0f34d3083cba6fe73d62a783d7f_XL.jpg>

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• Por isso, o petróleo bruto após produzido ainda
não se encontra em condição adequada a sua
utilização ou exportação.
• A separação dessas fases (óleo, gás e água) faz-
se necessária através de um processamento
primário in loco (Figura 04), pois:
1°) os hidrocarbonetos (óleo e gás) apresentam
relevante interesse econômico de petróleo, para a
indústria;

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Figura 04: Processamento primário de petróleo
Fonte: Processamento primário de petróleo (apostila). Rio de Janeiro:
UNIVERSIDADE PETROBRAS - Escola de Ciências e Tecnologias E&P, 2007.

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2°) Em relação à água, pode apresentar elevado teor de sal e
sedimentos constituindo a salmoura, acarretando sérios
problemas, principalmente, relacionados à, Figura 05:
✓ formação de emulsões (óleo, gás e água) com
viscosidades superiores à do petróleo desidratado;
✓ alteração no dimensionamento do sistema de bombeio,
na transferência do fluido através de oleodutos de
exportação ou petroleiros, e tancagem (armazenamento),
gerando problemas de incrustação e corrosão prejudicando
certas operações de processo nas refinarias;
3°) Além disso, em relação ao gás associado, pode conter
substâncias corrosivas inflamáveis, sendo assim,
imprescindível a sua separação e, posterior tratamento
evitando problemas de segurança (explosão ou corrosão).
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(a)
Figura 05: Imagens de uma emulsão de
petróleo do tipo A/O por microscopia.
Fonte:
a) www.jornalvoxpopuli.com.br/?p=19701; (b)
b) Processamento primário de petróleo (apostila). Rio de Janeiro: UNIVERSIDADE PETROBRAS - Escola
de Ciências e Tecnologias E&P, 2007.
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• Com isso, o óleo final conterá teores menores daqueles
hidrocarbonetos mais facilmente vaporizáveis; ficando
menos inflamável que o óleo cru.
• Por isso, esse óleo “processado” é também denominado
de óleo estabilizado, Figura 06.

Figura 06: Fluxograma simplificado do processamento primário


Fonte: JUNIOR, Gilvan. Curso Prático & Objetivo apostila, Aracaju

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1.2. Definição2
• O processamento primário de petróleo constitui
a primeira etapa, ainda que na fase de
produção, pela qual o petróleo passa depois
que sai do reservatório e alcança a superfície.
• O termo primário é usado para distingui-lo do
processamento mais complexo que o petróleo
sofre na refinaria.
2. BRASIL, Nilo Índio do et al. Processamento de petróleo e gás: petróleo e seus derivados,
processamento Primário, processos de refino, petroquímica e meio ambiente. 1. ed. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos (LTC), 2011. 288 p.

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1.3. Objetivos2
✓ promover a separação das três fases mencionadas
anteriormente: oleosa, gasosa e aquosa, nos
equipamentos conhecidos como separadores;
✓ tratar a fase oleosa para a redução do teor de água
emulsionada e dos sais nela dissolvidos;
✓ tratar a fase gasosa para a redução do teor de água
(vapor) e de outros contaminantes, se necessário;
✓ tratar a água separada do petróleo, para descarte
e/ou para reinjeção de poços produtores.

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1.4. Consequencias3
✓ facilitar o transporte para as refinarias ou Unidades de
Processamento de Gás Natural (UPGNs);
✓ diminuir os problemas de corrosão e incrustação (em
função da presença de óxidos, sulfetos de ferro,
carbonato de cálcio e outras substâncias na composição
da água;
✓ aumentar a vida útil de equipamentos e catalisadores em
processos de refino;
✓ reduzir gastos com produtos químicos que inibam
processos corrosivos.
3. CARDOSO L, Luiz Cláudio Do poço ao posto. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 2005. 192 p.

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1.5. Critérios técnicos para o processamento primário de
petróleo4
• Vários tipos de equipamentos ou sistemas
podem ser empregados para o processamento
de determinado petróleo.
• Entretanto, a seleção adequada irá minimizar os
custos envolvidos com instalação, operação e
tratamento, primordialmente requerido nos
projetos de instalações (plataformas) marítimas
que apresentam limitações de peso e espaço.
4. FREIAS, André Gonçalves Bueno de. et al. Investigação das facilidades e métodos utilizados
atualmente no processamento primário de petróleo em campos onshore e offshore. 4o PDPETRO,
Campinas, 2007.

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• O processamento dependerá de critérios técnico-
econômicos, que demandará:
✓ unidades de processamento mais simples,
baseando-se na decantação, utilização de vasos
separadores bifásicos (gás/óleo) ou trifásicos
(gás/óleo/água) e outros processos físico-químicos;
✓ unidades de processamento mais complexas, que
incluem tratamento e a compressão do gás, o
tratamento do óleo e o tratamento da água tanto
para o descarte ou reinjeção no poço para facilitar a
surgência do petróleo, conforme mostra a Figura 07.

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1.6. Principais etapas do processamento primário2
1 Poços

2 Manifold
Gás Alta pressão

Média pressão
Água
Separação Compressão
Baixa pressão
Óleo

Tratamento de Água Tratamento de óleo Tratamento de gás


5 4 3
Descarte Reinjeção Exportação Exportação Reinjeção

Figura 07: Esquema de uma instalação de produção complexa


Fonte: BRASIL, Nilo Índio do et al. Processamento de petróleo e gás: petróleo e seus derivados, processamento primário,
processos de refino, petroquímica e meio ambiente. 1ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos (LTC),
2011. 288 p.

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1. O sistema de produção começa na cabeça do poço,
por meio de um equipamento constituído por um
sistema de válvulas – árvore de natalc – cujo objetivo é
controlar a produção dos fluidos. Região onde ocorre a
maior queda de pressão entre o reservatório e o
primeiro vaso separador;
2. O manifold de produção, como já mencionado,
combina as vazões e pressões de correntes oriundas
de diversos poços em uma única corrente de entrada
da instalação de processamento primário;

c. Existem dois tipos de árvore de natal: as árvores de natal convencional – ANC, e a árvore de
natal molhada - ANM, esta utilizada em plataformas de exploração offshore.

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3. A corrente gasosa final é conhecida como gás natural
úmidod, que normalmente é encaminhada a uma unidade de
processamento de gás natural, em terra, para reduzir o teor
de hidrocarbonetos mais pesados que o etano, gerando o
gás natural veicular (GNV). Uma parcela do gás é usada
como gás lift (GL), no processo de elevação artificial do
petróleo e como gás combustível na própria plataforma;
4. O petróleo efluente do último estágio de separação ainda se
encontra emulsionado, resultando na remoção da água no
óleo através do equipamento denominado tratador de óleo;
5. A água produzida nos denominados separadores de
produção trifásicos e no vaso tratador de óleo, por sua vez,
ainda necessita sofrer um tratamento para a redução do teor
de óleo emulsionado e do óleo arrastado com a água.
d. O termo úmido refere-se ao teor considerável de C3+ que podem se condensar.

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1.7. Requisitos de exportação do gás e do óleo e descarte da água1
• O gás natural não pode conter quantidades excessivas
de CO2, H2S, bem como o vapor de água, pois pode
condensar e formar hidratos e causar perdas de carga
adicionais ou causar corrosão nas tubulações, conforme
apresenta a Figura 08;
• O petróleo não pode conter quantidades excessivas de
água emulsionada, sedimentos (BS&W - Basic Water
and Sediment) e teor de sais dissolvidos na água;
• A água produzida deve possuir um valor limitado de óleo
disperso (teor de óleo e graxas - TOG) para poder ser
descartada ao meio ambiente, de acordo com as
regulamentações ambientais vigentes.

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CORRENTE PARÂMETRO ESPECIFICAÇÃO
Teor de água máx. 3 a 5 lb MMcf-1 (f)

Teor de H2S máx. 10 a 15 ppm


Gáse
Teor de Inertes,
máx. 4% vol
CO2
Refino: máx. 1% vol.
BS&W
Exportação: máx. 0,5% vol.
Óleo
Refino: máx.: 570 mg L-1 (em NaCl)
Teor de sais
Exportação: máx. 285 mg L-1 (em NaCl)
máx. 29 mg L-1
Água TOGg
(descarte no mar: máx. 42 mg L-1)
produzida
Temperatura máx. 40oC.
Figura 08: Principais especificações dos fluidos após o Processamento Primário
e. Portaria 104/2002 da Agência Nacional de Petróleo (ANP);
f. libra (libra-massa) por milhão de pés cúbicos (pound per million standard cubic feet) de gás natural;
g. Resolução CONAMA 393/07.

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1.8. Comentários acerca das separações das fases1,5
1.8.1. No sistema de gás
• Os compressores podem ser necessários para elevar ao
nível de pressão de gás desejado devendo ser
dimensionados com certo grau de flexibilidade para
atender as variações nas pressões e vazões volumétricas
dos gases que ocorrem durante o dia-a-dia de um
campo;
• Alguns campos requerem que o gás produzido passe
por um processo de remoção de H2S, quando o teor
deste contaminante é elevado.
5. THOMAS, J. E., Fundamentos de Engenharia de Petróleo, 1. ed. Rio de Janeiro: Editora
Interciência, 271 p.

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• A maioria das facilidades de produção,
instalações destinadas a efetuar o
processamento primário dos fluidos, requer que
o gás passe por um sistema de remoção do
vapor de água presente no gás a fim de reduzir a
possibilidade de formação de hidratos
(ocorrência de sólidos de hidrocarbonetos leves
e água que podem obstruir o sistema de gás).

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1.8.2. No sistema de óleo

• O principal problema é a remoção de água


emulsionada, que também contém os sais
dissolvidos e alguns sedimentos inorgânicos;
• Se o óleo produzido tiver um elevado teor de sal,
é conveniente adicioná-lo água fresca para
permitir a diluição dos sais dissolvidos na água
remanescente que sai com o óleo tratado.

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• Os vasos tratadores de óleo utilizam uma combinação
de métodos que se baseiam na adição:
✓ de compostos químicos denominados desemulsificantes;
✓ de energia térmica (calor)h e;
✓ da introdução de um campo elétrico a fim de obter um
tempo de residênciai necessário para romper a película
de compostos emulsificantes que circundam as gotículas
de água permitindo que elas se coalesçam, formando
gotas maiores que decantam e permitem a separação em
duas fases líquidas, uma oleosa e uma aquosa.
h. De acordo com Thomas (2001), a desestabilização da emulsão pode ser realizada pela ação de calor, eletricidade e
desemulsificantes. O tratamento termoquímico consiste na quebra da emulsão por meio de aquecimento,
geralmente na faixa de 45o a 60o C.
i. Tempo de residência (ou, em certos casos, tempo de remoção) é a quantidade média de tempo que uma partícula
reside em um sistema em particular. Esta medida varia diretamente com a quantidade de substância que está
presente no sistema. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Tempo_de_resid%C3%AAncia>

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1.8.3. No sistema de tratamento de água

• A corrente de água produzida que escoa dos


separadores de produção trifásicos e do vaso
tratador de óleo necessitam passar por um
tratamento que visa remover gotículas de óleo
carreado pela água oriunda de processos
anteriores;
• Tanques separadores (skimmersi), hidrociclones e
flotadores a gás podem ser utilizados para alcançar
o limite máximo admissível de óleo na água a ser
descartada ou injetada nos poços.
i. Skimmer é também um acessório essencial para a manutenção e higienização da água de piscinas.
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Skimmer>.

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