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ISSN 1517-3887

Foto: Terezinha Batista Garcia

COMUNICADO
TÉCNICO Controle da queima
160 do fio em frutíferas no
Amazonas
Manaus, AM
Fevereiro, 2022

Luadir Gasparotto
Marcos Vinícius Bastos Garcia
Terezinha Batista Garcia
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Controle da queima do fio em


frutíferas no Amazonas1
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Luadir Gasparotto, engenheiro-agrônomo, doutor em Agronomia (Fitopatologia), pesquisador da Embrapa
Amazônia Ocidental, Manaus, AM. Marcos Vinícius Bastos Garcia, engenheiro-agrônomo, doutor em
Agricultura (Ecotoxicologia de Solo), pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. Terezinha
Batista Garcia, engenheira-agrônoma, mestre em Fitotecnia (Produção Vegetal), pesquisadora da Embrapa
Amazônia Ocidental, Manaus, AM.

A incidência da doença queima do sobre os ramos, expande sobre as fo-


fio, causada pelos fungos Corticium lhas (Figura 1) e, algumas vezes, cobre
coleroga (Cooke) Höhn. (sin: Pellicularia toda a superfície do limbo foliar, cau-
koleroga, Koleroga noxia, Koleroga sando-lhes o secamento. Em estádios
noxia e Botryobasidium koleroga) avançados da doença, as folhas mortas
ou Ceratobasidium ochroleucum se destacam e ficam penduradas ou
(F.Noack) Ginns & M.N.L. Lefebvre (sin: suspensas por filamentos brancos ou
Ceratobasidium stevensii, Corticium amarelados de micélio, denominados
ochroleucum, C. stevensii, Hypochnopsis rizomorfas, formados por um agregado
ochroleuce e Hypochnus ochroleucus), de hifas anastomosadas com pequenas
em frutíferas, no estado do Amazonas, ramificações laterais, que se desenvol-
tem aumentado de forma significativa, vem sobre as partes afetadas (Figura 2).
preocupando os agricultores e técnicos.
Além de ramos e folhas, a doença
O patógeno, agressivo, afeta deze- afeta os frutos (Figura 3), causando po-
nas de espécies cultivadas, notadamen- dridão. Nos estádios finais da doença,
te plantas frutíferas, como goiabeira, ocorre anelamento dos ramos e, conse-
cajueiro, jaqueira, mangueira, laranjeira, quentemente, a morte da parte superior
caramboleira, mangostão, jenipapeiro
da copa (Figura 4).
(Gasparotto; Silva, 1999) e rambutãn-
zeiro (Gasparotto; Pereira, 2015). Nos No estado do Amazonas, onde
plantios comerciais de gravioleira, a predomina o clima quente e úmido, a
severidade é alta, ocasionando redu- queima do fio em fruteiras ocorre o ano
ção significativa da produção de frutos, todo. Se medidas de controle não forem
como constatado na comunidade Vila do adotadas, o patógeno pode se dissemi-
Engenho, município de Itacoatiara. nar por toda a copa da planta, destruin-
do-a totalmente e servindo de fonte de
A doença é caracterizada pela pre-
inóculo para todo o plantio.
sença de um micélio externo, de colora-
ção esbranquiçada, que se desenvolve
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Fotos: Terezinha Batista Garcia (A, B) e Felipe Rosa (C)


A B

C
Figura 1. Ramos e folhas de gravioleira (A), laranjeira (B), recobertas parcialmente, e de
rambutãnzeiro (C) recobertas totalmente por micélio do fungo Corticium koleroga.
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Foto: Terezinha Batista Garcia

Foto: Terezinha Batista Garcia


Figura 2. Rizomorfas do fungo Corticium
koleroga formadas sobre os ramos da Figura 4. Morte parcial da copa de uma
gravioleira. laranjeira, causada pela queima do fio.
Foto: Terezinha Batista Garcia

Como medidas de controle,


recomenda-se:

• Efetuar a poda dos ramos das


plantas afetadas e removê-los jun-
tamente com as folhas para fora da
área do plantio.

• Nos ramos mais grossos que foram


eliminados, pincelar pasta com pro-
duto à base de cobre (pasta cúpri-
ca) nas áreas expostas, reduzindo
a entrada de outros patógenos.

• Após a poda fitossanitária, aplicar


calda bordalesa ou calda sulfocál-
cica em todas as plantas para erra-
Figura 3. Ramo e fruto da laranjeira afetados
pela queima do fio. dicar o inóculo remanescente.
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• Se constatar a doença em outras • Prover as plantas com adubações


espécies de plantas situadas no in- adequadas.
terior e/ou ao redor do plantio, ado-
• Em sistemas agroflorestais, esta-
tar a mesma medida de controle,
belecer o plantio das mudas nos
pois constituem fontes de inóculo
espaçamentos exigidos por cada
para as fruteiras.
espécie, no intuito de evitar am-
• Realizar inspeções periódicas nos biente sombrio e úmido.
plantios para detectar possíveis fo-
cos da doença nos estádios iniciais Referências
de desenvolvimento.
GASPAROTTO, L.; PEREIRA, J. C. R. Queima
• No caso das gravioleiras, cerca de do fio do rambutãnzeiro. Manaus: Embrapa
50 a 60 dias após a remoção dos Amazônia Ocidental, 2015. 4 p. (Embrapa
galhos e ramos afetados, proceder Amazônia Ocidental. Comunicado técnico, 115).
à desbrota dos ramos cortados, GASPAROTTO, L.; SILVA, S. E. L. Novos
deixando apenas a brotação mais hospedeiros de Pellicularia koleroga no Estado do
vigorosa. Amazonas. Fitopatologia Brasileira, v. 24, n. 3,
p. 469, set. 1999.
• Efetuar poda de limpeza da copa
logo após a colheita. A poda con- PINTO, A. C. Q.; SILVA, E. M. Graviola para
exportação: aspectos técnicos da produção.
siste em eliminar os ramos com
Brasília, DF: EMBRAPA-SPI, 1994. 41 p. (Série
brotações indesejáveis, secos, do-
Publicações técnicas Frupex, 7).
entes ou praguejados, o que favo-
rece maior ventilação no interior da
copa, com redução da umidade e
consequentemente das condições
favoráveis ao patógeno, proporcio-
nando aumento da produção pela
expansão do número de ramos la-
terais (Pinto; Silva, 1994).

• Manter a área livre de plantas dani-


nhas, principalmente as arbustivas,
para reduzir a umidade e aumentar
a insolação sobre as plantas, dimi-
nuindo as condições favoráveis ao
patógeno.
Embrapa Amazônia Ocidental Comitê Local de Publicações
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Estrada Manaus/Itacoatiara
69010-970, Manaus, Amazonas Presidente
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Editoração eletrônica
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Terezinha Batista Garcia

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