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É de se chocar, de fato, que um episódio tão cruel e inumano tenha sido descrito com tanta
neutralidade por parte do autor, sobretudo um autor negro como Machado, irmão de cor dos
então escravizados; Grave ao ponto de se pensar se, porventura, estaria Machado negando
sua cor e utilizando-a como moeda em troca de uma notoriedade crescente e bem colocada
na história e na comunidade literária a medida em que o mesmo fechasse os olhos para a
causa abolicionista e tudo que decorre disso.
No entanto, não foi esse o cenário observado em Memórias Póstumas de Brás Cubas, e
sendo assim, não temos hoje e também não hão de haver as gerações futuras a referência
de Machado como o expoente negro da literatura Brasileira que advogou fervorosamente e
utilizou de sua posição social e repertório intelectual em favor da causa abolicionista e da
condição no negro na literatura e na história nacional.
Finalmente, faço das minhas palavras do professor Hemérito dos Santos as minhas
próprias: “Adeus: Machado de Assis ficará na história literária do nosso país ao lado de
[Domingos] Magalhães que, apesar de branco, foi também corroído pelas misérias da vida e
pelos preconceitos vesgos e zarolhos que também roeram o criador de Quincas Borba”.
Referências: