Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
O artigo científico tem por objetivo geral analisar quais são as principais causas para o
ingresso dos vestibulandos concluintes do ensino médio na Universidade do Estado da Bahia
(UNEB) no campus XIX em Camaçari (Ba). De modo com que o acesso à educação de
qualidade no ensino superior garanta a cidadania de todos. A metodologia utilizada na
pesquisa desse projeto, foi uma pesquisa de campo com a distribuição de um questionário em
redes públicas e privadas o qual gerou dados quantitativos e qualitativos para a análise das
hipóteses relatados, pesquisas bibliográficas e o grande apoio da Constituição Federal de
1988. O questionário foi distribuído para vestibulandos de Camaçari. Foi constatado que 27
pessoas queriam ingressar na UNEB independente dos problemas existentes (como a falta de
transporte, a falta do sentimento de pertencimento a cidade, a falta de condições financeiras
para se manter na Universidade, a falta de diferentes cursos e a falta de recursos para realizar
o vestibular exigido) e, os outros 83 relataram que não tinham interesse, utilizando a
justificativa principal de que não existem cursos diversos a serem ofertados, além do curso de
Direito e de Ciências Contábeis, dentre outros pontos mencionados. Por isso, na tentativa de
resolver o problema pontuado, cabe a gestão da Universidade investir na comunicação com a
população de Camaçari para a divulgação da existência desse campus e além disso,
possibilitar que a pesquisa sobre o interesse do público em ampliar a rede de ensino, inserindo
cursos variados para graduação.
Palavras-chave: Causas de impedimento ao ingresso no campus XIX. Cidadania.
1
Bacharelando em Direito na UNEB; Contato: ademario2003@yahoo.com.br
2
Bacharelanda em Direito na UNEB; Contato: csoba03@gmail.com
3
Bacharelanda em Direito na UNEB; Contato: Clarasgregorios@gmail.com
4
Bacharelando em Direito na UNEB; Contato: danielvictormonteiro5@gmail.com
5
Bacharelanda em Direito na UNEB; Contato: evelyncarvalho978@gmail.com
6
Bacharelanda em Direito na UNEB; Contato: isabellessrosa7@gmail.com
2
1 INTRODUÇÃO
A democracia e a cidadania são conceitos que andam entrelaçados, um complementa
o outro. Em vista disso, com a democracia é possível reconhecer que o cidadão tem direitos e
deveres previstos na Constituição Federal. Uma educação de qualidade é um dos direitos
destinados para toda a população, o qual está previsto no art. 205 da Carta Magna e, quando o
Estado garante, a comunidade brasileira tem a sua cidadania sendo exercida. A grande
motivação para a elaboração desse artigo científico é entender os obstáculos encontrados
pelos vestibulandos que residem em Camaçari e que demonstrem interesse em ingressar na
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), no campus XIX em Camaçari.
Com o intuito de esclarecer o objeto de estudo deste artigo, foi adotada uma
abordagem acadêmica, apresentando premissas com conceitos e valores fundamentais para o
desenvolvimento da pesquisa. O artigo inicia-se no tópico 2, abordando a temática da
democracia e cidadania no contexto brasileiro, baseado nas perspectivas de diversos autores.
Em seguida, no tópico 3, é estabelecido o papel da educação no progresso da sociedade,
destacando-se a obrigação de uma nação em fornecer educação à sua população. Para embasar
essas discussões, são utilizadas tanto citações de obras e autores relevantes como Paulo Freire
com a obra "Pedagogia do Oprimido", discorrendo sobre os conceitos da educação e a
legislação brasileira.
Essa Universidade é criada com a proposta de ser multicampi, ou seja, se instalar em
diversas cidades do interior da Bahia para atender as demandas de formação superior da
população, garantindo, assim, o acesso à educação de qualidade. No entanto, há uma grande
preocupação no baixo ingresso dos residentes de Camaçari na UNEB no campus XIX. Com
isso, surge a ideia de construir uma pesquisa baseada em hipóteses sobre quais poderiam ser
os motivos que estão impedindo o ingresso desses alunos, tais como: a falta de conhecimento
sobre a existência do campus; a ausência de transporte público; a escassez de condições
financeiras para a permanência; a falta de recursos para realizar o vestibular que a
Universidade estabelece como requisito para cursar a área desejada; a insuficiência da
diversidade dos cursos, visto que o campus XIX apenas oferece os cursos de Direito e
Ciências Contábeis; e a inexistência do sentimento de pertencer à cidade e à comunidade de
Camaçari. A metodologia escolhida para a produção do trabalho, além da pesquisa de campo
com a aplicação do questionário, foi o método hipotético-dedutivo, dados de natureza
quantitativa e qualitativa, pesquisas bibliográficas e documentais. Com essa pesquisa, espera-
3
se contribuir para uma melhor compreensão do cenário para revelar o principal motivo para o
baixo ingresso dos vestibulandos de rede pública ou privada, entre 16 anos ou mais e, a partir
disso, elaborar tentativas de resolução dos principais problemas enfrentados por eles.
2 DEMOCRACIA E CIDADANIA
A democracia é um sistema político governamental em que o cidadão possui
protagonismo para exercer a soberania determinando, através de eleições periódicas, seus
representantes legais, essa definição é retirada do “Glossário Eleitoral” (BRASIL, 2023, p. 1).
Em consonância com isso, o modelo democrático foi instaurado no Brasil em 1989 e
consolidada como organização política oficial do país, conforme estabelecido na Lei nº 9.709,
de 18 de novembro de 1998.
Ademais, nesse sistema governamental, o indivíduo possui direitos e exerce deveres
com a sua cidadania e é por meio dela que é possível assegurar igualdade desses direitos civis,
políticos e sociais no país, conforme garantido no artigo 5º da Constituição Federal.
A cidadania é um conceito que faz referência aos direitos, deveres e responsabilidades
que uma pessoa possui em relação ao local onde vive e à sociedade na qual está inserida.
Assim, é a efetivação do direito de ser considerado um membro ativo e participativo de uma
comunidade, que envolve a plenitude do exercício dos direitos civis, políticos e sociais,
determinados e garantidos pela Constituição. Além disso, implica respeitar as leis, dar a sua
contribuição para o bem-estar da coletividade, lutar pelos seus direitos e pelos direitos dos
outros, também de ser consciente de seus deveres e responsabilidades como parte do conjunto
social.
Segundo Madrigal (2016), no artigo “O exercício da cidadania no desenvolvimento da
sociedade”, a cidadania se refere aos compromissos e obrigações que uma pessoa tem com a
sociedade em que vive, juntamente com os direitos que lhe são concedidos. Dessa forma,
complementa com uma observação do desenrolar histórico da cidadania, observando que ela
tem sido associada principalmente aos direitos políticos, que possibilitam que um indivíduo
participe ativamente na tomada de decisões públicas do Estado, seja por meio de intervenção
direta ou indireta na administração e formação do governo.
Diante desse conceito sobre a cidadania, segundo o artigo “A concepção de cidadania
como conjunto de direitos e sua implicação para a cidadania de crianças e jovens” um dos
problemas discutidos é a representação da cidadania plena do indivíduo sendo, apenas, um
conjunto de deveres que o Estado impõe na sua população, desconsiderando os direitos como
um dos elementos essenciais que fazem parte da identidade do cidadão (MONTEIRO;
4
Perante o exposto, vale a pena ressaltar que, no sistema democrático brasileiro, um dos
direitos do cidadão é o amplo acesso à educação, que infelizmente não é respeitado, já que,
com base nos dados que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
disponibilizou na pesquisa intitulada “Pesquisa aponta redução do analfabetismo em todo o
país” (BRASIL, 2018, p. 1), cerca de 8,3% dos cidadãos brasileiros são analfabetos,
possuindo 15 anos ou mais. Esses dados fazem com que os cidadãos não sentem que os seus
representantes estão realmente patrocinando uma educação universal no Brasil, fazendo com
que uma parte da população não consiga ter uma formação bem estruturada para poderem
usufruir plenamente dos seus direitos e deveres como indivíduo de um Estado.
Além desse fato, Diniz (2022, p. 174), em sua obra “Dicionário Jurídico
Universitário”, indica que a participação dos cidadãos é o elemento principal na definição do
5
Habermas para demonstrar que a democracia efetiva é construída por meio do diálogo entre
os diversos setores. Contudo, é necessário institucionalizar os procedimentos que promovam
tais debates e criem condições de comunicação entre esses variados grupos formais e
informais. Para a autora, os procedimentos e pressupostos comunicativos que geram a
formação liberal da vontade e da opinião popular legitimam o processo democrático, porque
se vinculam ao exercício do poder público na realização de seus programas a favor da
coletividade (FARIA, 2010, p. 3).
É importante destacar que cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos políticos e civis
de um país, porém todas as pessoas têm direito a dignidade humana. Daí, a importância da
participação do cidadão na governança de uma nação, estabelecendo o direcionamento das
políticas públicas e do desenvolvimento nacional para o bem comum. No artigo “A Percepção
Sobre o Voto no Brasil: Direito ou Dever”, os autores também consideram que o exercício do
voto apenas não é suficiente para o desenvolvimento pleno da cidadania e consolidação da
democracia no país. É necessário que os eleitores possuam um certo grau de maturidade e
atuação na vida política para realizar as suas escolhas de forma consciente. Segundo os
autores, “Socialmente analisando, uma sociedade para estar preparada à democracia precisa
ter um nível cultural mínimo, e não só de alfabetização [...]” (SILVA; SILVA, 2015, p. 4).
No referido artigo, questiona-se a natureza do voto, se é um dever ou um direito. Sobre
esse assunto, há entendimentos divergentes na doutrina brasileira, porém os autores entendem
que, quando o voto é classificado como um dever pelo cidadão, o poder do Estado não está
nas mãos do povo de fato, a nação é quem exerce esse poder soberano. Portanto, o
entendimento do voto como direito enfatiza a soberania popular, pois ele expressa a vontade
de cada eleitor (SILVA; SILVA, 2015, p. 5).
Ademais, o artigo ratifica não só a importância da alfabetização, mas principalmente
da educação política para a formação de cidadãos ativos, conhecedores do funcionamento do
governo e participantes das políticas públicas do seu Estado (SILVA; SILVA, 2015, p. 6).
Quanto mais instruído e engajado politicamente for o cidadão, mais consciente será o seu
voto. A sua visão sobre o seu papel eleitoral passará cada vez mais de dever para um direito.
Contudo, essa realidade ideal só será possível por meio da educação, conforme estabelece o
art. 205 da Constituição Federal de 1988:
Devemos, por conseguinte, valorizar o papel do dever político, que só pode ser
despertado e difundido por meio da educação em conjunto com o devido trato com a
coisa pública, e aviltar o dever jurídico, que tem nos conduzido a uma realidade não
desejável para nenhum povo, ensejando uma verdadeira ruína dos ideais da
democracia e do sistema representativo. A tratativa de temas a respeito da
participação política e da escolha de representantes requer uma maior sensibilidade,
planejamento e empenho por parte do poder estatal, sob pena de incorrer no erro de
se formar seres alienados politicamente, ao invés de típicos cidadãos. (SILVA;
SILVA, 2015, p. 9)
§1 Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos
nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior,
está baseada no mérito.
§2 A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade
humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas
liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as
atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz (ONU, 1948).
bacharelado em Direito e Ciências Contábeis, os quais podem gerar grandes benefícios para
os camaçarienses. Todos os programas realizados no campus são direcionados para a melhoria
do desenvolvimento da cidade, das mesas de debates, discussões e palestras são realizadas em
prol da comunidade.
Contudo, percebe-se que nos cursos do campus XIX muitos alunos vieram de outras
cidades e poucos de fato são nativos da cidade de Camaçari. Diante disso, surgiu a
necessidade de investigar e questionar o (s) motivo (s) dos vestibulandos do ensino médio
(público e privado) de Camaçari não ingressarem com frequência na Universidade local. A
partir da coleta e análise dos dados, será possível afirmar que existem muitos impedimentos
para o ingresso de jovens e adultos nos cursos do campus XIX da Uneb, gerando, assim, a
possibilidade de elaborar um plano com alternativas para aumentar o ingresso desses
indivíduos nesta Universidade.
Diante desses fatos, um questionário foi criado no Google Forms e aplicado em
determinadas escolas públicas e privadas localizadas na cidade de Camaçari. A pesquisa foi
elaborada contendo questões objetivas referentes à faixa etária, tipo de escola (pública ou
privada), se o respondente tinha interesse em estudar no campus XIX (UNEB) e uma questão
com sugestões de possíveis motivos que prejudicam a entrada desses alunos na Universidade
foco da pesquisa. Cabe ressaltar que nessa questão também havia uma opção aberta
denominada “outros”, para o caso de o respondente desejar informar outra razão diversa
daquelas contempladas no formulário, permitindo uma maior abordagem das causas que serão
objeto desse estudo. Ademais, o intuito dessa coleta e reunião dos dados foi para investigar o
porquê os vestibulandos nativos dessa cidade não ingressam no campus XIX da Universidade
do Estado da Bahia (Uneb).
superior são de interesse dos alunos de Camaçari. A partir daí, será possível fazer um
planejamento para ampliação das formações acadêmicas do referido campus.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como objetivo principal pesquisar sobre as principais causas
que impedem o ingresso dos vestibulandos concluintes do ensino médio na Universidade do
estado da Bahia, campus XIX – Camaçari (BA). Para atingir a meta traçada buscou-se como
referenciais a democracia, a cidadania e o direito à educação; refletiu-se sobre a importância
dos conceitos de democracia e cidadania como fundamentos constitucionais indispensáveis no
Estado Democrático de Direito brasileiro; e analisou-se o dever do poder público de garantir o
direito à educação a todas as pessoas da população como uma obrigação pública inafastável
dos deveres governamentais.
Criou-se um questionário para coletar as causas do aparente impedimento ao ingresso
dos estudantes concluintes do ensino médio em Camaçari no campus XIX da UNEB. A
amostra populacional pesquisada foi de 110 estudantes de instituições de ensino público e
privado da referida cidade, sendo 80 alunos da rede pública e 30 da rede privada,
correspondendo a 72,7% e 27,3%, respectivamente. Observou-se que a grande maioria não
tem interesse de ingressar no campus XIX da Uneb devido a não ter uma diversidade de
cursos de graduação, falta de conhecimento da existência da referida universidade e pela falta
do sentimento de pertencimento com a cidade de Camaçari e a comunidade, dentre outros
fatores.
Constata-se a necessidade de uma melhoria na comunicação do campus XIX da Uneb
com a comunidade de Camaçari, buscando uma maior interação com sociedade local,
especialmente os jovens, para ser mais conhecida e valorizada. E é importante também,
planejar uma ampliação das formações acadêmicas.
REFERÊNCIAS
Assembleia Geral da ONU. (1948). "Declaração Universal dos Direitos Humanos" (217
[III] A). Paris. Retirado de: http://www.un.org/en/universal-declaration-human-rights/.
Acesso em 06 em mai. de 2023.
http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/34167#:~:text=A%20taxa%20de
%20analfabetismo%20entre,menos%2C%20em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20a%202001.
DINIZ, Maria H. Dicionário Jurídico Universitário. 4 ed. - São Paulo: Editora Saraiva,
2022. E-book. ISBN 9786555598636.Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555598636/. Acesso em: 21 abr. 2023.
HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século 21. São Paulo: Companhia das letras, 2018.
MATTOS, Luiz Alves de. Primórdios da educação no Brasil - o período heroico (1549 a
1570). Rio de Janeiro: Gráfica Editora Aurora Ltda, 1958.
SILVA, R.; SILVA, E. A Percepção Sobre o Voto no Brasil: Direito ou Dever. Fema,
2015. Disponível em: https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqPics/1311400701P591.pdf.
Acesso em: 21 abr. 2023.
17