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Diagnose foliar e avaliação nutricional da planta do abacaxi

Disciplina: Nutrição de Plantas


Discente: Loiane Fernanda Romão de Souza
Docente: Prof. Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho

Ilha Solteira
2021

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1- INTRODUÇÃO
O abacaxizeiro (Ananas comosus comosus) pertence a bromeliaceae, família de
plantas com grande diversidade, mas com predomínio de espécies que vivem
sobre outras plantas, sendo chamadas de epífitas. Embora não sejam parasitas,
isto é, estas plantas não extraem da planta hospedeira nenhum nutriente, mas a
usam apenas como suporte e espaço de fixação, as epífitas vivem num ambiente
aéreo, rico em oxigênio, mas pobre em nutrientes e água.
Os Solos com elevada fertilidade química natural são sempre bem-vindos para
a lavoura de abacaxi, pois podem diminuir custos com o fornecimento de
nutrientes via adubação, mas neste contexto o fator mais importante a ser
observado é a acidez do solo medida pelo fator pH. O abacaxizeiro apresenta
desenvolvimento adequado em solos com pH entre 4,5 e 5,5, portanto é uma
das poucas culturas agrícolas bem adaptadas a condições de solo com acidez
relativamente elevada. Em condições de solo com pH acima ou abaixo da faixa
mencionada ocorrem alterações negativas na disponibilidade e absorção de
nutrientes do abacaxizeiro. Quando o pH sobe acima do valor 5,5 observam-se
deficiências no aproveitamento de micronutrientes pela planta. Solos com textura
intermediária, portanto com equilíbrio entre partículas mais finas e mais grossas,
garantindo um bom arejamento, são os mais indicados para o cultivo de abacaxi.
Inserem-se neste contexto solos com 15% a 35% de argila e mais de 15% de
areia.
A quantidade de nutrientes extraídos por uma lavoura de abacaxi é baseado na
biomassa e os teores de nutrientes nos órgãos das plantas. Observando diversas
fontes de informação disponíveis, conforme citados em Souza e Reinhardt
(2009), podem ser estimados os seguintes valores médios de acumulação de
macronutrientes primários em um abacaxizal: 178 kg de nitrogênio (N), 21 kg de
fósforo (P) (corresponde a 48 kg de P2O5) e 455 kg de potássio (K) (corresponde
a 536 kg de K2O). Portanto, a relação média de acumulação entre estes
nutrientes principais é N: P: K = 1,0: 0,12: 2,5 ou N: P2O5 : K2O = 1,0 : 0,27 :
3,0. Fica evidente que o abacaxizeiro extrai grandes quantidades de potássio e
de nitrogênio, mas tem demanda muito menor em fósforo. A demanda do
abacaxizeiro para cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre, que são os
macronutrientes secundários, é mais alta que a de fósforo, mas é muito inferior
àquela de potássio e nitrogênio. Quanto aos micronutrientes a demanda é
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pequena, sendo inferior a 500 g por hectare para zinco (Zn), boro (B) e cobre
(Cu) e não passando de 4 kg a 7 kg para manganês (Mn) e ferro (Fe).
Os efeitos do potássio sobre estes atributos são nítidos e muito superiores aos
observados para nitrogênio e fósforo. O potássio melhora o aroma do abacaxi,
aumenta os teores de acidez e açucares, melhora a consistência da polpa e
intensifica a cor da casca, que são efeitos positivos importantes para o
estabelecimento de frutos de boa qualidade. Uma boa nutrição do abacaxizeiro
com potássio aumenta ainda a firmeza da casca do fruto e, por consequência, a
sua resistência ao transporte após a colheita, o que é algo crucial para minimizar
perdas de frutos na longa trajetória até os mercados. Os efeitos do fósforo são,
em geral, menores ou mesmo inexistentes em relação aos atributos qualitativos
do abacaxi.

2-OBJETIVO
O objetivo desse trabalho é realizar a avaliação nutricional da cultura do
abacaxizeiro, através da diagnose foliar de amostras de folhas da planta do
abacaxi.

3- MATERIAL E MÉTODOS

Amostragem de folha diagnose:


Amostrar, pouco antes da indução floral, uma folha recém madura “D”
(normalmente a 4° folha a partir do ápice),
Cortar as folhas em pedaços de 1 cm de largura, eliminando a porção basal sem
clorofila.
Homogeneizar e separar cerca de 200 gramas para o envio ao laboratório.
Amostrar 50 plantas.

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados Analíticos
N g/kg P g/kg K g/kg Ca g/kg Mg g/kg S g/kg B mg/kg Cu mg/kg Fe mg/kg Mn mg/kg Zn mg/kg
Amostra
Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio Magnésio Enxofre Boro Cobre Ferro Manganês Zinco

1603 58,4 1,0 14,7 3,0 1,2 0,9 19 11 175 82 17

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Em relação aos macronutrientes os teores de Nitrogênio nas folhas do abacaxi
amostradas apresentam um alto valor (58,4 g/kg) em relação a sua faixa de
teores adequados (15-17 g/kg), esse nutriente normalmente é responsável por
aspectos quantitativos dos frutos (massa e tamanho) o que pode apresentar
maiores efeitos na produtividade, porém esse excesso pode ocasionar um atraso
no florescimento e um alongamento do pedúnculo. Os teores de Fósforo estão
dentro do limite (0,8-2,5 g/kg) que são exigidos pela cultura, o que não irá
influenciar na produtividade, sendo o macronutriente menos extraído pela planta.
O Potássio está abaixo dos teores que são adequados para a cultura (14,7 g/kg)
sendo a faixa ideal de (22-30 g/kg), esse nutriente é um dos principais
responsáveis por melhor aspectos qualitativos desse fruto, como o aroma e a
doçura. O Cálcio e Magnésio também apresentaram teores abaixo do limite
adequado, o Ca (3,0 g/ kg) sendo o limite adequado entre (8-12 g/kg), para o Mg
(1,2 g/kg) e a faixa adequada é de (3-4 g/kg). O cálcio embora exigidos em
menores quantidades é essencial para a formação de um bom sistema radicular,
diferenciação da inflorescência e o desenvolvimento do fruto, devido a essa
deficiência os frutos podem ficar pequenos e descolorido. O magnésio é um
ativador de enzimas transferidoras de fosfatos a sua deficiência pode reduzir a
concentração de clorofila, reduzindo a fotossíntese e possivelmente o tamanho
dos frutos.
Os micronutrientes avaliados somente o Boro apresentou um teor abaixo da sua
faixa adequada (19 g/kg) a faixa indicada é de (20-40 mg/kg), essa deficiência
pode interferir na aparência dos frutos e aceitação no mercado consumidor, é
um efeito que é causado na estruturação da parede celular. O Ferro e o
Manganês apresentaram teores dentro da faixa adequada sendo o Ferro (175
mg/kg) e a sua faixa adequada é de (100-200 mg/kg) e o Manganês (82 mg/kg),
a sua faixa adequada é de (50-200 mg/kg). Já em relação ao Cobre e ao Zinco
apresentaram valores acima da sua faixada adequada (11 mg/kg) e (17 mg/kg)
sendo as faixas adequadas de (5-10 mg/kg) e (5-15 mg/kg). A deficiência desses
micronutrientes podem comprometer a parte apical da planta e a surgir
deficiências na aparência dos frutos e o excesso podem ocasionar toxidez e
limitar a produção, diminuição de área foliar e reduzir a absorção de outros
nutrientes.

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5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os macronutrientes Nitrogênio e Potássio são os mais extraídos pela planta do
abacaxi e são os mais exigidos e responsáveis pela qualidade dos frutos.
A deficiência de micronutrientes como B, Fe, Cu, Zn e Mn também podem
interferir na aparência dos frutos, ocasionando frutos pequenos, com curvatura
apical e azedume nos frutos de abacaxi.

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

Raij, B. Van., Quaggio, J.A., Cantarella, H., Abreu, C.A. 1997. Recomendações
de adubação e calagem para o Estado de Sao Paulo. In: Raij, B. van, Cantarella.
H., Quaggio, J.A., Furlani, A. M. C. Recomendações de adubação e calagem
para o estado de Sao Paulo, Campinas, v.2, p. 1-12, (Boletim técnico, 100).

SOUZA, L. F. da S.; REINHARDT, D.H. Abacaxizeiro. 2009. In: L. A.


Crissóstomo, A. Naumov. (Org.). Adubando para alta produtividade e qualidade
- Fruteiras Tropicais do Brasil. Fortaleza, CE, Brasil: IPI Boletim 18, v. 18, p. 182-
205.

PEREIRA, P. C, MELO. B. Cultura do abacaxizeiro. Disponível em


<http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/abacaxi-2.html> acesso: 22/02/2021.

TEIXEIRA, L.; SPIRONELLO, A.; FURLANI, P;SIGRIST, J. Parcelamento da


adubação NPK em abacaxizeiro. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, v.24, n.1, p.219-224, 2002.

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