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Resumo
O artigo reflete sobre a redução da oferta escolar de Educação de Jovens
e Adultos (EJA) simultaneamente à ampliação da oferta de certificação no
contexto de contrarreforma da Educação.. A hipótese é a de que a tendência
atual da EJA reitera, sob novos termos, a histórica orientação de que à classe
trabalhadora bastam cursos de menor duração e/ou apenas a certificação
de ensino fundamental e médio. Constatou-se que, na atualidade, há uma
tendência de deslocamento dos esforços e do investimento em escolarização
na EJA para a aligeirada e econômica certificação, através do Exame Nacio-
nal para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), na
qual o fechamento das escolas destinadas a essa modalidade é o mais visível
do fenômeno.
Palavras-chave: Políticas Públicas; Educação; Certificação; EJA; ENCCEJA.
Abstract
The crossing “from EJA” to Encceja: Is the non-
formal education market the new direction for
EJA in Brazil?
This article reflects on the decrease of EJA [Youth and Adult Education] pro-
vision in school simultaneously with the expansion certification in the con-
text of the Education counter-reform. The hypothesis claims that the EJA
current trend reaffirms, under new terms, the historical orientation that
shorter-term courses and/or basic and secondary school certifications are
sufficient for the working class. It has been currently observed that there is a
tendency to move efforts and investment from EJA schooling to fast and low-
cost certification, through ENCCEJA [National Youth and Adult Competence
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Jaqueline Pereira Ventura; Francisco Gilson Oliveira
Resumen
La travesia de la “EJA” al “Encceja”:será el mercado de
la educación no formal la nueva dirección de EJA en
Brasil?
El artículo reflexiona sobre la reducción de la oferta escolar de Educación
para Jóvenes y Adultos (EJA) simultáneamente con el aumento de la oferta
de certificación en el contexto de la contrarreforma de Educación. La hipóte-
sis es que la tendencia actual de EJA reitera, bajo nuevos términos, la orien-
tación histórica de que para la clase trabajadora es suficiente con cursos
cortos y/o solo con la certificación de primaria y secundaria. Se constató
que, en la actualidad, existe una tendencia a desplazar los esfuerzos y la in-
versión en educación en EJA hacia una certificación rápida y económica, a
través del Examen Nacional para la Certificación de Habilidades de Jóvenes
y Adultos (ENCCEJA), en el cual el cierre de las escuelas destinadas a esta
modalidad es lo más visible del fenómeno.
Palabras clave: Políticas públicas; Educación; Certificación; EJA; ENCCEJA.
Introdução
A começar pela denominação - ainda cha- básica formalmente reconhecida, é notório
mada por alunos e por muitos profissionais o histórico lugar secundarizado ocupado
da educação pela expressão o EJA - a Edu- pela Educação de Jovens e Adultos no âmbi-
cação de Jovens e Adultos, efetivamente, to das políticas públicas de educação básica.
nunca se enraizou no sistema escolar bra- Ao examinarmos as estatísticas fica evi-
sileiro. Historicamente, a oferta de EJA tem dente que não é por falta de demanda po-
sido pequena, restrita ao turno da noite e tencial. O número de brasileiros com mais
com um conteúdo concebido, por muitos, de 15 anos que não concluíram a educação
como o resumo daquele destinado às crian- básica e que estão fora da escola são expres-
ças e aos adolescentes. As dificuldades para sivos. Entre tantas medidas a serem toma-
consolidar-se como modalidade de ensino das, transformar esta demanda potencial
envolvem desde a oferta pública regular de em demanda efetiva deveria ser uma obsti-
vagas ao reconhecimento das suas especifi- nada fixação do Estado brasileiro. Os dados
cidades, como, por exemplo, a adoção de um do IBGE, compilados pelo Laboratório de
currículo diferenciado, adequado a jovens e Dados Educacionais da Universidade Fede-
adultos, melhorando as condições de oferta ral do Paraná, demonstram categoricamen-
e de permanência dos estudantes da clas- te que o nosso país não garantiu e está longe
se trabalhadora no espaço escolar. Embora de garantir a educação à todas as pessoas
seja uma modalidade de ensino da educação como determina nossa Constituição.
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A travessia “do EJA” ao Encceja: Será o mercado da educação não formal o novo rumo da EJA no Brasil?
Tabela 1 - População de 15 anos ou mais, fora da escola, por faixa etária – Brasil 2007 a 2015
Fonte: Elaborada a partir dos dados do IBGE (2007 a 2015) disponibilizados no Laboratório de Dados Educacio-
nais – UFPR.
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tadores custos humanos que tais soluções tratégias básicas eram o comprometimento
possam gerar. O roteiro é sempre o mesmo: com o crescimento econômico, com a indus-
endeusamento do mercado e de seus coro- trialização e com o papel regulador do Es-
lários através de uma ofensiva conserva- tado, considerados meios privilegiados para
dora contra os direitos da classe trabalha- garantir o emprego e recompor a massa sa-
dora, duramente conquistados ao longo do larial. Para as frações mais miseráveis e de-
século XX; contra os serviços públicos, im- sorganizadas da sociedade4, a ampliação da
prescindíveis para um enorme contingente abrangência das políticas de transferência
da população; contra o patrimônio estatal, de renda traria o alívio emergencial à gigan-
estratégico para o desenvolvimento local tesca vulnerabilidade social a que estavam
e regional e para respostas mais rápidas e expostos.
autônomas às próprias crises econômicas, Batizado de neodesevolvimentismo,
e contra os princípios distributivos do Esta- surge no Brasil na virada para este século,
do-Nação, por mais frágeis e precários que sob a influência dos escritos de Luiz Carlos
eles possam ser. Desse modo, é inquestioná- Bresser Pereira, quadro histórico do PSDB,
vel que as profundas alterações econômicas, e do pensamento de parte do empresaria-
políticas e sociais desencadeadas nos anos do nacional. Representa a tentativa de uma
1990 fixaram os interesses do mercado fração das classes dominantes de superar os
como a referência hegemônica a orientar as impasses do neoliberalismo, sem destituí-lo
ações de governo e de Estado ao longo des- de suas teses centrais. Traçam uma via de
ses quase 30 anos.
4 Essa massa, social e politicamente desorganiza-
Obviamente, a hegemonia neoliberal não da, “[...] foi incluída na frente neodesenvolvimen-
voou o tempo todo em céu de brigadeiro. As tista graças às políticas de transferência de ren-
crises sucessivas do princípio deste século da dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff.
O programa Bolsa Família, destinado às famílias
levaram ao poder, no caso brasileiro, uma
que se encontram abaixo da linha de pobreza, e o
coalizão de partidos liderada pela esquer- chamado Benefício de Prestação Continuada, des-
da, que prometia eliminar os aspectos ne- tinado a idosos e a pessoas com deficiência, são
gativos das políticas neoliberais e imprimir os principais instrumentos dessa política. Essa
massa pauperizada não intervém de forma orga-
um novo papel regulador ao Estado, sem os nizada na frente política neodesenvolvimentis-
ranços negativos do desenvolvimentismo de ta. Os governos Lula e Dilma optaram por lhes
antanho. destinar renda sem se preocuparem – nem esses
governos, nem o seu partido, o PT – em organi-
A plataforma de governo fazia críticas zá-los. Eles formam uma base eleitoral desorga-
severas à insensibilidade social dos neoli- nizada e passiva que é convocada a intervir no
berais e às prioridades dadas os rentistas, processo político apenas por intermédio do voto
para sufragar os candidatos da frente neodesen-
os players do mercado financeiro global. No volvimentista. A relação dos governos da frente
entanto, não via problemas em assumir os com essa base eleitoral dá continuidade à tradi-
compromissos macroeconômicos do neoli- ção populista da política brasileira. Na relação
política populista, os trabalhadores obtêm ga-
beralismo – estabilidade da moeda, austeri-
nhos reais – e isso, ao contrário do que afirmam
dade fiscal, competitividade internacional, os observadores liberais para quem o populismo
abertura econômica ao capital internacio- seria mera ‘demagogia’. Porém, esses ganhos são
nal –, desde que pusessem freios aos custos muito limitados e os seus beneficiários mantêm-
se política e ideologicamente dependentes das
humanos do desmantelamento das frágeis iniciativas do governo”. (BOITO JÚNIOR e BER-
políticas sociais do Estado Brasileiro. As es- RINGER; 2013, p. 34)
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As reformas da educação escolar no Bra- a baixo custo”. Não há nenhuma razão para
sil nos últimos 30 anos, embora com intensi- nos iludirmos com o caminho a ser seguido
dades diferentes, não fugiram a esse itinerá- pelo Governo Bolsonaro: ele autoproclama-
rio. Gaudêncio Frigotto (1995), há quase 25 se abertamente ultraliberal na economia e
anos, abordou criticamente o rejuvenescer profundamente conservador nos costumes.
da teoria do capital humano e seu vínculo Portanto, só podemos esperar o aprofunda-
com a necessidade da formação de um tra- mento dos interesses do mercado no con-
balhador flexível, então, nova necessidade trole das políticas educacionais.
educacional reivindicada pelos homens de As reformas da educação escolar no Bra-
negócios. Lúcia Neves (2004, p. 1), há quinze sil nos últimos 30 anos impactaram, tam-
anos, ao analisar as reformas dos anos 1990 bém, a Educação de Jovens e Adultos. Além
e dos primeiros anos da década de 2000, de reiteraram uma EJA secundarizada nas
afirmava que elas buscaram “adaptar a es- políticas públicas e na escola, fragmentada
cola aos objetivos econômicos e político-i- em vários programas e projetos e aligeirada
deológicos do projeto da burguesia mundial em seu conteúdo e prática pedagógica, re-
para a periferia do capitalismo, nesta nova forçaram os vínculos desta modalidade com
etapa do capitalismo monopolista”. Rober- os interesses imediatistas do mercado. Em
to Leher (2011, p. 1), analisando as políti- especial, o foco na certificação em massa,
cas educacionais dos Governos Lula/Dilma, enfatizada nos últimos 15 anos.
afirma: “[...] as ferramentas para viabilizar o Ao longo da década de 1990, somou-se à
Pronatec seriam o Fies e o Prouni. É impor- descontinuidade histórica que acompanha a
tante destacar que O Fies [...] é subsidiado modalidade, a pulverização e a baixa com-
a juros de 3,4% ao ano, quando a taxa se- plexidade do que era oferecido. Esta iden-
lic básica de juros é de 11,5%. A diferença tidade nova – fragmentada, heterogênea e
[...] é custeada pelo Estado”8; o que signi- complexa – manifestou-se nas ações de um
fica uma enorme transferência de recur- conjunto eclético de entidades, que abran-
sos públicos à rede privada. E sintetiza: “O giam desde cursos de alfabetização a cursos
Estado, ao invés de fortalecer sua rede pú- de educação profissional de nível básico, e,
blica, compra vagas no setor privado, para particularmente, na grande quantidade de
disponibilizá-las como se fossem públicas”. experiências desenvolvidas com recursos
Dermeval Saviani (2018, p. 787), já sob o do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT.
Governo Temer, constata: “A proposta apro- Na segunda metade da década de 2000,
vada [Medida Provisória n° 746/2016, que já sob o Governo Lula da Silva, os indícios de
versa sobre o ensino médio] corresponde ao um duplo fenômeno na Educação de Jovens
intento do atual governo de ajustar a educa- e Adultos, que a vinculava à visão utilitarista
ção aos desígnios do capitalismo financeiro, e pragmática das teses neoliberais – ações
buscando formar uma mão de obra dócil e fragmentadas e focais voltadas à certifica-
ção –, eram apontados por Rummert e Ven-
br/noticias/2019/04/30/mec-anuncia-corte- tura (2007, p. 34):
de-30-da-verba-para-todas-as-federais.htm;
“Transporte escolar, livros didáticos e outros
programas: o impacto do corte de gastos na edu- É inegável que, no período9, a EJA tornou-se
cação básica” (Por BBC News, 20/05/2019). objeto de um número bem mais significati-
8 “No caso do Prouni, isso se dá por meio de isen-
ções tributárias”. (LEHER; 2011, p.1). 9 Primeiro Governo Lula da Silva (2003-2006).
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modalidades, nos variados padrões de ofer- Esse formato gerou uma diferenciação
ta das redes privadas; na multiplicidade de interna na própria EJA, que, desde meados
oportunidades formativas que recriam ou da década de 1990, forjou sua nova identida-
instituem trajetórias subordinadas de for-
de (VENTURA, 2008). Por um lado, ao ade-
mação, as quais, em conjunto, ressignificam
a marca social da escola, cujo caráter clas- rir aos fragmentados programas federais de
sista é encoberto pelo discurso inclusivo. (p. inspiração neoliberal, teceu uma complexa e
725, grifos nossos) descontínua configuração, que tem na ênfa-
se à certificação o precário ponto de integra-
Ao longo da hegemonia do capitalismo
ção, e, por outro, paralelamente, arrefeceu
neoliberal, a Educação de Jovens e Adultos
as já modestas iniciativas, legalmente exigi-
não superou o lugar secundário que ocupa,
das, de escolarização de jovens e adultos dos
nem a função a ela atribuída na dualidade
governos estaduais e municipais. Desde en-
estrutural da educação brasileira – lidar com
tão, prevalece para os jovens e adultos tra-
os expulsos do sistema escolar. Isto não quer
balhadores a ampliação dos programas de
dizer, no entanto, que essa dualidade, ao re-
certificação, eivados de saber instrumental.
velar contornos novos, não tenha complexi-
Ocos de conhecimento científico e cultural
ficado a função desta modalidade no trans-
sistematizado, tais programas, ao mesmo
curso deste período. Ampliou o seu raio de
tempo, reiteram as históricas desigualdades
ação ao incorporar uma multiplicidade de
escolares e justificam as brutais desigualda-
programas11. Desarticulados, os programas
des sociais em nosso país.
eram diferentes em seus objetivos, em seus
Desde a chegada ao poder do neolibera-
itinerários formativos e em sua clientela;
lismo ortodoxo – primeiro, com o Governo
variados em sua duração e em suas condi-
Temer e, recentemente, com o governo Bol-
ções institucionais, e, em entre seus profis-
sonaro –, multiplicaram-se os indícios de
sionais predominavam a formação incerta e
fortalecimento das políticas de certificação
a pouca experiência, sem contar o alto grau
em detrimento da escolarização nas ações
de precarização das relações de trabalho. Os
governamentais direcionadas à Educação
programas constituíram-se em uma política
de Jovens e Adultos, tanto em âmbito nacio-
pulverizada, fragmentada e aligeirada para
nal quanto em âmbito local e regional. Por
aqueles com histórico de fracasso escolar;
exemplo, os projetos para oferecer a EJA à
em geral, adultos jovens, oriundos das mais
distância, o fechamento de escolas dedica-
desprestigiadas experiências escolares do
das à modalidade, a ausência de lugar ou
sistema educacional.
omissão do lugar e a não indicação de um
11 Para disponibilizar os recursos, exigia-se a ade- setor e de pessoas especializadas para res-
são dos estados e municípios ou das instituições
das parcerias público-privadas aos programas
ponder às especificidades da EJA nos mean-
federais. Programa Brasil Alfabetizado (PBA); dros burocráticos do MEC, associadas ao
Programa Nacional de Inclusão de Jovens (PRO- revigoramento do Encceja, vinculam a hipó-
JOVEM); Programa Nacional de Acesso ao Ensi-
tese de ênfase à certificação à progressiva
no Técnico e Emprego (PRONATEC); Programa
Nacional de Integração da Educação Profissional desresponsabilização do Estado com a edu-
com a Educação Básica na Modalidade de Edu- cação dos jovens e dos adultos brasileiro,
cação de Jovens e Adultos (PROEJA); e Programa abrindo espaço de atendimento de tal clien-
Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRO-
NERA). Para maior detalhamento, ver Rummert, tela aos modelos mercantis da educação não
Algebaile e Ventura (2013). formal. Portanto, expondo a modalidade aos
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riscos do mercado de diplomas e atribuindo renovação, sob novos moldes, de uma elo-
à certificação vazia o fim último das políti- quente instituição educativa, um símbolo do
cas públicas para EJA. aligeiramento e da tecnificação da educação
São fortes, deste modo, os indicativos de destinada a jovens e adultos brasileiros na
que, pelo menos uma das dimensões da EJA, segunda metade do século XX, os cursos e
a escolarização, será intensamente atingi- exames supletivos, ou somente supletivo,
da; justamente a que tem o maior potencial como era popularmente conhecido.
de democratizar o acesso ao conhecimento O Encceja é fruto dos interesses econô-
sistematizado e complexo. A concretização micos e políticos de setores organizados do
de tal tendência limita ainda mais as possi- alto empresariado brasileiro, e implemen-
bilidades das frações mais vulneráveis da tado por uma brecha legal na Lei de Dire-
classe trabalhadora de ter acesso ao saber trizes e Bases da Educação Nacional. Diz a
socialmente valorizado. Substituindo a es- LDBEN: “os sistemas de ensino manterão
cola por programas educacionais via televi- cursos e exames supletivos, que compreen-
são ou internet, por apostilas ou cursinhos derão a base nacional comum do currículo,
preparatórios, fragiliza-se até mesmo o con- habilitando ao prosseguimento de estudos
junto de programas fragmentados, focais e em caráter regular”. (BRASIL, 1996, Art. 38)
aligeiradas que dominaram e estilhaçaram O dispositivo legal estabelece o exame (su-
as políticas públicas para a EJA nos últimos pletivo) como uma das estratégias, entre ou-
25 anos. Podem, em última análise, limitar tras, de atendimento à dispersa clientela da
as ações público-governamentais à organi- Educação de Jovens e Adultos.
zação de um exame anual de avaliação em O Encceja foi criado em 14 de agosto de
massa (Encceja) com o objetivo de verifi- 2002, pela portaria n° 2.270 do Ministério
car habilidades e competências e validá-las da Educação. Segundo a portaria, o Encceja
através da certificação. É deste Exame que é um “instrumento de avaliação para aferi-
cuidaremos no próximo tópico.
ção de competências e habilidades de jovens
e adultos em nível do Ensino Fundamental e
2. Exame Nacional do Ensino Médio (Art. 2º)” (BRASIL, 2002).
para Certificação de Pessoas com, no mínimo 15 anos, sem ensi-
no fundamental completo e pessoas com, no
Competências de Jovens e
mínimo 18 anos, sem o ensino médio com-
Adultos – Encceja pleto formam o público alvo do exame, in-
Antes de qualquer coisa, a criação do Exame cluindo as residentes no exterior12, as priva-
Nacional para Certificação de Competências
12 A origem do Encceja está relacionada à oferta
de Jovens e Adultos – Encceja – traz para a
do exame de certificação de escolaridade para
EJA uma das dimensões da modernização brasileiros que moram no exterior. Ele é aplica-
conservadora que tomou conta da socieda- do nos seguintes países: Estados Unidos (Bos-
de brasileira desde o início dos anos 1990. ton, Nova Iorque e Miami); Bélgica (Bruxelas);
Guiana Francesa (Caiena); Portugal (Lisboa);
Sob a lógica do pragmatismo educacional e Itália (Roma); Suíça (Genebra); Espanha (Ma-
do utilitarismo econômico do capitalismo dri e Barcelona); Reino Unido (Londres); França
neoliberal, ganhou corpo institucional aqui- (Paris), Holanda (Roterdã); Japão (Tóquio, Na-
góia e Hamamatsu), e Suriname (Paramaribo).
lo que os pensadores críticos da educação (BRASIL, 2018) Ver: < http://portal.inep.gov.br/
de jovens e adultos desejavam eliminar. É a artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/con-
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me teve o expressivo número de quase três Por outro lado, o exame, ao se estruturar na
milhões de inscrições16. Em sentido contrá- lógica tecnicista das competências e habi-
rio, em diferentes entes da Federação, com a lidades e ao desconsiderar a singularidade
mais completa omissão do MEC, iniciou-se cultural dos estudantes da EJA, reduz a au-
um planejado processo de fechamento in- tonomia burocrática, pedagógica e didática
discriminado de turmas de EJA. das secretarias de educação municipais e
Sendo a certificação de conclusão do en- estaduais. Em síntese, o Encceja potenciali-
sino fundamental e médio a finalidade do za a desescolarização da EJA e privilegia a
exame, o Encceja permite o aproveitamen- padronização e a instrumentalização do co-
to de resultados do candidato não aprova- nhecimento18.
do; através de uma declaração parcial de Ao longo desses dezessete anos de exis-
proficiência relativa, isenta-o, no próximo tência, o Encceja se configurou como uma
exame, da(s) prova(s) na(s) área(a) de co- política do Governo Federal centralizada
nhecimento(s) em que obteve sucesso. Ao de certificação para a classe trabalhadora.
enfatizar políticas públicas nos moldes do As reformulações e os momentos de maior
Encceja, o Estado Brasileiro sacrifica os pro- ou de menor19 valorização e visibilidade do
cessos educativos menos instrumentais de Exame, expressam as disputas e correla-
aquisição de conhecimentos, desprezando ções de força no âmbito do bloco histórico
as ações pedagógicas que exigem participa- no poder20. No entanto, ao ampliar a certi-
ção ativa do educando, jovem ou adulto, no 18 Neste ensaio, pontuamos algumas possibilida-
uso do conhecimento para compreender a des interpretativas que, ao nosso ver, possuem
realidade. potencial explicativo para o declínio das matrícu-
las na EJA. Falamos, portanto, de elementos que
Entre os estudiosos do tema17 e entre os se interpõem à efetivação do direito ao acesso à
Fóruns de EJA do Brasil há um razoável con- educação escolar. Cabe, portanto, sublinhar que
senso sobre o Encceja. Por um lado, ao cen- não estamos afirmando que a redução de ma-
trículas na EJA seja produto apenas e exclusiva-
tralizar e estimular a certificação, o exame
mente da oferta do ENCCEJA; mas é indubitável
inibe as matrículas e instiga os jovens e adul- reconhecer que ele é parte da lógica mercantil de
tos a abandonarem os cursos presenciais; limitação dos direitos educativos. Afinal, o ENC-
CEJA é uma política federal que pouco contribui
em consequência, suaviza as obrigações dos
com a institucionalização desta modalidade na
entes federados em garantir o direito cons- política pública de educação básica. Esta realida-
titucional de formação escolar aos jovens e de federal, somada à forma como estados e mu-
adultos – Inciso I do art. 208 da Constitui- nicípios encaminham suas estratégias e políticas
para atender a EJA, contribui para delinear o ce-
ção Federal de 1988, posteriormente alte- nário de declínio de matrículas.
rado pela Emenda Constitucional 59/2009 19 “Em 2003, com a chegada do Partido dos Traba-
–, e aponta para a desoneração de estados e lhadores ao poder, o Encceja foi suspenso pelo
então ministro Cristovam Buarque [...] Apesar
municípios ante a tendência de redução dos desta tentativa inicial de ampliação do debate
gastos com a escolarização na modalidade. sobre o Encceja, em outubro de 2004, a Portaria
3.415 assinada pelo ministro Tarso Genro insti-
EJA? (ENCCEJA 2019, 2019a, 2019b) tuiu o exame para o ano seguinte”. (CATELLI JÚ-
16 Em 2019, o Encceja alcança o número recorde NIOR; GISI, B; SERRÃO, 2013, p. 727).
de 2,9 milhões de inscritos, um aumento de 67% 20 “Os levantamentos realizados sobre a retomada
em relação ao ano anterior. Deste total de inscri- do exame em 2005 revelaram que tal decisão foi
ções quase 1,2 milhões realizaram o exame. tomada sem uma estreita parceria entre o Inep
17 Por exemplo, SERRÃO, 2014; CATELLI JÚNIOR, e a Secad, órgão [extinto] do MEC responsável
2016. nacionalmente pelas políticas de EJA. De modo
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abalo nas políticas educacionais, o deslugar tudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tei-
indica uma tendência de pulverizá-la e diluí xeira (INEP), não deixa dúvidas quanto ao
-la de tal forma dentro MEC, em áreas tais, descompasso entre a imensa demanda po-
sob a responsabilidade de ninguém, que tencial23 e o ínfimo número de matriculados
o apagamento de sua especificidade será nos cursos de Educação de Jovens e Adultos
apenas uma questão de tempo; enquanto nas redes de ensino de todo o país. Segun-
o Encceja vai ganhando corpo, estrutura e do o Inep, o Censo Escolar de 2018 (BRASIL,
divulgação, e em torno de si, desenvolva- 2018) contabilizou um total de 3,5 milhões
se um mercado diversificado de produtos de estudantes matriculados na Educação
e serviços vinculados à certificação. Por Básica na modalidade EJA; número que sig-
outro lado, a ampliação da certificação es- nifica uma diminuição de 1,5% no compa-
timula, tanto a redução das matriculas na rativo com os dados do ano anterior. Seria
EJA, quanto o abandono dos cursos presen- motivo de comemoração se esse decréscimo
ciais pelos estudantes, afrouxando as obri- fosse consequência da diminuição da taxa
gações constitucionais dos entes federados de pessoas sem escolaridade básica no país,
de garantir o direito à escolarização aos jo- mas não é o caso.
vens e adultos. Ao mesmo tempo em que a Em 2018, por exemplo, havia 11,3 mi-
escolas com EJA minguam na rede pública, lhões de pessoas com mais de 15 anos de
a certificação desenvolve o campo merca- idade analfabetas no país. Isto quer dizer
dológico da educação não formal, via cur- que os três milhões e meio de matrículas na
sinhos e apostilas on line e preparatórios EJA não cobrem nem mesmo a demanda po-
ao Exame, comercializados principalmente tencial por alfabetização de jovens e adultos,
(mas não só) pela internet. Em outras pa- primeira etapa da Educação Básica. Quando
lavras, há fortes indícios de que o mercado consideradas apenas as 3,5 milhões de ma-
substituirá o MEC como indutor das ações trículas na EJA em um universo de mais de
educacionais para jovens e adultos. Deste 11 milhões de pessoas que não sabem ler
processo, o fenômeno mais visível é o fe- e nem escrever e estão fora da escola no
chamento sistemático de escolas e turmas Brasil, explicita-se a vergonhosa ausência
de EJA em diferentes cantos do país. Vamos do direito à educação para a uma imensa
ao caso específico do Rio de Janeiro. parcela dos jovens e adultos trabalhadores
brasileiros. E não há no horizonte próximo,
3. À guisa de conclusão: o indícios de que este quadro será alterado.
caso da EJA na Rede Pública Por um lado, o levantamento longitudinal
Estadual de Educação do dos dados demonstra uma tendência de
redução ainda maior do número de matri-
Rio de Janeiro culados na EJA. Por outro lado, as ações go-
No cenário de baixa escolaridade da popula- vernamentais apostam apenas na estratégia
ção brasileira, chama atenção o decréscimo da certificação como meio para superar esta
contínuo do número de matrículas da Edu- realidade. Na prática, é uma desconsidera-
cação Básica dirigida aos jovens e adultos da
classe trabalhadora. 23 Compreendemos por demanda potencial o uni-
verso de pessoas com 15 anos ou mais que não
A análise dos dados disponíveis em fon- concluíram o ensino fundamental, e de 18 anos
tes oficiais, como o Instituto Nacional de Es- ou mais, que não completaram o ensino médio.
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A travessia “do EJA” ao Encceja: Será o mercado da educação não formal o novo rumo da EJA no Brasil?
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Jaqueline Pereira Ventura; Francisco Gilson Oliveira
Tabela 3 - Variação do número de matrículas da EJA no Ensino Médio – Rio de Janeiro e Regiões
de Governo – 2010-2014
Ano Δ%
Região de Governo
2010 2014 2010-2014
Estado 163074 100588 -38,32%
Metropolitana 100283 70216 -29,98%
Norte Fluminense 14125 6411 -54,61%
Noroeste Fluminense 6585 2063 -68,67%
Serrana 9848 5149 -47,72%
Médio Paraíba 10721 5763 -46,25%
Centro-Sul Fluminense 4620 2406 -47,92%
Baixadas Litorâneas 14659 6405 -56,31%
Costa Verde 2233 2175 -2,60%
Nota: inclui matrículas da Educação de Jovens e Adultos no Sistema presencial, semipresencial e
Educação Especial (Alunos de Escolas Especiais, Classes Especiais e Incluídos).
Fonte: MEC/Inep/DEED.
Para finalizar, observando a diferença de incentivo que abrisse uma nova oportu-
entre os números absolutos das regiões su- nidade para jovens e adultos que, por moti-
pracitadas, podemos perder a real noção da vos diversos, abandonaram a escola.
proporção de queda em cada região. Apesar Pelo contrário, a Secretaria, em diferen-
de ser alta a diferença entre os números ab- tes governos, arquitetou ações burocráticas
solutos da redução de matrículas na Região orientadas para a redução das turmas de EJA
Metropolitana (mais de 30 mil), o que pode- nas escolas. Nesse sentido, a redução de va-
ria induzir a considerá-la a maior, as outras gas na última década não é casual; sob os cui-
seis regiões tiveram reduções percentuais dados dos secretários estaduais de educação,
superiores; com maior proeminência para a planejou-se ações, cujas estratégias incluíam
região noroeste fluminense, que apresentou desde a otimização das turmas à EJA à Dis-
proporcionalmente a maior redução de ma- tância. Ao mesmo tempo em que se aderia ao
trículas do estado. Encceja, exame de certificação anual.
A diminuição de matrículas ocorrida no A análise da experiência do estado do
Rio de Janeiro nos últimos anos não é um fe- Rio de Janeiro em lidar com a educação de
nômeno isolado, segue a tendência nacional jovens e adultos na última década confir-
– nos últimos cinco anos, observamos que ma o modus operandi das políticas públicas
houve uma queda no número de matrículas para a EJA sob a lógica do capitalismo neo-
na ordem de 8%. Os dados apontam que, liberal. O avanço das ações de fechamento
entre os anos de 2010 e 2014, houve uma de turmas e de escolas e, por consequência,
redução de 38% no número de matrículas de contínua redução de vagas da modalida-
no Rio de Janeiro. Os últimos governos do de, associadas à adesão aos mecanismos de
Estado e a Secretaria Estadual de Educação certificação, constroem um ambiente ade-
– Seeduc/RJ, não desenvolveram nenhuma quado para desescolarização da EJA. Além
estratégia que viabilizasse o retorno aos de potencializar o desenvolvimento de um
bancos escolares, pelo menos, de parte des- mercado voltado a atender às demandas por
sa imensa demanda potencial; algum tipo certificação. O Estado, ao simpatizar com a
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