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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO MULTIDICIPLINAR

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

DOCENTE: EMERSON GUERRA

GEOGRAFIA REGIONAL

Nova Iguaçu

2015

DISCENTE: GLAUCO THEODORO


Antes da primeira Revolução Industrial, o planeta continha uma série de
sociedades e culturas diferenciadas, singulares. Cada qual seguia suas técnicas de
produção, dogmas e tradições, sem maiores interferências estrangeiras. Porém, com a
Primeira Revolução Industrial mudou tais características. Ocorreu uma distorção por
meio das técnicas de produção: ampliaram-se os métodos de gerar bens e produtos,
permitia-se domar grandes porções de terras, criando áreas bem parecidas quanto às
técnicas e quantidade de produtividade.

Com a Segunda Revolução Industrial começa-se a ser implementada uma


uniformização socioeconômica numa escala global: meios de produção atingem
patamares nunca antes pensados, distâncias são “encurtadas” através da revolução de
meios de transporte mais eficientes em velocidade e capacidade de carga: eis a
homogeneidade tomando conta dos diversos espaços, engendrando-se entre às
diversas características de um povo: sua economia, sua cultura, seu modo de vida.
Ocorre diante disso tudo, também, um rápido movimento de aceleração dos impactos
antrópicos sobre a natureza, assim como uma maior distância da visão de homem-
natureza. Começa-se a criar a noção de aldeia global.

Apesar dos avanços causados pela Segunda Revolução Industrial ocorrer na


virada do século XIX para o XX, grande parte de seu poder revolucionário só pode se
mostrar na década de 1950 com o fim da Segunda Guerra Mundial. Com esse atraso no
desenvolvimento sendo regido de acordo com os polos da Europa em reconstrução é
que se atina uma luz: a constante observação através do olhar geográfico se dava
muito sobre o conceito de região, vista como uma porção de espaço cuja unidade é
dada por uma forma singular de síntese dos fenômenos físicos e humanos que a
diferencia e demarca dos demais espaços regionais na superfície terrestre justamente
por sua singularidade. Ou seja, o conceito de região era concebida pelas coisas que
eram iguais em um determinado espaço e como se diferenciavam de outras áreas com
características diferentes. Uma zona com características “A” era uma região diferente
da zona que possuía características “B”, “C” e por aí vai.

A paisagem observada pelos geógrafos levou muito tempo para se modificar, o


que deu margem a interpretação de que a região era um espaço lento, pois era visto
de maneira quase estática. A distribuição dos cheios e vazios ocorria de maneira
vagarosa, as concentrações tanto demográficas quanto econômicas eram lentas. A
reconstrução, em vários sentidos, das áreas de conflito da Grande Guerra
provavelmente é a explicação disso.

Apesar da geografia clássica ser pautada no estudo do conceito de região


houve uma percepção de que algo recortava as regiões de maneira com que ocorria a
interação entre tais espaços: fosse anteriormente pelas grandes navegações e
posteriormente através das expansões terrestres/marítimas/aeroviárias das rotas de
comércio, relacionando locais antes desconectados por esses meios, e influenciando e
sendo influenciado por tais modificações criadas à partir desses novos vínculos criados.
Essa percepção de engendramentos e conexões formam a base do conceito de redes
geográficas. Porém, dado que tais interações ocorrem desde antes das Revoluções
Industriais, sendo indicada que tomou grande força no período do Renascimento.
Assim pode-se dizer que “a rede não é, portanto, um fenômeno novo. Recente é o
status teórico que adquire (DIAS, 1995)”. As novas redes de circulação (transportes,
comunicações e energia) existentes somente facilita a intuição de tais efeitos sobre os
territórios e regiões propiciando, posteriormente, uma análise do passado e sua
importância das grandes navegações e exploração rotas comerciais no caráter de
influência cultural, política, econômica e social até os tempos atuais.

Das Grandes Navegações às Revoluções industriais há um local que toma uma


nova dimensão de importância na espacialidade: as cidades. “A cidade vira o ponto de
referência de uma gama de conexões que recobre e vai deitar-se sobre o espaço
terrestre como um todo numa única rede”. Ou seja, as conexões entre regiões se
concentram em uma determinada cidade e desta se espalha para outras de menor,
maior ou similar porte, formando a rede. Tais conexões podem ocorrer através de
todos as modais de transporte e também de comunicação (inicialmente cartas,
posteriormente telégrafos e atualmente as telecomunicações).

A grande característica da rede é mobilidade territorial, seja de produtos,


ideias, população, finanças, informações e quaisquer outros tópicos relacionados à
uma determinada sociedade ou localização. Por isso há essa grande influência nos dias
de hoje, onde fica óbvia a facilidade de trocas de informação através das
telecomunicações e de mudanças físicas através dos transportes, dado o fato de que
os avanços tecnológicos encurtaram as distâncias temporais-espaciais em todo o
globo. Essa mobilidade também é responsável por uma série de homogeneidades
surgidas na população global: a influencia de culturas, economias, hábitos e ações de
um local sobre o outro dá-se em múltiplas escalas e direções, podendo algo de
pequena escala se espalhar rapidamente para locais de grande influência e se espalhar
pelo mundo e o oposto também ocorrer, com as grandes metrópoles influenciando os
cantos mais escusos e quase invisíveis à essa heterogeneidade da posteriormente
chamada cultura global.

A rede global também propiciou o rearranjo é o desenvolvimento da divisão


internacional do trabalho e das trocas. Se antes as colônias eram vistas como fonte de
matéria prima, agora também fica clara as vantagens econômicas das áreas periféricas:
mão-de-obra barata, potenciais energéticos, vastos territórios para ocupação e manejo
em prol do desenvolvimento dos mais ricos e ampliando a diferença entre as antigas
metrópoles e suas ex-colônias. Há de se deixar claro que a mobilidade territorial não é
livre para todos: existe uma grande dificuldade dos menos providos de renda em se
deslocar fisicamente entre o espaço e de ter acesso à informação frente ao passo que
os mais abastados conseguem executar tais ações sem maiores ou quaisquer
limitações de ir e vir, de adquirir e usar.

A distância perde seu sentido físico, diante do novo conteúdo social do espaço.
O desenvolvimento dos meios de transporte e das redes de transporte facilita o ir e vir,
ou seja, o trânsito físico de materiais pelo mundo numa escala não imaginável há um
ou dois séculos atrás. E pelo lado informacional há os inúmeros avanços das
telecomunicações, que praticamente elimina as distâncias informacionais e
comunicacionais ao redor do globo. Conversas instantâneas de países diferentes se
torna possível sem dificuldade, o que acarreta em trocas de informação mundiais
imediatas.

Essa espontaneidade acaba ocultando a real dimensão das distancias físicas e


virtuais sobre tudo que se conecta e é usado na conexão sobre o mundo. No que tange
a tal aspecto Paul Virílio (1996a e 1996b), diz que o tempo está suprimindo o espaço,
externa uma ilusão conceitual, de vez que é o tempo que cada vez mais se converte em
espaço, o espaço do tecido social complexo.

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