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"Tenho astigmatismo nem gosto de flash / Faço essa merda com o foco no sorriso negro": O

astigmatismo é uma condição visual que pode afetar a visão, e o "flash" pode se referir tanto
ao flash de uma câmera quanto à exposição à fama. O "sorriso negro" é uma referência à
resistência e à alegria do povo negro, sugerindo que o artista está focado em destacar e
valorizar a comunidade negra.

"Deixo ela em chama e hoje ela vive a me chamar de Nero / E eu vivo desde menor a tentar
chamar dinero": Nero foi um imperador romano associado a incêndios em Roma, e "chamar
dinero" é uma expressão para buscar dinheiro. Essa parte da letra parece expressar uma
atitude de conquista e ambição.

"Por aqui, carreira é outra parada / Logo quem vem de onde eu vim não confia em carreira":
Aqui, Djonga pode estar falando sobre a incerteza e a instabilidade das carreiras,
especialmente para pessoas que vêm de comunidades marginalizadas.

"Carreira vicia já experimentei dos dois tipo / Não importa o dono se o cão tá na coleira":
"Carreira" nesse contexto pode ter um duplo sentido, referindo-se tanto à carreira profissional
quanto ao uso de drogas. A frase "o cão na coleira" sugere uma crítica à submissão e à perda
de autonomia.

"É que nós nunca cai no jogo das vaidade / Vai idade e eu não paro de reparar / Que seu povo
só tem prazer em bater / Porque não sabe a dor que é apanhar": Esses versos parecem criticar
as pessoas que se deleitam em ferir os outros, destacando a falta de empatia e compreensão
sobre o sofrimento alheio.

"Discos de platina na minha sala / E ainda assim não me sinto completo": Mesmo com o
sucesso e os prêmios, Djonga expressa um sentimento de vazio, indicando que o sucesso
material não é suficiente para a felicidade.

"Lanço todo dia 13 pra provar pra tu / Que um raio cai de novo no memo lugar": O número 13
pode ser uma referência a sua conexão com a favela, que frequentemente é estigmatizada e
associada à má sorte. Lançar músicas no dia 13 seria uma forma de desafiar esses estereótipos
e mostrar que é possível ter sucesso vindo da favela.

"Então olha ali no beco a cor do que morreu / O raio caiu de novo no memo lugar": Essa parte
da letra aborda a violência nas favelas e como os jovens negros são frequentemente as vítimas,
destacando a repetição desse padrão trágico.
"É tanto estilo que meus papo reto vira hit / Não desafia se não seu dente vai virar rout": Aqui,
Djonga exalta sua habilidade lírica e seu sucesso na música, ao mesmo tempo em que emite
um aviso para aqueles que podem querer desafiá-lo.

"Eu dou caralho... e carinho ainda que seja um pente / Mandou mensagem pras amiga ele é
tão fofo 'ownt'": Esses versos parecem explorar a dualidade do artista, mostrando tanto sua
faceta dura quanto sua capacidade de ser carinhoso.

"Falo a língua dos manos / Não perco uma batalha": Djonga se identifica com a comunidade e a
cultura das favelas, e destaca sua resiliência e habilidade em superar desafios.

"Minha gente cruzou o mar a força com mão branca / Cruzei voando com a força da minha
palavra": Essa parte da letra faz uma conexão entre o passado escravocrata do Brasil e a
jornada do artista, destacando como ele usa sua voz e seu talento para superar barreiras.

"Nós só é bom no campo igual Bruno Henrique / Porque lembra dos tempo na várzea": Bruno
Henrique é um jogador de futebol, e "várzea" se refere a campos de futebol amadores. Djonga
pode estar falando sobre como as pessoas da favela são frequentemente estereotipadas como
sendo boas apenas no futebol, ao mesmo tempo em que destaca a importância das origens
humildes.

"Antes de Pump it e Lil Pump, eu já queria ser Pimp / De Chevette tubarão na beira-mar":
"Pump it" é uma música do The Black Eyed Peas, Lil Pump é um rapper, e "Pimp" refere-se a
uma pessoa que controla prostitutas. "Chevette tubarão" é um modelo de carro. Essa parte da
letra parece explorar as influências musicais e culturais do artista, bem como seus desejos e
aspirações.

"Diferença de fumar e fazer arte / É que com cigarro dá pra parar": Aqui, Djonga faz uma
comparação entre vícios físicos e a necessidade de criar arte, sugerindo que a arte é uma
necessidade intrínseca que não pode ser abandonada tão facilmente quanto um vício em
cigarros.

"Se cada um é um universo / Quem salva uma vida salva um mundo inteiro": Essa frase faz uma
alusão ao Talmude, um texto sagrado do Judaísmo, e destaca a importância de cada vida
individual.

"Ser protagonista da sua história / Pega a folha e muda o roteiro": Djonga encoraja o ouvinte a
tomar controle de sua própria vida, sugerindo que cada pessoa tem o poder de mudar sua
história.
"Nós só é bom no campo igual Bruno Henrique / Porque lembra dos tempo na várzea": Djonga
toca em uma questão sociocultural importante, criticando a visão estereotipada de que as
pessoas negras só podem ter sucesso no esporte, especificamente no futebol. Ele menciona
Bruno Henrique, um jogador de futebol brasileiro, e a "várzea", que se refere a campos de
futebol não profissionais.

"Mas vários quer ser astro né, pô sou astro rei / Aprende aí filhinho, já que eu ilumino geral /
Enquanto uns curte brilhar sozinho": Djonga se posiciona como uma figura influente e
importante, destacando que, ao contrário de outros que preferem brilhar sozinhos, ele ilumina
o caminho para todos ao seu redor.

"Falo tanto de mim e do meu proceder / E o passado semelhante a nos preceder, Ó paí pá vê /
Que quando eu falo do Djonga eu tô falando do cê": Aqui, Djonga ressalta que, ao falar de si
mesmo e de suas experiências, ele também está falando sobre as experiências coletivas da
comunidade negra e das favelas, criando uma conexão entre sua história pessoal e a história de
muitos outros.

"Paranóico igual Tupac, já que são all eyes on me / Mas poucos comigo": Djonga se compara a
Tupac Shakur, um famoso rapper norte-americano que também era conhecido por suas letras
críticas e seu ativismo. "All Eyes on Me" é o título de um dos álbuns de Tupac. Djonga expressa
a sensação de estar constantemente observado, mas ao mesmo tempo, se sentindo sozinho.

"Hoje tá fácil eu ter casa na zona sul / Difícil é eu não fazer o jogo do inimigo": Djonga aborda a
questão da gentrificação e do acesso a espaços privilegiados. Mesmo podendo morar em áreas
mais afluentes, ele destaca o desafio de não se conformar com as estruturas de poder
existentes.

"Ser cercado de supostos perdedores num barraco / Vão te chamar de pato ou amigos falsos na
sua mansão / Tipo assim sua piscina tá cheia de ratos...": Djonga critica as noções de sucesso e
fracasso, destacando que a riqueza material não é sinônimo de lealdade ou integridade.

"Diferença de fumar e fazer arte / É que com cigarro dá pra parar": Djonga destaca a natureza
compulsiva da criação artística, contrastando-a com vícios físicos que, teoricamente, podem ser
abandonados.

"Antes de Pump it e Lil Pump, eu já queria ser Pimp / De Chevette tubarão na beira-mar":
Djonga reflete sobre suas aspirações passadas, mencionando novamente sua vontade de ser
um "Pimp" (cafetão), uma figura de poder e influência. "Pump it" é uma referência à música do
Black Eyed Peas, e "Lil Pump" é um rapper americano. "Chevette tubarão" é uma referência a
um modelo antigo de carro.
"Nós é o toque da BM, aquela fuga da PM / O grito engasgado pros perna cinzenta e sem
creme / Que quando vê sirene treme": Djonga descreve cenas de violência e opressão policial,
mencionando a "BM" (Bope, um batalhão de operações especiais da polícia militar no Brasil) e
a "PM" (Polícia Militar). "Perna cinzenta e sem creme" é uma descrição depreciativa dos
policiais. "Ver sirene e tremer" destaca o medo constante vivido nas comunidades.

"Ó o refrão / Falo a língua dos manos / Não perco uma batalha / E apesar dos danos / Sou
história na minha área": Djonga reafirma seu compromisso com sua comunidade e sua
resiliência diante das adversidades.

Esta canção é um poderoso comentário social e cultural, destacando as lutas e a resistência das
comunidades marginalizadas no Brasil. Djonga usa sua música como uma forma de expressão e
de conexão com sua origem, promovendo uma reflexão crítica sobre a sociedade e o papel do
artista dentro dela.

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