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O TRABALHO DE CONCLUSÃO DO
ENSINO FUNDAMENTAL COMO
FERRAMENTA AVALIATIVA NUMA
ESCOLA SITUADA NO AMBIENTE
PRISIONAL EM PERNAMBUCO
Solange Regina Holanda Lasalvia
Everton Willian de Oliveira Cavalcanti
Márcia Regina Barbosa
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Educação em contextos de privação e restrição de liberdade: abordagens e ações interdisciplinares
Apontamentos iniciais
O processo avaliativo ocorre na sociedade desde os primórdios
civilizatórios no trilhar evolutivo da humanidade. Por meio de
classificação, julgamento e comparação, o ser humano é continuamente
avaliado de acordo com diferentes categorias, sejam elas: estéticas,
étnicas, religiosas, econômicas, ou políticas – a depender dos valores
instituídos pela sociedade na qual vive.
Desta feita, a concepção de avaliação adentrou no ambiente
escolar como atividade pedagógica em muitas culturas. No caminhar
dos séculos, a literatura se debruça sobre os modelos avaliativos
utilizados nas escolas. Foucault (2014, p.144) relata que depois de 1762
as provas representavam o nível de desempenho alcançado pelos alunos
na sucessão de assuntos ensinados.
No Brasil Colônia, a avaliação escolar implicava forma de
provas e exames, uma herança que remonta à modernidade brasileira
como atesta Luckesi (2003, p.16):
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Metodologia
Caracterização da pesquisa
Primeiramente, vale indicar que essa é uma pesquisa de natureza
qualitativa, já que, segundo Minayo (2001), a pesquisa qualitativa se
preocupa com os significados, as motivações, questões ligadas a valores,
atitudes, aspirações, não sendo reduzida a questões de variáveis e
operacionalizações. Quanto a sua tipologia, se situa como uma pesquisa
descritiva, pois procurou compreender questões específicas de um grupo
determinado (GIL, 2002).
No que se refere à classificação quanto ao delineamento,
enquadra-se como um estudo de caso. Tais estudos são amplamente
utilizados nas ciências biomédicas e sociais, tendo por alvo de
investigação um objeto – ou poucos objetos –, buscando analisá-los até
a exaustão, tendo em vista que tal tipo de análise não seria possível em
um estudo com maior quantitativo de objetos (GIL, 2002).
Caracterização do campo
O campo foi selecionado tendo em vista uma maior proximidade
com o acesso a dados específicos oriundos da experiência de um dos
autores desse artigo. Dessa forma, foi escolhida a Escola Estadual Irmã
Dulce, situada no interior da Penitenciária Feminina de Abreu e Lima.
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Resultados e discussão
Gráfico 1 – Resumo das respostas à pergunta “Há quanto tempo atua com a
EJA?”
16 15 14
20 12
7 7 6
Anos
1 2 4 4
0
S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11
Gráfico 2 – Resumo das respostas à pergunta “Há quanto tempo atua com a
EJA em ambiente prisional?”
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Considerações finais
A experiência das vivências dos TCFs na Escola Estadual
Irmã Dulce, desde a sua implantação, demonstrou como um recurso
pedagógico impacta positivamente a realidade da comunidade escolar
prisional, reverberando, inclusive, na melhoria da qualidade de vida dos
docentes, assim como do público discente. Inúmeros aspectos abriram-
se como meios geradores de uma nova realidade, não apenas escolar,
mas também como indicadores de um caminho à ressocialização, numa
perspectiva de resgate de projeto de vida.
As reeducandas, a partir desse projeto investigativo, descobriram
a autonomia do protagonismo de suas novas histórias, por meio
de mudanças comportamentais visíveis após a elaboração e efetiva
participação na construção de aprendizagem. Foi constatada durante o
percurso investigativo a riqueza dos temas pesquisados, assim como a
descoberta de habilidades manuais, artísticas, culturais e literárias que,
até então, eram totalmente desconhecidas à comunidade escolar, e até
mesmo do ambiente físico carcerário.
Embora a Instrução Normativa nº 04/2014 traga como sugestões
práticas pedagógicas trabalho em grupo, pesquisas, e apresentação de
projetos orientados pelo professor – considerando este último, análogo
ao TCF –, ainda assim, o TCF carece de instrumento legal próprio
que aprimore e contribua com o sucesso ainda maior na formação da
cidadania por intermédio da educação.
Referências
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: MEC, 1996.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.
Acesso em: 10 mar. 2021
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