Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
REVISÃO
Franciele Monteiro do Amaral1
RESUMO
O aumento da expectativa de vida dos animais de companhia vem sendo
constantemente estudada. E medicina veterinária preventiva, desde da neonatologia
a geriatria implica a utilização de terapias auxiliares no combate e tratamento de
doenças crônicas, onde não é mais aceito somente o medicamentoso, mas sim um
conjunto de ações de várias áreas sendo a nutrição uma das de destaque para
tratamento e prevenção das enfermidades. O objetivo desta revisão de literatura, além
de elucidar o conceito de ácidos graxos poli insaturados de cadeia longa (PUFAs) em
específico o ômega 3 (ω-3), que é classificado como um nutracêutico e pontuar as
diferenças com alimentos funcionais, é demonstrar aplicação clínica dos compostos
do ômega 3 como o ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA)
que além de possuir propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes demonstram a
necessidade de mais estudos para elucidar as aplicações práticas na clínica nas áreas
cardiologia, neurologia, dermatologia, ortopedia e na oncologia
1. INTRODUÇÃO
Porém, essa longevidade contribui para que eles também sofram com doenças e
distúrbios que comumente afetam seres humanos como, doenças cardíacas,
morbidades que afetam sistema imune, diabetes, obesidade, dermatopatias, doenças
renais e articulares, câncer, além de distúrbios cognitivos (SAVIOLI. A.N; 2022).
1
Graduando (a) do curso de medicina veterinária, Centro Universitário Newton Paiva, Belo
Horizonte/MG, e-mail: francielle_monteiro1998@hotmail.com
2
Graduando (a) do curso de medicina veterinária, Centro Universitário Newton Paiva, Belo
Horizonte/MG, e-mail: paloma_dos@yahoo.com
3
Orientador: Professora do curso de medicina veterinária, Centro Universitário Newton Paiva, Belo
Horizonte/MG, e-mail: paula.magalhaes@newtonpaiva.br
2
A utilização de nutracêuticos que são compostos alimentares e tem como atributo agir
em protocolos terapêuticos ou profiláticos vem sendo mais comum (OLIVEIRA e
ROSA; 2020; FREITAS et al., 2020). Exemplos de nutracêuticos são, fibras dietéticas,
proteínas, vitaminas antioxidantes (como retinol –vitamina A; tocoferol- vitamina E;
ácido ascórbico- vitamina C) temos a parte mais enérgica da dieta, os lipídeos, em
específico os ácidos graxos (AG) (CASE et al.,2011; FACCHI, 2019).
Estes nutrientes lipídicos atuam como palatabilizantes, e são fontes de ácidos graxos
essenciais (AGE) além de serem carreadores de vitaminas lipossolúveis. Os ácidos
graxos poli-insaturados (AGP) são incorporados à estrutura dos fosfolipídios e assim,
possuem papel essencial para que a membrana celular mantenha fluidez e
permeabilidade adequadas. Responsáveis pela secreção e regulação dos hormônios
hipotalâmicos e da pituitária, e são “compostos – chave” nos processos inflamatórios
possuem propriedades antioxidantes e atuam no curso de doenças crônicas,
principalmente ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (PUFA), sendo
exemplos o ômega 3 e ômega 6 em que o primeiro é composto pelo ácido
eicosapentaenoico (n-3) (EPA); e ácido docosahexaenoico (n-3) (DHA) de maior
importância clínica (LOTAL, 2008).
2. REVISÃO DE LITERATURA
Quanto aos nutracêuticos são representados pelas fibras dietéticas, ácidos graxos
poli-insaturados (ômega 3 e 6), outros ácidos graxos, proteínas, vitaminas
antioxidantes (C e E), minerais (cromo, magnésio) (DAVI et al., 2010).
Os ácidos graxos são substancias orgânicas e estes podem ser classificados quanto
ao seu tamanho como ácidos graxos de cadeia curta, longa ou média e quanto a sua
composição saturados, insaturados, monoinsaturados ou poli-insaturados
(ALEXANDRINO, 2014).
Segundo Calder (2001), o ácido graxo essencial mais conhecido é o ácido linoleico
(AL) (C18:2), encontrado no óleo de girassol e de soja ou sementes de algodão e
pertence ao grupo do ômega 6, assim chamados por apresentarem a primeira dupla
ligação da cadeia no sexto átomo de carbono, contando-se a partir do grupamento
metil no final da cadeia de carbonos. O alfa linolênico (ALA) é um membro do grupo
de ácidos graxos essenciais chamados ômega 3, é composto de 18 átomos de
carbono e 3 duplas ligações (C18:3), podendo ser encontrado em alguns óleos
vegetais (sua fonte principal de óleo de peixe, canola e linhaça), mas em menor
quantidade que o AL, e possui sua primeira dupla ligação entre o terceiro e o quarto
átomos de carbono, após o grupamento metil.
O ômega 3 recebe este nome por ser formado por três ácidos graxos com ações
fisiológicas: α-linolênico (ALA), eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA).
De maior importância clínica são respectivamente DHA e EPA. A partir do ALA,
através de enzimas, o organismo sintetiza esses ácidos graxos, o ômega 3 e pelo fato
dessa conversão ser limitada no cão e não ocorrer nos gatos, a suplementação
dietética deve ser realizada, seja ela através da ração ou de suplementos (LLOYD;
THOMSETI, 1989).
5
Segundo Fediaf (2018) - European Pet Food Industry Federation - recomenda para
cães e gatos em crescimento o consumo mínimo de 0,08g e 0,02g de ácido alfa-
linolênico (ALA) por 100g de matéria seca (MS). Recomenda ainda, para cães e gatos
em crescimento, o mínimo de 0,05g e 0,01g de EPA+DHA por 100g de MS. Para cães
e gatos adultos, esses ácidos graxos não são considerados essenciais, mas já
existem diferentes estudos comprovando que podem trazer vários benefícios se
adicionados à dieta. As recomendações variam, mas ficam em torno de 0,2% a 1% de
EPA+DHA na dieta de cães e gatos adultos. É provável que os níveis mais próximos
de 0,6% a 1% de EPA+DHA sejam indicados, especialmente, para os animais com
problemas inflamatórios crônicos, como insuficiência renal, artrose e alergias
A primeira vez que foi reportado em humanos como conduta terapêutica o uso do óleo
de peixe em pacientes com reumatismo foi em 1783 já evidenciando a aplicação
7
2.6.1 Cardiopatias
O uso de óleo de peixe é o mais comumente usado como terapia adjuvante nestes
casos que segundo Smith et al.,(2007), onde fora realizado estudo com cães da raça
boxer acometidos por cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito, onde houve
cães suplementados com vários óleos oriundos do ômega 3 (óleo de peixe, linhaça
ou girassol – tendo como um grupo controle) e demonstrou que apenas os animais
suplementados de forma oral com óleo peixe tiveram uma queda no número de
arritmias, em especifico redução dos complexos ventriculares prematuros.
8
2.6.2 Dermatopatias
O dos PUFA (em especifico ômega 3), são explorados com maior frequência na
terapêutica das doenças cutâneas e é efetivo nos quadros inflamatórios e alérgicos
que corroboram a ação do ômega 3 (BARROS, 2018).
Contudo, mesmo com algumas diferenças apontadas por alguns autores em cada
espécie a utilização do ômega 3 é constante. (Tabela 1).
10
TABELA 1. Resumo de alguns autores sobre efeitos clínicos do ω-3 em cães e gatos
EFEITOS CLÍNICOS DO Ω-3 EM CÃES E GATOS
CÃES GATOS
CARDIOVASCULAR / ALTERAÇÕES
ENDÓCRINO E HEMOLÍTICAS Como fator para controle de Não há muitos estudos da espécie
arritmias fatais que se desenvolvem felina, mas 1 na parte de coagulação
em frequências cardíacas (FC) sanguínea, onde gatos
elevadas a suplementação oral de suplementados na dieta com ω-3,
cães de ω-3, diminui a FC em quanto tempo de sangramento,
repouso e após exercício se faz pico de agregação plaquetária no
eficiente (BILLMAN, 2012). pós cirúrgico (SAKER et al., 1998).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAUER, John E. Therapeutic use of fish oils in companion animals. Timeline topics
in Nutrition JAVMA, v. 239, n. 11, p. 1441-1451, 2011. Disponível em:
https://doi.org/10.2460/javma.239.11.1441. Acesso em: 24 set. 2022.
BAUER, J.E.; The essencial nature of dietary Omega-3 fatty acids in dogs; Journal of
the American Veterinary Medical Association; v.249; n.11; p. 1267-1272; 2016.
BAUER, J.E.; Responses of dogs to dietary omega-3 fatty acids; Journal of the
American Veterinary Medical Association; v.231; n.11; p.1657-1661; 2007.
BILLMAN, G. E. Effect of dietary omega-3 polynsaturated fatty acids in heart rate ond
heart rate variability in animals susceptible or resistant to ventricular fibrillation.
Frontiers Physiology, v.3, n.71, p.1-10, 2012.
BROWN, S.A.; BROWN, C.A.; CROWELL, W.A. et al. .Beneficial effects of chronic
administration of dietary ω-3 polyunsaturated fatty acids in dogs with renal
insufficiency. J. Lab. Clin. Med., v.131, p.447-455, 1998
BRUNETTO, Márcio Antônio. Usos clínicos dos ácidos graxos ômega-3. Informativo
técnico Vetnil, 2019. Disponível em: <
https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13884/usos-clinicos-dos-acidos-graxos-
omega-3 > Acesso em: 21 out. 2022
CALDER, P.C. Long-chain n-3 fatty acids and inflammation: potential application in
surgical and trauma patients. Brazilian Journal of Medical and Biological
Research. v.36, n.4, p.433-446, 2003.
CALDER, P.C. N-3 polyunsaturated fatty acids, inflammation and Immunity: pouring
oil on troubled waters or another fishy tale? Nutrition Research, v.21, p.309-341,
2001.
FACCHI, Caroline. Antioxidantes: a proteção para uma ração segura. BTA, Add
innovation, Xanxerê, 3 dez. 2019. Disponível em: <
<https://www.btaaditivos.com.br/br/blog/antioxidantes-a-protecao-para-uma-racao-
segura/66/> Acesso em: 01 nov. 2022
LLOYD, David H.; THOMSETT, Lovell R.. Essential Fatty Acid Supplementation In The
Treatment Of Canine Atopy: A Preliminary Study. Veterinary Dermatology, v. I, n. I,
p.I-44, set. 1989.
MORAIS, M.G.; COSTA, J.A.V. Perfil de ácidos graxos de microalgas cultivadas com
dióxido de carbono. Ciência e Agrotecnologia, v.32, n.4, p. 1245-1251, 2008.
14
NESTEL, P.J.. Fish oil and cardiovascular disease: lipids and arterial function. The
American Journal of Clinical Nutrition. v.71. p.228-231, 2000.
OLIVEIRA, Nátaly Montemor de; ROSA, Patrícia Raquel Basso. Benefícios dos
nutracêuticos na dieta de cães. Jornal MedVet Science - FCAA, Andradina- São
Paulo, v. 2, n. 2, p. 57 - 61, 2020.
SMITH, C.E; et al. 2007. Omega-3 fatty acids in boxer dogs with arrhythmogenic right
ventricular cardiomyopathy. Journal of Veterinary Internal Medicine. v.21, p.265-
273. 2007
15