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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Área de Especialidade em Administração Educacional
2021
AGRADECIMENTOS
RESUMO
i
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
ABSTRACT
This thesis is centered in a digital tool for self-regulation, specifically the SELFIE
(Self-reflection on Effective Learning by Fostering Innovation through Educational
technologies), and how it serves as a support to the organizational management of a
school. This study focuses particularly on the school where the Pre-Pilot Project was
implemented in Portugal.
Specifically, the aim of this thesis is to understand the underlying conditions that
favoured the shift and the impact that implementing SELFIE had in the leadership
processes as well as organizational decision-making. This is a qualitative case study
within an interpretive paradigm in which the data retrieving techniques were archival
research, semi-structured interviews to the director and coordinator of the SELFIE team
as well as non-structured observation.
With a clear intention of accompanying evolution and a pressing shift in the
teaching system the school made a joint effort to embrace innovation with ambitious
norms. On top of these changes the school felt the need to trace a new path in its strategies
with the Director having a central role in these decisions, leadership being fundamental
for defining and orienting strategy. The organization witnessed an unprecedent growth
both pedagogically and technologically and with it the need to self-regulate the changes.
The SELFIE tool proved to be uniquely useful as it collected the different voices and
views of its stakeholders in an effective way and allowed to guide the strategic decisions
of the school.
ii
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................... 2
1.1. A evolução em Portugal das organizações escolares ................................................... 2
1.2. As novas formas de gestão escolar ............................................................................. 5
CAPÍTULO 2 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................................... 8
2.1. Processos de liderança do diretor ............................................................................... 8
2.2. O digital e a avaliação .............................................................................................. 12
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA ......................................................................................... 18
3.1. Enquadramento metodológico ...................................................................................... 18
3.2. Estudo de caso.............................................................................................................. 19
3.3. Eixos de Análise........................................................................................................... 20
3.4. Contexto da ação .......................................................................................................... 21
3.5. Os Participantes............................................................................................................ 24
3.6. Técnicas de recolha e análise de dados.......................................................................... 25
3.6.1. Pesquisa arquivística.............................................................................................. 26
3.6.2. Inquéritos .............................................................................................................. 26
3.6.2.1. Inquéritos por entrevista ................................................................................. 26
3.6.2.2. Inquérito por questionário .............................................................................. 27
3.6.3. Observação ............................................................................................................ 28
3.7. Análise de conteúdo................................................................................................. 29
CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ............................................... 30
4.1. Processo de adesão .................................................................................................. 30
4.1.1. A necessidade de mudança..................................................................................... 30
4.1.2. A adesão ao projeto SELFIE .................................................................................. 32
4.2. Processos de operacionalização ................................................................................ 34
4.2.1. A Equipa SELFIE .................................................................................................. 34
4.2.2. O planeamento estratégico ..................................................................................... 36
4.2.3. Envolvimento dos atores ........................................................................................ 39
4.3. Processos de gestão e liderança ................................................................................ 47
4.3.1. A Direção .............................................................................................................. 47
4.3.2. Estruturas intermédias e processos de liderança...................................................... 52
4.4. Os resultados SELFIE.............................................................................................. 55
4.5. As mudanças organizacionais .................................................................................. 62
4.5.1. O modelo ajustado à organização ........................................................................... 62
4.5.2. A reconfiguração da organização ........................................................................... 64
4.5.3. As mudanças nos papéis de liderança ..................................................................... 67
4.6. Sinais de melhoria na organização ........................................................................... 70
CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 78
LEGISLAÇÃO CONSULTADA ............................................................................................ 83
OUTROS DOCUMENTOS CONSULTADOS ....................................................................... 83
iii
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
ÍNDICE DE ANEXOS
ANEXO 1 - Protocolo de investigação: Diretora
ANEXO 2 – Protocolo de investigação – Coordenadora SELFIE
ANEXO 3 – Guião do Inquérito por Entrevista – Diretora
ANEXO 4 – Guião do Inquérito por Entrevista – Coordenadora SELFIE
ANEXO 5 – Transcrição da Entrevista – Diretora
ANEXO 6 – Transcrição da Entrevista – Coordenadora SELFIE
ANEXO 7 – Notas de Campo
ANEXO 8 – Análise de Conteúdo
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 Estilos de liderança................................................................................................... 9
Quadro 2 Eixos de Análise.................................................................................................... 20
Quadro 3 Listagem de entrevistados....................................................................................... 27
Quadro 4 Áreas dos questionários SELFIE de 2019 ............................................................... 56
Quadro 5 Situações com médias mais baixas destacas dos questionários SELFIE ................... 60
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma de comunicação entre as diferentes entidades através de plataformas
digitais .................................................................................................................................... 12
Figura 2 As tecnologias digitas no processo de autorregulação da escola ................................ 14
Figura 3 Processo de imersão nas tecnologias digitais no AE.................................................. 23
Figura 4 Fases do planeamento da implementação do projeto SELFIE ................................... 40
Figura 5 Percentagem da participação nos questionários SELFIE (2019) ................................ 42
Figura 6 Médias, por áreas e por grupos de participantes, dos questionários SELFIE (2019) ... 58
Figura 7 Fases do planeamento após a aplicação do SELFIE .................................................. 63
Figura 8 O impacto do projeto SELFIE no Agrupamento ....................................................... 73
iv
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
v
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
INTRODUÇÃO
-De que modo a ferramenta digital SELFIE influi nas opções organizacionais e nos
processos de decisão de uma diretora de um Agrupamento Escolar, em conjunto com as
diferentes estruturas de administração e gestão (visão estratégica)?
Num mundo de constantes mudanças, fica cada vez mais difícil acompanhar todas
as alterações, o recurso a tecnologias digitais é um meio facilitador, permitindo mais
rapidamente obter informações sobre a realidade escolar. No entanto, a sua utilização
deve ser cautelosa e fonte de reflexão. Neste estudo, o trabalho da equipa de autoavaliação
da escola revela-se fundamental, uma vez que permite contextualizar os resultados, no
quadro dos processos de gestão escolar.
1
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
republicado em 2012 (Decreto-Lei n.º 137/2012), mas sem nenhuma alteração no âmbito
da autoavaliação, pelo que é reiterada a sua importância.
O surgimento, em toda a Europa, de estruturas e práticas de avaliação externa das
escolas, é um indicador da ampla difusão. Segundo Barroso (2003) o fenómeno da
globalização encadeou a regulação nacional com a regulação transnacional, por via de
contaminação de políticas. Porém apesar das pressões da globalização, encontra-se
diferenças ao nível nacional, que dependem de ideologias e estruturas já estabelecidas.
De acordo com Tristão (2020), denota-se uma tendência de “aumento da regulação
transnacional e do hibridismo da regulação nacional” (p.95).
Esta importância emergente da avaliação, desde finais do século passado, não pode
ser afastada da gestão das organizações dos processos de liderança, do planeamento como
estratégia de materialização de projetos na escola e da implementação e desenvolvimento
de uma cultura de avaliação.
5
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
6
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
utilizada nesse contexto, cada vez mais a gestão escolar está assente em processos digitais.
Como referem Piedade e Dorotea (2017), cada vez mais estudos internacionais apontam
diversas potencialidades das tecnologias na qualidade dos processos de gestão escolar
(Haddad & Jurich, 2002; Maki, 2008; Zainally, 2008; Saiti e Prokopiadou, 2009):
7
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Nas organizações educativas a liderança tem vindo a assumir um papel cada vez
mais importante e de destaque, considerada crucial para a mudança tornando-as mais
eficazes e de melhor qualidade (Trigo & Costa, 2008, p. 562). “O quadro da progressiva
autonomia, responsabilização e prestação de contas dos estabelecimentos de ensino dá
novo alento a esta questão colocando os líderes escolares no centro estratégico de um
desenvolvimento organizacional que se pretende coeso, eficaz e de qualidade” (Costa,
2000, p. 30).
Como aponta Nóvoa (1992), “a coesão e a qualidade de uma escola dependem em
larga medida da existência de uma liderança organizacional efectiva e reconhecida, que
promova estratégias concertadas de actuação e estimule o empenhamento individual e
colectivo na realização dos projectos de trabalho” (p.26). A liderança implica capacidade
de motivação dos colaboradores, visando alcançar os seus objetivos e os da organização
(vd. Freitas, 2013). A gestão está estreitamente ligada com tarefas, segundo Chiavenato
(1999) cada administrador desempenha funções administrativas que englobam quatro
passos: planear, organizar, dirigir e controlar, mas uma liderança remete para um processo
onde é exercida uma influência intencional sobre outros indivíduos para a realização de
atividades (Yukl, 1998).
A liderança tem sido objeto de diversos estudos, a sua complexidade gerou muitas
teorias com diferentes perspetivas. Podemos considerar diferentes abordagens à
liderança. A abordagem dos traços (Gibb, 1947; Jenkins, 1947), o líder influencia o
comportamento dos outros através de traços específicos de personalidade: intelectuais,
sociais, comunicacionais,
De acordo com os estilos de liderança (Lewin et al, 1939), podem-se considerar três
estilos de liderança: a autocrática – muito centrada no seu líder, de controlo hierárquico;
a democrática – que toma as decisões em grupo; e a liberal – onde é dada a liberdade aos
seguidores para a tomada de decisões, quase sem a participação do líder. Obviamente que
não existe um líder com um estilo puro, os líderes poderão ter uma tendência para um
estilo, mas poderão alternar de estilo dependo da situação que se deparam.
8
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Quadro 1
Estilos de liderança
Bastante focada e preocupada com o ensino e a
Instructional
(Instrucional) aprendizagem.
Construção de um interesse comum entre líderes e
Transformational seguidores.
(Transformacional) Foco central da liderança deve ser os compromissos e
as capacidades dos membros da organização.
Foco da liderança está nos valores e na ética dos
Moral
próprios líderes.
Fortemente preocupada que as decisões sejam tomadas
Participative
em grupo.
Foco dos líderes deve estar em funções, tarefas e
Managerial
comportamentos.
Concentra-se na experiência, dos líderes e professores,
Post-modern
e nas diversas interpretações.
Concentra-se nas relações que os líderes mantêm com
Interpersonal os professores, estudantes e outras pessoas ligadas à
escola.
Reconhece a natureza diversa dos contextos escolares e
as vantagens de adaptar os estilos de liderança à
Contingent
situação específica, em vez de adotar uma postura de
'tamanho único'.
Fonte: Bush & Glover (2003)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Clímaco (2005) defende que a escola deve ser uma organização que
continuamente aprende e só assim estará apta para a mudança e para progredir. Reforça
que é necessária uma valorização da análise crítica, refletida e fundamentada para um
aumento do capital intelectual da organização. Para tal, é crucial um planeamento
estratégico, com as seguintes etapas: análise, discussão de resultados, reflexão e
reformulação dos processos.
A gestão de relações e de equipas não é linear e as relações humanas são sempre
complexas, um líder terá de gerir a interação entre pessoas e grupos para um trabalho
conjunto. Hargreaves & O’Connor (2018), sugerem 7 etapas para um líder implementar
dinâmicas colaborativas nas escolas:
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
As exigências da sociedade são cada vez maiores, existindo uma crescente pressão
para que as escolas apresentem informação sobre os resultados que obtêm de forma
sistematizada (Lima, 2008, p.34). Nesse sentido, tem-se assistido:
“a uma proliferação de plataformas informáticas (PI) nas escolas do ensino
público, umas disponibilizadas pelo poder central, outras adquiridas pelas próprias.
O intuito destas plataformas é a automatização de tarefas, a desmaterialização de
processos e a sua modernização, de forma a permitir uma economia de tempo e de
recursos, bem como facilitar a ação dos gestores das escolas.” (Catalão & Pires,
2020, p. 86).
Figura 1
Fluxograma de comunicação entre as diferentes entidades através de plataformas
digitais
Administração
Central
Plataformas digitais
Encarregados
Autarquia Escola de educação
Parceiros
Cada vez mais o recurso a plataformas digitais é uma forma de comunicação e, até
mesmo, de monitorização, entre diferentes entidades, sistematizando e formalizando a
informação veiculada entre elas.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Segundo Ferreira (2017), é importante investir na análise das áreas funcionais das
organizações escolares e nos fatores que relacionem a utilização das tecnologias com as
condições profissionais, permitindo tomar decisões mais consistentes sobre a adoção e
utilização das tecnologias em ambiente escolar. Vivemos numa era digital em que a
própria liderança mudou, onde muitas das teorias já não fazem mais sentido para o estudo
em um cenário, volátil, instável, complexo e amplamente competitivo.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Figura 2
As tecnologias digitas no processo de autorregulação da escola
Autoavaliação Liderança
Tecnologias
Digitais
Melhoria da Planeamento
Escola estratégico
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Esta iniciativa terá por base a ferramenta SELFIE que a Comissão desenvolveu para
as escolas e que permitirá a professores, estudantes e dirigentes escolares analisar a forma
como as tecnologias são utilizadas na respetiva escola e planear eventuais melhorias. A
ferramenta SELFIE1 (Self-reflection on Effective Learning by Fostering the use of
Innovative Educational Technologies) pode ser utilizada por qualquer escola do ensino
básico, secundário ou profissional, em qualquer parte do mundo e está disponível em 32
línguas. Novas funcionalidades e material de apoio vão sendo disponibilizados às escolas:
https://ec.europa.eu/education/schools-go-digital_en). (COM-EU, 2020, p.14)
Neste sentido a Direção Geral de Educação de Portugal (DGE) tem feito um
investimento, através de alteração de políticas educativas e diversificação de projetos
educativos de apoio às escolas. Um exemplo desse investimento, em colaboração com o
Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (IE-ULisboa) são os projetos piloto
realizados nos últimos anos no âmbito da competência digital dos docentes e no
desenvolvimento da proficiência digital das escolas, suportados pelos referenciais
teóricos DigCompEdu e DigCompOrg, aos quais se associam as ferramentas de
diagnóstico neles suportados, a Check-In e a SELFIE, respetivamente.
O DigCompEdu - Quadro Europeu de Competência Digital para Educadores,
desenvolvido pelo Joint Research Center da Comissão Europeia (JRC), tem como
objetivo permitir aos docentes autopercecionar as suas competências digitais em várias
dimensões pedagógicas, permitindo assim o seu desenvolvimento mais abrangente em
todos os níveis de educação.
Após o mapeamento das competências digitais dos professores, é importante
perceber como se mobilizam essas competências nas organizações escolares. A
ferramenta de diagnóstico SELFIE, igualmente desenvolvida pela JRC e suportada no
referencial DigCompOrg - Organizações Educativas Digitalmente Competentes, permite
1
A SELFIE é uma iniciativa da Comissão Europeia e é financiada através do Programa Erasmus e é gratuita. A
ferramenta foi desenvolvida com uma equipa de peritos de escolas, ministérios da educação e institutos de investigação
de toda a Europa. As instituições parceiras incluem a Fundação Europeia para a Formação, o Centro Europeu para o
Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP) e o Instituto de Tecnologias de Informação para a Educação
da UNESCO. (Site da SELFIE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Quadro 2
Eixos de Análise
Eixos de Métodos de
Objetivos Como? Quando? Porquê?
Análise Recolha
Porque é que a organização sentiu a
− Entrevista
necessidade de aderir ao SELFIE?
Como se deu a adesão? (tomada de semiestruturada à
Conhecer as
decisão, comunicação/auscultação dos Diretora do e à
razões e a
I. Adesão atores escolares, etc.) Coordenadora da
cronologia da
Que condições na organização equipa SELFIE
adesão ao projeto. permitiram/incitaram a adesão? − Análise
Em que medida a adesão está associada a
documental
uma opção estratégica do AE?
Como foi delineada a implementação do − Entrevista
projeto? (o planeamento, quem foi semiestruturada à
envolvido, como foram envolvidos)
Analisar o modo Diretora do AE e
No contexto da gestão escolar, quais as
como o projeto principais alterações que resultaram da sua à Coordenadora
II. foi acolhido pelos implementação? da equipa SELFIE
Receção atores e Quais as perceções dos efeitos nas rotinas − Análise
operacionalizado organizacionais da escola? documental
na organização Que desafios se apresentaram do ponto de − Observação não
vista de coordenação dos atores?
estruturada
Como foram comunicados/analisados os
dados obtidos? − Notas de campo
Quais as perceções acerca da relação do
projeto com a autoavaliação e a avaliação
externa da escola?
Quais as perceções acerca dos efeitos do − Entrevista
projeto a nível da gestão? semiestruturada à
Quais as perceções acerca dos efeitos do Diretora do AE
projeto a nível pedagógico e
Analisar o papel organizacional? − Entrevista
do projeto nos Qual a importância dos processos de semiestruturada a
III. processos de coordenadores
liderança na operacionalização do projeto?
Efeitos
autorregulação e Que áreas da SELFIE se apresentaram − Análise
de melhoria como prioritárias? Eram as esperadas? Que documental
alterações organizacionais aconteceram
− Observação não
nestas áreas?
Que mudanças nas funções e papéis das estruturada
estruturas intermédias foram − Notas de campo
implementadas?
O que melhorou na escola com este
processo?
20
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
A - Liderança
B - Infraestruturas e equipamentos
C - Desenvolvimento profissional e contínuo
D - Ensino e Aprendizagem
E - Práticas de avaliação
F - Competências digitais dos alunos
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Figura 3
Processo de imersão nas tecnologias digitais no AE
1ª Fase 3ª Fase
2ª Fase
Análise Inicial das Análise da 4ªFase
Formação de
competências utilização das
docentes por Decisões
digitais dos tecnologias na
níveis de Organizacionais
docentes organização
competência
(DigCompEdu) (SELFIE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
3.5. Os participantes
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
A coordenadora da equipa SELFIE foi também participante neste estudo, tendo sido
entrevistada no âmbito da implementação da SELFIE e das mudanças organizacionais
adjacentes. A docente iniciou a sua carreira em 2002 e está neste Agrupamento desde
2008. Pertencia à equipa de autoavaliação do Agrupamento, mas nos últimos três anos
tem exercido funções de coordenação dessa equipa. Em 2019 foi nomeada para
Coordenadora da Equipa SELFIE, para implementação do projeto pré-piloto de
implementação desta ferramenta em escolas portuguesas.
A amostra da aplicação dos questionários SELFIE foi constituída pelos alunos,
professores e gestores escolares (designados por dirigentes) do Agrupamento de Escolas
em estudo. Ressalva-se que a referência a “amostra” é de uma amostra por conveniência,
que não tem o propósito da generalização para o todo.
Através dos resultados dos questionários SELFIE consegue-se obter uma visão
comparativa dos dirigentes escolares, professores e alunos. De salientar que em algumas
dimensões e algumas questões os alunos não são questionados por não terem os
conhecimentos necessários, como por exemplo o Desenvolvimento Profissional e
Contínuo dos docentes. Relativamente aos alunos, apenas foram convidados a responder
ao questionário os alunos do 4º ao 9º ano, tendo em consideração a idade sugerida pela
SELFIE.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
3.6.2. Inquéritos
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
entrevistas, foram elaborados guiões de acordo com os eixos de análise pré-definidos, que
se constituíram reguladores e orientadores das mesmas (Anexos 3 e 4). No Quadro 3
apresenta-se a enumeração das entrevistas realizadas, com a função dos entrevistados,
duração e código atribuído.
Quadro 3
Listagem de entrevistados
Função Duração Código
(h:m:s)
Diretora 01:28:50 DAE
Coordenadora da Equipa SELFIE 00:45:45 CAA
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
3.6.3. Observação
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) é o facto de ela permitir, além de uma rigorosa e objetiva representação dos
conteúdos ou elementos das mensagens (discurso, entrevista, texto, artigo, etc.)
através da sua codificação e classificação por categorias e subcategorias, o avanço
(fecundo, sistemático, verificável e até certo ponto replicável) no sentido da captação
do seu sentido pleno (à custa de inferências interpretativas derivadas ou inspiradas)”
(p. 304).
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“O que eu mais aprecio como diretora, efetivamente, é ter a noção que posso
condicionar, e que posso tentar alterar algumas coisas no ensino que eu acho que
já vai sendo tempo de se ir mexendo e de tentar fazer perceber a importância dessa
mudança.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
docente, evitando uma mudança súbita sem alicerces suficientes que acompanhem
o processo de mudança, com o intuito de promover aprendizagens significativas
para os alunos e prepará-los para os desafios que a sociedade do século XXI lhes
apresenta.” (PI, p.3)
“(…) nós não somos todos iguais, temos competências diferentes, porque as
inteligências não são todas iguais, e ainda bem! (…) eu acho que é essa a beleza do
nosso Agrupamento, eu acho que, o nosso Agrupamento tem isso diversidade de
competências, mas além disso existe gosto, existe um grande grupo de pessoas, com
gosto por aquilo que fazem e que se esforçam pelos miúdos.” (DAE)
“(…) pretende-se com este relatório incutir uma cultura de reflexão nos
diferentes agentes educativos, com vista à melhoria contínua da qualidade das
práticas e procedimentos educativos e, consequentemente, do sucesso escolar. Neste
sentido agradece-se o apoio de todos os intervenientes neste processo, que têm
contribuído para os resultados alcançados.” (RAA, 2019, p.16)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Uma das questões facilitadoras, para além de sermos uma direção aberta à
inovação, é gostarmos de experimentar coisas novas, mas não é só o experimentar
só por experimentar, vieram cá explicar o objetivo desta ferramenta” (DAE)
A Diretora também percecionou as vantagens que poderiam advir para outras áreas
do Agrupamento.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Para nós começou antes, nós estivemos a fazer uma espécie de pré-SELFIE, no
fundo eles começaram a desbravar terreno e a “partir pedra”, no que diz respeito
a tentarem perceber quais as competências digitais dos professores e, depois de
saberem isso, de que forma se pode fazer para melhorar essa situação e nós tivemos
o privilégio de poder fazer já parte desse projeto.” (DAE)
A escolha dos elementos para a equipa SELFIE era crucial para o sucesso do
projeto. Porventura planeada antecipadamente, pela Direção, na primeira reunião de
apresentação, a Diretora conseguiu envolver todos e obteve-se uma decisão partilhada:
“(…) a equipa que foi criada, pronto, criou-se uma equipa que também se soubesse
que se iria dedicar e que iria investir por forma a conseguir que o trabalho
aparecesse feito dentro dos timings que se pretendia, pronto, a pessoas que sabiam
que trabalhavam e que trabalhavam bem(..)” (CAA)
envolvente da diretora, mas conhecedora dos seus professores, levou cada um dos
elementos da equipa a sentirem-se envolvidos no projeto sem necessidade de uma
nomeação inicial.
“Eu sei que este agrupamento tem uma cultura de pertença, uma cultura de querer
fazer, e eu quero muito acreditar nisso. Eu tenho aqui um núcleo duro de gente que
gosta muito daquilo que faz e isso é o mais importante (…).” (DAE)
Assim sendo, a equipa foi constituída por um docente de cada ciclo, garantindo a
representatividade, professores com competências digitais e ainda docentes com ligação
à equipa de autoavaliação, designada por Observatório de Qualidade:
“O Observatório deve ter um conjunto de professores que têm uma visão isenta e ao
mesmo tempo clara daquilo que é importante orientar no agrupamento, considero
que deva ser um organismo independente da Direção, porque acho que este tipo de
estrutura tem de sentir a liberdade e o à-vontade para indicarem isto não está bem
no agrupamento, ou aquilo pode melhorar, eles têm que servir para isso, portanto,
a direção poderá condicionar o trabalho.” (DAE)
Foi clara a intencionalidade da Direção em estabelecer uma forte ligação entre estas
duas equipas, assumindo desde logo a utilização da SELFIE como ferramenta de
diagnóstico.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Nós tínhamos reuniões semanais, todas as terças-feiras, sendo que o nosso elo
de ligação à DGE e ao Instituto de Educação vinha ter connosco na hora em que a
equipa reunia, para agilizar e operacionalizar o trabalho.” (CAA)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Tentou-se decidir que era importante que a SELFIE refletisse as três realidades
da escola, primeiro ciclo, segundo e o terceiro ciclo, uma vez que a própria SELFIE
não aconselha a implementação no pré-escolar, dentro do primeiro ciclo apenas a
alunos de quarto ano, uma vez que as perguntas não são assim tão simples e
acessíveis para alunos mais pequenos.” (CAA)
Depois da divisão por ciclos, era necessário pensar na distribuição dos professores,
uma vez que a SELFIE considera dois conjuntos diferentes, um grupo referente ao 1º
ciclo e outro grupo referente aos 2.º e 3.º ciclos, ainda divido em dirigentes e professores.
Nesta fase a equipa analisou e refletiu bastante sobre a definição dos grupos de
participantes convidados, uma vez que esta separação não é assim tão linear, a decisão
teve por base as definições sugeridas pelo SELFIE:
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Após a fase de definição dos grupos participantes, seguiu-se a análise das questões
a contemplar em cada um dos grupos. A SELFIE já tem um leque de questões, por cada
uma das áreas, algumas dessas questões são obrigatórias outras são facultativas (podem
ou não ser selecionadas), no entanto ainda permite acrescentar um número de questões
que a escola considere pertinente. A estreita ligação entre a equipa do Observatório de
Qualidade e da SELFIE possibilitou incluir, no mesmo questionário, perguntas
específicas para a autoavaliação do AE, e perguntas associadas a questões organizacionais
do próprio agrupamento, que podem não se enquadrar no âmbito da tecnologia.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
A apresentação do projeto aos professores foi delineada pela equipa SELFIE, que
apesar do pouco tempo até à data da fase de inquirição, considerou fulcral fazer um
enquadramento do projeto na escola e uma apresentação a todos os professores. Assim,
dados os constrangimentos temporais, a apresentação do projeto foi feita pelos
coordenadores de departamento, em reunião de departamento, e pela coordenadora da
Equipa SELFIE, através do email institucional (canal de comunicação interno), tendo sido
reconhecido pela própria coordenadora da equipa, não ter sido a opção ideal, mas sim a
melhor opção possível:
“O projeto foi nos apresentado assim bocadinho… com os timings todos para
ontem, pronto, então tudo o que foi pensado e foi delineado foi feito assim bocadinho
a correr, isto para dizer o quê, não houve tempo para grandes debates, para grandes
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Figura 4
Fases do planeamento da implementação do projeto SELFIE
Fase 2
•Questionários •Plano de ação/
SELFIE •Análise e reflexão intervenção
dos Resultados
Fase 1 Fase 3
“Assim, serve o presente mail para pedir a todos os docentes, que respondam,
de forma completamente anónima, ao questionário da 1ª fase do projeto (…)
Esperamos uma participação massiva, uma vez que a opinião sincera de todos é
que nos permitirá conhecer a realidade da escola e definir estratégias de
intervenção e melhoria.” (NC4)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Relativamente aos alunos, como planeado, as respostas foram feitas em sala de aula,
de forma a contornar algumas dificuldades, tanto no âmbito das tecnologias como de
eventuais dúvidas de interpretação. Assim, no 1.º ciclo, os questionários foram realizados
com o professor Titular de Turma com a colaboração de um elemento da equipa SELFIE
e com dispositivos cedidos pelo parceiro. Os alunos do 2º e 3º ciclo responderam aos
questionários preferencialmente em aulas de TIC (Tecnologia Informação e
Comunicação) na Sala de Informática, segundo um horário elaborado pela equipa.
“(…) tendo em atenção ao timing em que o inquérito foi aplicado houve muitos
professores que não gostaram, pronto, porque incidiu com as avaliações de final do
primeiro período, altura em que os professores têm muito trabalho, e pronto não foi
recebido da melhor forma, nem acarinhado, se calhar, da melhor forma exatamente
por causa do timing, não tanto pelo questionário em si, mas se calhar pela altura
em que ele teve que ser implementado.” (CAA)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“É difícil há sempre aquelas vozes que dizem agora querem vir aqui espiolhar
como é que é o nosso trabalho, o que é somos capazes de fazer, e depois as pessoas
nem sempre são muito honestas nas respostas, com medo de eventualmente poderem
vir a ter represálias sobre isto ou aquilo ou de alguém lhes apontar que elas não
sabem fazer isto ou aquilo. Portanto desmistificar isso e batalhar no “não tenham
medo sejam honestos, isto é para vos ajudar, isto é para trabalharmos em conjunto”,
é difícil, porque as pessoas às vezes pensam logo que está alguém com uma pistola
apontada a pensar andamos à procura de encontrarmos algo que não façam bem.”
(DAE)
Figura 5
Percentagem da participação nos questionários SELFIE (2019)
1.º Ciclo
2.º Ciclo
3.º Ciclo
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Não tenho dúvidas nenhumas que correu tudo da melhor forma, pela
determinação, estruturação e organização da parte desta equipa do Observatório
de Qualidade.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Houve alguns aspetos que foram mencionados que às vezes nos passam um
bocadinho ao lado, porque como nós temos a visão daquilo que também nós somos,
e como somos positivos e achamos que está tudo bem e mesmo quando aparecem
dificuldades tentamos ultrapassá-las e tentamos fazer as coisas e, às vezes, não
vemos o lado que tem uma visão um bocadinho mais pessimista quem tem uma visão
diferente, e também é importante saber a opinião dessas pessoas, porque na
realidade não somos todos iguais. Em alguns campos os resultados da SELFIE
surpreenderam-me, mas outros foram dentro daqui que já estava à espera.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) feito uma divulgação dos resultados, sucinta, no final do ano letivo em que
o pré-piloto foi aplicado, essa divulgação foi feita apenas por mail, ou melhor, a
equipa da SELFIE criou um documento que foi divulgado em Conselho Pedagógico
e que passou aos Departamentos” (CAA)
A reação dos atores, aos resultados obtidos, foi de uma forma geral positiva. Os
docentes debateram alguns resultados mais divergentes e fizeram-se sugestões de ações
de melhoria para os resultados que ficaram mais aquém do esperado. No entanto, como a
Diretora menciona, nem todos conseguem acompanhar estas mudanças, mas a visão de
grupo e de pertença daqueles que conseguem ver o alcance não se deixa intimidar por
outros.
“(…) a reação, de uma maneira geral, foi positiva dentro daquilo que são os
meandros médios normais do Agrupamento, porque depois também temos
consciência que há aqueles que nós nunca somos capazes de agradar, mas eles
próprios não se agradam a eles próprios e, portanto, não há volta a dar, temos de
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
seguir em função daquilo que sentimos que trouxe melhorias para o agrupamento.”
(DAE)
Ficou logo planeada, tendo em consideração a forma atípica como terminou o ano
letivo, uma reunião geral no início do ano para voltar a envolver todos no projeto SELFIE.
E assim, aconteceu
“(…) no início do ano letivo seguinte, houve uma reunião geral para divulgação
desses mesmos resultados já um bocadinho mais pormenorizados aproveitando
também a presença de um elemento exterior à escola, que tinha sido o nosso elo de
ligação com a DGE e o Instituto de Educação quando implementámos o pré-piloto.
Nessa sessão em que aproveitámos para divulgar aqueles resultados que achámos
que eram os mais relevantes, também aproveitámos para sensibilizar as pessoas
para a importância deste tipo de projetos, para a importância deste tipo de
questionários e para a mais-valia que eles são, naquilo que são depois a definição
das estratégias que a escola, e todas as escolas podem, ou não, implementar no
futuro.” (CAA)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
4.3.1. A Direção
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) não podemos pensar a escola da mesma forma, tento usar estas funções
que tenho para tal, sinto que me permite voar um bocadinho, no entanto às vezes
tenho alguns entraves, mas só quem não tenta é que não lhe acontece.” (DAE)
“(…) sei que, às vezes há coisas que correm menos bem, tenho essa consciência,
mas também sei que há coisas que correm bem, e no equilíbrio o que corre bem e o
que corre menos bem, pelo menos que seja autêntica, que seja eu” (DAE)
Para esse efeito, reconhece que num processo de mudança é crucial ouvir os
professores, mas que se deve ter em atenção as intenções:
" Eu (Diretora) gosto muito de ouvir as pessoas quando sei que são pessoas que
gostam de mim e que estão a tentar ajudar (…).” (DAE).
“(…) eu (Diretora) acho que uma direção tem que ter momentos muito regulares
de pontos da situação, momentos onde estamos os quatro em que analisamos o que
correu bem e o que não correu bem e, às vezes, quando eles resmungam comigo tem
que ver com isso, porque às vezes andamos numa lufa-lufa de trabalho que
perdemos, ou não temos tempo para nos reunir mas eu sei, e cada vez sinto isso, que
não é perder tempo é ganhar tempo, quando estamos juntos os quatro nem que seja
para fazer o ponto de situação de cada um.” (DAE)
“(…)eu (Diretora) sou muito dependente da minha Direção, e eles são muito
dependentes de mim, dependente não em termos de trabalho, pois eles são
portentosos naquilo que fazem, mas efetivamente somos muito emocionais, esta
minha direção este meu grupo é um grupo dos afetos, do mimo, da entreajuda, do
sentirmo-nos acompanhados.” (DAE)
Até esta parte mais afetiva foi afetada com as restrições impostas pela pandemia,
mas que dada a relação existente foi possível ultrapassar todos os constrangimentos, algo
que afetou este agrupamento muito ligado aos afetos, como constata a Diretora:
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) esta pandemia até nisso vai massacrar, porque faz-nos (direção) falta os
abracinhos, os miminhos essas coisas todas, porque nós somos muito assim.” (DAE)
A Diretora reforça que, no entanto, uma direção não consegue trabalhar sozinha,
e que, se é importante a sua equipa também se vê como um pilar para o crescimento do
seu Agrupamento.
“Todos têm um papel válido nas escolas e quando querem fazer, eu sou a favor
de delegar competência nessas pessoas e de confiar no trabalho que as pessoas
fazem (…)” (DAE)
“(…) se as coisas depois não correrem bem também tenho de ter a coragem de
dizer assim “não tive bem”, não é culpar a pessoa, não é, e não tive bem porque se
calhar precisava de monitorizar um bocadinho mais a situação e não monitorizei ou
precisava de ajudar mais naquele campo, ou a pessoa não teve a coragem de pedir
ajuda.” (DAE)
“já chegámos a essa conclusão que se calhar falta esse envolvimento das pessoas
perceberem que nós queremos nos envolver, não é por desconsiderar o trabalho dos
outros, às vezes não temos mesmo tempo para nos envolvermos, mas queremos
melhorar nesse campo queremos estar mais presentes em algumas dinâmicas, até
para valorizar o trabalho das pessoas que se dedicam muito.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Fazer a gestão de relações humanas é sempre muito difícil, (…) sabendo que
nem todas as opções agradam a gregos e a troianos, eu prefiro saber que estou a
desagradar os troianos, mas ao mesmo tempo os gregos vão ficar felizes e que o
trabalho vai ficar bem feito.” (DAE)
A situação tem-se agravado, dadas as mudanças que ocorreram nos últimos anos,
e, de facto, os professores atravessam uma fase de cansaço, e, naturalmente, nem todos
lidam com ela da mesma forma. A Diretora mantém a esperança de que com calma e
reforçando a motivação e a confiança dos seus professores, conseguirão ultrapassar esta
fase menos boa.
“No entanto, precisamos de ir com calma, pois estamos todos muito cansados e
há personalidades diferentes, enquanto uns estão cansados mas mantêm o foco
naquilo que querem e outros que estão cansados e que começam a desfocar e a
desmotivar, e é isso que me entristece às vezes, eu sinto que precisamos de mimá-
los um bocadinho, alguns precisam de mimo, precisam de ouvir “tu és capaz”, “foi
difícil mas tu és capaz, vais conseguir”, ou “vais lá chegar”, mas os tempos não
estão a ajudar.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Motivação dos professores, eu preciso fazê-los acreditar, que não têm que ser
todos iguais, mas têm de estar todos motivados a trabalhar, todos os que querem,
quem não quer não há volta a dar.” (DAE)
“É muito complicado ouvir pessoas, que temos muita consideração, dizerem que
as coisas não estão a correr bem e, ao mesmo tempo, sentires que temos de
melhorar.” (DAE)
A Diretora aceita que o processo de mudança não é fácil, mas acredita que para
ultrapassar os constrangimentos é necessário um processo de monitorização, de avaliação
e de reflexão. A importância da equipa de autoavaliação do AE viu a ferramenta SELFIE
como um instrumento de autorregulação: “A SELFIE também nos pode ajudar a olhar com
maior objetividade o caminho a seguir.” (DAE). A equipa da Direção acompanhou o processo
de implementação do SELFIE e analisou os dados. Nas reuniões habituais de equipa foi
feita uma reflexão sobre os dados obtidos:
É importante saber traçar o caminho que se quer caminhar, para a diretora é fulcral
caminhar como um grupo, não é inovar por inovar é perceber que se quer mudar e saber
como se pode fazer esse caminho.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) eu sou uma felizarda no meio disto tudo, porque, para além da direção que
confio muito e tenho plena consciência que sem eles não era capaz de fazer o
trabalho que faço, depois tenho as estruturas intermédias que eu também confio
muito, sei que podem ter uma falha aqui ou podem ter uma falha ali, ou as coisas
podem não ser como nós pensamos, mas se não fossem eles a máquina não andava,
tem de ser um esforço conjunto para que a máquina ande.” (DAE)
“(…) a escolha das equipas, as que se podem escolher, são fundamentais (…),
por outro lado, o problema é que é um massacre pois são sempre os mesmos
professores.” (DAE)
“(…) depois eu sei que é injusto, porque depois acabamos por sobrecarregar
sempre os mesmos, (…), mas é tão importante em determinadas funções escolher
bem, e não estou a dizer que, e quem me conhece sabe que eu não escolho para eu
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
ter a minha vida facilitada, em termos de fazerem tudo o que a diretora quer, de
todo, eu escolho por saber que a tarefa vai estar bem atribuída (…)” (DAE)
“Estamos a passar uma fase muito desafiante, e acho que estas mudanças todas
estão a abanar as nossas estruturas, está a ser difícil.” (DAE)
“(…) nós (as estruturas) que temos a capacidade de decisão, nós que temos a
capacidade de trabalho de inovação de andar para a frente, podemos andar
cansados mas andamos para a frente, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar
para o bem, no que é positivo para o Agrupamento, se nós acreditarmos que estamos
a trabalhar para fazer as coisas que são positivas para o agrupamento, não podemos
deixar de fazer, podemos ficar tristes, naturalmente, quando sentimos quando há
reações menos boas, mas acreditamos naquilo que fizemos, e isso é o mais
importante, a pessoa acreditar naquilo que fez.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Para a equipa SELFIE, não foi diferente, além da capacidade de mobilizar era
necessário a capacidade de realizar um bom planeamento estratégico. A confiança e o
reconhecimento de outros na equipa são fundamentais para a realização de processos de
autorregulação, é necessário acreditar e confiar para que respondam de forma honesta.
“(…) estar tudo bem estruturado e bem planificado, mas as pessoas sentirem
também confiança e a direção diga envolvam-se, façam e sejam honestos,
respondam de forma coerente sem filtros pois é isso que nós precisamos realmente
para ajudar o percurso do agrupamento. Pois eu posso ser uma diretora que faço
discursos espetaculares e que motivo o pessoal, mas depois se não tenho nada
estruturado nem preparado fica tudo uma confusão e ninguém consegue fazer nada
de jeito, por outro lado se a estrutura está toda muito bem montada, mas depois se
não houver esta fase, esta possibilidade de motivar e dizer participem que não há
problema confiem está tudo bem, se calhar também vai ser ruinoso porque as
pessoas sentir-se-iam presas e não seriam totalmente honestas.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Agora também temos de ter a noção que depois quem está à frente do
departamento é fundamental para que exista uma reflexão, pois apresentar apenas
os resultados não permite uma reflexão conjunta.” (DAE)
A diretora reforça o papel crucial das estruturas intermédias, que têm um papel
primordial para uma comunidade aprendente e comprometida com a missão do AE.
“(…) o sucesso de uma direção passa sempre pelo sucesso das estruturas
intermédias e de todas as outras equipas, que são tão ou mais importantes que a
direção, quando assumem um compromisso com alguma coisa, pela esquerda ou
pela direita, a coisa vai acontecer.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Quadro 4
Áreas dos questionários SELFIE de 2019
• "Este domínio está relacionado com as medidas que as escolas podem considerar
E – Práticas de para passarem gradualmente de uma avaliação tradicional para um repertório de
práticas mais abrangente. Este repertório poderá incluir práticas de avaliação
avaliação baseadas nas tecnologias, que sejam centradas nos alunos, personalizadas e
fidedignas."
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Uma vez que se trata de um programa europeu, os níveis de escolaridade não estão
agrupados de acordo com a realidade das escolas portuguesas. Em Portugal há uma
separação nos 6 primeiros anos de escolaridade (1.º e 2.º ciclo), com especificidades
próprias e com dinâmicas, condições e estabelecimentos escolares diferenciados, pelo que
importa compreender a integração do digital em cada uma dessas realidades. Noutros
países europeus estes 6 primeiros anos constituem o ISCED2 1, não havendo a separação
entre ciclos diferentes, estando assim a SELFIE organizada de acordo com esta estrutura.
Por decisão da equipa, com o objetivo de se obterem dados pelos diferentes ciclos,
que neste agrupamento têm realidades muito diferentes, foram gerados três questionários
(um por ciclo de escolaridade), sendo que as questões são as mesmas, existindo apenas
algumas adaptações na linguagem dependendo da faixa etária dos alunos a que se
destinam. Assim, obtiveram-se três relatórios, gerados automaticamente pela ferramenta
SELFIE. Nestes relatórios os resultados são comparados através das médias das respostas.
A plataforma possibilita uma análise dos dados com gráficos dinâmicos, e permite uma
exportação dos relatórios em formato PDF.
“Dada a extensão da informação e a separação dos três relatórios (um para cada
ciclo), obtidos com os dois registos feitos, a equipa considerou pertinente a
elaboração de um relatório interno que integrou no relatório final de autoavaliação
2
Classificação Internacional Normalizada da Educação (do inglês: International Standard Classification of Education
-ISCED)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Após a análise dos resultados obtidos, a própria equipa SELFIE fez uma primeira
reflexão, destacando alguns pontos que considerou importante serem analisados pelo AE.
Os resultados obtidos foram, de uma forma geral, aproximados nos três grupos de
participantes em cada um dos ciclos, como se observa na seguinte figura, permitindo uma
reflexão sobre aqueles que mais se distanciam.
Figura 6
Médias, por áreas e por grupos de participantes, dos questionários SELFIE (2019)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
De uma forma muito geral, os resultados não são baixos, mas também não são
altos, o que indica o início de um percurso de mudança. Através dos resultados gerais
foram identificadas as três áreas com valores médios mais baixos, logo mais fragilizados
na integração do digital: Infraestruturas e equipamentos; Práticas de avaliação e
Liderança.
Após uma análise mais cuidada, constata-se que muitas respostas, a maioria, se
encontram na zona de concordância mais ténue, o que dificulta uma perceção mais clara
da informação e a consequente decisão estratégica, pelo que a fase da reflexão seria
crucial para delinear ações estratégicas.
Mas, para além do geral, importa analisar os resultados de todas as questões para
se identificarem, especificamente, os pontos a melhorar. A equipa SELFIE identificou as
questões com médias de maior destaque (baixas ou altas) em cada área e, sempre que se
revelou necessário, por apresentarem diferenças significativas nas pontuações. Na análise
distinguiu e relacionou os resultados pelos diferentes grupos.
O quadro seguinte apresenta de forma sucinta as questões onde o Agrupamento
obteve médias mais baixas, relativamente a cada área do SELFIE, com algumas reflexões
internas dos resultados obtidos.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Quadro 5
Situações com médias mais baixas destacas dos questionários SELFIE
Áreass Questões com médias mais baixas
Há necessidade clara de debater as vantagens e desvantagens de ensinar e aprender
com as TD, em especial no 3º ciclo, ciclo onde todas as médias foram negativas –
dirigentes, professores e alunos;
A - Liderança Há necessidade de proporcionar tempo aos professores para explorarem formas de
melhorar o seu ensino com as TD em todos os níveis de ensino, onde todos os
valores médios foram negativos, embora reconheçam vontade por parte das
lideranças.
Foram ainda assinalados como deficitários/problemáticos, em todos os níveis de
ensino e em especial pelos professores:
B - Infraestruturas − disponibilidade de dispositivos digitais para os alunos e professores;
e equipamentos − pouco apoio técnico (apesar da ajuda da equipa PTE);
− Disponibilidade de acesso à internet (lenta/instável);
− Falta de espaços físicos
Total concordância com a necessidade de Desenvolvimento Profissional Docente
na área das TD;
C- − no 3º ciclo fraca valorização do trabalho colaborativo entre pares;
Desenvolvimento
− no entanto, sobre a utilidade de DPC do quadro anterior esta foi uma das
profissional e
contínuo áreas mais valorizadas;
− também nas questões próprias destaca-se a desvalorização do trabalho
colaborativo.
Grande discrepância ,no 2º ciclo, entre a opinião dos dirigentes e dos professores
em relação à utilização das TD em contexto pedagógico, com os professores a
indicarem que as utilizam e os dirigentes discordando;
− no 3º ciclo há grande concordância positiva entre todos os grupos
D – Ensino e participantes;
Aprendizagem − de salientar os valores muito positivos quando anteriormente se referiu
que as infraestruturas digitais eram insuficientes;
− valores mais baixos na utilização de tecnologias digitais para projetos
transdisciplinares (gerando preocupação no âmbito do trabalho
colaborativo).
Relativamente às práticas de avaliação, globalmente os professores indicam que
utilizam o digital na avaliação das aprendizagens, no entanto não o utilizam para
dar feedback aos alunos em tempo útil nem para estes atuarem sobre os seus
E – Práticas de resultados.
avaliação
À exceção do 2º ciclo onde os resultados revelam o contrário.
No 3º ciclo há uma concordância entre os vários grupos na necessidade de melhorar
estes processos
Valor mais baixo refere que os alunos utilizam muito pouco as tecnologias
F-Competências digitais em sala de aula, nas várias disciplinas;
digitais dos Surpreende pelos resultados francamente positivos nos itens de utilização de
alunos
tecnologias digitais no ensino e aprendizagem.
Nota: in Apresentação Resultados SELFIE
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Na implementação da SELFIE, claro dentro da minha linha, eu tenho esta linha
bem-disposta e mais ligeira de abordar os assuntos, é assim que eu sou, mas ao
mesmo tempo senti que era importante fazer uma reunião geral de professores para
transmitir que a implementação da SELFIE, era muito importante para o
Agrupamento, para traçarmos o percurso que queríamos seguir e que contava com
a participação de todos.” (DAE).
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Figura 7
Fases do planeamento após a aplicação do SELFIE
“Mais uma vez o facto de sermos um Agrupamento inovador permitiu-nos uma visão
de conjunto, que não é fácil, mas no fundo é isso que faz sentido, é nós não tomarmos
as ferramentas isoladas, (…) na realidade fartamo-nos de trabalhar, mas depois se
não houver uma visão de conjunto que possa agregar estas coisas todas e que possa
a fazer as pontes entre as várias ilhas, andámos a trabalhar muitos sem grande
sentido.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Discrepância no 2º ciclo entre a opinião dos dirigentes (2,5) e dos professores (3,8)
em relação à utilização das TD em contexto pedagógico” (Relatório Autoavaliação,
2020-2021, p.9)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Um outro parâmetro que levou a uma alteração profunda na organização, foi na área
da avaliação com recurso às tecnologias digitais. Nos resultados obtidos na área da
SELFIE os professores afirmam que querem trabalhar e avaliar com recurso às
tecnologias digitais, por outro lado indicam como constrangimentos a falta de recursos e
de tempo para explorar.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) quando eu (Diretora) ponho algo na cabeça que é útil para o agrupamento
também é difícil me demover das minhas ideias e eu sigo em frente, e a SELFIE no
fundo permitiu-nos isso quando nós começámos a perceber já fazíamos tantas
coisas, mas que precisávamos de unificar, lá está, fazer as pontes das várias ilhas
daquilo que já íamos fazendo separadamente nas diferentes ilhas, a SELFIE ajudou
na construção do nosso plano de inovação, na utilização da plataforma de avaliação
e de plano de turma.” (DAE)
“(…) acredito honestamente que estes passos que temos tido condicionadas pelas
análises que temos feito, através da SELFIE, de toda a realidade e de todo um
trabalho, tudo conta num agrupamento, a experiência de quem já anda há muitos
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
anos, experiência de quem já veio de outros agrupamentos e que nos traz novidades
de outros lados e que de repente nós pensamos isto também faz sentido aqui. É muito
importante a parte de contextualização, mas sim eu acho que esta ferramenta é
importantíssima, um agrupamento que queira dar coesão àquilo que faz, esta
ferramenta é espetacular.” (DAE)
Durante este processo todo surge pelo meio uma pandemia que levou à criação de
novas estratégias e novas formas de organização. Nem este grande constrangimento fez
recuar os professores deste AE, e no meio de tantas dificuldades uniram-se e continuaram
a elaboração do Plano de Inovação, envolvendo todos desde a sua construção:
“Nós não deveremos querer que as coisas aconteçam por injeção, ou seja,
enquanto há resultados que permitem uma atuação mais imediata, aliás, a própria
construção do plano de inovação, há determinadas visões que nós tivemos e que
quisemos adaptar tendo em conta os resultados que tivemos, um bocadinho mais
imediatos, mas a educação precisa de tempo.” (DAE)
O Plano de Inovação foi aprovado pela DGE e no ano seguinte o AE passou por
uma grande fase de reorganização. Mudanças organizacionais, mudanças na avaliação da
aprendizagem, e na criação de disciplinas novas, que promoviam trabalho de projeto com
várias disciplinas. O que impôs uma organização bastante planeada e um trabalho
conjunto entre professores.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) a SELFIE também nos estruturou e nos deu a construção do nosso plano
de inovação e nas mudanças que quisemos estruturar.” (DAE)
O processo pode iniciar-se por alguns, porém é essencial envolver todos desde a
sua construção, na sua implementação e na sua monitorização. A capacidade de
mobilização é fulcral, como afirma a coordenadora da equipa de autoavaliação neste AE,
um grupo de líderes conseguiu mobilizar outros docentes.
“(…) grupo de pessoas que quer ir mais além e fazer diferente e ajudar os alunos,
motivá-los, saindo um bocadinho da zona de conforto, acho que consegue mobilizar
a maioria dos restantes para que se faça alguma coisa. (CAA)
“Não se consegue dizer que toda a gente fica muito feliz quando as estruturas
intermédias estão a aplicar as tarefas que lhe foram dadas, não! Mas a grande
maioria sente a utilidade e o bom desempenho dessas estruturas intermédias”
(DAE)
“(…) isto de relações humanas é difícil, já deveríamos ter todos idade para
perceber que questionar não é ofender a competência de cada um (…). As pessoas
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
têm de perceber que ser diferente não é ser pior, assim como ser diferente também
não é ser melhor, é ser diferente! (DAE)
A Diretora não esconde o orgulho dos passos dados no seu AE, reconhece que o
percurso nem sempre é fácil, mas que a vontade de ir mais longe tem permitido superar
os momentos mais difíceis.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Aquilo que nós fizemos para tentar envolver as pessoas passou muito pela
reunião de sensibilização, pela divulgação e pela mensagem que depois se passou
com os dados e com os documentos relativos aos dados que se passou depois nos
departamentos.” (CAA)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
nós ficámos é que da primeira vez houve alguns conceitos que não foram bem
explicados ou que não foram bem entendidos e como tal as pessoas nem sequer
tiveram consciência, penso eu, de algumas das respostas que deram e que não
faziam sentido, agora acho que não, com o esclarecimento desses conceitos e com a
sensibilização que foi feita e a divulgação dos resultados do primeiro SELFIE acho
que alterou completamente.” (CAA)
“Na realidade, nós temos de ter sempre presente quando trabalhamos numa
escola, que as pessoas não são todas iguais e se nós estamos à espera de que a
apresentação dos resultados vá fazer um efeito UAU em todos, não vai!” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Acho que as pessoas depois tiveram noção, principalmente quem não deu muita
atenção ao questionário teve noção de que se calhar devia ter dado mais atenção,
devia ter lido melhor, devia ter perdido um pouquinho mais tempo a pensar naquilo
que eram as respostas que poderiam ser dadas. Neste momento, já acho, que as
pessoas estão mais envolvidas e já percebem a importância deste tipo de
questionários, a importância que eles têm para o Agrupamento e para aquilo que
são as estratégias que se definem.” (CAA)
“Sendo que a criação do plano de inovação, porque envolveu todos, porque todas
as estruturas foram questionadas e deram a sua opinião relativamente ao que viria
a ser o nosso atual plano de inovação, penso que dessa forma toda a gente
contribuiu, toda a gente pôde dar a sua opinião o seu contributo, se não fez é porque
achou que o que estava, estava bem, mas, todos foram chamados a dar opinião. Eu
penso quando as pessoas se envolvem e todos são chamados a dar opinião, depois
é mais fácil de implementar e das pessoas conseguirem, da escola em si conseguir
chegar a algum lado.” (CAA)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Tudo precisa do seu tempo de validade, e eu acho que a SELFIE também vai
ser uma ferramenta que nos vai apontar ações, já apontou ações de curto prazo, vai
apontar ações de médio prazo e ações de longo prazo.” (DAE)
Figura 8
O impacto do projeto SELFIE no Agrupamento
Implementação do
Projeto SELFIE
-Plano de Inovação
- Plano de Comunicação
- Equipa de Gestão Pedagógia
- Trabalho colaborativo/Formação
- Equipa de Autoavaliação (parcerias)
“O que eu gostava muito é que não nos dispersarmos no meio deste percurso
todo, e que percebêssemos que estas ações de continuidade vão contribuir para
daqui a uns anos olharem para o nosso Agrupamento, como eu vejo, como uma
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) acho que nós também temos que ter algum cuidado, e eu às vezes sinto que
perco um bocadinho esse cuidado com o impacto que as mudanças trazem, às vezes,
queremos ser tal maneira ambiciosos que podemos causar feridas grandes no
impacto que isso tem nos outros. Por isso, quando analisámos os resultados da
SELFIE e nós sentimos que há aqui coisas que ainda vão precisar de ser mudadas,
que precisamos de mexer nelas, mas precisamos de ter tato na forma como fazemos
essas alterações.” (DAE)
A Diretora não tem dúvidas da mais-valia que esta ferramenta pode ser para uma
organização escolar. No entanto, a Coordenadora SELFIE, deixa como conselho, garantir
o envolvimento de toda a comunidade durante todo o processo, como dinâmica necessária
para a obtenção de dados mais próximos do real:
É ainda evidente nas palavras da Diretora do AE que existe, e que começa a ser
reconhecido, um percurso percorrido, planeado e sem a pretensão de ir muito rápido, mas
com um espírito de comunidade aprendente:
“Eu (Diretora) acho que, a pouco e pouco, as pessoas sentem que nós fazemos
diferente, para melhor.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
CONCLUSÕES
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
equipa decidiu utilizá-las para incluir indicadores que consideravam ser importante
analisar, os quais não tinham relação com as tecnologias, sendo aspetos organizacionais.
A ação da Diretora pauta-se por uma liderança também distributiva, replicada para
estruturas intermédias, que lideram as várias frentes da mudança preconizada. O reforço
nos papéis dos gestores intermédios pressupõe o efeito de contaminação. Como afirma
Simões (2013), o sucesso de qualquer iniciativa depende da mobilização interior, criando
a convicção de superação a qualquer dificuldade.
O projeto Pré-piloto teve algumas limitações temporais, nomeadamente devido aos
prazos. Todavia a equipa, em conjunto com o parceiro externo, conseguiu planear e
implementar a SELFIE na escola com bastante sucesso. Esta experiência permitiu aferir
alguns métodos e constrangimentos.
Um aspeto relevante é a geração automática dos relatórios finais, com a análise dos
resultados e a apresentação comparativa entre os diferentes grupos de participantes
(dirigentes, professores e alunos), por questão e por área do referencial. A dimensão
diagnóstica organizacional providenciada pela SELFIE revela potencialidades de apoio à
atividade da equipa de autoavaliação, seja ao nível do diagnóstico ou da monitorização,
possibilitando a obtenção mais célere de resultados e aliviando em muito o trabalho por
vezes pesado de recolha de dados, possibilitando um maior enfoque na reflexão e análise
dos resultados.
O projeto é reconhecido e valorizado por toda a comunidade. Este estudo permitiu
perceber que, aos professores, a SELFIE devolve uma visão global e certificada
exteriormente, dos pontos fortes e fracos; à equipa de autoavaliação possibilitou um maior
foco na análise e reflexão dos resultados obtidos, retirando o moroso trabalho de
tratamento de dados. Para as estruturas intermédias foi uma mais-valia, pois a visão
estratégica ficou mais clara e estruturada, proporcionando um planeamento estratégico
eficaz.
Neste agrupamento, a SELFIE teve uma relação muito próxima com a
autoavaliação organizacional, sobretudo porque foram incluídas questões consideradas
relevantes para a sua autorregulação, mas também porque os resultados foram incluídos
no relatório de autoavaliação, analisados pelas diversas estruturas, e por toda a
comunidade (reunião geral com pessoal docente e não docente). De salientar, é também
a sua importância pré-estabelecida nos processos de autorregulação e de melhoria da
equipa de autoavaliação, que funciona como uma “bússola orientadora” para as tomadas
de decisão. Assim, e apesar da autoavaliação já fazer parte da cultura do agrupamento, o
76
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
projeto SELFIE conseguiu estabelecer uma ligação entre as diferentes áreas, fomentado
o interesse de toda a comunidade, permitindo uma visão mais global e abrangente.
Além disso, a informação obtida facultou à Diretora do AE uma base mais sólida
para nortear as suas tomadas de decisão, suportadas pelos momentos de reflexão e de
análise dos resultados, estipulados para a definição de estratégias para o Plano de
Melhoria. Surgiu um movimento voluntário, quase natural, de alguns professores com a
intencionalidade de irem mais além, reforçando e dando ênfase a práticas e a estratégias
de Escola, que culminaram numa proposta de Plano de Inovação. Apesar da gênese do
plano estar afeto a um grupo pequeno de professores, foram partilhadas as ideias e ações
com todos os docentes. O resultado foi um plano bastante ambicioso e bem estruturado,
com a criação de dinâmicas diversificadas e a criação de áreas curriculares novas.
Contudo, o Plano de Inovação não foi a única alteração evidente. Outras mudanças
organizacionais e estruturais ocorreram, tais como, a criação de equipas de trabalho com
a definição clara dos seus propósitos, horas comuns a diferentes grupos de professores
para promover o trabalho colaborativo, aumento de dinâmicas de trabalho inter e
transdisciplinar, o uso das tecnologias dentro e fora de sala de aula e a promoção do
desenvolvimento profissional dos professores.
Dadas as mudanças alcançadas na escola e as mudanças impostas pela pandemia, o
projeto SELFIE foi implementado de novo. Atualmente, o Agrupamento está a passar por
uma nova etapa, pois grande parte dos docentes é novo na escola e está em fase de
apropriação das suas dinâmicas. Mesmo neste momento, das perceções da Diretora e das
lideranças intermédias, denota-se a perseverança de uma cultura marcada pelo dinamismo
e pela vontade de inovar, com recurso ao diagnóstico SELFIE.
77
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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82
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
LEGISLAÇÃO CONSULTADA
Decreto-Lei nº 75/2008, de 22 de abril. Aprova o regime de autonomia, administração e
gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico
e secundário.
Decreto-Lei nº 31/2002, de 20 de dezembro. Aprova o sistema de avaliação da educação
e do ensino não superior, desenvolvendo o regime previsto na Lei n.º 46/86, de 14
de outubro (Lei de Bases do Sistema Educativo).
Decreto-Lei nº 137/2012, de 2 de julho. Procede à segunda alteração do Decreto-Lei n.º
75/2008, de 22 de abril, que aprova o regime jurídico de autonomia, administração
e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos
básico e secundário.
Portaria n.º 181/2019, de 1 de junho. Publicação: Diário da República n.º 111/2019, Série
I de 2019-06-11, páginas 2954 – 2957. Emissor: Educação.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 26/2018. Publicação: Diário da República n.º
48/2018, Série I de 2018-03-08, páginas 1207 – 1209. Emissor: Presidência do
Conselho de Ministros.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 30/2020. Publicação: Diário da República n.º
78/2020, Série I de 2020-04-21, páginas 6 – 32. Emissor: Presidência do Conselho
de Ministros. Data de Publicação: 2020-04-21
Resolução do Conselho de Ministros n.º 31/2020. Publicação: Diário da República n.º
78/2020, Série I de 2020-04-21, páginas 33 – 34. Emissor: Presidência do Conselho
de Ministros
83
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
ANEXOS
1
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Diretora
Título do estudo - SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Magda Barradas
Assinatura:_____________
Tomei conhecimento e aceito participar neste estudo e permito a utilização dos dados de forma
voluntária, confiando que serão apenas utilizados para esta investigação e que serão garantidas a
confidencialidade e anonimato.
Nome:___________
Assinatura:_____________
2
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Título do estudo - SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Magda Barradas
Assinatura:_____________
Tomei conhecimento e aceito participar neste estudo e permito a utilização dos dados de forma
voluntária, confiando que serão apenas utilizados para esta investigação e que serão garantidas a
confidencialidade e anonimato.
Nome: ________________
Assinatura:_____________
3
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
INTRODUÇÃO
Objetivos: Tópicos
- Legitimar ▪ Informar qual o âmbito da entrevista - dissertação do mestrado.
a entrevista ▪ Introduzir a temática: A SELFIE como suporte de decisões e mudanças organizacionais.
- Motivar o ▪ Solicitar e agradecer a colaboração, realçando importância do contributo do entrevistado.
entrevistado ▪ Garantir o anonimato/ a confidencialidade.
▪ Informar que lhe será dado a conhecer o trabalho antes de ser divulgado.
▪ Solicitar a autorização para a gravação desta entrevista.
4
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
5
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
CONCLUSÃO
Objetivos: Tópicos
-Acrescentar ▪ Questionar se deseja colocar alguma questão ou acrescentar alguma informação.
alguma ▪ Agradecer a disponibilidade e colaboração.
informação
- Agradecer ao
entrevistado
6
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
INTRODUÇÃO
Objetivos: Tópicos
▪ Informar qual o âmbito da entrevista - dissertação do mestrado.
- Legitimar a ▪ Introduzir a temática: A SELFIE como suporte de decisões e mudanças organizacionais.
entrevista ▪ Solicitar e agradecer a colaboração, realçando importância do contributo da
entrevistada.
- Motivar o ▪ Garantir o anonimato/ a confidencialidade.
entrevistado ▪ Informar que lhe será dada a conhecer o trabalho antes de ser divulgado.
▪ Solicitar a autorização para a gravação desta entrevista.
EIXOS DE OBJETIVOS
QUESTÕES TÓPICOS ORIENTADORES
ANÁLISE ESPECÍFICOS
Pedia-lhe que me ▪ Experiência no cargo
1. - Conhecer o descrevesse, de forma breve, o ▪ Outros cargos de liderança
Caracterização percurso seu percurso profissional. que desempenhou
da entrevistada profissional Quais as funções que
desempenha no Agrupamento?
O Agrupamento foi ▪ Quando foi a integração da
- Conhecer as convidado para o projeto escola no projeto (cronolo
razões para aderir SELFIE, no seu entender, quais gia).
ao SELFIE foram as razões que motivaram ▪ Porquê da adesão
2. Processo de esse convite? ▪ Cultura de escola
adesão - Fazer a Que condições na
cronologia do organização permitiram ou
processo de incitaram a adesão?
adesão Como carateriza o seu
Agrupamento?
Como foi delineada a ▪ Quem/como participou no
implementação do projeto? planeamento.
- Descrever a
Que rotinas foram ▪ Perceções dos efeitos nas
operacionalização
implementadas ou alteradas? rotinas organizacionais da
do projeto.
(reuniões semanais, mensais, escola
quinzenais, etc., outros)
- Analisar a Como foram analisados e ▪ Quem analisou os resultados e
comunicação dos comunicados? Quem que mecanismos criaram para
3. Receção resultados e o participou? a análise dos dados.
modo como
foram acolhidos
pelos diversos
atores
Especificamente, neste ▪ Identificar quem ficou
- Entender se
projeto, foram delegadas responsável pelo processo de
foram
funções numa equipa de implementação e suas
empreendidos
funções.
7
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
CONCLUSÃO
Objetivos: Tópicos
-Acrescentar alguma ▪ Questionar se deseja colocar alguma questão ou acrescentar alguma
informação informação.
- Agradecer ao entrevistado ▪ Agradecer a disponibilidade e colaboração.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
TEMA
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Objetivos
Entrevistada: ▪ Perceber a implementação da SELFIE
Diretora ▪ Perceber os processos de gestão e liderança empreendidos
▪ Perceber as mudanças operacionais concretizadas
9
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
às vezes há coisas que correm menos bem, tenho essa consciência, mas também sei que há
coisas correm bem, e no equilíbrio o que corre bem e o que corre menos bem, pelo menos que
seja autêntica, que seja eu, pois se as coisas não corressem bem e eu tivesse a cumprir um papel
que não era o meu, aí assim, acho que isso era terrível de fazer. Agora o ser agradável para as
pessoas, o gostar de ser correta para toda a gente, mesmo às vezes quando não sou devolvida
na mesma intensidade, mas isso faz parte não só em ser diretora, na vida também é assim.
Portanto acho que tudo me influenciou, faço muitas vezes esse trabalho, que é meditar nas
coisas que me vão acontecendo para tentar melhorar quem eu sou, no fundo é para isso que cá
estamos, para ir levando o dia a dia, porque acima de tudo somos seres humanos
independentemente da função que desempenhamos como diretores, como professores, como
mães, todos temos uma vida que temos que seguir e eu quero chegar ao final da minha carreira
e pensar assim “fiz o meu melhor e fui coerente com aquilo que eu sou”, por isso é isso que eu
também faço na direção.
Entrevistadora – Em poucas palavras como define a cultura do seu Agrupamento?
Diretora -Mudança. Eu gosto muito do nosso agrupamento, eu sou suspeita, porque eu trabalho
neste agrupamento há 19 anos, é uma vida de permanência nesta escola, é muito difícil agradar
a todos, mas eu gosto muito da minha escola, gosto muito do meu Agrupamento. Estamos a
passar uma fase muito desafiante, e acho que estas mudanças todas estão a abanar as nossas
estruturas, está a ser difícil. É muito complicado ouvir pessoas, que temos muita consideração,
dizerem que as coisas não estão a correr bem e, ao mesmo tempo, sentires que temos de
melhorar. Eu gosto muito de ouvir as pessoas quando sei que são pessoas que gostam de mim
e que estão a tentar ajudar, mas às vezes custa muito ouvir algumas das coisas, mas não quero
deixar de ouvir essas pessoas eu acho que é importante ouvir. Eu sei que este agrupamento tem
uma cultura de pertença, uma cultura de querer fazer, e eu quero muito acreditar nisso. Eu
tenho aqui um núcleo duro de gente que gosta muito daquilo que faz e isso é o mais importante,
competência mais ou menos, nós não somos todos iguais, temos competências diferentes,
porque as inteligências não são todas iguais, e ainda bem! Eu por exemplo, se tivéssemos
dependentes de mim com a criatividade para alguma tarefa, não ia sair nada bem feito, pois eu
não sou nada criativa, mas eu acho que é essa a beleza do nosso Agrupamento, eu acho que, o
nosso Agrupamento tem isso diversidade de competências, mas além disso existe gosto, existe
um grande grupo de pessoas com gosto pelo aquilo que fazem e que se esforçam pelos miúdos.
Gosto muito desta casa.
Entrevistadora – Caracterizaria a sua escola como inovadora? Porquê?
Diretora - Sim isso, isso sim! Ultimamente nós tivemos a vantagem de ter bons professores, uns
já estavam cá connosco, e outros que, entretanto, tivemos a felicidade de ficarem cá, e aquilo
que eu sinto é, esta inovação que veio, veio sangue novo para o Agrupamento que veio puxar
por bons professores que também cá tínhamos, mas que estavam bocadinho mais adormecidos
digamos assim, ou seja, estavam mais habituados a fazer o seu brilhantismo em contexto de sala
de aula e isso é perfeito, porque no fundo todos queremos ser bons professores, mas depois
isso tem de transbordar. Acho que a inovação no nosso Agrupamento veio permitir isso, fazer
com que os que os que já cá estavam e já tinham ideias fixas e os que vieram juntaram-se e
puxaram por mais uma série deles que, entretanto, estavam em hibernação e abriram os olhos,
ficou aqui um bom núcleo de professores. No entanto, precisamos de ir com calma, pois estamos
todos muito cansados e há personalidades diferentes, enquanto uns estão cansados mas
mantêm o foco naquilo que querem e outros que estão cansados e que começam a desfocar e
a desmotivar, e é isso que me entristece às vezes, eu sinto que precisamos de mimá-los um
bocadinho, alguns precisam de mimo, precisam de ouvir “tu és capaz”, “foi difícil mas tu és
capaz, vais conseguir”, ou “vais lá chegar”, mas os tempos não estão a ajudar.
10
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Sim o nosso agrupamento é inovador, basta ver que é verdade. Eu também tenho consciência,
que esta inovação toda e o facto estarmos em 1000 projetos tem a ver com a diretora, eu sei
que ajudo porque é um facilitador, uma força para “façam vão para a frente”, mas também tive
a sorte de ter um conjunto de estruturas fora do Agrupamento que foram percebendo que
tinham aqui matéria humana entre os professores, coordenadores e direção, matéria humana
que puxados rendiam e então saímos beneficiados com isso, começámos a ser convidados para
uma série de projetos, às vezes começamos a ficar aflitos, mas efetivamente é bom, eu gosto
disso! Eu gosto de saber que nosso agrupamento começa a ficar nas bocas das pessoas, no
sentido positivo. Aliás eu quando comecei como diretora dizia “eu quero como diretora fazer
com que deixem de encarar os meninos desta escola como uns coitadinhos, como uns
desgraçadinhos que não tem direito a nada”. Se eu conseguir pelo menos dizer já consegui isto
e aquilo, é espetacular! Fico muito contente. Por isso, sim, considero que o nosso agrupamento
é inovador.
Entrevistadora – Direcionando para o SELFIE, como é que se se deu a adesão ao projeto?
Diretora -Então, lá está as tais coincidências! Nós fomos muito beneficiados, pois tivemos a
vantagem de ter ficado com uma colega efetiva de TIC que tem uma ligação com professores do
Instituto de Educação e apresentou-me um desses professores. Como o Instituto estava a
implementar esta nova ferramenta e pretendia a participação de 5 agrupamentos a nível
nacional. Para nós começou antes, nós estivemos a fazer uma espécie de pré-SELFIE, no fundo
eles começaram a desbravar terreno e a “partir pedra”, no que diz respeito a tentarem perceber
quais as competências digitais dos professores e, depois de saberem isso, de que forma se pode
fazer para melhorar essa situação e nós tivemos o privilégio de poder fazer já parte desse
projeto. O Instituto de Educação, nomeadamente os professores que apresentaram o projeto
perceberam que neste Agrupamento tinham um conjunto de professores que quando aderiam
aos projetos aderiam mesmo aos projetos e levavam muito a sério, porque efetivamente nestas
coisas por muito boas intenções que o Instituto possa ter se depois não tiver um grupo de
pessoas/professores nas escolas base para poder dar esse suporte, não se consegue fazer as
coisas como deve ser, digo eu. Ao perceberem disso quiseram testar esta nova ferramenta,
quiseram ver de que forma é que podia ser implementada e prever a nível nacional, convidaram-
nos e, portanto, naturalmente que foi um desafio. Fiquei logo entusiasmada porque primeiro eu
honestamente acho que é uma ferramenta que se nós quisermos fazer um trabalho como deve
de ser que nos pode ajudar bastante, em vez de tomarmos decisões à toa só porque achamos
que sim a SELFIE ajuda-nos a focar naquilo que efetivamente são as necessidades do
Agrupamento, quer ao nível digital, quer depois o facto de termos a possibilidade de
arranjarmos outras questões que nos vão tentar orientar para outros percursos que
eventualmente nós saibamos são os nossos handicaps, as nossas fragilidades. A SELFIE também
nos pode ajudar a olhar com maior objetividade o caminho a seguir. Acho que foi um conjunto,
eles souberam, perceberam, que estava aqui um grupo de professores que conseguiriam fazer
isso e nós tivemos a sorte de termos a ponte de ligação entre o Instituto e nós.
Entrevistadora – Que condições na organização permitiram e incentivaram essa adesão?
Diretora - Em primeiro lugar a existência do Observatório de Qualidade, que foi uma estrutura
criada já há muitos anos no nosso agrupamento, mas quanto a mim, neste momento, funciona
como um verdadeiro Observatório de Qualidade, não desprezando o trabalho que tinha sido
feito até então, mas efetivamente, o trabalho que nesta altura está a ser feito como
Observatório é aquilo que eu acho que um agrupamento tem de ter. O Observatório deve ter
com um conjunto de professores que têm uma visão isenta e ao mesmo tempo clara daquilo
que é importante orientar no agrupamento, considero que deva ser um organismo
independente da Direção, porque acho que este tipo de estrutura tem de sentir a liberdade e o
11
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
à-vontade para indicarem isto não está bem no agrupamento, ou aquilo que pode melhorar,
eles têm que servir para isso, portanto a direção poderá condicionar o trabalho. Uma das
questões facilitadoras, para além de sermos uma direção aberta à inovação, é gostarmos de
experimentar coisas novas, mas não é só o experimentar só por experimentar, vieram cá explicar
o objetivo desta ferramenta. Como deves calcular temos às vezes pedidos para estudos e para
isto e para aquilo, temos de fazer uma triagem porque não conseguimos estar metidos em tudo.
Eu gostei muito da apresentação do projeto e do objetivo, identifiquei-me de imediato com esta
ferramenta e também sabia que tinha um grupo do Observatório de Qualidade que ia
corresponder de forma positiva, quando vi aquela apresentação, pensei logo as meninas
Observatório de Qualidade, na certa de que vão gostar disto, ainda que depois digam que eu
ando sempre a dar de trabalho, mas sabia que elas iam aproveitar esta ferramenta para apontar
o foco do nosso Agrupamento.
Entrevistadora – Como foi delineada a implementação do projeto?
Diretora - Foi o Observatório Qualidade, a Direção não consegue fazer tudo. Esforço-me e gosto
de estar por dentro dos assuntos, até por respeito ao trabalho dos outros, porque acho que as
pessoas merecem que eu esteja por dentro do assunto, mas se tivesse tudo a depender da
minha capacidade para conseguir estruturar toda esta logística a coisa não tinha saído nada de
jeito eu tenho essa consciência. Portanto quando eu vi a apresentação da SELFIE e quando eu vi
a estrutura que precisava de ser montada, disse isto é perfeito para a equipa do Observatório
de Qualidade aproveitarem e foi isso que elas fizeram elas pegaram naquilo que lhes foi
transmitido, também tiveram reuniões para perceber como é que funcionava, e fizeram todo o
trabalho para a implementação da ferramenta.
Entrevistadora – Que desafios e que se apresentaram no ponto de vista de coordenação dos
atores?
Diretora - É difícil às vezes fazer, por muito que nós digamos aos professores “isto é para
melhorar as nossas práticas”, ou “isto é para nós percebermos como é que o nosso
agrupamento, para ter uma visão focada naquilo que tem que melhorar”, porque ninguém é
perfeito, e ainda bem, por muito boas capacidades que possamos ter há sempre coisas a
melhorar e ainda bem. É difícil há sempre aquelas vozes que dizem agora querem vir aqui
espiolhar como é que é o nosso trabalho, o que é somos capazes de fazer, e depois as pessoas
nem sempre são muito honestas nas respostas, com medo de eventualmente poderem vir a ter
represálias sobre isto ou aquilo ou de alguém lhes apontar que elas não sabem fazer isto ou
aquilo. Portanto desmistificar isso e batalhar no “não tenham medo sejam honestos, isto é para
vos ajudar, isto é para trabalharmos em conjunto”, é difícil, porque as pessoas às vezes pensam
logo que está alguém com uma pistola apontada a pensar andamos à procura de encontrarmos
algo que não façam bem. Digo sempre que prefiro um professor que não tenha capacidades
nenhumas digitais mas tenha gosto naquilo que faz e seja sério nas coisas que faz, ao que é
muito bom a mexer em computadores e que não quer saber dos miúdos para nada, pois àquele
que não percebe nada em termos digitais se eu puder ajudar de alguma forma, sei que amanhã
já vai conseguir fazer algumas coisas e sentir-se valorizado por isso, e irá ficar contente por isso,
já tenho constatado em algumas circunstâncias aqueles que têm graves handicaps tecnológicos,
depois conseguem a fazer as coisas e ficam todos contentes, essa felicidade paga tudo, porque
eu sei que depois eles vão reproduzir isso, porque são pessoas sérias e esforçadas, vão
reproduzir outra vez no dia a dia, já se ganhou algo.
Entrevistadora – Que rotinas foram implementadas ou alteradas para implementação da
SELFIE?
Diretora -As rotinas na primeira aplicação que fizemos, que foi assim muito em cima do joelho,
assim que tivemos a estrutura pré montada, tivemos logo de aplicar os questionários, e daí a 2
12
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
semanas estávamos num momento de avaliação, foi um bocadinho complicado, mas mais uma
vez, o sucesso de uma direção passa sempre pelo sucesso das estruturas intermédias e de todas
as outras equipas, que são tão ou mais importantes que a direção, quando assumem um
compromisso com alguma coisa, pela esquerda ou pela direita, a coisa vai acontecer. Foi o que
aconteceu a equipa do Observatório de Qualidade estruturou a implementação de tal maneira
que apesar de um ou outro contratempo, mas que nós às vezes por muito estruturado que
façamos as coisas há sempre falhas aqui ou ali, mas efetivamente a estrutura montada pela
equipa foi um facilitador, foi o garante do sucesso da aplicação dos questionários. Nós fomos
pré-piloto e estávamos a partir pedra, a desbravar um terreno que estava desconhecido no
nosso país. O Instituto reconheceu o nosso papel fundamental neste empenho sério que houve
da equipa, e isso acabou por se revelar depois em várias ocasiões. Agora temos possibilidade de
já termos um bocadinho de avanço em relação às outras escolas que vão participar neste
projeto, pois efetivamente já nos apropriamos mais de que tipo de ferramenta é esta e como é
que pode funcionar a nosso favor. Não tenho dúvidas nenhumas que correu tudo da melhor
forma, pela determinação, estruturação e organização da parte desta equipa do Observatório
de Qualidade.
Entrevistadora – Em que medida os resultados obtidos foram importantes para o
Agrupamento?
Diretora - É assim! Foram importantes porque à medida que íamos tendo as respostas
construíamos a visão do Agrupamento. Mais uma vez o facto de sermos um Agrupamento
inovador permitiu-nos uma visão de conjunto, que não é fácil, mas no fundo é isso que faz
sentido, é nós não tomarmos a as ferramentas isoladas, não é trabalharmos como ilhas, agora
trabalhamos muito aqui agora trabalhamos muito ali e depois trabalhamos muito acolá, e na
realidade fartamo-nos de trabalhar mas depois se não houver uma visão de conjunto que possa
agregar estas coisas todas e que possa a fazer as pontes entre as várias ilhas, andámos a
trabalhar muitos sem grande sentido. É neste campo que eu acho que a SELFIE também nos
estruturou e nos deu a construção do nosso plano de inovação e nas mudanças que quisemos
estruturar, eu fui e contínuo a ser, das poucas coisas que eu às vezes bato o pé (não me
considero uma pessoa arrogante, ou acho que só eu e que tenha razão, não, se alguém me
justificar que aquilo que eu tinha pensado não é o melhor que precisa de ser ajustado, não tenho
qualquer problema com isso), mas também quando eu ponho algo na cabeça que é útil para o
agrupamento também é difícil me demover das minhas ideias e eu sigo em frente, e a SELFIE no
fundo permitiu-nos isso quando nós começámos a perceber já fazíamos tantas coisas, mas que
precisávamos de unificar, lá está, fazer as pontes das várias ilhas daquilo que já íamos fazendo
separadamente nas diferentes ilhas, a SELFIE ajudou na construção do nosso plano de inovação,
na utilização da plataforma de avaliação e de plano de turma, mas eu contínuo a ter a certeza
que quando conseguirmos afinar o funcionamento desta plataforma vamos estar na vanguarda
da avaliação dos nossos alunos, quem realmente faz um trabalho sério na forma como avalia os
alunos já perceberam isso, outros só por obrigação é que fazem isso, e outros tentam contornar
a coisa, mas faz parte, aos poucos e poucos vamos demonstrando o caminho, e esta é uma das
coisas onde a minha teimosia está refletida um bocadinho, porque eu acredito honestamente
que estes passos que temos tido condicionadas pelas análises que temos feito, através da
SELFIE, de toda a realidade e de todo um trabalho, tudo conta num agrupamento, a experiência
de quem já anda há muitos anos, experiência de quem já veio de outros agrupamentos e que
nos traz novidades de outros lados e que de repente nós pensamos isto também faz sentido
aqui. É muito importante a parte de contextualização, mas sim eu acho que esta ferramenta é
importantíssima, um agrupamento que queira dar coesão àquilo que faz, esta ferramenta é
espetacular.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Entrevistadora – Como foram analisados e comunicados os dados obtidos pela SELFIE? Quem
é que participou?
Diretora - Efetivamente, tivemos outra vez a contribuição preciosa ajuda do nosso Observatório
de qualidade, e quanto a mim também faz sentido, se eles tiveram na estruturação da
implementação desta ferramenta também deve fazer a análise dos dados que foram obtidos e
depois fazia sentido fazerem a apresentação que tipo de conclusões é que existiram.
Entrevistadora – Como foi a reação da comunidade educativa aos resultados obtidos?
Diretora - Eu quero acreditar que foi boa. Na realidade, nós temos de ter sempre presente
quando trabalhamos numa escola, que as pessoas não são todas iguais e se nós estamos à
espera de que a apresentação dos resultados vá fazer um efeito UAU em todos, não vai! Há
sempre aqueles que veem o copo meio vazio e, portanto, vão sempre arranjar falhas na forma
como as coisas foram estruturadas, e dentro desses há àqueles que falam mal, mas aplicam e
fazem, e são bons profissionais na forma como aplicam, e depois há aqueles que é menos só
para dizer mal. Acho que o mais importante no meio disto tudo é quem está nestas estruturas,
a começar também pela direção, não se pode deixar abalar por esse tipo de vozes, porque elas
vão sempre existir, nós podíamos fazer tudo bem mas há de haver sempre quem não concorde,
o ponto focal, quanto a mim, nós que temos a capacidade de decisão, nós que temos a
capacidade de trabalho de inovação de andar para a frente, podemos andar cansados mas
andamos para a frente, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar para o bem, no que é
positivo para o Agrupamento, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar para fazer as coisas
que são positivas para o agrupamento, não podemos deixar de fazer, podemos ficar tristes,
naturalmente, quando sentimos quando há reações menos boas, mas acreditamos naquilo que
fizemos, e isso é o mais importante, a pessoa acreditar naquilo que fez. Eu acho que a reação,
de uma maneira geral, foi positiva dentro daquilo que são os meandros médios normais do
Agrupamento, porque depois também temos consciência que há aqueles que nós nunca somos
capazes de agradar, mas eles próprios não se agradam a eles próprios e, portanto, não há volta
a dar, temos de seguir em função daquilo que sentimos que trouxe melhorias para o
agrupamento. Sentimos que as nossas crianças podem ter uma avaliação mais justa, podem
aproveitar recursos e que tiveram à sua disponibilidade recursos e visões diferentes. E os
professores desta escola utilizaram diversos recursos e dinâmicas que, entretanto, foram
criadas, porque se percebeu que era importante recorrer a entidades exteriores e nós fomos à
procura, isto foi realçado no SELFIE. Fomos à procura, tentando seguir as sugestões, só que de
facto às vezes não temos mãos a medir em tantas atividades e em tantas coisas diferentes que
as nossas crianças têm disponíveis, e é isso que eu quero, que a aprendizagem não se resuma
ao contexto de sala de aula, não quero que seja apenas “agora vamos abrir na página não sei
quantos e resolver os exercícios da página não sei quantos”, não quer dizer que em certo
momento isso não seja importante e necessário mas há um mundo todo que transcende isso e
que eu quero que os meninos da Castanheira percebam que esse mundo existe e que pode
chegar à sala de aula deles.
Entrevistadora – Quem costuma envolver nas tomadas de decisão? De que forma é feito esse
envolvimento?
Diretora - É assim, eu sou muito dependente da minha Direção, e eles são muito dependentes
de mim, dependente não em termos de trabalho, pois eles são portentosos naquilo que fazem,
mas efetivamente somos muito emocionais, esta minha direção este meu grupo é um grupo dos
afetos, do mimo, da entreajuda, do sentirmo-nos acompanhados e, por isso, esta pandemia até
nisso vai massacrar, porque faz-nos falta os abracinhos, os miminhos essas coisas todas, porque
nós somos muito assim. Eu às vezes avanço com determinadas decisões e não lhes digo, apesar
de não fazer por mal, eles ficam sentidos comigo ficam magoados, e eu percebo, mas eu não
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
faço por mal, mas como sou a diretora perante as situações acabo por falar e decidir, é algo que
tenho de melhorar. Confio muito também no meu Conselho Pedagógico, é um todo, acho que
precisamos em algumas áreas melhorar, mas vamos aos poucos acho que já há tantas coisas que
foram feitas tanta mudança e tanto investimento que foi feito, mas ainda falta muito por fazer,
mas nós chegamos lá, temos de ir com calma. Porque é que eu digo que gosto muito do
pedagógico, porque primeiro levantam as questões que têm de levantar, e é assim que eu gosto,
mas ao mesmo tempo sempre numa base construtiva. Às vezes ouço relatos de diretores
porque, como eu sou naturalmente comunicativa, gosto de conversar com as pessoas em geral,
quando tenho as reuniões com os outros diretores, partilhamos as experiências e sei que alguns
pedagógicos são plenos campos de guerra, há umas fações uns contra os outros e uns que
gostam daqueles e não gostam dos outros e o outro que queria ser diretores e foi para o lugar
do outro, existem pedagógicos sempre em guerra, com uma confusão tremenda. Tendo plena
consciência que o meu pedagógico não é consensual em alguns temas, mas eu confio naquelas
pessoas, na maioria delas, naquelas que até podem levantar as questões, “porque é que não é
assim?, ou “porque é que não é?”, sei que depois às vezes uns ficam aborrecidos com os outros
porque é que estão a questionar, porque isto de relações humanas é difícil, já deveríamos ter
todos idade para perceber que questionar não é ofender a competência de cada um, eu posso
levantar uma questão mas porque é que fazes assim, mas é mesmo porque eu quero saber por
que é que fazes assim não é pra te dizer que tudo aquilo que andas a fazer está mal feito e agora
tens de fazer como eu faço. As pessoas têm de perceber que ser diferente não é ser pior, assim
como ser diferente também não é ser melhor, é ser diferente! Agora quando eu sei que sou
diferente, mas aquilo que eu faço eu sei que vai chegar da mesma forma como os outros fazem
é positivo na mesma, eu não me oponho que seja diferente, agora quando as coisas não estão
no caminho alinhadas, eu digo olha atenção, essa diferença faz com que os meninos estejam a
perder isto ou aquilo, ou temos que reajustar. Mas, eu sou uma felizarda no meio disto tudo,
porque, para além da direção que confio muito e tenho plena consciência que sem eles não era
capaz de fazer o trabalho que faço, depois tenho as estruturas intermédias que eu também
confio muito, sei que podem ter uma falha aqui ou podem ter uma falha ali, ou as coisas podem
não ser como nós pensamos, mas se não fossem eles a máquina não andava, tem de ser um
esforço conjunto para que a máquina ande. E eu sinto-me felizarda com isso, tudo corre bem?
Não! Há coisas que correm bem, mas às vezes não correm bem, às vezes vejo alguns mails que
não me apetece, mas ao mesmo tempo, respiro e penso sobre o assunto e vamos falar, e
resolvemos a situação. É como na vida temos de encontrar uma solução.
Entrevistadora – Considera importante delegar funções e responsabilidades? Porquê? Como
faz esse acompanhamento?
Diretora - Eu nem tenho hipótese de outra forma, eu sou uma diretora que respeito muito quem
gosta de centralizar tudo do poder decisório em si próprio, mas eu gosto muito de viver, acho
que confiar não quer dizer que seja às cegas, não é porque uma pessoa delega uma função não
é estar às cegas, não é “desenrasca-te” ou “faz como tu entenderes”. Acho que é importante as
pessoas perceberem que se precisarem de alguém para lhes dizer, achas que está bem assim
essa pessoa está lá. Para mim isso só faz sentido assim, se eu estou a dizer faz isto preciso que
orientes isto, eu conto que a pessoa vai mesmo que fazer, não é dizer assim olha toma agora,
vê o que é que tu dizes aqui e faz tudo diferente com tu entenderes, não faz sentido nenhum,
aliás eu acho que quando as pessoas investem num tipo de trabalho e depois estão sempre a
questionar-lhes e a mudar o trabalho, às vezes vírgulas, que em termos de conteúdo não vai
mudar nada, mas é só mesmo para mostrar que é para fazer diferente, eu acho que isso apenas
serve para desacreditar os outros. Todos têm um papel válido nas escolas e quando querem
fazer, eu sou a favor de delegar competência nessas pessoas e de confiar no trabalho que as
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
pessoas fazem, se as coisas depois não correrem bem também tenho de ter a coragem de dizer
assim “não tive bem”, não é culpar a pessoa, não é, e não tive bem porque se calhar precisava
de monitorizar um bocadinho mais a situação e não monitorizei ou precisava de ajudar mais
naquele campo, ou a pessoa não teve a coragem de pedir ajuda. Mas eu como tenho um
conjunto de pessoas espetaculares à minha volta que conseguem sempre fazer bem, como
costumo dizer, eu sou uma mulher afortunada nas pessoas que me rodeiam.
Entrevistadora – Na implementação do projeto que aspetos foram mais cruciais para envolver
as pessoas?
Diretora - Essencialmente solicitei a participação de todos. A estrutura tem de estar sempre
montada e eu às vezes ficava surpresa, nestes 3 anos e meio tenho vindo a chegar à conclusão
que o papel que desempenhas transforma a ideia que as pessoas têm de ti, às vezes entristeço-
me, porque como costumo dizer eu não deixo de ser a professora de Matemática e Ciências,
estou é desempenhar um cargo que tem responsabilidades diferentes e tenho de agir de acordo
com as responsabilidades que tenho, mas não deixo de ser eu. Às vezes sentes que quando falas
e quando dizes alguma coisa como diretora, precisas de colocar o galão de diretora para as
pessoas perceberem que aquilo é realmente muito sério. Na implementação da SELFIE, claro
dentro da minha linha, eu tenho esta linha bem-disposta e mais ligeira de abordar os assuntos,
é assim que eu sou, mas ao mesmo tempo senti que era importante fazer uma reunião geral de
professores para transmitir que a implementação da SELFIE, era muito importante para o
Agrupamento, para traçarmos o percurso que queríamos seguir e que contava com a
participação de todos. Era importante garantir aquele limite que o Observatório de Qualidade
tinha dado, e portanto, conseguimos, mas mesmo assim, houve alguns que conseguiram
contornar ou foi esquecimento, mas para uma primeira abordagem considero que correu muito
bem. Tenho a certeza absoluta que quando voltarmos a implementar e voltarmos a realizar os
questionários vamos ter mais sucesso no campo, porque ainda se sentiu uma certa
desconfiança, estávamos a batalhar numa coisa nova e algumas pessoas ficaram com o pé atrás.
Entrevistadora – Qual é o aspeto que achas que é mais importante para envolver as pessoas
a gestão (planeamento, organização e coordenação) ou a liderança (através da comunicação,
empatia e motivação)?
Diretora -Tem de ser o equilíbrio entre as duas partes, não pode ser uma ou outra, eu quero
acreditar que a liderança, e o facto das pessoas se sentirem identificadas com a pessoa que está
na liderança de um agrupamento que ajuda, mas depois se não houver toda uma estrutura por
detrás daquilo e um planeamento bem feito é um fiasco, portanto é muito difícil decidir entre
eles, acho que tem de ser um equilíbrio entre esses dois campos. Ou seja, estar tudo bem
estruturado e bem planificado, mas as pessoas sentirem também confiança e a direção diga
envolvam-se, façam e sejam honestos, respondam de forma coerente sem filtros pois é isso que
nós precisamos realmente para ajudar o percurso do agrupamento. Pois eu posso ser uma
diretora que faço discursos espetaculares e que motivo o pessoal, mas depois se não tenho nada
estruturado nem preparado fica tudo uma confusão e ninguém consegue fazer nada de jeito,
por outro lado a se estrutura está toda muito bem montada, mas depois se não houver esta
fase, esta possibilidade de motivar e dizer participem que não há problema confiem está tudo
bem, se calhar também vai ser ruinoso porque as pessoas sentir-se-iam presas e não seriam
totalmente honestas. Por isso considero importante o equilibro nestes dois campos.
Entrevistadora – Em relação aos resultados obtidos, na área da liderança, tanto na primeira
fase do SEFLIE como na segunda foram surpreendentes ou foram os esperados?
Diretora - A grande maioria dos resultados eram os esperados um ao outro ponto que
surpreendeu, mas em geral não nós somos um povo de fado e nos professores isso acaba por se
refletir. É importante meditar em alguns campos que a pessoa tem como garantido, também
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
validade em contexto sala de aula mas se lhes fores dar determinadas tarefas é condenares ao
fracasso aquela tarefa, e depois eu sei que é injusto, porque depois acabamos por sobrecarregar
sempre os mesmos, e os mesmos às vezes já dizem mas porque é que tenho de ser eu e não há
mais pessoas, mas é tão importante em determinadas funções escolher bem, e não estou a dizer
que, e quem me conhece sabe que eu não escolho para eu ter a minha vida facilitada, em termos
de fazerem tudo o que a diretora quer, de todo, eu escolho por saber que a tarefa vai estar bem
atribuída, há pessoas que eu adoro o trabalho e andamos sempre às turras em termos de visão
das coisas e que não temos a mesma visão, neste campo, naquele campo e no outro campo,
mas isso não é problema para mim eu acho que nós não temos que ser todos iguais. Aquilo que
eu quero, é que saiba quando eu determino uma equipa para fazer determinada coisa essa
equipa vai dar o seu melhor e eu tenho tido essa felicidade na maioria das equipas que eu tenho
ao meu cargo. Agora também tenho consciência que vou sobrecarregando sempre os mesmos,
tenho essa plena consciência, mas depois é assim das poucas capacidades que eu tenho para
poder valorizar o trabalho dessas pessoas, que é eventualmente usar mais crédito para estas
pessoas não estarem tão sobrecarregadas em termos de componente letiva ou, são as
pouquinhas coisas, em termos de construção horário eventualmente para poderem ter um
bocadinho maior maleabilidade na forma como gerem um horário, eu sei que são poucas coisas
que se fazem. Efetivamente se eu vou atribuir uma função só porque vai aquela pessoa não tem
nada para fazer então vai fazer aquilo, depois eu tenho a certeza absoluta que aquilo vai sair
mal feito e que vou ter que andar a chatear-me com isso, sendo assim, é difícil não massacrar
os mesmos.
Entrevistadora – Como é que essas as equipas são vistas pelos restantes professores do
Agrupamento?
Diretora -Depende, não é fácil, porque a componente humana é sempre tramada e infelizmente
às vezes há pessoas que quando alguém tem um maior dinamismo, não querem ter o mesmo
dinamismo, mas gostam de criticar o dinamismo que o outro tem. Fazer a gestão de relações
humanas é sempre muito difícil, eu quero acreditar, que existe um grupo de professores
sabendo que nem todas as opções agradam a gregos e a troianos, eu prefiro saber que estou a
desagradar os troianos, mas ao mesmo tempo os gregos vão ficar felizes e que o trabalho vai
ficar bem feito, do que escolher o outro grupo só porque as pessoas já estão cansadas disto
daquilo e do outro, e que depois as coisas não vão correr assim tão bem. Nisto o equilíbrio é a
chave, pois nem todos reagem de forma positiva, por exemplo este ano temos a implementação
do plano de inovação e tenho duas professoras a coordenar a implementação do plano, porque
efetivamente para se formar uma estrutura toda nova tem de se mexer com muitas coisas no
Agrupamento, eu tenho plena consciência que é algo muito trabalhoso e depois há aquelas
vozes que dizem “aquelas agora têm a mania que elas é que mandam nisto tudo”, e isso perturba
me ouvir, efetivamente se elas orientam é porque lhes foi atribuída essa responsabilidade, mas
a grande maioria diz “elas são espetaculares e estão sempre prontas a ajudar os colegas e estão
sempre prontas a fazer as coisas e a tentar ajustar os processos”. Por isso é que eu digo, não são
aquelas vozes mordazes que nos fazem desistir, entristece-nos, naturalmente, mas depois há
um conjunto pessoas com vontade de fazer e trabalhar. Não se consegue dizer que toda a gente
fica muito feliz quando as estruturas intermédias estão a aplicar as tarefas que lhe foram dadas,
não! Mas a grande maioria sente a utilidade e o bom desempenho dessas estruturas
intermédias, sim. Depois, é assim, quando alguém que vem dizer mal e eu questiono para o ano
eu dou-te a função, dizem logo “Deus me livre!”. É muito fácil criticar, mas criticar e ter a
disponibilidade para depois fazer tão bem ou melhor, aí já são outras conversas e quando nós
mudamos para esse tipo de conversa o discurso muda logo. Somos seres humanos, essas falhas
existem, e o gerir as personalidades não é fácil, a mim faz-me confusão que pessoas com 40, 50
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
ou 60 anos ainda não tenham chegado à conclusão as pessoas têm personalidades diferentes e
não tem mal nenhum nisso. Agora nós temos é que saber respeitarmo-nos uns aos outros, para
mim é fundamental, eu posso até nem gostar do teu trabalho ou até não gostar de ti como
pessoa, mas eu tenho o dever de respeitar aquilo que tu és como ser humano, ou posso não
respeitar muito o teu trabalho, mas ou te consigo orientar e te fazer ver as coisas de maneira
diferente ou então ir por outras maneiras. Para mim o desrespeito, para mim, pela condição
humana é uma coisa que me aflige muito, e às vezes perturba-me as pessoas porem maldade
nas intenções dos outros e acharem que só porque a pessoa tem uma personalidade mais
dinâmica que é logo isto, que quer ser mais isto ou mais aquilo, eu não sou assim, e não vou ser!
Entrevistadora – Sente que como diretora tem um papel importante no crescimento
profissional das suas equipas? E de que forma é que faz essa gestão?
Diretora - O meu papel é q.b., porque se as pessoas não tiverem predispostas a fazer esse
crescimento eu posso ser a melhor do mundo, mas não vou conseguir fazê-las crescer. Por outro
lado, se eu tento ser facilitadora desse crescimento, sinto-me orgulhosa, porque há aqui um
conjunto de professores no meu Agrupamento que tem crescido como professores na estrutura,
não estou a falar no contexto de sala de aula, porque eu já sabia que eles eram muito bons
professores, mas há um conjunto de pessoas que eu sinto que têm tomado gosto pelo espírito
da escola e pela sua dinâmica, e deixaram de ser só bom professores (que já é importante)
passaram a sentir-se parte integrante da estrutura. No fundo é isso, eu acho quando a pessoa
sente pertença áquilo onde está envolvido, sente que aquilo é um bocadinho seu, que é um filho
que tem ali e que está a zelar por um bem comum, que são os nossos meninos, eu já fico muito
feliz. Se eu ajudo, eu quero acreditar que sim, quanto digo “tu és capaz, faz lá isso”, eu sei que
esse fator motivacional, faz a pessoa sentir que eu confio no trabalho delas, porque eu confio
no trabalho de muitas pessoas que trabalham comigo. Eu acredito que possa contribuir para
isso, mas depois o percurso temos de ser nós a fazê-lo, nós individualmente.
Entrevistadora – Que perceções tem acerca dos efeitos do projeto SELFIE nas estruturas
intermédias?
Diretora -Nós não deveremos querer que as coisas aconteçam por injeção, ou seja, enquanto
há resultados que permitem uma atuação mais imediata, aliás, a própria construção do plano
de inovação, há determinadas visões que nós tivemos e que quisemos adaptar tendo em conta
os resultados que tivemos, um bocadinho mais imediatos, mas a educação precisa de tempo. Eu
por exemplo, sou uma crítica muito grande quando cada governo que muda eles mudam os
currículos e mudam tudo, e mudam só porque querem mostrar que fazem diferente, e depois
esquecem-se que são os desgraçados dos professores em contexto de escola que têm de
implementar essas modernices, sem darem tempo para se perceber se era uma modernice que
fazia sentido. Tudo precisa do seu tempo de validade, e eu acho que a SELFIE também vai ser
uma ferramenta que nos vai apontar ações, já apontou ações de curto prazo, vai apontar ações
de médio prazo e ações de longo prazo. O que eu gostava muito é que não nos dispersarmos no
meio deste percurso todo, e que percebêssemos que estas ações de continuidade vão contribuir
para daqui a uns anos olharem para o nosso Agrupamento, como eu vejo, como uma vivência
em termos de aprendizagens dos miúdos e que os professores têm uma dinâmica de avaliação
e de resposta às diferenças das crianças, proporcionam-lhes aprendizagens significativas e
diversificadas. Se com a análise que vamos fazendo a curto, médio e a longo prazo conseguirmos
lá chegar, ficarei muito feliz.
Entrevistadora – Que áreas da SELFIE foram identificados como prioritárias? Eram as
esperadas? E que alterações organizacionais aconteceram nessas áreas?
Diretora -Acho que foi importante percebermos alguns mecanismos e depois até no amadurecer
que uma direção tem de ter de visão do Agrupamento, para tentarmos perceber, porque às
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
vezes temos rotinas já tão instaladas no Agrupamento que já consideramos que aquilo é
orgânico, que faz parte, e que pensamos porque é fazemos isto, e chegamos à conclusão que se
calhar não serve para nada. Quando fazemos determinadas coisas nem sempre questionamos
porque o fazemos, este questionário ao devolver à direção e às estruturas intermédias, permite-
nos perceber a visão de todos e refletir sobre estes processos e rever alguns procedimentos.
Entrevistadora – Os resultados da SELFIE provocaram alterações no contexto da gestão
escolar? Quais?
Diretora -Vão provocando, eu acho que nós também temos que ter algum cuidado, e eu às vezes
sinto que perco um bocadinho esse cuidado com o impacto que as mudanças trazem, às vezes,
queremos ser tal maneira ambiciosos que podemos causar feridas grandes no impacto que isso
tem nos outros. Por isso, quando analisámos os resultados da SELFIE e nós sentimos que há aqui
coisas que ainda vão precisar de ser mudadas, que precisamos de mexer nelas, mas precisamos
de ter tato na forma como fazemos essas alterações. Como costumo dizer muitas vezes, acredito
piamente que com vinagre não se apanham moscas, se formos com muita brutalidade, com um
“fazes assim porque é assim que eu quero” ou “porque os resultados deram que tens de fazer
assim” ou “agora vamos fazer desta maneira”, às vezes pode não correr bem, eu prefiro demorar
um bocadinho mais e preparar o terreno, depois fazer a pouco e pouco até dar a atender às
pessoas que a transformação veio delas para nós e, não de nós para elas, para elas sentirem que
aquilo é delas. Se conseguirmos fazer isso, porque ainda há algumas estruturas que eu preciso,
eu sinto, que ainda preciso de fazer isso, mas se eu conseguir fazê-las ver que estão a mudar e
que essa mudança veio de uma autoanálise mesmo que eu possa pôr uns pozinhos de sugestões.
Ainda temos um caminho a percorrer, mas não está esquecido.
Entrevistadora – Como é que vê evolução nos resultados no segundo questionário SELFIE?
Diretora - Eu acho que, a pouco e pouco, as pessoas sentem que nós fazemos diferente, para
melhor. Os resultados têm-se sentido, eu sinto, que cada vez mais, como um todo, nos
apercebemos disso, mesmo os que resmungam, começamos a sentir que nós somos diferentes
e somos diferentes para melhores. Eu gosto de sentir isso, gosto de sentir que trabalhamos
muito, andamos às vezes a bater cabeça nas paredes de tanto trabalho, às vezes sentimo-nos
cansados e sentimos o cansaço nos outros, como somos pessoas empáticas, que gostamos de
colocar no lugar dos outros, não é fácil, às vezes, percebermos que determinadas medidas estão
a ser pesadas, mas depois como acreditamos muito no percurso que está a ser traçado e na
evolução que isso irá trazer ao Agrupamento, e que já está a trazer, e não é à toa que o facto de
sermos distinguidos às vezes com selos eTwinning, Eco-escolas, trabalhos que fazemos no
âmbito do Ciência Viva e sermos convidados para participar em entrevistas. Não é à toa, isto
acontece porque há todo um conjunto de pessoas que se envolvem e dão o melhor delas e isto
tem efeitos, eu sei, tenho a certeza, que até mesmo as vozes críticas ficam todas orgulhosas
quando ouvem que no nosso Agrupamento de escolas aconteceu isto, que ganhou o prémio tal
e que andou nas bocas do mundo porque participou num projeto “xpto”. É isto que eu quero,
eu quero um Agrupamento em que os meus alunos não se sintam uns coitadinhos, porque eles
não são coitadinhos de ninguém, quero que eles sintam que há professores que lhes querem
dar as melhores aprendizagens possíveis e quero que eles sintam que esta escola é boa, na
realidade quando eles vão embora e dizem que queriam ficar aqui, isto é tão bom, é isso que
nos motiva. Quando sentimos que as crianças olham para nós e riem, que se sentem felizes
porque gostam de estar na escola e tem umas saudades tremendas de estar junto de nós e que
gostam de estar ali, isso enche-nos o coração e isso é uma evolução a cada dia, e nós sentirmos
que conseguimos chegar às crianças e que elas gostam tanto de estar ali naquele contexto e que
já sentem que podem ir pesquisar isto e podem fazer aquilo, é espetacular.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
ausento-me, porque considero que devem ter espaço só para eles, sem sentirem condicionados
pela presença da Diretora. Todos devem sentir que nós estamos presentes e que nós
acreditamos no trabalho deles que valorizamos o trabalho de todos, ainda que saibamos, quer
nas assistências técnicas, quer nas assistentes operacionais, quer nos professores, quer nos
alunos, quer nos pais, que há sempre aqueles que são espetaculares e há aqueles que não são
tão bons. Nós temos o dever de motivar, e pela positiva chegar a todos, para pelo menos em
alguns conseguirmos realçar as coisas boas deles. Motivação e relações humanas, nos dias que
correm, acho que ser-se competente ao nível de conteúdos e ao nível académico, claro que é
importante, mas cada vez mais aquilo que nos distingue são as relações humanas, é sentirmos
que podemos fazer diferença por quem somos, como pessoas como seres humanos, e será
sempre por aí que eu vou trilhar o meu caminho.
Entrevistadora – Como diretora o que ainda gostaria de desenvolver na sua escola?
Diretora - Eu acho que mais do que fazer mais, é consolidar o que já foi feito, aquilo que já está
num caminho bom. Todas as coisas que nos envolvemos, que participámos, a minha ideia de
colocar a nossa localidade no mapa, não tem nada a ver com protagonismo, isso eu dispenso,
tem que a ver com as pessoas perceberem que a escola tem um conjunto de pessoas que quer
dar o melhor aos miúdos, e que os miúdos têm acesso, dentro das nossas limitações, a muitos
projetos, participamos em projetos e estamos na vanguarda de alguns projetos. As pessoas
olham já para nós, em algumas coisas como referência, alguns diretores de vários agrupamentos
às vezes telefonam para saber como é que foi aquilo, como é que eu faço isto, é para mim um
orgulho, porque efetivamente eu que sou das mais novas nestas dinâmicas, e perceber que
aquilo que nós estamos a fazer já vai fazendo a diferença, que as pessoas já percebem que nós
andamos a fazer um trabalho sério. Portanto, não pretendo no tempo que me resta de direção,
sejam 6 meses ou sejam 4 anos e 6 meses, não pretendo fazer por fazer, pretendo é, do que
está a ser feito, que eu acho que já é muito, dar-lhes estrutura, dar-lhes caminho e consolidar
as boas práticas que já se tem feito neste Agrupamento.
Entrevistadora – Que conselhos daria um colega seu que desejasse implementar o projeto
SELFIE?
Diretora - Escolha bem a equipa que vai implementar o projeto e acredite naquilo que vai
implementar. É importante a equipa que escolhe e como diretor é importante acreditar que
aquilo é uma ferramenta muito boa, se quiser fazer um trabalho sério no percurso que quer
escolher para o Agrupamento, não tenho dúvidas nenhumas nisso. Informe-se, leia e
experimente e escolha uma equipa que também se vai informar, também vai ler, também vai
acreditar e vai fazer um trabalho sério, se for só para cumprir calendário não vai servir para
nada.
Entrevistadora – Já terminámos. Quer acrescentar mais alguma informação?
Diretora -Reiterar, o facto de eu me sentir uma diretora privilegiada, com tantos desafios e às
vezes difíceis, mas tenho um grupo de pessoas à minha volta que eu gosto muito e sem eles não
tinha feito nada, portanto obrigada.
Entrevistadora –Quero agradecer a sua disponibilidade, que foi muito importante para o
meu trabalho.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
TEMA
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Objetivos
Entrevistada:
▪ Perceber a implementação da SELFIE
Coordenadora da Equipa
▪ Perceber os processos de gestão e liderança empreendidos
SELFIE
▪ Perceber as mudanças operacionais concretizadas
Entrevistadora - E agora do outro lado, que condições na organização permitiram iniciar essa
adesão?
Coordenadora SELFIE - A escola aceitou tendo em atenção o convite vindo de quem vinha, não
é, e tendo atenção a mais-valia que a aplicação da ferramenta iria ter para aquilo que era o
trabalho da equipa de autoavaliação. Depois a equipa que foi criada, pronto, criou-se uma
equipa que também se soubesse que se iria dedicar e que iria investir por forma a conseguir que
o trabalho aparecesse feito dentro dos timings que se pretendia, pronto, a pessoas que sabiam
que trabalhavam e que trabalhavam bem, penso eu.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
muito que o Agrupamento ande para a frente, que seja visto, que os alunos aprendam, quer
inovar e que quer fazer mais, melhor e diferente e depois, há o grupo das pessoas que é mais
reticente, não digo que não queiram, mas que são mais reticentes às mudanças e à alteração
daquilo que é o sistema implementado. De qualquer das formas, acho que a tendo em atenção
os nossos alunos, porque estamos inseridos numa comunidade onde os pais não se envolvem
muito, nem dão muito valor à escola, nem à educação que a escola transmite, tendo em atenção
à nossa comunidade, acho que esse grupo de pessoas que quer ir mais além e fazer diferente e
ajudar os alunos, motivá-los, saindo um bocadinho da zona de conforto, acho que consegue
mobilizar a maioria dos restantes para que se faça alguma coisa.
Entrevistadora - Podemos dizer que considera uma escola inovadora? Ou nem por isso?
Coordenadora SELFIE – Considero que a escola está a fazer um esforço no caminho da inovação,
graças à a energia e a motivação de algumas pessoas que tentam levar as outras. Acho que se
está a fazer esse esforço, se posso dizer que a escola é em si toda ela é inovadora… estamos a
caminhar para lá, acho que, ainda não estamos a 100% como inovadores.
Entrevistadora - Que rotinas foram implementadas ou alteradas? Por exemplo houve reuniões
semanais, mensais? Como é que fizeram essa implementação assim tão rapidamente?
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Coordenadora SELFIE – Nós tínhamos reuniões semanais, todas as terças-feiras, sendo que o
nosso elo de ligação à DGE e ao Instituto de Educação vinha ter connosco na hora em que a
equipa reunia, para agilizar e operacionalizar o trabalho.
Entrevistadora - Portanto era a equipa SELFIE que reunia todas as semanas? É isso?
Coordenadora SELFIE – Certo, certo.
Entrevistadora – E que funções é que lhe foram atribuídas a si como coordenadora da equipa
SELFIE?
Coordenadora SELFIE - As funções que me foram atribuídas… bom sendo que inicialmente não
era para ser eu a coordenadora (risos), inicialmente a coordenadora era para ser a diretora, mas
depois tendo em atenção a logística, as ocupações e as reuniões da senhora diretora, acabei por
ficar eu como coordenadora. Aquilo que me foi pedido, basicamente, foi que conseguisse
operacionalizar junto com a equipa, com a restante equipa, conseguisse operacionalizar todo o
processo de implementação e que durante o processo de implementação conseguíssemos
verificar quais eram os possíveis constrangimentos que podiam surgir, para facilitar depois o
trabalho com as escolas piloto, que iriam iniciar em no ano seguinte em janeiro, e no final fazer
a análise de dados e poder contribuir para um levantamento de pontos fortes e de pontos fracos,
das fragilidades e das potencialidades do agrupamento, para se criar e implementar um plano
de ação que ajudasse o agrupamento a avançar.
Entrevistadora – Que perceções tem acerca dos efeitos do projeto SELFIE nas estruturas
intermédias? No sentido se foi reconhecido pelas estruturas intermédias e se foi refletido os
resultados?
Coordenadora SELFIE - É assim…. relativamente às estruturas, penso que antes da
implementação não foram muito envolvidas e, portanto, tirando aquilo que foi divulgado em
Conselho Pedagógico e aquilo que foi explicado em Conselho Pedagógico, não consegui ter bem
a perceção do envolvimento e daquilo que os professores sentiram. Contudo, tendo em atenção
ao timing em que o inquérito foi aplicado houve muitos professores que não gostaram, pronto,
porque incidiu com as avaliações de final do primeiro período, altura em que os professores têm
muito trabalho, e pronto não foi recebido da melhor forma, nem acarinhado, se calhar, da
melhor forma exatamente por causa do timing, não tanto pelo questionário em si, mas se calhar
pela altura em que ele teve que ser implementado. Após a implementação, na altura de
divulgação dos resultados e de se perceber o que é que tinha acontecido, não é, aquilo que era
a nossa suposta selfie, já acho que houve um maior envolvimento. Claro que isto é sempre
relativo, nem todas as estruturas trabalham da mesma forma e não funcionam da mesma forma,
portanto é sempre relativo, mas acho que aí já houve um maior envolvimento. Acho que as
pessoas depois tiveram noção, principalmente quem não deu muita atenção ao questionário
teve noção de que se calhar devia ter dado mais atenção, devia ter lido melhor, devia ter perdido
um pouquinho mais tempo a pensar naquilo que eram as respostas que poderiam ser dadas.
Neste momento, já acho, que as pessoas estão mais envolvidas e já percebem a importância
deste tipo de questionários, a importância que eles têm para o Agrupamento e para aquilo que
são as estratégias que se definem.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Entrevistadora – Nesta segunda fase já existe uma perceção diferente das estruturas
intermédias em relação ao SELFIE?
Coordenadora SELFIE - Sim, sim.
Entrevistadora – Já se notou essa evolução nos resultados obtidos nesta segunda fase?
Coordenadora SELFIE - Nesta segunda implementação sim, sim, claramente, principalmente ao
nível de noção que as pessoas têm de alguns conceitos das perguntas que estão envolvidas,
porque a sensação com que nós ficámos é que da primeira vez houve alguns conceitos que não
foram bem explicados ou que não foram bem entendidos e como tal as pessoas nem sequer
tiveram consciência, penso eu, de algumas das respostas que deram e que não faziam sentido,
agora acho que não, com o esclarecimento desses conceitos e com a sensibilização que foi feita
e a divulgação dos resultados do primeiro selfie acho que alterou completamente.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
mensagem que depois se passou com os dados e com os documentos relativos aos dados que
se passou depois nos departamentos. Sendo que a criação do plano de inovação, porque
envolveu todos, porque todas as estruturas foram questionadas e deram a sua opinião
relativamente ao que viria a ser o nosso atual plano de inovação, penso que dessa forma toda a
gente contribuiu, toda a gente pôde dar a sua opinião o seu contributo, se não fez é porque
achou que o que estava, estava bem, mas, todos foram chamados a dar opinião. Eu penso
quando as pessoas se envolvem e todos são chamados a dar opinião, depois é mais fácil de
implementar e das pessoas conseguirem, da escola em si conseguir chegar a algum lado.
Entrevistadora – Que conselhos daria a um colega seu que desejasse implementar este projeto
no seu agrupamento?
Coordenadora SELFIE - O conselho que eu daria, primeiro que tudo seria sensibilizar as pessoas,
envolvê-las e motivá-las, sem isso é difícil. É difícil, porque nunca será uma verdadeira SELFIE e
nunca será imagem real do Agrupamento. Em segundo lugar, depois da sensibilização, o
conselho que eu daria era uma definição clara e objetiva de estratégias de intervenção, uma
seleção clara de duas ou três áreas de intervenção mais fracas, não têm que ser todas, mas duas
ou três, e meticulosamente criar estratégias de atuação para essas áreas e depois, se fosse caso
disso, de ano a ano ou ano sim ano não, ir alterando essas áreas de intervenção. Mas, acho que
se tiver que escolher uma, escolho a sensibilização, sensibilizar bem.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Coordenadora SELFIE - Sim, sim. posso dizer que só uma aplicação da ferramenta não os dá com
clareza a visão do Agrupamento, para conseguirmos ciclicamente implementar estratégias,
adequar e reajustar, é fundamental, não digo todos os anos, mas pelo menos ano sim ano não
a aplicação da SELFIE, para também se perceber a evolução do caminho que o Agrupamento
está a fazer e ajustar, ajustar, ajustar, ajustar…
Entrevistadora – Quer acrescentar alguma informação que possa ter escapado ou que queira
deixar registado sobre a SELFIE?
Coordenadora SELFIE - De repente acho que não, mas se calhar escapou algo.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
NOTAS DE CAMPO
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
A única exceção considerada, foi para os membros da direção, que por terem uma visão mais
abrangente de cada um dos ciclos, e o número de dirigentes ser bastante reduzido, responderam
como dirigentes em todos os grupos.
A possibilidade de inserir questões específicas do Agrupamento, foi considerada como uma boa
oportunidade para auscultar professores e alunos sobre alguns indicadores mais relevantes para
o processo de autoavaliação da escola. Uma vez que só eram permitidas 8 questões extras, a
equipa analisou cuidadosamente o que queria acrescentar.
A equipa SELFIE ponderou ainda a participação dos encarregados de educação, uma que estes
iriam responder a um questionário com as questões extras de Escola. Também para a equipa
fazia sentido perguntar aos encarregados de educação a sua perceção sobres as tecnologias
digitais na escola, embora a opinião dele seja apenas uma perceção. Assim sendo, a equipa
decidiu escolher algumas perguntas da SELFIE e incluir nos questionários dos encarregados de
educação.
“Agrupamento foi contactado pela DGE para aplicação do projeto “Pré-piloto” – “Selfie”
– que permite identificar pontos relevantes e/ou problemáticos do Agrupamento. Assim
sendo, será disponibilizado um questionário a ser respondido por alunos e docentes
para que os mesmos se pronunciem relativamente às questões apresentadas.” (retirado
da ata de Conselho Pedagógico de 21.11.2019)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Para os dirigentes
“- A escola foi convidada pela DGE para ser a primeira a nível nacional a participar
no projeto SELFIE, o que deveria ser motivo de orgulho para todos nós, contudo, é
com tristeza que verificamos que após ter sido divulgada uma calendarização (com
conhecimento da direção) para aplicação dos questionários aos alunos, a mesma
não tenha sido respeitada por todos os docentes envolvidos, tendo ficado, para
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
registo na plataforma SELFIE e na DGE, que 25% dos alunos de 2º ciclo e 30% dos
de 3º ciclo, não responderam ao inquérito. E mesmo os valores conseguidos foram
graças à boa vontade de alguns docentes que, à última da hora, o aplicaram em
turmas que não o tinham feito na hora definida na calendarização.
A equipa SELFIE considerou importante também auscultar a opinião, ou melhor, a perceção, dos
pais/encarregados de educação acerca da mudança digital e das outras questões de
agrupamento, assim, elaborou questionários mais pequenos, constituídos por 12 perguntas,
para os EE do 1º, 2º e 3º ciclo, o mesmo não se destina ao Pré-escolar, uma vez que o SELFIE não
o fazia, e o objetivo seria a comparação de resultados.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
resultados dos diferentes relatórios. Apesar da equipa considerar que seria difícil a análise dos
dados, conseguiram fazê-lo de forma rápida.
A equipa fez a análise detalhada dos relatórios, criando uma visão geral de agrupamento
e uma por ciclos. Da análise surgiram algumas reflexões, tais como:
- muitas respostas situam-se na posição 3, que numa escala de 1 a 5 é o valor central,
não permitido uma análise positiva nem negativa;
- alguns resultados são incoerentes, em diferentes questões que se relacionam entre si,
por exemplo:
Domínio B – “Maioria das respostas indica insuficiência de dispositivos digitais e internet
lenta”, vs, Domínio D e E - “Maioria refere utilizar as tecnologias digitais no seu dia-a-dia”.
Confiança na utilização das tecnologias - Muita confiança na utilização das tecnologias
(dar aulas, comunicação da avaliação, ...), vs, “Existem fatores que inibem a utilização de
tecnologia (não ter tempo, internet ou equipamento, ...)”. Após alguma reflexão sobre estas
situações, a equipa considera que dever-se-á esclarecer, antes da próxima participação, a
importância de evitar-se a zona neutra de resposta (posição 3) e alguns conceitos envolvidos.
A equipa também elaborou uma apresentação com a informação mais relevante “O que
diz a nossa SELFIE”, para uma apresentação mais resumida da implementação do projeto.
REFLEXÃO – A elaboração da apresentação possibilitou que a equipa SELFIE refletisse, mais uma
vez, não só sobre todo o processo de implementação, mas também nos resultados obtidos,
permitindo delinear os próximos passos. A equipa considerou importante levar a voz dos nossos
alunos nessa apresentação, e para tal solicitou a participação de um aluno por ciclo para falarem
sobre a SELFIE, esta opção revelou-se muito importante como forma motivacional para os
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
professores, mas também promoveu mais uma oportunidade de ligação com alunos e
encarregados de educação.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“No âmbito do trabalho desenvolvido pelo OQ, venho por este meio dar a conhecer
alguns documentos produzidos por esta equipa.
.O primeiro documento refere-se a uma análise dos resultados do nosso
Agrupamento relativos ao projeto pré-piloto SELFIE, agora denominado E2D
(Ecossistemas de Desenvolvimento Digital). Na impossibilidade de os divulgarmos
em reunião geral, devido à situação pandémica que o país atravessa, solicito que o
mesmo seja dado a conhecer em Conselho Pedagógico e divulgado depois nos
departamentos curriculares. (..)
"Em nome da equipa do OQ, agradecer o reconhecimento da Direção e do CP,
relativamente ao trabalho por nós desenvolvido, e referenciado em atas deste
conselho. Acreditamos ter ainda muito a aprender e um longo caminho a percorrer,
contudo, não deixaremos nunca de trabalhar empenhadamente, sempre com o
sentido de ajudar o Agrupamento a refletir e avançar!"
NOTA – A situação pandémica destabilizou toda a sociedade, e as escolas não foram exceção,
mas reconhecendo a importância dos dados a equipa SELFIE não quis deixar de partilhar a
análise dos resultados SELFIE do Agrupamento, adiando a reunião geral para o início do próximo
ano letivo.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
NOTA – A situação pandémica ainda não permitia reuniões presenciais e o trabalho colaborativo
era realizado através de mails, documentos partilhados e reuniões por videoconferência na
plataforma institucional.
NOTA - Nesta reunião sentiu-se uma verdadeira reflexão partilhada e um espírito de trabalho
de equipa, era notório já a confiança estabelecida entre eles. Alguns dos coordenadores das
estruturas reconheceram as suas dificuldades e limitações, e logo outros se prontificaram em
ajudá-los ou em encontrarem formas de simplificarem para todos conseguirem.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
NOTA -Ainda de forma informal surge uma equipa para traçar uma proposta de Plano de
Inovação. Quem queria estar presente aparecia era uma participação voluntária. Constata-se
que alguns elementos estão sempre presentes. As reuniões são repletas de reflexão, de debate
e de muita partilha. Aos poucos começam a nascer umas ideias, que se afinam aqui e ali.
O trabalho próximo com a direção e a equipa, partilharam vários momentos de reflexão,
existindo um verdadeiro trabalho de colaboração na definição do Plano de Inovação.
“Caros colegas,
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
esperando que se encontrem todos de boa saúde, junto das respetivas famílias,
venho, em primeiro lugar, agradecer-vos todo este esforço que tivemos ao longo
destes últimos meses.
Apesar dos dias atribulados, quer pela situação pandémica, quer pelo esforço extra
que todos tivemos que fazer para nos adaptarmos a tantas novidades, este
Agrupamento, mais uma vez, revelou que tem seres humanos capazes de não virar
costas a desafios e a tudo fazer para dar o melhor aos nossos alunos. Muito
obrigada por isso.
Neste momento, venho informar-vos que a DGE aprovou o nosso Plano de
Inovação.
Apesar de sentir o peso da responsabilidade, não posso deixar de me sentir
orgulhosa por terem aprovado todo um conjunto de dinâmicas que considero
essenciais para proporcionar aos nossos alunos aprendizagens cada vez mais
significativas e motivadoras.
Sei que a implementação do Plano implicará, da parte de todos, um envolvimento
e sentido de pertença para que o mesmo não seja só um lindo documento (que é),
mas, acima de tudo, uma prática do dia a dia dos nossos meninos.
Envio-vos o documento para que possam explorar tudo o que está envolvido e
possamos começar a meditar na melhor forma de operacionalizarmos tudo o que
está previsto.
Continuação de bom trabalho e, mais uma vez, muito obrigada a todos os que,
direta ou indiretamente, contribuíram para a elaboração deste Plano.
Continuação de bom trabalho,
beijinhos
Diretora”
Reflexão – Tempos difíceis que se viviam o isolamento afastou-nos da escola, dos alunos, da
sociedade. O ensino a distância foi a alternativa encontrada, mas que teve um impacto enorme
no ensino. A mensagem da Diretora foi bem recebida, foi uma luz de esperança e de união em
tempos tão solitários.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
A questão que levou a uma maior reflexão foi na escolha das questões que poderiam ser
incluídas. A equipa ficou bastante satisfeita pelo número de perguntas adicionais ter
aumentado, contudo, desta vez não aproveitaram para acrescentar perguntas para a
autoavaliação da escola, pois já estava planeado um questionário muito abrangente da equipa
de OQ.
NOTA - É evidente o reforço para um efetivo trabalho colaborativo entre as várias equipas, uma
alteração profunda, que surgiu dos resultados da SELFIE. Denota-se, ainda, uma maior
distribuição em cargos de coordenação de estruturas intermédias.
Não se regista em horário, mas ficou calendarizada reuniões periódicas com a equipa do Plano
de Inovação e a Direção, promovendo a articulação, a construção de uma visão estratégica
comum e criando um plano estratégico partilhado.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
NOTA –Após esta reunião precederam-se outras com a equipa SELFIE para a seleção de
questões, constatando-se de algumas alterações na distribuição de questões pelas áreas, a
possibilidade de seleção de questões de E@D e um aumento de questões de Agrupamento.
“Caros colegas,
convoco-vos para uma reunião, via Teams, no próximo dia 21, pelas 17 horas, com
o objetivo de apresentar os resultados da "SELFIE" do nosso Agrupamento (projeto
pré piloto que começámos no ano letivo passado), bem como esclarecer quais as
novas etapas a seguir. A apresentação será feita pelo (parceiro SELFIE).”
A reunião foi realizada no início do ano letivo, dada a situação pandémica foi por
videoconferência, a Diretora iniciou a reunião, salientando a importância dos resultados para o
Agrupamento, “o nosso primeiro retrato”, dando enfoque à contribuição de todos. Acrescentou
que apesar do trabalho que iria ser apresentado, ser diferente do trabalho diário da maioria dos
professores, deve ser “um suporte para a nossa prática diária”, reforçou que considera
importante estes momentos de partilha e de reflexão são estruturantes para todos terem a
“noção do nosso percurso”. De seguida a coordenadora da equipa SELFIE fez a contextualização
do projeto, agradeceu a contribuição de todos e relembrou a importância desta ferramenta,
apelando para o comprometimento de todos. O parceiro SELFIE agradeceu toda a
disponibilidade que a escola demonstrou, não só a direção, mas como toda a equipa.
Apresentou, de forma resumida o projeto SELFIE, grupos e áreas. Referiu que de uma forma
geral a maioria das respostas foi no 3 (numa escala de 1 a 5), o que dificultava a análise dos
resultados obtidos no primeiro questionário. Reforçou ainda que é necessário esclarecer alguns
conceitos, onde houve respostas incoerentes. Foram apresentadas as conclusões/reflexões mais
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Reflexão – Apesar de ter sido uma reunião geral, senti como participante da reunião, que se
reforçou o espírito de grupo e de equipa, bastante abalo pela situação pandémica, que nos
obrigou a um distanciamento e isolamento. Para além disso, a intervenção de alguém exterior,
com reconhecido mérito, possibilitou uma reflexão mais profunda e séria.
Em baixo segue a lista de dirigentes e o ciclo a que estão associados, bem como o
link a utilizar para aceder ao questionário:
Dirigentes escolares de 1º ciclo:
Dirigentes escolares de 2º ciclo:
Dirigentes escolares de 3º ciclo:
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Reflexão – A data de aplicação dos questionários foi refletida com a equipa e com a
direção, e, uma vez que o corpo docente era o mesmo do ano letivo anterior fez sentido
avançar com o questionário nesta fase do ano. Se existisse mudanças significativas nos
docentes do Agrupamento a fase de aplicação não poderia ser tão no início do ano letivo,
não permitindo que os novos professores tivessem uma real perceção da realidade do
Agrupamento.
NOTA – A equipa optou por utilizar a mesma metodologia na aplicação dos questionários,
registando-se uma maior adesão principalmente por parte dos docentes.
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Estamos a passar por uma fase muito desafiante em termos de direções, em termos de
ensino, em termos de tudo, até em termos mundiais, todos estão a passar por situações
desafiantes. O que eu mais aprecio como diretora, efetivamente, é ter a noção que posso
condicionar, e que posso tentar alterar algumas coisas no ensino que eu acho que já vai
sendo tempo de se ir mexendo e de tentar fazer perceber a importância dessa mudança.” (DAE)
“(…) Uma das coisas positivas é mesmo isso, eu sentir que cargo que desempenho pode ajudar,
espero eu, que venha ajudar as pessoas, ou pelo menos algumas pessoas, a pensarem um
bocadinho diferente daquilo que é ensinar as crianças e ser competente naquilo que se faz,
porque as coisas mudaram tanto e o ensino ainda não mudou assim tanto. Eu considero que
essa mudança tem que existir, porque que os nossos alunos merecem aprendizagens mais
significativas.” (DAE)
“Em poucas palavras como define a cultura do seu Agrupamento? Mudança.” (DAE)
“(…) nós não somos todos iguais, temos competências diferentes, porque as inteligências não
são todas iguais, e ainda bem! (…) eu acho que é essa a beleza do nosso Agrupamento, eu acho
que, o nosso Agrupamento tem isso diversidade de competências, mas além disso existe gosto,
existe um grande grupo de pessoas com gosto pelo aquilo que fazem e que se esforçam pelos
miúdos.” (DAE)
“A autoavaliação é uma prática que tem vindo a ser implementada desde 2009/10 neste
Agrupamento através de uma estrutura, o Observatório de Qualidade. O grande objetivo desta
equipa é a elaboração de instrumentos de recolha e análise de dados que possam contribuir
para uma reflexão crítica, permitindo delinear ajustes nas opções educativas, ou até mesmo
definir novas estratégias de atuação.” (PE, p.21)
“(…) pretende-se com este relatório incutir uma cultura de reflexão nos diferentes agentes
educativos, com vista à melhoria contínua da qualidade das práticas e procedimentos educativos
e, consequentemente, do sucesso escolar. Neste sentido agradece-se o apoio de todos os
intervenientes neste processo, que têm contribuído para os resultados alcançados.” (RAA, p.16)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) também tive a sorte de ter um conjunto de estruturas fora do Agrupamento que foram
percebendo que tinham aqui matéria humana entre os professores, coordenadores e direção,
matéria humana que puxados rendiam e então saímos beneficiados com isso, começámos a ser
convidados para uma série de projetos, às vezes começamos a ficar aflitos, mas efetivamente é
bom, eu gosto disso!” (DAE)
“Para nós começou antes, nós estivemos a fazer uma espécie de pré-SELFIE, no fundo eles
começaram a desbravar terreno e a “partir pedra”, no que diz respeito a tentarem perceber
quais as competências digitais dos professores e, depois de saberem isso, de que forma se pode
fazer para melhorar essa situação e nós tivemos o privilégio de poder fazer já parte desse
projeto. O Instituto de Educação, nomeadamente os professores que apresentaram o projeto
perceberam que neste Agrupamento tinham um conjunto de professores que quando aderiam
aos projetos aderiam mesmo aos projetos e levavam muito a sério, porque efetivamente nestas
coisas por muito boas intenções que o Instituto possa ter se depois não tiver um grupo de
pessoas/professores nas escolas base para poder dar esse suporte, não se consegue fazer as
coisas como deve ser, digo eu. Ao perceberem disso quiseram testar esta nova ferramenta,
quiseram ver de que forma é que podia ser implementada e prever a nível nacional, convidaram-
nos e, portanto, naturalmente que foi um desafio.” (DAE)
“Fiquei logo entusiasmada porque primeiro eu honestamente acho que é uma ferramenta que
se nós quisermos fazer um trabalho como deve de ser que nos pode ajudar bastante, em vez de
tomarmos decisões à toa só porque achamos que sim a SELFIE ajuda-nos a focar naquilo que
efetivamente são as necessidades do Agrupamento, quer ao nível digital, quer depois o facto de
termos a possibilidade de arranjarmos outras questões que nos vão tentar orientar para outros
percursos que eventualmente nós saibamos são os nossos handicaps, as nossas fragilidades. A
SELFIE também nos pode ajudar a olhar com maior objetividade o caminho a seguir.” (DAE)
“Uma das questões facilitadoras, para além de sermos uma direção aberta à inovação, é
gostarmos de experimentar coisas novas, mas não é só o experimentar só por experimentar,
vieram cá explicar o objetivo desta ferramenta” (DAE)
“Acho que foi um conjunto, eles souberam, perceberam, que estava aqui um grupo de
professores que conseguiriam fazer isso e nós tivemos a sorte de termos a ponte de ligação
entre o Instituto e nós.” (DAE)
“(…) às perguntas mesmo da ferramenta SELFIE também foi importante para nós, porque
também é importante diagnosticar ao nível das tecnologias, numa era em que que é quase
impensável que uma escola não utilize tecnologia, quer com os alunos, quer para avaliar, quer
para aquilo que for. Portanto também foi importante para nós enquanto equipa de
autoavaliação podermos dizer e podermos ajudar a direção a detetar aquilo que são, ao nível
das tecnologias também, as características da escola, para a direção também poder tomar as
melhores decisões, mas, essencialmente, a oportunidade é poder acrescentar oito perguntas,
agora mais, que não estão relacionadas com a tecnologia.” (CAA)
“Os pais têm de se sentir envolvidos, gosto de manter a proximidade com os pais, gosto de
participar nas reuniões dos pais.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“sou a Coordenadora do Observatório de Qualidade, já fazia parte desta equipa nos últimos
anos. Agora também faço parte do Conselho Geral, já há três anos e o ano passado também fiz
parte da Equipa Pedagógica e também sou coordenadora da equipa da SELFIE, há dois anos.”
(CAA)
“a pessoa que fez o convite, conhecer alguém na escola e saber que essa pessoa era uma pessoa
de trabalho, não é, acho que aquilo que motivou o convite foi exatamente terem a certeza que
as pessoas que iriam pegar no projeto pré-piloto se iriam dedicar, que iriam trabalhar e que
iriam corresponder dentro dos timings curtos que que se tinha, que iriam corresponder para se
conseguir tirar algumas conclusões para aquilo que iria ser depois do projeto piloto com as
outras escolas.” (CAA)
“A escola aceitou tendo em atenção o convite vindo de quem vinha, não é, e tendo atenção a
mais-valia que a aplicação da ferramenta iria ter para aquilo que era o trabalho da equipa de
autoavaliação.” (CAA)
“(…) a equipa que foi criada, pronto, criou-se uma equipa que também se soubesse que se iria
dedicar e que iria investir por forma a conseguir que o trabalho aparecesse feito dentro dos
timings que se pretendia, pronto, a pessoas que sabiam que trabalhavam e que trabalhavam
bem(..)” (CAA)
“Eu sei que este agrupamento tem uma cultura de pertença, uma cultura de querer fazer, e eu
quero muito acreditar nisso. Eu tenho aqui um núcleo duro de gente que gosta muito daquilo
que faz e isso é o mais importante (…)” (DAE)
“Em primeiro lugar a existência do Observatório de Qualidade, que foi uma estrutura criada já
há muitos anos no nosso agrupamento (…)” DAE
“O Observatório deve ter com um conjunto de professores que têm uma visão isenta e ao
mesmo tempo clara daquilo que é importante orientar no agrupamento, considero que deva ser
um organismo independente da Direção, porque acho que este tipo de estrutura tem de sentir
a liberdade e o à-vontade para indicarem isto não está bem no agrupamento, ou aquilo que
pode melhorar, eles têm que servir para isso, portanto a direção poderá condicionar o trabalho.”
(DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) mas sabia que elas iam aproveitar esta ferramenta para apontar o foco do nosso
Agrupamento. “(DAE)
“Foi opção da direção, incluir alguns elementos da equipa do Observatório de Qualidade e mais
um colega do primeiro ciclo.” (CAA)
“(…) verificar quais eram os possíveis constrangimentos que podiam surgir, para facilitar depois
o trabalho com as escolas piloto, que iriam iniciar em no ano seguinte em janeiro, e no final fazer
a análise de dados e poder contribuir para um levantamento de pontos fortes e de pontos fracos,
das fragilidades e das potencialidades do agrupamento, para se criar e implementar um plano
de ação que ajudasse o agrupamento a avançar.” (CAA)
“O benefício que tirámos da SELFIE… a SELFIE permite-nos criar algumas perguntas fora do
contexto da tecnologia e fora do contexto dos recursos digitais, que a equipa de autoavaliação
aproveitou essas perguntas extras para fazer algumas perguntas cirúrgicas, em algumas áreas
que a equipa de autoavaliação todos os anos avalia, no que diz respeito aos documentos, às
estruturas, à indisciplina, pronto perguntas específicas que nos interessava avaliar e aferir a para
termos ali alguma evidência relativamente a alguns pontos.”(CAA)
“Tentou-se decidir que era importante que a SELFIE refletisse as três realidades da escola,
primeiro ciclo, segundo e o terceiro ciclo, uma vez que a própria SELFIE não aconselha a
implementação no pré-escolar, dentro do primeiro ciclo apenas a alunos de quarto ano, uma
vez que as perguntas não são assim tão simples e acessíveis para alunos mais pequenos.” (CAA)
“Nós tínhamos reuniões semanais, todas as terças-feiras, sendo que o nosso elo de ligação à
DGE e ao Instituto de Educação vinha ter connosco na hora em que a equipa reunia, para agilizar
e operacionalizar o trabalho.” (CAA)
“Foi o Observatório Qualidade, a Direção não consegue fazer tudo. Esforço-me e gosto de estar
por dentro dos assuntos, até por respeito ao trabalho dos outros, porque acho que as pessoas
merecem que eu esteja por dentro do assunto, mas se tivesse tudo a depender da minha
capacidade para conseguir estruturar toda esta logística a coisa não tinha saído nada de jeito eu
tenho essa consciência. (…) e foi isso que elas fizeram, elas pegaram naquilo que lhes foi
transmitido, também tiveram reuniões para perceber como é que funcionava, e fizeram todo o
trabalho para a implementação da ferramenta.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“O projeto foi nos apresentado assim bocadinho… com os timings todos para ontem, pronto,
então tudo o que foi pensado e foi delineado foi feito assim bocadinho a correr, isto para dizer
o quê, não houve tempo para grandes debates, para grandes a reuniões, para grandes
concertações de ideias, portanto centrou se muito ali dentro daquilo que era a estrutura da
equipa SELFIE que foi criada, isto para começar. Dentro daquilo que a estrutura considerou… se
calhar deveríamos ter envolvido mais as pessoas que não envolvemos, mas também porque não
havia tempo na altura do pré-piloto para envolver mais as pessoas no processo.” (CAA)
“É difícil há sempre aquelas vozes que dizem agora querem vir aqui espiolhar como é que é o
nosso trabalho, o que é somos capazes de fazer, e depois as pessoas nem sempre são muito
honestas nas respostas, com medo de eventualmente poderem vir a ter represálias sobre isto
ou aquilo ou de alguém lhes apontar que elas não sabem fazer isto ou aquilo. Portanto
desmistificar isso e batalhar no “não tenham medo sejam honestos, isto é para vos ajudar, isto
é para trabalharmos em conjunto”, é difícil, porque as pessoas às vezes pensam logo que está
alguém com uma pistola apontada a pensar andamos à procura de encontrarmos algo que não
façam bem.” (DAE)
“Relativamente às respostas, aquilo que delineámos foi que os alunos respondiam na escola e
criámos uma calendarização para que eles respondessem durante as aulas de TIC, durante uma
semana e meia, os alunos passaram pela sala de TIC, todas as turmas” (CAA)
“(…) aos professores foram enviados links, a dirigentes e a professores, cada um de acordo com
o ciclo onde lecionava mais aulas respondeu ao seu questionário. (CAA)
“É difícil às vezes fazer, por muito que nós digamos aos professores “isto é para melhorar as
nossas práticas”, ou “isto é para nós percebermos como é que o nosso agrupamento, para ter
uma visão focada naquilo que tem que melhorar”, porque ninguém é perfeito, e ainda bem, por
muito boas capacidades que possamos ter há sempre coisas a melhorar e ainda bem.” (DAE)
“Não tenho dúvidas nenhumas que correu tudo da melhor forma, pela determinação,
estruturação e organização da parte desta equipa do Observatório de Qualidade.” (DAE)
“tendo em atenção ao timing em que o inquérito foi aplicado houve muitos professores que não
gostaram, pronto, porque incidiu com as avaliações de final do primeiro período, altura em que
os professores têm muito trabalho, e pronto não foi recebido da melhor forma, nem acarinhado,
se calhar, da melhor forma exatamente por causa do timing, não tanto pelo questionário em si,
mas se calhar pela altura em que ele teve que ser implementado.” (CAA)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“(…) a contribuição preciosa ajuda do nosso Observatório de qualidade, e quanto a mim também
faz sentido, se eles tiveram na estruturação da implementação desta ferramenta também deve
fazer a análise dos dados que foram obtidos e depois fazia sentido fazerem a apresentação que
tipo de conclusões é que existiram.” (DAE)
“Na implementação da SELFIE, claro dentro da minha linha, eu tenho esta linha bem-disposta e
mais ligeira de abordar os assuntos, é assim que eu sou, mas ao mesmo tempo senti que era
importante fazer uma reunião geral de professores para transmitir que a implementação da
SELFIE, era muito importante para o Agrupamento, para traçarmos o percurso que queríamos
seguir e que contava com a participação de todos.” (DAE).
“Na realidade, nós temos de ter sempre presente quando trabalhamos numa escola, que as
pessoas não são todas iguais e se nós estamos à espera de que a apresentação dos resultados
vá fazer um efeito UAU em todos, não vai!” (DAE)
“(…) a reação, de uma maneira geral, foi positiva dentro daquilo que são os meandros médios
normais do Agrupamento, porque depois também temos consciência que há aqueles que nós
nunca somos capazes de agradar, mas eles próprios não se agradam a eles próprios e, portanto,
não há volta a dar, temos de seguir em função daquilo que sentimos que trouxe melhorias para
o agrupamento.” (DAE)
“Houve alguns aspetos que foram mencionados que às vezes nos passam um bocadinho ao lado,
porque como nós temos a visão daquilo que também nós somos, e como somos positivos e
achamos que está tudo bem e mesmo quando aparecem dificuldades tentamos ultrapassá-las e
tentamos fazer as coisas e, às vezes, não vemos o lado que tem uma visão bocadinho mais
pessimista quem tem uma visão diferente, e também é importante saber a opinião dessas
pessoas, porque na realidade não somos todos iguais. Em alguns campos os resultados da SELFIE
surpreenderam-me, mas outros foram dentro daqui que já estava à espera.” (DAE)
“a nossa operacionalização e o que delineámos para a SELFIE foi basicamente isto, sempre com
intuito de que no final conseguíssemos ter mais ou menos as realidades o mais corretas possíveis
dos três ciclos de ensino, sendo que o primeiro ciclo nem sequer, a maior parte das escolas, está
dentro da escola sede, portanto, uma realidade mesmo diferente, e que ficássemos com um
relatório com uma SELFIE, lá está, de cada um dos ciclos.” (CAA)
“(…) feito uma divulgação dos resultados, sucinta, no final do ano letivo em que o pré-piloto foi
aplicado, essa divulgação foi feita apenas por mail, ou melhor, a equipa da SELFIE criou um
documento que foi divulgado em Conselho Pedagógico e que passou aos Departamentos, mas
depois no início do ano letivo seguinte, houve uma reunião geral para divulgação desses mesmos
resultados já um bocadinho mais pormenorizados aproveitando também a presença de um
elemento exterior à escola, que que tinha sido o nosso elo de ligação com a DGE e o Instituto de
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Eu gosto muito de ouvir as pessoas quando sei que são pessoas que gostam de mim e que
estão a tentar ajudar, mas às vezes custa muito ouvir algumas das coisas, mas não quero
deixar de ouvir essas pessoas eu acho que é importante ouvir.” (DAE)
“A SELFIE também nos pode ajudar a olhar com maior objetividade o caminho a seguir.” (DAE)
“É muito complicado ouvir pessoas, que temos muita consideração, dizerem que as coisas não
estão a correr bem e, ao mesmo tempo, sentires que temos de melhorar.” (DAE)
“No entanto, precisamos de ir com calma, pois estamos todos muito cansados e há
personalidades diferentes, enquanto uns estão cansados mas mantêm o foco naquilo que
querem e outros que estão cansados e que começam a desfocar e a desmotivar, e é isso que me
entristece às vezes, eu sinto que precisamos de mimá-los um bocadinho, alguns precisam de
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
mimo, precisam de ouvir “tu és capaz”, “foi difícil mas tu és capaz, vais conseguir”, ou “vais lá
chegar”, mas os tempos não estão a ajudar “(DAE)
“(…) o nosso agrupamento é inovador, basta ver que é verdade. Eu também tenho consciência,
que esta inovação toda e o facto estarmos em 1000 projetos tem a ver com a diretora, eu sei
que ajudo porque é um facilitador, uma força para “façam vão para a frente”, (DAE)
“(…) eu sou muito dependente da minha Direção, e eles são muito dependentes de mim,
dependente não em termos de trabalho, pois eles são portentosos naquilo que fazem, mas
efetivamente somos muito emocionais, esta minha direção este meu grupo é um grupo dos
afetos, do mimo, da entreajuda, do sentirmo-nos acompanhados. “(DAE)
“(…) esta pandemia até nisso vai massacrar, porque faz-nos (direção) falta os abracinhos, os
miminhos essas coisas todas, porque nós somos muito assim “(DAE)
“Todos têm um papel válido nas escolas e quando querem fazer, eu sou a favor de delegar
competência nessas pessoas e de confiar no trabalho que as pessoas fazem, se as coisas depois
não correrem bem também tenho de ter a coragem de dizer assim “não tive bem”, não é culpar
a pessoa, não é, e não tive bem porque se calhar precisava de monitorizar um bocadinho mais
a situação e não monitorizei ou precisava de ajudar mais naquele campo, ou a pessoa não teve
a coragem de pedir ajuda.” (DAE)
“(…) eu acho que uma direção tem que ter momentos muito regulares de pontos da situação,
momentos onde estamos os quatro em que analisamos o que correu bem e o que não correu
bem e, às vezes, quando eles resmungam comigo tem que ver com isso, porque às vezes
andamos numa lufa-lufa de trabalho que perdemos, ou não temos tempo para nos reunir mas
eu sei, e cada vez sinto isso, que não é perder tempo é ganhar tempo, quando estamos juntos
os quatro nem que seja para fazer o ponto de situação de cada um.” (DAE)
“(…) também já chegámos a essa conclusão que se calhar falta esse envolvimento das pessoas
perceberem que nós queremos nos envolver, não é por desconsiderar o trabalho dos outros, às
vezes não temos mesmo tempo para nos envolvermos, mas queremos melhorar nesse campo
queremos estar mais presentes em algumas dinâmicas, até para valorizar o trabalho das pessoas
que se dedicam muito.” (DAE)
“Fazer a gestão de relações humanas é sempre muito difícil, eu quero acreditar, que existe um
grupo de professores sabendo que nem todas as opções agradam a gregos e a troianos, eu
prefiro saber que estou a desagradar os troianos, mas ao mesmo tempo os gregos vão ficar
felizes e que o trabalho vai ficar bem feito” (DAE)
“O meu papel é q.b., porque se as pessoas não tiverem predispostas a fazer esse crescimento
eu posso ser a melhor do mundo, mas não vou conseguir fazê-las crescer. Por outro lado, se eu
tento ser facilitadora desse crescimento, sinto-me orgulhosa, porque há aqui um conjunto de
professores no meu Agrupamento que tem crescido como professores na estrutura, não estou
a falar no contexto de sala de aula, porque eu já sabia que eles eram muito bons professores,
mas há um conjunto de pessoas que eu sinto que têm tomado gosto pelo espírito da escola e
pela sua dinâmica, e deixaram de ser só bom professores (que já é importante) passaram a
sentir-se parte integrante da estrutura. (…) Eu acredito que possa contribuir para isso, mas
depois o percurso temos de ser nós a fazê-lo, nós individualmente.” (DAE)
(os pontos fundamentais para implementar este processo de mudança na escola? ) Diretora –
“Motivação dos professores, eu preciso fazê-los acreditar, que não têm que ser todos iguais,
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
mas têm de estar todos motivados a trabalhar, todos os que querem, quem não quer não há
volta a dar” (DAE)
“(…) é um Agrupamento pequeno e dentro do pequeno tem duas vertentes, tem a vertente das
pessoas que investem muito e que querem muito que o Agrupamento ande para a frente, que
seja visto, que os alunos aprendam, quer inovar e que quer fazer mais, melhor e diferente e
depois, há o grupo das pessoas que é mais reticente, não digo que não queiram, mas que são
mais reticentes às mudanças e à alteração daquilo que é o sistema implementado.” (CAA)
“Estamos a passar uma fase muito desafiante, e acho que estas mudanças todas estão a abanar
as nossas estruturas, está a ser difícil.” (DAE)
“(…) a escolha das equipas, as que se podem escolher, são fundamentais para o descanso de
uma direção, se vais dar uma tarefa a alguém que tens o pé atrás, não vai correr bem, por outro
lado, o problema é que é um massacre pois são sempre os mesmos professores.” (DAE)
“depois eu sei que é injusto, porque depois acabamos por sobrecarregar sempre os mesmos,
(…), mas é tão importante em determinadas funções escolher bem, e não estou a dizer que, e
quem me conhece sabe que eu não escolho para eu ter a minha vida facilitada, em termos de
fazerem tudo o que a diretora quer, de todo, eu escolho por saber que a tarefa vai estar bem
atribuída (…)” (DAE)
“(…) não podemos pensar a escola da mesma forma, tento usar estas funções que tenho para
tal, sinto que me permite voar um bocadinho, no entanto às vezes tenho alguns entraves, mas
só quem não tenta é que não lhe acontece.” (DAE)
“(…) o tipo de direção que tenho e que tento fazer é motivado pela minha personalidade.” (DAE)
“(…) sei que, às vezes há coisas que correm menos bem, tenho essa consciência, mas também
sei que há coisas correm bem, e no equilíbrio o que corre bem e o que corre menos bem, pelo
menos que seja autêntica, que seja eu” (DAE)
“(…) o sucesso de uma direção passa sempre pelo sucesso das estruturas intermédias e de todas
as outras equipas, que são tão ou mais importantes que a direção, quando assumem um
compromisso com alguma coisa, pela esquerda ou pela direita, a coisa vai acontecer.” (DAE)
“(…) quanto a mim, nós (as estruturas) que temos a capacidade de decisão, nós que temos a
capacidade de trabalho de inovação de andar para a frente, podemos andar cansados mas
andamos para a frente, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar para o bem, no que é
positivo para o Agrupamento, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar para fazer as coisas
que são positivas para o agrupamento, não podemos deixar de fazer, podemos ficar tristes,
naturalmente, quando sentimos quando há reações menos boas, mas acreditamos naquilo que
fizemos, e isso é o mais importante, a pessoa acreditar naquilo que fez.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Confio muito também no meu Conselho Pedagógico, é um todo, acho que precisamos em
algumas áreas melhorar, mas vamos aos poucos acho que já há tantas coisas que foram feitas
tanta mudança e tanto investimento que foi feito, mas ainda falta muito por fazer, mas nós
chegamos lá, temos de ir com calma. Porque é que eu digo que gosto muito do pedagógico,
porque primeiro levantam as questões que têm de levantar, e é assim que eu gosto, mas ao
mesmo tempo sempre numa base construtiva.” (DAE)
“Tendo plena consciência que o meu pedagógico não é consensual em alguns temas, mas eu
confio naquelas pessoas” (DAE)
“(…) eu sou uma felizarda no meio disto tudo, porque, para além da direção que confio muito e
tenho plena consciência que sem eles não era capaz de fazer o trabalho que faço, depois tenho
as estruturas intermédias que eu também confio muito, sei que podem ter uma falha aqui ou
podem ter uma falha ali, ou as coisas podem não ser como nós pensamos, mas se não fossem
eles a máquina não andava, tem de ser um esforço conjunto para que a máquina ande.” (DAE)
“(…) que a liderança, e o facto das pessoas se sentirem identificadas com a pessoa que está na
liderança de um agrupamento que ajuda, mas depois se não houver toda uma estrutura por
detrás daquilo e um planeamento bem feito é um fiasco, portanto é muito difícil decidir entre
eles, acho que tem de ser um equilíbrio entre esses dois campos. Ou seja, estar tudo bem
estruturado e bem planificado, mas as pessoas sentirem também confiança e a direção diga
envolvam-se, façam e sejam honestos, respondam de forma coerente sem filtros pois é isso que
nós precisamos realmente para ajudar o percurso do agrupamento. Pois eu posso ser uma
diretora que faço discursos espetaculares e que motivo o pessoal, mas depois se não tenho nada
estruturado nem preparado fica tudo uma confusão e ninguém consegue fazer nada de jeito,
por outro lado a se estrutura está toda muito bem montada, mas depois se não houver esta
fase, esta possibilidade de motivar e dizer participem que não há problema confiem está tudo
bem, se calhar também vai ser ruinoso porque as pessoas sentir-se-iam presas e não seriam
totalmente honestas. Por isso considero importante o equilibro nestes dois campos.” (DAE)
“Nós fazemos o ponto da situação e, sim, reunimos e, sim, falamos desses documentos e, sim,
tentamos perceber. Naturalmente, que depois há todo um conjunto de aplicação de que é que
se vai fazer daqui para a frente, todas as estruturas intermédias acabam por assegurar,
mandamos para os departamentos, mandamos para o Conselho Pedagógico para se debater de
que maneira é que aquilo depois se irá refletir no dia a dia do Agrupamento.” (DAE)
“Naturalmente que são importantes, principalmente se nós conseguirmos que esses momentos
sejam efetivamente reflexivos (…) posso fazer uma reunião geral para apresentar os resultados,
falar com os colegas, agradecer a participação e transmitir as conclusões a que chegámos, mas
não é numa reunião com 120 pessoas que vamos ter um trabalho sério de reflexão, não se
consegue, e, portanto, tem de ser feito em estruturas mais focadas, e aqui os departamentos
têm uma função muito importante.” (DAE)
“Agora também temos de ter a noção que depois quem está à frente do departamento é
fundamental para que existir uma reflexão, pois apresentar apenas os resultados não permite
uma reflexão conjunta.” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“A grande maioria dos resultados eram os esperados um ao outro ponto que surpreendeu, mas
em geral não nós somos um povo de fado e nos professores isso acaba por se refletir. É
importante meditar em alguns campos que a pessoa tem como garantido, também acho que é
extremamente importante o conhecimento e o sentir do pulsar do Agrupamento no dia a dia, o
estar aqui há 19 anos não é a mesma coisa de caíres aqui de paraquedas e não conheceres o
Agrupamento.” (DAE)
“É assim, para mim a mais-valia da implementação deste projeto, tem muito a ver com a
característica da própria SELFIE, que é definir claramente um diagnóstico preciso, daquilo que
são as fragilidades e daquilo que são as potencialidades da escola, e intervir dentro dessas
fragilidades para as tornar potencialidades e isto para mim é a mais-valia da SELFIE. Claro, que
depois, a partir daqui temos um mundo de possibilidades, não é, mas a mais valia é isto mesmo,
é diagnosticar claramente o que é que estamos a fazer bem o que é que está a correr bem,
manter, aproveitar isso que estamos a fazer bem, para depois investir naquilo que está a correr
menos bem. (CAA)
“As medidas agora propostas assumem-se como uma aposta no alargamento gradual a todo o
Agrupamento de experiências positivas conseguidas até ao momento, as quais, aos poucos,
foram sendo assimiladas por todos os atores, com um verdadeiro sentido de pertença e de
colaboração no seio da "Família Ataíde". (PI, p.3)
“Nós não deveremos querer que as coisas aconteçam por injeção, ou seja, enquanto há
resultados que permitem uma atuação mais imediata, aliás, a própria construção do plano de
inovação, há determinadas visões que nós tivemos e que quisemos adaptar tendo em conta os
resultados que tivemos, um bocadinho mais imediatos, mas a educação precisa de tempo.”
(DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Mais uma vez o facto de sermos um Agrupamento inovador permitiu-nos uma visão de
conjunto, que não é fácil, mas no fundo é isso que faz sentido, é nós não tomarmos a as
ferramentas isoladas, (…) na realidade fartamo-nos de trabalhar, mas depois se não houver uma
visão de conjunto que possa agregar estas coisas todas e que possa a fazer as pontes entre as
várias ilhas, andámos a trabalhar muitos sem grande sentido.” (DAE)
“(…) a SELFIE também nos estruturou e nos deu a construção do nosso plano de inovação e nas
mudanças que quisemos estruturar.” (DAE)
“(…) quando eu ponho algo na cabeça que é útil para o agrupamento também é difícil me
demover das minhas ideias e eu sigo em frente, e a SELFIE no fundo permitiu-nos isso quando
nós começámos a perceber já fazíamos tantas coisas, mas que precisávamos de unificar, lá está,
fazer as pontes das várias ilhas daquilo que já íamos fazendo separadamente nas diferentes
ilhas, a SELFIE ajudou na construção do nosso plano de inovação, na utilização da plataforma de
avaliação e de plano de turma.” (DAE)
“(…) eu acredito honestamente que estes passos que temos tido condicionadas pelas análises
que temos feito, através da SELFIE, de toda a realidade e de todo um trabalho, tudo conta num
agrupamento, a experiência de quem já anda há muitos anos, experiência de quem já veio de
outros agrupamentos e que nos traz novidades de outros lados e que de repente nós pensamos
isto também faz sentido aqui. É muito importante a parte de contextualização, mas sim eu acho
que esta ferramenta é importantíssima, um agrupamento que queira dar coesão àquilo que faz,
esta ferramenta é espetacular.” (DAE)
“(…) isto de relações humanas é difícil, já deveríamos ter todos idade para perceber que
questionar não é ofender a competência de cada um (…). As pessoas têm de perceber que ser
diferente não é ser pior, assim como ser diferente também não é ser melhor, é ser diferente!”
(DAE)
“Não se consegue dizer que toda a gente fica muito feliz quando as estruturas intermédias estão
a aplicar as tarefas que lhe foram dadas, não! Mas a grande maioria sente a utilidade e o bom
desempenho dessas estruturas intermédias, sim.“ (DAE)
“(…) grupo de pessoas que quer ir mais além e fazer diferente e ajudar os alunos, motivá-los,
saindo um bocadinho da zona de conforto, acho que consegue mobilizar a maioria dos restantes
para que se faça alguma coisa.” (CAA)
“(…) às vezes sentimo-nos cansados e sentimos o cansaço nos outros, como somos pessoas
empáticas, que gostamos de colocar no lugar dos outros, não é fácil, às vezes, percebermos que
determinadas medidas estão a ser pesadas, mas depois como acreditamos muito no percurso
que está a ser traçado e na evolução que isso irá trazer ao Agrupamento” (DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Nesta segunda implementação sim, sim, claramente, principalmente ao nível de noção que as
pessoas têm de alguns conceitos das perguntas que estão envolvidas, porque a sensação com
que nós ficámos é que da primeira vez houve alguns conceitos que não foram bem explicados
ou que não foram bem entendidos e como tal as pessoas nem sequer tiveram consciência, penso
eu, de algumas das respostas que deram e que não faziam sentido, agora acho que não, com o
esclarecimento desses conceitos e com a sensibilização que foi feita e a divulgação dos
resultados do primeiro selfie acho que alterou completamente.” (CAA)
“O conselho que eu daria, primeiro que tudo seria sensibilizar as pessoas, envolvê-las e motivá-
las, sem isso é difícil. É difícil, porque nunca será uma verdadeira SELFIE e nunca será imagem
real do Agrupamento. Em segundo lugar, depois da sensibilização, o conselho que eu daria era
uma definição clara e objetiva de estratégias de intervenção, uma seleção clara de duas ou três
áreas de intervenção mais fracas, não têm que ser todas, mas duas ou três, e meticulosamente
criar estratégias de atuação para essas áreas e depois, se fosse caso disso, de ano a ano ou ano
sim ano não, ir alterando essas áreas de intervenção. Mas, acho que se tiver que escolher uma,
escolho a sensibilização, sensibilizar bem.” (CAA)
“(…) só uma aplicação da ferramenta não os dá com clareza a visão do Agrupamento, para
conseguirmos ciclicamente implementar estratégias, adequar e reajustar, é fundamental, não
digo todos os anos, mas pelo menos ano sim ano não a aplicação da SELFIE, para também se
perceber a evolução do caminho que o Agrupamento está a fazer e ajustar, ajustar, ajustar,
ajustar…” (CAA)
“Pontos fortes – Criação de uma equipa de gestão pedagógica, para gerir a bolsa de assessorias
e a operacionalização dos Domínios de Autonomia Curricular (DAC) nas turmas, segundo
necessidades dos alunos e sob parecer dos Conselhos de Turma.” (Relatório OQ – 2019.2020,
p.6)
“Pontos fracos – Dificuldade em gerir os recursos humanos existentes na equipa PTE com as
necessidades ao nível tecnológico/digital do Agrupamento. Parque tecnológico insuficiente.
Pouca literacia digital ao nível do pessoal docente (40% encontravam-se nos níveis A1 e A2 -
DigiCompEdu), pessoal não docente e alunos.
Sugestões de melhoria – Continuar a promover a capacitação dos profissionais docentes e não
docentes e dos alunos, nomeadamente através da formação. Continuar a realizar contactos com
entidades locais para estabelecimento de parcerias.” (Relatório OQ – 2019.2020, p.12)
“Análise dos relatórios do Projeto de Autonomia e Flexibilidade (AF), Equipa Pedagógica (EP) e
Estratégia de Escola de Educação para a Cidadania (EEEC), a partir dos quais se realizaram as
seguintes considerações:
Pontos fracos – Dificuldades na planificação e concretização dos DAC (apesar das horas de
trabalho colaborativo atribuídas) Sugestões de melhoria – Reflexão conjunta sobre a
importância e mais-valia do trabalho colaborativo entre os docentes, com possível investimento
na formação nesta área. Reestruturação da forma de planificação, monitorização e avaliação
dos DAC. Os projetos curriculares subjacentes à criação dos DAC devem desenvolver dinâmicas
de aprendizagem centradas no aluno. Coordenação das estruturas AF, EP e EEEC estar centrada
na mesma pessoa.” (Relatório OQ – 2019.2020, p.14)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Acho que a inovação no nosso Agrupamento veio permitir isso, fazer com que os que os que já
cá estavam e já tinham ideias fixas e os que vieram juntaram-se e puxaram por mais uma série
deles que, entretanto, estavam em hibernação e abriram os olhos, ficou aqui um bom núcleo de
professores.” (DAE)
“Vão provocando, eu acho que nós também temos que ter algum cuidado, e eu às vezes sinto
que perco um bocadinho esse cuidado com o impacto que as mudanças trazem, às vezes,
queremos ser tal maneira ambiciosos que podemos causar feridas grandes no impacto que isso
tem nos outros. Por isso, quando analisámos os resultados da SELFIE e nós sentimos que há aqui
coisas que ainda vão precisar de ser mudadas, que precisamos de mexer nelas, mas precisamos
de ter tato na forma como fazemos essas alterações.” (DAE)
“Sentimos que as nossas crianças podem ter uma avaliação mais justa, podem aproveitar
recursos e que tiveram à sua disponibilidade recursos e visões diferentes. E os professores desta
escola utilizaram diversos recursos e dinâmicas que, entretanto, foram criadas, porque se
percebeu que era importante recorrer a entidades exteriores e nós fomos à procura, isto foi
realçado no SELFIE. Fomos à procura, tentando seguir as sugestões, só que de facto às vezes não
temos mãos a medir em tantas atividades e em tantas coisas diferentes que as nossas crianças
têm disponíveis, e é isso que eu quero, que a aprendizagem não se resuma ao contexto de sala
de aula, não quero que seja apenas “agora vamos abrir na página não sei quantos e resolver os
exercícios da página não sei quantos”, não quer dizer que em certo momento isso não seja
importante e necessário mas há um mundo todo que transcende isso e que eu quero que os
meninos (…) percebam que esse mundo existe e que pode chegar à sala de aula deles.” (DAE)
“Tudo precisa do seu tempo de validade, e eu acho que a SELFIE também vai ser uma ferramenta
que nos vai apontar ações, já apontou ações de curto prazo, vai apontar ações de médio prazo
e ações de longo prazo. O que eu gostava muito é que não nos dispersarmos no meio deste
percurso todo, e que percebêssemos que estas ações de continuidade vão contribuir para daqui
a uns anos olharem para o nosso Agrupamento, como eu vejo, como uma vivência em termos
de aprendizagens dos miúdos e que os professores têm uma dinâmica de avaliação e de resposta
às diferenças das crianças, proporcionam-lhes aprendizagens significativas e diversificadas. Se
com a análise que vamos fazendo a curto, médio e a longo prazo conseguirmos lá chegar, ficarei
muito feliz.” (DAE)
“(…) eu prefiro demorar um bocadinho mais e preparar o terreno, depois fazer a pouco e pouco
até dar a atender às pessoas que a transformação veio delas para nós e, não de nós para elas,
para elas sentirem que aquilo é delas. Se conseguirmos fazer isso, porque ainda há algumas
estruturas que eu preciso, eu sinto, que ainda preciso de fazer isso, mas se eu conseguir fazê-las
ver que estão a mudar e que essa mudança veio de uma autoanálise mesmo que eu possa pôr
uns pozinhos de sugestões.” (DAE)
“Eu acho que, a pouco e pouco, as pessoas sentem que nós fazemos diferente, para melhor.”
(DAE)
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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
“Eu acho que mais do que fazer mais, é consolidar o que já foi feito, aquilo que já está num
caminho bom.” (DAE)
“Considero que a escola está a fazer um esforço no caminho da inovação, graças à a energia e a
motivação de algumas pessoas que tentam levar as outras.” (CAA)
“Sendo que a criação do plano de inovação, porque envolveu todos, porque todas as estruturas
foram questionadas e deram a sua opinião relativamente ao que viria a ser o nosso atual plano
de inovação, penso que dessa forma toda a gente contribuiu, toda a gente pôde dar a sua
opinião o seu contributo, se não fez é porque achou que o que estava, estava bem, mas, todos
foram chamados a dar opinião. Eu penso quando as pessoas se envolvem e todos são chamados
a dar opinião, depois é mais fácil de implementar e das pessoas conseguirem, da escola em si
conseguir chegar a algum lado.” (CAA)
“Nós fomos pré-piloto e estávamos a partir pedra, a desbravar um terreno que estava
desconhecido no nosso país. O Instituto reconheceu o nosso papel fundamental neste empenho
sério que houve da equipa, e isso acabou por se revelar depois em várias ocasiões.” (DAE)
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