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UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

SELFIE COMO INSTRUMENTO DE APOIO À GESTÃO


ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO

Magda Isabel de Pedro Barradas

MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Área de Especialidade em Administração Educacional

Dissertação orientada pela Professora Doutora Estela Mafalda


Inês Elias Fernandes da Costa e pelo Professor Doutor Nuno
Miguel Taborda Cid Dorotea

2021
AGRADECIMENTOS

Os melhores agradecimentos aos meus orientadores, Professora Doutora Estela Costa e


Professor Doutor Nuno Dorotea, pela disponibilidade e orientação ao longo deste
trabalho, pelo olhar atento, empatia e sentido de missão.

Um agradecimento especial à Diretora do Agrupamento e à Coordenadora da equipa


SELFIE pelo acompanhamento e disponibilidade demostrada.

Um agradecimento a todos os amigos que de uma forma ou de outra me deram força e


acreditaram em mim.

Um especial sentido de gratidão à minha família, que além de me apoiar também me


ajudou a concretizar mais um sonho da minha vida.

“Há uma força motriz mais poderosa que


o vapor, a eletricidade e a energia atómica:
a vontade.”
Albert Einstein
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

RESUMO

O presente estudo centra-se numa ferramenta digital - SELFIE (Self-reflection on


Effective Learning by Fostering Innovation through Educational technologies) - e em
como esta pode apoiar a gestão organizacional de uma escola. Incidiu, de forma
particular, no Agrupamento de Escolas onde se implementou como Projeto Pré-Piloto em
Portugal. Especificamente, o estudo tem o propósito de perceber as condições
organizacionais que favoreceram a mudança e a influência que a aplicação da SELFIE
teve nos processos de lideranças e nas decisões de cariz organizacional.
Trata-se de um estudo de caso qualitativo, inserido num paradigma interpretativo,
em que as técnicas de recolha de dados foram a pesquisa arquivística, as entrevistas
semiestruturadas, à diretora e à coordenadora da equipa SELFIE, e a observação não
estruturada.
Numa clara intenção de acompanhar a evolução, e uma exigente mudança no
sistema de ensino, com normativos ambiciosos, a escola num esforço conjunto abraçou a
inovação, com a convicção do impacto de melhoria para os seus alunos. A par dessas
mudanças sentiu a necessidade de estruturar um novo rumo nas suas estratégias, tendo a
diretora um papel nuclear nestas decisões, sendo as lideranças fundamentais na orientação
e definição de estratégias. A organização deparou-se com um rápido crescimento, tanto
ao nível pedagógico como tecnológico, e sentiu necessidade de autorregular essas
mudanças. A ferramenta SELFIE revelou-se imprescindível, pois de uma forma eficaz
recolheu as diferentes visões dos seus atores, e permitiu orientar as decisões estratégicas
do Agrupamento.

Palavras-Chave: gestão escolar, lideranças, ferramenta digital, SELFIE, inovação,


autorregulação

i
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ABSTRACT

This thesis is centered in a digital tool for self-regulation, specifically the SELFIE
(Self-reflection on Effective Learning by Fostering Innovation through Educational
technologies), and how it serves as a support to the organizational management of a
school. This study focuses particularly on the school where the Pre-Pilot Project was
implemented in Portugal.
Specifically, the aim of this thesis is to understand the underlying conditions that
favoured the shift and the impact that implementing SELFIE had in the leadership
processes as well as organizational decision-making. This is a qualitative case study
within an interpretive paradigm in which the data retrieving techniques were archival
research, semi-structured interviews to the director and coordinator of the SELFIE team
as well as non-structured observation.
With a clear intention of accompanying evolution and a pressing shift in the
teaching system the school made a joint effort to embrace innovation with ambitious
norms. On top of these changes the school felt the need to trace a new path in its strategies
with the Director having a central role in these decisions, leadership being fundamental
for defining and orienting strategy. The organization witnessed an unprecedent growth
both pedagogically and technologically and with it the need to self-regulate the changes.
The SELFIE tool proved to be uniquely useful as it collected the different voices and
views of its stakeholders in an effective way and allowed to guide the strategic decisions
of the school.

Keywords: school management, leadership, digital tool, SELFIE, innovation, self-


regulation

ii
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................... 2
1.1. A evolução em Portugal das organizações escolares ................................................... 2
1.2. As novas formas de gestão escolar ............................................................................. 5
CAPÍTULO 2 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................................... 8
2.1. Processos de liderança do diretor ............................................................................... 8
2.2. O digital e a avaliação .............................................................................................. 12
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA ......................................................................................... 18
3.1. Enquadramento metodológico ...................................................................................... 18
3.2. Estudo de caso.............................................................................................................. 19
3.3. Eixos de Análise........................................................................................................... 20
3.4. Contexto da ação .......................................................................................................... 21
3.5. Os Participantes............................................................................................................ 24
3.6. Técnicas de recolha e análise de dados.......................................................................... 25
3.6.1. Pesquisa arquivística.............................................................................................. 26
3.6.2. Inquéritos .............................................................................................................. 26
3.6.2.1. Inquéritos por entrevista ................................................................................. 26
3.6.2.2. Inquérito por questionário .............................................................................. 27
3.6.3. Observação ............................................................................................................ 28
3.7. Análise de conteúdo................................................................................................. 29
CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ............................................... 30
4.1. Processo de adesão .................................................................................................. 30
4.1.1. A necessidade de mudança..................................................................................... 30
4.1.2. A adesão ao projeto SELFIE .................................................................................. 32
4.2. Processos de operacionalização ................................................................................ 34
4.2.1. A Equipa SELFIE .................................................................................................. 34
4.2.2. O planeamento estratégico ..................................................................................... 36
4.2.3. Envolvimento dos atores ........................................................................................ 39
4.3. Processos de gestão e liderança ................................................................................ 47
4.3.1. A Direção .............................................................................................................. 47
4.3.2. Estruturas intermédias e processos de liderança...................................................... 52
4.4. Os resultados SELFIE.............................................................................................. 55
4.5. As mudanças organizacionais .................................................................................. 62
4.5.1. O modelo ajustado à organização ........................................................................... 62
4.5.2. A reconfiguração da organização ........................................................................... 64
4.5.3. As mudanças nos papéis de liderança ..................................................................... 67
4.6. Sinais de melhoria na organização ........................................................................... 70
CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 78
LEGISLAÇÃO CONSULTADA ............................................................................................ 83
OUTROS DOCUMENTOS CONSULTADOS ....................................................................... 83

iii
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ÍNDICE DE ANEXOS
ANEXO 1 - Protocolo de investigação: Diretora
ANEXO 2 – Protocolo de investigação – Coordenadora SELFIE
ANEXO 3 – Guião do Inquérito por Entrevista – Diretora
ANEXO 4 – Guião do Inquérito por Entrevista – Coordenadora SELFIE
ANEXO 5 – Transcrição da Entrevista – Diretora
ANEXO 6 – Transcrição da Entrevista – Coordenadora SELFIE
ANEXO 7 – Notas de Campo
ANEXO 8 – Análise de Conteúdo

ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 Estilos de liderança................................................................................................... 9
Quadro 2 Eixos de Análise.................................................................................................... 20
Quadro 3 Listagem de entrevistados....................................................................................... 27
Quadro 4 Áreas dos questionários SELFIE de 2019 ............................................................... 56
Quadro 5 Situações com médias mais baixas destacas dos questionários SELFIE ................... 60

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma de comunicação entre as diferentes entidades através de plataformas
digitais .................................................................................................................................... 12
Figura 2 As tecnologias digitas no processo de autorregulação da escola ................................ 14
Figura 3 Processo de imersão nas tecnologias digitais no AE.................................................. 23
Figura 4 Fases do planeamento da implementação do projeto SELFIE ................................... 40
Figura 5 Percentagem da participação nos questionários SELFIE (2019) ................................ 42
Figura 6 Médias, por áreas e por grupos de participantes, dos questionários SELFIE (2019) ... 58
Figura 7 Fases do planeamento após a aplicação do SELFIE .................................................. 63
Figura 8 O impacto do projeto SELFIE no Agrupamento ....................................................... 73

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Lista de Siglas e Acrónimos


AE – Agrupamento de Escolas
COM-EU - Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité
Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões
E@D – Ensino a Distância
IE-ULisboa – Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
JRC - Joint Research Center da Comissão Europeia
OQ – Observatório de Qualidade
PTDE - Plano de Transição Digital na Educação
SELFIE - Self-reflection on Effective Learning by Fostering Innovation through
Educational technologies
TD – Tecnologias Digitais

v
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

INTRODUÇÃO

O presente estudo centra-se na análise de aplicação de uma ferramenta digital de


diagnóstico organizacional e no modo como a sua utilização influencia as opções
estratégicas do diretor escolar. Concorrendo para providenciar conhecimento no quadro
dos estudos, na área da administração educacional, que se centram na utilização das
tecnologias digitais ao serviço do gestor escolar, observamos a sua contribuição para a
tomada de decisões estratégicas.

A SELFIE (Self-reflection on Effective Learning by Fostering Innovation through


Educational technologies) é a ferramenta estudada, estando direcionada para a
autorreflexão das organizações e para a aprendizagem organizacional, o que permite
questionar em que medida a sua adoção como ferramenta de autorregulação, contribui
para uma melhoria na organização escolar. Assim, a questão de partida desta dissertação
é a seguinte:

-De que modo a ferramenta digital SELFIE influi nas opções organizacionais e nos
processos de decisão de uma diretora de um Agrupamento Escolar, em conjunto com as
diferentes estruturas de administração e gestão (visão estratégica)?

A investigação inscreve-se na linha de pesquisa do IE-ULisboa sobre o trabalho do


gestor escolar, aqui associado ao uso das tecnologias digitais como ferramentas ao serviço
da melhoria de escola.

Num mundo de constantes mudanças, fica cada vez mais difícil acompanhar todas
as alterações, o recurso a tecnologias digitais é um meio facilitador, permitindo mais
rapidamente obter informações sobre a realidade escolar. No entanto, a sua utilização
deve ser cautelosa e fonte de reflexão. Neste estudo, o trabalho da equipa de autoavaliação
da escola revela-se fundamental, uma vez que permite contextualizar os resultados, no
quadro dos processos de gestão escolar.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1. A evolução em Portugal nas organizações escolares

O reconhecimento das organizações educativas como objeto de estudo e da


importância destas na sociedade, promoveu estudos considerando-as como unidade de
análise. Lima (2002) distinguiu, enquanto construções teóricas, “dois tipos de modelos
organizacionais: os modelos analíticos ou interpretativos e os modelos normativistas/
pragmáticos.” (p.37). Nos modelos analíticos destacam-se elementos particulares,
teóricos e empíricos, Lima designa metaforicamente “a escola como burocracia, como
arena política, como anarquia organizada, como sistema debilmente articulado, como
cultura, etc…” (Lima, 2002, p.38). No modelo normativista existe um grande interesse
prático, é utilizada a experiência e o conhecimento, para a definição de princípios, leis,
normas, e orientações para ações. Estes dois tipos de modelos teóricos servem de
referência para analisarmos as organizações educativas, mas não aparecem de forma pura,
ou exclusiva.
É, também, importante perceber que nos últimos anos nem sempre se olhou para as
escolas da mesma forma. Numa primeira fase, o foco de análise seria a relação professor-
aluno, com ênfase em fundamentos da psicologia; numa segunda fase, o olhar deslocou-
se para a sociedade como fator determinante e, numa terceira fase, passou a reconhecer-
se a escola enquanto organização.
As mutações no olhar analítico sobre as organizações educativas foram
acompanhadas por mudanças nas políticas educativas, que também não se podem
dissociar das políticas de administração do Estado Português, como confere Barroso
(2003). Depois da 2ª Guerra Mundial, o aumento dos recursos disponíveis, leva a uma
procura mais generalizada pela educação, o que originou uma escolarização em massa,
traduzindo-se uma fase de expansão do sistema educativo. Como afirma Formosinho &
Machado (2013) o “Estado Educador” tentou promover condições iguais para todos,
através de uma educação pública centralizada, uma incumbência da educação nacional,
que permitia um grande controlo social. No entanto, as desigualdades escolares
continuaram a existir, gerando um período de crítica ao Estado Educador, Formosinho &
Machado (2013) atestam ainda a intencionalidade da “democratização do ensino”, em
1973, passando a ser permitido, no interior da escola, espaços de participação, no entanto

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

o regime político vigente não permitia esses momentos de “democratização”. Após a


revolução de 1974, em paralelo com a alteração do regime político, é que começa uma
democratização no ensino, assinalada como “normalização democrática” (Formosinho &
Machado, 2013). Porém começam a aparecer algumas críticas ao sistema educativo,
crítica essas que tinham duas vertentes distintas, ora se apontava o dedo ao Estado, que
era demasiado central e ineficaz, apelidado por “Estado Obeso”, ora se apontava o dedo
à Globalização, em que se exigia a utilização de novas tecnologias, mais informação e
novas abordagens. “Estas medidas tanto podem obedecer (e serem justificadas), de um
ponto de vista mais técnico, em função de critérios de modernização, desburocratização
e combate à “ineficiência” do Estado (“new public management”), como serem
justificadas por imperativos de natureza política, de acordo com projectos neoliberais e
neoconservadores, com o fim de “libertar a sociedade civil” do controlo do Estado
(privatização), ou mesmo de natureza filosófica e cultural (promover a participação
comunitária, adaptar ao local) e de natureza pedagógica (centrar o ensino nos alunos e
suas características específicas).” (Barroso, 2005, p.726).
A partir dos anos 90, no quadro do apelo à descentralização; com a autonomia das
escolas, emerge o reforço da avaliação, assistindo-se a uma deslocação do Estado
Providente para “Estado Avaliador”, no quadro de uma regulação pelos resultados
(Barroso, 2005).
Em Portugal, o caminho para uma maior autonomia das escolas já se percorre desde
1996, que se consigna em iniciativas legislativas, tais como o Despacho n.º 4848/97 -
Projeto de Gestão Flexível do Currículo, a Portaria n.º 265/2012 e a Portaria n.º 44/2014
- celebração, acompanhamento e avaliação dos contratos de autonomia a celebrar entre
os agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas e o Ministério da Educação e
Ciência, o Despacho n.º 20/2012 - implementação do Programa TEIP2 — Programa dos
Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, pretendendo-se agora alargar a medida
e reforçar a autonomia das escolas integradas em contextos particularmente desafiantes;
o Decreto-Lei n.º 55/2018 – de reforço à autonomia; e a Portaria n.º 181/2019 que
“consagra a possibilidade de ser conferida às escolas uma maior flexibilidade curricular,
concretizada numa gestão superior a 25 % das matrizes curriculares-base das ofertas
educativas e formativas, com vista ao desenvolvimento de planos de inovação curricular,
pedagógica ou de outros domínios.”
Os normativos fazem-se acompanhar por programas/planos nacionais que
consubstanciam as mudanças na escola, e que possibilitam a individualização de modelos

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

organizacionais às realidades de cada escola, ajustando as suas dinâmicas e cultura.


Alguns dos planos nacionais com incidência numa maior gestão da autonomia da escola
foram o Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (Resolução do Conselho de
Ministros n.º 23/2016) e o Plano de Ação para a Transição Digital, de 21 de abril de 2020
(Resolução do Conselho de Ministros n.º 30/2020).
Neste contexto, de uma gestão cada vez mais centrada na Escola, em que estas
procuram modos próprios ou adaptados de se autoavaliar e diagnosticar, “o processo de
avaliação passa sempre pela consideração de padrões de referência (explícitos ou
implícitos, formais ou informais, referenciais nos discursos dos avaliadores ou apenas nas
suas práticas de avaliação)” (Afonso, 2012, p.151). Associada à autonomia, reconhece-se
a importância da autorregulação das escolas e a importância das representações dos atores
sobre os processos de autoavaliação.
Em 2001, no âmbito da Estratégia de Lisboa, o Parlamento Europeu emite
recomendações aos estados-membros, sobre a cooperação europeia em matéria de
avaliação da qualidade do ensino básico e secundário:
“c) Incentivar a auto-avaliação dos estabelecimentos de ensino como método para
promover a aprendizagem e melhorar as escolas, num quadro equilibrado de auto-
avaliação da escola e de quaisquer avaliações externas; d) Utilizar técnicas que visem
melhorar a qualidade, como um meio mais bem adaptado às exigências de um mundo
em rápida e permanente mudança; e) Tornar o objectivo e as condições de auto-
avaliação das escolas mais claros e assegurar que a abordagem à auto-avaliação seja
coerente com outras formas de regulação.” (Recomendação do Parlamento Europeu,
2001, p.52).

Em 2002, entra em vigor o Decreto-Lei n.º 31/2002, que implementa o sistema de


avaliação do sistema educativo, incluindo a obrigatoriedade da autoavaliação, não
especificando os moldes em que esta se deveria efetuar, o que permitiu que muitas escolas
criassem processos muito próprios, com métodos e estratégias muito distintos. A partir
de 2002 e de uma forma progressiva, a autoavaliação passa a ser um processo reflexivo
de toda a escola, permitindo a identificação das potencialidades e das fragilidades de cada
organização. Esta é uma questão que é aprofundada com o Decreto-Lei n.º 75/2008, cujo
artigo 8.º (ponto 2) refere “A extensão da autonomia depende da dimensão e da
capacidade do agrupamento de escolas ou escola não agrupada e o seu exercício supõe a
prestação de contas, designadamente através dos procedimentos de auto-avaliação e de
avaliação externa.” Acresce, ainda, no artigo 9.º, os instrumentos para a respetiva
prestação de contas, onde consta o «Relatório de auto-avaliação». Este Decreto-Lei foi

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

republicado em 2012 (Decreto-Lei n.º 137/2012), mas sem nenhuma alteração no âmbito
da autoavaliação, pelo que é reiterada a sua importância.
O surgimento, em toda a Europa, de estruturas e práticas de avaliação externa das
escolas, é um indicador da ampla difusão. Segundo Barroso (2003) o fenómeno da
globalização encadeou a regulação nacional com a regulação transnacional, por via de
contaminação de políticas. Porém apesar das pressões da globalização, encontra-se
diferenças ao nível nacional, que dependem de ideologias e estruturas já estabelecidas.
De acordo com Tristão (2020), denota-se uma tendência de “aumento da regulação
transnacional e do hibridismo da regulação nacional” (p.95).
Esta importância emergente da avaliação, desde finais do século passado, não pode
ser afastada da gestão das organizações dos processos de liderança, do planeamento como
estratégia de materialização de projetos na escola e da implementação e desenvolvimento
de uma cultura de avaliação.

1.2. As novas formas de gestão escolar

Com a publicação do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, o órgão colegial de


administração das escolas deu lugar a um órgão de administração unipessoal (diretor),
com base na intenção declarada de reforçar a prestação de contas do serviço público de
educação. Este acentuar do papel desempenhado pelo diretor faz-se acompanhar de
pressões externas e internas crescentes e de um aumento das suas responsabilidades que,
para além, da componente administrativa, devem assumir o papel de “animadores
pedagógicos” e “agentes de mudanças”, uma vez que têm de coordenar a atividade
educativa e mobilizar a escola para as reformas escolares (Cattonar, 2006, p.197).
Nos últimos anos têm surgido diversos planos/programas nacionais ao nível da
educação, tais como: o Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular (PAFC), Projeto-
Piloto de Inovação Pedagógica (PPIP), Planos de Inovação, Plano Digital. As recentes
alterações introduzidas nas políticas educativas requerem das escolas a capacidade de
resposta às novas demandas, tornando impreterível que os diretores sejam capazes de
mobilizar a comunidade escolar, de forma a promover a melhoria de escola.
Ora, a gestão não é “um talento pessoal, algo inato, mas antes uma competência ou
capacidade passível de ser ensinada/aprendida” (Fayol, 1917, p.12), cujas principais
funções consistem em: planear, organizar, coordenar e controlar. O controlo está

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

associado aos processos de monitorização e avaliação e os diretores confrontam-se hoje


com inúmeras transformações, as quais, segundo eles, têm um grande impacto na sua
função e no funcionamento da escola (Cattonar, 2016). Se por um lado é dado mais
autonomia aos diretores também lhes é exigido uma maior prestação de contas, das suas
decisões e dos seus resultados. Assim, o seu desempenho encontra-se cada vez mais
ligado com a equipa de autoavaliação, criando procedimentos de regulação, nas diferentes
áreas da escola.
A par de todas estas mudanças, na Educação, em Portugal, o recurso às tecnologias
tem assumido um papel preponderante, no sentido conferido por Freitas (2013) de que “o
fluxo global de informação e a partilha de recursos tornaram-se uma realidade de
potencialidades inesgotáveis” (p.1). No entanto, a utilização das tecnologias digitais
como ferramentas ao serviço da autorregulação e melhoria de escola na área da
administração ainda é um tema não muito explorado (Piedade, 2014, 2017).
Em 2018, a Comissão Europeia sinaliza a necessidade de encarar de forma ativa a
mudança tecnológica, reforçando a sua importância nas escolas (COM-EU, 2018, p.3).
Neste sentido, foram desenvolvidas várias iniciativas e foi notório o investimento em
tecnologias para a educação e para o desenvolvimento de competências digitais, no
entanto nem sempre se alcançou o esperado, como é referido pela Comissão Europeia:

“Apesar dos progressos e de excelentes exemplos de inovação, estas iniciativas


foram, muitas vezes, de curta duração ou decorreram a uma escala limitada,
produzindo um impacto marginal na globalidade do sistema. Em parte, esta situação
pode explicar-se pelo facto de o potencial de digitalização da educação não ser
amplamente visível e compreendido.” (COM-EU, 2020, p.2)

Em 2020, com a pandemia Covid-19 as organizações escolares, assim como toda a


sociedade, tiveram de se ajustar à nova realidade que se vivia, a escola à distância teve
necessariamente de ser muito diferente e as tecnologias digitais foram a única ligação
possível. Situação também referida pela Comissão Europeia “A crise decorrente da
Covid-19 colocou-nos, pela primeira vez, perante uma situação em que poucas foram as
alternativas ao recurso às tecnologias digitais para garantir a continuidade da educação e
da formação.” (COM-EU, 2020, p.2)
A partir desse momento as tecnologias digitais assumem uma relevância ainda
maior e inquestionável, aumentando o investimento na capacitação digital. A utilização
das tecnologias digitais em contexto de aula teve evidentemente um aumento e uma
valorização, existindo inúmeros estudos sobre o tema. Mas a tecnologia não é apenas

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

utilizada nesse contexto, cada vez mais a gestão escolar está assente em processos digitais.
Como referem Piedade e Dorotea (2017), cada vez mais estudos internacionais apontam
diversas potencialidades das tecnologias na qualidade dos processos de gestão escolar
(Haddad & Jurich, 2002; Maki, 2008; Zainally, 2008; Saiti e Prokopiadou, 2009):

“Neste domínio, Haddad e Jurich (2002) apresentam 3 ideias chave: a) permitem


uma gestão mais eficiente de processos ligados à gestão, à supervisão do progresso
dos alunos e à gestão de recursos; b) tornam os processos de transações
administrativos mais fáceis e ‘amigáveis’; e c) promovem a comunicação entre a
gestão, os professores, os alunos, os pais e a restante comunidade.” (Piedade &
Dorotea, 2017, p.4)

Atualmente é impossível dissociar a organização escolar, nas suas diferentes


vertentes, da utilização de ferramentas digitais. Reconhecendo-se as vantagens da
utilização das tecnologias, estas dependem do desenvolvimento de competências digitais
e organizacionais para consegui-lo. Em Portugal, foi estabelecido um Plano de Ação para
a Transição Digital, para o desenvolvimento digital, onde se incluiem as escolas, que
ainda de uma forma muito inicial criaram um Plano de Ação para o Desenvolvimento
Digital das Escolas (PADDE), com áreas de intervenção nos diferentes domínios da
organização escolar no âmbito das tecnologias digitais: Envolvimento Profissional,
Ensino e Aprendizagem, Avaliação das Aprendizagens, Desenvolvimento Profissional
Contínuo e Liderança.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

CAPÍTULO 2 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Processos de liderança do diretor

Nas organizações educativas a liderança tem vindo a assumir um papel cada vez
mais importante e de destaque, considerada crucial para a mudança tornando-as mais
eficazes e de melhor qualidade (Trigo & Costa, 2008, p. 562). “O quadro da progressiva
autonomia, responsabilização e prestação de contas dos estabelecimentos de ensino dá
novo alento a esta questão colocando os líderes escolares no centro estratégico de um
desenvolvimento organizacional que se pretende coeso, eficaz e de qualidade” (Costa,
2000, p. 30).
Como aponta Nóvoa (1992), “a coesão e a qualidade de uma escola dependem em
larga medida da existência de uma liderança organizacional efectiva e reconhecida, que
promova estratégias concertadas de actuação e estimule o empenhamento individual e
colectivo na realização dos projectos de trabalho” (p.26). A liderança implica capacidade
de motivação dos colaboradores, visando alcançar os seus objetivos e os da organização
(vd. Freitas, 2013). A gestão está estreitamente ligada com tarefas, segundo Chiavenato
(1999) cada administrador desempenha funções administrativas que englobam quatro
passos: planear, organizar, dirigir e controlar, mas uma liderança remete para um processo
onde é exercida uma influência intencional sobre outros indivíduos para a realização de
atividades (Yukl, 1998).
A liderança tem sido objeto de diversos estudos, a sua complexidade gerou muitas
teorias com diferentes perspetivas. Podemos considerar diferentes abordagens à
liderança. A abordagem dos traços (Gibb, 1947; Jenkins, 1947), o líder influencia o
comportamento dos outros através de traços específicos de personalidade: intelectuais,
sociais, comunicacionais,
De acordo com os estilos de liderança (Lewin et al, 1939), podem-se considerar três
estilos de liderança: a autocrática – muito centrada no seu líder, de controlo hierárquico;
a democrática – que toma as decisões em grupo; e a liberal – onde é dada a liberdade aos
seguidores para a tomada de decisões, quase sem a participação do líder. Obviamente que
não existe um líder com um estilo puro, os líderes poderão ter uma tendência para um
estilo, mas poderão alternar de estilo dependo da situação que se deparam.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Neste contexto, salienta-se a abordagem situacional, que faz depender a capacidade


de liderança do contexto, da situação e dos atores envolvidos (Tannenbaum &
Schmidt,1958; Hersey & Blanchard,1988).
Alguns autores procuraram agrupar essas várias conceções ou “tipos”. No quadro 1
estão descritas de forma sucinta as oito tipologias de liderança consideradas por Bush e
Glover (2003).

Quadro 1
Estilos de liderança
Bastante focada e preocupada com o ensino e a
Instructional
(Instrucional) aprendizagem.
Construção de um interesse comum entre líderes e

Transformational seguidores.
(Transformacional) Foco central da liderança deve ser os compromissos e
as capacidades dos membros da organização.
Foco da liderança está nos valores e na ética dos
Moral
próprios líderes.
Fortemente preocupada que as decisões sejam tomadas
Participative
em grupo.
Foco dos líderes deve estar em funções, tarefas e
Managerial
comportamentos.
Concentra-se na experiência, dos líderes e professores,
Post-modern
e nas diversas interpretações.
Concentra-se nas relações que os líderes mantêm com
Interpersonal os professores, estudantes e outras pessoas ligadas à
escola.
Reconhece a natureza diversa dos contextos escolares e
as vantagens de adaptar os estilos de liderança à
Contingent
situação específica, em vez de adotar uma postura de
'tamanho único'.
Fonte: Bush & Glover (2003)

A liderança instrucional preconiza um relacionamento em que o Diretor e os seus


professores influenciam os processos instrucionais essenciais, segundo os autores,

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

reconhece as contribuições de Diretores e professores para as atividades centrais da


educação: currículo, instrução e avaliação.
Na liderança transformacional, o líder procura redefinir os propósitos de trabalho
da organização (Burns, 1978), focando-se no bem comum. Segundo Bass (1998), ainda
se podem considerar quatro dimensões de liderança transformacional:
• Influência idealizada, o líder tende a provocar emoções nos seus
seguidores e promover-se com o líder;
• Estimulação intelectual, o líder fomenta a consciencialização dos
problemas e incentiva novas perspetivas;
• Consideração individualizada (do indivíduo), o líder incentiva, apoia e
promove a formação de cada um
• Motivação inspiradora, o líder comunica transmitindo uma visão
apelativa, incentivando os seus seguidores.
Os modelos instrucionais e transformacionais são consistentes com a noção de que
a liderança emerge de todos os níveis da organização escolar.
Acresce, também, a existência da liderança distribuída, que põe em realce o trabalho
em rede onde se deseja existir liderança dispersa (Spillane, 2001, 2004; Gronn, 2000,
Harris, 2007). Harris (2007) define o conceito de “distributed Leadership”, que se pode
traduzir por liderança distribuída ou dispersa, quando há múltiplos líderes e os processos
de liderança estão amplamente distribuídos, onde é dada maior relevância às interações
entre os atores do que as ações de liderança formal. Segundo Harris (2007) existem
benefícios para as organizações com lideranças distribuídas, destacando algumas
vantagens, tais como o trabalho colaborativo, a diversidades de funções que as pessoas
têm em momentos diferentes, nem tudo se resume a relações top-down ou bottom-up.
Assinala, porém, problemas de operacionalização/monitorização de lideranças
reconhecidas como distribuídas.
Segundo Hermann. (2016), na liderança distribuída, o líder formal é substituído por
múltiplos líderes, mais informais do que formais. Em todas as organizações educacionais
de todos os tempos houve lideranças informais, mais ou menos atuantes.
Cada escola é única na sua combinação de variáveis institucionais. Como se
analisou a liderança tem um forte impacto no desenvolvimento da organização escolar,
no entanto o contexto escolar e a cultura de escola têm também um grande impacto, tanto
social quanto organizacional.

10
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Clímaco (2005) defende que a escola deve ser uma organização que
continuamente aprende e só assim estará apta para a mudança e para progredir. Reforça
que é necessária uma valorização da análise crítica, refletida e fundamentada para um
aumento do capital intelectual da organização. Para tal, é crucial um planeamento
estratégico, com as seguintes etapas: análise, discussão de resultados, reflexão e
reformulação dos processos.
A gestão de relações e de equipas não é linear e as relações humanas são sempre
complexas, um líder terá de gerir a interação entre pessoas e grupos para um trabalho
conjunto. Hargreaves & O’Connor (2018), sugerem 7 etapas para um líder implementar
dinâmicas colaborativas nas escolas:

(1) Implementar devagar, dar tempo para se construírem relações e confiança,


ver os resultados e as transformações;
(2) Integrar processos de colaboração informal, não contemplar só os formais;
(3) Nas dinâmicas de observação crítica e de análise de práticas, criar
protocolos, para criar alguma distância do indivíduo e separar as críticas
dos críticos;
(4) Aceitar as diferenças de cada um, diferentes formas de colaboração e
diferentes dinâmicas;
(5) Impedir que experiências negativas sejam um entrave para novas
experiências;
(6) Usar a tecnologia digital para expandir a colaboração;
(7) Aprender a deixar ir - dosear a presença do líder, há alturas em que é preciso
encorajar e promover dinâmicas, mas, por vezes, a melhor forma de gerar
desenvolvimento organizacional é sem a presença do líder.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

2.2. O digital e a avaliação

As exigências da sociedade são cada vez maiores, existindo uma crescente pressão
para que as escolas apresentem informação sobre os resultados que obtêm de forma
sistematizada (Lima, 2008, p.34). Nesse sentido, tem-se assistido:
“a uma proliferação de plataformas informáticas (PI) nas escolas do ensino
público, umas disponibilizadas pelo poder central, outras adquiridas pelas próprias.
O intuito destas plataformas é a automatização de tarefas, a desmaterialização de
processos e a sua modernização, de forma a permitir uma economia de tempo e de
recursos, bem como facilitar a ação dos gestores das escolas.” (Catalão & Pires,
2020, p. 86).

Ademais, a própria administração central criou um fluxo de comunicação entre


Escolas, Autarquia, Encarregados de Educação e Parceiros externos às escolas, através
de Plataformas digitais (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma de comunicação entre as diferentes entidades através de plataformas
digitais

Administração
Central

Plataformas digitais

Encarregados
Autarquia Escola de educação

Parceiros

Cada vez mais o recurso a plataformas digitais é uma forma de comunicação e, até
mesmo, de monitorização, entre diferentes entidades, sistematizando e formalizando a
informação veiculada entre elas.

12
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“O Estado, sob a bandeira da modernização na gestão e da intensificação de


processos de descentralização, exerce uma ação mediada por plataformas informáticas,
que permite um maior controlo sobre os atores escolares e consequentemente um reforço
do centralismo.” Catalão & Pires, 2020, p. 86).
Importa referir que as plataformas digitais nas escolas assumem várias finalidades,
existem plataformas centralizadas e impostas pelo Estado, nomeadamente pelo Ministério
da Educação, outras assumem um papel organizacional interno, outras têm um papel de
suporte pedagógico e outras ainda de apoio à autorregulação. Efetivamente, “As
plataformas informáticas estão omnipresentes nos processos de gestão escolar desde a
gestão de pessoal à gestão pedagógica, surgem como instrumentos facilitadores da ação
da gestão e constituem um meio de simplificação da ação do diretor.” (Catalão & Pires,
2020, p. 86).
Pede-se às escolas que estabeleçam os seus processos, as suas metas e a sua forma
de monitorização, com o intuito de conseguirem uma “prestação de contas” e uma
autorregulação. Porém, para além da neoburocratização, de que nos fala Lima (2008), as
tecnologias podem ser facilitadoras de processos de avaliação e diagnóstico e
desenvolvimento das escolas, e de apoio aos processos de gestão escolar, nomeadamente
no quadro da avaliação e monitorização.
As vantagens da autoavaliação das escolas são referenciadas na generalidade dos
autores deste tema (Clímaco, 2005; Afonso, 2002, 2009; Simões, 2013; entre outros).
Como refere Afonso (2002), a autoavaliação não só é crucial para melhorar o
desempenho, dos professores e dos alunos, decorrentes de um sentimento de satisfação,
mas também,

“pode revelar-se um óptimo instrumento de apoio ao marketing escolar na gestão


da imagem pública da escola, permitindo identificar e dar relevo aos pontos fortes
do desempenho organizacional. O pressuposto é o de que uma boa imagem pública,
face à comunidade, aos pais e encarregados de educação, às autoridades locais e à
tutela política, gera mais credibilidade e portanto mais apoios e mais recursos.”
(Afonso, 2002, p. 214)

Segundo Ferreira (2017), é importante investir na análise das áreas funcionais das
organizações escolares e nos fatores que relacionem a utilização das tecnologias com as
condições profissionais, permitindo tomar decisões mais consistentes sobre a adoção e
utilização das tecnologias em ambiente escolar. Vivemos numa era digital em que a
própria liderança mudou, onde muitas das teorias já não fazem mais sentido para o estudo
em um cenário, volátil, instável, complexo e amplamente competitivo.

13
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Assim, a autoavaliação é fundamental para a tomada de decisões dos líderes de uma


organização escolar, por forma, a conseguirem traçar um planeamento estratégico
contextualizado e adequado para a melhoria da escola. Atualmente, é impensável que esta
gestão seja eficaz se não for suportada pelas vantagens que as tecnologias digitais nos
possibilitam. O fluxograma seguinte (Figura 2) descreve este processo e a aplicação das
tecnologias digitais em todas as fases do processo.

Figura 2
As tecnologias digitas no processo de autorregulação da escola

Autoavaliação Liderança

Tecnologias
Digitais

Melhoria da Planeamento
Escola estratégico

As direções determinam estes processos, desde logo, pela importância atribuída à


autoavaliação nas escolas, começando pela escolha dos elementos da equipa de
autoavaliação e pela gestão dos resultados obtidos. A constituição das equipas de
autoavaliação é também determinante para todo o processo, e esta é uma decisão
exclusiva do diretor. Simões (2013) distingue estas equipas pelos princípios definidos,
umas por “equipas restritivas” e outras por “equipas alargadas”, as primeiras como
equipas exclusivas de professores centradas num trabalho técnico e as outras constituídas
com outros elementos da comunidade educativa, numa abordagem mais participativa (p.
34).
Porém, observa-se muitas vezes que a aceitação por parte dos pares das equipas
de autoavaliação é negativa perante as conclusões apresentadas e em diversas situações
ocorridas e reações observadas ou verbalizadas de forma direta, chegam os pares a

14
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

catalogarem as equipas de autoavaliação como controladores, afastando-se dos


verdadeiros propósitos para que estas equipas foram formadas (Vanhoof, Petegem &
Maeyer, 2009). Este tipo de atitudes, revelam lacunas no envolvimento, participação,
responsabilidade e compromisso dos diferentes atores, bem como na reflexão individual
e coletiva. Como refere Simões (2013), num processo de avaliação interna é necessária
uma mobilização geral, o que não significa que terá de existir um consenso geral, mas
sim, que todos participarão no processo, percebendo os princípios e finalidades,
contribuindo para um debate conjunto. Nem todos os professores conseguem, ainda,
reconhecer a importância de uma comunidade aprendente, como meio de aprendizagem.
A União Europeia reconhece que:

“A transformação digital na educação está a ser impulsionada por avanços na


conectividade, pela utilização generalizada de dispositivos e aplicações digitais, por
imperativos de flexibilidade individual e pela procura crescente de competências
digitais. A crise da Covid-19, que teve um forte impacto na educação e na formação,
acelerou a mudança e proporcionou uma oportunidade de aprendizagem.” (COM-
EU, 2020, p.1).

De forma clara existe um investimento da UE ao nível digital nas organizações


escolares, manifestado através do seu Plano de Ação para a Educação Digital.
“No primeiro Plano de Ação para a Educação Digital, adotado em 2018, a UE
preconizou um conjunto de medidas para a digitalização na educação. À medida que
prossegue a transição digital e a crise de saúde pública traz novos desafios, o novo
plano de ação centra-se na mudança digital a mais longo prazo na educação e na
formação” (COM-EU, 2020, p.3).

A dificuldade sentida ao longo dos anos prende-se com a inexistência de


instrumentos fiáveis que, auscultando a comunidade educativa, permitam o diagnóstico
sobre como a tecnologia está integrada em contexto educativo, como é utilizada e como
acrescenta valor aos processos organizacionais e pedagógicos.
As mudanças e as novas manifestações de autorregulação, impostas pelos
normativos legais, suscitam o interesse em investigar o papel preponderante das
tecnologias digitais, na comunicação e na liderança de uma organização escolar. (Freitas,
2013, p.7). Nesta linha:

“Para apoiar um ecossistema de educação digital altamente eficaz, a Comissão


Europeia prosseguirá as seguintes ações:
Utilizar os projetos de cooperação Erasmus para apoiar os planos de
transformação digital dos estabelecimentos do ensino básico, secundário,
profissional (EFP) e superior, bem como das escolas de formação de adultos.
Promover a pedagogia digital e a especialização na utilização de ferramentas digitais

15
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

para os professores, incluindo tecnologias de apoio e conteúdos digitais através das


Academias de Professores Erasmus, e lançar uma ferramenta de autoavaliação em
linha para os professores, SELFIE for Teachers, com base no Quadro Europeu de
Competência Digital dos Educadores, a fim de contribuir para a identificação dos
pontos fortes e das lacunas nas respetivas competências digitais, técnicas e
pedagógicas.” (COM-EU, 2020, p.14).

Esta iniciativa terá por base a ferramenta SELFIE que a Comissão desenvolveu para
as escolas e que permitirá a professores, estudantes e dirigentes escolares analisar a forma
como as tecnologias são utilizadas na respetiva escola e planear eventuais melhorias. A
ferramenta SELFIE1 (Self-reflection on Effective Learning by Fostering the use of
Innovative Educational Technologies) pode ser utilizada por qualquer escola do ensino
básico, secundário ou profissional, em qualquer parte do mundo e está disponível em 32
línguas. Novas funcionalidades e material de apoio vão sendo disponibilizados às escolas:
https://ec.europa.eu/education/schools-go-digital_en). (COM-EU, 2020, p.14)
Neste sentido a Direção Geral de Educação de Portugal (DGE) tem feito um
investimento, através de alteração de políticas educativas e diversificação de projetos
educativos de apoio às escolas. Um exemplo desse investimento, em colaboração com o
Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (IE-ULisboa) são os projetos piloto
realizados nos últimos anos no âmbito da competência digital dos docentes e no
desenvolvimento da proficiência digital das escolas, suportados pelos referenciais
teóricos DigCompEdu e DigCompOrg, aos quais se associam as ferramentas de
diagnóstico neles suportados, a Check-In e a SELFIE, respetivamente.
O DigCompEdu - Quadro Europeu de Competência Digital para Educadores,
desenvolvido pelo Joint Research Center da Comissão Europeia (JRC), tem como
objetivo permitir aos docentes autopercecionar as suas competências digitais em várias
dimensões pedagógicas, permitindo assim o seu desenvolvimento mais abrangente em
todos os níveis de educação.
Após o mapeamento das competências digitais dos professores, é importante
perceber como se mobilizam essas competências nas organizações escolares. A
ferramenta de diagnóstico SELFIE, igualmente desenvolvida pela JRC e suportada no
referencial DigCompOrg - Organizações Educativas Digitalmente Competentes, permite

1
A SELFIE é uma iniciativa da Comissão Europeia e é financiada através do Programa Erasmus e é gratuita. A
ferramenta foi desenvolvida com uma equipa de peritos de escolas, ministérios da educação e institutos de investigação
de toda a Europa. As instituições parceiras incluem a Fundação Europeia para a Formação, o Centro Europeu para o
Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP) e o Instituto de Tecnologias de Informação para a Educação
da UNESCO. (Site da SELFIE)

16
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

obter resultados sobre os níveis de integração e utilização das tecnologias digitais na


educação em diversas dimensões. A recolha de dados é feita automaticamente através de
um questionário online aplicado a professores, dirigentes e alunos, que abrange um
conjunto vasto de áreas: liderança, infraestruturas, equipamento, desenvolvimento
profissional contínuo, ensino e aprendizagem, práticas de avaliação e competência digital
dos alunos.
Recentemente, em colaboração com o IE-ULisboa, a DGE apostou na conceção e
implementação de um projeto nacional promotor do desenvolvimento digital nas
organizações educativas. Sustentando-se nos bons resultados do projeto piloto de
competência digital de docentes desenvolvido em 2019 em 5 agrupamentos de escolas, e
no projeto pré-piloto SELFIE que se desenvolveu em 2019 inicialmente num
agrupamento de escolas e se expandiu em 2020 para cerca de 82, foi concebido e
implementado a partir de 2021 o Plano de Transição Digital na Educação (PTDE)
destinado a todos os docentes e a todos os agrupamentos de escolas públicos de Portugal
Continental. O PTDE consiste no desenvolvimento das competências digitais dos
docentes através da sua capacitação em contexto formativo. Através da aplicação do
diagnóstico Check-In, sustentado no Framework DigCompEdu, identificou-se o nível
atual de competência digital dos docentes para permitir a constituição de turmas de
formação mais homogéneas. Numa outra dimensão, o PTDE proporcionou às escolas o
apoio na implementação da ferramenta de diagnóstico SELFIE, permitindo a cada escola
identificar as áreas mais fragilizadas e, consequentemente, a conceção de um plano de
ação estratégico para o desenvolvimento digital da organização em 3 dimensões:
tecnológica, organizacional e pedagógica.
De salientar que em ambos os projetos a escola onde se realizou o presente estudo
foi a escola pré-piloto e cujos resultados ajudaram a conceber a estrutura inicial do PTDE.

17
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA

3.1. Enquadramento metodológico

O presente estudo, insere-se numa abordagem metodológica mista de recolha e


análise de dados, embora com maior incidência no cariz qualitativo, com base no
paradigma interpretativo, “analisar a realidade social a partir do interior da consciência
individual e da subjetividade, no contexto da estrutura de referência dos atores sociais, e
não na estrutura de referência do observador da ação” (Afonso, 2014, p.34).
Tal como afirmam Denzin e Lincoln (2003), a investigação qualitativa é
concretizada através de um conjunto de atividades interpretativas, sem se privilegiar
nenhuma das práticas metodológicas em detrimento de outras. Como refere Nunes e
Ribeiro (2008, p.244) é o investigador, que através da sua reflexão e das suas decisões, o
responsável pelo rumo seguido no processo de construção do conhecimento durante a
investigação, “não havendo uma sequência rígida de procedimentos a serem
obrigatoriamente executados” (Amado, 2013, p.117)
Entenda-se como “estratégia de investigação” ou simplesmente “metodologia”, a
forma de orientar a compreensão e a investigação num determinado campo, a partir do
conhecimento de dados obtidos pela experiência. Segundo Esteves (1986) podemos
definir metodologia como: “um corpo misto de conhecimentos onde se interligam, para
além das técnicas próprias de uma disciplina científica ou apropriáveis por ela, elementos
teóricos e metodológicos subjacentes quer àquelas quer à prática no seu conjunto de
investigação disciplinar, de modo a traçar a lógica de aproximação à realidade”. (Amado,
2013, p.117).
Nesta investigação o estudo é descritivo, pois “procede-se a uma narrativa ou
descrição de factos, situações, processos ou fenómenos que ocorrem perante o
investigador, quer tenham sido diretamente observados por ele, quer tenham sido
identificados e caracterizados através de material empírico relevante” (Afonso, 2014,
p.43), sem confirmar hipóteses nem generalizar teorias.
“Deste modo, a preocupação central não é a de se os resultados são susceptíveis de
generalização, mas sim a de que outros contextos e sujeitos a eles podem ser
generalizados” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 66).

18
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

3.2. Estudo de caso

O design metodológico é o estudo de caso, pois trata-se “de estudar o que é


particular, específico e único” (Afonso, 2014, p.74). Segundo Yin (1994), este design
deve ser escolhido quando as questões às quais o investigador procura responder são
“como” ou “porquê”; e quando o foco do estudo são fenómenos contemporâneos no seu
contexto real.
Um dos aspetos que os estudos de caso têm em comum é a dedicação ao
conhecimento e descrição do idiossincrático e específico como legítimo em si mesmo,
logo o investigador não está preocupado com a generalização (Walker, 1993). Nos
estudos de caso de investigação, a intenção do investigador é compreender as
particularidades do caso, no seu todo e na sua unicidade. Também Stake (2007) sublinha
a ideia de que se espera “que um estudo de caso consiga captar a complexidade de um
caso único” (p.11). O investigador deverá ter a sensibilidade para manter a unidade do
objeto em estudo, preocupando-se com a sua integridade e com as finalidades da
investigação (Amado, 2013), fazendo uma análise reflexiva e contextualizada que
possibilite a compreensão dos sentidos da ação. “É este esforço reflexivo que permite o
investigador «distanciar-se» epistemologicamente do objeto de estudo que vai
construindo, tornando «estranho» o que era familiar, e pondo em causa o que parecia
óbvio” (Afonso, 2014, p. 50).
Stake (1995) distingue três tipos de estudo de caso: intrínseco, instrumental e
coletivo. No intrínseco consegue-se conhecer com alguma profundidade aquela realidade
em particular, sem conseguir generalizar-se o conhecimento obtido. No instrumental
consegue-se obter um entendimento generalizável partindo do estudo de um caso
particular. No caso de estudo coletivo, este debruça-se no estudo de múltiplas realidades
que lhe permitem estabelecer ligações entre os dados obtidos dessas mesmas realidades.
Tendo em consideração a natureza desta investigação, é considerado um estudo de
caso instrumental, pois é o estudo específico de um Agrupamento, que permitir-nos-á
retirar conclusões gerais sobre os processos de mudança na organização educativa
decorrentes da utilização de uma ferramenta de diagnóstico.
Assim, a questão de partida é a seguinte:
De que modo a ferramenta digital SELFIE influi nas opções organizacionais
e nos processos de decisão de uma diretora de um AE, em conjunto com as
diferentes estruturas de administração e gestão (visão estratégica)?

19
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

3.3. Eixos de Análise

Por forma a nortear a investigação consideram-se três eixos de análise, com


objetivos e questões específicas:

Quadro 2
Eixos de Análise

Eixos de Métodos de
Objetivos Como? Quando? Porquê?
Análise Recolha
 Porque é que a organização sentiu a
− Entrevista
necessidade de aderir ao SELFIE?
 Como se deu a adesão? (tomada de semiestruturada à
Conhecer as
decisão, comunicação/auscultação dos Diretora do e à
razões e a
I. Adesão atores escolares, etc.) Coordenadora da
cronologia da
 Que condições na organização equipa SELFIE
adesão ao projeto. permitiram/incitaram a adesão? − Análise
 Em que medida a adesão está associada a
documental
uma opção estratégica do AE?
 Como foi delineada a implementação do − Entrevista
projeto? (o planeamento, quem foi semiestruturada à
envolvido, como foram envolvidos)
Analisar o modo Diretora do AE e
 No contexto da gestão escolar, quais as
como o projeto principais alterações que resultaram da sua à Coordenadora
II. foi acolhido pelos implementação? da equipa SELFIE
Receção atores e  Quais as perceções dos efeitos nas rotinas − Análise
operacionalizado organizacionais da escola? documental
na organização  Que desafios se apresentaram do ponto de − Observação não
vista de coordenação dos atores?
estruturada
 Como foram comunicados/analisados os
dados obtidos? − Notas de campo
 Quais as perceções acerca da relação do
projeto com a autoavaliação e a avaliação
externa da escola?
 Quais as perceções acerca dos efeitos do − Entrevista
projeto a nível da gestão? semiestruturada à
 Quais as perceções acerca dos efeitos do Diretora do AE
projeto a nível pedagógico e
Analisar o papel organizacional? − Entrevista
do projeto nos  Qual a importância dos processos de semiestruturada a
III. processos de coordenadores
liderança na operacionalização do projeto?
Efeitos
autorregulação e  Que áreas da SELFIE se apresentaram − Análise
de melhoria como prioritárias? Eram as esperadas? Que documental
alterações organizacionais aconteceram
− Observação não
nestas áreas?
 Que mudanças nas funções e papéis das estruturada
estruturas intermédias foram − Notas de campo
implementadas?
 O que melhorou na escola com este
processo?

20
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

3.4. Contexto da ação

O Agrupamento de Escolas pertence à periferia de Lisboa, numa freguesia de Vila


Franca de Xira, “abrange um território educativo situado na fronteira entre um meio
urbano, subúrbio de Lisboa, e um meio com características mais rurais.” (PE, p.7). A sua
população é heterogénea, embora se consiga identificar um grande grupo de alunos
provenientes de famílias pouco numerosas (um ou dois filhos), de nível económico
médio, também existem famílias numerosas e de nível económico mais baixo (PE, p.7).
A Escola iniciou a sua atividade no ano 2001, mais tarde, em 2005, tornou-se sede
de um Agrupamento de Escolas. Atualmente, tem cerca de 100 professores e 950 alunos,
desde o pré-escolar até ao 9.º ano. Grande parte dos alunos vive próximo da escola, apenas
uma pequena percentagem de alunos não é de origem portuguesa e mais de metade dos
alunos usufrui de Apoio Social Escolar (PE, p.13 - 14).
O AE foi convidado em 2019 pelo IE-ULisboa e pela DGE para participar no
Projeto Piloto em Competências Digitais para Educadores, o que envolveu a aplicação de
um questionário de autorreflexão a todos os docentes, para identificar os seus níveis de
competência digital em cada uma das 6 áreas de competência do Quadro Europeu de
Competência Digital para Educadores (DigCompEdu). Os resultados deste questionário
serviram como avaliação diagnóstica do AE, possibilitando a realização de formação de
docentes por níveis de competência digital.
No final desse ano, o AE foi convidado para ser a escola pré-piloto de
implementação de um projeto europeu, o SELFIE (Self-reflection on Effective Learning
by Fostering Innovation through Educational technologies), desenvolvido pela DGE em
colaboração com o IE-ULisboa. Este projeto foca-se na autorreflexão sobre a
aprendizagem eficaz fomentando a inovação através de tecnologias educativas. A
SELFIE é uma ferramenta online e gratuita de autoavaliação da utilização das tecnologias
no ensino e na aprendizagem, foi uma das 11 iniciativas adotadas pela Comissão Europeia
em 2018 no Plano de Ação para a Educação Digital.
No Agrupamento existia um investimento na utilização das tecnologias, na forma
organizacional, já instituída, mas mais recentemente também como suporte pedagógico.
No Plano de Melhoria do agrupamento é clara essa intencionalidade nos objetivos
propostos:

21
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“- Incentivar o recurso a metodologias ativas (experimentais, artísticas,


utilização das TIC, …);
- Promover o trabalho colaborativo para desenvolvimento de metodologias
ativas (p.ex. trabalho projeto), partilhando experiências e práticas
pedagógicas, dentro e fora da sala de aula.” (Plano de Melhoria, p.6)

Esta ferramenta possibilita a recolha de informação, essencialmente acerca do uso


das tecnologias digitais na organização, potenciando a definição de um percurso de ação.
No Agrupamento em estudo, foi delineado um plano para o processo de imersão nas
tecnologias digitais. Numa primeira fase, a análise inicial das competências digitais dos
seus docentes, permitiu reforçar a formação docente em grupos por níveis de
competência, potenciando o desenvolvimento de novas competências. Após esta fase
direcionada para os docentes, foi implementado o projeto SELFIE que possibilitou um
olhar abrangente da incorporação das tecnologias digitais na Escola, baseada na opinião
de professores, dirigentes e alunos. A opinião é recolhida através de um questionário
online, que está padronizado com questões distribuídas por diferentes áreas:

A - Liderança
B - Infraestruturas e equipamentos
C - Desenvolvimento profissional e contínuo
D - Ensino e Aprendizagem
E - Práticas de avaliação
F - Competências digitais dos alunos

O projeto SELFIE consubstancia-se numa autorreflexão e autoconhecimento a


partir dos resultados obtidos pelos questionários. Assim, após a fase de inquirição, a
ferramenta SELFIE produz um relatório final que permite identificar os pontos fortes e
os pontos fracos sobre a forma como as tecnologias são utilizadas na escola, quer ao nível
organizacional como pedagógico. Neste sentido, o Agrupamento, aproveitou esse
relatório para proporcionar momentos de reflexão que levaram à tomada de decisões e
definição de estratégias a implementar. O Processo de imersão nas tecnologias digitais
neste Agrupamento está esquematizado na Figura 3.

22
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Figura 3
Processo de imersão nas tecnologias digitais no AE

1ª Fase 3ª Fase
2ª Fase
Análise Inicial das Análise da 4ªFase
Formação de
competências utilização das
docentes por Decisões
digitais dos tecnologias na
níveis de Organizacionais
docentes organização
competência
(DigCompEdu) (SELFIE)

Dada a importância e as proporções que as tecnologias digitais assumiram nos


últimos anos, através da ferramenta SELFIE, a Diretora do Agrupamento reconheceu a
relevância de diagnosticar as mudanças, não só as digitais (incluídas nas questões
padronizadas na ferramenta) mas também organizacionais (questões adicionais criadas
pela escola):

“Fiquei logo entusiasmada, porque primeiro eu honestamente acho que é uma


ferramenta que se nós quisermos fazer um trabalho como deve de ser que nos pode
ajudar bastante, em vez de tomarmos decisões à toa só porque achamos que sim a
SELFIE ajuda-nos a focar naquilo que efetivamente são as necessidades do
Agrupamento, quer ao nível digital, quer depois o facto de termos a possibilidade
de arranjarmos outras questões que nos vão tentar orientar para outros percursos
que eventualmente nós saibamos são os nossos ‘handicaps’, as nossas fragilidades.”
(DAE)

Mais ainda, o Agrupamento não considerou este processo de implementação


estanque. Não só o articulou com outros documentos organizacionais internos (tais como
o relatório de Autoavaliação), como também reconheceu a importância de ciclicamente
aplicar a ferramenta SELFIE, para aferir algumas alterações na utilização do digital como
consequência das ações de melhoria realizadas após as aplicações anteriores.

23
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Até à data, já implementaram dois momentos de inquirição, sendo o primeiro


momento no final 2019 e o segundo momento no final de 2020. É de salientar que a
decisão da aplicação da ferramenta SELFIE temporalmente, tão próxima, em dois anos
consecutivos, assenta nos tempos de profundas e repentinas alterações forçadas pela
pandemia Mundial. As escolas, nestes tempos, passaram por um E@D onde a utilização
das tecnologias teve um papel crucial no ensino e na aprendizagem. Com tantas alterações
o Agrupamento considerou necessário uma nova implementação, para aferir os efeitos ao
nível tecnológico dessas mudanças.

3.5. Os participantes

A Diretora participante no estudo tem formação académica, na via ensino, na


variante de Matemática e Ciências, para o 2.º ciclo do ensino básico, e iniciou a sua
carreira em 1998. Desde 2002, trabalha neste Agrupamento, tendo exercido ao longo
destes anos alguns cargos de gestão escolar, pertencendo à equipa da Direção e foi
presidente do Conselho Geral. Atualmente é Diretora do Agrupamento a terminar o seu
primeiro mandato.
A Diretora tem uma ligação temporal, de muitos anos, com a escola e com toda a
comunidade envolvente. A maior das suas aspirações como diretora é impulsionar a
mudança no ensino, que considera ser necessária. “Uma das coisas positivas é mesmo
isso, eu sentir que o cargo que desempenho pode ajudar, espero eu, que venha a ajudar as
pessoas, ou pelo menos algumas pessoas, a pensarem um bocadinho diferente daquilo que
é ensinar as crianças e ser competente naquilo que se faz, porque as coisas mudaram tanto
e o ensino ainda não mudou assim tanto.”
No entanto, reconhece que dada a situação pandémica que se vive atualmente os
últimos anos têm sido muito complicados e desafiantes em termos de gestão escolar, toda
a sociedade vive tempos de superação e de recriação de modos de vida.
Para o projeto SELFIE, a Diretora do AE considerou fundamental a criação de uma
equipa responsável pela sua implementação e pela análise dos resultados. Constituiu,
assim, uma equipa de 5 professores, representativa dos diferentes ciclos de escolaridade,
e elegeu como coordenadora dessa equipa a docente que exerce o cargo de coordenadora
da equipa de autoavaliação do AE, que designam por Observatório de Qualidade (OQ).

24
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

A coordenadora da equipa SELFIE foi também participante neste estudo, tendo sido
entrevistada no âmbito da implementação da SELFIE e das mudanças organizacionais
adjacentes. A docente iniciou a sua carreira em 2002 e está neste Agrupamento desde
2008. Pertencia à equipa de autoavaliação do Agrupamento, mas nos últimos três anos
tem exercido funções de coordenação dessa equipa. Em 2019 foi nomeada para
Coordenadora da Equipa SELFIE, para implementação do projeto pré-piloto de
implementação desta ferramenta em escolas portuguesas.
A amostra da aplicação dos questionários SELFIE foi constituída pelos alunos,
professores e gestores escolares (designados por dirigentes) do Agrupamento de Escolas
em estudo. Ressalva-se que a referência a “amostra” é de uma amostra por conveniência,
que não tem o propósito da generalização para o todo.
Através dos resultados dos questionários SELFIE consegue-se obter uma visão
comparativa dos dirigentes escolares, professores e alunos. De salientar que em algumas
dimensões e algumas questões os alunos não são questionados por não terem os
conhecimentos necessários, como por exemplo o Desenvolvimento Profissional e
Contínuo dos docentes. Relativamente aos alunos, apenas foram convidados a responder
ao questionário os alunos do 4º ao 9º ano, tendo em consideração a idade sugerida pela
SELFIE.

3.6. Técnicas de recolha e análise de dados

Num estudo de caso é fundamental uma correta e adequada caracterização da


situação em que o mesmo se desenrola ou em que o mesmo consiste. Assim, de acordo
com Amado (2013) se numa primeira fase, é necessário identificar os elementos
estruturantes, numa fase seguinte é crucial a seleção, ampla e variada, de fontes e técnicas
de recolha de informação.

“No estudo de caso, a recolha de dados é emergente e a análise é indutiva e deve


acompanhar o mais possível, mesmo que seja de forma algo informal, o desenvolvimento
da investigação” (Amado, 2013, p. 136).

25
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

3.6.1. Pesquisa arquivística

“A pesquisa arquivística consiste na utilização de informação existente em


documentos anteriormente elaborados, com o objetivo de obter dados relevantes para
responder às questões da investigação” (Afonso, 2014, p.92). Esta técnica de recolha de
informação tem a vantagem de não ser uma recolha direta a partir dos sujeitos
investigados, evitando, assim, a interferência do investigador, considerada uma
“metodologia não interferente” (Afonso, 2014, p.93).
Relativamente à natureza dos documentos analisados, estes podem ser documentos
oficiais, públicos ou privados. Na tipologia de documentos oficiais estão abrangidos
documentos estruturantes e orientadores do AE ou publicações do Estado, tendo sido
analisados, neste âmbito, documentos do AE, tais como: o Projeto Educativo; o Plano de
Melhoria; o Plano de Inovação; o Plano Curricular; o Plano E@D; o Relatório SELFIE;
e o Relatório de Autoavaliação.
No grupo de documentos públicos está contemplada a informação recolhida da
comunicação social, através de jornais, reportagens ou anúncios. No âmbito dos
documentos privados são considerados todos os documentos de acesso mais restrito e
mais pessoal, como por exemplo a correspondência interna (correio eletrónico) e
publicações em grupos do AE.

3.6.2. Inquéritos

3.6.2.1. Inquéritos por entrevista

A recolha de informação por entrevistas é um dos métodos mais frequentes na


investigação naturalista, traduzindo-se numa interação verbal entre o investigador e o
entrevistado. Em geral, consideram-se três géneros de entrevistas: as estruturadas, as
semiestruturadas e as não estruturadas, que se distinguem pela forma como é preparada a
orientação da entrevista (Afonso, 2014, p.104).
Para este estudo foram aplicadas entrevistas semiestruturadas a dois gestores da
escola, à Diretora e à Coordenadora da equipa SELFIE, com o principal objetivo de
compreender a intenção das decisões e dos significados construídos. Para ambas as

26
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

entrevistas, foram elaborados guiões de acordo com os eixos de análise pré-definidos, que
se constituíram reguladores e orientadores das mesmas (Anexos 3 e 4). No Quadro 3
apresenta-se a enumeração das entrevistas realizadas, com a função dos entrevistados,
duração e código atribuído.

Quadro 3
Listagem de entrevistados
Função Duração Código
(h:m:s)
Diretora 01:28:50 DAE
Coordenadora da Equipa SELFIE 00:45:45 CAA

A cada entrevistada foi dado a conhecer o protocolo da investigação, o


enquadramento do estudo e os objetivos da sua participação, assim como, todo o
procedimento e da garantia de confidencialidade, ética e anonimato (Anexos 1 e 2).
Posteriormente, foram transcritas as entrevistas na íntegra (Anexos 5 e 6) para a análise
e recolha de dados.

3.6.2.2. Inquérito por questionário

Os questionários aplicados aos alunos, professores e dirigentes escolares, através


do dispositivo de diagnóstico SELFIE, têm como objetivo recolher dados relativos à
forma como as tecnologias digitais se encontram integradas na escola e como são
apropriadas pela comunidade educativa, nas diferentes dimensões do referencial.
Os questionários permitem, ainda, a inclusão de questões específicas da escola, que
poderão não estar relacionadas com as tecnologias. Assim, este instrumento pode ser
ajustado pelos atores escolares no sentido de responder a diferentes necessidades da
escola, não se restringindo a uma matriz uniformizadora sobre que questões colocar aos
diferentes grupos de participantes. Esta margem de autonomia para criação de novas
perguntas permite ao gestor indagar sobre questões específicas do seu contexto.
A análise de dados realizar-se-á de acordo com os instrumentos e considerando a
sua tipologia de dados. Os dados dos questionários a alunos, professores e dirigentes
escolares serão analisados por técnicas estatísticas. Os resultados dos restantes
instrumentos serão analisados por técnicas qualitativas.

27
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

A análise dos resultados permitirá estabelecer ligações com a integração


tecnológica nas áreas em estudo, bem como compreender o motivo de determinadas
tomadas de decisão, ao nível das possíveis reestruturações pedagógicas e organizativas
da escola.

3.6.3. Observação

Outra técnica de recolha de informação utilizada foi a observação, que segundo


Afonso (2014) “é uma técnica de recolha de dados particularmente útil e fidedigna, na
medida em que a informação obtida não se encontra condicionada pelas opiniões e pontos
de vistas dos sujeitos” (p. 98). O autor diferencia a observação de duas formas distintas:
observação estruturada (ou observação sistemática) e observação não estruturada
(observação de campo). Enquanto na primeira abordagem os registos são feitos em
grelhas ou fichas pré-definidas de acordo com os objetivos do estudo, na segunda
abordagem as observações são registadas através de notas de campo e posteriormente são
redigidas notas mais descritivas e reflexivas a partir delas.
Pode-se, ainda, definir a observação como: observação participante e não
participante, dependo do grau de envolvência do observador. Amado (2013) carateriza a
observação participante como uma espécie de “descida ao poço”, “tem como princípio a
necessidade de o pesquisador manter sempre algum grau de interação com a situação
estudada, afetando-a e sendo por ela afetado” (p. 153). A observação participante pode
ser particularmente útil: no estudo de pequenos grupos, ou em alguns processos menos
prolongados ou quando são bastante frequentes, ou para atividades que se prestam a ser
observadas, para pesquisadores que têm muito tempo disponível para "entrar em contato"
com o comportamento ou organizações, reunindo informações detalhadas (Cohen &
Manion, 1994, p. 404).
Optou-se pela observação participante, que permitiu uma análise da implementação
das medidas e uma apropriação contextualizada. O registo das observações foi feito
através de notas de campo (Anexo 7), que permitiram complementar e validar as
informações obtidas com as outras técnicas de recolha de informação.

28
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

3.7. Análise de conteúdo

A análise de conteúdo é a fase posterior à recolha de informação, que se prende


com a organização e o tratamento da informação. Num estudo empírico, pode-se obter
informação quantitativa (expressa em valores numéricos) ou qualitativa (através de
textos).
Segundo Amado (2013), o aspeto mais importante da análise de conteúdo, na
abordagem qualitativa:

“(…) é o facto de ela permitir, além de uma rigorosa e objetiva representação dos
conteúdos ou elementos das mensagens (discurso, entrevista, texto, artigo, etc.)
através da sua codificação e classificação por categorias e subcategorias, o avanço
(fecundo, sistemático, verificável e até certo ponto replicável) no sentido da captação
do seu sentido pleno (à custa de inferências interpretativas derivadas ou inspiradas)”
(p. 304).

A organização da informação qualitativa recolhida foi efetuada recorrendo a uma


estrutura com diversas categorias, de acordo com regularidades e padrões bem como de
tópicos presentes nos dados. As categorias constituem um meio de classificar os dados
descritivos de forma a facilitar a interpretação e compreensão, algumas das categorias de
codificação surgiram no decorrer da análise (Anexo 8).

“Quando os dados são organizados e apresentados num registo interpretativo, a


tónica do tratamento da informação centra-se na construção de significado, isto é,
centra-se na produção de um texto argumentativo que atribui sentidos novos aos
factos, situações e discurso dos atores, numa lógica compreensiva global” (Afonso,
2014, p.124).

29
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

4.1. Processo de adesão

Como indicado, no primeiro eixo de análise pretende-se conhecer as razões e as


condições existentes no Agrupamento que suscitaram a mudança, bem como os processos
de adesão e os desafios inerentes.

4.1.1. A necessidade de mudança

No Agrupamento de Escolas em estudo houve uma alteração na gestão, a atual


Diretora ambiciona fazer a diferença na vida de toda a comunidade escolar, sendo a sua
missão instigar uma mudança no agrupamento construída por todos e significativa para
cada um, como se espelha na missão do PE:

“Construir uma aprendizagem emocionalmente rica, fazendo a diferença ao


tornar-se numa escola de referência pelo ensino de qualidade adequado às
idiossincrasias plasmadas por valores num ambiente de afeto, justiça e diálogo. A
Escola que faz a diferença!” (PE, p.22).

A Diretora define a cultura do Agrupamento com uma única palavra “Mudança”,


que é uma intenção vincada das suas convicções, pois segundo a própria:

“O que eu mais aprecio como diretora, efetivamente, é ter a noção que posso
condicionar, e que posso tentar alterar algumas coisas no ensino que eu acho que
já vai sendo tempo de se ir mexendo e de tentar fazer perceber a importância dessa
mudança.” (DAE)

Não só é notória a vontade de mudança, mas também é evidente o espírito de


colaboração e de comunidade aprendente. O acreditar numa evolução necessária com a
consciência clara da realidade e dos constrangimentos. Esta intencionalidade está
refletida nos documentos orientadores do Agrupamento, da análise do PI destaca-se:

“O Agrupamento não tem ficado indiferente à autonomia dada pelo Decreto-Lei


n.º 55/2018 e, nos últimos dois anos, tem implementado medidas de forma
consistente, que se têm denominado de “baby steps”, tentando mobilizar o corpo

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

docente, evitando uma mudança súbita sem alicerces suficientes que acompanhem
o processo de mudança, com o intuito de promover aprendizagens significativas
para os alunos e prepará-los para os desafios que a sociedade do século XXI lhes
apresenta.” (PI, p.3)

Pelas entrevistas e pelas observações, a cultura de escola inicia um percurso que


prima pela vontade de criar e de inovar, a Diretora transmitiu com bastante orgulho o
dinamismo e vontade de melhorar as aprendizagens dos alunos.

“(…) nós não somos todos iguais, temos competências diferentes, porque as
inteligências não são todas iguais, e ainda bem! (…) eu acho que é essa a beleza do
nosso Agrupamento, eu acho que, o nosso Agrupamento tem isso diversidade de
competências, mas além disso existe gosto, existe um grande grupo de pessoas, com
gosto por aquilo que fazem e que se esforçam pelos miúdos.” (DAE)

O espírito de mudança é evidente em várias vertentes e, inevitavelmente, a ligação


com as tecnologias, bem como a sua utilização em diferentes contextos, fortalece-o.
Trata-se de um Agrupamento que se direcionou para os desafios propostos nos
documentos orientadores da Educação em Portugal, o Perfil dos Alunos à Saída da
Escolaridade Obrigatória e o D.L. n.º 55/2018. Como refere a Diretora a mudança impõe-
se não só dentro da escola, mas também pelas exigências da sociedade:

“Estamos a passar por uma fase muito desafiante em termos de direções, em


termos de ensino, em termos de tudo, até em termos mundiais, todos estão a passar
por situações desafiantes.” (DAE)

A importância da tecnologia e de mudança no AE é inegável, contudo o AE valoriza


bastante a mudança refletida e partilhada, consubstanciada em processos de
monitorização e de avaliação. É evidente a relevância dada a processos de regulação do
AE, sendo de destaque o trabalho da equipa de Autoavaliação, designada por
Observatório de Qualidade da escola:

“(…) pretende-se com este relatório incutir uma cultura de reflexão nos
diferentes agentes educativos, com vista à melhoria contínua da qualidade das
práticas e procedimentos educativos e, consequentemente, do sucesso escolar. Neste
sentido agradece-se o apoio de todos os intervenientes neste processo, que têm
contribuído para os resultados alcançados.” (RAA, 2019, p.16)

31
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

4.1.2. A adesão ao projeto SELFIE

As alterações no Agrupamento proporcionaram novas experiências, a


disponibilidade e a vontade de fazer mais e melhor. A Escola já tinha participado num
projeto DigCompEdu (Check-In) no âmbito do Quadro Europeu de Competência Digital
para Educadores, com o intuito de conhecer a realidade ao nível das competências digitais
dos seus docentes. Essa equipa exterior à escola (DGE/IE-ULisboa) voltou a lançar um
convite para um Projeto Pré-Piloto, a SELFIE no âmbito do Quadro de Referência
Europeu para Organizações Educativas Digitalmente Competentes (DigCompOrg), a
Diretora embebida no seu espírito inovador, nem hesitou em abraçar este novo projeto.

“Uma das questões facilitadoras, para além de sermos uma direção aberta à
inovação, é gostarmos de experimentar coisas novas, mas não é só o experimentar
só por experimentar, vieram cá explicar o objetivo desta ferramenta” (DAE)

Reconhecendo, logo as potencialidades desta ferramenta para autorregulação das


mudanças tecnológicas do Agrupamento.

“Eu gostei muito da apresentação do projeto e do objetivo, identifiquei-me de


imediato com esta ferramenta (…) para apontar o foco do nosso Agrupamento”.
(DAE)

A Diretora também percecionou as vantagens que poderiam advir para outras áreas
do Agrupamento.

“Fiquei logo entusiasmada, porque primeiro eu honestamente acho que é uma


ferramenta que se nós quisermos fazer um trabalho como deve de ser que nos pode
ajudar bastante, (…) a SELFIE ajuda-nos a focar naquilo que efetivamente são as
necessidades do Agrupamento, quer ao nível digital, quer depois o facto de termos
a possibilidade de arranjarmos outras questões que nos vão tentar orientar para
outros percursos.” (DAE)

Com orgulho, a Diretora refere o convite para a escola ser pioneira na


implementação do projeto, em Portugal, considerando-o como um privilégio e um duplo
reconhecimento do IE-ULisboa, por ser uma escola inovadora, aberta a novos projetos,
promovendo mais uma oportunidade de inovar, mas também o reconhecimento do
trabalho desenvolvido pela escola.

32
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“O Instituto de Educação, nomeadamente os professores que apresentaram o


projeto perceberam que neste Agrupamento tinham um conjunto de professores que
quando aderiam aos projetos aderiam mesmo aos projetos e levavam muito a sério,
porque efetivamente nestas coisas por muito boas intenções que o Instituto possa ter
se depois não tiver um grupo de pessoas/professores nas escolas base para poder
dar esse suporte, não se consegue fazer as coisas como deve ser, digo eu. Ao
perceberem isso quiseram testar esta nova ferramenta, quiseram ver de que forma é
que podia ser implementada e prever a nível nacional, convidaram-nos e, portanto,
naturalmente que foi um desafio.” (DAE)

Existe uma relação de harmonia e de confiança mútua entre a escola e o IE-ULisboa


como fomentadora e impulsionadora de novos projetos no AE, nomeadamente com
professores que estabeleciam esta ligação. A Diretora legitima o valioso contributo das
parcerias exteriores à escola para o crescimento do seu Agrupamento, mas não deixa de
estimar o trabalho e dedicação dos professores do AE que abraçam estes projetos.

“(…) também tive (Diretora) a sorte de ter um conjunto de estruturas fora do


Agrupamento que foram percebendo que tinham aqui matéria humana entre os
professores, coordenadores e direção, matéria humana que puxados rendiam e
então saímos beneficiados com isso, começámos a ser convidados para uma série
de projetos, às vezes começamos a ficar aflitos, mas efetivamente é bom, eu gosto
disso!” (DAE)

A adesão ao projeto não ocorreu de forma solitária, tendo sido apresentado a um


conjunto de professores da escola, numa reunião com a Diretora e com o representante da
parceria externa. A pertinência da implementação do projeto na escola foi unânime.

“(…) o grupo de professores abraçou de imediato esta iniciativa reconhecendo


o seu potencial como uma mais-valia para o Agrupamento, ajudando no processo
de autoavaliação. Nenhum dos presentes sequer ponderou a não implementação,
de forma espontânea começou logo ali um trabalho de equipa.” (NC1)

Alguns dos elementos da equipa de autoavaliação reconheceram que a SELFIE


também teria um contributo na avaliação da satisfação dos atores, em algumas áreas, uma
vez que o questionário permite incluir questões da escola, que podem ou não estar
relacionadas com tecnologias.

33
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“(…) as perguntas mesmo da ferramenta SELFIE também foram importantes


para nós, porque também é importante diagnosticar ao nível das tecnologias, numa
era em que é quase impensável que uma escola não utilize tecnologia, quer com os
alunos, quer para avaliar, quer para aquilo que for. Portanto também foi importante
para nós enquanto equipa de autoavaliação podermos dizer e podermos ajudar a
direção a detetar aquilo que são, ao nível das tecnologias, também, as
características da escola, para a direção também poder tomar as melhores decisões,
mas, essencialmente, a oportunidade é poder acrescentar oito perguntas, agora
mais, que não estão relacionadas com a tecnologia.” (CAA)

O convite para a participação da escola no projeto pré-piloto, o facto de ser a


primeira escola de Portugal a implementá-lo também trouxe desafios e, mais uma vez, o
trabalho de parceria deu confiança para avançar.

“Para nós começou antes, nós estivemos a fazer uma espécie de pré-SELFIE, no
fundo eles começaram a desbravar terreno e a “partir pedra”, no que diz respeito
a tentarem perceber quais as competências digitais dos professores e, depois de
saberem isso, de que forma se pode fazer para melhorar essa situação e nós tivemos
o privilégio de poder fazer já parte desse projeto.” (DAE)

4.2. Processos de operacionalização

4.2.1. A Equipa SELFIE

A escolha dos elementos para a equipa SELFIE era crucial para o sucesso do
projeto. Porventura planeada antecipadamente, pela Direção, na primeira reunião de
apresentação, a Diretora conseguiu envolver todos e obteve-se uma decisão partilhada:

“(…) a equipa que foi criada, pronto, criou-se uma equipa que também se soubesse
que se iria dedicar e que iria investir por forma a conseguir que o trabalho
aparecesse feito dentro dos timings que se pretendia, pronto, a pessoas que sabiam
que trabalhavam e que trabalhavam bem(..)” (CAA)

Na realidade, a convocatória para a primeira reunião já era com os elementos que


passariam a constituir a equipa SELFIE, a capacidade de liderança descontraída e
34
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

envolvente da diretora, mas conhecedora dos seus professores, levou cada um dos
elementos da equipa a sentirem-se envolvidos no projeto sem necessidade de uma
nomeação inicial.

“Eu sei que este agrupamento tem uma cultura de pertença, uma cultura de querer
fazer, e eu quero muito acreditar nisso. Eu tenho aqui um núcleo duro de gente que
gosta muito daquilo que faz e isso é o mais importante (…).” (DAE)

Assim sendo, a equipa foi constituída por um docente de cada ciclo, garantindo a
representatividade, professores com competências digitais e ainda docentes com ligação
à equipa de autoavaliação, designada por Observatório de Qualidade:

“Foi opção da direção, incluir alguns elementos da equipa do Observatório de


Qualidade.” (CAA)

A direção optou por manter a coordenação da equipa de autoavaliação da escola e


a coordenação da equipa SELFIE com a mesma docente, privilegiando, assim, a ligação
entre estas duas equipas. Existe um reconhecimento da importância para o Agrupamento
do trabalho da equipa de autoavaliação.

“(…) a existência do Observatório de Qualidade, que foi uma estrutura criada já há


muitos anos no nosso agrupamento (…)” (DAE)

Em particular, a Diretora salienta a importância e a confiança que tem nesta equipa,


e como é crucial para nortear o foco do Agrupamento. A diretora ressalva que considera
determinante esta visão exterior à Direção:

“O Observatório deve ter um conjunto de professores que têm uma visão isenta e ao
mesmo tempo clara daquilo que é importante orientar no agrupamento, considero
que deva ser um organismo independente da Direção, porque acho que este tipo de
estrutura tem de sentir a liberdade e o à-vontade para indicarem isto não está bem
no agrupamento, ou aquilo pode melhorar, eles têm que servir para isso, portanto,
a direção poderá condicionar o trabalho.” (DAE)

Foi clara a intencionalidade da Direção em estabelecer uma forte ligação entre estas
duas equipas, assumindo desde logo a utilização da SELFIE como ferramenta de
diagnóstico.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

4.2.2. O planeamento estratégico

Na fase de planeamento da implementação do projeto pré-piloto SELFIE, denotou-


se uma liderança partilhada, a Diretora confiou todo o trabalho de organização à equipa
de autoavaliação.

“Foi o Observatório de Qualidade, a Direção não consegue fazer tudo. Esforço-


me e gosto de estar por dentro dos assuntos, até por respeito ao trabalho dos outros,
porque acho que as pessoas merecem que eu esteja por dentro do assunto, mas se
tivesse tudo a depender da minha capacidade para conseguir estruturar toda esta
logística a coisa não tinha saído nada de jeito eu tenho essa consciência.” (DAE)

A experiência e o profissionalismo da equipa de autoavaliação da escola também


foram uma vantagem na organização estratégica de implementação do SELFIE no
Agrupamento. O tempo para exploração da ferramenta e para o planeamento da sua
implementação era escasso, mas a equipa SELFIE estava determinada.

“Nós tínhamos reuniões semanais, todas as terças-feiras, sendo que o nosso elo
de ligação à DGE e ao Instituto de Educação vinha ter connosco na hora em que a
equipa reunia, para agilizar e operacionalizar o trabalho.” (CAA)

As primeiras reuniões da equipa foram para inscrever a escola na plataforma e


começar a sua exploração. A equipa começou por analisar, com mais pormenor, as
questões por áreas. A análise foi cuidada e refletida em conjunto, tentando não só
construir um plano de implementação, mas também ajustá-lo às necessidades do
Agrupamento.

“(…) verificar quais eram os possíveis constrangimentos que podiam surgir,


para facilitar depois o trabalho com as escolas piloto, que iriam iniciar no ano
seguinte em janeiro, e no final fazer a análise de dados e poder contribuir para um
levantamento de pontos fortes e de pontos fracos, das fragilidades e das
potencialidades do agrupamento, para se criar e implementar um plano de ação que
ajudasse o agrupamento a avançar.” (CAA)

A SELFIE, sendo uma iniciativa da Comissão Europeia, não considera a mesma


estrutura de organização de ciclos de ensino, como em Portugal. A equipa procurou uma

36
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

solução que se ajustasse à realidade portuguesa. Assim, de forma a garantir as conclusões


por ciclos de ensino, a equipa optou por fazer dois registos na plataforma.

“Tentou-se decidir que era importante que a SELFIE refletisse as três realidades
da escola, primeiro ciclo, segundo e o terceiro ciclo, uma vez que a própria SELFIE
não aconselha a implementação no pré-escolar, dentro do primeiro ciclo apenas a
alunos de quarto ano, uma vez que as perguntas não são assim tão simples e
acessíveis para alunos mais pequenos.” (CAA)

Depois da divisão por ciclos, era necessário pensar na distribuição dos professores,
uma vez que a SELFIE considera dois conjuntos diferentes, um grupo referente ao 1º
ciclo e outro grupo referente aos 2.º e 3.º ciclos, ainda divido em dirigentes e professores.
Nesta fase a equipa analisou e refletiu bastante sobre a definição dos grupos de
participantes convidados, uma vez que esta separação não é assim tão linear, a decisão
teve por base as definições sugeridas pelo SELFIE:

“Definições: Neste contexto, o termo dirigente escolar refere-se ao chefe/diretor


da escola ou chefe/diretor-adjunto da escola, mas também pode referir-se a quem
ocupar funções de direção ou de liderança. Os chefes e chefes adjuntos de escola são
considerados dirigentes escolares mesmo que também exerçam funções de ensino.
O termo professor refere-se aos professores e a outro pessoal diretamente envolvido
no ensino de alunos. Qualquer professor que tenha trabalhado na escola durante pelo
menos um ano letivo deve ser convidado a participar. Um professor com
responsabilidades de direção ou liderança pode participar como dirigente escolar ou
professor ou ambos. No último caso, deverá responder a dois questionários, um na
qualidade de dirigente escolar e outro na qualidade de professor. O termo aluno
refere-se aos alunos matriculados na escola. Em relação ao nível 1 da ISCET (ensino
primário), apenas os alunos com 9 anos ou mais são considerados elegíveis, uma vez
que as crianças com idade inferior poderão não compreender totalmente a redação
das perguntas.” (Guia SELFIE, 2018-2019, p.5)

A equipa ponderou, cautelosamente, esta separação, não só pela dimensão de


números de professores do Agrupamento ser reduzida, mas também pela existência de
uma mistura entre estes dois grupos. Assim, o AE optou por considerar todos os docentes
com cargos de liderança pedagógica, como dirigentes, e os outros docentes como

37
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

professores. Apenas os elementos da Direção responderam aos dois grupos, pela


abrangência das suas funções.

“Depois, centrámo-nos na distribuição dos dirigentes e dos professores, em


termos de dirigentes, seja esta uma boa ou má opção, optámos que os dirigentes
seriam os elementos da direção e alguns professores com cargos em estruturas de
supervisão pedagógica, portanto, os coordenadores de departamento, os
coordenadores dos diretores de turma. Também procurámos que os professores que
respondessem como dirigentes não respondessem como professores, pois somos um
Agrupamento pequeno para não haver repetição, alguma repetição, de informação”
(CAA)

Após a fase de definição dos grupos participantes, seguiu-se a análise das questões
a contemplar em cada um dos grupos. A SELFIE já tem um leque de questões, por cada
uma das áreas, algumas dessas questões são obrigatórias outras são facultativas (podem
ou não ser selecionadas), no entanto ainda permite acrescentar um número de questões
que a escola considere pertinente. A estreita ligação entre a equipa do Observatório de
Qualidade e da SELFIE possibilitou incluir, no mesmo questionário, perguntas
específicas para a autoavaliação do AE, e perguntas associadas a questões organizacionais
do próprio agrupamento, que podem não se enquadrar no âmbito da tecnologia.

“(…) a SELFIE permite-nos criar algumas perguntas fora do contexto da tecnologia


e fora do contexto dos recursos digitais, que a equipa de autoavaliação aproveitou
essas perguntas extras para fazer algumas perguntas cirúrgicas, em algumas áreas
que a equipa de autoavaliação todos os anos avalia, no que diz respeito aos
documentos, às estruturas, à indisciplina, pronto, perguntas específicas que nos
interessava avaliar e aferir a para termos ali alguma evidência relativamente a
alguns pontos.” (CAA)

A fase inicial de planeamento da SELFIE, foi essencial para a implementação do


projeto na escola, como a própria Diretora reconhece:

“a equipa (…) estruturou a implementação de tal maneira que apesar de um ou


outro contratempo, mas que nós às vezes por muito estruturado que façamos as
coisas há sempre falhas aqui ou ali, mas efetivamente a estrutura montada pela
equipa foi um facilitador, foi o garante do sucesso da aplicação dos questionários.”
(DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

4.2.3. Envolvimento dos atores

4.2.3.1. A apresentação do projeto

A apresentação do projeto passou por várias fases. A primeira, a fase da tomada de


conhecimento da diretora, através do convite feito, e a segunda, a fase da apresentação
aos membros que passariam a fazer parte da equipa SELFIE, como referido
anteriormente. Dando sequência à apresentação do Projeto no Agrupamento, foi analisado
em sede de Conselho Pedagógico, o projeto SELFIE bem como o plano estratégico para
a sua implementação, como se registou em ata:

“O Agrupamento foi contactado pela DGE para aplicação do projeto Pré-piloto –


SELFIE – que permite identificar pontos relevantes e/ou problemáticos do
Agrupamento. Assim sendo, será disponibilizado um questionário a ser respondido
por alunos e docentes para que os mesmos se pronunciem relativamente às questões
apresentadas.” (NC3)

É de salientar que todos conselheiros pedagógicos reconheceram, desde logo, as


potencialidades desta ferramenta, e a sua relevância neste momento de crescimento do
Agrupamento.

“Todos os conselheiros reconheceram a potencialidade da ferramenta para


consubstanciar o plano de ação na mudança digital da escola, levando a um
momento de reflexão conjunto.” (NC3)

A apresentação do projeto aos professores foi delineada pela equipa SELFIE, que
apesar do pouco tempo até à data da fase de inquirição, considerou fulcral fazer um
enquadramento do projeto na escola e uma apresentação a todos os professores. Assim,
dados os constrangimentos temporais, a apresentação do projeto foi feita pelos
coordenadores de departamento, em reunião de departamento, e pela coordenadora da
Equipa SELFIE, através do email institucional (canal de comunicação interno), tendo sido
reconhecido pela própria coordenadora da equipa, não ter sido a opção ideal, mas sim a
melhor opção possível:

“O projeto foi nos apresentado assim bocadinho… com os timings todos para
ontem, pronto, então tudo o que foi pensado e foi delineado foi feito assim bocadinho
a correr, isto para dizer o quê, não houve tempo para grandes debates, para grandes

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

a reuniões, para grandes concertações de ideias, portanto centrou-se muito ali


dentro daquilo que era a estrutura da equipa SELFIE que foi criada, isto para
começar. Dentro daquilo que a estrutura considerou… se calhar deveríamos ter
envolvido mais as pessoas que não envolvemos, mas também porque não havia
tempo na altura do pré-piloto para envolver mais as pessoas no processo.” (CAA)

Na apresentação do projeto aos docentes, já constavam as várias fases de


implementação do projeto no Agrupamento (Figura 4), de forma a estabelecer um
compromisso e um sentido de responsabilidade de todos na dinamização do mesmo.

Figura 4
Fases do planeamento da implementação do projeto SELFIE

Fase 2
•Questionários •Plano de ação/
SELFIE •Análise e reflexão intervenção
dos Resultados
Fase 1 Fase 3

A Coordenadora da SELFIE fez um apelo não só à participação de todos, docentes


e dirigentes, mas também à sinceridade nas respostas do questionário, de forma a não
comprometer os resultados finais, reforçando que o anonimato seria garantido pela
ferramenta.

“Assim, serve o presente mail para pedir a todos os docentes, que respondam,
de forma completamente anónima, ao questionário da 1ª fase do projeto (…)
Esperamos uma participação massiva, uma vez que a opinião sincera de todos é
que nos permitirá conhecer a realidade da escola e definir estratégias de
intervenção e melhoria.” (NC4)

A apresentação aos alunos foi feita através do Diretor de Turma/Professor Titular


de Turma ou, em alguns casos, pelo professor responsável pela aplicação do questionário
na turma. Os alunos foram sensibilizados para a importância das suas opiniões e da
veracidade das suas respostas, tendo-lhes sido garantindo, também o anonimato.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

4.2.3.2. A fase de inquirição

Relativamente aos alunos, como planeado, as respostas foram feitas em sala de aula,
de forma a contornar algumas dificuldades, tanto no âmbito das tecnologias como de
eventuais dúvidas de interpretação. Assim, no 1.º ciclo, os questionários foram realizados
com o professor Titular de Turma com a colaboração de um elemento da equipa SELFIE
e com dispositivos cedidos pelo parceiro. Os alunos do 2º e 3º ciclo responderam aos
questionários preferencialmente em aulas de TIC (Tecnologia Informação e
Comunicação) na Sala de Informática, segundo um horário elaborado pela equipa.

“Relativamente às respostas, aquilo que delineámos foi que os alunos


respondiam na escola e criámos uma calendarização para que eles respondessem
durante as aulas de TIC, durante uma semana e meia, os alunos passaram pela sala
de TIC, todas as turmas.” (CAA)

A fase de respostas aos questionários na ferramenta SELFIE, está condicionada a


uma calendarização da própria ferramenta, pelo que foi inevitável a marcação da fase de
inquirição para o final de dezembro, que coincidiu com o final do primeiro período letivo,
o que causou algum descontentamento nos professores.

“(…) tendo em atenção ao timing em que o inquérito foi aplicado houve muitos
professores que não gostaram, pronto, porque incidiu com as avaliações de final do
primeiro período, altura em que os professores têm muito trabalho, e pronto não foi
recebido da melhor forma, nem acarinhado, se calhar, da melhor forma exatamente
por causa do timing, não tanto pelo questionário em si, mas se calhar pela altura
em que ele teve que ser implementado.” (CAA)

Para os professores e dirigentes foi enviado um mail com os links de acesso,


distintos por grupos (professores do 1º ciclo, professores do 2º e 3º ciclo, dirigentes do 1º
ciclo.

“(…) aos professores foram enviados links, a dirigentes e a professores, cada um


de acordo com o ciclo onde lecionava mais aulas respondeu ao seu questionário.”
(CAA)

A equipa teve o cuidado de acompanhar a informação automática da SELFIE,


relativamente ao número de respostas dadas, permitindo ter a noção em tempo real do

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

número de repostas. Sentiu a necessidade de enviar um lembrete, a meio do processo de


inquirição, tentando prevenir algum esquecimento. Também, durante a fase de inquirição,
foi necessário reforçar a importância do registo sincero de todos, garantindo o anonimato.

“É difícil há sempre aquelas vozes que dizem agora querem vir aqui espiolhar
como é que é o nosso trabalho, o que é somos capazes de fazer, e depois as pessoas
nem sempre são muito honestas nas respostas, com medo de eventualmente poderem
vir a ter represálias sobre isto ou aquilo ou de alguém lhes apontar que elas não
sabem fazer isto ou aquilo. Portanto desmistificar isso e batalhar no “não tenham
medo sejam honestos, isto é para vos ajudar, isto é para trabalharmos em conjunto”,
é difícil, porque as pessoas às vezes pensam logo que está alguém com uma pistola
apontada a pensar andamos à procura de encontrarmos algo que não façam bem.”
(DAE)

Apesar dos constrangimentos sentidos, o AE conseguiu valores da taxa de adesão


bastantes bons, como se constata na figura seguinte:

Figura 5
Percentagem da participação nos questionários SELFIE (2019)
1.º Ciclo

2.º Ciclo

3.º Ciclo

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

A equipa SELFIE em articulação com a equipa do OQ considerou pertinente


alargar os atores envolvidos e contemplar também a visão dos pais e encarregados de
educação, assim sendo, criou um questionário para os pais e encarregados de educação,
alinhado com as questões feitas aos alunos. O AE zela pela estreita ligação com os pais e
encarregados de educação, e uma vez que a ferramenta SELFIE não contempla este grupo
de participantes, o próprio agrupamento fez essa extensão da SELFIE. No entanto o
agrupamento tinha a consciência que as opiniões dos pais e encarregados de educação são
baseadas em perceções, uma vez que não têm contacto direto com as dinâmicas de sala
de aula. Contudo, para o AE fez sentido perceber a visão deles.
Os valores alcançados (apresentados na figura 5) evidenciam, assim, que os
constrangimentos sentidos foram ultrapassados, e que a grande maioria dos professores
confiou no processo. A Diretora reconhece o sucesso desta fase de implementação do
projeto, bem como a relevância da equipa durante o processo.

“(…) a equipa do Observatório de Qualidade estruturou a implementação de tal


maneira que apesar de um ou outro contratempo, mas que nós às vezes por muito
estruturado que façamos as coisas há sempre falhas aqui ou ali, mas efetivamente a
estrutura montada pela equipa foi um facilitador, foi o garante do sucesso da
aplicação dos questionários.” (DAE)

A visão otimista e construtivista da Diretora, é evidente nas suas palavras:

“Não tenho dúvidas nenhumas que correu tudo da melhor forma, pela
determinação, estruturação e organização da parte desta equipa do Observatório
de Qualidade.” (DAE)

A Diretora é firme na vontade de continuar e da sua certeza que as inseguranças


sentidas serão ultrapassadas na construção de todo o processo.

“Tenho a certeza absoluta que quando voltarmos a implementar e voltarmos a


realizar os questionários vamos ter mais sucesso no campo, porque ainda se sentiu
uma certa desconfiança, estávamos a batalhar numa coisa nova e algumas pessoas
ficaram com o pé atrás.” (DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

4.2.3.3. A Análise dos resultados

A análise dos resultados foi realizada pela equipa do Observatório de Qualidade,


que integrava a equipa SELFIE, a mesma estrutura que organizou as outras fases e que
habitualmente já faz a análise de dados que integram a autoavaliação do AE.

“(…) a contribuição preciosa da ajuda do nosso Observatório de qualidade, e


quanto a mim também faz sentido, se eles tiveram na estruturação da implementação
desta ferramenta também deve fazer a análise dos dados que foram obtidos e depois
fazia sentido fazerem a apresentação que tipo de conclusões é que existiram.” (DAE)

De facto, a ferramenta SELFIE já produz de forma automática um relatório com o


tratamento da informação, que disponibiliza em dois formatos (PDF ou online), com
gráficos dinâmicos. A equipa reconheceu esta funcionalidade da ferramenta SELFIE
como uma ajuda preciosa, pois permitiu encurtar o tempo de análise dos resultados e
analisar diversos aspetos de várias áreas.

“(…) a nossa operacionalização e o que delineámos para a SELFIE foi


basicamente isto, sempre com intuito de que no final conseguíssemos ter mais ou
menos as realidades o mais corretas possíveis dos três ciclos de ensino, sendo que
o primeiro ciclo nem sequer, a maior parte das escolas, está dentro da escola sede,
portanto, uma realidade mesmo diferente, e que ficássemos com um relatório com
uma SELFIE, lá está, de cada um dos ciclos.” (CAA)

A abrangência dos resultados foi importante para se conseguir fazer uma


verdadeira SELFIE do AE, permitiu criar uma visão de agrupamento acerca das
tecnologias digitais.

“Houve alguns aspetos que foram mencionados que às vezes nos passam um
bocadinho ao lado, porque como nós temos a visão daquilo que também nós somos,
e como somos positivos e achamos que está tudo bem e mesmo quando aparecem
dificuldades tentamos ultrapassá-las e tentamos fazer as coisas e, às vezes, não
vemos o lado que tem uma visão um bocadinho mais pessimista quem tem uma visão
diferente, e também é importante saber a opinião dessas pessoas, porque na
realidade não somos todos iguais. Em alguns campos os resultados da SELFIE
surpreenderam-me, mas outros foram dentro daqui que já estava à espera.” (DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

A divulgação dos resultados ao Agrupamento foi muito mais rápida, permitindo


um planeamento estratégico mais célere e contextualizado.

“(…) feito uma divulgação dos resultados, sucinta, no final do ano letivo em que
o pré-piloto foi aplicado, essa divulgação foi feita apenas por mail, ou melhor, a
equipa da SELFIE criou um documento que foi divulgado em Conselho Pedagógico
e que passou aos Departamentos” (CAA)

Atingidos pela situação pandémica a equipa sentiu a imposição de alterar a forma


de divulgação dos dados, sendo inexequível uma reunião Geral, optou-se pela análise dos
resultados em reuniões mais pequenas, por estruturas pedagógicas, como o Conselho
Pedagógico e os Departamentos Curriculares, como sugerido pela equipa SELFIE.

“O documento refere-se a uma análise dos resultados do nosso Agrupamento


relativos ao projeto pré-piloto SELFIE, agora denominado E2D (Ecossistemas de
Desenvolvimento Digital). Na impossibilidade de os divulgarmos em reunião geral,
devido à situação pandémica que o país atravessa, solicito que o mesmo seja dado
a conhecer em Conselho Pedagógico e divulgado depois nos departamentos
curriculares. (..)” (NC10)

Como prática recorrente neste Agrupamento a análise dos resultados é partilhada


para uma reflexão conjunta.

“(…) a reflexão conjunta é fundamental, se não estiverem todos envolvidos e


todos motivados e a seguir o mesmo caminho, por muitos questionários que se
apliquem, por muito que se faça, se as pessoas não estiverem envolvidas é difícil
delinear estratégias e as pessoas comprometerem-se com essas estratégias.” (CAA)

A reação dos atores, aos resultados obtidos, foi de uma forma geral positiva. Os
docentes debateram alguns resultados mais divergentes e fizeram-se sugestões de ações
de melhoria para os resultados que ficaram mais aquém do esperado. No entanto, como a
Diretora menciona, nem todos conseguem acompanhar estas mudanças, mas a visão de
grupo e de pertença daqueles que conseguem ver o alcance não se deixa intimidar por
outros.

“(…) a reação, de uma maneira geral, foi positiva dentro daquilo que são os
meandros médios normais do Agrupamento, porque depois também temos
consciência que há aqueles que nós nunca somos capazes de agradar, mas eles
próprios não se agradam a eles próprios e, portanto, não há volta a dar, temos de

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

seguir em função daquilo que sentimos que trouxe melhorias para o agrupamento.”
(DAE)

Como escola Pré-Piloto da SELFIE, surgiu o convite para uma apresentação no


IE-ULisboa, com o principal objetivo de partilhar com outras escolas o planeamento para
a implementação, as potencialidades e os constrangimentos, no fundo a experiência da
utilização da SELFIE. Este convite para além de ser um motivo de orgulho para o AE
também proporcionou mais um momento de reflexão para a equipa:

“A equipa considerou que a partilha com os outros agrupamentos, do Projeto


Piloto, foi muito importante, para facilitar a compreensão e adaptação da
plataforma ao nosso sistema de ensino.” (NC7)

Também ajudou as outras escolas a organizarem o seu planeamento da


implementação da ferramenta:
A equipa para esta sessão fez questão de também apresentar a opinião dos seus
alunos sobre a SELFIE, e para tal efetuou uns vídeos com alunos de cada ciclo. Estes
vídeos possibilitaram uma maior ligação entre alunos e encarregados de educação e, sem
dúvida, foram uma fonte de motivação para os professores.

Ficou logo planeada, tendo em consideração a forma atípica como terminou o ano
letivo, uma reunião geral no início do ano para voltar a envolver todos no projeto SELFIE.
E assim, aconteceu

“(…) no início do ano letivo seguinte, houve uma reunião geral para divulgação
desses mesmos resultados já um bocadinho mais pormenorizados aproveitando
também a presença de um elemento exterior à escola, que tinha sido o nosso elo de
ligação com a DGE e o Instituto de Educação quando implementámos o pré-piloto.
Nessa sessão em que aproveitámos para divulgar aqueles resultados que achámos
que eram os mais relevantes, também aproveitámos para sensibilizar as pessoas
para a importância deste tipo de projetos, para a importância deste tipo de
questionários e para a mais-valia que eles são, naquilo que são depois a definição
das estratégias que a escola, e todas as escolas podem, ou não, implementar no
futuro.” (CAA)

De forma a dar uma maior valorização ao Projeto e acreditando que a intervenção


de uma entidade externa poderá ser uma melhor forma de mobilizar os docentes, até
mesmo os mais resistentes, a reunião geral foi em grande parte dinamizada pelo parceiro

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

externo, e efetivamente a coordenadora da equipa de OQ considera que foi mesmo uma


mais-valia.

“Nessa sessão de sensibilização foi muito a entidade externa, no fundo, a


explicar os resultados e a explicar essa mais-valia da ferramenta, o que foi muito
útil porque ouvir-se de fora é sempre diferente do que ouvir alguém de dentro, não
é, portanto nesse aspeto foi fantástico” (CAA)

Se no AE existe a vontade de envolver todos de uma forma ativa, também são


notórios o reconhecimento e o agradecimento pelo trabalho desenvolvido

"Em nome da equipa do OQ, agradecer o reconhecimento da Direção e do CP,


relativamente ao trabalho por nós desenvolvido, e referenciado em atas deste
conselho. Acreditamos ter ainda muito a aprender e um longo caminho a percorrer,
contudo, não deixaremos nunca de trabalhar empenhadamente, sempre com o
sentido de ajudar o Agrupamento a refletir e avançar!" (NC10)

Dadas as mudanças, ficou clara a intenção de voltarem a realizar os questionários


SELFIE no ano letivo seguinte, reconhecendo a importância de uma monitorização das
medidas/ações implementadas.

4.3. Processos de gestão e liderança

4.3.1. A Direção

A visão da diretora para a mudança e a sua vontade de transformar e inovar no AE


é evidente,

“(…) não tenho a pretensão de conseguir mudar a mentalidade de todos, (…)


mas pretendo usar o meu mandato como forma de espicaçar alguns professores”
(DAE)

De forma genuína, a diretora imprime na sua liderança a sua personalidade,


inovadora, arriscada e destemida “(…) o tipo de direção que tenho e que tento fazer é motivado
pela minha personalidade.” (DAE) e manifesta a sua intenção de exercer uma liderança para
a inovação:

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“(…) não podemos pensar a escola da mesma forma, tento usar estas funções
que tenho para tal, sinto que me permite voar um bocadinho, no entanto às vezes
tenho alguns entraves, mas só quem não tenta é que não lhe acontece.” (DAE)

Assume, sem receios, os riscos de uma fase de mudança:

“(…) sei que, às vezes há coisas que correm menos bem, tenho essa consciência,
mas também sei que há coisas que correm bem, e no equilíbrio o que corre bem e o
que corre menos bem, pelo menos que seja autêntica, que seja eu” (DAE)

Para esse efeito, reconhece que num processo de mudança é crucial ouvir os
professores, mas que se deve ter em atenção as intenções:

" Eu (Diretora) gosto muito de ouvir as pessoas quando sei que são pessoas que
gostam de mim e que estão a tentar ajudar (…).” (DAE).

Salienta o papel da equipa da Direção e da necessidade de em equipa existirem


momentos para uma análise reflexiva conjunta:

“(…) eu (Diretora) acho que uma direção tem que ter momentos muito regulares
de pontos da situação, momentos onde estamos os quatro em que analisamos o que
correu bem e o que não correu bem e, às vezes, quando eles resmungam comigo tem
que ver com isso, porque às vezes andamos numa lufa-lufa de trabalho que
perdemos, ou não temos tempo para nos reunir mas eu sei, e cada vez sinto isso, que
não é perder tempo é ganhar tempo, quando estamos juntos os quatro nem que seja
para fazer o ponto de situação de cada um.” (DAE)

Nesta Direção a relação transcende a relação de trabalho, existe uma ligação


emocional e de confiança:

“(…)eu (Diretora) sou muito dependente da minha Direção, e eles são muito
dependentes de mim, dependente não em termos de trabalho, pois eles são
portentosos naquilo que fazem, mas efetivamente somos muito emocionais, esta
minha direção este meu grupo é um grupo dos afetos, do mimo, da entreajuda, do
sentirmo-nos acompanhados.” (DAE)

Até esta parte mais afetiva foi afetada com as restrições impostas pela pandemia,
mas que dada a relação existente foi possível ultrapassar todos os constrangimentos, algo
que afetou este agrupamento muito ligado aos afetos, como constata a Diretora:

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“(…) esta pandemia até nisso vai massacrar, porque faz-nos (direção) falta os
abracinhos, os miminhos essas coisas todas, porque nós somos muito assim.” (DAE)

A Diretora reforça que, no entanto, uma direção não consegue trabalhar sozinha,
e que, se é importante a sua equipa também se vê como um pilar para o crescimento do
seu Agrupamento.

“(…)o nosso agrupamento é inovador, basta ver que é verdade. Eu também


tenho consciência, que esta inovação toda e o facto de estarmos em 1000 projetos
tem a ver com a diretora, eu sei que ajudo porque é um facilitador, uma força para
“façam vão para a frente.” (DAE)

Não hesita em denominar o AE de inovador, mas aposta numa liderança partilhada


e distribuída:

“Todos têm um papel válido nas escolas e quando querem fazer, eu sou a favor
de delegar competência nessas pessoas e de confiar no trabalho que as pessoas
fazem (…)” (DAE)

A Diretora mostra-se muito ciente que ao distribuir responsabilidades, terá de lidar


com as eventuais falhas, mas na sua visão estas servem para uma reflexão e crescimento.

“(…) se as coisas depois não correrem bem também tenho de ter a coragem de
dizer assim “não tive bem”, não é culpar a pessoa, não é, e não tive bem porque se
calhar precisava de monitorizar um bocadinho mais a situação e não monitorizei ou
precisava de ajudar mais naquele campo, ou a pessoa não teve a coragem de pedir
ajuda.” (DAE)

Identificou o envolvimento no desenvolvimento dos projetos como um ponto a


melhorar com a sua equipa, acrescenta que a gestão do tempo não é de todo fácil numa
direção de escola.

“já chegámos a essa conclusão que se calhar falta esse envolvimento das pessoas
perceberem que nós queremos nos envolver, não é por desconsiderar o trabalho dos
outros, às vezes não temos mesmo tempo para nos envolvermos, mas queremos
melhorar nesse campo queremos estar mais presentes em algumas dinâmicas, até
para valorizar o trabalho das pessoas que se dedicam muito.” (DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Nem todos os professores do AE absorvem a mudança ao mesmo ritmo, e se para


uns a inovação é claramente o caminho a seguir sem hesitações, outros há que necessitam
de ganhar mais confiança para explorarem novos caminhos.

“(…) é um Agrupamento pequeno e dentro do pequeno tem duas vertentes, tem a


vertente das pessoas que investem muito e que querem muito que o Agrupamento
ande para a frente, que seja visto, que os alunos aprendam, quer inovar e que quer
fazer mais, melhor e diferente e depois, há o grupo das pessoas que é mais reticente,
não digo que não queiram, mas que são mais reticentes às mudanças e à alteração
daquilo que é o sistema implementado.” (CAA)

Considera que um dos maiores desafios de um diretor é gerir as relações humanas,


aceitando de forma natural que não é possível agradar a todos, mas o seu foco será sempre
o melhor para o Agrupamento, e para os seus alunos.

“Fazer a gestão de relações humanas é sempre muito difícil, (…) sabendo que
nem todas as opções agradam a gregos e a troianos, eu prefiro saber que estou a
desagradar os troianos, mas ao mesmo tempo os gregos vão ficar felizes e que o
trabalho vai ficar bem feito.” (DAE)

A situação tem-se agravado, dadas as mudanças que ocorreram nos últimos anos,
e, de facto, os professores atravessam uma fase de cansaço, e, naturalmente, nem todos
lidam com ela da mesma forma. A Diretora mantém a esperança de que com calma e
reforçando a motivação e a confiança dos seus professores, conseguirão ultrapassar esta
fase menos boa.

“No entanto, precisamos de ir com calma, pois estamos todos muito cansados e
há personalidades diferentes, enquanto uns estão cansados mas mantêm o foco
naquilo que querem e outros que estão cansados e que começam a desfocar e a
desmotivar, e é isso que me entristece às vezes, eu sinto que precisamos de mimá-
los um bocadinho, alguns precisam de mimo, precisam de ouvir “tu és capaz”, “foi
difícil mas tu és capaz, vais conseguir”, ou “vais lá chegar”, mas os tempos não
estão a ajudar.” (DAE)

O ponto fundamental para implementar este processo de mudança, na escola é, na


visão da diretora, a motivação dos professores fazê-los acreditar, empoderar os
professores motivados.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“Motivação dos professores, eu preciso fazê-los acreditar, que não têm que ser
todos iguais, mas têm de estar todos motivados a trabalhar, todos os que querem,
quem não quer não há volta a dar.” (DAE)

Porém, reconhece a dualidade de sentimento entre as dificuldades e a mudança.

“É muito complicado ouvir pessoas, que temos muita consideração, dizerem que
as coisas não estão a correr bem e, ao mesmo tempo, sentires que temos de
melhorar.” (DAE)

A Diretora aceita que o processo de mudança não é fácil, mas acredita que para
ultrapassar os constrangimentos é necessário um processo de monitorização, de avaliação
e de reflexão. A importância da equipa de autoavaliação do AE viu a ferramenta SELFIE
como um instrumento de autorregulação: “A SELFIE também nos pode ajudar a olhar com
maior objetividade o caminho a seguir.” (DAE). A equipa da Direção acompanhou o processo
de implementação do SELFIE e analisou os dados. Nas reuniões habituais de equipa foi
feita uma reflexão sobre os dados obtidos:

“Nós (Direção) fazemos o ponto da situação e, sim, reunimos e, sim, falamos


desses documentos e, sim, tentamos perceber.” (DAE)

As mudanças trazem para a escola e para a sala de aula, naturalmente, as


tecnologias, e importa conhecer a perceção do grupo-escola sobre esta inovação e não a
perceção de cada um.

“Identificar de forma clara, as fragilidades e o percurso, que quem conhece o


agrupamento sente que se deverá seguir, tendo em conta o que foi delineado. Porque
uma coisa é tu conheceres a realidade, outra é conheceres a tua realidade, eu acho
que a SELFIE ajuda-nos a clarificar isso, a conhecer a realidade. Para mim como
diretora é importante, para depois eu em vez de me estar a centrar naquilo que é a
minha visão do Agrupamento, não, eu centro-me naquilo que é a visão espelhada
nesta fotografia que se tirou ao Agrupamento, para podermos estruturar qual o
caminho a seguir.” (DAE)

É importante saber traçar o caminho que se quer caminhar, para a diretora é fulcral
caminhar como um grupo, não é inovar por inovar é perceber que se quer mudar e saber
como se pode fazer esse caminho.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

4.3.2. Estruturas intermédias e processos de liderança

Além do reconhecimento por parte da organização do papel da diretora, é


reconhecida das diversas estruturas intermédias, como se pode ler no Projeto Educativo:

“Considerámos, também, fundamental, a ação dinamizadora da diretora, mas


também, de não somenos importância, o papel indispensável das chefias
intermédias, a saber: diretores de turma, coordenadores de Departamento, equipas
de docentes e responsáveis pelos apoios educativos, cujo envolvimento será
necessário e benéfico na consecução de determinados objetivos, assim como, na
qualidade dos processos de inovação e mudança.” (PE, p.4)

Este reconhecimento e valorização da escola como um todo, em que todas as


equipas/estruturas são importantes, é também atestado pela Diretora.

“(…) eu sou uma felizarda no meio disto tudo, porque, para além da direção que
confio muito e tenho plena consciência que sem eles não era capaz de fazer o
trabalho que faço, depois tenho as estruturas intermédias que eu também confio
muito, sei que podem ter uma falha aqui ou podem ter uma falha ali, ou as coisas
podem não ser como nós pensamos, mas se não fossem eles a máquina não andava,
tem de ser um esforço conjunto para que a máquina ande.” (DAE)

A Diretora reforça a importância das equipas, os elementos da equipa têm de ser


cuidadosa e estrategicamente bem escolhidos, pois é o garante, ou não, do desempenho
dessa equipa. Alertando, logo, que em Agrupamentos pequenos, como este, as escolhas
recaem sempre nos mesmos professores.

“(…) a escolha das equipas, as que se podem escolher, são fundamentais (…),
por outro lado, o problema é que é um massacre pois são sempre os mesmos
professores.” (DAE)

A Diretora reconhece que existe uma atribuição intencional e estratégica na escolha


das equipas. Consciente de que o volume de trabalho e de responsabilidade não é
distribuído de forma equitativa, assume que a alocação de responsabilidades é feita por
reconhecimento do mérito e das valências dos professores para o sucesso dessas equipas.

“(…) depois eu sei que é injusto, porque depois acabamos por sobrecarregar
sempre os mesmos, (…), mas é tão importante em determinadas funções escolher
bem, e não estou a dizer que, e quem me conhece sabe que eu não escolho para eu

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ter a minha vida facilitada, em termos de fazerem tudo o que a diretora quer, de
todo, eu escolho por saber que a tarefa vai estar bem atribuída (…)” (DAE)

O impacto da mudança também é bem visível nas estruturas, na sua organização e


nas suas estratégias:

“Estamos a passar uma fase muito desafiante, e acho que estas mudanças todas
estão a abanar as nossas estruturas, está a ser difícil.” (DAE)

A motivação e a capacidade de envolver os outros são características reconhecidas


num bom líder, reconhecendo que liderar nem sempre é fácil, mas que é fundamental
acreditar na missão, sem desistir de mobilizar os outros colegas, num verdadeiro trabalho
de equipa.

“(…) nós (as estruturas) que temos a capacidade de decisão, nós que temos a
capacidade de trabalho de inovação de andar para a frente, podemos andar
cansados mas andamos para a frente, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar
para o bem, no que é positivo para o Agrupamento, se nós acreditarmos que estamos
a trabalhar para fazer as coisas que são positivas para o agrupamento, não podemos
deixar de fazer, podemos ficar tristes, naturalmente, quando sentimos quando há
reações menos boas, mas acreditamos naquilo que fizemos, e isso é o mais
importante, a pessoa acreditar naquilo que fez.” (DAE)

Na implementação da SELFIE, as estruturas que mais se envolveram foram a


equipa de autoavaliação e o Conselho Pedagógico, órgão que deu um contributo, na fase
inicial, de planeamento, mas, cuja maior contribuição ocorreu na fase de análise e de
reflexão sobre os resultados obtidos. Neste sentido, a Diretora manifesta que o Conselho
Pedagógico deste AE é uma estrutura onde se reflete de forma construtiva, mesmo com
pontos de vistas diferentes:

“Porque é que eu (diretora) digo que gosto muito do pedagógico, porque


primeiro levantam as questões que têm de levantar, e é assim que eu gosto, mas ao
mesmo tempo sempre numa base construtiva. (…). Tendo plena consciência que o
meu pedagógico não é consensual em alguns temas, mas eu confio naquelas
pessoas.” (DAE)

A Diretora reconhece o impacto das lideranças intermédias na mobilização dos


professores, no entanto, realça que a par dessa capacidade de mobilizar tem de existir a
capacidade de planeamento e de organização.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“(…) que a liderança, e o facto das pessoas se sentirem identificadas com a


pessoa que está na liderança de um agrupamento que ajuda, mas depois se não
houver toda uma estrutura por detrás daquilo e um planeamento bem feito é um
fiasco, portanto é muito difícil decidir entre eles, acho que tem de ser um equilíbrio
entre esses dois campos.” (DAE)

Para a equipa SELFIE, não foi diferente, além da capacidade de mobilizar era
necessário a capacidade de realizar um bom planeamento estratégico. A confiança e o
reconhecimento de outros na equipa são fundamentais para a realização de processos de
autorregulação, é necessário acreditar e confiar para que respondam de forma honesta.

“(…) estar tudo bem estruturado e bem planificado, mas as pessoas sentirem
também confiança e a direção diga envolvam-se, façam e sejam honestos,
respondam de forma coerente sem filtros pois é isso que nós precisamos realmente
para ajudar o percurso do agrupamento. Pois eu posso ser uma diretora que faço
discursos espetaculares e que motivo o pessoal, mas depois se não tenho nada
estruturado nem preparado fica tudo uma confusão e ninguém consegue fazer nada
de jeito, por outro lado se a estrutura está toda muito bem montada, mas depois se
não houver esta fase, esta possibilidade de motivar e dizer participem que não há
problema confiem está tudo bem, se calhar também vai ser ruinoso porque as
pessoas sentir-se-iam presas e não seriam totalmente honestas.” (DAE)

Os departamentos curriculares têm também um papel fundamental na fase da


reflexão, são reuniões mais pequenas onde se pode debater de forma mais participativa e
ativa, promovendo um envolvimento de todos.

“Naturalmente que são importantes, principalmente se nós conseguirmos que


esses momentos sejam efetivamente reflexivos (…) posso fazer uma reunião geral
para apresentar os resultados, falar com os colegas, agradecer a participação e
transmitir as conclusões a que chegámos, mas não é numa reunião com 120 pessoas
que vamos ter um trabalho sério de reflexão, não se consegue, e, portanto, tem de
ser feito em estruturas mais focadas, e aqui os departamentos têm uma função muito
importante.” (DAE)

É, também, nos departamentos curriculares, que surgem as sugestões de ação e


estratégias, que serão analisadas em Conselho Pedagógico.

54
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“(…) todas as estruturas intermédias acabam por assegurar, mandamos para os


departamentos, mandamos para o Conselho Pedagógico para se debater de que
maneira é que aquilo depois se irá refletir no dia a dia do Agrupamento.” (DAE)

Mais uma vez a coordenação e a dinamização das reuniões de departamento


depende muito do seu líder, que afeta a reflexão conjunta. A diretora reconhece que em
alguns departamentos existe uma reflexão, repleta de partilhas e de sugestões, enquanto
noutros a reflexão é muito menos enriquecedora.

“Agora também temos de ter a noção que depois quem está à frente do
departamento é fundamental para que exista uma reflexão, pois apresentar apenas
os resultados não permite uma reflexão conjunta.” (DAE)

A diretora reforça o papel crucial das estruturas intermédias, que têm um papel
primordial para uma comunidade aprendente e comprometida com a missão do AE.

“(…) o sucesso de uma direção passa sempre pelo sucesso das estruturas
intermédias e de todas as outras equipas, que são tão ou mais importantes que a
direção, quando assumem um compromisso com alguma coisa, pela esquerda ou
pela direita, a coisa vai acontecer.” (DAE)

4.4. Os resultados SELFIE

O questionário SELFIE considera três grupos de participantes: dirigentes


escolares, professores e alunos. É possível escolher o número de inquiridos e os grupos
de participantes (não é obrigatório participarem os três grupos). No entanto, foram pré-
estabelecidas taxas mínimas de participação, relacionadas com o número de participantes
convidados, sem as quais o relatório não seria fidedigno.

“Uma vez que a ferramenta SELFIE utilizará as informações recolhidas através


dos questionários para criar um retrato instantâneo do estado da escola no que toca
à utilização de tecnologias digitais; em princípio, quanto maior for o número de
questionários respondidos, mais exatas e úteis serão as informações recolhidas.”
(Guia SELFIE, 2018-2019, p.8)

55
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

O AE optou por convidar todos os docentes e todos os alunos desde o 4º ano de


escolaridade, e conseguiu taxas de sucesso que garantiram a plausibilidade do relatório
final.
O relatório contempla uma análise por cada uma das áreas da SELFIE:

Quadro 4
Áreas dos questionários SELFIE de 2019

• “Este domínio está relacionado com o papel da liderança na integração das


A - Liderança tecnologias digitais na escola e com a sua utilização eficaz no trabalho aí
desenvolvido: o ensino e a aprendizagem."

• Este domínio está relacionado com a existência de infraestruturas adequadas,


B - Infraestruturas e fiáveis e seguras (como equipamentos, software, recursos de informação, ligação à
equipamentos Internet, apoio técnico ou espaço físico), que podem permitir e facilitar a inovação
no ensino, na aprendizagem e nas práticas de avaliação."

C - Desenvolvimento • "Este domínio analisa se a escola facilita e investe no Desenvolvimento


Profissional Contínuo (DPC) do seu pessoal a todos os níveis. O DPC pode apoiar
profissional e o desenvolvimento e a integração de novas formas de aprender e de ensinar, que
contínuo exploram as tecnologias digitais para obter melhores resultados de aprendizagem."

• Parte 1 - "Utilizar as tecnologias digitais para uma aprendizagem mais eficaz


D – Ensino e significa atualizar e inovar as práticas de ensino e de aprendizagem."
Aprendizagem • Parte 2 - "Utilizar as tecnologias digitais para uma aprendizagem mais eficaz
significa atualizar e inovar as práticas de ensino e de aprendizagem."

• "Este domínio está relacionado com as medidas que as escolas podem considerar
E – Práticas de para passarem gradualmente de uma avaliação tradicional para um repertório de
práticas mais abrangente. Este repertório poderá incluir práticas de avaliação
avaliação baseadas nas tecnologias, que sejam centradas nos alunos, personalizadas e
fidedignas."

F - Competências • "Este domínio está relacionado com o conjunto de aptidões, conhecimentos e


atitudes que permitem a utilização confiante, criativa e crítica das tecnologias
digitais dos alunos digitais por parte dos alunos."

Cada uma destas áreas tem as afirmações pré-selecionadas para os 3 níveis de


ensino. Na generalidade, as respostas são dadas numa escala quantitativa de 1 a 5 e ainda
contemplam a opção “Não Aplicável”, as poucas questões que não têm esta escala são de
respostas com opções. Os questionários são realizados online, cujo acesso é através de
um link, sem qualquer registo do questionado, garantindo, assim, o anonimato dos
participantes. De salientar que os resultados obtidos são apenas as médias de cada grupo
de participantes. Não é possível aceder à resposta individualizada de um participante
específico.

56
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Uma vez que se trata de um programa europeu, os níveis de escolaridade não estão
agrupados de acordo com a realidade das escolas portuguesas. Em Portugal há uma
separação nos 6 primeiros anos de escolaridade (1.º e 2.º ciclo), com especificidades
próprias e com dinâmicas, condições e estabelecimentos escolares diferenciados, pelo que
importa compreender a integração do digital em cada uma dessas realidades. Noutros
países europeus estes 6 primeiros anos constituem o ISCED2 1, não havendo a separação
entre ciclos diferentes, estando assim a SELFIE organizada de acordo com esta estrutura.
Por decisão da equipa, com o objetivo de se obterem dados pelos diferentes ciclos,
que neste agrupamento têm realidades muito diferentes, foram gerados três questionários
(um por ciclo de escolaridade), sendo que as questões são as mesmas, existindo apenas
algumas adaptações na linguagem dependendo da faixa etária dos alunos a que se
destinam. Assim, obtiveram-se três relatórios, gerados automaticamente pela ferramenta
SELFIE. Nestes relatórios os resultados são comparados através das médias das respostas.
A plataforma possibilita uma análise dos dados com gráficos dinâmicos, e permite uma
exportação dos relatórios em formato PDF.

“A equipa habituada a fazer tratamentos estatísticos, para os relatórios de


autoavaliação da escola, ficou muito satisfeita com o tratamento feito pela SELFIE,
possibilitando que a equipa se preocupasse com a interpretação e análise
contextualizada da informação obtida. De outra forma, seria impossível a equipa
conseguir realizar um tratamento estatístico desta envergadura em tempo viável
para tomadas de decisões na organização.” (NC6)

A equipa SELFIE, em conjunto com a equipa de autoavaliação da escola, fizeram


uma análise cuidada e pormenorizada dos resultados obtidos. A primeira dificuldade
sentida pela equipa na análise dos dados, foi a comparação da vasta informação gerada,
pois pretendiam criar uma visão geral do agrupamento, através dos relatórios obtidos.
Esta fase foi bastante mais fácil do que inicialmente aparentava, dada a organização do
relatório final, que faz uma análise geral e faz uma análise mais detalhada, dividindo
primeiro por áreas e por grupos de participantes e depois por questões.

“Dada a extensão da informação e a separação dos três relatórios (um para cada
ciclo), obtidos com os dois registos feitos, a equipa considerou pertinente a
elaboração de um relatório interno que integrou no relatório final de autoavaliação

2
Classificação Internacional Normalizada da Educação (do inglês: International Standard Classification of Education
-ISCED)

57
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

da escola, onde comparava os resultados dos diferentes relatórios. Apesar da equipa


considerar que seria difícil a análise dos dados, conseguiram fazê-lo de forma
rápida e eficaz.” (NC6)

Após a análise dos resultados obtidos, a própria equipa SELFIE fez uma primeira
reflexão, destacando alguns pontos que considerou importante serem analisados pelo AE.

“As funcionalidades da plataforma SELFIE, mostraram-se uma mais-valia para


a equipa que conseguiu ter mais tempo para uma reflexão dos resultados, e mais
rapidamente apresentar os resultados, permitindo assim a tomada de decisões mais
célere.” (NC6)

Os resultados obtidos foram, de uma forma geral, aproximados nos três grupos de
participantes em cada um dos ciclos, como se observa na seguinte figura, permitindo uma
reflexão sobre aqueles que mais se distanciam.

Figura 6
Médias, por áreas e por grupos de participantes, dos questionários SELFIE (2019)

1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo

58
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

De uma forma muito geral, os resultados não são baixos, mas também não são
altos, o que indica o início de um percurso de mudança. Através dos resultados gerais
foram identificadas as três áreas com valores médios mais baixos, logo mais fragilizados
na integração do digital: Infraestruturas e equipamentos; Práticas de avaliação e
Liderança.
Após uma análise mais cuidada, constata-se que muitas respostas, a maioria, se
encontram na zona de concordância mais ténue, o que dificulta uma perceção mais clara
da informação e a consequente decisão estratégica, pelo que a fase da reflexão seria
crucial para delinear ações estratégicas.

“(…) muitas respostas situam-se na posição 3, que numa escala de 1 a 5 é o valor


central, não permitido uma análise positiva nem negativa;” (NC6)

A equipa também ressalta a incoerência em algumas respostas, acreditando na


honestidade das respostas dadas, estas poderão advir de interpretações distintas das
questões ou então de definições de conceitos distintos.
Os resultados, de forma geral, foram mais ou menos dentro do esperado, como
afirma a Diretora, que o importante é refletir de forma contextualizada.

“A grande maioria dos resultados eram os esperados um ou outro ponto é que


surpreendeu, mas em geral não (…). É importante meditar em alguns campos que a
pessoa tem como garantido, também acho que é extremamente importante o
conhecimento e o sentir do pulsar do Agrupamento no dia a dia (…).” (DAE)

Mas, para além do geral, importa analisar os resultados de todas as questões para
se identificarem, especificamente, os pontos a melhorar. A equipa SELFIE identificou as
questões com médias de maior destaque (baixas ou altas) em cada área e, sempre que se
revelou necessário, por apresentarem diferenças significativas nas pontuações. Na análise
distinguiu e relacionou os resultados pelos diferentes grupos.
O quadro seguinte apresenta de forma sucinta as questões onde o Agrupamento
obteve médias mais baixas, relativamente a cada área do SELFIE, com algumas reflexões
internas dos resultados obtidos.

59
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Quadro 5
Situações com médias mais baixas destacas dos questionários SELFIE
Áreass Questões com médias mais baixas
Há necessidade clara de debater as vantagens e desvantagens de ensinar e aprender
com as TD, em especial no 3º ciclo, ciclo onde todas as médias foram negativas –
dirigentes, professores e alunos;
A - Liderança Há necessidade de proporcionar tempo aos professores para explorarem formas de
melhorar o seu ensino com as TD em todos os níveis de ensino, onde todos os
valores médios foram negativos, embora reconheçam vontade por parte das
lideranças.
Foram ainda assinalados como deficitários/problemáticos, em todos os níveis de
ensino e em especial pelos professores:
B - Infraestruturas − disponibilidade de dispositivos digitais para os alunos e professores;
e equipamentos − pouco apoio técnico (apesar da ajuda da equipa PTE);
− Disponibilidade de acesso à internet (lenta/instável);
− Falta de espaços físicos
Total concordância com a necessidade de Desenvolvimento Profissional Docente
na área das TD;
C- − no 3º ciclo fraca valorização do trabalho colaborativo entre pares;
Desenvolvimento
− no entanto, sobre a utilidade de DPC do quadro anterior esta foi uma das
profissional e
contínuo áreas mais valorizadas;
− também nas questões próprias destaca-se a desvalorização do trabalho
colaborativo.
Grande discrepância ,no 2º ciclo, entre a opinião dos dirigentes e dos professores
em relação à utilização das TD em contexto pedagógico, com os professores a
indicarem que as utilizam e os dirigentes discordando;
− no 3º ciclo há grande concordância positiva entre todos os grupos
D – Ensino e participantes;
Aprendizagem − de salientar os valores muito positivos quando anteriormente se referiu
que as infraestruturas digitais eram insuficientes;
− valores mais baixos na utilização de tecnologias digitais para projetos
transdisciplinares (gerando preocupação no âmbito do trabalho
colaborativo).
Relativamente às práticas de avaliação, globalmente os professores indicam que
utilizam o digital na avaliação das aprendizagens, no entanto não o utilizam para
dar feedback aos alunos em tempo útil nem para estes atuarem sobre os seus
E – Práticas de resultados.
avaliação
À exceção do 2º ciclo onde os resultados revelam o contrário.
No 3º ciclo há uma concordância entre os vários grupos na necessidade de melhorar
estes processos
Valor mais baixo refere que os alunos utilizam muito pouco as tecnologias
F-Competências digitais em sala de aula, nas várias disciplinas;
digitais dos Surpreende pelos resultados francamente positivos nos itens de utilização de
alunos
tecnologias digitais no ensino e aprendizagem.
Nota: in Apresentação Resultados SELFIE

A SELFIE permitiu obter claramente a visão de todos no âmbito das tecnologias


digitais, que era um investimento que o Agrupamento vinha a fazer nos últimos anos.

60
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Dada a abrangência e a pertinência das questões da SELFIE, o diagnóstico permitiu ao


AE identificar as suas áreas de melhoria e traçar um plano estratégico.

“(…) a mais-valia da implementação deste projeto, tem muito a ver com a


característica da própria SELFIE, que é definir claramente um diagnóstico preciso,
daquilo que são as fragilidades e daquilo que são as potencialidades da escola, e
intervir dentro dessas fragilidades para as tornar potencialidades e isto para mim é
a mais-valia da SELFIE. Claro, que depois, a partir daqui temos um mundo de
possibilidades, não é, mas a mais valia é isto mesmo, é diagnosticar claramente o
que é que estamos a fazer bem o que é que está a correr bem, manter, aproveitar
isso que estamos a fazer bem, para depois investir naquilo que está a correr menos
bem.” (CAA)

Durante o ano letivo de implementação da SELFIE, os resultados dos


questionários foram analisados pelas diferentes estruturas. Esta análise promoveu uma
análise reflexiva e partilhada, que gerou no AE, uma onda de entusiasmo e vontade em
encontrar soluções contextualizadas para a melhoria do Agrupamento.

“(…) este questionário ao devolver à direção e às estruturas intermédias,


permite-nos perceber a visão de todos e refletir sobre estes processos e rever alguns
procedimentos.” (DAE)

No início do ano letivo seguinte, foram apresentados os resultados SELFIE pela


Diretora, pela coordenadora da Equipa SELFIE e pelo parceiro externo à escola, numa
Reunião Geral, com todo o pessoal docente e não docente:

“Na implementação da SELFIE, claro dentro da minha linha, eu tenho esta linha
bem-disposta e mais ligeira de abordar os assuntos, é assim que eu sou, mas ao
mesmo tempo senti que era importante fazer uma reunião geral de professores para
transmitir que a implementação da SELFIE, era muito importante para o
Agrupamento, para traçarmos o percurso que queríamos seguir e que contava com
a participação de todos.” (DAE).

Os resultados dos questionários identificam a origem da tomada de decisões por


parte dos dirigentes escolares nos diversos domínios.

61
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

4.5. As mudanças organizacionais

4.5.1. O modelo ajustado à organização

O AE desde a participação nos projetos piloto no âmbito dos quadros de referência


DigCompOrg e no DigCompEdu começou, de forma mais generalizada, a incorporar as
tecnologias digitais na escola, quer ao nível organizacional quer ao nível pedagógico, na
sala de aula, reconhecendo as suas vantagens e com a intenção de inovar. Atualmente,
essas intenções estão espelhadas no Plano de Inovação, existindo um investimento tanto
no domínio pedagógico como no domínio tecnológico. Verifica-se no Plano de Inovação,
a integração de um Domínio Tecnológico:

“(...) pretende-se criar um ambiente inovador de aprendizagem, bem como


promover a literacia digital de todos os intervenientes, com vista ao
desenvolvimento da responsabilidade, da solidariedade e da autonomia dos alunos
face aos novos desafios da sociedade atual.” (PI, p.8)

As intenções do AE assentam numa mudança de paradigma. Conscientes que essa


mudança teria de ir ao ritmo dos atores, apelidam-se como “baby-steps”. Assim,
começaram-se a explorar novos caminhos, mas não de uma forma muito concertada, mas
muito partilhada. As lideranças começaram a perceber que seria necessário a criação de
um plano que desse significado e coesão a este novo caminho que se começava a traçar.
A implementação de um instrumento de autorregulação com um olhar direto para
as tecnologias digitais, revelou-se uma bússola orientadora para as lideranças numa fase
tão direcionada para as tecnologias. A implementação da SELFIE foi, desde logo,
delineada por fases: a da análise dos dados; a da apresentação dos dados; a da reflexão
dos resultados nas diversas estruturas com sugestões para o novo Plano de Ação.

62
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Figura 7
Fases do planeamento após a aplicação do SELFIE

Na análise dos resultados, com os coordenadores das diversas estruturas, gerou-se


um input para ir mais além do que um plano de ação, era necessário criar um documento
que espelhasse o que já era feito no Agrupamento e que definisse linhas orientadoras para
o percurso a seguir.

“Mais uma vez o facto de sermos um Agrupamento inovador permitiu-nos uma visão
de conjunto, que não é fácil, mas no fundo é isso que faz sentido, é nós não tomarmos
as ferramentas isoladas, (…) na realidade fartamo-nos de trabalhar, mas depois se
não houver uma visão de conjunto que possa agregar estas coisas todas e que possa
a fazer as pontes entre as várias ilhas, andámos a trabalhar muitos sem grande
sentido.” (DAE)

A análise e reflexão dos resultados da SELFIE despontou uma epifania para a


criação de um Pano de Inovação. O Plano estabelece uma agregação de diversos projetos
e atividades que o AE vinha a desenvolver, fortalecendo-lhes a intencionalidade e
visibilidade, criando uma extensão, reforçando mais uma vez a intenção da união e da
diferença.
“As medidas agora propostas assumem-se como uma aposta no alargamento
gradual a todo o Agrupamento de experiências positivas conseguidas até ao
momento, as quais, aos poucos, foram sendo assimiladas por todos os atores, com
um verdadeiro sentido de pertença e de colaboração” (PI, p.3).

63
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

4.5.2. A reconfiguração da organização

A análise dos resultados da SELFIE teve impacto na reconfiguração da


organização:

“(…) este questionário ao devolver à direção e às estruturas intermédias, permite-


nos perceber a visão de todos e refletir sobre estes processos e rever alguns
procedimentos.” (DAE)

A equipa de autoavaliação analisou os dados dos questionários e integrou-os no


relatório anual de autoavaliação do AE. Para esta equipa, estes dados consubstanciaram
a análise para identificação de pontos fortes, pontos fracos e sugestões de melhoria.
Denotou-se a importância dada a esta ferramenta, que passou a integrar-se como mais um
instrumento de recolha de informação para a equipa de autoavaliação. Nesse relatório está
espelhada a importância reconhecida pela aplicação desta ferramenta no contexto da
organização do AE.

“Realizados questionários aos alunos e professores, no âmbito do projeto Pré-piloto


SELFIE, em parceria com o IEUL (C2Ti), a partir dos quais se produziram
relatórios, tendo-se realizado as seguintes considerações:
Pontos fortes – Participação no projeto Pré-piloto SELFIE. Levantamento dos
constrangimentos ao nível da utilização das competências digitais no Agrupamento.
Comparação entre a visão dos dirigentes, professores e alunos. Valorização do
trabalho desenvolvido por professores e pessoal não docente.” (Relatório
Autoavaliação, 2020-2021, p.16)

As estruturas intermédias reconheceram quase de forma imediata que teriam de


fortalecer a comunicação entre si, estabelecendo de forma célere alguns canais de
comunicação.

“Discrepância no 2º ciclo entre a opinião dos dirigentes (2,5) e dos professores (3,8)
em relação à utilização das TD em contexto pedagógico” (Relatório Autoavaliação,
2020-2021, p.9)

A discrepância em algumas questões entre a média de respostas dos professores e


a média das respostas dos dirigentes, promoveu uma reflexão e uma maior
responsabilização dos líderes, que perceberam que ainda tinham um caminho a percorrer.

64
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

O mote foram as diferenças ao nível das tecnologias entre os dirigentes e os


professores, mas sobretudo serviu para um fortalecimento no trabalho nos dirigentes.
Uma das sugestões dos coordenadores foi a existência no horário semanal de uma hora
comum para trabalho entre os coordenadores das diversas estruturas de liderança
pedagógica, que se tem revelado como um espaço privilegiado de trabalho colaborativo
entre as lideranças.

“Sugestões de melhoria – Clarificação do conceito de trabalho colaborativo e


reflexão conjunta sobre a importância e mais-valia dessa forma de trabalho entre
os docentes, com possível investimento na formação nesta área.” (Relatório
Autoavaliação, 2019-2020, p.17)

O encerramento de todas as escolas e a passagem ao Ensino a Distância (E@D),


promoveu neste AE a implementação desta medida do trabalho colaborativo entre
professores em prol dos seus alunos, como consta no seu Plano E@D de 2020:

“Ressalva-se que ao longo deste processo o trabalho colaborativo entre docentes


assume especial relevância, com enfoque para o trabalho que deve ser desenvolvido
pelos Departamentos Curriculares e articulado pelos Conselhos de Turma, na
uniformização e necessária articulação entre disciplinas, bem como na atribuição
de tarefas/atividades por anos de escolaridade.” (Plano E@D, 2020, p.10)

A Formação de Professores foi outra área que sofreu alguns ajustes. No AE já


existia um plano de formação desde a implementação dos Questionários do
DigCompEdu. No entanto, após a análise dos resultados da SELFIE e do período de
E@D, houve uma valorização e um reconhecimento da importância das tecnologias, tanto
no trabalho com os alunos como no trabalho entre professores.

“Pontos fracos – Necessidade de formação dos docentes no âmbito das tecnologias


digitais.” (Relatório Autoavaliação, 2019-2020, p.22)

Um outro parâmetro que levou a uma alteração profunda na organização, foi na área
da avaliação com recurso às tecnologias digitais. Nos resultados obtidos na área da
SELFIE os professores afirmam que querem trabalhar e avaliar com recurso às
tecnologias digitais, por outro lado indicam como constrangimentos a falta de recursos e
de tempo para explorar.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“Pontos fracos – Insuficiência de dispositivos digitais. Acesso à Internet instável.


Falta de espaços físicos. Falta de tempo para explorar tecnologias digitais. Pouca
relevância dada ao trabalho colaborativo. Pouca utilização das tecnologias em sala
de aula.
Sugestões de melhoria – (…) Investimento na formação na área das tecnologias
digitais e avaliação com recurso ao digital.” (Relatório Autoavaliação2019_2020,
p.17)

A análise destes dados e desta inconsistência, levou a uma reflexão profunda e


profícua sobre o assunto delineando-se um plano de ação para formação interna neste
âmbito e para a aquisição de dispositivos digitais.
Ainda no âmbito da avaliação existiu outra grande transformação, a utilização de
uma plataforma digital para a avaliação dos alunos, que permitia a agregação e
uniformização dos processos de avaliação do AE, simplificava o trabalho entre
professores e permitia uma avaliação reguladora das aprendizagens, com possibilidade de
reporte a alunos e encarregados de educação.

“(…) quando eu (Diretora) ponho algo na cabeça que é útil para o agrupamento
também é difícil me demover das minhas ideias e eu sigo em frente, e a SELFIE no
fundo permitiu-nos isso quando nós começámos a perceber já fazíamos tantas
coisas, mas que precisávamos de unificar, lá está, fazer as pontes das várias ilhas
daquilo que já íamos fazendo separadamente nas diferentes ilhas, a SELFIE ajudou
na construção do nosso plano de inovação, na utilização da plataforma de avaliação
e de plano de turma.” (DAE)

Esta mudança no paradigma e processo da avaliação e no seu processo de avaliação,


só foi possível com a criação de um plano estratégico com uma equipa de professores a
organizar e dinamizar estas alterações na escola.
O Agrupamento olhou para os resultados da SELFIE, e para o relatório de
autoavaliação, e rapidamente começou a planear diversas mudanças, percebendo-se que
as mudanças iriam ser em diversas vertentes. Foi nesta fase que se entendeu necessário
um plano de ação mais agregador que espelhasse todas estas intenções, tendo a SELFIE
permitido ao AE olhar de uma forma mais global para si próprio. A diretora refere

“(…) acredito honestamente que estes passos que temos tido condicionadas pelas
análises que temos feito, através da SELFIE, de toda a realidade e de todo um
trabalho, tudo conta num agrupamento, a experiência de quem já anda há muitos

66
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

anos, experiência de quem já veio de outros agrupamentos e que nos traz novidades
de outros lados e que de repente nós pensamos isto também faz sentido aqui. É muito
importante a parte de contextualização, mas sim eu acho que esta ferramenta é
importantíssima, um agrupamento que queira dar coesão àquilo que faz, esta
ferramenta é espetacular.” (DAE)

Tendo em conta a dimensão das ações que se pretendiam implementar e o espírito


de inovação da escola, avançou-se um pouco mais e começou-se a elaborar um Plano de
Inovação.

“(…) foi-se buscar os resultados da SELFIE e criaram-se ações no sentido


daqueles que eram os pontos mais fracos ao nível da SELFIE, e que estão agora a
ser trabalhados com a aplicação do plano de inovação.” (CAA)

Durante este processo todo surge pelo meio uma pandemia que levou à criação de
novas estratégias e novas formas de organização. Nem este grande constrangimento fez
recuar os professores deste AE, e no meio de tantas dificuldades uniram-se e continuaram
a elaboração do Plano de Inovação, envolvendo todos desde a sua construção:

“Nós não deveremos querer que as coisas aconteçam por injeção, ou seja,
enquanto há resultados que permitem uma atuação mais imediata, aliás, a própria
construção do plano de inovação, há determinadas visões que nós tivemos e que
quisemos adaptar tendo em conta os resultados que tivemos, um bocadinho mais
imediatos, mas a educação precisa de tempo.” (DAE)

O Plano de Inovação foi aprovado pela DGE e no ano seguinte o AE passou por
uma grande fase de reorganização. Mudanças organizacionais, mudanças na avaliação da
aprendizagem, e na criação de disciplinas novas, que promoviam trabalho de projeto com
várias disciplinas. O que impôs uma organização bastante planeada e um trabalho
conjunto entre professores.

4.5.3. As mudanças nos papéis de liderança

O processo de reflexão dos resultados obtidos nos Questionários SELFIE entre as


lideranças intermédias, tinha por objetivo a definição de medidas para o plano de ação do
AE, porém esta análise fomentou uma vontade de ir mais além. Alguns coordenadores de
estruturas intermédias mostraram interesse em elaborar o Plano de Inovação.

67
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“(…) a SELFIE também nos estruturou e nos deu a construção do nosso plano
de inovação e nas mudanças que quisemos estruturar.” (DAE)

O trabalho colaborativo foi fulcral nesta construção, existiu um conjunto de


professores que impulsionou e motivou, mas foi uma reflexão conjunta entre os diversos
coordenadores e a Direção, que permitiu traçar as linhas orientadoras para o Plano de
Inovação.

“(…) de forma espontânea alguns coordenadores reuniram e começaram a


perceber que algumas das suas novas ações, poderiam encaixar no que estava
previsto por lei para um Plano de Inovação” (NC14)

O processo pode iniciar-se por alguns, porém é essencial envolver todos desde a
sua construção, na sua implementação e na sua monitorização. A capacidade de
mobilização é fulcral, como afirma a coordenadora da equipa de autoavaliação neste AE,
um grupo de líderes conseguiu mobilizar outros docentes.

“(…) grupo de pessoas que quer ir mais além e fazer diferente e ajudar os alunos,
motivá-los, saindo um bocadinho da zona de conforto, acho que consegue mobilizar
a maioria dos restantes para que se faça alguma coisa. (CAA)

O impacto destas alterações organizacionais, é sentido principalmente nas


lideranças intermédias, pois serão os “motores” que mantêm o sentido de compromisso e
de pertença de todos os outros professores. Nos processos de mudanças cada um tem o
seu ritmo de apropriação, as lideranças têm de necessariamente saber gerir vários ritmos
e diversas perspetivas. Como a Diretora não esconde, este não é um processo fácil, mas é
necessário clarificar as intenções das decisões, para ser compreendido.

“Não se consegue dizer que toda a gente fica muito feliz quando as estruturas
intermédias estão a aplicar as tarefas que lhe foram dadas, não! Mas a grande
maioria sente a utilidade e o bom desempenho dessas estruturas intermédias”
(DAE)

Apreender a aceitar opiniões e visões diferentes é importante, o que faz parte do


processo de crescimento. No entanto, como a Diretora refere a gestão de relações
humanas não é fácil.

“(…) isto de relações humanas é difícil, já deveríamos ter todos idade para
perceber que questionar não é ofender a competência de cada um (…). As pessoas

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

têm de perceber que ser diferente não é ser pior, assim como ser diferente também
não é ser melhor, é ser diferente! (DAE)

As mudanças impuseram um foco nas lideranças intermédias e o AE reconheceu


que teria de responsabilizar os seus líderes, tornando algumas decisões para auxiliar o
desempenho dos seus papéis. Como um dos constrangimentos assinalados era na
comunicação entre os líderes, estipulou-se horas semanais comuns de trabalho entre os
coordenadores de departamento. Houve um reforço nas lideranças intermédias, tendo
passado a existir uma coordenadora do Plano de Inovação com assento no Conselho
Pedagógico, e a Equipa Pedagógica passou a ter um papel mais preponderante, passando-
se a designar por “Equipa de Gestão Pedagógica”. E além disso, os membros da Direção
passaram a reunir semanalmente entre si e ainda passaram a reunir mensalmente com a
equipa do Plano de Inovação.

“Não se regista em horário, mas ficou calendarizada reuniões periódicas com a


equipa do Plano de Inovação e a Direção, promovendo a articulação, a construção
de uma visão estratégica comum e criando um plano estratégico partilhado.”
(NC18)

Uma outra estratégia utilizada neste AE, é o de liderança distribuída em líderes


chave das várias vertentes, com um contacto próximo com os membros da Direção.

“É evidente o reforço para um efetivo trabalho colaborativo entre as várias


equipas, uma alteração profunda, que surgiu dos resultados da SELFIE. Denota-se,
ainda, uma maior distribuição em cargos de coordenação de estruturas
intermédias.” (NC18)

A Diretora não esconde o orgulho dos passos dados no seu AE, reconhece que o
percurso nem sempre é fácil, mas que a vontade de ir mais longe tem permitido superar
os momentos mais difíceis.

“(…) às vezes sentimo-nos cansados e sentimos o cansaço nos outros, como


somos pessoas empáticas, que gostamos de colocar no lugar dos outros, não é fácil,
às vezes, percebermos que determinadas medidas estão a ser pesadas, mas depois
como acreditamos muito no percurso que está a ser traçado e na evolução que isso
irá trazer ao Agrupamento.” (DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

4.6. Sinais de melhoria na organização

Como a Diretora refere, é notória a evolução no AE, reconhecendo a importância


da implementação do SELFIE nesta mudança.

“A evolução é clara. Os resultados do projeto pré-piloto SELFIE foram


importantes, porque permitiram em primeiro lugar que se tivesse a noção de que as
tecnologias digitais eram pouco utilizadas ou às vezes utilizadas, mas não da melhor
forma, e isso permitiu que depois, em vez de um plano de ação se criasse um conjunto
de estratégias que incentivassem e melhorassem a qualidade do ensino dos nossos
alunos, através de estratégias e de ações que foram consolidadas e estruturadas
através de um plano de inovação.” (DAE)

A equipa de autoavaliação reconhece a importância da SELFIE, a passagem pelo


E@D e as mudanças implementadas. Consideraram importante voltar a implementar de
novo a SELFIE no ano seguinte.

“(…) só uma aplicação da ferramenta não nos dá com clareza a visão do


Agrupamento, para conseguirmos ciclicamente implementar estratégias, adequar e
reajustar, é fundamental, não digo todos os anos, mas pelo menos ano sim ano não
a aplicação da SELFIE, para também se perceber a evolução do caminho que o
Agrupamento está a fazer e ajustar, ajustar, ajustar, ajustar…” (CAA)

A equipa de autoavaliação e a equipa SELFIE voltaram a trabalhar em parceria, e


tendo em consideração os constrangimentos sentidos na primeira implementação,
considerou-se fundamental promover uma sessão de esclarecimento no início do ano
letivo, para pessoal docente e não docente. De forma a causar maior impacto e maior
envolvimento a sessão de esclarecimento foi dinamizada por um parceiro externo do AE.

“Aquilo que nós fizemos para tentar envolver as pessoas passou muito pela
reunião de sensibilização, pela divulgação e pela mensagem que depois se passou
com os dados e com os documentos relativos aos dados que se passou depois nos
departamentos.” (CAA)

Esta sessão revelou-se muito esclarecedora, permitindo clarificar alguns conceitos


e analisar de uma forma geral as áreas mais frágeis do Agrupamento.

“Nesta segunda implementação (…) ao nível de noção que as pessoas têm de


alguns conceitos das perguntas que estão envolvidas, porque a sensação com que

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

nós ficámos é que da primeira vez houve alguns conceitos que não foram bem
explicados ou que não foram bem entendidos e como tal as pessoas nem sequer
tiveram consciência, penso eu, de algumas das respostas que deram e que não
faziam sentido, agora acho que não, com o esclarecimento desses conceitos e com a
sensibilização que foi feita e a divulgação dos resultados do primeiro SELFIE acho
que alterou completamente.” (CAA)

A Diretora reconhece a importância da sessão de esclarecimento, no entanto


considera imprescindível que existam mais momentos de sensibilização, pois nem todos
têm o mesmo nível de envolvimento.

“Na realidade, nós temos de ter sempre presente quando trabalhamos numa
escola, que as pessoas não são todas iguais e se nós estamos à espera de que a
apresentação dos resultados vá fazer um efeito UAU em todos, não vai!” (DAE)

O AE reconheceu a importância da mobilização e de existirem alguns professores


motivados que consigam entusiasmar e ajudar outros professores.

“Considero que a escola está a fazer um esforço no caminho da inovação, graças


à a energia e a motivação de algumas pessoas que tentam levar as outras.” (CAA)

A Diretora do AE reconhece o papel fulcral de algumas pessoas no processo de


mudança:

“O meu (Diretora) papel é q.b., porque se as pessoas não tiverem predispostas


a fazer esse crescimento eu posso ser a melhor do mundo, mas não vou conseguir
fazê-las crescer. Por outro lado, se eu tento ser facilitadora desse crescimento, sinto-
me orgulhosa, porque há aqui um conjunto de professores no meu Agrupamento que
tem crescido como professores na estrutura, não estou a falar no contexto de sala
de aula, porque eu já sabia que eles eram muito bons professores, mas há um
conjunto de pessoas que eu sinto que têm tomado gosto pelo espírito da escola e
pela sua dinâmica, e deixaram de ser só bom professores (que já é importante)
passaram a sentir-se parte integrante da estrutura. (…) Eu acredito que possa
contribuir para isso, mas depois o percurso temos de ser nós a fazê-lo, nós
individualmente.” (DAE)

A análise de resultados em Departamento foi uma forma de reflexão conjunta que


alcançou todos os docentes, na segunda vez da implementação já se denotou um maior
interesse e envolvimento.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“Após a implementação, na altura de divulgação dos resultados e de se perceber


o que é que tinha acontecido, não é, aquilo que era a nossa suposta SELFIE, já acho
que houve um maior envolvimento. Claro que isto é sempre relativo, nem todas as
estruturas trabalham da mesma forma e não funcionam da mesma forma, portanto
é sempre relativo, mas acho que aí já houve um maior envolvimento.” (CAA)

O reconhecimento da importância da ferramenta após a primeira aplicação foi


evidente, como refere a Coordenadora SELFIE:

“Acho que as pessoas depois tiveram noção, principalmente quem não deu muita
atenção ao questionário teve noção de que se calhar devia ter dado mais atenção,
devia ter lido melhor, devia ter perdido um pouquinho mais tempo a pensar naquilo
que eram as respostas que poderiam ser dadas. Neste momento, já acho, que as
pessoas estão mais envolvidas e já percebem a importância deste tipo de
questionários, a importância que eles têm para o Agrupamento e para aquilo que
são as estratégias que se definem.” (CAA)

O impacto da implementação do SELFIE no Agrupamento foi muito maior,


esperava-se um plano de ação, que se tornou num Plano de Inovação:

“Sendo que a criação do plano de inovação, porque envolveu todos, porque todas
as estruturas foram questionadas e deram a sua opinião relativamente ao que viria
a ser o nosso atual plano de inovação, penso que dessa forma toda a gente
contribuiu, toda a gente pôde dar a sua opinião o seu contributo, se não fez é porque
achou que o que estava, estava bem, mas, todos foram chamados a dar opinião. Eu
penso quando as pessoas se envolvem e todos são chamados a dar opinião, depois
é mais fácil de implementar e das pessoas conseguirem, da escola em si conseguir
chegar a algum lado.” (CAA)

Para além do Plano de Inovação, a escola criou um plano de comunicação interno,


promoveu a participação em diversos projetos nacionais e internacionais, deu uma maior
enfâse à formação interna e ao trabalho colaborativo entre professores. Aos poucos,
começaram a aparecer novas equipas de trabalho, que integraram grupos de reflexão e,
gradualmente, novos professores foram-se comprometendo com o processo, promovendo
uma contaminação para a mudança.
Há uma intenção clara de tornar o projeto SELFIE como cultura de escola, que
será implementado de forma cíclica, possibilitando um ajuste de medidas e estratégias.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“Tudo precisa do seu tempo de validade, e eu acho que a SELFIE também vai
ser uma ferramenta que nos vai apontar ações, já apontou ações de curto prazo, vai
apontar ações de médio prazo e ações de longo prazo.” (DAE)

Atualmente as mudanças organizacionais do AE associadas ao Projeto SELFIE


repercutiu-se na delegação de responsabilidades, pela Diretora, em grupos de trabalho por
áreas (e.g., Equipa de Gestão Pedagógica, Equipa de Comunicação, Equipa de Projetos,
Equipa de Autoavaliação). Em cada uma das equipas está quase sempre presente um
elemento da Direção, forma encontrada para existir articulação entre as diferentes
estruturas. Essas equipas criaram momentos de reflexão mais específicos com uma
análise mais detalhada dos resultados e sugeriram estratégias e ações de melhoria.
Como se constata no próximo fluxograma (Figura 8), na implementação do
projeto SELFIE, o AE passou por uma fase de análise de resultados, criando uma visão
geral do agrupamento. No entanto, sentiu a necessidade de uma análise mais profunda,
criando equipas mais pequenas para uma reflexão mais específica, para a implementação
de alterações organizacionais mais eficazes.

Figura 8
O impacto do projeto SELFIE no Agrupamento

Implementação do
Projeto SELFIE

Alterações Análise e Reflexão de


organizacionais resultados

-Plano de Inovação
- Plano de Comunicação
- Equipa de Gestão Pedagógia
- Trabalho colaborativo/Formação
- Equipa de Autoavaliação (parcerias)

A Diretora salienta a importância da intencionalidade e do planeamento, para que


de uma forma contínua e real se continue a crescer:

“O que eu gostava muito é que não nos dispersarmos no meio deste percurso
todo, e que percebêssemos que estas ações de continuidade vão contribuir para
daqui a uns anos olharem para o nosso Agrupamento, como eu vejo, como uma

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

vivência em termos de aprendizagens dos miúdos e que os professores têm uma


dinâmica de avaliação e de resposta às diferenças das crianças, proporcionam-lhes
aprendizagens significativas e diversificadas. Se com a análise que vamos fazendo
a curto, médio e a longo prazo conseguirmos lá chegar, ficarei muito feliz.” (DAE)

A gestão da mudança, com o tempo necessário é algo que a Diretora tem em


consideração, mas reconhece que não é fácil, no entanto é crucial para encontrar um
equilíbrio que fomente o crescimento de todos.

“(…) acho que nós também temos que ter algum cuidado, e eu às vezes sinto que
perco um bocadinho esse cuidado com o impacto que as mudanças trazem, às vezes,
queremos ser tal maneira ambiciosos que podemos causar feridas grandes no
impacto que isso tem nos outros. Por isso, quando analisámos os resultados da
SELFIE e nós sentimos que há aqui coisas que ainda vão precisar de ser mudadas,
que precisamos de mexer nelas, mas precisamos de ter tato na forma como fazemos
essas alterações.” (DAE)

A Diretora não tem dúvidas da mais-valia que esta ferramenta pode ser para uma
organização escolar. No entanto, a Coordenadora SELFIE, deixa como conselho, garantir
o envolvimento de toda a comunidade durante todo o processo, como dinâmica necessária
para a obtenção de dados mais próximos do real:

“O conselho que eu daria, primeiro que tudo seria sensibilizar as pessoas,


envolvê-las e motivá-las, sem isso é difícil. É difícil, porque nunca será uma
verdadeira SELFIE e nunca será imagem real do Agrupamento. Em segundo lugar,
depois da sensibilização, o conselho que eu daria era uma definição clara e objetiva
de estratégias de intervenção, uma seleção clara de duas ou três áreas de
intervenção mais fracas, não têm que ser todas, mas duas ou três, e meticulosamente
criar estratégias de atuação para essas áreas e depois, se fosse caso disso, de ano a
ano ou ano sim ano não, ir alterando essas áreas de intervenção. Mas, acho que se
tiver que escolher uma, escolho a sensibilização, sensibilizar bem. (CAA)

É ainda evidente nas palavras da Diretora do AE que existe, e que começa a ser
reconhecido, um percurso percorrido, planeado e sem a pretensão de ir muito rápido, mas
com um espírito de comunidade aprendente:

“Eu (Diretora) acho que, a pouco e pouco, as pessoas sentem que nós fazemos
diferente, para melhor.” (DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

CONCLUSÕES

Da investigação apurou-se a existência de várias condições que favoreceram o


convite e a adesão do AE ao projeto Pré-Piloto SELFIE, tais como o envolvimento da
Escola em outros projetos no âmbito do Digital e uma cultura de escola desperta para a
mudança. Em termos cronológicos, a implementação veio no seguimento de um projeto
de capacitação digital dos docentes do Agrupamento, com o mesmo parceiro externo.
O projeto foi imediatamente abraçado pela Direção e pela equipa SELFIE (equipa
responsável pela sua implementação no AE), que logo reconheceram as mais-valias do
projeto no âmbito do processo de imersão das tecnologias digitais, mas também como
ferramenta de suporte à tomada de decisões organizacionais. A escolha pela Direção dos
elementos da equipa SELFIE demonstram a intencionalidade de integração desta
ferramenta no processo de autorregulação, desde o início, uma vez que quase todos
pertenciam à equipa de autoavaliação da escola, e a coordenadora seria a mesma.
Outro fator importante é a liderança exercida pela Diretora do Agrupamento,
tendencialmente transformacional, centrada no desenvolvimento da organização,
motivação e estímulo dos seus professores, demonstrando consideração por eles. A
Diretora assume-se como uma líder no estabelecimento da visão e da missão da escola, e
que gosta de influenciar os outros para irem mais além.
Da observação ressalta a promoção de uma cultura de proximidade com contactos
diretos e informais, despertando um clima de confiança e respeito mútuo (Barrère, 2005).
Como a própria Diretora definiu é uma escola cheia de afetos. Esta proximidade contribui
para uma resolução de problemas mais rápida e uma participação mais ativa de todos.
A SELFIE é uma ferramenta personalizável, fácil de utilizar e implementar, testada
e gratuita, que tem como finalidade promover o autoconhecimento e autorreflexão,
principalmente sobre a integração das tecnologias digitais nas escolas - na liderança, no
ensino, na aprendizagem e na avaliação. Além disso, ao permitir obter resultados de forma
rápida e anónima (a recolha de dados é feita automaticamente através de um questionário
online aplicado a professores, dirigentes e alunos) possibilita a instauração de um maior
nível de confiança.
O questionário contempla um conjunto vasto de áreas: liderança, infraestruturas,
equipamento, desenvolvimento profissional contínuo, ensino e aprendizagem, práticas de
avaliação e competência digital dos alunos. Para além das questões padronizadas, existem
perguntas que podem ser inseridas, que traduzam o interesse de cada escola. Neste AE, a

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

equipa decidiu utilizá-las para incluir indicadores que consideravam ser importante
analisar, os quais não tinham relação com as tecnologias, sendo aspetos organizacionais.
A ação da Diretora pauta-se por uma liderança também distributiva, replicada para
estruturas intermédias, que lideram as várias frentes da mudança preconizada. O reforço
nos papéis dos gestores intermédios pressupõe o efeito de contaminação. Como afirma
Simões (2013), o sucesso de qualquer iniciativa depende da mobilização interior, criando
a convicção de superação a qualquer dificuldade.
O projeto Pré-piloto teve algumas limitações temporais, nomeadamente devido aos
prazos. Todavia a equipa, em conjunto com o parceiro externo, conseguiu planear e
implementar a SELFIE na escola com bastante sucesso. Esta experiência permitiu aferir
alguns métodos e constrangimentos.
Um aspeto relevante é a geração automática dos relatórios finais, com a análise dos
resultados e a apresentação comparativa entre os diferentes grupos de participantes
(dirigentes, professores e alunos), por questão e por área do referencial. A dimensão
diagnóstica organizacional providenciada pela SELFIE revela potencialidades de apoio à
atividade da equipa de autoavaliação, seja ao nível do diagnóstico ou da monitorização,
possibilitando a obtenção mais célere de resultados e aliviando em muito o trabalho por
vezes pesado de recolha de dados, possibilitando um maior enfoque na reflexão e análise
dos resultados.
O projeto é reconhecido e valorizado por toda a comunidade. Este estudo permitiu
perceber que, aos professores, a SELFIE devolve uma visão global e certificada
exteriormente, dos pontos fortes e fracos; à equipa de autoavaliação possibilitou um maior
foco na análise e reflexão dos resultados obtidos, retirando o moroso trabalho de
tratamento de dados. Para as estruturas intermédias foi uma mais-valia, pois a visão
estratégica ficou mais clara e estruturada, proporcionando um planeamento estratégico
eficaz.
Neste agrupamento, a SELFIE teve uma relação muito próxima com a
autoavaliação organizacional, sobretudo porque foram incluídas questões consideradas
relevantes para a sua autorregulação, mas também porque os resultados foram incluídos
no relatório de autoavaliação, analisados pelas diversas estruturas, e por toda a
comunidade (reunião geral com pessoal docente e não docente). De salientar, é também
a sua importância pré-estabelecida nos processos de autorregulação e de melhoria da
equipa de autoavaliação, que funciona como uma “bússola orientadora” para as tomadas
de decisão. Assim, e apesar da autoavaliação já fazer parte da cultura do agrupamento, o

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

projeto SELFIE conseguiu estabelecer uma ligação entre as diferentes áreas, fomentado
o interesse de toda a comunidade, permitindo uma visão mais global e abrangente.
Além disso, a informação obtida facultou à Diretora do AE uma base mais sólida
para nortear as suas tomadas de decisão, suportadas pelos momentos de reflexão e de
análise dos resultados, estipulados para a definição de estratégias para o Plano de
Melhoria. Surgiu um movimento voluntário, quase natural, de alguns professores com a
intencionalidade de irem mais além, reforçando e dando ênfase a práticas e a estratégias
de Escola, que culminaram numa proposta de Plano de Inovação. Apesar da gênese do
plano estar afeto a um grupo pequeno de professores, foram partilhadas as ideias e ações
com todos os docentes. O resultado foi um plano bastante ambicioso e bem estruturado,
com a criação de dinâmicas diversificadas e a criação de áreas curriculares novas.
Contudo, o Plano de Inovação não foi a única alteração evidente. Outras mudanças
organizacionais e estruturais ocorreram, tais como, a criação de equipas de trabalho com
a definição clara dos seus propósitos, horas comuns a diferentes grupos de professores
para promover o trabalho colaborativo, aumento de dinâmicas de trabalho inter e
transdisciplinar, o uso das tecnologias dentro e fora de sala de aula e a promoção do
desenvolvimento profissional dos professores.
Dadas as mudanças alcançadas na escola e as mudanças impostas pela pandemia, o
projeto SELFIE foi implementado de novo. Atualmente, o Agrupamento está a passar por
uma nova etapa, pois grande parte dos docentes é novo na escola e está em fase de
apropriação das suas dinâmicas. Mesmo neste momento, das perceções da Diretora e das
lideranças intermédias, denota-se a perseverança de uma cultura marcada pelo dinamismo
e pela vontade de inovar, com recurso ao diagnóstico SELFIE.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

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externa das escolas. In Costa, E. & Almeida, M. (Coord). Autonomia e
autoavaliação da escola: Análise de processos de regulação (p.92 – 108). Linha de
pesquisa/UIDEF – ‘Força de Mudança em Educação’

Vanhoof, J., Petegem, P. & Maeyer, S. (2009). Attitudes towards school self-
evaluation. Studies in Educational Evaluation 35 (21-29)
Viseu, S. & Carvalho, L. (2018). Changes in school governance and the reshaping of
head teachers’ roles and identities in Portugal. Luis Miguel Carvalho, Liu Min,
Romuald Normand, Dalila Andrade Oliveira (ed). Education policies and the
restructuring of the educational profession. Global and comparative
perspectives. Singapore: Springer Verlag, pp. 57-70.
Viseu, S. (2001). Os alunos, a internet e a escola – contextos organizacionais e
estratégias de utilização. Dissertação de Mestrado. Lisboa: Faculdade de
Psicologia e de Ciências de Educação – Universidade de Lisboa
Walker, M. (1993). Participatory Action research. Rehab. Counseling Bull., 37, 2-6
Yee, D. (2000). Images of school principals’ information and communications
technology leadership. Journal of Information Technology for Teacher education,
9(3), 287-302. Disponível em: https://doi.org/10.1080/14759390000200097

Yin, R. (1994). Case Study Research: Design and Methods (2ª Ed) Thousand Oaks,
CA: SAGE Publications.
Yukl, G. (1998) Managerial Leadership: A Review of Theory and Research. Journal
of Management, 15, 251-289.

82
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

LEGISLAÇÃO CONSULTADA
Decreto-Lei nº 75/2008, de 22 de abril. Aprova o regime de autonomia, administração e
gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico
e secundário.
Decreto-Lei nº 31/2002, de 20 de dezembro. Aprova o sistema de avaliação da educação
e do ensino não superior, desenvolvendo o regime previsto na Lei n.º 46/86, de 14
de outubro (Lei de Bases do Sistema Educativo).
Decreto-Lei nº 137/2012, de 2 de julho. Procede à segunda alteração do Decreto-Lei n.º
75/2008, de 22 de abril, que aprova o regime jurídico de autonomia, administração
e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos
básico e secundário.
Portaria n.º 181/2019, de 1 de junho. Publicação: Diário da República n.º 111/2019, Série
I de 2019-06-11, páginas 2954 – 2957. Emissor: Educação.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 26/2018. Publicação: Diário da República n.º
48/2018, Série I de 2018-03-08, páginas 1207 – 1209. Emissor: Presidência do
Conselho de Ministros.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 30/2020. Publicação: Diário da República n.º
78/2020, Série I de 2020-04-21, páginas 6 – 32. Emissor: Presidência do Conselho
de Ministros. Data de Publicação: 2020-04-21
Resolução do Conselho de Ministros n.º 31/2020. Publicação: Diário da República n.º
78/2020, Série I de 2020-04-21, páginas 33 – 34. Emissor: Presidência do Conselho
de Ministros

OUTROS DOCUMENTOS CONSULTADOS


Projeto Educativo do Agrupamento
Plano de Inovação do Agrupamento
Plano de Melhoria do Agrupamento
Relatório da Autoavaliação do Agrupamento
Relatórios do SELFIE do Agrupamento (2019)
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO
CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ
DAS REGIÕES Plano de Ação para a Educação Digital 2021-2027 Reconfigurar a
educação e a formação para a era digital. SWD(2020) 209 final
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO
CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ
DAS REGIÕES relativa ao Plano de Ação para a Educação Digital. SWD(2018) 12
final. Disponível em: EUR-Lex - 52020DC0624 - EN - EUR-Lex (europa.eu). Acesso em
agosto 2021

83
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ANEXOS

1
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ANEXO 1 - Protocolo de investigação: Diretora

CONSENTIMENTO INFORMADO, ESCLARECIDO E


LIVRE PARA A PARTICIPAÇÃO EM ESTUDO DE
INVESTIGAÇÃO

Diretora

Título do estudo - SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Enquadramento - Mestrado em Educação, na área de especialidade de Administração


Educacional

Objetivo do estudo – Perceber em que medida a SELFIE proporcionou alterações na gestão e


nas lideranças e que mudanças promoveu no Agrupamento,

Natureza da participação e procedimentos - Solicita-se, na qualidade de Diretora, a sua


participação numa entrevista semiestruturada, a sua autorização para a observação direta
não estruturada, através de notas de campo, e para análise de documentos estruturantes do
Agrupamento.

Confidencialidade, ética e anonimato – Os dados recolhidos serão utilizados exclusivamente


para fins académicos, ficando salvaguardada a confidencialidade dos intervenientes e do
Agrupamento. A entrevista será realizada individualmente, através de videoconferência,
que será gravada para processamento e transcrição, garantindo a confidencialidade e o
anonimato, a mesma ser-lhe-á fornecida para sua validação.

Grata pela sua colaboração,

Magda Barradas

Assinatura:_____________

Tomei conhecimento e aceito participar neste estudo e permito a utilização dos dados de forma
voluntária, confiando que serão apenas utilizados para esta investigação e que serão garantidas a
confidencialidade e anonimato.

Nome:___________

Assinatura:_____________

2
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ANEXO 2 – Protocolo de investigação – Coordenadora SELFIE

CONSENTIMENTO INFORMADO, ESCLARECIDO E


LIVRE PARA A PARTICIPAÇÃO EM ESTUDO DE
INVESTIGAÇÃO

Coordenadora da equipa SELFIE

Título do estudo - SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Enquadramento - Mestrado em Educação, na área de especialidade de Administração


Educacional

Objetivo do estudo – Perceber em que medida a SELFIE proporcionou alterações na gestão e


nas lideranças e que mudanças promoveu no Agrupamento,

Natureza da participação e procedimentos - Solicita-se, na qualidade de Coordenadora da


equipa SELFIE, a sua participação numa entrevista semiestruturada.

Confidencialidade, ética e anonimato – Os dados recolhidos serão utilizados exclusivamente


para fins académicos, ficando salvaguardada a confidencialidade dos intervenientes e do
Agrupamento. A entrevista será realizada individualmente, através de videoconferência,
que será gravada para processamento e transcrição, garantindo a confidencialidade e o
anonimato, a mesma ser-lhe-á fornecida para sua validação.

Grata pela sua colaboração,

Magda Barradas

Assinatura:_____________

Tomei conhecimento e aceito participar neste estudo e permito a utilização dos dados de forma
voluntária, confiando que serão apenas utilizados para esta investigação e que serão garantidas a
confidencialidade e anonimato.

Nome: ________________

Assinatura:_____________

3
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ANEXO 3 – Guião do Inquérito por Entrevista – Diretora

INQUÉRITO POR ENTREVISTA


GUIÃO DE ENTREVISTA - DIRETORA DO AGRUPAMENTO

INTRODUÇÃO
Objetivos: Tópicos
- Legitimar ▪ Informar qual o âmbito da entrevista - dissertação do mestrado.
a entrevista ▪ Introduzir a temática: A SELFIE como suporte de decisões e mudanças organizacionais.
- Motivar o ▪ Solicitar e agradecer a colaboração, realçando importância do contributo do entrevistado.
entrevistado ▪ Garantir o anonimato/ a confidencialidade.
▪ Informar que lhe será dado a conhecer o trabalho antes de ser divulgado.
▪ Solicitar a autorização para a gravação desta entrevista.

EIXOS DE OBJETIVOS TÓPICOS


QUESTÕES
ANÁLISE ESPECÍFICOS ORIENTADORES
 Pedia-lhe que me ▪ Experiência no cargo
descrevesse, de forma breve, o ▪ Motivação para o cargo
seu percurso profissional. ▪ Outros cargos de liderança
- Conhecer o  O que mais aprecia no seu que desempenhou
percurso cargo de diretora? ▪ Perfil de gestão
1. Caracterização profissional e  O que mais valoriza na sua ▪ Cultura de escola
da entrevistada perceções sobre o gestão? Porquê?
cargo e a escola  Como define a cultura do
seu AE?
 Caracterizaria a sua escola
como inovadora? Porquê?
 Como se deu a adesão ao ▪ Necessidades que levaram à
projeto SELFIE? adesão ao projeto.
 Quais as principais razões ▪ Quando foi a integração da
- Conhecer as que a levaram a aderir? escola no projeto
razões para aderir  De que forma a adesão está (cronologia).
ao SELFIE associada a uma opção ▪ Como foi a tomada de
2. Processo de estratégica? decisão (individual ou mais
adesão - Fazer a  Que condições na partilhada, por auscultação
cronologia do organização permitiram ou dos atores escolares, ou…)
processo de incitaram a adesão? ▪ Que pessoas, estruturas ou
adesão instituições foram envolvidas
na tomada de decisão.
(Parcerias)
 Como foi delineada a ▪ Quem/como participou no
implementação do projeto? planeamento.
- Descrever a  Que desafios se ▪ Processos de gestão escolar
operacionalização apresentaram do ponto de vista relevantes
3. Receção do projeto. da coordenação dos atores? ▪ Perceções dos efeitos nas
 Que rotinas foram rotinas organizacionais da
implementadas ou alteradas? escola
(reuniões semanais, mensais,
quinzenais, etc., outros)

4
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

 Em que medida os ▪ Quem analisou os resultados


resultados obtidos foram e que mecanismos criaram
- Analisar a
importantes para o AE? para a análise dos dados.
comunicação dos
 Como foram analisados e ▪ Como se organizaram os
resultados e o
comunicados? Quem momentos de reflexão para a
modo como foram
participou? análise dos dados
acolhidos pelos
 Como foi a reação da ▪
diversos atores
comunidade educativa aos
resultados obtidos?
 Quem costuma envolver ▪ Perceber quem é envolvido
nas tomadas de decisão? De mais diretamente na tomada
que forma é que feito esse de decisão e como.
envolvimento? ▪ Compreender como é
 Considera importante privilegiado o envolvimento
- Entender se delegar funções e das estruturas intermédias
foram responsabilidades? Porquê? ▪ Identificar quem ficou
empreendidos Como faz esse responsável pelo processo de
processos de acompanhamento? implementação e suas
gestão distribuída  Especificamente, neste funções.
projeto, delegou funções em
alguma equipa de professores?
 Porquê estes e não outros?
 Que que funções lhes
foram atribuídas?
 Na implementação do ▪ Identificar os aspetos de
projeto que aspetos foram mais gestão e de liderança que
cruciais para envolver as mais influíram na
- Perceber os pessoas? implementação do SELFIE
processos de  Aspetos mais aligados à
gestão e liderança gestão (planeamento,
empreendidos coordenação e organização) ou
à liderança (comunicação,
empatia, motivação)? Ou
ambos?
 Que aspeto elege como
mais relevante para envolver
as pessoas? Porquê?
 Os resultados obtidos no 1º ▪ Como a direção interpretou
questionário da SELFIE na os resultados
área da liderança eram os
-Analisar o papel
esperados? E no 2º
do projeto nos
questionário?
processos de
 Como é que a direção
liderança da
analisou/ discutiu os dados
diretora
obtidos?
 Que ilações tiraram destes
resultados?
 Como costuma escolher as ▪ Perfil das equipas de
suas equipas de gestão lideranças intermédias.
4. Processo de - Perceber o perfil intermédia? É importante que ▪ Reconhecimento dessas
liderança das estruturas tenham características de equipas pelos professores
intermédia intermédia liderança? Porquê?
 Como são vistas pelos
restantes professores?

5
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

 Qual a sua importância na


operacionalização do projeto?
 Sente que tem um papel
importante no crescimento
profissional das suas equipas?
De que forma?
 Que perceções tem acerca
dos efeitos do projeto SELFIE
nestas estruturas intermédias?
 Que áreas da SELFIE se ▪ Mudanças nas funções e
apresentaram como papéis das estruturas
prioritárias? Eram as intermédias
esperadas?
 Que alterações
organizacionais aconteceram
nestas áreas?
-Identificar as
 Os resultados da SELFIE
mudanças
provocaram alterações no
operacionais
contexto da gestão escolar?
concretizadas
Quais?"
 Na sua perceção, o que
melhorou nas dinâmicas
organizacionais?
 Como vê a evolução nos
resultados obtidos no segundo
questionário SELFIE?
 Qual a importância da ▪ Grupos de reflexão conjunta:
5. Efeitos reflexão conjunta neste Equipa de autoavaliação,
processo de mudança? De que Conselho Pedagógico,
-Entender os
forma e em que ocasiões? departamento, equipa da
processos
 Qual o resultado dessas direção.
reflexivos
reflexões? ▪ Momentos de partilha e
reflexão: reuniões informais
(organização aprendente)
-Entender as  Em seu entender, qual foi a ▪ A importância do SELFIE no
perceções da mais-valia da implementação processo de mudança
Diretora sobre o deste projeto na escola? ▪ Fatores de mudança
processo de  Quais considera serem os ▪ Perspetivas de inovação
mudança pontos fundamentais para
implementar este processo de
mudança?
 O que ainda gostaria de
desenvolver na sua escola?
 Que conselhos daria a um
colega seu que desejasse
implementar o projeto?

CONCLUSÃO
Objetivos: Tópicos
-Acrescentar ▪ Questionar se deseja colocar alguma questão ou acrescentar alguma informação.
alguma ▪ Agradecer a disponibilidade e colaboração.
informação
- Agradecer ao
entrevistado

6
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ANEXO 4 – Guião do Inquérito por Entrevista – Coordenadora SELFIE

INQUÉRITO POR ENTREVISTA


GUIÃO DE ENTREVISTA – COORDENADORA DA EQUIPA SELFIE

INTRODUÇÃO
Objetivos: Tópicos
▪ Informar qual o âmbito da entrevista - dissertação do mestrado.
- Legitimar a ▪ Introduzir a temática: A SELFIE como suporte de decisões e mudanças organizacionais.
entrevista ▪ Solicitar e agradecer a colaboração, realçando importância do contributo da
entrevistada.
- Motivar o ▪ Garantir o anonimato/ a confidencialidade.
entrevistado ▪ Informar que lhe será dada a conhecer o trabalho antes de ser divulgado.
▪ Solicitar a autorização para a gravação desta entrevista.

EIXOS DE OBJETIVOS
QUESTÕES TÓPICOS ORIENTADORES
ANÁLISE ESPECÍFICOS
 Pedia-lhe que me ▪ Experiência no cargo
1. - Conhecer o descrevesse, de forma breve, o ▪ Outros cargos de liderança
Caracterização percurso seu percurso profissional. que desempenhou
da entrevistada profissional  Quais as funções que
desempenha no Agrupamento?
 O Agrupamento foi ▪ Quando foi a integração da
- Conhecer as convidado para o projeto escola no projeto (cronolo
razões para aderir SELFIE, no seu entender, quais gia).
ao SELFIE foram as razões que motivaram ▪ Porquê da adesão
2. Processo de esse convite? ▪ Cultura de escola
adesão - Fazer a  Que condições na
cronologia do organização permitiram ou
processo de incitaram a adesão?
adesão  Como carateriza o seu
Agrupamento?
 Como foi delineada a ▪ Quem/como participou no
implementação do projeto? planeamento.
- Descrever a
 Que rotinas foram ▪ Perceções dos efeitos nas
operacionalização
implementadas ou alteradas? rotinas organizacionais da
do projeto.
(reuniões semanais, mensais, escola
quinzenais, etc., outros)
- Analisar a  Como foram analisados e ▪ Quem analisou os resultados e
comunicação dos comunicados? Quem que mecanismos criaram para
3. Receção resultados e o participou? a análise dos dados.
modo como
foram acolhidos
pelos diversos
atores
 Especificamente, neste ▪ Identificar quem ficou
- Entender se
projeto, foram delegadas responsável pelo processo de
foram
funções numa equipa de implementação e suas
empreendidos
funções.

7
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

processos de professores? Quem escolheu a


gestão distribuída equipa?
 Que que funções lhes foram
atribuídas?
- Perceber os  Na implementação do ▪ Identificar os aspetos de
processos de projeto que aspetos foram mais gestão e de liderança que mais
gestão e liderança cruciais para envolver as influíram na implementação
empreendidos pessoas? do SELFIE
 Sente que tem um papel ▪ Perfil das equipas de
importante no crescimento do lideranças intermédias.
Agrupamento? De que forma? ▪ Reconhecimento dessas
4. Processo de - Perceber o perfil
É lhe reconhecido essa equipas pelos professores
liderança das estruturas
importância?
intermédia intermédia
 Que perceções tem acerca
dos efeitos do projeto SELFIE
nestas estruturas intermédias?
 Na sua perceção, o que ▪ Mudanças nas funções e
-Identificar as melhorou nas dinâmicas papéis das estruturas
mudanças organizacionais? intermédias
operacionais  Como vê a evolução nos
concretizadas resultados obtidos no segundo
questionário SELFIE?
 Qual a importância da ▪ Identificação de Grupos de
-Entender os
reflexão conjunta neste reflexão conjunta:
5. Efeitos processos
processo de mudança? De que ▪ Momentos de partilha e
reflexivos
forma e em que ocasiões? reflexão
-Entender as  Em seu entender, qual foi a ▪ A importância do SELFIE no
perceções da mais-valia da implementação processo de mudança
Diretora sobre o deste projeto na escola? ▪ Fatores de mudança
processo de  Que conselhos daria a um ▪ Perspetivas de inovação
mudança colega seu que desejasse
implementar o projeto?

CONCLUSÃO
Objetivos: Tópicos
-Acrescentar alguma ▪ Questionar se deseja colocar alguma questão ou acrescentar alguma
informação informação.
- Agradecer ao entrevistado ▪ Agradecer a disponibilidade e colaboração.

8
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ANEXO 5 – Transcrição da Entrevista – Diretora

INQUÉRITO POR ENTREVISTA


TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA À DIRETORA

TEMA
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Objetivos
Entrevistada: ▪ Perceber a implementação da SELFIE
Diretora ▪ Perceber os processos de gestão e liderança empreendidos
▪ Perceber as mudanças operacionais concretizadas

Entrevistadora – Pedia-lhe que descrevesse, de forma breve, o seu percurso profissional.


Diretora - Sou professora desde 1998, tirei o curso na Escola Superior de Educação de Lisboa de
Professores de Ensino Básico, com variante Matemática e Ciências Naturais. Trabalho desde essa
altura e estou aqui nesta escola desde 2002, e candidatei-me a Diretora deste Agrupamento, e
estou como diretora há quase 4 anos, o primeiro mandato irá terminar em junho.
Entrevistadora – Passou logo para esse cargo ou desempenhou outros cargos?
Diretora -Eu trabalho nesta escola há 19 anos, já exercia alguns cargos na escola, antes de me
candidatar a diretora fui presidente do Conselho Geral e em 2017
Entrevistadora – O que mais aprecia no seu cargo de diretora?
Diretora - Estamos a passar por uma fase muito desafiante em termos de direções, em termos
de ensino, em termos de tudo, até em termos mundiais, todos estão a passar por situações
desafiantes. O que eu mais aprecio como diretora, efetivamente, é ter a noção que posso
condicionar, e que posso tentar alterar algumas coisas no ensino que eu acho que já vai sendo
tempo de se ir mexendo e de tentar fazer perceber a importância dessa mudança. Se eu
conseguir juntar algumas pessoas e mostrar-lhes que a forma como as nossas crianças têm que
aprender tem que ser necessariamente diferente daquilo que tem sido praticado nos últimos
anos. Nós não podemos ter a mesma escola desde a revolução industrial, não podemos pensar
a escola da mesma forma, tento usar estas funções que tenho para tal, sinto que me permite
voar um bocadinho, no entanto às vezes tenho alguns entraves, mas só quem não tenta é que
não lhe acontece. Uma das coisas positivas é mesmo isso, eu sentir que cargo que desempenho
pode ajudar, espero eu, que venha ajudar as pessoas, ou pelo menos algumas pessoas, a
pensarem um bocadinho diferente daquilo que é ensinar as crianças e ser competente naquilo
que se faz, porque as coisas mudaram tanto e o ensino ainda não mudou assim tanto. Eu
considero que essa mudança tem que existir, porque que os nossos alunos merecem
aprendizagens mais significativas.
Entrevistadora – O que mais valoriza na sua gestão? E o que terá mais influência o seu percurso
ou a sua ideologia?
Diretora - Acho que é um misto de tudo, nós não somos feitos só de uma coisa, tudo nos
influencia, e o meu percurso seguramente teve influência no tipo de diretora que eu quero ser,
mas a minha personalidade também. Não me veria a dirigir uma escola de uma determinada
maneira, com as quais eu não me revejo de todo e, portanto, não me podem exigir que eu faça
algo que não sou eu, portanto, eu acho que, o tipo de direção que tenho e que tento fazer é
motivado pela minha personalidade. Se eu não quisesse refletir aquilo que sou na direção sentir-
me-ia uma fraude, porque uma pessoa tentar ser aquilo que não é a desempenhar o que seja
de funções acho que é uma fraude, e eu como não quero sentir-me uma fraude, tento, sei que,

9
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

às vezes há coisas que correm menos bem, tenho essa consciência, mas também sei que há
coisas correm bem, e no equilíbrio o que corre bem e o que corre menos bem, pelo menos que
seja autêntica, que seja eu, pois se as coisas não corressem bem e eu tivesse a cumprir um papel
que não era o meu, aí assim, acho que isso era terrível de fazer. Agora o ser agradável para as
pessoas, o gostar de ser correta para toda a gente, mesmo às vezes quando não sou devolvida
na mesma intensidade, mas isso faz parte não só em ser diretora, na vida também é assim.
Portanto acho que tudo me influenciou, faço muitas vezes esse trabalho, que é meditar nas
coisas que me vão acontecendo para tentar melhorar quem eu sou, no fundo é para isso que cá
estamos, para ir levando o dia a dia, porque acima de tudo somos seres humanos
independentemente da função que desempenhamos como diretores, como professores, como
mães, todos temos uma vida que temos que seguir e eu quero chegar ao final da minha carreira
e pensar assim “fiz o meu melhor e fui coerente com aquilo que eu sou”, por isso é isso que eu
também faço na direção.
Entrevistadora – Em poucas palavras como define a cultura do seu Agrupamento?
Diretora -Mudança. Eu gosto muito do nosso agrupamento, eu sou suspeita, porque eu trabalho
neste agrupamento há 19 anos, é uma vida de permanência nesta escola, é muito difícil agradar
a todos, mas eu gosto muito da minha escola, gosto muito do meu Agrupamento. Estamos a
passar uma fase muito desafiante, e acho que estas mudanças todas estão a abanar as nossas
estruturas, está a ser difícil. É muito complicado ouvir pessoas, que temos muita consideração,
dizerem que as coisas não estão a correr bem e, ao mesmo tempo, sentires que temos de
melhorar. Eu gosto muito de ouvir as pessoas quando sei que são pessoas que gostam de mim
e que estão a tentar ajudar, mas às vezes custa muito ouvir algumas das coisas, mas não quero
deixar de ouvir essas pessoas eu acho que é importante ouvir. Eu sei que este agrupamento tem
uma cultura de pertença, uma cultura de querer fazer, e eu quero muito acreditar nisso. Eu
tenho aqui um núcleo duro de gente que gosta muito daquilo que faz e isso é o mais importante,
competência mais ou menos, nós não somos todos iguais, temos competências diferentes,
porque as inteligências não são todas iguais, e ainda bem! Eu por exemplo, se tivéssemos
dependentes de mim com a criatividade para alguma tarefa, não ia sair nada bem feito, pois eu
não sou nada criativa, mas eu acho que é essa a beleza do nosso Agrupamento, eu acho que, o
nosso Agrupamento tem isso diversidade de competências, mas além disso existe gosto, existe
um grande grupo de pessoas com gosto pelo aquilo que fazem e que se esforçam pelos miúdos.
Gosto muito desta casa.
Entrevistadora – Caracterizaria a sua escola como inovadora? Porquê?
Diretora - Sim isso, isso sim! Ultimamente nós tivemos a vantagem de ter bons professores, uns
já estavam cá connosco, e outros que, entretanto, tivemos a felicidade de ficarem cá, e aquilo
que eu sinto é, esta inovação que veio, veio sangue novo para o Agrupamento que veio puxar
por bons professores que também cá tínhamos, mas que estavam bocadinho mais adormecidos
digamos assim, ou seja, estavam mais habituados a fazer o seu brilhantismo em contexto de sala
de aula e isso é perfeito, porque no fundo todos queremos ser bons professores, mas depois
isso tem de transbordar. Acho que a inovação no nosso Agrupamento veio permitir isso, fazer
com que os que os que já cá estavam e já tinham ideias fixas e os que vieram juntaram-se e
puxaram por mais uma série deles que, entretanto, estavam em hibernação e abriram os olhos,
ficou aqui um bom núcleo de professores. No entanto, precisamos de ir com calma, pois estamos
todos muito cansados e há personalidades diferentes, enquanto uns estão cansados mas
mantêm o foco naquilo que querem e outros que estão cansados e que começam a desfocar e
a desmotivar, e é isso que me entristece às vezes, eu sinto que precisamos de mimá-los um
bocadinho, alguns precisam de mimo, precisam de ouvir “tu és capaz”, “foi difícil mas tu és
capaz, vais conseguir”, ou “vais lá chegar”, mas os tempos não estão a ajudar.

10
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Sim o nosso agrupamento é inovador, basta ver que é verdade. Eu também tenho consciência,
que esta inovação toda e o facto estarmos em 1000 projetos tem a ver com a diretora, eu sei
que ajudo porque é um facilitador, uma força para “façam vão para a frente”, mas também tive
a sorte de ter um conjunto de estruturas fora do Agrupamento que foram percebendo que
tinham aqui matéria humana entre os professores, coordenadores e direção, matéria humana
que puxados rendiam e então saímos beneficiados com isso, começámos a ser convidados para
uma série de projetos, às vezes começamos a ficar aflitos, mas efetivamente é bom, eu gosto
disso! Eu gosto de saber que nosso agrupamento começa a ficar nas bocas das pessoas, no
sentido positivo. Aliás eu quando comecei como diretora dizia “eu quero como diretora fazer
com que deixem de encarar os meninos desta escola como uns coitadinhos, como uns
desgraçadinhos que não tem direito a nada”. Se eu conseguir pelo menos dizer já consegui isto
e aquilo, é espetacular! Fico muito contente. Por isso, sim, considero que o nosso agrupamento
é inovador.
Entrevistadora – Direcionando para o SELFIE, como é que se se deu a adesão ao projeto?
Diretora -Então, lá está as tais coincidências! Nós fomos muito beneficiados, pois tivemos a
vantagem de ter ficado com uma colega efetiva de TIC que tem uma ligação com professores do
Instituto de Educação e apresentou-me um desses professores. Como o Instituto estava a
implementar esta nova ferramenta e pretendia a participação de 5 agrupamentos a nível
nacional. Para nós começou antes, nós estivemos a fazer uma espécie de pré-SELFIE, no fundo
eles começaram a desbravar terreno e a “partir pedra”, no que diz respeito a tentarem perceber
quais as competências digitais dos professores e, depois de saberem isso, de que forma se pode
fazer para melhorar essa situação e nós tivemos o privilégio de poder fazer já parte desse
projeto. O Instituto de Educação, nomeadamente os professores que apresentaram o projeto
perceberam que neste Agrupamento tinham um conjunto de professores que quando aderiam
aos projetos aderiam mesmo aos projetos e levavam muito a sério, porque efetivamente nestas
coisas por muito boas intenções que o Instituto possa ter se depois não tiver um grupo de
pessoas/professores nas escolas base para poder dar esse suporte, não se consegue fazer as
coisas como deve ser, digo eu. Ao perceberem disso quiseram testar esta nova ferramenta,
quiseram ver de que forma é que podia ser implementada e prever a nível nacional, convidaram-
nos e, portanto, naturalmente que foi um desafio. Fiquei logo entusiasmada porque primeiro eu
honestamente acho que é uma ferramenta que se nós quisermos fazer um trabalho como deve
de ser que nos pode ajudar bastante, em vez de tomarmos decisões à toa só porque achamos
que sim a SELFIE ajuda-nos a focar naquilo que efetivamente são as necessidades do
Agrupamento, quer ao nível digital, quer depois o facto de termos a possibilidade de
arranjarmos outras questões que nos vão tentar orientar para outros percursos que
eventualmente nós saibamos são os nossos handicaps, as nossas fragilidades. A SELFIE também
nos pode ajudar a olhar com maior objetividade o caminho a seguir. Acho que foi um conjunto,
eles souberam, perceberam, que estava aqui um grupo de professores que conseguiriam fazer
isso e nós tivemos a sorte de termos a ponte de ligação entre o Instituto e nós.
Entrevistadora – Que condições na organização permitiram e incentivaram essa adesão?
Diretora - Em primeiro lugar a existência do Observatório de Qualidade, que foi uma estrutura
criada já há muitos anos no nosso agrupamento, mas quanto a mim, neste momento, funciona
como um verdadeiro Observatório de Qualidade, não desprezando o trabalho que tinha sido
feito até então, mas efetivamente, o trabalho que nesta altura está a ser feito como
Observatório é aquilo que eu acho que um agrupamento tem de ter. O Observatório deve ter
com um conjunto de professores que têm uma visão isenta e ao mesmo tempo clara daquilo
que é importante orientar no agrupamento, considero que deva ser um organismo
independente da Direção, porque acho que este tipo de estrutura tem de sentir a liberdade e o

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

à-vontade para indicarem isto não está bem no agrupamento, ou aquilo que pode melhorar,
eles têm que servir para isso, portanto a direção poderá condicionar o trabalho. Uma das
questões facilitadoras, para além de sermos uma direção aberta à inovação, é gostarmos de
experimentar coisas novas, mas não é só o experimentar só por experimentar, vieram cá explicar
o objetivo desta ferramenta. Como deves calcular temos às vezes pedidos para estudos e para
isto e para aquilo, temos de fazer uma triagem porque não conseguimos estar metidos em tudo.
Eu gostei muito da apresentação do projeto e do objetivo, identifiquei-me de imediato com esta
ferramenta e também sabia que tinha um grupo do Observatório de Qualidade que ia
corresponder de forma positiva, quando vi aquela apresentação, pensei logo as meninas
Observatório de Qualidade, na certa de que vão gostar disto, ainda que depois digam que eu
ando sempre a dar de trabalho, mas sabia que elas iam aproveitar esta ferramenta para apontar
o foco do nosso Agrupamento.
Entrevistadora – Como foi delineada a implementação do projeto?
Diretora - Foi o Observatório Qualidade, a Direção não consegue fazer tudo. Esforço-me e gosto
de estar por dentro dos assuntos, até por respeito ao trabalho dos outros, porque acho que as
pessoas merecem que eu esteja por dentro do assunto, mas se tivesse tudo a depender da
minha capacidade para conseguir estruturar toda esta logística a coisa não tinha saído nada de
jeito eu tenho essa consciência. Portanto quando eu vi a apresentação da SELFIE e quando eu vi
a estrutura que precisava de ser montada, disse isto é perfeito para a equipa do Observatório
de Qualidade aproveitarem e foi isso que elas fizeram elas pegaram naquilo que lhes foi
transmitido, também tiveram reuniões para perceber como é que funcionava, e fizeram todo o
trabalho para a implementação da ferramenta.
Entrevistadora – Que desafios e que se apresentaram no ponto de vista de coordenação dos
atores?
Diretora - É difícil às vezes fazer, por muito que nós digamos aos professores “isto é para
melhorar as nossas práticas”, ou “isto é para nós percebermos como é que o nosso
agrupamento, para ter uma visão focada naquilo que tem que melhorar”, porque ninguém é
perfeito, e ainda bem, por muito boas capacidades que possamos ter há sempre coisas a
melhorar e ainda bem. É difícil há sempre aquelas vozes que dizem agora querem vir aqui
espiolhar como é que é o nosso trabalho, o que é somos capazes de fazer, e depois as pessoas
nem sempre são muito honestas nas respostas, com medo de eventualmente poderem vir a ter
represálias sobre isto ou aquilo ou de alguém lhes apontar que elas não sabem fazer isto ou
aquilo. Portanto desmistificar isso e batalhar no “não tenham medo sejam honestos, isto é para
vos ajudar, isto é para trabalharmos em conjunto”, é difícil, porque as pessoas às vezes pensam
logo que está alguém com uma pistola apontada a pensar andamos à procura de encontrarmos
algo que não façam bem. Digo sempre que prefiro um professor que não tenha capacidades
nenhumas digitais mas tenha gosto naquilo que faz e seja sério nas coisas que faz, ao que é
muito bom a mexer em computadores e que não quer saber dos miúdos para nada, pois àquele
que não percebe nada em termos digitais se eu puder ajudar de alguma forma, sei que amanhã
já vai conseguir fazer algumas coisas e sentir-se valorizado por isso, e irá ficar contente por isso,
já tenho constatado em algumas circunstâncias aqueles que têm graves handicaps tecnológicos,
depois conseguem a fazer as coisas e ficam todos contentes, essa felicidade paga tudo, porque
eu sei que depois eles vão reproduzir isso, porque são pessoas sérias e esforçadas, vão
reproduzir outra vez no dia a dia, já se ganhou algo.
Entrevistadora – Que rotinas foram implementadas ou alteradas para implementação da
SELFIE?
Diretora -As rotinas na primeira aplicação que fizemos, que foi assim muito em cima do joelho,
assim que tivemos a estrutura pré montada, tivemos logo de aplicar os questionários, e daí a 2

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

semanas estávamos num momento de avaliação, foi um bocadinho complicado, mas mais uma
vez, o sucesso de uma direção passa sempre pelo sucesso das estruturas intermédias e de todas
as outras equipas, que são tão ou mais importantes que a direção, quando assumem um
compromisso com alguma coisa, pela esquerda ou pela direita, a coisa vai acontecer. Foi o que
aconteceu a equipa do Observatório de Qualidade estruturou a implementação de tal maneira
que apesar de um ou outro contratempo, mas que nós às vezes por muito estruturado que
façamos as coisas há sempre falhas aqui ou ali, mas efetivamente a estrutura montada pela
equipa foi um facilitador, foi o garante do sucesso da aplicação dos questionários. Nós fomos
pré-piloto e estávamos a partir pedra, a desbravar um terreno que estava desconhecido no
nosso país. O Instituto reconheceu o nosso papel fundamental neste empenho sério que houve
da equipa, e isso acabou por se revelar depois em várias ocasiões. Agora temos possibilidade de
já termos um bocadinho de avanço em relação às outras escolas que vão participar neste
projeto, pois efetivamente já nos apropriamos mais de que tipo de ferramenta é esta e como é
que pode funcionar a nosso favor. Não tenho dúvidas nenhumas que correu tudo da melhor
forma, pela determinação, estruturação e organização da parte desta equipa do Observatório
de Qualidade.
Entrevistadora – Em que medida os resultados obtidos foram importantes para o
Agrupamento?
Diretora - É assim! Foram importantes porque à medida que íamos tendo as respostas
construíamos a visão do Agrupamento. Mais uma vez o facto de sermos um Agrupamento
inovador permitiu-nos uma visão de conjunto, que não é fácil, mas no fundo é isso que faz
sentido, é nós não tomarmos a as ferramentas isoladas, não é trabalharmos como ilhas, agora
trabalhamos muito aqui agora trabalhamos muito ali e depois trabalhamos muito acolá, e na
realidade fartamo-nos de trabalhar mas depois se não houver uma visão de conjunto que possa
agregar estas coisas todas e que possa a fazer as pontes entre as várias ilhas, andámos a
trabalhar muitos sem grande sentido. É neste campo que eu acho que a SELFIE também nos
estruturou e nos deu a construção do nosso plano de inovação e nas mudanças que quisemos
estruturar, eu fui e contínuo a ser, das poucas coisas que eu às vezes bato o pé (não me
considero uma pessoa arrogante, ou acho que só eu e que tenha razão, não, se alguém me
justificar que aquilo que eu tinha pensado não é o melhor que precisa de ser ajustado, não tenho
qualquer problema com isso), mas também quando eu ponho algo na cabeça que é útil para o
agrupamento também é difícil me demover das minhas ideias e eu sigo em frente, e a SELFIE no
fundo permitiu-nos isso quando nós começámos a perceber já fazíamos tantas coisas, mas que
precisávamos de unificar, lá está, fazer as pontes das várias ilhas daquilo que já íamos fazendo
separadamente nas diferentes ilhas, a SELFIE ajudou na construção do nosso plano de inovação,
na utilização da plataforma de avaliação e de plano de turma, mas eu contínuo a ter a certeza
que quando conseguirmos afinar o funcionamento desta plataforma vamos estar na vanguarda
da avaliação dos nossos alunos, quem realmente faz um trabalho sério na forma como avalia os
alunos já perceberam isso, outros só por obrigação é que fazem isso, e outros tentam contornar
a coisa, mas faz parte, aos poucos e poucos vamos demonstrando o caminho, e esta é uma das
coisas onde a minha teimosia está refletida um bocadinho, porque eu acredito honestamente
que estes passos que temos tido condicionadas pelas análises que temos feito, através da
SELFIE, de toda a realidade e de todo um trabalho, tudo conta num agrupamento, a experiência
de quem já anda há muitos anos, experiência de quem já veio de outros agrupamentos e que
nos traz novidades de outros lados e que de repente nós pensamos isto também faz sentido
aqui. É muito importante a parte de contextualização, mas sim eu acho que esta ferramenta é
importantíssima, um agrupamento que queira dar coesão àquilo que faz, esta ferramenta é
espetacular.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Entrevistadora – Como foram analisados e comunicados os dados obtidos pela SELFIE? Quem
é que participou?
Diretora - Efetivamente, tivemos outra vez a contribuição preciosa ajuda do nosso Observatório
de qualidade, e quanto a mim também faz sentido, se eles tiveram na estruturação da
implementação desta ferramenta também deve fazer a análise dos dados que foram obtidos e
depois fazia sentido fazerem a apresentação que tipo de conclusões é que existiram.
Entrevistadora – Como foi a reação da comunidade educativa aos resultados obtidos?
Diretora - Eu quero acreditar que foi boa. Na realidade, nós temos de ter sempre presente
quando trabalhamos numa escola, que as pessoas não são todas iguais e se nós estamos à
espera de que a apresentação dos resultados vá fazer um efeito UAU em todos, não vai! Há
sempre aqueles que veem o copo meio vazio e, portanto, vão sempre arranjar falhas na forma
como as coisas foram estruturadas, e dentro desses há àqueles que falam mal, mas aplicam e
fazem, e são bons profissionais na forma como aplicam, e depois há aqueles que é menos só
para dizer mal. Acho que o mais importante no meio disto tudo é quem está nestas estruturas,
a começar também pela direção, não se pode deixar abalar por esse tipo de vozes, porque elas
vão sempre existir, nós podíamos fazer tudo bem mas há de haver sempre quem não concorde,
o ponto focal, quanto a mim, nós que temos a capacidade de decisão, nós que temos a
capacidade de trabalho de inovação de andar para a frente, podemos andar cansados mas
andamos para a frente, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar para o bem, no que é
positivo para o Agrupamento, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar para fazer as coisas
que são positivas para o agrupamento, não podemos deixar de fazer, podemos ficar tristes,
naturalmente, quando sentimos quando há reações menos boas, mas acreditamos naquilo que
fizemos, e isso é o mais importante, a pessoa acreditar naquilo que fez. Eu acho que a reação,
de uma maneira geral, foi positiva dentro daquilo que são os meandros médios normais do
Agrupamento, porque depois também temos consciência que há aqueles que nós nunca somos
capazes de agradar, mas eles próprios não se agradam a eles próprios e, portanto, não há volta
a dar, temos de seguir em função daquilo que sentimos que trouxe melhorias para o
agrupamento. Sentimos que as nossas crianças podem ter uma avaliação mais justa, podem
aproveitar recursos e que tiveram à sua disponibilidade recursos e visões diferentes. E os
professores desta escola utilizaram diversos recursos e dinâmicas que, entretanto, foram
criadas, porque se percebeu que era importante recorrer a entidades exteriores e nós fomos à
procura, isto foi realçado no SELFIE. Fomos à procura, tentando seguir as sugestões, só que de
facto às vezes não temos mãos a medir em tantas atividades e em tantas coisas diferentes que
as nossas crianças têm disponíveis, e é isso que eu quero, que a aprendizagem não se resuma
ao contexto de sala de aula, não quero que seja apenas “agora vamos abrir na página não sei
quantos e resolver os exercícios da página não sei quantos”, não quer dizer que em certo
momento isso não seja importante e necessário mas há um mundo todo que transcende isso e
que eu quero que os meninos da Castanheira percebam que esse mundo existe e que pode
chegar à sala de aula deles.
Entrevistadora – Quem costuma envolver nas tomadas de decisão? De que forma é feito esse
envolvimento?
Diretora - É assim, eu sou muito dependente da minha Direção, e eles são muito dependentes
de mim, dependente não em termos de trabalho, pois eles são portentosos naquilo que fazem,
mas efetivamente somos muito emocionais, esta minha direção este meu grupo é um grupo dos
afetos, do mimo, da entreajuda, do sentirmo-nos acompanhados e, por isso, esta pandemia até
nisso vai massacrar, porque faz-nos falta os abracinhos, os miminhos essas coisas todas, porque
nós somos muito assim. Eu às vezes avanço com determinadas decisões e não lhes digo, apesar
de não fazer por mal, eles ficam sentidos comigo ficam magoados, e eu percebo, mas eu não

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

faço por mal, mas como sou a diretora perante as situações acabo por falar e decidir, é algo que
tenho de melhorar. Confio muito também no meu Conselho Pedagógico, é um todo, acho que
precisamos em algumas áreas melhorar, mas vamos aos poucos acho que já há tantas coisas que
foram feitas tanta mudança e tanto investimento que foi feito, mas ainda falta muito por fazer,
mas nós chegamos lá, temos de ir com calma. Porque é que eu digo que gosto muito do
pedagógico, porque primeiro levantam as questões que têm de levantar, e é assim que eu gosto,
mas ao mesmo tempo sempre numa base construtiva. Às vezes ouço relatos de diretores
porque, como eu sou naturalmente comunicativa, gosto de conversar com as pessoas em geral,
quando tenho as reuniões com os outros diretores, partilhamos as experiências e sei que alguns
pedagógicos são plenos campos de guerra, há umas fações uns contra os outros e uns que
gostam daqueles e não gostam dos outros e o outro que queria ser diretores e foi para o lugar
do outro, existem pedagógicos sempre em guerra, com uma confusão tremenda. Tendo plena
consciência que o meu pedagógico não é consensual em alguns temas, mas eu confio naquelas
pessoas, na maioria delas, naquelas que até podem levantar as questões, “porque é que não é
assim?, ou “porque é que não é?”, sei que depois às vezes uns ficam aborrecidos com os outros
porque é que estão a questionar, porque isto de relações humanas é difícil, já deveríamos ter
todos idade para perceber que questionar não é ofender a competência de cada um, eu posso
levantar uma questão mas porque é que fazes assim, mas é mesmo porque eu quero saber por
que é que fazes assim não é pra te dizer que tudo aquilo que andas a fazer está mal feito e agora
tens de fazer como eu faço. As pessoas têm de perceber que ser diferente não é ser pior, assim
como ser diferente também não é ser melhor, é ser diferente! Agora quando eu sei que sou
diferente, mas aquilo que eu faço eu sei que vai chegar da mesma forma como os outros fazem
é positivo na mesma, eu não me oponho que seja diferente, agora quando as coisas não estão
no caminho alinhadas, eu digo olha atenção, essa diferença faz com que os meninos estejam a
perder isto ou aquilo, ou temos que reajustar. Mas, eu sou uma felizarda no meio disto tudo,
porque, para além da direção que confio muito e tenho plena consciência que sem eles não era
capaz de fazer o trabalho que faço, depois tenho as estruturas intermédias que eu também
confio muito, sei que podem ter uma falha aqui ou podem ter uma falha ali, ou as coisas podem
não ser como nós pensamos, mas se não fossem eles a máquina não andava, tem de ser um
esforço conjunto para que a máquina ande. E eu sinto-me felizarda com isso, tudo corre bem?
Não! Há coisas que correm bem, mas às vezes não correm bem, às vezes vejo alguns mails que
não me apetece, mas ao mesmo tempo, respiro e penso sobre o assunto e vamos falar, e
resolvemos a situação. É como na vida temos de encontrar uma solução.
Entrevistadora – Considera importante delegar funções e responsabilidades? Porquê? Como
faz esse acompanhamento?
Diretora - Eu nem tenho hipótese de outra forma, eu sou uma diretora que respeito muito quem
gosta de centralizar tudo do poder decisório em si próprio, mas eu gosto muito de viver, acho
que confiar não quer dizer que seja às cegas, não é porque uma pessoa delega uma função não
é estar às cegas, não é “desenrasca-te” ou “faz como tu entenderes”. Acho que é importante as
pessoas perceberem que se precisarem de alguém para lhes dizer, achas que está bem assim
essa pessoa está lá. Para mim isso só faz sentido assim, se eu estou a dizer faz isto preciso que
orientes isto, eu conto que a pessoa vai mesmo que fazer, não é dizer assim olha toma agora,
vê o que é que tu dizes aqui e faz tudo diferente com tu entenderes, não faz sentido nenhum,
aliás eu acho que quando as pessoas investem num tipo de trabalho e depois estão sempre a
questionar-lhes e a mudar o trabalho, às vezes vírgulas, que em termos de conteúdo não vai
mudar nada, mas é só mesmo para mostrar que é para fazer diferente, eu acho que isso apenas
serve para desacreditar os outros. Todos têm um papel válido nas escolas e quando querem
fazer, eu sou a favor de delegar competência nessas pessoas e de confiar no trabalho que as

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

pessoas fazem, se as coisas depois não correrem bem também tenho de ter a coragem de dizer
assim “não tive bem”, não é culpar a pessoa, não é, e não tive bem porque se calhar precisava
de monitorizar um bocadinho mais a situação e não monitorizei ou precisava de ajudar mais
naquele campo, ou a pessoa não teve a coragem de pedir ajuda. Mas eu como tenho um
conjunto de pessoas espetaculares à minha volta que conseguem sempre fazer bem, como
costumo dizer, eu sou uma mulher afortunada nas pessoas que me rodeiam.
Entrevistadora – Na implementação do projeto que aspetos foram mais cruciais para envolver
as pessoas?
Diretora - Essencialmente solicitei a participação de todos. A estrutura tem de estar sempre
montada e eu às vezes ficava surpresa, nestes 3 anos e meio tenho vindo a chegar à conclusão
que o papel que desempenhas transforma a ideia que as pessoas têm de ti, às vezes entristeço-
me, porque como costumo dizer eu não deixo de ser a professora de Matemática e Ciências,
estou é desempenhar um cargo que tem responsabilidades diferentes e tenho de agir de acordo
com as responsabilidades que tenho, mas não deixo de ser eu. Às vezes sentes que quando falas
e quando dizes alguma coisa como diretora, precisas de colocar o galão de diretora para as
pessoas perceberem que aquilo é realmente muito sério. Na implementação da SELFIE, claro
dentro da minha linha, eu tenho esta linha bem-disposta e mais ligeira de abordar os assuntos,
é assim que eu sou, mas ao mesmo tempo senti que era importante fazer uma reunião geral de
professores para transmitir que a implementação da SELFIE, era muito importante para o
Agrupamento, para traçarmos o percurso que queríamos seguir e que contava com a
participação de todos. Era importante garantir aquele limite que o Observatório de Qualidade
tinha dado, e portanto, conseguimos, mas mesmo assim, houve alguns que conseguiram
contornar ou foi esquecimento, mas para uma primeira abordagem considero que correu muito
bem. Tenho a certeza absoluta que quando voltarmos a implementar e voltarmos a realizar os
questionários vamos ter mais sucesso no campo, porque ainda se sentiu uma certa
desconfiança, estávamos a batalhar numa coisa nova e algumas pessoas ficaram com o pé atrás.
Entrevistadora – Qual é o aspeto que achas que é mais importante para envolver as pessoas
a gestão (planeamento, organização e coordenação) ou a liderança (através da comunicação,
empatia e motivação)?
Diretora -Tem de ser o equilíbrio entre as duas partes, não pode ser uma ou outra, eu quero
acreditar que a liderança, e o facto das pessoas se sentirem identificadas com a pessoa que está
na liderança de um agrupamento que ajuda, mas depois se não houver toda uma estrutura por
detrás daquilo e um planeamento bem feito é um fiasco, portanto é muito difícil decidir entre
eles, acho que tem de ser um equilíbrio entre esses dois campos. Ou seja, estar tudo bem
estruturado e bem planificado, mas as pessoas sentirem também confiança e a direção diga
envolvam-se, façam e sejam honestos, respondam de forma coerente sem filtros pois é isso que
nós precisamos realmente para ajudar o percurso do agrupamento. Pois eu posso ser uma
diretora que faço discursos espetaculares e que motivo o pessoal, mas depois se não tenho nada
estruturado nem preparado fica tudo uma confusão e ninguém consegue fazer nada de jeito,
por outro lado a se estrutura está toda muito bem montada, mas depois se não houver esta
fase, esta possibilidade de motivar e dizer participem que não há problema confiem está tudo
bem, se calhar também vai ser ruinoso porque as pessoas sentir-se-iam presas e não seriam
totalmente honestas. Por isso considero importante o equilibro nestes dois campos.
Entrevistadora – Em relação aos resultados obtidos, na área da liderança, tanto na primeira
fase do SEFLIE como na segunda foram surpreendentes ou foram os esperados?
Diretora - A grande maioria dos resultados eram os esperados um ao outro ponto que
surpreendeu, mas em geral não nós somos um povo de fado e nos professores isso acaba por se
refletir. É importante meditar em alguns campos que a pessoa tem como garantido, também

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

acho que é extremamente importante, o conhecimento e o sentir do pulsar do Agrupamento no


dia a dia, o estar aqui há 19 anos, não é a mesma coisa, de caíres aqui de paraquedas e não
conheceres o Agrupamento. Aliás, respeito muito quem concorre para ser diretor do
agrupamento que não conhece, mas seria incapaz de me meter numa aventura dessas, para
mim só fez sentido esta loucura porque é a minha escola, há 19 anos que conheço funcionários,
pais, alunos professores, dinâmicas, contextos sociais, contextos económicos e tudo mais.
Houve alguns aspetos que foram mencionados que às vezes nos passam um bocadinho ao lado,
porque como nós temos a visão daquilo que também nós somos, e como somos positivos e
achamos que está tudo bem e mesmo quando aparecem dificuldades tentamos ultrapassá-las e
tentamos fazer as coisas e, às vezes, não vemos o lado que tem uma visão bocadinho mais
pessimista quem tem uma visão diferente, e também é importante saber a opinião dessas
pessoas, porque na realidade não somos todos iguais. Em alguns campos os resultados da SELFIE
surpreenderam-me, mas outros foram dentro daqui que já estava à espera.
Entrevistadora – Como é que a direção analisou/discutiu os resultados obtidos?
Diretora - A direção, nós os quatro, gostamos muito de conversar uns com os outros, agora esses
momentos são infelizmente online, mas eu acho que uma direção tem que ter momentos muito
regulares de pontos da situação, momentos onde estamos os quatro em que analisamos o que
correu bem e o que não correu bem e, às vezes, quando eles resmungam comigo tem que ver
com isso, porque às vezes andamos numa lufa-lufa de trabalho que perdemos, ou não temos
tempo para nos reunir mas eu sei, e cada vez sinto isso, que não é perder tempo é ganhar tempo,
quando estamos juntos os quatro nem que seja para fazer o ponto de situação de cada um. Sim
nós gostamos de analisar todos os documentos que chegam à escola e a SELFIE não foi diferente,
ainda que às vezes demoremos a fazer refletir e dar feedback, por escrito ou de qualquer outra
forma. Tentamos sempre analisar e perceber a visão dos outros, uma coisa é nós sabermos entre
nós os quatro, temos personalidades que trabalhamos muito bem, mas o agrupamento é todo
um conjunto, o Agrupamento tem 951 alunos, 107 professores, 48 assistentes operacionais, 7
assistentes técnicos e uma psicóloga, obviamente, existem necessariamente visões diferentes.
Nós fazemos o ponto da situação e, sim, reunimos e, sim, falamos desses documentos e, sim,
tentamos perceber. Naturalmente, que depois há todo um conjunto de aplicação de que é que
se vai fazer daqui para a frente, todas as estruturas intermédias acabam por assegurar,
mandamos para os departamentos, mandamos para o Conselho Pedagógico para se debater de
que maneira é que aquilo depois se irá refletir no dia a dia do Agrupamento. Considero muito
importante a análise da direção, às vezes ainda sinto que às vezes não transparecemos muito
isso e precisamos de transparecer mais para que as pessoas sintam que o trabalho não é em
vão, para não sentirem que os metemos a fazer isto e depois não queremos saber daquilo para
nada, não é verdade, nós queremos saber mas sabemos que o trabalho está bem entregue e
que está a ser feito, mas sim também já chegámos a essa conclusão que se calhar falta esse
envolvimento das pessoas perceberem que nós queremos nos envolver, não é por
desconsiderar o trabalho dos outros, às vezes não temos mesmo tempo para nos envolvermos,
mas queremos melhorar nesse campo queremos estar mais presentes em algumas dinâmicas,
até para valorizar o trabalho das pessoas que se dedicam muito.
Entrevistadora – Como é que costuma escolher as pessoas para as estruturas intermédias, as
que podem ser escolhidas, e que característica considera mais importante para essas
lideranças?
Diretora -Ora aí está um grande problema, a escolha das equipas, as que se podem escolher,
são fundamentais para o descanso de uma direção, se vais dar uma tarefa a alguém que tens o
pé atrás, não vai correr bem, por outro lado, o problema é que é um massacre pois são sempre
os mesmos professores. Sabes que existe um conjunto de professores que até tem muita

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

validade em contexto sala de aula mas se lhes fores dar determinadas tarefas é condenares ao
fracasso aquela tarefa, e depois eu sei que é injusto, porque depois acabamos por sobrecarregar
sempre os mesmos, e os mesmos às vezes já dizem mas porque é que tenho de ser eu e não há
mais pessoas, mas é tão importante em determinadas funções escolher bem, e não estou a dizer
que, e quem me conhece sabe que eu não escolho para eu ter a minha vida facilitada, em termos
de fazerem tudo o que a diretora quer, de todo, eu escolho por saber que a tarefa vai estar bem
atribuída, há pessoas que eu adoro o trabalho e andamos sempre às turras em termos de visão
das coisas e que não temos a mesma visão, neste campo, naquele campo e no outro campo,
mas isso não é problema para mim eu acho que nós não temos que ser todos iguais. Aquilo que
eu quero, é que saiba quando eu determino uma equipa para fazer determinada coisa essa
equipa vai dar o seu melhor e eu tenho tido essa felicidade na maioria das equipas que eu tenho
ao meu cargo. Agora também tenho consciência que vou sobrecarregando sempre os mesmos,
tenho essa plena consciência, mas depois é assim das poucas capacidades que eu tenho para
poder valorizar o trabalho dessas pessoas, que é eventualmente usar mais crédito para estas
pessoas não estarem tão sobrecarregadas em termos de componente letiva ou, são as
pouquinhas coisas, em termos de construção horário eventualmente para poderem ter um
bocadinho maior maleabilidade na forma como gerem um horário, eu sei que são poucas coisas
que se fazem. Efetivamente se eu vou atribuir uma função só porque vai aquela pessoa não tem
nada para fazer então vai fazer aquilo, depois eu tenho a certeza absoluta que aquilo vai sair
mal feito e que vou ter que andar a chatear-me com isso, sendo assim, é difícil não massacrar
os mesmos.
Entrevistadora – Como é que essas as equipas são vistas pelos restantes professores do
Agrupamento?
Diretora -Depende, não é fácil, porque a componente humana é sempre tramada e infelizmente
às vezes há pessoas que quando alguém tem um maior dinamismo, não querem ter o mesmo
dinamismo, mas gostam de criticar o dinamismo que o outro tem. Fazer a gestão de relações
humanas é sempre muito difícil, eu quero acreditar, que existe um grupo de professores
sabendo que nem todas as opções agradam a gregos e a troianos, eu prefiro saber que estou a
desagradar os troianos, mas ao mesmo tempo os gregos vão ficar felizes e que o trabalho vai
ficar bem feito, do que escolher o outro grupo só porque as pessoas já estão cansadas disto
daquilo e do outro, e que depois as coisas não vão correr assim tão bem. Nisto o equilíbrio é a
chave, pois nem todos reagem de forma positiva, por exemplo este ano temos a implementação
do plano de inovação e tenho duas professoras a coordenar a implementação do plano, porque
efetivamente para se formar uma estrutura toda nova tem de se mexer com muitas coisas no
Agrupamento, eu tenho plena consciência que é algo muito trabalhoso e depois há aquelas
vozes que dizem “aquelas agora têm a mania que elas é que mandam nisto tudo”, e isso perturba
me ouvir, efetivamente se elas orientam é porque lhes foi atribuída essa responsabilidade, mas
a grande maioria diz “elas são espetaculares e estão sempre prontas a ajudar os colegas e estão
sempre prontas a fazer as coisas e a tentar ajustar os processos”. Por isso é que eu digo, não são
aquelas vozes mordazes que nos fazem desistir, entristece-nos, naturalmente, mas depois há
um conjunto pessoas com vontade de fazer e trabalhar. Não se consegue dizer que toda a gente
fica muito feliz quando as estruturas intermédias estão a aplicar as tarefas que lhe foram dadas,
não! Mas a grande maioria sente a utilidade e o bom desempenho dessas estruturas
intermédias, sim. Depois, é assim, quando alguém que vem dizer mal e eu questiono para o ano
eu dou-te a função, dizem logo “Deus me livre!”. É muito fácil criticar, mas criticar e ter a
disponibilidade para depois fazer tão bem ou melhor, aí já são outras conversas e quando nós
mudamos para esse tipo de conversa o discurso muda logo. Somos seres humanos, essas falhas
existem, e o gerir as personalidades não é fácil, a mim faz-me confusão que pessoas com 40, 50

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ou 60 anos ainda não tenham chegado à conclusão as pessoas têm personalidades diferentes e
não tem mal nenhum nisso. Agora nós temos é que saber respeitarmo-nos uns aos outros, para
mim é fundamental, eu posso até nem gostar do teu trabalho ou até não gostar de ti como
pessoa, mas eu tenho o dever de respeitar aquilo que tu és como ser humano, ou posso não
respeitar muito o teu trabalho, mas ou te consigo orientar e te fazer ver as coisas de maneira
diferente ou então ir por outras maneiras. Para mim o desrespeito, para mim, pela condição
humana é uma coisa que me aflige muito, e às vezes perturba-me as pessoas porem maldade
nas intenções dos outros e acharem que só porque a pessoa tem uma personalidade mais
dinâmica que é logo isto, que quer ser mais isto ou mais aquilo, eu não sou assim, e não vou ser!
Entrevistadora – Sente que como diretora tem um papel importante no crescimento
profissional das suas equipas? E de que forma é que faz essa gestão?
Diretora - O meu papel é q.b., porque se as pessoas não tiverem predispostas a fazer esse
crescimento eu posso ser a melhor do mundo, mas não vou conseguir fazê-las crescer. Por outro
lado, se eu tento ser facilitadora desse crescimento, sinto-me orgulhosa, porque há aqui um
conjunto de professores no meu Agrupamento que tem crescido como professores na estrutura,
não estou a falar no contexto de sala de aula, porque eu já sabia que eles eram muito bons
professores, mas há um conjunto de pessoas que eu sinto que têm tomado gosto pelo espírito
da escola e pela sua dinâmica, e deixaram de ser só bom professores (que já é importante)
passaram a sentir-se parte integrante da estrutura. No fundo é isso, eu acho quando a pessoa
sente pertença áquilo onde está envolvido, sente que aquilo é um bocadinho seu, que é um filho
que tem ali e que está a zelar por um bem comum, que são os nossos meninos, eu já fico muito
feliz. Se eu ajudo, eu quero acreditar que sim, quanto digo “tu és capaz, faz lá isso”, eu sei que
esse fator motivacional, faz a pessoa sentir que eu confio no trabalho delas, porque eu confio
no trabalho de muitas pessoas que trabalham comigo. Eu acredito que possa contribuir para
isso, mas depois o percurso temos de ser nós a fazê-lo, nós individualmente.
Entrevistadora – Que perceções tem acerca dos efeitos do projeto SELFIE nas estruturas
intermédias?
Diretora -Nós não deveremos querer que as coisas aconteçam por injeção, ou seja, enquanto
há resultados que permitem uma atuação mais imediata, aliás, a própria construção do plano
de inovação, há determinadas visões que nós tivemos e que quisemos adaptar tendo em conta
os resultados que tivemos, um bocadinho mais imediatos, mas a educação precisa de tempo. Eu
por exemplo, sou uma crítica muito grande quando cada governo que muda eles mudam os
currículos e mudam tudo, e mudam só porque querem mostrar que fazem diferente, e depois
esquecem-se que são os desgraçados dos professores em contexto de escola que têm de
implementar essas modernices, sem darem tempo para se perceber se era uma modernice que
fazia sentido. Tudo precisa do seu tempo de validade, e eu acho que a SELFIE também vai ser
uma ferramenta que nos vai apontar ações, já apontou ações de curto prazo, vai apontar ações
de médio prazo e ações de longo prazo. O que eu gostava muito é que não nos dispersarmos no
meio deste percurso todo, e que percebêssemos que estas ações de continuidade vão contribuir
para daqui a uns anos olharem para o nosso Agrupamento, como eu vejo, como uma vivência
em termos de aprendizagens dos miúdos e que os professores têm uma dinâmica de avaliação
e de resposta às diferenças das crianças, proporcionam-lhes aprendizagens significativas e
diversificadas. Se com a análise que vamos fazendo a curto, médio e a longo prazo conseguirmos
lá chegar, ficarei muito feliz.
Entrevistadora – Que áreas da SELFIE foram identificados como prioritárias? Eram as
esperadas? E que alterações organizacionais aconteceram nessas áreas?
Diretora -Acho que foi importante percebermos alguns mecanismos e depois até no amadurecer
que uma direção tem de ter de visão do Agrupamento, para tentarmos perceber, porque às

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

vezes temos rotinas já tão instaladas no Agrupamento que já consideramos que aquilo é
orgânico, que faz parte, e que pensamos porque é fazemos isto, e chegamos à conclusão que se
calhar não serve para nada. Quando fazemos determinadas coisas nem sempre questionamos
porque o fazemos, este questionário ao devolver à direção e às estruturas intermédias, permite-
nos perceber a visão de todos e refletir sobre estes processos e rever alguns procedimentos.
Entrevistadora – Os resultados da SELFIE provocaram alterações no contexto da gestão
escolar? Quais?
Diretora -Vão provocando, eu acho que nós também temos que ter algum cuidado, e eu às vezes
sinto que perco um bocadinho esse cuidado com o impacto que as mudanças trazem, às vezes,
queremos ser tal maneira ambiciosos que podemos causar feridas grandes no impacto que isso
tem nos outros. Por isso, quando analisámos os resultados da SELFIE e nós sentimos que há aqui
coisas que ainda vão precisar de ser mudadas, que precisamos de mexer nelas, mas precisamos
de ter tato na forma como fazemos essas alterações. Como costumo dizer muitas vezes, acredito
piamente que com vinagre não se apanham moscas, se formos com muita brutalidade, com um
“fazes assim porque é assim que eu quero” ou “porque os resultados deram que tens de fazer
assim” ou “agora vamos fazer desta maneira”, às vezes pode não correr bem, eu prefiro demorar
um bocadinho mais e preparar o terreno, depois fazer a pouco e pouco até dar a atender às
pessoas que a transformação veio delas para nós e, não de nós para elas, para elas sentirem que
aquilo é delas. Se conseguirmos fazer isso, porque ainda há algumas estruturas que eu preciso,
eu sinto, que ainda preciso de fazer isso, mas se eu conseguir fazê-las ver que estão a mudar e
que essa mudança veio de uma autoanálise mesmo que eu possa pôr uns pozinhos de sugestões.
Ainda temos um caminho a percorrer, mas não está esquecido.
Entrevistadora – Como é que vê evolução nos resultados no segundo questionário SELFIE?
Diretora - Eu acho que, a pouco e pouco, as pessoas sentem que nós fazemos diferente, para
melhor. Os resultados têm-se sentido, eu sinto, que cada vez mais, como um todo, nos
apercebemos disso, mesmo os que resmungam, começamos a sentir que nós somos diferentes
e somos diferentes para melhores. Eu gosto de sentir isso, gosto de sentir que trabalhamos
muito, andamos às vezes a bater cabeça nas paredes de tanto trabalho, às vezes sentimo-nos
cansados e sentimos o cansaço nos outros, como somos pessoas empáticas, que gostamos de
colocar no lugar dos outros, não é fácil, às vezes, percebermos que determinadas medidas estão
a ser pesadas, mas depois como acreditamos muito no percurso que está a ser traçado e na
evolução que isso irá trazer ao Agrupamento, e que já está a trazer, e não é à toa que o facto de
sermos distinguidos às vezes com selos eTwinning, Eco-escolas, trabalhos que fazemos no
âmbito do Ciência Viva e sermos convidados para participar em entrevistas. Não é à toa, isto
acontece porque há todo um conjunto de pessoas que se envolvem e dão o melhor delas e isto
tem efeitos, eu sei, tenho a certeza, que até mesmo as vozes críticas ficam todas orgulhosas
quando ouvem que no nosso Agrupamento de escolas aconteceu isto, que ganhou o prémio tal
e que andou nas bocas do mundo porque participou num projeto “xpto”. É isto que eu quero,
eu quero um Agrupamento em que os meus alunos não se sintam uns coitadinhos, porque eles
não são coitadinhos de ninguém, quero que eles sintam que há professores que lhes querem
dar as melhores aprendizagens possíveis e quero que eles sintam que esta escola é boa, na
realidade quando eles vão embora e dizem que queriam ficar aqui, isto é tão bom, é isso que
nos motiva. Quando sentimos que as crianças olham para nós e riem, que se sentem felizes
porque gostam de estar na escola e tem umas saudades tremendas de estar junto de nós e que
gostam de estar ali, isso enche-nos o coração e isso é uma evolução a cada dia, e nós sentirmos
que conseguimos chegar às crianças e que elas gostam tanto de estar ali naquele contexto e que
já sentem que podem ir pesquisar isto e podem fazer aquilo, é espetacular.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Entrevistadora – Considera importantes os momentos de reflexão conjunta? E como é que se


fez esses momentos na escola?
Diretora - Naturalmente que são importantes, principalmente se nós conseguirmos que esses
momentos sejam efetivamente reflexivos, e aqui a minha experiência diz-me que depois
depende quem vai dinamizar esses momentos de reflexão. Basta por exemplo ir ao contexto de
departamento, que eu tenho noção que há departamentos que fazem um trabalho sério nesse
campo, porque eu posso fazer uma reunião geral para apresentar os resultados, falar com os
colegas, agradecer a participação e transmitir as conclusões a que chegámos, mas não é numa
reunião com 120 pessoas que vamos ter um trabalho sério de reflexão, não se consegue, e
portanto tem de ser feito em estruturas mais focadas, e aqui os departamentos têm uma função
muito importante. Agora também temos de ter a noção que depois quem está à frente do
departamento é fundamental para que existir uma reflexão, pois apresentar apenas os
resultados não permite uma reflexão conjunta, outros levam mais sério e fomentam a reflexão
de todos, com “vamos lá pensar de que forma é que isto pode mudar na nossa prática letiva”,
ou “de que forma podemos melhorar as coisas que fazemos com os miúdos”, ou “que tipo de
estratégias é que podem resultar”. Que é importante refletir é! Nem que seja pelo
brainstorming, eu não sou muito da escrita, e estou a apontar isto como uma crítica, eu acho
que deveria de registar mais, ser mais formal em algumas coisas, mas eu sou uma mulher da
comunicação verbal e da expressão, e é muito importante para mim o ouvir e estar com pessoas
que pensam nas coisas, que meditam, que leem e eu gosto de valorizar quem anda a aprender
determinadas coisas, eu gosto muito de ouvir essas pessoas porque sei que depois também
tenho a aprender com isso. Esse conhecimento eu tento rentabilizar também a meu favor,
porque também me beneficia, se uma pessoa anda a aprender determinado tipo de coisas ou
alguém que está envolvido nalguma coisa, se eu posso absorver o conhecimento fresquinho que
essa pessoa tem, só tenho a ganhar com isso. Portanto sim, os momentos de reflexão são
importantes. Até nisto eu gosto de fazer estas entrevistas, porque o tempo que estou a falar
nestas coisas interiorizo, porque ao falar materializo aquilo que eu acredito, pois ao falar tomo
consciência que também preciso melhorar em alguns campos.
Entrevistadora – No seu entender, como diretora, qual foi a mais-valia da implementação da
SELFIE na sua escola?
Diretora - Identificar de forma clara, as fragilidades e o percurso, que quem conhece o
agrupamento sente que se deverá seguir, tendo em conta o que foi delineado. Porque uma coisa
é tu conheceres a realidade, outra é conheceres a tua realidade, eu acho que a SELFIE ajuda-nos
a clarificar isso, a conhecer a realidade. Para mim como diretora é importante, para depois eu
em vez de me estar a centrar naquilo que é a minha visão do Agrupamento, não, eu centro-me
naquilo que é a visão espelhada nesta fotografia que se tirou ao Agrupamento, para podermos
estruturar qual o caminho a seguir.
Entrevistadora – Quais considera serem os pontos fundamentais para implementar este
processo de mudança na escola?
Diretora - Motivação dos professores, eu preciso fazê-los acreditar, que não têm que ser todos
iguais, mas têm de estar todos motivados a trabalhar, todos os que querem, quem não quer não
há volta a dar, acho que existe sempre aqueles professores que apenas querem cumprir o seu
horário dar umas aulinhas e põe-se a andar. Quem me conhece sabe que para mim é muito
importante a parte emocional, por isso considero muito importante motivar professores,
alunos, funcionários e pais. Os pais têm de se sentir envolvidos, gosto de manter a proximidade
com os pais, gosto de participar nas reuniões dos pais, às vezes apareço, infelizmente em pouca
quantidade, a participação na última que fizemos, que foi online, tivemos uma participação
bocadinho mais significativa, e também estive presente, e depois, a uma determinada altura

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ausento-me, porque considero que devem ter espaço só para eles, sem sentirem condicionados
pela presença da Diretora. Todos devem sentir que nós estamos presentes e que nós
acreditamos no trabalho deles que valorizamos o trabalho de todos, ainda que saibamos, quer
nas assistências técnicas, quer nas assistentes operacionais, quer nos professores, quer nos
alunos, quer nos pais, que há sempre aqueles que são espetaculares e há aqueles que não são
tão bons. Nós temos o dever de motivar, e pela positiva chegar a todos, para pelo menos em
alguns conseguirmos realçar as coisas boas deles. Motivação e relações humanas, nos dias que
correm, acho que ser-se competente ao nível de conteúdos e ao nível académico, claro que é
importante, mas cada vez mais aquilo que nos distingue são as relações humanas, é sentirmos
que podemos fazer diferença por quem somos, como pessoas como seres humanos, e será
sempre por aí que eu vou trilhar o meu caminho.
Entrevistadora – Como diretora o que ainda gostaria de desenvolver na sua escola?
Diretora - Eu acho que mais do que fazer mais, é consolidar o que já foi feito, aquilo que já está
num caminho bom. Todas as coisas que nos envolvemos, que participámos, a minha ideia de
colocar a nossa localidade no mapa, não tem nada a ver com protagonismo, isso eu dispenso,
tem que a ver com as pessoas perceberem que a escola tem um conjunto de pessoas que quer
dar o melhor aos miúdos, e que os miúdos têm acesso, dentro das nossas limitações, a muitos
projetos, participamos em projetos e estamos na vanguarda de alguns projetos. As pessoas
olham já para nós, em algumas coisas como referência, alguns diretores de vários agrupamentos
às vezes telefonam para saber como é que foi aquilo, como é que eu faço isto, é para mim um
orgulho, porque efetivamente eu que sou das mais novas nestas dinâmicas, e perceber que
aquilo que nós estamos a fazer já vai fazendo a diferença, que as pessoas já percebem que nós
andamos a fazer um trabalho sério. Portanto, não pretendo no tempo que me resta de direção,
sejam 6 meses ou sejam 4 anos e 6 meses, não pretendo fazer por fazer, pretendo é, do que
está a ser feito, que eu acho que já é muito, dar-lhes estrutura, dar-lhes caminho e consolidar
as boas práticas que já se tem feito neste Agrupamento.
Entrevistadora – Que conselhos daria um colega seu que desejasse implementar o projeto
SELFIE?
Diretora - Escolha bem a equipa que vai implementar o projeto e acredite naquilo que vai
implementar. É importante a equipa que escolhe e como diretor é importante acreditar que
aquilo é uma ferramenta muito boa, se quiser fazer um trabalho sério no percurso que quer
escolher para o Agrupamento, não tenho dúvidas nenhumas nisso. Informe-se, leia e
experimente e escolha uma equipa que também se vai informar, também vai ler, também vai
acreditar e vai fazer um trabalho sério, se for só para cumprir calendário não vai servir para
nada.
Entrevistadora – Já terminámos. Quer acrescentar mais alguma informação?
Diretora -Reiterar, o facto de eu me sentir uma diretora privilegiada, com tantos desafios e às
vezes difíceis, mas tenho um grupo de pessoas à minha volta que eu gosto muito e sem eles não
tinha feito nada, portanto obrigada.
Entrevistadora –Quero agradecer a sua disponibilidade, que foi muito importante para o
meu trabalho.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ANEXO 6 – Transcrição da Entrevista – Coordenadora SELFIE

INQUÉRITO POR ENTREVISTA


TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA À COORDENADORA DA EQUIPA SELFIE

TEMA
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso
Objetivos
Entrevistada:
▪ Perceber a implementação da SELFIE
Coordenadora da Equipa
▪ Perceber os processos de gestão e liderança empreendidos
SELFIE
▪ Perceber as mudanças operacionais concretizadas

Entrevistadora – Pedia-lhe que descrevesse, de forma breve, o seu percurso profissional e as


funções que desempenha no Agrupamento.
Coordenadora SELFIE - O meu percurso profissional a começar com a licenciatura, tirei a
licenciatura em professora do ensino básico variante matemática e ciências, no ano de 2002, no
Instituto Superior de Ciências Educativas. Depois disso, fiquei sempre colocada a dar aulas, dei
aulas dois anos na Escola Básica do Alto dos Moinhos, ali na zona da Apelação, onde fui diretora
de turma, depois estive dois anos na Escola do Carregado, onde fui Coordenadora de
Departamento, contratada, depois entrei em QZP e fiquei três anos na escola de Odivelas.
Depois fiquei efetiva e desde então estou na escola da Castanheira, fui Coordenadora do plano
de ação da matemática, durante dois anos, e pronto, agora sou a Coordenadora do Observatório
de Qualidade, já fazia parte desta equipa nos últimos anos. Agora também faço parte do
Conselho Geral, já há três anos e o ano passado também fiz parte da Equipa Pedagógica e
também sou coordenadora da equipa da SELFIE, há dois anos.

Entrevistadora - Começando pelo processo de adesão da SELFIE. O Agrupamento foi convidado


para o projeto SELFIE, e no seu entender, quais foram as razões que motivaram esse convite?
Coordenadora SELFIE – Bom, as razões que motivaram o convite, tirando a parte de a pessoa
que fez o convite, conhecer alguém na escola e saber que essa pessoa era uma pessoa de
trabalho, não é, acho que aquilo que motivou o convite foi exatamente terem a certeza que as
pessoas que iriam pegar no projeto pré-piloto se iriam dedicar, que iriam trabalhar e que iriam
corresponder dentro dos timings curtos que que se tinha, que iriam corresponder para se
conseguir tirar algumas conclusões para aquilo que iria ser depois do projeto piloto com as
outras escolas.

Entrevistadora - E agora do outro lado, que condições na organização permitiram iniciar essa
adesão?
Coordenadora SELFIE - A escola aceitou tendo em atenção o convite vindo de quem vinha, não
é, e tendo atenção a mais-valia que a aplicação da ferramenta iria ter para aquilo que era o
trabalho da equipa de autoavaliação. Depois a equipa que foi criada, pronto, criou-se uma
equipa que também se soubesse que se iria dedicar e que iria investir por forma a conseguir que
o trabalho aparecesse feito dentro dos timings que se pretendia, pronto, a pessoas que sabiam
que trabalhavam e que trabalhavam bem, penso eu.

Entrevistadora - Como é que caracteriza o seu Agrupamento? Em poucas palavras.


Coordenadora SELFIE – É uma pergunta difícil… é assim, é um Agrupamento pequeno e dentro
do pequeno tem duas vertentes, tem a vertente das pessoas que investem muito e que querem

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

muito que o Agrupamento ande para a frente, que seja visto, que os alunos aprendam, quer
inovar e que quer fazer mais, melhor e diferente e depois, há o grupo das pessoas que é mais
reticente, não digo que não queiram, mas que são mais reticentes às mudanças e à alteração
daquilo que é o sistema implementado. De qualquer das formas, acho que a tendo em atenção
os nossos alunos, porque estamos inseridos numa comunidade onde os pais não se envolvem
muito, nem dão muito valor à escola, nem à educação que a escola transmite, tendo em atenção
à nossa comunidade, acho que esse grupo de pessoas que quer ir mais além e fazer diferente e
ajudar os alunos, motivá-los, saindo um bocadinho da zona de conforto, acho que consegue
mobilizar a maioria dos restantes para que se faça alguma coisa.

Entrevistadora - Podemos dizer que considera uma escola inovadora? Ou nem por isso?
Coordenadora SELFIE – Considero que a escola está a fazer um esforço no caminho da inovação,
graças à a energia e a motivação de algumas pessoas que tentam levar as outras. Acho que se
está a fazer esse esforço, se posso dizer que a escola é em si toda ela é inovadora… estamos a
caminhar para lá, acho que, ainda não estamos a 100% como inovadores.

Entrevistadora - Agora em relação ao projeto SELFIE. Como foi delineado a implementação do


projeto SELFIE na escola?
Coordenadora SELFIE – O projeto foi nos apresentado assim bocadinho… com os timings todos
para ontem, pronto, então tudo o que foi pensado e foi delineado foi feito assim bocadinho a
correr, isto para dizer o quê, não houve tempo para grandes debates, para grandes a reuniões,
para grandes concertações de ideias, portanto centrou se muito ali dentro daquilo que era a
estrutura da equipa SELFIE que foi criada, isto para começar. Dentro daquilo que a estrutura
considerou… se calhar deveríamos ter envolvido mais as pessoas que não envolvemos, mas
também porque não havia tempo na altura do pré-piloto para envolver mais as pessoas no
processo. Tentou-se decidir que era importante que a SELFIE refletisse as três realidades da
escola, primeiro ciclo, segundo e o terceiro ciclo, uma vez que a própria SELFIE não aconselha a
implementação no pré-escolar, dentro do primeiro ciclo apenas a alunos de quarto ano, uma
vez que as perguntas não são assim tão simples e acessíveis para alunos mais pequenos. Depois,
centrámo-nos na distribuição dos dirigentes e dos professores, em termos de dirigentes, seja
esta uma boa ou má opção, optámos que os dirigentes seriam os elementos da direção e alguns
professores com cargos em estruturas de supervisão pedagógica, portanto os coordenadores
departamento, os coordenadores dos diretores de turma. Também procurámos que os
professores que respondessem como os dirigentes não respondessem como professores, pois
somos um Agrupamento pequeno para não haver repetição, alguma repetição, de informação.
Relativamente às respostas, aquilo que delineámos foi que os alunos respondiam na escola e
criámos uma calendarização para que eles respondessem durante as aulas de TIC, durante uma
semana e meia, os alunos passaram pela sala de TIC, todas as turmas, aos professores foram
enviados links, a dirigentes e a professores, cada um de acordo com o ciclo onde lecionava mais
aulas respondeu ao seu questionário. Penso, que assim rapidamente, a nossa operacionalização
e o que delineámos para a SELFIE foi basicamente isto, sempre com intuito de que no final
conseguíssemos ter mais ou menos as realidades o mais corretas possíveis dos três ciclos de
ensino, sendo que o primeiro ciclo nem sequer, a maior parte das escolas, está dentro da escola
sede, portanto, uma realidade mesmo diferente, e que ficássemos com um relatório com uma
SELFIE, lá está, de cada um dos ciclos.

Entrevistadora - Que rotinas foram implementadas ou alteradas? Por exemplo houve reuniões
semanais, mensais? Como é que fizeram essa implementação assim tão rapidamente?

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Coordenadora SELFIE – Nós tínhamos reuniões semanais, todas as terças-feiras, sendo que o
nosso elo de ligação à DGE e ao Instituto de Educação vinha ter connosco na hora em que a
equipa reunia, para agilizar e operacionalizar o trabalho.

Entrevistadora - Portanto era a equipa SELFIE que reunia todas as semanas? É isso?
Coordenadora SELFIE – Certo, certo.

Entrevistadora – Especificamente, nesse projeto, foram delegadas funções numa equipa de


professores foi por sua escolha ou foi a opção de direção?
Coordenadora SELFIE - Foi opção da direção, incluir alguns elementos da equipa do Observatório
de Qualidade e mais um colega do primeiro ciclo.

Entrevistadora – E que funções é que lhe foram atribuídas a si como coordenadora da equipa
SELFIE?
Coordenadora SELFIE - As funções que me foram atribuídas… bom sendo que inicialmente não
era para ser eu a coordenadora (risos), inicialmente a coordenadora era para ser a diretora, mas
depois tendo em atenção a logística, as ocupações e as reuniões da senhora diretora, acabei por
ficar eu como coordenadora. Aquilo que me foi pedido, basicamente, foi que conseguisse
operacionalizar junto com a equipa, com a restante equipa, conseguisse operacionalizar todo o
processo de implementação e que durante o processo de implementação conseguíssemos
verificar quais eram os possíveis constrangimentos que podiam surgir, para facilitar depois o
trabalho com as escolas piloto, que iriam iniciar em no ano seguinte em janeiro, e no final fazer
a análise de dados e poder contribuir para um levantamento de pontos fortes e de pontos fracos,
das fragilidades e das potencialidades do agrupamento, para se criar e implementar um plano
de ação que ajudasse o agrupamento a avançar.

Entrevistadora – Que perceções tem acerca dos efeitos do projeto SELFIE nas estruturas
intermédias? No sentido se foi reconhecido pelas estruturas intermédias e se foi refletido os
resultados?
Coordenadora SELFIE - É assim…. relativamente às estruturas, penso que antes da
implementação não foram muito envolvidas e, portanto, tirando aquilo que foi divulgado em
Conselho Pedagógico e aquilo que foi explicado em Conselho Pedagógico, não consegui ter bem
a perceção do envolvimento e daquilo que os professores sentiram. Contudo, tendo em atenção
ao timing em que o inquérito foi aplicado houve muitos professores que não gostaram, pronto,
porque incidiu com as avaliações de final do primeiro período, altura em que os professores têm
muito trabalho, e pronto não foi recebido da melhor forma, nem acarinhado, se calhar, da
melhor forma exatamente por causa do timing, não tanto pelo questionário em si, mas se calhar
pela altura em que ele teve que ser implementado. Após a implementação, na altura de
divulgação dos resultados e de se perceber o que é que tinha acontecido, não é, aquilo que era
a nossa suposta selfie, já acho que houve um maior envolvimento. Claro que isto é sempre
relativo, nem todas as estruturas trabalham da mesma forma e não funcionam da mesma forma,
portanto é sempre relativo, mas acho que aí já houve um maior envolvimento. Acho que as
pessoas depois tiveram noção, principalmente quem não deu muita atenção ao questionário
teve noção de que se calhar devia ter dado mais atenção, devia ter lido melhor, devia ter perdido
um pouquinho mais tempo a pensar naquilo que eram as respostas que poderiam ser dadas.
Neste momento, já acho, que as pessoas estão mais envolvidas e já percebem a importância
deste tipo de questionários, a importância que eles têm para o Agrupamento e para aquilo que
são as estratégias que se definem.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Entrevistadora – Nesta segunda fase já existe uma perceção diferente das estruturas
intermédias em relação ao SELFIE?
Coordenadora SELFIE - Sim, sim.

Entrevistadora – Em relação às dinâmicas organizacionais da escola. Melhorou alguma


dinâmica organizacional na escola? Na sua perceção existiu alguma evolução ou não?
Coordenadora SELFIE - A evolução é clara. Os resultados do projeto pré-piloto SELFIE foram
importantes, porque permitiram em primeiro lugar que se tivesse a noção de que as tecnologias
digitais eram pouco utilizadas ou às vezes utilizadas, mas não da melhor forma, e isso permitiu
que depois, em vez de um plano de ação se criasse um conjunto de estratégias que
incentivassem e melhorassem a qualidade do ensino dos nossos alunos, através de estratégias
e de ações que foram consolidadas e estruturadas através de um plano de inovação. E aí
claramente, através do plano de inovação e daquilo que são as premissas do plano de inovação,
foi-se buscar os resultados da SELFIE e criaram-se ações no sentido daqueles que eram os pontos
mais fracos ao nível da SELFIE, e que estão agora a ser trabalhados com a aplicação do plano de
inovação.

Entrevistadora – Já se notou essa evolução nos resultados obtidos nesta segunda fase?
Coordenadora SELFIE - Nesta segunda implementação sim, sim, claramente, principalmente ao
nível de noção que as pessoas têm de alguns conceitos das perguntas que estão envolvidas,
porque a sensação com que nós ficámos é que da primeira vez houve alguns conceitos que não
foram bem explicados ou que não foram bem entendidos e como tal as pessoas nem sequer
tiveram consciência, penso eu, de algumas das respostas que deram e que não faziam sentido,
agora acho que não, com o esclarecimento desses conceitos e com a sensibilização que foi feita
e a divulgação dos resultados do primeiro selfie acho que alterou completamente.

Entrevistadora – E esse esclarecimento foi feito de que forma?


Coordenadora SELFIE - O esclarecimento foi feito, embora tenhamos feito uma divulgação dos
resultados, sucinta, no final do ano letivo em que o pré-piloto foi aplicado, essa divulgação foi
feita apenas por mail, ou melhor, a equipa da SELFIE criou um documento que foi divulgado em
Conselho Pedagógico e que passou aos Departamentos, mas depois no início do ano letivo
seguinte, houve uma reunião geral para divulgação desses mesmos resultados já um bocadinho
mais pormenorizados aproveitando também a presença de um elemento exterior à escola, que
que tinha sido o nosso elo de ligação com a DGE e o Instituto de Educação quando
implementámos o pré-piloto. Nessa sessão em que aproveitámos para divulgar aqueles
resultados que achámos que eram os mais relevantes, também aproveitámos para sensibilizar
as pessoas para a importância deste tipo de projetos, para a importância deste tipo de
questionários e para a mais-valia que eles são, naquilo que são depois a definição das estratégias
que a escola, e todas as escolas podem, ou não, implementar no futuro. Nessa sessão de
sensibilização foi muito a entidade externa, no fundo, a explicar os resultados e a explicar essa
mais-valia da ferramenta, o que foi muito útil porque ouvir-se de fora é sempre diferente do que
ouvir alguém de dentro, não é, portanto nesse aspeto foi fantástico.

Entrevistadora – Qual é, na sua perceção, a importância da reflexão conjunta neste processo


de mudança? E de que forma e em que ocasiões é que a escola o fez?
Coordenadora SELFIE - É assim, a reflexão conjunta é fundamental, se não estiverem todos
envolvidos e todos motivados e a seguir o mesmo caminho, por muitos questionários que se
apliquem, por muito que se faça, se as pessoas não estiverem envolvidas é difícil delinear
estratégias e as pessoas comprometerem-se com essas estratégias. Aquilo que nós fizemos para
tentar envolver as pessoas passou muito pela reunião de sensibilização, pela divulgação e pela

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

mensagem que depois se passou com os dados e com os documentos relativos aos dados que
se passou depois nos departamentos. Sendo que a criação do plano de inovação, porque
envolveu todos, porque todas as estruturas foram questionadas e deram a sua opinião
relativamente ao que viria a ser o nosso atual plano de inovação, penso que dessa forma toda a
gente contribuiu, toda a gente pôde dar a sua opinião o seu contributo, se não fez é porque
achou que o que estava, estava bem, mas, todos foram chamados a dar opinião. Eu penso
quando as pessoas se envolvem e todos são chamados a dar opinião, depois é mais fácil de
implementar e das pessoas conseguirem, da escola em si conseguir chegar a algum lado.

Entrevistadora – No seu entender qual foi a mais-valia da implementação deste projeto na


escola?
Coordenadora SELFIE - É assim, para mim a mais-valia da implementação deste projeto, tem
muito a ver com a característica da própria SELFIE, que é definir claramente um diagnóstico
preciso, daquilo que são as fragilidades e daquilo que são as potencialidades da escola, e intervir
dentro dessas fragilidades para as tornar potencialidades e isto para mim é a mais-valia da
SELFIE. Claro, que depois, a partir daqui temos um mundo de possibilidades, não é, mas a mais
valia é isto mesmo, é diagnosticar claramente o que é que estamos a fazer bem o que é que está
a correr bem, manter, aproveitar isso que estamos a fazer bem, para depois investir naquilo que
está a correr menos bem.

Entrevistadora – Como Coordenadora da equipa de autoavaliação da escola, Observatório de


Qualidade, que benefícios também tirou da SELFIE?
Coordenadora SELFIE - O benefício que tirámos da SELFIE… a SELFIE permite-nos criar algumas
perguntas fora do contexto da tecnologia e fora do contexto dos recursos digitais, que a equipa
de autoavaliação aproveitou essas perguntas extras para fazer algumas perguntas cirúrgicas, em
algumas áreas que a equipa de autoavaliação todos os anos avalia, no que diz respeito aos
documentos, às estruturas, à indisciplina, pronto perguntas específicas que nos interessava
avaliar e aferir a para termos ali alguma evidência relativamente a alguns pontos. Depois, indo
às perguntas mesmo da ferramenta SELFIE também foi importante para nós, porque também é
importante diagnosticar ao nível das tecnologias, numa era em que que é quase impensável que
uma escola não utilize tecnologia, quer com os alunos, quer para avaliar, quer para aquilo que
for. Portanto também foi importante para nós enquanto equipa de autoavaliação podermos
dizer e podermos ajudar a direção a detetar aquilo que são, ao nível das tecnologias também,
as características da escola, para a direção também poder tomar as melhores decisões, mas,
essencialmente, a oportunidade é poder acrescentar oito perguntas, agora mais, que não estão
relacionadas com a tecnologia.

Entrevistadora – Que conselhos daria a um colega seu que desejasse implementar este projeto
no seu agrupamento?
Coordenadora SELFIE - O conselho que eu daria, primeiro que tudo seria sensibilizar as pessoas,
envolvê-las e motivá-las, sem isso é difícil. É difícil, porque nunca será uma verdadeira SELFIE e
nunca será imagem real do Agrupamento. Em segundo lugar, depois da sensibilização, o
conselho que eu daria era uma definição clara e objetiva de estratégias de intervenção, uma
seleção clara de duas ou três áreas de intervenção mais fracas, não têm que ser todas, mas duas
ou três, e meticulosamente criar estratégias de atuação para essas áreas e depois, se fosse caso
disso, de ano a ano ou ano sim ano não, ir alterando essas áreas de intervenção. Mas, acho que
se tiver que escolher uma, escolho a sensibilização, sensibilizar bem.

Entrevistadora – Então considera importante repetir o processo da SELFIE?

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Coordenadora SELFIE - Sim, sim. posso dizer que só uma aplicação da ferramenta não os dá com
clareza a visão do Agrupamento, para conseguirmos ciclicamente implementar estratégias,
adequar e reajustar, é fundamental, não digo todos os anos, mas pelo menos ano sim ano não
a aplicação da SELFIE, para também se perceber a evolução do caminho que o Agrupamento
está a fazer e ajustar, ajustar, ajustar, ajustar…

Entrevistadora – Quer acrescentar alguma informação que possa ter escapado ou que queira
deixar registado sobre a SELFIE?
Coordenadora SELFIE - De repente acho que não, mas se calhar escapou algo.

Entrevistadora – Considero que rapidamente conseguiu passar pela dinâmica de todo o


processo, agradeço a forma sucinta e cirúrgica, realmente sem rodeios conseguiu responder a
todas as perguntas. Agradeço imenso a sua disponibilidade e a colaboração.
Coordenadora SELFIE – Muito obrigada pelo convite.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ANEXO 7 – Notas de Campo

NOTAS DE CAMPO

Nota de Campo nº 1: Reunião com o Parceiro


Apresentação do Projeto SELFIE a um grupo de professores convocados pela Diretora. Nesta
reunião foi dado a conhecer com pormenor o projeto e as diferentes etapas de implementação.
A Diretora constituiu logo a equipa de trabalho para a dinamização deste projeto no
Agrupamento, os elementos presentes na reunião. Também elegeu a coordenadora do SELFIE,
que era também a coordenadora da equipa do Observatório de Qualidade. Nesta reunião foram
ainda analisadas as mais valias de começarem com este projeto imediatamente, até ao fim do
ano. Após uma reflexão conjunta, considerando as mudanças já implementadas no
Agrupamento, todos concordaram que seria vantajoso e exequível a implementação deste
projeto ainda durante o primeiro período letivo.
A certificação dos questionários e a sua utilização ser gratuita também foram fatores
importantes na tomada de decisão.
Uma vez que o convite à escola foi para além da participação no projeto SELFIE, foi participar
como projeto pré-piloto, os prazos para a implementação eram bastantes apertados.

REFLEXÃO – O grupo de professores abraçou de imediato esta iniciativa reconhecendo o seu


potencial como uma mais-valia para o Agrupamento, ajudando no processo de autoavaliação.
Nenhum dos presentes sequer ponderou a não implementação. De forma espontânea começou
logo ali um trabalho de equipa. Nem o timing assustou nenhum dos elementos, a disposição foi:
“se o tempo é pouco, o melhor é começarmos já a preparar tudo”. Uma reunião de trabalho de
equipa sem dúvida.
Para a constituição da equipa SELFIE a diretora envolveu todos na tomada de decisão, e acabou
por ser uma decisão partilhada.
Observação – A equipa SElFIE ficou constituída pela Diretora, um professor de cada ciclo e uma
professora de TIC, quase rodos os elementos da equipa também pertencem à equipa de
autoavaliação da escola, que nomeiam por Observatório de Qualidade (OQ).

Nota de Campo nº 2: Reuniões com o Parceiro SELFIE


A equipa reunia todas as terças-feiras à tarde com o colaborador externo, para explorarem as
funcionalidades da ferramenta e organizarem um plano estratégico de implementação no
Agrupamento.
A colaboração do parceiro externo facilitou o esclarecimento de algumas dúvidas que foram
aparecendo durante o processo.
O maior conhecimento da plataforma permitiu que a equipa se apercebesse de alguns
constrangimentos:
- Necessitaria da criação de dois registos diferentes na plataforma SELFIE para conseguir obter
relatórios distintos para o 1º e 2º/3º ciclo, uma vez que as realidades de ciclo são bastantes
distintas.
- Grupos distintos, um para o 1º ciclo e outro para o 2º e 3º ciclo,
- cada professor responderia no ciclo que leciona, ou, onde tem o maior número de aulas.
- Os dirigentes também foram divididos por estes grupos, também de acordo com o nível de
ensino que lecionam.

29
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

A única exceção considerada, foi para os membros da direção, que por terem uma visão mais
abrangente de cada um dos ciclos, e o número de dirigentes ser bastante reduzido, responderam
como dirigentes em todos os grupos.
A possibilidade de inserir questões específicas do Agrupamento, foi considerada como uma boa
oportunidade para auscultar professores e alunos sobre alguns indicadores mais relevantes para
o processo de autoavaliação da escola. Uma vez que só eram permitidas 8 questões extras, a
equipa analisou cuidadosamente o que queria acrescentar.

A equipa SELFIE ponderou ainda a participação dos encarregados de educação, uma que estes
iriam responder a um questionário com as questões extras de Escola. Também para a equipa
fazia sentido perguntar aos encarregados de educação a sua perceção sobres as tecnologias
digitais na escola, embora a opinião dele seja apenas uma perceção. Assim sendo, a equipa
decidiu escolher algumas perguntas da SELFIE e incluir nos questionários dos encarregados de
educação.

REFLEXÃO – Este trabalho de equipa com a colaboração de um parceiro exterior, revelou-se


muito positivo para ambos. Conseguiram, em conjunto, delinear os passos para a
implementação do projeto. O parceiro facultou toda a informação sobre o SELFIE e ajudou na
ambientação desta nova ferramenta. Em conjunto, identificaram alguns constrangimentos e
conseguimos encontrar formas de ultrapassá-los. Estas reuniões iniciais revelaram-se cruciais
para o sucesso da implementação do SELFIE.
Como na equipa SELFIE estavam alguns elementos da equipa de autoavaliação da escola facilitou
a articulação, para o alargamento da utilização desta ferramenta para vários propósitos.
Também permitiu o prolongamento da SLEFIE, com a auscultação de encarregados de educação
sobre as tecnologias digitais na Escola. É de salientar a preocupação da escola em envolver os
encarregados de educação na vida da escola, e neste assunto considerou-se pertinente
conhecer a perceção dos pais.

Nota de Campo nº 3: Conselho Pedagógico


A apresentação do SELFIE em Conselho Pedagógico foi feita pela Diretora do Agrupamento, que
além de apresentar a ferramenta e os seus objetivos também apresentou o plano delineado
para a implementação do SELFIE no Agrupamento. Solicitado pela coordenadora da equipa
SELFIE também informou que em breve os questionários online estariam disponíveis para todos
os docentes e alunos do 4º ano, 2º e 3º ciclo, através da seguinte mensagem:

“Agrupamento foi contactado pela DGE para aplicação do projeto “Pré-piloto” – “Selfie”
– que permite identificar pontos relevantes e/ou problemáticos do Agrupamento. Assim
sendo, será disponibilizado um questionário a ser respondido por alunos e docentes
para que os mesmos se pronunciem relativamente às questões apresentadas.” (retirado
da ata de Conselho Pedagógico de 21.11.2019)

NOTA – Todos os conselheiros reconheceram a potencialidade da ferramenta, permitindo a


análise dos resultados, consubstanciar o plano de ação na mudança digital da escola, levando a
um momento de reflexão conjunto.
A informação seria passada aos restantes professores pelos coordenadores de Departamento,
dando destaque à próxima fase de implementação, questionários do SELFIE, mas também
destacando a importância das respostas para a análise dos resultados e posteriormente no plano
de ação/intervenção (Plano de Melhoria)

30
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Nota de Campo nº 4: Implementação da 1ª Fase do SELFIE


A coordenadora do SELFIE enviou o comunicado de abertura da fase de inquirição, por mail
institucional, identificando os professores, os dirigentes e a que ciclo iriam responder.

Para os dirigentes

“Boa tarde a todos,


como foi informado, o nosso Agrupamento encontra-se a participar no Projeto Pré-
piloto "SELFIE", a convite da DGE.
Assim, serve o presente mail para pedir a todos os dirigentes escolares, abaixo
identificados, que respondam, de forma completamente anónima, ao questionário
da 1ª fase do projeto, entre os dias 9 e 20 de dezembro, pois a opinião sincera de
todos é que nos permitirá conhecer a realidade da escola e definir estratégias de
intervenção e melhoria.
ATENÇÃO: Os dirigentes escolares que constam desta lista, não devem responder
ao inquérito para professores apesar de, provavelmente, irem receber mensagem
com o mesmo por estarem incluídos no grupo desse ciclo de ensino.
Em baixo segue a lista de dirigentes e o ciclo a que estão associados, bem como o
link a utilizar para aceder ao inquérito (…)
Obrigada”

Para todos os docentes

“Boa tarde a todos,


como foi informado nas reuniões de Departamento, o nosso Agrupamento
encontra-se a participar no Projeto Pré-piloto "SELFIE", a convite da DGE.
Assim, serve o presente mail para pedir a todos os docentes, que respondam, de
forma completamente anónima, ao questionário da 1ª fase do projeto, entre os
dias 9 e 20 de dezembro.
Esperamos uma participação massiva, uma vez que a opinião sincera de todos é
que nos permitirá conhecer a realidade da escola e definir estratégias de
intervenção e melhoria.
Em baixo segue o link, a utilizar por cada ciclo, para aceder ao inquérito (…)
Obrigada.”
Nota – Todos os docentes foram informados por mail, sensibilizando-os para a importância da
sua participação. Os alunos do 1º ciclo, 4º ano, conheceram o projeto através de um professor
da equipa SELFIE, que os ajudou no preenchimento do questionário. Para os alunos do 2.º e 3º
ciclo foram calendarizadas aulas de TIC, em todas as turmas que tinham a disciplina, ou aulas
com o Diretor de Turma, para preencherem os questionários.

Nota de Campo nº 5: Reunião de Conselho Pedagógico


Após a fase de inquirição a coordenadora da SELFIE e coordenadora da equipa de Observatório
de Qualidade enviou para o Pedagógico a informação:

“- A escola foi convidada pela DGE para ser a primeira a nível nacional a participar
no projeto SELFIE, o que deveria ser motivo de orgulho para todos nós, contudo, é
com tristeza que verificamos que após ter sido divulgada uma calendarização (com
conhecimento da direção) para aplicação dos questionários aos alunos, a mesma
não tenha sido respeitada por todos os docentes envolvidos, tendo ficado, para

31
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

registo na plataforma SELFIE e na DGE, que 25% dos alunos de 2º ciclo e 30% dos
de 3º ciclo, não responderam ao inquérito. E mesmo os valores conseguidos foram
graças à boa vontade de alguns docentes que, à última da hora, o aplicaram em
turmas que não o tinham feito na hora definida na calendarização.

- No âmbito do processo de autoavaliação da escola, irão ser solicitados aos Enc. de


Educação, que respondam a um inquérito sobre o Agrupamento. Para garantir um
número razoável de respostas, será disponibilizado um link aos DTurma/Prof.
titulares, para que nas reuniões de avaliação de início de 2º período solicitem aos
seus EE que respondam ao mesmo na reunião, pois se for para casa sabemos que
muitos não o farão. Será algo breve, apenas 12 perguntas, cerca de 5/10 minutos,
para responder no telemóvel.

Ainda no âmbito do processo de autoavaliação será, durante o mês de janeiro,


disponibilizado também um link às assistentes operacionais e técnicas, para
realização de um questionário sobre o Agrupamento.”

NOTA – Existiram alguns constrangimentos na aplicação dos questionários, com os alunos,


houve necessidade de remarcação de aulas e com os docentes houve a necessidade de enviar
lembretes. O trabalho em equipa foi crucial, também nesta fase, permitindo detetar
rapidamente alguns problemas e delinear soluções alternativas para ultrapassá-los. As taxas de
adesão foram elevadas, mas, mesmo assim, nem todos os alunos tiveram possibilidade de
responder e nem nos professores se atingiu a totalidade. O trabalho entre os elementos da
equipa e a direção é de grande proximidade, facilitando a resolução de problemas.

A equipa SELFIE considerou importante também auscultar a opinião, ou melhor, a perceção, dos
pais/encarregados de educação acerca da mudança digital e das outras questões de
agrupamento, assim, elaborou questionários mais pequenos, constituídos por 12 perguntas,
para os EE do 1º, 2º e 3º ciclo, o mesmo não se destina ao Pré-escolar, uma vez que o SELFIE não
o fazia, e o objetivo seria a comparação de resultados.

Em articulação com Direção, a Coordenadora dos DT e a Coordenadora do 1º ciclo, foram


enviados os links para os Diretores de turma e Professores Titulares, para serem disponibilizados
aos EE durante as reuniões, sugerindo-se que respondam durante a reunião, uma vez que o
tempo estimado de resposta é de 5 a 10 min, garantindo assim um valor razoável de respostas.

Nota de Campo nº 6: Análise dos resultados pela equipa


Após a término da fase da inquirição a equipa reuniu para analisar os relatórios
produzidos pela ferramenta SELFIE, resultados são dados com médias por questões, por grupos
e por áreas. A ferramenta possibilita o acesso a um relatório dinâmico e com gráficos
comparativos. A equipa habituada a fazer tratamentos estatísticos, para os relatórios de
autoavaliação da escola, fiou muito satisfeita com o tratamento feito pela SELFIE, possibilitando
que a equipa se preocupasse com a interpretação e análise contextualizada da informação
obtida. De outra forma, seria impossível a equipa conseguir realizar um tratamento estatístico
desta envergadura em tempo viável para tomadas de decisões na organização.
Dada a extensão da informação e a separação dos três relatórios (um para cada ciclo),
obtidos com os dois registos feitos, a equipa considerou pertinente a elaboração de um relatório
interno que integrou no relatório final de autoavaliação da escola, onde comparava os

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

resultados dos diferentes relatórios. Apesar da equipa considerar que seria difícil a análise dos
dados, conseguiram fazê-lo de forma rápida.
A equipa fez a análise detalhada dos relatórios, criando uma visão geral de agrupamento
e uma por ciclos. Da análise surgiram algumas reflexões, tais como:
- muitas respostas situam-se na posição 3, que numa escala de 1 a 5 é o valor central,
não permitido uma análise positiva nem negativa;
- alguns resultados são incoerentes, em diferentes questões que se relacionam entre si,
por exemplo:
Domínio B – “Maioria das respostas indica insuficiência de dispositivos digitais e internet
lenta”, vs, Domínio D e E - “Maioria refere utilizar as tecnologias digitais no seu dia-a-dia”.
Confiança na utilização das tecnologias - Muita confiança na utilização das tecnologias
(dar aulas, comunicação da avaliação, ...), vs, “Existem fatores que inibem a utilização de
tecnologia (não ter tempo, internet ou equipamento, ...)”. Após alguma reflexão sobre estas
situações, a equipa considera que dever-se-á esclarecer, antes da próxima participação, a
importância de evitar-se a zona neutra de resposta (posição 3) e alguns conceitos envolvidos.
A equipa também elaborou uma apresentação com a informação mais relevante “O que
diz a nossa SELFIE”, para uma apresentação mais resumida da implementação do projeto.

Reflexão – As funcionalidades da plataforma SELFIE, mostraram-se uma mais-valia para a equipa


que conseguiu ter mais tempo para uma reflexão dos resultados, e mais rapidamente apresentar
os resultados, permitindo assim a tomada de decisões mais célere. Aliás sem a possibilidade de
conseguirem selecionar questões já validadas e relatórios automáticos, seria impensável a
equipa de autoavaliação conseguir fazer esta análise num ano letivo.
Os relatórios da SELFIE foram muito significativos para estabelecer as prioridades e as ações
estratégicas do Agrupamento, as mudanças, nos últimos tempos, foram muitas e na realidade
existia a perceção de cada um sobre a introdução das tecnologias no Escola, mas quando
confrontados com os números do Agrupamento, a confiança cresceu e a certeza de avançar foi-
se intensificando.

Nota de Campo nº 7: Apresentação do Projeto SELFIE no IE


A convite dos Parceiros SELFIE, DGE e IE, o Agrupamento foi apresentar a implementação do
seu projeto SELFIE, como projeto pré-piloto, no Instituto de Educação para dirigentes de outros
Agrupamentos.
A abertura da sessão foi com representantes da DGE e do IE que deram ênfase à aposta nas
novas tecnologias na Educação nas Escolas em Portugal. Seguiu-se a apresentação do líder do
projeto SELFIE da Comissão Europeia - Centro Comum de Pesquisa, com a apresentação da
criação deste projeto, das funcionalidades da ferramenta e das suas potencialidades.
A Diretora do Agrupamento e a Coordenadora SELFIE apresentaram as diferentes fases de
implementação do projeto na escola, identificando algumas opções estratégicas e alguns
constrangimentos sentidos.
Da parte da tarde os workshops permitiram um contacto mais direto com a plataforma SELFIE.

REFLEXÃO – A elaboração da apresentação possibilitou que a equipa SELFIE refletisse, mais uma
vez, não só sobre todo o processo de implementação, mas também nos resultados obtidos,
permitindo delinear os próximos passos. A equipa considerou importante levar a voz dos nossos
alunos nessa apresentação, e para tal solicitou a participação de um aluno por ciclo para falarem
sobre a SELFIE, esta opção revelou-se muito importante como forma motivacional para os

33
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

professores, mas também promoveu mais uma oportunidade de ligação com alunos e
encarregados de educação.

Mensagem aos EE:


“Em nome da equipa SELFIE do Agrupamento de escolas (…), venho por este meio
agradecer aos Encarregados de Educação e alunos que, prontamente, acederam ao
nosso pedido e se mobilizaram para que pudéssemos levar a opinião dos nossos
alunos à cerimónia de apresentação deste projeto piloto.
Convicta de que este projeto será uma mais-valia para o Agrupamento e para as
aprendizagens de quem o frequenta, espero, que num futuro próximo, consigamos
corresponder às expectativas dos nossos alunos.
Em anexo partilho o vídeo do aluno (… )”
A equipa considerou que a partilha com os outros agrupamentos, do Projeto Piloto, foi muito
importante, para facilitar a compreensão e adaptação da plataforma ao nosso sistema de
ensino.

Nota de Campo nº 8: Mensagem da Coordenadora da equipa SELFIE


O agradecimento e reconhecimento da coordenadora da equipa SELFIE

“como coordenadora SELFIE no Agrupamento, e colega, não podia deixar passar


esta etapa de trabalho sem vos agradecer MUITO por toda a dedicação e empenho
neste projeto.
Agradeço em especial o apoio e a confiança que sempre depositaram em mim e por
me incentivarem a fazer sempre mais e melhor.
Sem vocês nada teria sido possível, fomos uma verdadeira equipa, realizando
autêntico trabalho colaborativo, que orgulho!
Agora... comecem a pensar no plano de ação!”

NOTA – A equipa SELFIE é pequena e muito unida, dedicou-se muito na implementação da


SELFIE na escola e na elaboração da apresentação. Denota-se um extraordinário trabalho
colaborativo entre todos.

Nota de Campo nº 9: Mensagem do parceiro SELFIE


Após a apresentação no Instituto de Educação reajustou-se a calendarização para a
implementação dos questionários das escolas do projeto Piloto.

“Caro/a Diretor/a ou Coordenador/a, (..), bom dia,


Após o encontro de Apresentação do Projeto Piloto SELFIE e do qual desde já
agradecemos a vossa presença e intervenções no evento, reservámos um momento
para a equipa refletir sobre os constrangimentos da implementação na Sessão 2 e
consequentes implicações logísticas e organizacionais.
Estando sensíveis às vossas preocupações e dificuldades no adequado
planeamento e implementação, e dada a importância do sucesso do projeto piloto
para as vossas organizações, assim como para a equipa DGE/IEUL, consideramos
ser mais adequado e prudente que a implementação seja realizada apenas
na Sessão 3 (entre 15 de abril e o término das aulas).

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Deste modo garantiremos um planeamento mais adequado, as Equipas SELFIE e


do Observatório de Qualidade/Autoavaliação dos vossos Agrupamentos poderão
apropriar-se da ferramenta, das questões a selecionar e a criar e analisar exemplos
de relatório. Podem testar o SELFIE criando questionários na Sessão 2 sem
necessidade de os implementar.
Poderão ainda promover uma sensibilização interna para a importância da
participação de todos, bem como esclarecer os conceitos relacionados com a
integração da tecnologia digital em contexto educativo.
Da nossa parte aproveitaremos para criar e traduzir recursos que vos apoiem
nestas tarefas, entre outras atividades que facilitem as tarefas pós implementação,
como a análise de dados e conceção de planos de ação no digital.
Ainda assim será necessário acautelar que o período definido para aplicação de
cada questionário considere que os alunos envolvidos ainda estejam em período
de aulas, de modo a poderem responder ao questionário em aula.
Estaremos sempre disponíveis para vos apoiar em tudo o que considerem
necessário, quer por mail, telefonicamente ou mesmo por videoconferência.”

NOTA – É notória a disponibilidade da equipa de apoio do IE, a proximidade com os


Agrupamentos e a preocupação de encontrar as soluções mais adequadas.

Nota de Campo nº 10: Mensagem da coordenadora da equipa SELFIE


A divulgação dos resultados dos Questionários SELFIE, mensagem da coordenadora da Equipa
SELFIE:

“No âmbito do trabalho desenvolvido pelo OQ, venho por este meio dar a conhecer
alguns documentos produzidos por esta equipa.
.O primeiro documento refere-se a uma análise dos resultados do nosso
Agrupamento relativos ao projeto pré-piloto SELFIE, agora denominado E2D
(Ecossistemas de Desenvolvimento Digital). Na impossibilidade de os divulgarmos
em reunião geral, devido à situação pandémica que o país atravessa, solicito que o
mesmo seja dado a conhecer em Conselho Pedagógico e divulgado depois nos
departamentos curriculares. (..)
"Em nome da equipa do OQ, agradecer o reconhecimento da Direção e do CP,
relativamente ao trabalho por nós desenvolvido, e referenciado em atas deste
conselho. Acreditamos ter ainda muito a aprender e um longo caminho a percorrer,
contudo, não deixaremos nunca de trabalhar empenhadamente, sempre com o
sentido de ajudar o Agrupamento a refletir e avançar!"

NOTA – A situação pandémica destabilizou toda a sociedade, e as escolas não foram exceção,
mas reconhecendo a importância dos dados a equipa SELFIE não quis deixar de partilhar a
análise dos resultados SELFIE do Agrupamento, adiando a reunião geral para o início do próximo
ano letivo.

Nota de Campo nº 11: Reunião de Conselho Pedagógico


Convocatória N.º 49/2020-Ordem de trabalhos: Ponto três: Observatório de Qualidade:
Ata – “O Observatório de Qualidade já enviou o documento com os resultados da
“Selfie”, o qual apontava para novos percursos e formas de aproveitamento de um

35
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

conjunto de ferramentas, de modo a chegar aos alunos de forma mais consistente


e com o objectivo de melhorar o seu sucesso. O Conselho Pedagógico analisou os
resultados apresentados.
Neste sentido, a Diretora destacou o papel do Observatório de Qualidade e da visão
construtiva que tem vindo a transmitir, excluindo a possibilidade de este órgão se
limitar ao papel de verificador de documentos.”
NOTA – Foi partilhada a apresentação do SELFIE e os membros do Pedagógico analisaram de
forma cuidada os resultados identificando as áreas de intervenção prioritária e as áreas mais
fortes. Definiu-se as próximas ações: Apresentação e reflexão dos resultados, com
esclarecimento de conceitos, e a análise dos resultados servirá para a elaboração de um plano
de intervenção/Plano de Melhoria.

Nota de Campo nº 12: Mensagem dos Coordenadores de Departamento


Os coordenadores de Departamento enviaram os resultados e os documentos do SELFIE, por
mail institucional:
“Bom dia colegas,
Após reunião do Conselho Pedagógico (..) Divulgam-se também documentos
analisados do Observatório de Qualidade que, pela sua importância devem ser do
conhecimento de todos:
Análise dos resultados dos Questionários SELFIE ("O que nos diz a nossa SELFIE");
Cumprimento do Plano de ação (agradece-se o contributo de todos para que o
mesmo reflita o trabalho desenvolvido pelo departamento).
Aproveitem, ao analisar estes documentos, para pensarem em sugestões para o
plano de ação do próximo ano.
Bom trabalho!”

NOTA – A situação pandémica ainda não permitia reuniões presenciais e o trabalho colaborativo
era realizado através de mails, documentos partilhados e reuniões por videoconferência na
plataforma institucional.

Nota de Campo nº 13: Reunião de Coordenadores das E struturas


Os coordenadores das diversas estruturas reuniram para analisarem e refletirem sobre os
resultados obtidos. Começaram por analisar de forma geral, por ciclos e considerandos os
diferentes grupos de participantes (dirigentes, professores e alunos), mas de forma gradual
começaram por abordar cada uma das áreas. Analisaram os resultados por questão, seguindo-
se de uma reflexão partilhada, onde exploravam a situação para perceberem o porquê dos
resultados obtidos e ações para melhoria.
Reconheceram que existe algumas falhas de comunicação, estabelecendo, aqui que de forma
não muito formal os canais de comunicação entre as lideranças.
Identificaram a necessidade de reforçar o trabalho colaborativo entre as lideranças,
reconhecendo a dificuldade de alguns coordenadores acompanharem as evoluções nas
tecnologias digitais.

NOTA - Nesta reunião sentiu-se uma verdadeira reflexão partilhada e um espírito de trabalho
de equipa, era notório já a confiança estabelecida entre eles. Alguns dos coordenadores das
estruturas reconheceram as suas dificuldades e limitações, e logo outros se prontificaram em
ajudá-los ou em encontrarem formas de simplificarem para todos conseguirem.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Assistiu-se a um momento de crescimento e de brainstorming fascinante, nitidamente


sobressaiu um conjunto de professores que incentivavam uma reflexão mais profunda e que
estimulavam os outros para novos desafios, num espírito de partilha e de colaboração. Este
sentimento de interajuda demoveu os iniciais receios, focando-se em encontrar
ações/estratégias contextualizadas para promover o sucesso dos alunos.

Nota de Campo nº 14: Uma nova equipa surge


Depois da reunião com todos os coordenadores, de forma espontânea alguns coordenadores
reuniram e começaram a perceber que algumas das suas novas ações, poderiam encaixar no
que estava previsto por lei para um Plano de Inovação. Apontaram algumas ideias que
consideravam importantes, reuniram com a direção para saberem a possibilidade de avançarem
com esta ideia.
Aos poucos e poucos, com muitas horas de dedicação, aparece uma proposta de plano de
inovação.

NOTA -Ainda de forma informal surge uma equipa para traçar uma proposta de Plano de
Inovação. Quem queria estar presente aparecia era uma participação voluntária. Constata-se
que alguns elementos estão sempre presentes. As reuniões são repletas de reflexão, de debate
e de muita partilha. Aos poucos começam a nascer umas ideias, que se afinam aqui e ali.
O trabalho próximo com a direção e a equipa, partilharam vários momentos de reflexão,
existindo um verdadeiro trabalho de colaboração na definição do Plano de Inovação.

Nota de Campo nº 15: Reunião de Coordenadores de Departamento em E@D


Dada a situação pandémica que avassalou o país (e o Mundo) de forma inesperada e repentina
foi necessário passar para a modalidade de Ensino a Distância (E@D). As lideranças tiveram de
assumir um novo papel e elaborarem um plano estratégico para ultrapassarem esta nova
situação no ensino. O retrato da SELFIE de repente foi importante, pois tinham o diagnóstico da
utilização das tecnologias digitais no Agrupamento. Dada a distância imposta, os coordenadores
combinaram reuniões semanais para conseguirem trabalhar em equipa e uniformizarem
procedimentos.

NOTA -A reunião semanal entre os coordenadores, é de grande partilha e colaboração. A


preocupação é sobretudo pedagógica, pois nunca se tinha vivido nada assim. No entanto
ressalta a partilha e a interajuda entre os coordenadores de departamento. As reuniões
mantiveram-se todas as semanas.
Os coordenadores de Departamento consideram importante para um trabalho colaborativo e
uma uniformização de ações e procedimentos, manter as reuniões semanais e apresentam a
proposta na Direção.

Nota de Campo nº 16: Mensagem da Diretora


Após o término das aulas em ensino a distância a Diretora enviou uma mensagem para todos os
professores, por mail institucional, reconhecendo esforço de todos, elogiando o trabalho
desenvolvido e informando a aprovação do Plano de Inovação:

“Caros colegas,

37
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

esperando que se encontrem todos de boa saúde, junto das respetivas famílias,
venho, em primeiro lugar, agradecer-vos todo este esforço que tivemos ao longo
destes últimos meses.
Apesar dos dias atribulados, quer pela situação pandémica, quer pelo esforço extra
que todos tivemos que fazer para nos adaptarmos a tantas novidades, este
Agrupamento, mais uma vez, revelou que tem seres humanos capazes de não virar
costas a desafios e a tudo fazer para dar o melhor aos nossos alunos. Muito
obrigada por isso.
Neste momento, venho informar-vos que a DGE aprovou o nosso Plano de
Inovação.
Apesar de sentir o peso da responsabilidade, não posso deixar de me sentir
orgulhosa por terem aprovado todo um conjunto de dinâmicas que considero
essenciais para proporcionar aos nossos alunos aprendizagens cada vez mais
significativas e motivadoras.
Sei que a implementação do Plano implicará, da parte de todos, um envolvimento
e sentido de pertença para que o mesmo não seja só um lindo documento (que é),
mas, acima de tudo, uma prática do dia a dia dos nossos meninos.
Envio-vos o documento para que possam explorar tudo o que está envolvido e
possamos começar a meditar na melhor forma de operacionalizarmos tudo o que
está previsto.
Continuação de bom trabalho e, mais uma vez, muito obrigada a todos os que,
direta ou indiretamente, contribuíram para a elaboração deste Plano.
Continuação de bom trabalho,
beijinhos
Diretora”

Reflexão – Tempos difíceis que se viviam o isolamento afastou-nos da escola, dos alunos, da
sociedade. O ensino a distância foi a alternativa encontrada, mas que teve um impacto enorme
no ensino. A mensagem da Diretora foi bem recebida, foi uma luz de esperança e de união em
tempos tão solitários.

Nota de Campo nº 17: Reunião da equipa SELFIE


Para planear a implementação da segunda fase do SELFIE a equipa voltou a reunir no início do
ano letivo, convidando para essa reunião o parceiro SELFIE (externo). Todos concordaram em
manter as fases já planeadas no ano anterior, bem como o modo operacional. A reunião Geral
para apresentação dos resultados, pela coordenadora da equipa, e clarificação de alguns
conceitos, pelo colaborador externo.
A equipa constatou algumas alterações na distribuição das perguntas por áreas, e até mesmo a
inclusão de áreas novas. Dada a modalidade de ensino a distância (E@D) implementada no final
do ano transato, que assentou na utilização das tecnologias digitais, a SELFIE considerou a
possibilidade de inclusão de algumas perguntas referentes a essa modalidade. A equipa reflete
bastante antes de tomar as suas decisões, salienta-se o cuidado e a preocupação na preparação
do questionário.

NOTA - A reunião foi à distância, mas denotou-se alguma confiança no processo de


operacionalização. Mantiveram o mesmo procedimento do ano transato, fazendo pequenos
ajustes à situação de manter as regras de contenção previstas no plano de contingência do
agrupamento.

38
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

A questão que levou a uma maior reflexão foi na escolha das questões que poderiam ser
incluídas. A equipa ficou bastante satisfeita pelo número de perguntas adicionais ter
aumentado, contudo, desta vez não aproveitaram para acrescentar perguntas para a
autoavaliação da escola, pois já estava planeado um questionário muito abrangente da equipa
de OQ.

Nota de Campo nº 18: Alterações organizacionais - Horários


O Plano de Inovação trouxe grandes alterações, a Diretora manteve uma hora comum para
trabalho colaborativo, em que todos os docentes têm a mesma hora marcada no horário, mas
este ano contemplou uma hora comum entre as diferentes estruturas. Assim, os coordenadores
de Departamento tinham uma hora comum a todos, incluindo a coordenadora do Plano de
Inovação. Os coordenadores também passaram a ter uma hora para supervisão pedagógica.
Foi criada uma equipa de gestão pedagógica, para gerir as horas de apoios, assessorias e
coadjuvações, também com uma hora comum.
Também os elementos da equipa de autoavaliação tinham uma hora em comum, para
conseguirem articular entre si.
Com o plano de inovação foram criadas duas disciplinas novas, e também esses tinham uma
hora em comum.

NOTA - É evidente o reforço para um efetivo trabalho colaborativo entre as várias equipas, uma
alteração profunda, que surgiu dos resultados da SELFIE. Denota-se, ainda, uma maior
distribuição em cargos de coordenação de estruturas intermédias.
Não se regista em horário, mas ficou calendarizada reuniões periódicas com a equipa do Plano
de Inovação e a Direção, promovendo a articulação, a construção de uma visão estratégica
comum e criando um plano estratégico partilhado.

Nota de Campo nº 19: Mensagem da coordenadora do OQ


Após a reunião da equipa SELFIE a coordenadora, que é a mesma, do Observatório de
Qualidade, envia mail para toda a equipa de autoavaliação:

“Boa tarde a todos,


espero que se encontrem bem.
O presente mail serve para divulgar algumas informações relativas ao trabalho
desenvolvido pelo Observatório de Qualidade (OQ):
. em anexo envio os documentos partilhados pelo (parceiro SELFIE), relativos
à reunião realizada no passado dia 21 de outubro, sobre a implementação do
projeto SELFIE o ano passado e futuras ações.
. brevemente, irá decorrer a 2ª fase de implementação do Projeto SELFIE no nosso
Agrupamento, para o qual esperamos voltar a contar com a participação
empenhada de todos. Oportunamente enviaremos mais informação a este
respeito.
. informar que se encontra disponível, para toda a comunidade educativa, no site
oficial do Agrupamento, o relatório de Autoavalição referente ao ano letivo
2019/2020.
Relativamente ao processo de Autoavalição do nosso Agrupamento, permitam-me
algumas palavras:

39
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

gostaria de agradecer a todos os que contribuíram para que este trabalho de


reflexão fosse possível. Sem a participação de todos (cada um à sua maneira) não
seria possível identificar estratégias de melhoria das práticas e procedimentos.
Estou certa de que, se todos estivermos envolvidos neste processo,
desenvolveremos mais e melhores oportunidades educativas para os nossos
alunos. Muito tem sido feito por todos nós e muito ainda temos de fazer, mas é
com orgulho que saliento o tanto que já conseguimos e o caminho que temos
trilhado.
Continuamos, equipa OQ, a realizar este árduo trabalho, com a convicção de que
só olhando para dentro de nós poderemos refletir, melhorar e chegar mais longe
pois, quando identificamos as nossas potencialidades e reconhecemos as nossas
fragilidades, é muito mais fácil avançar, uma vez que os caminhos que nos levam
até aos nossos objetivos ficam mais claros e conseguimos adaptar-nos de maneira
mais dinâmica aos obstáculos que vamos enfrentando.
O Agrupamento de escolas (…) é "A escola que faz a diferença!", pois é de todos e
conta com todos!
Agradeço a vossa atenção.
Votos de muita saúde.”

NOTA –Após esta reunião precederam-se outras com a equipa SELFIE para a seleção de
questões, constatando-se de algumas alterações na distribuição de questões pelas áreas, a
possibilidade de seleção de questões de E@D e um aumento de questões de Agrupamento.

Nota de Campo nº 20: Reunião SELFIE


Apresentação dos resultados da SELFIE do nosso Agrupamento, através de uma reunião geral de
professores, convocada pela Diretora do Agrupamento, por mail:

“Caros colegas,
convoco-vos para uma reunião, via Teams, no próximo dia 21, pelas 17 horas, com
o objetivo de apresentar os resultados da "SELFIE" do nosso Agrupamento (projeto
pré piloto que começámos no ano letivo passado), bem como esclarecer quais as
novas etapas a seguir. A apresentação será feita pelo (parceiro SELFIE).”

A reunião foi realizada no início do ano letivo, dada a situação pandémica foi por
videoconferência, a Diretora iniciou a reunião, salientando a importância dos resultados para o
Agrupamento, “o nosso primeiro retrato”, dando enfoque à contribuição de todos. Acrescentou
que apesar do trabalho que iria ser apresentado, ser diferente do trabalho diário da maioria dos
professores, deve ser “um suporte para a nossa prática diária”, reforçou que considera
importante estes momentos de partilha e de reflexão são estruturantes para todos terem a
“noção do nosso percurso”. De seguida a coordenadora da equipa SELFIE fez a contextualização
do projeto, agradeceu a contribuição de todos e relembrou a importância desta ferramenta,
apelando para o comprometimento de todos. O parceiro SELFIE agradeceu toda a
disponibilidade que a escola demonstrou, não só a direção, mas como toda a equipa.
Apresentou, de forma resumida o projeto SELFIE, grupos e áreas. Referiu que de uma forma
geral a maioria das respostas foi no 3 (numa escala de 1 a 5), o que dificultava a análise dos
resultados obtidos no primeiro questionário. Reforçou ainda que é necessário esclarecer alguns
conceitos, onde houve respostas incoerentes. Foram apresentadas as conclusões/reflexões mais

40
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

importantes pelas diferentes áreas consideradas na SELFIE. Salientou que os resultados


apontam para a “necessidade clara de debater as vantagens e desvantagens de ensinar e
aprender com as Tecnologias Digitais”, que todos concordaram que é necessário desenvolverem
profissionalmente os docentes. Referiu ainda que em algumas situações existiram discrepâncias
nas respostas entre os diferentes participantes, situações que carecem de uma análise mais
meticulosa. Esclareceu ainda que tinha sido importante esclarecer alguns conceitos envolvidos
nos questionários, antes da fase de inquirição, mas como fomos a primeira escola a aplicar o
questionário só nos apercebemos depois, pelo que aproveitou o momento para esse
esclarecimento. Realçou que a direção do Agrupamento que facilita a implementação de
projetos, e que será necessário cruzar os dados com os resultados obtidos no check-in para
conseguirem ter “uma fotografia holística” da escola e construírem um plano de ação para a
transição digital. A reunião terminou com os agradecimentos a todos da Coordenadora da
Equipa SELFIE e da Diretora, que terminou manifestando que está muito orgulhosa pelos
projetos desenvolvidos no Agrupamento, principalmente pela influência que teve a nível
nacional.

Reflexão – Apesar de ter sido uma reunião geral, senti como participante da reunião, que se
reforçou o espírito de grupo e de equipa, bastante abalo pela situação pandémica, que nos
obrigou a um distanciamento e isolamento. Para além disso, a intervenção de alguém exterior,
com reconhecido mérito, possibilitou uma reflexão mais profunda e séria.

Nota de Campo nº 21: Mensagem da coordenadora do SELFIE


Esta mensagem foi enviada pelo correio institucional do Agrupamento. A mensagem de
contextualização e informação para o preenchimento dos questionários SELFIE :

“Boa tarde a todos,


no âmbito do desenvolvimento do Projeto SELFIE no nosso Agrupamento,
resultado de uma parceria com o Instituto de Educação, cujos resultados do ano
anterior foram divulgados recentemente numa reunião geral, informo que iremos
dar início à realização da próxima fase do projeto.
Recordo que o projeto SELFIE se centra na aplicação de um questionário a
dirigentes escolares, professores e alunos, é completamente anónimo e está
relacionado com a utilização do digital na escola sendo, por isso, fundamental para
conhecermos a nossa realidade (fragilidades e potencialidades).
Foi realizado um semelhante o ano passado, e o que se pretende agora é comparar
resultados e ver a evolução do trabalho desenvolvido no Agrupamento.
Neste sentido, no período de 23 de novembro a 4 de dezembro, solicitamos a todos
os professores e dirigentes escolares que respondam ao referido questionário,
participando assim num projeto que é de todos e para todos.

ATENÇÃO: Os dirigentes escolares que constam da lista, não devem responder ao


questionário para professores apesar de, provavelmente, irem receber mensagem
com o mesmo por estarem incluídos no grupo desse ciclo de ensino.

Em baixo segue a lista de dirigentes e o ciclo a que estão associados, bem como o
link a utilizar para aceder ao questionário:
Dirigentes escolares de 1º ciclo:
Dirigentes escolares de 2º ciclo:
Dirigentes escolares de 3º ciclo:

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Qualquer dúvida estou à disposição.


Grata desde já pela vossa compreensão e colaboração.”

Reflexão – A data de aplicação dos questionários foi refletida com a equipa e com a
direção, e, uma vez que o corpo docente era o mesmo do ano letivo anterior fez sentido
avançar com o questionário nesta fase do ano. Se existisse mudanças significativas nos
docentes do Agrupamento a fase de aplicação não poderia ser tão no início do ano letivo,
não permitindo que os novos professores tivessem uma real perceção da realidade do
Agrupamento.

Nota de Campo nº 22: Mensagem da coordenadora do SELFIE


Após a implementação dos questionários coordenadora da

“Em anexo seguem os gráficos referentes à taxa de conclusão do


questionário SELFIE.

Ficámos, em todos os anos, com um nível de conclusão elevado, o que permite ao


nosso Agrupamento continuar a avançar com o projeto.”

NOTA – A equipa optou por utilizar a mesma metodologia na aplicação dos questionários,
registando-se uma maior adesão principalmente por parte dos docentes.

Reflexão - A equipa sentiu que os professores da escola já confiam mais na ferramenta,


porque a confirmaram que garantia totalmente o anonimato (fator muito importante
para a grande maioria dos professores) e reconheceram a sua importância para a
definição de estratégias na escola.

Nota de Campo nº 23: Reunião da equipa SELFIE


Reunião para análise dos resultados obtidos e elaboração do relatório final, com identificação
das áreas a melhorar e as áreas mais fortes, estabelecendo a comparação com os resultados da
primeira aplicação da SELFIE.

Reflexão – Apesar da alteração de algumas perguntas e alteração de certos domínios, a


equipa reconheceu que seria muito importante estabelecer a comparação das duas fases
de aplicação dos questionários, pois só assim seria possível espelhar a real evolução do
Agrupamento nestes últimos dois anos. Pelo que, a equipa envidou esforços para
conseguir analisar e comparar os relatórios dos dois anos, de forma a conseguir
apresentar os resultados para a comunidade.
Como é habitual nesta equipa que zela pela informação cuidada e correta, tem também
uma preocupação em elaborar relatórios que sejam efetivamente documentos de apoio
e de consulta para os outros membros da Escola. Neste campo, esta comparação de
relatórios foi desafiante para equipa, pois não se tornou fácil organizar esta informação
de forma clara para todos, mas com a ajuda de todos os membros da equipa conseguiu-
se elaborar um relatório conciso e elucidativo dos resultados da SELFIE.

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

ANEXO 8 – Análise de Conteúdo

ANÁLISE DE CONTEÚDO – CATEGORIZAÇÃO DOS DADOS

Fontes utilizadas - Transcrição da entrevista da diretora (DAE); Transcrição da entrevista à


Coordenadora da equipa de autoavaliação/Coordenadora SELFIE (CAA); Projeto Educativo (PE);
Plano de Inovação (PI); Relatório de Autoavaliação2019-2020 (RAA); Notas de Campo (NC)
A análise de conteúdos é realizada tendo em consideração os eixos de análise pré-definidos,
subdividindo-se em subtópicos que emergiram neste processo.

Eixo 1 - Processos de adesão

1.1. A necessidade de mudança

“Estamos a passar por uma fase muito desafiante em termos de direções, em termos de
ensino, em termos de tudo, até em termos mundiais, todos estão a passar por situações
desafiantes. O que eu mais aprecio como diretora, efetivamente, é ter a noção que posso
condicionar, e que posso tentar alterar algumas coisas no ensino que eu acho que já vai
sendo tempo de se ir mexendo e de tentar fazer perceber a importância dessa mudança.” (DAE)

“(…) Uma das coisas positivas é mesmo isso, eu sentir que cargo que desempenho pode ajudar,
espero eu, que venha ajudar as pessoas, ou pelo menos algumas pessoas, a pensarem um
bocadinho diferente daquilo que é ensinar as crianças e ser competente naquilo que se faz,
porque as coisas mudaram tanto e o ensino ainda não mudou assim tanto. Eu considero que
essa mudança tem que existir, porque que os nossos alunos merecem aprendizagens mais
significativas.” (DAE)

“Em poucas palavras como define a cultura do seu Agrupamento? Mudança.” (DAE)

“(…) nós não somos todos iguais, temos competências diferentes, porque as inteligências não
são todas iguais, e ainda bem! (…) eu acho que é essa a beleza do nosso Agrupamento, eu acho
que, o nosso Agrupamento tem isso diversidade de competências, mas além disso existe gosto,
existe um grande grupo de pessoas com gosto pelo aquilo que fazem e que se esforçam pelos
miúdos.” (DAE)

“A autoavaliação é uma prática que tem vindo a ser implementada desde 2009/10 neste
Agrupamento através de uma estrutura, o Observatório de Qualidade. O grande objetivo desta
equipa é a elaboração de instrumentos de recolha e análise de dados que possam contribuir
para uma reflexão crítica, permitindo delinear ajustes nas opções educativas, ou até mesmo
definir novas estratégias de atuação.” (PE, p.21)

“(…) pretende-se com este relatório incutir uma cultura de reflexão nos diferentes agentes
educativos, com vista à melhoria contínua da qualidade das práticas e procedimentos educativos
e, consequentemente, do sucesso escolar. Neste sentido agradece-se o apoio de todos os
intervenientes neste processo, que têm contribuído para os resultados alcançados.” (RAA, p.16)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

1.2. A adesão ao projeto SELFIE

“(…) também tive a sorte de ter um conjunto de estruturas fora do Agrupamento que foram
percebendo que tinham aqui matéria humana entre os professores, coordenadores e direção,
matéria humana que puxados rendiam e então saímos beneficiados com isso, começámos a ser
convidados para uma série de projetos, às vezes começamos a ficar aflitos, mas efetivamente é
bom, eu gosto disso!” (DAE)

“Para nós começou antes, nós estivemos a fazer uma espécie de pré-SELFIE, no fundo eles
começaram a desbravar terreno e a “partir pedra”, no que diz respeito a tentarem perceber
quais as competências digitais dos professores e, depois de saberem isso, de que forma se pode
fazer para melhorar essa situação e nós tivemos o privilégio de poder fazer já parte desse
projeto. O Instituto de Educação, nomeadamente os professores que apresentaram o projeto
perceberam que neste Agrupamento tinham um conjunto de professores que quando aderiam
aos projetos aderiam mesmo aos projetos e levavam muito a sério, porque efetivamente nestas
coisas por muito boas intenções que o Instituto possa ter se depois não tiver um grupo de
pessoas/professores nas escolas base para poder dar esse suporte, não se consegue fazer as
coisas como deve ser, digo eu. Ao perceberem disso quiseram testar esta nova ferramenta,
quiseram ver de que forma é que podia ser implementada e prever a nível nacional, convidaram-
nos e, portanto, naturalmente que foi um desafio.” (DAE)

“Fiquei logo entusiasmada porque primeiro eu honestamente acho que é uma ferramenta que
se nós quisermos fazer um trabalho como deve de ser que nos pode ajudar bastante, em vez de
tomarmos decisões à toa só porque achamos que sim a SELFIE ajuda-nos a focar naquilo que
efetivamente são as necessidades do Agrupamento, quer ao nível digital, quer depois o facto de
termos a possibilidade de arranjarmos outras questões que nos vão tentar orientar para outros
percursos que eventualmente nós saibamos são os nossos handicaps, as nossas fragilidades. A
SELFIE também nos pode ajudar a olhar com maior objetividade o caminho a seguir.” (DAE)

“Uma das questões facilitadoras, para além de sermos uma direção aberta à inovação, é
gostarmos de experimentar coisas novas, mas não é só o experimentar só por experimentar,
vieram cá explicar o objetivo desta ferramenta” (DAE)

“Acho que foi um conjunto, eles souberam, perceberam, que estava aqui um grupo de
professores que conseguiriam fazer isso e nós tivemos a sorte de termos a ponte de ligação
entre o Instituto e nós.” (DAE)

“Eu gostei muito da apresentação do projeto e do objetivo, identifiquei-me de imediato com


esta ferramenta (…) para apontar o foco do nosso Agrupamento”. (DAE)

“(…) às perguntas mesmo da ferramenta SELFIE também foi importante para nós, porque
também é importante diagnosticar ao nível das tecnologias, numa era em que que é quase
impensável que uma escola não utilize tecnologia, quer com os alunos, quer para avaliar, quer
para aquilo que for. Portanto também foi importante para nós enquanto equipa de
autoavaliação podermos dizer e podermos ajudar a direção a detetar aquilo que são, ao nível
das tecnologias também, as características da escola, para a direção também poder tomar as
melhores decisões, mas, essencialmente, a oportunidade é poder acrescentar oito perguntas,
agora mais, que não estão relacionadas com a tecnologia.” (CAA)

“Os pais têm de se sentir envolvidos, gosto de manter a proximidade com os pais, gosto de
participar nas reuniões dos pais.” (DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“(…) o Agrupamento tem implementado medidas de promoção do sucesso escolar que


pretendem aumentar a qualidade das aprendizagens dos alunos e, simultaneamente, promover
o trabalho colaborativo entre docentes, criando uma cultura de escola baseada na
intencionalidade do processo educativo, assumindo-se como a “Escola que faz a diferença”, na
construção de uma “Escola de Todos e para Todos”. (PI, p.3)

Dimensão 2 - Processos de operacionalização

2.1. A Equipa SELFIE

“sou a Coordenadora do Observatório de Qualidade, já fazia parte desta equipa nos últimos
anos. Agora também faço parte do Conselho Geral, já há três anos e o ano passado também fiz
parte da Equipa Pedagógica e também sou coordenadora da equipa da SELFIE, há dois anos.”
(CAA)

“a pessoa que fez o convite, conhecer alguém na escola e saber que essa pessoa era uma pessoa
de trabalho, não é, acho que aquilo que motivou o convite foi exatamente terem a certeza que
as pessoas que iriam pegar no projeto pré-piloto se iriam dedicar, que iriam trabalhar e que
iriam corresponder dentro dos timings curtos que que se tinha, que iriam corresponder para se
conseguir tirar algumas conclusões para aquilo que iria ser depois do projeto piloto com as
outras escolas.” (CAA)

“A escola aceitou tendo em atenção o convite vindo de quem vinha, não é, e tendo atenção a
mais-valia que a aplicação da ferramenta iria ter para aquilo que era o trabalho da equipa de
autoavaliação.” (CAA)

“(…) a equipa que foi criada, pronto, criou-se uma equipa que também se soubesse que se iria
dedicar e que iria investir por forma a conseguir que o trabalho aparecesse feito dentro dos
timings que se pretendia, pronto, a pessoas que sabiam que trabalhavam e que trabalhavam
bem(..)” (CAA)

“Eu sei que este agrupamento tem uma cultura de pertença, uma cultura de querer fazer, e eu
quero muito acreditar nisso. Eu tenho aqui um núcleo duro de gente que gosta muito daquilo
que faz e isso é o mais importante (…)” (DAE)

“Em primeiro lugar a existência do Observatório de Qualidade, que foi uma estrutura criada já
há muitos anos no nosso agrupamento (…)” DAE

“O Observatório deve ter com um conjunto de professores que têm uma visão isenta e ao
mesmo tempo clara daquilo que é importante orientar no agrupamento, considero que deva ser
um organismo independente da Direção, porque acho que este tipo de estrutura tem de sentir
a liberdade e o à-vontade para indicarem isto não está bem no agrupamento, ou aquilo que
pode melhorar, eles têm que servir para isso, portanto a direção poderá condicionar o trabalho.”
(DAE)

“Portanto quando eu vi a apresentação da SELFIE e quando eu vi a estrutura que precisava de


ser montada, disse isto é perfeito para a equipa do Observatório de Qualidade aproveitarem”
(CAA)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“(…) mas sabia que elas iam aproveitar esta ferramenta para apontar o foco do nosso
Agrupamento. “(DAE)

“Foi opção da direção, incluir alguns elementos da equipa do Observatório de Qualidade e mais
um colega do primeiro ciclo.” (CAA)

2.2. O planeamento estratégico

“(…) verificar quais eram os possíveis constrangimentos que podiam surgir, para facilitar depois
o trabalho com as escolas piloto, que iriam iniciar em no ano seguinte em janeiro, e no final fazer
a análise de dados e poder contribuir para um levantamento de pontos fortes e de pontos fracos,
das fragilidades e das potencialidades do agrupamento, para se criar e implementar um plano
de ação que ajudasse o agrupamento a avançar.” (CAA)

“O benefício que tirámos da SELFIE… a SELFIE permite-nos criar algumas perguntas fora do
contexto da tecnologia e fora do contexto dos recursos digitais, que a equipa de autoavaliação
aproveitou essas perguntas extras para fazer algumas perguntas cirúrgicas, em algumas áreas
que a equipa de autoavaliação todos os anos avalia, no que diz respeito aos documentos, às
estruturas, à indisciplina, pronto perguntas específicas que nos interessava avaliar e aferir a para
termos ali alguma evidência relativamente a alguns pontos.”(CAA)

“Tentou-se decidir que era importante que a SELFIE refletisse as três realidades da escola,
primeiro ciclo, segundo e o terceiro ciclo, uma vez que a própria SELFIE não aconselha a
implementação no pré-escolar, dentro do primeiro ciclo apenas a alunos de quarto ano, uma
vez que as perguntas não são assim tão simples e acessíveis para alunos mais pequenos.” (CAA)

“Depois, centrámo-nos na distribuição dos dirigentes e dos professores, em termos de


dirigentes, seja esta uma boa ou má opção, optámos que os dirigentes seriam os elementos da
direção e alguns professores com cargos em estruturas de supervisão pedagógica, portanto os
coordenadores departamento, os coordenadores dos diretores de turma. Também procurámos
que os professores que respondessem como os dirigentes não respondessem como professores,
pois somos um Agrupamento pequeno para não haver repetição, alguma repetição, de
informação” (CAA)

“Nós tínhamos reuniões semanais, todas as terças-feiras, sendo que o nosso elo de ligação à
DGE e ao Instituto de Educação vinha ter connosco na hora em que a equipa reunia, para agilizar
e operacionalizar o trabalho.” (CAA)

“Foi o Observatório Qualidade, a Direção não consegue fazer tudo. Esforço-me e gosto de estar
por dentro dos assuntos, até por respeito ao trabalho dos outros, porque acho que as pessoas
merecem que eu esteja por dentro do assunto, mas se tivesse tudo a depender da minha
capacidade para conseguir estruturar toda esta logística a coisa não tinha saído nada de jeito eu
tenho essa consciência. (…) e foi isso que elas fizeram, elas pegaram naquilo que lhes foi
transmitido, também tiveram reuniões para perceber como é que funcionava, e fizeram todo o
trabalho para a implementação da ferramenta.” (DAE)

“ (…) a equipa do Observatório de Qualidade estruturou a implementação de tal maneira que


apesar de um ou outro contratempo, mas que nós às vezes por muito estruturado que façamos
as coisas há sempre falhas aqui ou ali, mas efetivamente a estrutura montada pela equipa foi
um facilitador, foi o garante do sucesso da aplicação dos questionários.” (DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

2.3. Envolvimento dos atores

2.3.1. Apresentação do projeto

“O projeto foi nos apresentado assim bocadinho… com os timings todos para ontem, pronto,
então tudo o que foi pensado e foi delineado foi feito assim bocadinho a correr, isto para dizer
o quê, não houve tempo para grandes debates, para grandes a reuniões, para grandes
concertações de ideias, portanto centrou se muito ali dentro daquilo que era a estrutura da
equipa SELFIE que foi criada, isto para começar. Dentro daquilo que a estrutura considerou… se
calhar deveríamos ter envolvido mais as pessoas que não envolvemos, mas também porque não
havia tempo na altura do pré-piloto para envolver mais as pessoas no processo.” (CAA)

“É difícil há sempre aquelas vozes que dizem agora querem vir aqui espiolhar como é que é o
nosso trabalho, o que é somos capazes de fazer, e depois as pessoas nem sempre são muito
honestas nas respostas, com medo de eventualmente poderem vir a ter represálias sobre isto
ou aquilo ou de alguém lhes apontar que elas não sabem fazer isto ou aquilo. Portanto
desmistificar isso e batalhar no “não tenham medo sejam honestos, isto é para vos ajudar, isto
é para trabalharmos em conjunto”, é difícil, porque as pessoas às vezes pensam logo que está
alguém com uma pistola apontada a pensar andamos à procura de encontrarmos algo que não
façam bem.” (DAE)

2.3.2. A fase da inquirição

“Relativamente às respostas, aquilo que delineámos foi que os alunos respondiam na escola e
criámos uma calendarização para que eles respondessem durante as aulas de TIC, durante uma
semana e meia, os alunos passaram pela sala de TIC, todas as turmas” (CAA)

“(…) aos professores foram enviados links, a dirigentes e a professores, cada um de acordo com
o ciclo onde lecionava mais aulas respondeu ao seu questionário. (CAA)

“É difícil às vezes fazer, por muito que nós digamos aos professores “isto é para melhorar as
nossas práticas”, ou “isto é para nós percebermos como é que o nosso agrupamento, para ter
uma visão focada naquilo que tem que melhorar”, porque ninguém é perfeito, e ainda bem, por
muito boas capacidades que possamos ter há sempre coisas a melhorar e ainda bem.” (DAE)

“Não tenho dúvidas nenhumas que correu tudo da melhor forma, pela determinação,
estruturação e organização da parte desta equipa do Observatório de Qualidade.” (DAE)

“Tenho a certeza absoluta que quando voltarmos a implementar e voltarmos a realizar os


questionários vamos ter mais sucesso no campo, porque ainda se sentiu uma certa
desconfiança, estávamos a batalhar numa coisa nova e algumas pessoas ficaram com o pé
atrás.” (DAE)

“tendo em atenção ao timing em que o inquérito foi aplicado houve muitos professores que não
gostaram, pronto, porque incidiu com as avaliações de final do primeiro período, altura em que
os professores têm muito trabalho, e pronto não foi recebido da melhor forma, nem acarinhado,
se calhar, da melhor forma exatamente por causa do timing, não tanto pelo questionário em si,
mas se calhar pela altura em que ele teve que ser implementado.” (CAA)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

2.3.3. Análise dos resultados

“(…) a contribuição preciosa ajuda do nosso Observatório de qualidade, e quanto a mim também
faz sentido, se eles tiveram na estruturação da implementação desta ferramenta também deve
fazer a análise dos dados que foram obtidos e depois fazia sentido fazerem a apresentação que
tipo de conclusões é que existiram.” (DAE)

“Na implementação da SELFIE, claro dentro da minha linha, eu tenho esta linha bem-disposta e
mais ligeira de abordar os assuntos, é assim que eu sou, mas ao mesmo tempo senti que era
importante fazer uma reunião geral de professores para transmitir que a implementação da
SELFIE, era muito importante para o Agrupamento, para traçarmos o percurso que queríamos
seguir e que contava com a participação de todos.” (DAE).

“Na realidade, nós temos de ter sempre presente quando trabalhamos numa escola, que as
pessoas não são todas iguais e se nós estamos à espera de que a apresentação dos resultados
vá fazer um efeito UAU em todos, não vai!” (DAE)

“(…) a reação, de uma maneira geral, foi positiva dentro daquilo que são os meandros médios
normais do Agrupamento, porque depois também temos consciência que há aqueles que nós
nunca somos capazes de agradar, mas eles próprios não se agradam a eles próprios e, portanto,
não há volta a dar, temos de seguir em função daquilo que sentimos que trouxe melhorias para
o agrupamento.” (DAE)

“Houve alguns aspetos que foram mencionados que às vezes nos passam um bocadinho ao lado,
porque como nós temos a visão daquilo que também nós somos, e como somos positivos e
achamos que está tudo bem e mesmo quando aparecem dificuldades tentamos ultrapassá-las e
tentamos fazer as coisas e, às vezes, não vemos o lado que tem uma visão bocadinho mais
pessimista quem tem uma visão diferente, e também é importante saber a opinião dessas
pessoas, porque na realidade não somos todos iguais. Em alguns campos os resultados da SELFIE
surpreenderam-me, mas outros foram dentro daqui que já estava à espera.” (DAE)

“Identificar de forma clara, as fragilidades e o percurso, que quem conhece o agrupamento


sente que se deverá seguir, tendo em conta o que foi delineado. Porque uma coisa é tu
conheceres a realidade, outra é conheceres a tua realidade, eu acho que a SELFIE ajuda-nos a
clarificar isso, a conhecer a realidade. Para mim como diretora é importante, para depois eu em
vez de me estar a centrar naquilo que é a minha visão do Agrupamento, não, eu centro-me
naquilo que é a visão espelhada nesta fotografia que se tirou ao Agrupamento, para podermos
estruturar qual o caminho a seguir.” (DAE)

“a nossa operacionalização e o que delineámos para a SELFIE foi basicamente isto, sempre com
intuito de que no final conseguíssemos ter mais ou menos as realidades o mais corretas possíveis
dos três ciclos de ensino, sendo que o primeiro ciclo nem sequer, a maior parte das escolas, está
dentro da escola sede, portanto, uma realidade mesmo diferente, e que ficássemos com um
relatório com uma SELFIE, lá está, de cada um dos ciclos.” (CAA)

“(…) feito uma divulgação dos resultados, sucinta, no final do ano letivo em que o pré-piloto foi
aplicado, essa divulgação foi feita apenas por mail, ou melhor, a equipa da SELFIE criou um
documento que foi divulgado em Conselho Pedagógico e que passou aos Departamentos, mas
depois no início do ano letivo seguinte, houve uma reunião geral para divulgação desses mesmos
resultados já um bocadinho mais pormenorizados aproveitando também a presença de um
elemento exterior à escola, que que tinha sido o nosso elo de ligação com a DGE e o Instituto de

48
SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Educação quando implementámos o pré-piloto. Nessa sessão em que aproveitámos para


divulgar aqueles resultados que achámos que eram os mais relevantes, também aproveitámos
para sensibilizar as pessoas para a importância deste tipo de projetos, para a importância deste
tipo de questionários e para a mais-valia que eles são, naquilo que são depois a definição das
estratégias que a escola, e todas as escolas podem, ou não, implementar no futuro. Nessa sessão
de sensibilização foi muito a entidade externa, no fundo, a explicar os resultados e a explicar
essa mais-valia da ferramenta, o que foi muito útil porque ouvir-se de fora é sempre diferente
do que ouvir alguém de dentro, não é, portanto nesse aspeto foi fantástico” (CAA)

“Após a implementação, na altura de divulgação dos resultados e de se perceber o que é que


tinha acontecido, não é, aquilo que era a nossa suposta selfie, já acho que houve um maior
envolvimento. Claro que isto é sempre relativo, nem todas as estruturas trabalham da mesma
forma e não funcionam da mesma forma, portanto é sempre relativo, mas acho que aí já houve
um maior envolvimento. Acho que as pessoas depois tiveram noção, principalmente quem não
deu muita atenção ao questionário teve noção de que se calhar devia ter dado mais atenção,
devia ter lido melhor, devia ter perdido um pouquinho mais tempo a pensar naquilo que eram
as respostas que poderiam ser dadas. Neste momento, já acho, que as pessoas estão mais
envolvidas e já percebem a importância deste tipo de questionários, a importância que eles têm
para o Agrupamento e para aquilo que são as estratégias que se definem.” (CAA)

“É assim, a reflexão conjunta é fundamental, se não estiverem todos envolvidos e todos


motivados e a seguir o mesmo caminho, por muitos questionários que se apliquem, por muito
que se faça, se as pessoas não estiverem envolvidas é difícil delinear estratégias e as pessoas
comprometerem-se com essas estratégias. Aquilo que nós fizemos para tentar envolver as
pessoas passou muito pela reunião de sensibilização, pela divulgação e pela mensagem que
depois se passou com os dados e com os documentos relativos aos dados que se passou depois
nos departamentos” (CAA)

Dimensão 3 - Processos de liderança


3.1. Direção
“(…) não tenho a pretensão de conseguir mudar a mentalidade de todos, ou se calhar nem
tenho direito de pensar nisso, mas pretendo usar o meu mandato como forma de espicaçar
alguns professores” (DAE)

“Eu gosto muito de ouvir as pessoas quando sei que são pessoas que gostam de mim e que
estão a tentar ajudar, mas às vezes custa muito ouvir algumas das coisas, mas não quero
deixar de ouvir essas pessoas eu acho que é importante ouvir.” (DAE)

“A SELFIE também nos pode ajudar a olhar com maior objetividade o caminho a seguir.” (DAE)

“É muito complicado ouvir pessoas, que temos muita consideração, dizerem que as coisas não
estão a correr bem e, ao mesmo tempo, sentires que temos de melhorar.” (DAE)

“No entanto, precisamos de ir com calma, pois estamos todos muito cansados e há
personalidades diferentes, enquanto uns estão cansados mas mantêm o foco naquilo que
querem e outros que estão cansados e que começam a desfocar e a desmotivar, e é isso que me
entristece às vezes, eu sinto que precisamos de mimá-los um bocadinho, alguns precisam de

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mimo, precisam de ouvir “tu és capaz”, “foi difícil mas tu és capaz, vais conseguir”, ou “vais lá
chegar”, mas os tempos não estão a ajudar “(DAE)

“(…) o nosso agrupamento é inovador, basta ver que é verdade. Eu também tenho consciência,
que esta inovação toda e o facto estarmos em 1000 projetos tem a ver com a diretora, eu sei
que ajudo porque é um facilitador, uma força para “façam vão para a frente”, (DAE)

“(…) eu sou muito dependente da minha Direção, e eles são muito dependentes de mim,
dependente não em termos de trabalho, pois eles são portentosos naquilo que fazem, mas
efetivamente somos muito emocionais, esta minha direção este meu grupo é um grupo dos
afetos, do mimo, da entreajuda, do sentirmo-nos acompanhados. “(DAE)

“(…) esta pandemia até nisso vai massacrar, porque faz-nos (direção) falta os abracinhos, os
miminhos essas coisas todas, porque nós somos muito assim “(DAE)

“Todos têm um papel válido nas escolas e quando querem fazer, eu sou a favor de delegar
competência nessas pessoas e de confiar no trabalho que as pessoas fazem, se as coisas depois
não correrem bem também tenho de ter a coragem de dizer assim “não tive bem”, não é culpar
a pessoa, não é, e não tive bem porque se calhar precisava de monitorizar um bocadinho mais
a situação e não monitorizei ou precisava de ajudar mais naquele campo, ou a pessoa não teve
a coragem de pedir ajuda.” (DAE)

“(…) eu acho que uma direção tem que ter momentos muito regulares de pontos da situação,
momentos onde estamos os quatro em que analisamos o que correu bem e o que não correu
bem e, às vezes, quando eles resmungam comigo tem que ver com isso, porque às vezes
andamos numa lufa-lufa de trabalho que perdemos, ou não temos tempo para nos reunir mas
eu sei, e cada vez sinto isso, que não é perder tempo é ganhar tempo, quando estamos juntos
os quatro nem que seja para fazer o ponto de situação de cada um.” (DAE)

“(…) também já chegámos a essa conclusão que se calhar falta esse envolvimento das pessoas
perceberem que nós queremos nos envolver, não é por desconsiderar o trabalho dos outros, às
vezes não temos mesmo tempo para nos envolvermos, mas queremos melhorar nesse campo
queremos estar mais presentes em algumas dinâmicas, até para valorizar o trabalho das pessoas
que se dedicam muito.” (DAE)

“Fazer a gestão de relações humanas é sempre muito difícil, eu quero acreditar, que existe um
grupo de professores sabendo que nem todas as opções agradam a gregos e a troianos, eu
prefiro saber que estou a desagradar os troianos, mas ao mesmo tempo os gregos vão ficar
felizes e que o trabalho vai ficar bem feito” (DAE)

“O meu papel é q.b., porque se as pessoas não tiverem predispostas a fazer esse crescimento
eu posso ser a melhor do mundo, mas não vou conseguir fazê-las crescer. Por outro lado, se eu
tento ser facilitadora desse crescimento, sinto-me orgulhosa, porque há aqui um conjunto de
professores no meu Agrupamento que tem crescido como professores na estrutura, não estou
a falar no contexto de sala de aula, porque eu já sabia que eles eram muito bons professores,
mas há um conjunto de pessoas que eu sinto que têm tomado gosto pelo espírito da escola e
pela sua dinâmica, e deixaram de ser só bom professores (que já é importante) passaram a
sentir-se parte integrante da estrutura. (…) Eu acredito que possa contribuir para isso, mas
depois o percurso temos de ser nós a fazê-lo, nós individualmente.” (DAE)

(os pontos fundamentais para implementar este processo de mudança na escola? ) Diretora –
“Motivação dos professores, eu preciso fazê-los acreditar, que não têm que ser todos iguais,

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

mas têm de estar todos motivados a trabalhar, todos os que querem, quem não quer não há
volta a dar” (DAE)

“(…) é um Agrupamento pequeno e dentro do pequeno tem duas vertentes, tem a vertente das
pessoas que investem muito e que querem muito que o Agrupamento ande para a frente, que
seja visto, que os alunos aprendam, quer inovar e que quer fazer mais, melhor e diferente e
depois, há o grupo das pessoas que é mais reticente, não digo que não queiram, mas que são
mais reticentes às mudanças e à alteração daquilo que é o sistema implementado.” (CAA)

3.2. Lideranças intermédias


“Considerámos, também, fundamental, a ação dinamizadora da diretora, mas também, de não
somenos importância, o papel indispensável das chefias intermédias, a saber: diretores de
turma, coordenadores de Departamento, equipas de docentes e responsáveis pelos apoios
educativos, cujo envolvimento será necessário e benéfico na consecução de determinados
objetivos, assim como, na qualidade dos processos de inovação e mudança.” (PE, p.4)

“Estamos a passar uma fase muito desafiante, e acho que estas mudanças todas estão a abanar
as nossas estruturas, está a ser difícil.” (DAE)

“(…) a escolha das equipas, as que se podem escolher, são fundamentais para o descanso de
uma direção, se vais dar uma tarefa a alguém que tens o pé atrás, não vai correr bem, por outro
lado, o problema é que é um massacre pois são sempre os mesmos professores.” (DAE)

“depois eu sei que é injusto, porque depois acabamos por sobrecarregar sempre os mesmos,
(…), mas é tão importante em determinadas funções escolher bem, e não estou a dizer que, e
quem me conhece sabe que eu não escolho para eu ter a minha vida facilitada, em termos de
fazerem tudo o que a diretora quer, de todo, eu escolho por saber que a tarefa vai estar bem
atribuída (…)” (DAE)

“(…) não podemos pensar a escola da mesma forma, tento usar estas funções que tenho para
tal, sinto que me permite voar um bocadinho, no entanto às vezes tenho alguns entraves, mas
só quem não tenta é que não lhe acontece.” (DAE)

“(…) o tipo de direção que tenho e que tento fazer é motivado pela minha personalidade.” (DAE)

“(…) sei que, às vezes há coisas que correm menos bem, tenho essa consciência, mas também
sei que há coisas correm bem, e no equilíbrio o que corre bem e o que corre menos bem, pelo
menos que seja autêntica, que seja eu” (DAE)

“(…) o sucesso de uma direção passa sempre pelo sucesso das estruturas intermédias e de todas
as outras equipas, que são tão ou mais importantes que a direção, quando assumem um
compromisso com alguma coisa, pela esquerda ou pela direita, a coisa vai acontecer.” (DAE)

“(…) quanto a mim, nós (as estruturas) que temos a capacidade de decisão, nós que temos a
capacidade de trabalho de inovação de andar para a frente, podemos andar cansados mas
andamos para a frente, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar para o bem, no que é
positivo para o Agrupamento, se nós acreditarmos que estamos a trabalhar para fazer as coisas
que são positivas para o agrupamento, não podemos deixar de fazer, podemos ficar tristes,
naturalmente, quando sentimos quando há reações menos boas, mas acreditamos naquilo que
fizemos, e isso é o mais importante, a pessoa acreditar naquilo que fez.” (DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“Confio muito também no meu Conselho Pedagógico, é um todo, acho que precisamos em
algumas áreas melhorar, mas vamos aos poucos acho que já há tantas coisas que foram feitas
tanta mudança e tanto investimento que foi feito, mas ainda falta muito por fazer, mas nós
chegamos lá, temos de ir com calma. Porque é que eu digo que gosto muito do pedagógico,
porque primeiro levantam as questões que têm de levantar, e é assim que eu gosto, mas ao
mesmo tempo sempre numa base construtiva.” (DAE)

“Tendo plena consciência que o meu pedagógico não é consensual em alguns temas, mas eu
confio naquelas pessoas” (DAE)

“(…) eu sou uma felizarda no meio disto tudo, porque, para além da direção que confio muito e
tenho plena consciência que sem eles não era capaz de fazer o trabalho que faço, depois tenho
as estruturas intermédias que eu também confio muito, sei que podem ter uma falha aqui ou
podem ter uma falha ali, ou as coisas podem não ser como nós pensamos, mas se não fossem
eles a máquina não andava, tem de ser um esforço conjunto para que a máquina ande.” (DAE)

“(…) que a liderança, e o facto das pessoas se sentirem identificadas com a pessoa que está na
liderança de um agrupamento que ajuda, mas depois se não houver toda uma estrutura por
detrás daquilo e um planeamento bem feito é um fiasco, portanto é muito difícil decidir entre
eles, acho que tem de ser um equilíbrio entre esses dois campos. Ou seja, estar tudo bem
estruturado e bem planificado, mas as pessoas sentirem também confiança e a direção diga
envolvam-se, façam e sejam honestos, respondam de forma coerente sem filtros pois é isso que
nós precisamos realmente para ajudar o percurso do agrupamento. Pois eu posso ser uma
diretora que faço discursos espetaculares e que motivo o pessoal, mas depois se não tenho nada
estruturado nem preparado fica tudo uma confusão e ninguém consegue fazer nada de jeito,
por outro lado a se estrutura está toda muito bem montada, mas depois se não houver esta
fase, esta possibilidade de motivar e dizer participem que não há problema confiem está tudo
bem, se calhar também vai ser ruinoso porque as pessoas sentir-se-iam presas e não seriam
totalmente honestas. Por isso considero importante o equilibro nestes dois campos.” (DAE)

“Nós fazemos o ponto da situação e, sim, reunimos e, sim, falamos desses documentos e, sim,
tentamos perceber. Naturalmente, que depois há todo um conjunto de aplicação de que é que
se vai fazer daqui para a frente, todas as estruturas intermédias acabam por assegurar,
mandamos para os departamentos, mandamos para o Conselho Pedagógico para se debater de
que maneira é que aquilo depois se irá refletir no dia a dia do Agrupamento.” (DAE)

“Naturalmente que são importantes, principalmente se nós conseguirmos que esses momentos
sejam efetivamente reflexivos (…) posso fazer uma reunião geral para apresentar os resultados,
falar com os colegas, agradecer a participação e transmitir as conclusões a que chegámos, mas
não é numa reunião com 120 pessoas que vamos ter um trabalho sério de reflexão, não se
consegue, e, portanto, tem de ser feito em estruturas mais focadas, e aqui os departamentos
têm uma função muito importante.” (DAE)

“Agora também temos de ter a noção que depois quem está à frente do departamento é
fundamental para que existir uma reflexão, pois apresentar apenas os resultados não permite
uma reflexão conjunta.” (DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Dimensão 4- Resultados da SELFIE

“A grande maioria dos resultados eram os esperados um ao outro ponto que surpreendeu, mas
em geral não nós somos um povo de fado e nos professores isso acaba por se refletir. É
importante meditar em alguns campos que a pessoa tem como garantido, também acho que é
extremamente importante o conhecimento e o sentir do pulsar do Agrupamento no dia a dia, o
estar aqui há 19 anos não é a mesma coisa de caíres aqui de paraquedas e não conheceres o
Agrupamento.” (DAE)

“(…) este questionário ao devolver à direção e às estruturas intermédias, permite-nos perceber


a visão de todos e refletir sobre estes processos e rever alguns procedimentos.” (DAE)

“É assim, para mim a mais-valia da implementação deste projeto, tem muito a ver com a
característica da própria SELFIE, que é definir claramente um diagnóstico preciso, daquilo que
são as fragilidades e daquilo que são as potencialidades da escola, e intervir dentro dessas
fragilidades para as tornar potencialidades e isto para mim é a mais-valia da SELFIE. Claro, que
depois, a partir daqui temos um mundo de possibilidades, não é, mas a mais valia é isto mesmo,
é diagnosticar claramente o que é que estamos a fazer bem o que é que está a correr bem,
manter, aproveitar isso que estamos a fazer bem, para depois investir naquilo que está a correr
menos bem. (CAA)

“Realizados questionários aos alunos e professores, no âmbito do projeto Pré-piloto SELFIE, em


parceria com o IEUL (C2Ti), a partir dos quais se produziram relatórios, tendo-se realizado as
seguintes considerações:
Pontos fortes – Participação no projeto Pré-piloto SELFIE. Levantamento dos constrangimentos
ao nível da utilização das competências digitais no Agrupamento. Comparação entre a visão dos
dirigentes, professores e alunos. Valorização do trabalho desenvolvido por professores e pessoal
não docente.
Pontos fracos – Insuficiência de dispositivos digitais. Acesso à Internet instável. Falta de espaços
físicos. Falta de tempo para explorar tecnologias digitais. Pouca relevância dada ao trabalho
colaborativo. Pouca utilização das tecnologias em sala de aula.” (Relatório OQ – 2019.2020,
p.16)

Dimensão 5- Mudanças organizacionais

“As medidas agora propostas assumem-se como uma aposta no alargamento gradual a todo o
Agrupamento de experiências positivas conseguidas até ao momento, as quais, aos poucos,
foram sendo assimiladas por todos os atores, com um verdadeiro sentido de pertença e de
colaboração no seio da "Família Ataíde". (PI, p.3)

“Nós não deveremos querer que as coisas aconteçam por injeção, ou seja, enquanto há
resultados que permitem uma atuação mais imediata, aliás, a própria construção do plano de
inovação, há determinadas visões que nós tivemos e que quisemos adaptar tendo em conta os
resultados que tivemos, um bocadinho mais imediatos, mas a educação precisa de tempo.”
(DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“Mais uma vez o facto de sermos um Agrupamento inovador permitiu-nos uma visão de
conjunto, que não é fácil, mas no fundo é isso que faz sentido, é nós não tomarmos a as
ferramentas isoladas, (…) na realidade fartamo-nos de trabalhar, mas depois se não houver uma
visão de conjunto que possa agregar estas coisas todas e que possa a fazer as pontes entre as
várias ilhas, andámos a trabalhar muitos sem grande sentido.” (DAE)

“(…) a SELFIE também nos estruturou e nos deu a construção do nosso plano de inovação e nas
mudanças que quisemos estruturar.” (DAE)

“(…) quando eu ponho algo na cabeça que é útil para o agrupamento também é difícil me
demover das minhas ideias e eu sigo em frente, e a SELFIE no fundo permitiu-nos isso quando
nós começámos a perceber já fazíamos tantas coisas, mas que precisávamos de unificar, lá está,
fazer as pontes das várias ilhas daquilo que já íamos fazendo separadamente nas diferentes
ilhas, a SELFIE ajudou na construção do nosso plano de inovação, na utilização da plataforma de
avaliação e de plano de turma.” (DAE)

“(…) eu acredito honestamente que estes passos que temos tido condicionadas pelas análises
que temos feito, através da SELFIE, de toda a realidade e de todo um trabalho, tudo conta num
agrupamento, a experiência de quem já anda há muitos anos, experiência de quem já veio de
outros agrupamentos e que nos traz novidades de outros lados e que de repente nós pensamos
isto também faz sentido aqui. É muito importante a parte de contextualização, mas sim eu acho
que esta ferramenta é importantíssima, um agrupamento que queira dar coesão àquilo que faz,
esta ferramenta é espetacular.” (DAE)

“(…) isto de relações humanas é difícil, já deveríamos ter todos idade para perceber que
questionar não é ofender a competência de cada um (…). As pessoas têm de perceber que ser
diferente não é ser pior, assim como ser diferente também não é ser melhor, é ser diferente!”
(DAE)

“Não se consegue dizer que toda a gente fica muito feliz quando as estruturas intermédias estão
a aplicar as tarefas que lhe foram dadas, não! Mas a grande maioria sente a utilidade e o bom
desempenho dessas estruturas intermédias, sim.“ (DAE)

“(…) grupo de pessoas que quer ir mais além e fazer diferente e ajudar os alunos, motivá-los,
saindo um bocadinho da zona de conforto, acho que consegue mobilizar a maioria dos restantes
para que se faça alguma coisa.” (CAA)

“(…) às vezes sentimo-nos cansados e sentimos o cansaço nos outros, como somos pessoas
empáticas, que gostamos de colocar no lugar dos outros, não é fácil, às vezes, percebermos que
determinadas medidas estão a ser pesadas, mas depois como acreditamos muito no percurso
que está a ser traçado e na evolução que isso irá trazer ao Agrupamento” (DAE)

“A evolução é clara. Os resultados do projeto pré-piloto SELFIE foram importantes, porque


permitiram em primeiro lugar que se tivesse a noção de que as tecnologias digitais eram pouco
utilizadas ou às vezes utilizadas, mas não da melhor forma, e isso permitiu que depois, em vez
de um plano de ação se criasse um conjunto de estratégias que incentivassem e melhorassem a
qualidade do ensino dos nossos alunos, através de estratégias e de ações que foram
consolidadas e estruturadas através de um plano de inovação. E aí claramente, através do plano
de inovação e daquilo que são as premissas do plano de inovação, foi-se buscar os resultados da
SELFIE e criaram-se ações no sentido daqueles que eram os pontos mais fracos ao nível da
SELFIE, e que estão agora a ser trabalhados com a aplicação do plano de inovação.” (CAA).

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“Nesta segunda implementação sim, sim, claramente, principalmente ao nível de noção que as
pessoas têm de alguns conceitos das perguntas que estão envolvidas, porque a sensação com
que nós ficámos é que da primeira vez houve alguns conceitos que não foram bem explicados
ou que não foram bem entendidos e como tal as pessoas nem sequer tiveram consciência, penso
eu, de algumas das respostas que deram e que não faziam sentido, agora acho que não, com o
esclarecimento desses conceitos e com a sensibilização que foi feita e a divulgação dos
resultados do primeiro selfie acho que alterou completamente.” (CAA)

“O conselho que eu daria, primeiro que tudo seria sensibilizar as pessoas, envolvê-las e motivá-
las, sem isso é difícil. É difícil, porque nunca será uma verdadeira SELFIE e nunca será imagem
real do Agrupamento. Em segundo lugar, depois da sensibilização, o conselho que eu daria era
uma definição clara e objetiva de estratégias de intervenção, uma seleção clara de duas ou três
áreas de intervenção mais fracas, não têm que ser todas, mas duas ou três, e meticulosamente
criar estratégias de atuação para essas áreas e depois, se fosse caso disso, de ano a ano ou ano
sim ano não, ir alterando essas áreas de intervenção. Mas, acho que se tiver que escolher uma,
escolho a sensibilização, sensibilizar bem.” (CAA)

“(…) só uma aplicação da ferramenta não os dá com clareza a visão do Agrupamento, para
conseguirmos ciclicamente implementar estratégias, adequar e reajustar, é fundamental, não
digo todos os anos, mas pelo menos ano sim ano não a aplicação da SELFIE, para também se
perceber a evolução do caminho que o Agrupamento está a fazer e ajustar, ajustar, ajustar,
ajustar…” (CAA)

“Pontos fortes – Criação de uma equipa de gestão pedagógica, para gerir a bolsa de assessorias
e a operacionalização dos Domínios de Autonomia Curricular (DAC) nas turmas, segundo
necessidades dos alunos e sob parecer dos Conselhos de Turma.” (Relatório OQ – 2019.2020,
p.6)

“Pontos fracos – Dificuldade em gerir os recursos humanos existentes na equipa PTE com as
necessidades ao nível tecnológico/digital do Agrupamento. Parque tecnológico insuficiente.
Pouca literacia digital ao nível do pessoal docente (40% encontravam-se nos níveis A1 e A2 -
DigiCompEdu), pessoal não docente e alunos.
Sugestões de melhoria – Continuar a promover a capacitação dos profissionais docentes e não
docentes e dos alunos, nomeadamente através da formação. Continuar a realizar contactos com
entidades locais para estabelecimento de parcerias.” (Relatório OQ – 2019.2020, p.12)

“Análise dos relatórios do Projeto de Autonomia e Flexibilidade (AF), Equipa Pedagógica (EP) e
Estratégia de Escola de Educação para a Cidadania (EEEC), a partir dos quais se realizaram as
seguintes considerações:
Pontos fracos – Dificuldades na planificação e concretização dos DAC (apesar das horas de
trabalho colaborativo atribuídas) Sugestões de melhoria – Reflexão conjunta sobre a
importância e mais-valia do trabalho colaborativo entre os docentes, com possível investimento
na formação nesta área. Reestruturação da forma de planificação, monitorização e avaliação
dos DAC. Os projetos curriculares subjacentes à criação dos DAC devem desenvolver dinâmicas
de aprendizagem centradas no aluno. Coordenação das estruturas AF, EP e EEEC estar centrada
na mesma pessoa.” (Relatório OQ – 2019.2020, p.14)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

Dimensão 6 - Sinais de melhoria na organização


“(…) nós tivemos a vantagem de ter bons professores, uns já estavam cá connosco, e outros que,
entretanto, tivemos a felicidade de ficarem cá, e aquilo que eu sinto é, esta inovação que veio,
veio sangue novo para o Agrupamento que veio puxar por bons professores que também cá
tínhamos” (DAE)

“Acho que a inovação no nosso Agrupamento veio permitir isso, fazer com que os que os que já
cá estavam e já tinham ideias fixas e os que vieram juntaram-se e puxaram por mais uma série
deles que, entretanto, estavam em hibernação e abriram os olhos, ficou aqui um bom núcleo de
professores.” (DAE)

“Vão provocando, eu acho que nós também temos que ter algum cuidado, e eu às vezes sinto
que perco um bocadinho esse cuidado com o impacto que as mudanças trazem, às vezes,
queremos ser tal maneira ambiciosos que podemos causar feridas grandes no impacto que isso
tem nos outros. Por isso, quando analisámos os resultados da SELFIE e nós sentimos que há aqui
coisas que ainda vão precisar de ser mudadas, que precisamos de mexer nelas, mas precisamos
de ter tato na forma como fazemos essas alterações.” (DAE)

“Sentimos que as nossas crianças podem ter uma avaliação mais justa, podem aproveitar
recursos e que tiveram à sua disponibilidade recursos e visões diferentes. E os professores desta
escola utilizaram diversos recursos e dinâmicas que, entretanto, foram criadas, porque se
percebeu que era importante recorrer a entidades exteriores e nós fomos à procura, isto foi
realçado no SELFIE. Fomos à procura, tentando seguir as sugestões, só que de facto às vezes não
temos mãos a medir em tantas atividades e em tantas coisas diferentes que as nossas crianças
têm disponíveis, e é isso que eu quero, que a aprendizagem não se resuma ao contexto de sala
de aula, não quero que seja apenas “agora vamos abrir na página não sei quantos e resolver os
exercícios da página não sei quantos”, não quer dizer que em certo momento isso não seja
importante e necessário mas há um mundo todo que transcende isso e que eu quero que os
meninos (…) percebam que esse mundo existe e que pode chegar à sala de aula deles.” (DAE)

“Tudo precisa do seu tempo de validade, e eu acho que a SELFIE também vai ser uma ferramenta
que nos vai apontar ações, já apontou ações de curto prazo, vai apontar ações de médio prazo
e ações de longo prazo. O que eu gostava muito é que não nos dispersarmos no meio deste
percurso todo, e que percebêssemos que estas ações de continuidade vão contribuir para daqui
a uns anos olharem para o nosso Agrupamento, como eu vejo, como uma vivência em termos
de aprendizagens dos miúdos e que os professores têm uma dinâmica de avaliação e de resposta
às diferenças das crianças, proporcionam-lhes aprendizagens significativas e diversificadas. Se
com a análise que vamos fazendo a curto, médio e a longo prazo conseguirmos lá chegar, ficarei
muito feliz.” (DAE)

“(…) eu prefiro demorar um bocadinho mais e preparar o terreno, depois fazer a pouco e pouco
até dar a atender às pessoas que a transformação veio delas para nós e, não de nós para elas,
para elas sentirem que aquilo é delas. Se conseguirmos fazer isso, porque ainda há algumas
estruturas que eu preciso, eu sinto, que ainda preciso de fazer isso, mas se eu conseguir fazê-las
ver que estão a mudar e que essa mudança veio de uma autoanálise mesmo que eu possa pôr
uns pozinhos de sugestões.” (DAE)

“Eu acho que, a pouco e pouco, as pessoas sentem que nós fazemos diferente, para melhor.”
(DAE)

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SELFIE como instrumento de apoio à gestão organizacional: um estudo de caso

“Eu acho que mais do que fazer mais, é consolidar o que já foi feito, aquilo que já está num
caminho bom.” (DAE)

“Considero que a escola está a fazer um esforço no caminho da inovação, graças à a energia e a
motivação de algumas pessoas que tentam levar as outras.” (CAA)

“Sendo que a criação do plano de inovação, porque envolveu todos, porque todas as estruturas
foram questionadas e deram a sua opinião relativamente ao que viria a ser o nosso atual plano
de inovação, penso que dessa forma toda a gente contribuiu, toda a gente pôde dar a sua
opinião o seu contributo, se não fez é porque achou que o que estava, estava bem, mas, todos
foram chamados a dar opinião. Eu penso quando as pessoas se envolvem e todos são chamados
a dar opinião, depois é mais fácil de implementar e das pessoas conseguirem, da escola em si
conseguir chegar a algum lado.” (CAA)

“Nós fomos pré-piloto e estávamos a partir pedra, a desbravar um terreno que estava
desconhecido no nosso país. O Instituto reconheceu o nosso papel fundamental neste empenho
sério que houve da equipa, e isso acabou por se revelar depois em várias ocasiões.” (DAE)

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