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A exibição dos chamados filmes mudos era acompanhada por música, tocada por um
pianista ou por uma orquestra. Nalguns casos, tentava-se fazer coincidir as imagens
vinil. Estes sistemas tiveram pouco sucesso antes de meados da década de 1920. O som
Este desejo do som sincronizado com a imagem foi parcialmente concretizado com
o lançamento do famoso The Jazz Singer (O Cantor de Jazz), em 1927 pelo estúdio Warner
Bros. Foi um grande sucesso de bilheteira. Mas, tal como em relação à corrida entre os
críticos e realizadores temeram que longas cenas de diálogo, muitas vezes vindas de
chegaram à conclusão de que o som podia ser usado de uma forma imaginativa e que
demonstrava este ponto de vista numa entrevista. Afirmava então ele que esteve
sempre interessado na música e nos filmes na época do cinema mudo. Sempre tinha
controlada por quem produzia o filme. Desta forma, as imagens e os sons podiam ser
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França, destacaram-se Sous les toits de Paris (Sob os Telhados de Paris, 1930), À nous la liberté
(1931), e Le million (O Milhão, 1931), todas realizadas por René Clair. No Japão, Madamu to
nyobo (1931), dirigido por Heinosuke Gosho. No Reino Unido, Blackmail (Chantagem,
1929), da autoria de Hitchcock. De qualquer modo, os três países que deram contributos
Alemanha.
Estados Unidos
Os EUA foi o primeiro país a adoptar em grande escala as novas tecnologias do som, da
qual o sistema que seria tecnicamente viável. Existam diversas alternativas em cima da
mesa, do Phonofilm de Lee DeForest mostrado em 1923 (no qual o som era registado na
película) às propostas da Western Electric em 1925 (no qual o som era registado num
em 1926, com oito curtas-metragens. Incluídos nesse lote estavam uma aria da ópera
censura dos filmes americanos. Antes de The Jazz Singer, o realizador Alan Crosland foi
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responsável por outro filme, Don Juan (1926), apenas com música gravada. A 6 de
Outubro de 1927, a Warner estreia The Jazz Singer, com a estrela de variedades Al Jolson.
quatro cenas o cantor fala e canta. Isto faz dele um talkie (nome dado aos filmes falados)
parcial. O mesmo estúdio viria a produzir vários até chegar ao primeiro talkie total: The
filmes de atualidades exibidos nas salas (newsreels), como os que davam a notícia do
incrível voo de Charles Lindbergh de Nova Iorque até Paris. Foi ainda usado em Sunrise:
A Song of Two Humans (Aurora, 1927), um dos filmes da fase americana da filmografia de
integrada na United Artists) — não apostaram logo no som. A sua cautela tinha a ver
1929 nos EUA. O resultado foi que muitos filmes americanos eram lançados,
americana. Até porque muitos dos pequenos exibidores foram à falência, sem
capacidade para competir com o novo espectáculo oferecido pelo cinema sonorizado.
Cineastas e técnicos tiveram de lidar com uma nova tecnologia que não era
sonoras era laboriosa. As cenas tinham de ser filmadas por múltiplas câmaras em
cabines acústicas, que impediam que os ruídos das câmaras ficassem na gravação
sonora. Estas cabines constrangiam os movimentos que as câmaras podiam fazer. Daí
panorâmicas curtas. Estas dificuldades estão bem patentes em Singin’ in the Rain
Seja como for, ainda que muitos filmes apresentassem diálogos filmados com uma
imaginativo. O musical, um género tornado possível com o sonoro, foi um desses focos
disso. O filme abre num piso com muitas salas de ensaio musical, o que cria uma
cacofonia a partir das diferentes peças musicais que estão a ser tocadas em simultâneo.
Há ainda cortes abruptos de um som para o outro, à medida que vamos mudando de
canção.
Ernst Lubitsch, grande cineasta alemão que emigrou para os EUA, trouxe a
espirituosidade dos seus filmes mudos para o musical The Love Parade (A Parada do Amor,
1929), o seu terceiro filme sonoro. É um filme de época cuja acção se situa num mítico
país da Europa oriental. Numa comédia de géneros trocados, o Conde Albert casa com
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a Rainha Louise, descobrindo depois que ele não tem mão nem no seu casamento nem
nos assuntos de estado. Ainda que o filme tenha sido quase todo filmado em estúdio,
Lubitsch evitou o uso de múltiplas câmaras na maioria das cenas. Em muitas ocasiões,
o realizador indicou aos actores quando queria que eles parassem de falar, cortavam, e
mudavam a câmara para filmar a fala seguinte. Era mais simples montar o filme sem
Parade”, em que o som atravessa os cortes, várias câmaras tiveram de ser utilizadas.
Outros números como “Paris, Please Stay the Same” recorrem a técnicas mais
que mostra o Conde a cantar à janela, dizendo adeus a Paris, que acaba por se tornar
americanos negros. Não havia equipamento portátil para filmar cenas de exteriores, já
muito controladas. A solução foi rodar perto de metade do filme em exteriores como se
fosse um filme mudo. Isto permitiu a libertação da câmara em cenas como aquela em
que a família canta e carrega a colheita do campo de algodão. Esta obra utilizou ainda
múltiplas câmaras nalgumas cenas, que eram alinhadas frente ao centro da acção, o
que resultava na sobreposição de porções de espaço de plano para plano. Este sistema
era utilizado porque as cenas eram filmadas do princípio ao fim, sem interrupções, e os
cineastas queriam ter ao seu dispor diversos pontos de vista e escalas na etapa da
montagem. (Repare-se, no entanto, que quando Spunk chega há um corte para um
sincronizado, foi parcialmente improvisado pelos actores. Eles falam rápido, muitas
das vezes interrompendo-se, criando um ritmo mais vivo do que aquele que
encontramos na maior parte dos talkies iniciais. Embora o estúdio tenha insistido na
inclusão de duas canções do popular compositor Irving Berlin, a banda sonora do filme
tocada em banjos, kazoos, e uma harmónica de igreja. Vidor, que teve que investir o seu
salário na produção porque a MGM achava o projecto muito arriscado, queria criar um
retrato dos negros que fugisse aos estereótipos. A tentativa de abordar uma esfera
social neglicenciada por Hollywood e o uso criativo do som tornaram Hallelujah! num
O cinema sonorizado surgiu aos olhos de muitos cineastas como uma ameaça.
poder que detinha, dada a sua popularidade, Chaplin conseguiu continuar a fazer
filmes sem diálogos gravados, utilizando o som apenas para a música e os efeitos
sonoros. Em City Lights (Luzes da Cidade, 1931), num gesto experimental, Chaplin brinca
União Soviética
uso contrapontual do som. Isso mesmo defendia uma declaração de 1928, redigida por
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servir-lhe de contraponto. Bons exemplos disso são Odna (1931) e Dezertir (1933). O
primeiro, realizado por Grigori Kozintsev e Leonid Trauberg, foi rodado como mudo
sendo depois completado com sons cujas fontes são, em muitos momentos,
contraditórias. O segundo, foi dirigido por Vsevolod Pudovkin, e usa uma montagem
1931) de Dziga Vertov é outro exemplo, embora não seja dos filmes mais valiosos deste
som.
(1933) ocupa um papel de relevo. É esta importância artística e histórica que justificou o
destaque da sua apresentação no Festival de Berlim de 2012 numa nova cópia. Foi o
primeiro filme sonoro realizado por Boris Barnet e tornou-se uma das suas obras mais
Guerra Mundial numa pequena povoação anónima do Império Russo, próxima da qual
formas. Rapidamente são reprimidos com violência — o som seco dos cascos dos
cavalos e os gritos intensos saturam este momento. Depois, estala o conflito militar
entre os impérios Alemão e Russo. Petrovich (Sergey Komarov) perde o amigo alemão,
alemães não tardam em chegar à povoação. Anka, uma rapariga russa, envolve-se com
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um deles, outro sapateiro feito soldado, que será violentamente agredido por russos,
notícia da morte do seu filho mais novo e do internamento do mais velho, é que acaba
implícito, mas também para os efeitos cómicos dignos do grande cinema burlesco.
cansado de puxar carroças, que surge logo nos primeiros minutos, é apenas um
exemplo.
Alemanha
Apesar da partida de muitos cineastas para os EUA, o período inicial do cinema sonoro
na Alemanha foi muito criativo antes do regime nazi subir ao poder em 1933. Técnicos e
O veterano G. W. Pabst fez alguns filmes notáveis no início do sonoro, entre eles
Westfront 1918 (Quatro de Infantaria, 1930) e Kamaradschaft (1931). Ambos são filmes
conflito sem sentido que foi a Primeira Guerra Mundial. O filme mostra as condições
em que viveram os soldados na frente de batalha. Numa cena, o protagonista regressa a
casa e encontra a mulher na cama com outro homem. Perto do fim, no hospital militar,
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entre feridos e moribundos, ele perdoa à mulher às portas da morte, declarando que
“somos todos culpados”. O filme termina com a inscrição “O Fim” seguida de um ponto
salvarem camaradas franceses depois de um desastre numa mina. Os perigos que vão
O primeiro filme sonoro de Fritz Lang, que tinha sido uma figura de proa do
Expressionismo Alemão com filmes como o díptico Die Nibelungen (Os Nibelungos, 1924),
M (Matou!, 1931), é um dos filmes-chave desta época. O filme conta a história da caça a
eles próprios que capturam o homicida e o julgam. Lang escolheu não usar música não-
diegética (que não provém do universo narrativo, cuja a fonte não é vista no ecrã nem
efeitos sonoros. Sem se focar em apenas uma personagem, ele usa uma montagem que
não hesita nem se detém em detalhes menores, movendo-se entre várias personagens.
O som permite cozer momentos em diversos locais, evitando cenas longas e estáticas.
Lang experimenta com pontes sonoras, tão comuns hoje em dia, prolongando o som
(particularmente as vozes) de uma cena para outra. Na apresentação das duas caças ao
homem, da polícia e dos criminosos, o som e a imagem criam paralelos entre as duas
enquadramento e levando à sua captura. Lang realizou ainda Das Testament des Dr.
artístico do som no cinema, reflectindo sobre a relação entre a fala e o corpo (e a sua
ausência).