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1. Introdução
O princípio básico da produção de forrageiras é a transformação da energia solar em compostos
orgânicos, via fotossíntese. Nesse processo, a umidade do solo, o CO 2 do ar, a capacidade fotossintética
das folhas além, naturalmente da luz solar, constituem os principais fatores. Sem dúvida o nível de
fertilidade do solo também tem papel importante na produtividade das forrageiras (Gomide, 1994).
Também interferem nesse processo, a temperatura, a própria espécie forrageira, o animal, pela ação
exercida sobre o solo, planta e clima e o homem, através do manejo dado a todos os demais fatores. Ou
seja, conclui-se que é impossível pensar isoladamente na planta forrageira, já que ela é um dos fatores que
compõe um sistema de produção animal baseado em pastagens.
Apresentando o acima exposto de maneira mais didática temos na figura 1 os componentes de um
sistema de produção animal baseado em pastagens, que são a imensa maioria dos sistemas de produção do
Brasil. Os componentes desse sistema são os seguintes:
1) clima: representado por radiação solar, temperatura, umidade relativa do ar, precipitação, geadas,
granizo, ventos, neve.
2) solo: com todas as suas características físicas, químicas e biológicas.
3) planta: com suas características de produtividade, composição química e morfofisiológicas.
4) animal: espécie, raça, sexo, idade, peso vivo, estado nutricional, tratamento prévio.
5) homem: este atua manejando os outros 4 componentes do sistema sempre que possível.
________________________________
1
Engo.Agro. M.Sc. Pesquisador da UEP-TO / Embrapa Cerrados. Av. Teotônio Segurado, 1501 Sul – cx postal 96 –
77.054-970 – Palmas-TO. cunhamk@cpac.embrapa.br
2
Tec. Agropec. UEP-TO/Embrapa Cerrados. Av. Teotônio Segurado, 1501 Sul – cx postal 96 – 77.054-970 –
Palmas-TO. zemarcelo@cpac.embrapa.br
3
Acadêmico do curso de Eng. Agrícola do Ceulp/Ulbra. Estagiário da UEP-TO/Embrapa Cerrados.
wedereira@yahoo.com.br
Entre os exemplos da influência do homem sobre os demais componentes do sistema tem-se: a)
maneja o fator precipitação, com uso da irrigação. b) através de adubações pode interferir nas
propriedades do solo. c) através de manejo das pastagens pode alterar a produtividade e composição
química das mesmas. d) dividindo os animais em lotes pode uniformizar esse componente.
MANEJO
CLIMA
SOLO ANIMAL
PLANTA
0,8
0,6
0,4
0,2
0
b1
b2
b3
1
2
3
4
5
6
7
8
p1
p2
p3
fo
fo
fo
fo
fo
fo
fo
fo
su
su
su
su
su
su
GPD/CAB (g/cab/dia) GPD/ha (g/ha/dia)
Figura 3. Influência da pressão de pastejo sobre o desempenho animal e por área (Adaptado de MOTT,
1960). Sub- subpastejo; fo- faixa ótima; sup- superpastejo; GPD- ganho de peso diário; cab- cabeça.
Em sistemas de produção onde se pretende alcançar lotações elevadas durante o ano (sistemas
intensivos) a suplementação dos animais é uma premissa básica para que o desempenho dos animais não
venha a decrescer por falta de alimento na estação seca do ano. Para tanto, sistemas de produção de
ruminantes baseados em pastagens devem utilizar uma ferramenta chamada de: planejamento alimentar.
A primeira providência a ser tomada seria o levantamento das pastagens e determinação de sua
produtividade ao longo do ano, juntamente com a evolução do rebanho mês a mês, dividindo-se o mesmo
de acordo com as diferentes categorias do rebanho e com desempenhos previamente planejados. Isso é
necessário, visto que a produção das pastagens, em nosso meio, é estacional sendo concentrada no período
das águas e muito reduzida no período seco. A situação ideal seria coincidir a curva anual de crescimento
das pastagens de uma propriedade com as necessidades nutricionais dos animais do rebanho em questão.
Isso, por sua vez, só é possível em sistemas extensivos onde o administrador opta por lotar suas pastagens
o ano todo com a capacidade de suporte do período de menor crescimento das pastagens (seca), e assim a
eficiência de pastejo desse sistema é muito baixa, pois há um excedente muito grande de forragem não
utilizado durante o período das águas, refletindo diretamente sobre a rentabilidade da atividade, que se
torna pouco atrativa.
Sistemas que procuram explorar de forma mais intensiva as pastagens são aqueles onde se lota as
pastagens de forma a consumir com eficiência de pastejo satisfatória a grande produção forrageira das
águas, obviamente que nestes sistemas, no período seco, algumas medidas devem ser adotadas, em
conjunto ou isoladamente, para que os animais que ficam na propriedade não sofram restrições
alimentares, entre elas: fenação ou ensilagem da produção excedente das pastagens, formação de
capineiras, ensilagem de culturas anuais como milho, sorgo e milheto, confinamento, irrigação de
pastagens, adubação de pastagens, venda e/ou descarte programado de animais no fim das águas e início
da seca e arrendamento de outras áreas de pastagem. Todas essas alternativas têm por objetivo satisfazer
às necessidades nutricionais dos animais que ficam na propriedade na estação seca e assim alcançar níveis
de produção previamente planejados. Algumas alternativas permitem explorações mais intensivas
(maiores lotações, maiores produtividades), porém apresentam maiores riscos ao investimento, além de
investimentos maiores, e são mais dependentes de mercado e condições climáticas para sua máxima
eficiência. Obviamente que, a relação custo/benefício deve ser medida em todas essas alternativas e deve-
se verificar o benefício que essas alternativas trazem para o sistema como um todo, durante todo o ano,
pois, de maneira geral, são usadas como ferramentas do manejo de pastagens, para explorar de maneira
mais intensiva todo o potencial produtivo das mesmas nas águas. Também, deve-se levar em consideração
que tais sistemas, por serem mais intensivos, requerem um nível administrativo e gerencial mais refinado e
mão-de-obra treinada e qualificada, já que algumas operações de rotina exigem melhor preparo. Os riscos
do investimento também devem ser levados em consideração, sendo que, é comum, o aumento dos
mesmos em relação ao sistema de produção extensivo, mas são ainda bastante seguros.
A lotação de uma determinada pastagem associado ao tempo de pastejo dessa (que é determinado
em função da quantidade e qualidade da pastagem, do uso ou não de suplementos e das necessidades
nutricionais dos animais para alcançar determinados desempenhos) influenciam de maneira decisiva na
severidade de desfolha dessa. O período de descanso dessa pastagem deverá ser tal que permita o
restabelecimento de nova produção de massa para novo período de ocupação. Quando um desses três
componentes de um sistema de pastoreio rotacionado está desequilibrado, leva, mais cedo ou mais tarde,
essa pastagem a um declínio em sua produtividade, decorrente da perda de vigor das plantas componentes
da pastagem. Instala-se, pois, o processo de degradação na pastagem, quando o manejo da mesma não é
feito de maneira correta.
A capacidade de fotossíntese da pastagem após desfolha depende da quantidade de área foliar
remanescente e de sua capacidade fotossintética. E esta depende do ambiente luminoso em que estas
folhas foram formadas. Como conseqüência, a rebrota inicialmente é lenta, até que um número suficiente
de novas folhas tenha se expandido e restabeleça a fotossíntese do dossel. A área foliar residual é
dependente da intensidade de desfolha, quando severa, a fixação de carbono pode ser insuficiente para
assegurar mantença dos tecidos remanescentes e para a síntese de nova área foliar. Nesta situação, a
produção de novas folhas necessita do aporte das reservas, fazendo com que aumente a duração do
período de rebrota e a pastagem continue a ter um ganho líquido de material vivo por um período
relativamente longo. Como também ocorrem “perdas” de carbono pela respiração, há uma perda inicial de
massa da vegetação. Este balanço de carbono se tornará positivo depois que a área de folhas produzidas
for suficiente para assimilar uma quantidade de carbono que exceda as perdas por respiração e
senescência. Portanto, quanto mais severa a desfolhação maior é a fase de balanço negativo. Mas,
desfolhação intensa também significa menor quantidade de folhas velhas remanescentes e a renovação é
maior, enquanto que em um pastejo leve muitas folhas restantes já têm uma certa idade e mais cedo
entrarão em senescência. A duração de vida das folhas é característica inerente ao genótipo, podendo ser
afetada por condições de ambiente. O conhecimento dessa característica é importante para determinar o
período de descanso da pastagem (Maraschin, 2001).
Plantas forrageiras de crescimento ereto ou cespitoso, quando submetidas a pastejo intenso e
contínuo, apresentam-se menos vigorosas em sua rebrota, com reduzido sistema radicular e menor
produção de forragem, expondo o solo ao processo erosivo, pela ação das chuvas e do vento, com
conseqüente perda de água e infestação de plantas invasoras. Por outro lado, o subpastejo também
apresenta efeito indesejável na pastagem, como as perdas e a reduzida qualidade nutritiva da forragem.
Devido ao intenso crescimento das gramíneas tropicais na primavera e verão, elas são freqüentemente sub
utilizadas, o que resulta em sombreamento das gemas basais e baixo perfilhamento. Sabendo disso, deve-
se manejar a pastagem de modo a alcançar uma pressão de pastejo em que não haja nenhum dos extremos
citados, pois assim, segundo Zimmer et al. (2002), haverá deposição de palha e raízes mortas no solo o
que favorece a infiltração de água, estimula a micro e mesofauna do solo, minimiza os problemas de
compactação e aumenta a aeração do solo, reduzindo a erosão eólica e laminar.
Contudo, é importante que se saiba que as pastagens raramente estão em equilíbrio, pois na
maioria das vezes os animais consomem quantidades de forragem acima ou abaixo do que está sendo
produzido. Mas, é fundamental que o técnico, proprietário, administrador e mão-de-obra operacional que
planejam, executam e monitoram um sistema de exploração em pastagens, tenham como objetivo a busca
de um equilíbrio nas pastagens, pois isso, sem dúvida, é importante para a persistência e vigor da
produção da pastagem. E isso só pode ser conseguido através da combinação adequada dos fatores
ambientais com aqueles controlados pelo homem, quais sejam: pressão de pastejo, períodos de ocupação e
descanso. Esse último, muitas vezes tende a ser pré-definido por alguns técnicos conforme a espécie
forrageira e a época do ano o que, sem dúvida, consiste em uma tentativa de simplificar ao extremo o
manejo das pastagens, visto que o período de descanso de qualquer pastagem deveria ser definido com
base nos seguintes fatores:
- Condições edafoclimáticas;
- Índice de área foliar remanescente após o pastejo (quantidade e qualidade);
- Percentual de meristemas apicais remanescentes após o pastejo;
- Quantidade de substâncias de reserva das plantas da pastagem; e
- Desempenho animal planejado.
Portanto, pode-se concluir que, por exemplo, no mês de janeiro, para pastagens de Brachiaria
brizantha cv. Marandu, dificilmente ter-se-á o mesmo período de descanso já que fatores como fertilidade
do solo, precipitação pluviométrica, índice de área foliar, meristemas apicais remanescente após o pastejo
e as reservas das plantas dessa pastagem influenciam de maneira mais determinante esse período do que a
espécie forrageira e a época do ano. Outro fator muito pouco comentado, porém que também deve ser
considerado para determinar esse período é o desempenho planejado para os animais, visto que, ganhos de
peso de menor ordem podem ser obtidos com maior pressão de pastejo e menor qualidade de forragem,
porém ganhos superiores a 600 g/cab/dia só poderão ser obtidos com menores pressões de pastejo e com
forragem de qualidade melhor (considerando que os demais fatores, como suplementação, por exemplo,
permanecem inalterados), ou seja, com menores períodos de descanso, para proporcionar melhor
qualidade de forragem.
Onde:
PV- peso vivo, em kg; e cab- cabeças
Pois bem, quando se interfere em um sistema de produção animal baseado em pastagem através
do melhor aproveitamento da forragem produzida nas pastagens otimiza-se a lotação desse sistema sem
prejudicar e, por vezes, até mesmo melhorando o desempenho dos animais, logrando-se, dessa maneira,
uma maior produtividade. Isso, em muitos sistemas de produção é conseguido sem investimentos, ou seja,
apenas adequando-se os animais em lotes e racionalizando as áreas de pastagens em setores. Porém, em
outros sistemas algum investimento, principalmente em divisão de pastagens se faz necessário para que
isso seja atingido.
Esse investimento em divisão de pastagens, quando necessário, é de custo/benefício muito
favorável, principalmente quando é feito nas pastagens mais produtivas do sistema e lotes de animais mais
jovens são usados para pastejo, notadamente animais de recria, que além de serem de peso relativamente
baixo dentro do rebanho, apresentam uma das melhores conversões de forragem em carne, no caso de
raças de bovinos de corte. Para exemplificar o acima exposto considera-se uma pastagem com
produtividade de 16 t/ha/ano de matéria seca, ocupada com animais de recria (média anual de peso ao
redor de 300 kg PV) durante todo o ano, onde a eficiência de pastejo é da ordem de 25%, ou seja, os
animais ingerem apenas 25% do que é produzido, e, portanto ter-se-á aproximadamente um receita bruta
nesse sistema de R$ 440,00. Porém, consegue-se, facilmente, obter nessa pastagem eficiência da ordem de
45%, com a mesma categoria animal e isso representa, conforme pode ser visto na tabela abaixo, um
ganho de aproximadamente R$ 350,00/ha/ano, com um valor de R$ 40,00/@. Isso, em muitos sistemas
pode ser alcançado sem maiores investimentos em divisão de pastagens, porém mesmo quando elas se
fazem necessárias, o investimento é plenamente viável, já que o investimento feito é pago, na maioria das
vezes com menos de 12 meses e a vida útil dessas varia de 7 a 20 anos dependendo do material com que a
mesma é feita.
Cabe ressaltar que se essa mudança de manejo, através ou não do investimento em divisão de
pastagens, é feita para pastagens menos produtivas, por exemplo, 10 t/ha/ano de matéria seca, representará
um ganho de aproximadamente R$ 220,00/ha/ano, com o mesmo valor de referência para a @ do boi
gordo, fato pelo qual já foi alertado anteriormente que o investimento deve ser feito em pastagens mais
produtivas quando se quer melhores relações custo/benefício através da melhoria na eficiência de pastejo.
Quando o valor da @ do boi sobe para R$ 50,00 podemos verificar, pela tabela 2, que a relação
custo/benefício fica ainda mais favorável, quando se melhora a eficiência de pastejo em uma determinada
produtividade primária das pastagens. Seguindo por essa linha de raciocínio pode-se notar que em
produtividades primárias bastante reduzidas (6.000 e 8.000 kg MS/ha/ano) muitas vezes, além de melhorar
a eficiência de pastejo (essa melhoria deve ser feita sem nenhum ou baixo investimento já que nesse
patamar de produtividade de pastagens a relação custo/benefício é pouco favorável para investimentos
dessa natureza, conforme já foi ressaltado anteriormente) deve-se investir em tecnologias no sentido de
aumentar essa produtividade primária.
Para análise das tabelas abaixo foram considerados como valor base as receitas brutas obtidas com
a eficiência de pastejo de 15% para cada produtividade primária, assim sendo, por exemplo, a receita
bruta, em R$/ha/ano, para um sistema de produção com produtividade primária de 10.000 kg MS/ha/ano e
eficiência de pastejo de 15% é de R$ 166,29/ha/ano, já para outro com a mesma produtividade primária,
porém com eficiência de pastejo de 40% a receita bruta já é de R$ 443,44/ha/ano (166,29 + 277,15), ou
seja, quando se eleva a eficiência de pastejo de 15 para 40%, nesse patamar de produtividade primária,
temos um acréscimo de R$ 277,15/ha/ano na receita bruta da atividade. Raciocínio análogo deve ser feito
para as demais produtividades primárias.
Obviamente que os valores apresentados nas tabelas 1 e 2 são valores aproximados oriundo de
simulações e suposições, porém podem ser usados como referência.
Tabela 1. Simulação do comportamento da receita bruta (em R$/ha/ano) em sistemas produtivos com
diferentes produtividades primárias (kg MS/ha/ano) e eficiências de pastejo (%). @ do boi gordo R$
40,00.
6.000 99,78 33,26 66,52 99,78 133,03 166,29 199,55 232,81 266,07
8.000 133,03 44,34 88,69 133,03 177,38 221,72 266,07 310,41 354,76
10.000 166,29 55,43 110,86 166,29 221,72 277,15 332,58 388,01 443,44
12.000 199,55 66,52 133,03 199,55 266,07 332,58 399,10 465,62 532,13
14.000 232,81 77,60 155,21 232,81 310,41 388,01 465,62 543,22 620,82
16.000 266,07 88,69 177,38 266,07 354,76 443,44 532,13 620,82 709,51
18.000 299,33 99,78 199,55 299,33 399,10 498,88 598,65 698,43 798,20
20.000 332,58 110,86 221,72 332,58 443,44 554,31 665,17 776,03 886,89
* Supondo que 1 UA consome 2% PV diariamente em MS. E que o rebanho em média tem 0,67UA/cab e que o ganho
Gpd médio é de 0,5 kg/c/d. Rendimento de carcaça de 50%. R$ 40,00/@. 40
Tabela 2. Simulação do comportamento da receita bruta (em R$/ha/ano) em sistemas produtivos com
diferentes produtividades primárias (kg MS/ha/ano) e eficiências de pastejo (%). Valor da @ do boi gordo
R$ 50,00.
6.000 124,72 41,57 83,15 124,72 166,29 207,86 249,44 291,01 332,58
8.000 166,29 55,43 110,86 166,29 221,72 277,15 332,58 388,01 443,44
10.000 207,86 69,29 138,58 207,86 277,15 346,44 415,73 485,02 554,31
12.000 249,44 83,15 166,29 249,44 332,58 415,73 498,88 582,02 665,17
14.000 291,01 97,00 194,01 291,01 388,01 485,02 582,02 679,02 776,03
16.000 332,58 110,86 221,72 332,58 443,44 554,31 665,17 776,03 886,89
18.000 374,16 124,72 249,44 374,16 498,88 623,59 748,31 873,03 997,75
20.000 415,73 138,58 277,15 415,73 554,31 692,88 831,46 970,04 1108,61
* Supondo que 1 UA consome 2% PV diariamente em MS. E que o rebanho em média tem 0,67UA/cab e que o ganho
Gpd médio é de 0,5 kg/c/d. Rendimento de carcaça de 50%. R$ 50,00/@. 50
4. Considerações finais
Atualmente, os sistemas de produção de ruminantes bem sucedidos e sustentáveis são aqueles que,
em primeiro lugar, exploram de maneira racional as suas pastagens, pois de nada adianta produzir muita
forragem (aumentar a produtividade das pastagens) com investimentos em algumas tecnologias e
aproveitar pouco essa forragem produzida, tendo como resultado uma relação custo/benefício
desfavorável ou pouco atrativa. No outro extremo temos os sistemas que tem baixa produtividade em suas
pastagens, com pouco ou nenhum investimento em pastagens, e ainda com manejo irracional das mesmas
conduzindo-as ao processo de degradação, que primeiramente causa impactos na produtividade e
lucratividade do sistema de produção, porém, ao passo que avança o tempo e perdura tal situação de
descaso ocorrem impactos ambientais sobre os recursos naturais.
Pode-se concluir que os sistemas de produção racionais não são aqueles que têm produtividades
animais (@/ha/ano) extremamente altas, nem extremamente baixas, e sim aqueles que estão entre estes
dois, pois dentro de uma propriedade, onde é desenvolvido um determinado sistema de produção, tem-se
pastagens com diferentes níveis de produtividade primária (t MS/ha/ano) devido, principalmente, as
características de solo, espécie forrageira e investimento em correção da fertilidade do solo. Baseado nessa
produtividade primária deve-se fazer investimentos para melhorar a eficiência de pastejo nas mais
produtivas no sentido de melhorar as produtividades secundárias (@/ha/ano) dessas e do sistema como um
todo, sempre dando prioridade ao uso de animais de recria nessas áreas. Deve-se sempre observar que
antes de se investir em aumentos de produtividade das pastagens deve-se melhorar a eficiência de colheita
da forragem já produzida nessa pastagem (eficiência de pastejo) já que esse é o processo mais racional
quando se deseja incrementar a produtividade do sistema como um todo com relação custo/benefício mais
favorável.
Sistemas com produtividades animais extremamente altas são possíveis de serem alcançados
quando na estação da seca há alguns recursos para ajuste de carga animal nas pastagens, entre os quais
pode-se citar: confinamento, semi-confinamento, arrendamento de pastagens e irrigação de pastagens.
Porém, ressalta-se novamente, que a relação custo/benefício dessas alternativas deve ser analisada antes de
ser incorporada a um determinado sistema de produção. Outrossim, essas explorações mais intensivas, se
feitas sem o devido planejamento e acompanhamento técnico estão fadadas ao insucesso já que a gestão
desse sistema produtivo torna-se bastante complexa.
Por fim cabe ressaltar que de nada adianta a melhor terra, os melhores animais e o melhor clima,
pois a gestão dos sistemas de produção é, atualmente, o grande diferencial entre o sucesso e o fracasso dos
diversos empreendimentos agropecuários que se apresentam no Brasil.
5. Referências bibliográficas
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Desenvolvimento de Sistemas de Produção de Forragens. In: A . M. Peixoto, J.C. de Moura e V.P. de
Faria (ed.). Pastagens: fundamentos da exploração racional. FEALQ, Piracicaba-SP. 2. Ed. 1994. p.
279 – 336.
- GOMIDE, J.A. Fisiologia do Crescimento livre de Plantas Forrageiras. In: A.M. Peixoto, J.C. de
Moura e V.P. de Faria (ed.). Pastagens: fundamentos da exploração racional. FEALQ, Piracicaba-SP.
2. Ed. 1994. p. 1 – 14.
- MARASCHIN, G.E. Caracterização de Sistemas de Produção em Pastagens. In: A.M. Peixoto, J.C. de
Moura, S. C. da Silva e V.P. de Faria (ed.). Anais do 18o Simpósio sobre Manejo da Pastagem –
Planejamento de Sistemas de Produção em Pastagens. FEALQ, Piracicaba-SP. 2001. p. 1 – 60.
- MOTT, G.O. Grazing pressure and measurement of pasture production. Proc. 8 th Intl. Grassld. Congr.
England. P.606. 1960.