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O Tempo Tríbio da CPLP:

Defesa e Segurança no âmbito da CPLP

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Unidade Curricular: Lusofonia e CPLP
Docente: Pedro Borges Graça
Alunos: Luís Lança, Isabela Real, Vítor Banho, Laura Cavalcante, João
Garcia Castro
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Introdução
1. O surgimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Diante do cenário sociocultural internacional, no século XX, entre os países uma vez
colonizados por Portugal, surge o sentimento e a ambição de oficializar a criação de
uma comunidade de países e povos que possuem além de uma herança histórica comum
– a língua portuguesa – uma visão compartilhada de desenvolvimento e
democracia entre si. Um discurso muitas vezes esquecido ao longo dos anos, uma vez
que Portugal e outros países da agora CPLP estavam a passar por períodos conturbados
de conflitos, mas que foi relembrado e finalmente posto em prática na década de 90,
mais especificamente em novembro de 1989, no Maranhão, onde sucedeu a primeira
reunião dos Chefes de Estado dos países de Língua Portuguesa ,ou seja, Angola, Brasil,
Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São-Tomé e Príncipe, sendo este o primeiro
passo concreto para o processo da criação da CPLP. Nesse âmbito, foi estabelecido o
Instituto Nacional da Língua Portuguesa, o qual tem a função de promover e difundir o
idioma.

No entanto, foi somente no dia 17 de julho de 1996, após o Encontro realizado no ano
anterior - no qual os sete Ministros voltaram a reunir-se, tendo reafirmado a importância
da constituição da CPLP para os seus países - que foi realizada uma Cimeira de Chefes
de Estado que formalizou a criação da CPLP. Passado seis anos, no dia 20 de maio do
ano de 2002, após a independência de Timor-Leste, o mesmo tornou-se o oitavo estado-
membro da comunidade, e, depois de alguns anos, em 2014, a Guiné-Equatorial também
se tornou membro da comunidade passando a ser nove os membros da comunidade.

Nesse sentido, com a execução da CPLP foi traçado uma intenção comum de projetar e
consolidar, no plano exterior, os particulares laços de amizade entre os países de língua
portuguesa, e assim permitindo que essas nações melhorem a sua aptidão no que diz
respeito a defender os seus valores e interesses, debruçando-se principalmente na
defesa da democracia, na promoção do desenvolvimento e na criação de um ambiente
internacional mais pacífico e estável.
Por conseguinte, de acordo com os seus estatutos, a CPLP tem como objetivos gerais: a
concertação político-diplomática entre os países-membros; a colaboração em todas as
vertentes, inclusive a da educação, saúde, ciência, defesa, agricultura, administração
pública, justiça e projetos de promoção e difusão da língua portuguesa.
2. A criação do Protocolo de Cooperação da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa no Domínio da Defesa

Dois anos após a criação da CPLP, nos dias 20 e 21 de julho de 1998, houve a primeira
reunião entre os Ministros de Defesa dos Estados, e é a partir dessa data que se
inaugura uma nova fase de cooperação em Defesa. Nessa reunião, foram tratados
diferentes temas que teriam como objetivo aumentar a cooperação no âmbito da defesa
e segurança entre os estados, a transformar, assim, seu relacionamento multilateral essa
cooperação seria feita através de ciclos de conferências anuais de segurança e defesa, na
preparação e no treino de militares adequados para a participação em operações
humanitárias e de manutenção da paz nomeadamente capacetes azuis, criação e a
sustentação de estabelecimentos de ensino militar para o emprego comum e a criação do
CAE/CPLP (Centro de Análise Estratégica), sediado em Maputo e com núcleos em cada
um dos países.

Dessa forma, um dos protocolos desenvolvidos nesse processo de execução da CPLP foi
o Protocolo de Cooperação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa no
Domínio da Defesa, realizado na Cidade de Praia, em 2006, onde se reconheceu a
necessidade de aproximar as relações na cooperação nos assuntos de defesa entre os
Estados Membros e ficaram determinados a garantir a paz, a segurança e a defesa e,
ainda, aumentar os laços de solidariedade entre os membros, de modo a lembrar que
todos esses fatores são principais para uma cooperação proveitosa.
De acordo com o protocolo, os seus objetivos específicos envolvem: criar uma partilha
comum de conhecimentos nos assuntos da defesa Militar; promover uma política
comum de cooperação nas áreas da defesa e na área militar; contribuir para o progresso
das competências internas através do fortalecimento das Forças Armadas dos países-
membros da CPLP. Além disso, o documento conta ainda (Artigo 4°) com princípios
fundamentais que se constituem para a formação da componente de defesa da
CPLP como aparelho de manutenção da paz e segurança.

Assim sendo, a levar em consideração os parágrafos anteriores, a presente pesquisa tem


como propósito analisar, refletir e debater acerca de como esse relacionamento
multilateral tem se desenvolvido ao passar do século e quais são os desafios e
dificuldades encontrados pelos Estados membros que, por mais que estejam ligados a
todos as regiões reconhecidos pela ONU em termos geopolíticos (África, Ásia-Pacífico,
Europa e Américas), encontram ao reconhecer seu caminho em uma Cooperação
destinada a defesa e segurança (inter)nacional e como essas dificuldades influenciam
nas oportunidades que podem ser perdidas caso os objetivos propostos pelo Protocolo
sejam negligenciados, como costuma acontecer grandemente no Sistema Internacional.

A identidade da CPLP – domínio da defesa


A identidade da Comunidade dos Países de língua oficial portuguesa, nasceu no seio de
um conjunto de países com um passado de relações históricas, ligadas aos
descobrimentos portugueses, bem como à política ultramarina do Estado Novo. Vem
assumir um compromisso multilateral, como Organização Internacional, ao invés de um
conjunto de compromissos bilaterais, entre Portugal e os demais países. De certa forma
aporta um sentido de identidade coletiva, de importância central, com decisão soberana
e estratégica. À parte dessa colaboração multilateral, a CPLP fomenta também o
contorno regional de cada Estado Membro, preconizando a participação em Organismos
Regionais, como forma de alargar as relações e divulgar as potencialidades.

Esta organização internacional, atua em três funções distintas:

● Agrupar, de modo a mobilizar diversos sistemas e identidades, que tem

um passado comum.

● Clarificar os interesses e salvaguardar as opções e prioridades, entre um

conjunto de países distintos, a nível, social, econômico, inclusive


democrático.

● Orientar um planeamento e certificar-se que as diretrizes centrais são

seguidas.

Deste modo, a CPLP, foi criada com uma agregação de pressupostos, de natureza
diversa. Entre eles, verificamos que os laços histórico-culturais comuns, nos quais os
valores comuns às comunidades, e essencialmente a língua portuguesa, assumem um
papel de extrema relevância. Do ponto de vista biofísico, a geografia marítima e
ribeirinha, que é um elemento permanente da geopolítica de todos os estados-membros,
nomeadamente de Portugal, quando os navegadores portugueses nos séculos XV e XVI,
procuraram acessos aos territórios africanos, americanos e asiáticos, de forma a
preconizarem e desenvolverem as trocas comerciais e cientifico-culturais. Contudo, nos
dias de hoje, manifesta-se uma grande importância, na vertente da defesa,
essencialmente como elo central, devido às parecenças existentes, nas próprias
estruturas militares, quanto à organização, hierarquias e disciplina, empenho no
cumprimento da missão, valores éticos e espírito solidário.

Para Azevedo (2016), o documento elaborado em 2006, na Cidade de Praia é: “(...) um


novo documento estruturante e também optimizador das energias de cooperação (...) não
só reúne os conceitos fundamentais que envolvem a geopolítica e o entorno global dos
EM, e naturalmente o Atlântico Sul (AS) e Norte, mas também pretende ser, do ponto
de vista conceptual, a matriz fundamental do componente de Defesa” (Azevedo,
2016)

No meio da defesa na CPLP, é um meio de conciliação e de desenvolvimento entre a


cooperação técnico-militar, que assenta em 4 pilares fundamentais:

● Valores e interesses: neste âmbito ressalva-se os interesses e valores

comuns aos estados-membros, estes que importam proteger e


salvaguardar, tais como a dignidade da pessoa humana e a democracia.

● Idiossincrasias da CPLP na defesa: este advém da participação dos

Estados Membros, noutras organizações internacionais, entre as quais a


NATO, ou a ONU.

● Centralidade do instrumento e cooperação militar: este pilar assume

uma maior importância nos dias que correm devido ao aumento


generalizado das ameaças à segurança dos estados, bem como aos novos
desafios, associados à globalização, direitos humanos e digitalização.
Assim, a CPLP tem que ser capaz, através de vários meios de poder, de
dar respostas multidisciplinares, de forma a arranjar as melhores
soluções. Deste modo, as Forcas Armadas são um meio essencial
imprescindível, pois não só através da componente militar, no sentido
literal da expressão, bem como, com os seus quadros diplomáticos e de
formação, poderão efetivar soluções de várias naturezas.
● A mobilização cooperativa: os países da CPLP atuam e aconselham, a

otimização e operacionalização dos meios de resposta multilaterais, de


forma a fazer face aos constantes constrangimentos orçamentais e à fraca
capacitação militar de alguns membros.

Neste contexto, importa definir os conceitos já várias vezes referidos, defesa e


segurança. Entende-se por defesa, as medidas de caráter milito-político, econômico,
social e cultural, que visam enfrentar as ameaças e desafios, que podem de forma
(in)formal meter em causa a segurança dentro da comunidade. Já o conceito de
segurança, caracteriza uma condição a atingir, preconização dos valores centrais que a
entidade visa proteger. O conceito anteriormente referido (segurança), nos dias de hoje
assume um caráter humano-social, ao invés de biofísico, isto é, valoriza mais a pessoa e
dignidade humana, do que as fronteiras físicas dos territórios. Esta definição foi
introduzida pela 1ª vez no PNUD, em 1994, é importante referir que as generalidades
dos países da CPLP adotaram esta definição.

Apesar da, cooperação no domino da defesa, assumir um papel central na CPLP e


estar documentado, a sua natureza, valores, pilares e objetivos. A cooperação
multilateral, além desse documento, continua a ter um papel fulcral. Pois, não só
promove a solidariedade, como atribui coerência aos projetos comuns. Sendo as Forças
Armadas um dos impulsionadores dessa cooperação, graças aos vazios deixados pelo
protocolo da vertente da defesa da CPLP. Veja-se os casos dos Capacetes Azuis da
ONU, ou a cooperação militar da NATO.

A cooperação técnico-militar entre os países da CPLP

Em detrimento das novas ameaças, os países e as organizações que não adotem


medidas precatórias, especialmente na área da segurança e defesa, irão ter graves
problemas estruturais num futuro próximo, pois sem segurança não existe
desenvolvimento. E a (CPLP) Comunidade de Países de Língua Portuguesa não é uma
exceção. A sua base está assente na cooperação em diversos domínios, com realce para
a cultura e a língua, mas no decorrer de um pouco mais de duas décadas tem-se
evoluído consistentemente na procura de uma cooperação estratégica mais inclusiva que
se tem alargado às áreas da segurança e da economia.
O primeiro passo para a cooperação na CPLP nas áreas de defesa e segurança foi a
primeira Reunião dos Ministros da Defesa da CPLP em 1998, ao haver o conceito
aprovado em setembro de 2006. A finalidade deste protocolo é a promoção e
viabilização da cooperação entre os estados-membros em questão da segurança e defesa,
através da clarificação e sistematização de algumas ações a empreender, sendo assim, a
criação de um plano comum de compartilhamento de conhecimentos de Defesa Militar,
a criação de uma política comum de cooperação nos meios da defesa e o
desenvolvimento das capacidades internas para o engrandecimento das Forças Armadas
dos países.

E assim se desenhou uma organização com base na seguinte estruturação:


1. Criação de um Secretariado Permanente para os Assuntos relacionados com a
Defesa , sedeado em Lisboa, integrando um núcleo de representantes dos Chefes
dos Estados-Maiores Generais das Forças Armadas;
2. Criação de um Centro de Análise Estratégica (CAE), com sede em Maputo;
3. Reuniões anuais compostas por Ministros da Defesa, Chefes de Estado-Maior
das Forças Armadas, Diretores-gerais de Política de Defesa Nacional e dos
Diretores de Serviços de Informações Militares para debater assuntos
relacionados com as politicas de defesa.

Na realização deste tema será dado ênfase aos exercícios de cariz militar FELINO, que
se trata de um grande exemplo a ser usado pela sua grande importância no cenário da
CPLP com relação à cooperação.
No contexto da vertente de defesa e cooperação da comunidade dos Países de língua
portuguesa (CPLP), a organização FELINO 16 que aconteceu em Cabo Verde, na
Cidade da Praia.
Este é realizado anualmente, mudando a versão de Exercício na Carta (EC) com a de
Forças no Terreno (FT). No ano de 2016, o exercício decorreu na modalidade EC, em
Cabo Verde, utilizando o cenário a aplicar no formato FT em 2017, no Brasil.
O projeto FELINO têm como o objetivo principal compor uma Força de Tarefa
Conjunta e Combinada (FTCC), no âmbito da CPLP, para garantir a aptidão de
intervenção às missões de Apoio à Paz e Ajuda Humanitária.
O FELINO acontece desde os anos 2000, em constante rotatividade pelos diferentes
países da CPLP. Nos dois primeiros anos ocorreram em Portugal, no ano de 2002 se
realizou no Brasil, Moçambique concedeu as operações no ano de 2003, Angola em
2004, Cabo Verde no ano de 2005, Brasil organizou em 2006, São Tomé e Príncipe a de
2007, depois os exercícios foram regressado a Portugal em 2008. Em 2009, se realizou
em Moçambique e no ano de 2010 pela segunda vez a Angola acolheu aos exercícios. O
FELINO em 2014 realizou-se em Timor-Leste e, em 2015, em Portugal.
No XVI reunião de Chefes de Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA)
da CPLP, em 2014, houve a definição do próximo ciclo 2016-2017 se realizaria
respectivamente em Cabo Verde e Brasil.

Uma organização extremamente importante para a sustentação da cooperação técnico-


militar é a SPAD ( Secretariado Permanente dos Assuntos de Defesa), é o órgão de
apoio logístico e administrativo, com o objetivo de estudar e propor medidas efetivas
para o implemento das ações de cooperação. O SPAD possui uma sede no Ministério da
Defesa Nacional de Portugal/Direção-Geral de Política de Defesa Nacional.
Ao SPAD compete:
1. Certificar as medidas concretas para o desenvolvimento dos principais setores
respeitante a cooperação da CPLP no que toca à defesa, sendo essas delineadas no
protocolo de cooperação da CPLP no domínio da defesa;
2. Garantir a ligação sistemática com as várias sedes da defesa e das forças armadas dos
países de língua portuguesa;
3. Organizar e estruturar a preparação dos aspetos de natureza substantiva das reuniões
dos órgãos da componente de Defesa da comunidade;
4. Avaliar anualmente o Relatório de Atividades e o Relatório de Contas do CAE, e
também o Plano de Atividades e Orçamento;
5. Agendar as reuniões dos órgãos de Defesa da CPLP;
6. Admitir as atas das reuniões do órgão SPAD.

Os Principais desafios na Cooperação na área da Defesa para a CPLP ao longo do


tempo são:
• vencer algum tipo de imobilismo operacional;
• Afastar o Secretariado Executivo da CPLP;
• Combater a pouca aproximação nos contextos regionais de segurança;
• Tornar o mar numa prioridade na cooperação de Defesa;
• Combater a falta de recursos e entraves políticos através da fomentação da
cooperação;
• Diferentes ângulos (prioridades) entre países da CPLP.
Por fim, englobando o tema do supracitado ao tempo tríbio. Passado, presente e futuro
são um tempo integrado na lógica estratégica dos Estados e do seu posicionamento face
a evolução da conjuntura internacional, logo a partir desta interpretação, a cooperação
técnico-militar em suas diversas eras formam um conjunto interligado e importante para
a desenvoltura e aprimoramento dos países da CPLP, pois o tempo se trata da história,
algo que está aqui para nos ensinar e nos lembrar das realizações feitas como o começo
da execução das operações, o agora, que mostram mudanças de como eram feitas para
uma melhoria e agindo em cooperação constante, e os projetos futuros, que são as novas
ideias e a continuação do que já foi feito sendo isso uma esperança e afirmação das
relações entre os países. Ou seja, países esses que são o que são num determinado
presente em função do que foram e têm sido até esse momento, e no qual se encontram
a projetar um futuro.

As Novas Ameaças no mundo atual

O mundo contemporâneo caracteriza-se por ser crescentemente globalizado e


interdependente, com uma crescente multipolaridade geopolítica, e ainda onde o
tempo e o espaço são cada vez mais pequenos devido as inovações tecnológicas, e
ainda é um mundo caracterizado pela mudança rápida e constante e por isso tornou-
se instável e imprevisível.

Com esta globalização, tem havido uma aproximação de culturas, perspetivas e


tendências, começada pelos portugueses no seculo XV e XVI com o processo dos
descobrimentos.

Disto resultaram relações muito mais próximas e abertas, onde se criaram novos
atores, interesses e ideias, mas também se criaram novas ameaças, ameaças essas
que se tornaram transnacionais e assimétricas. As ameaças são transnacionais pois
ultrapassam os limites das fronteiras geográficas, e por isso necessitam de ser
combatidas internacionalmente. Sendo importante a cooperação internacional entre
os atores para a resolução dessas ameaças e por isso as organizações internacionais e
outros organismos similares como a CPLP são tão importantes para manter o mundo
mais seguro e estável.

Ameaças Transnacionais

1. Terrorismo

O terrorismo é um fenómeno cada vez mais presente no mundo em que vivemos, e é um


fenómeno complexo que através da violência ou ameaça pretende criar e instaurar o
medo, visando sempre qualquer objetivo político. Por norma é praticado por grupos que
estão contra alguma instituição ou regime político.

Existem dois tipos principais de terrorismo que são o terrorismo indiscriminado e o


seletivo. O terrorismo indiscriminado é aquele em que se ataca algum agente indefinido
ou irrelevante como por exemplo a implantação de uma bomba em algum
estabelecimento, enquanto o seletivo é todo aquele que se ataca principal e
primordialmente um sujeito determinado como por exemplo um assassinato de alguém
com um cargo elevado.

O terrorismo tem diferentes classificações atribuídas, sendo que uma delas é dada pelo a
instituição do FBI que classifica o terrorismo da seguinte forma:

1. Terrorismo apoiado pelos estados (Síria, o Irão e o Iraque);


2. Terrorismo apoiado por organizações independentes;
3. Terrorismo apoiado por grupos específicos (Al Qaeda)1

As motivações do terrorismo dividem-se em: motivação racional, psicológica e cultural.

O caso de Cabo Delgado em Moçambique é um exemplo de um caso de terrorismo num


país membro da CPLP, onde ocorreram invasões de grupos jihadistas armados com
objetivo de impor a lei islâmica na região e por esse objetivo mataram centenas de
pessoas.

2. Crime Organizado Internacional

É uma atividade criminosa levada a cabo por um conjunto estruturado de 3 ou mais


pessoas, durante um período de tempo e atuando concertadamente com o objetivo de
praticar algum tipo de crime ou transgressão com o intuito de obter, diretamente ou
indiretamente, um benefício material ou económico. 2 Como por exemplo os vários
tráficos, tráfico de pessoas, droga, metais preciosos entre outros. Em Africa, existe uma
das maiores taxas de criminalidade organizado de todo o mundo. Sendo que já houve
países que fizeram esforços para diminuir esses acontecimentos 3 como é o caso de

1
Lara, António de Sousa, (2021). “O estudo da Ordem e da Subversão” (10ºEdição).Lisboa: ISCSP.
2
Convenção das Nações Unidas contra a criminalidade organizada, art.º 2º
3
Noticia sobre o reforço das medidas contra o crime organizado por parte da CPLP. Disponível online em:
https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/detalhes.php?id=278057
Angola que em setembro de 2021, a polícia conseguiu desmantelar uma rede tráfico de
seres humanos em Luanda.4

Sendo que ainda existe um longo caminho a percorrer para acabar definitivamente com
este tipo de ameaça, adquirido a priori que é possível erradicá-la definitivamente.

3. Proliferação de Armas de Destruição Maciça

A Proliferação de armas de destruição maciça é a partilha de armas nucleares, materiais


ou informações nucleares para países que não tem qualquer arsenal nuclear próprio.
Este fenómeno coloca em risco todo o sistema internacional pois ao existir esta
proliferação, nunca se sabe quem é que tem este tipo de armas nucleares ou não sendo
que ainda existem países que também pretendem criar os seus próprios arsenais com
objetivos desconhecidos, criando assim uma instabilidade no sistema internacional,
tornando o mundo mais perigoso e instável pois estas armas podem acabar com a
Humanidade se caírem nas mãos erradas. Para dar resposta a este tipo de ameaça já
foram realizados vários tratados e acordos, como o TNP (Tratado de não proliferação
nuclear) e os START (Tratado de Redução de Armas Estratégicas) entre outros, estes
visam diminuir o “trafico” deste tipo de armas e tentam diminuir o uso e a criação das
mesmas. Existem atualmente 9 países que são reconhecidos internacionalmente por
deterem arsenal nuclear, esses são o EUA, Rússia, Reino Unido, França, Coreia do
Norte, Israel, China, India e Paquistão, deste conjunto apenas 5 são signatários dos
tratados de não proliferação.

4. Conflitos Armados

Os conflitos armados são fenómenos de violência armada continuada entre autoridades


governamentais, grupos armados organizados dentro de um Estado. A Amnistia
Internacional divide estes conflitos em 4 tipos: Crimes contra a Humanidade,
Genocídio, Impunidade e Crimes de Guerra. Os crimes contra a Humanidade consistem
em crimes cometidos por um grupo organizado contra civis, o genocídio é um ato de
exterminar em parte ou completamente algum grupo nacional, étnico, religioso ou
racial, a Impunidade é quando alguém comete transgressões graves (matar, ataques…)
sem ter qualquer punição e os crimes de guerra são os crimes que violam as normas de
4
Lusa (Setembro,2021); “Policia angolana desmantela rede de tráfico de seres humanos em Luanda”. Disponível
online em: https://www.cmjornal.pt/mundo/africa/detalhe/policia-angolana-desmantela-rede-de-trafico-de-seres-
humanos-em-luanda
guerra decretadas pelas convenções de Haia e de Genebra, como exemplo ataques a
civis, tortura entre outros.5Por exemplo, em Moçambique aconteceu um tiroteio entre
policias e agentes de um parque contra residentes locais que está a ser investigado. 6

5. Ataques ao ambiente

A problemática da degradação do ambiente continua a ser uma das ameaças principais


no mundo atual. Com a degradação do ambiente criam-se problemas provenientes disso
como a desertificação e escassez da água que afetam diversos países provocando
catástrofes e por sua vez provoca falta de condições de vida a certas populações.

A problemática do ambiente já foi várias vezes retratada pela comunidade internacional,


já foram realizados vários acordos e tratados para a aplicação de medidas para conter e
abrandar a degradação do ambiente como o Protocolo de Quioto em 1997, mas mesmo
assim o planeta continua a degradar-se, pois os esforços ainda são reduzidos. Estes
problemas são internacionais e dizem respeito a todo o globo e não apenas aos países
que são afetados mais diretamente, pois em algumas regiões os problemas ambientais
criam tensões e conflitos como aconteceu na Indonésia em 1997.

Estamos a caminhar a passos largos para um mundo onde se vai competir por recursos
vitais e onde a distribuição dos recursos naturais vai ser desigual, criando razões e
motivos para conflitos e tensões. No contexto da CPLP, um dos assuntos ligados ao
ambiente mais debatidos pelos estados-membros são assuntos relacionados com o mar e
a sua poluição, visto que a maior parte dos países membros da CPLP possui costa
marítima7.

Desafios Futuros

Ao proceder à análise dos futuros desafios da CPLP é necessário que se tenha em conta
a contextualização destes desafios no fenômeno que é a globalização, existindo,
portanto, desafios transversais às várias organizações internacionais nomeadamente:
5
Amnistia Internacional (n.e). “Conflito Armado”. Disponível online em:
https://www.amnistia.pt/tematica/conflito-armado/

6
https://www.amnistia.pt/mocambique-necessaria-investigacao-sobre-tiroteio-contra-residentes-
locais/

7
Noticia do Jornal de Notícias sobre o Mar e Ameaças na CPLP. Disponível online em: https://www.dn.pt/lusa/mar-
e-ameacas-sao-comuns-na-cplp-em-materia-de-defesa---cemgfa-portugues--10779002.html
recorrentes crises económicas, políticas e sociais que por sua vez resultam numa
acentuação das desigualdades e numa maior instabilidade nas relações internacionais.

No que toca a desafios específicos à CPLP vemos à partida a sua dispersão geográfica,
estando os seus estados-membros localizados através de quatro continentes e ligados
por três oceanos. Apesar deste ser um desafio bastante peculiar à CPLP e facilmente
identificável, do outro lado da moeda, a superação destes entraves pode significar uma
vantagem estratégica para a comunidade, especialmente tendo em conta a grande linha
costeira destes Estados em comparação com o seu território podendo-se até afirmar que
o mar pode funcionar como recurso e vetor estratégico para a organização. Neste
contexto é de elevada importância mencionar Portugal através da Estratégia Nacional
para o Mar 2021-2030 (ENM 2030) que tem como objetivo “(...)dar resposta aos
grandes desafios da década e reforçar a posição e a visibilidade de Portugal no mundo
enquanto nação eminentemente marítima.”8.

A grande diversidade de línguas e culturas dentro da comunidade apresenta-se também


como desafio à cooperação sendo o português a língua comum, no entanto não
exclusiva. Esta diversidade cultural e linguística, apesar de naturalmente se poder
apresentar como um entrave, têm na valorização do português uma solução desde que
este seja entendido na seguinte forma, segundo (Laborinho, Paula Ana, 2010)
“Devemos entender a língua como capital estratégico e recurso (...) na afirmação do
português como língua internacional” que associado a diversidade cultural pode
contribuir para um enriquecimento nesse sentido das várias culturas presentes.

Outra potencialidade disfarçada de desafio, ou vice-versa, vêm pela inserção dos vários
EM em outras OI o que naturalmente condiciona cada EM na sua capacidade de
negociação e cooperação. O desafio aqui referido é o de fomentar uma maior
cooperação entre a CPLP e outras OI, de forma mutuamente benéfica. No entanto as
dificuldades apresentadas são melhor expressas pelas palavras de Adriano Moreira “É
um desafio elaborar políticas coerentes sem experiências passadas, em vista de um
futuro sujeito a condicionantes de terceiros, futuros abertos a uma complexidade que
torna frágeis todas as perspetivas" (Moreira, Adriano). Por outro lado, e fazendo alusão
ao que considero o maior desafio enfrentado pela CPLP, a inserção dos EM nas várias

8
https://dre.pt/dre/detalhe/resolucao-conselho-ministros/68-2021-164590045
OI garante uma maior projeção internacional de cada EM e por consequência da própria
CPLP. Algumas OI cuja cooperação com a CPLP merece ser mencionada são a
Comissão do Golfo da Guiné e a ZOPACAS, organizações de foro regional sendo a
primeira bastante benéfica à CPLP na medida de utilização do mar como recurso
estratégico e segunda de grande importância no que toca a cooperação nos domínios de
defesa.

É exatamente no domínio da projeção no palco internacional da OI que se encontra o


seu maior desafio, se por outro lado a participação de cada EM em organizações de
poderio mundial, exemplo da OTAN e UE, os EM aqui em questão que de certa forma
protagonizam a projeção à nível internacional da organização são Portugal e Brasil. Este
facto leva-nos à problemática: deverá ser o papel de protagonista levado a cabo por
Portugal e Brasil ou deverá a organização encontrar novos mecanismos e posições de
poder no sistema internacional de forma coordenada e equitativa?

Conclusão
“Aqueles que não conseguem lembrar do passado estão fadados a repeti-lo.”. Essa
citação, escrita pelo poeta espanhol Agustín Nicolás Ruiz, em conjunto com esta outra
sentença “Um povo que não reconhece a sua história está fadado a repeti-la.”, de
Edmund Burke, filósofo e orador irlandês, representam a importância do estudo das
relações de cooperação entre os países ao longo da história, não somente da CPLP,
mas ao redor do globo, de forma a manter uma estabilidade na conjuntura
internacional independente da época vigente. Dessa forma, compreende-se que a
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, embora localizada de forma abrangente
e naturalmente estratégica em quatro dos seis continentes do planeta, continua, no
decorrer do tempo, a enfrentar desafios no quesito defesa e segurança internacionais,
mais ainda no reconhecimento pelas grandes potências dos mesmos. Nesse sentido,
nota-se que a Comunidade possui as condições e meios necessários para ser um ator
influente nesse âmbito, principalmente no quesito geoestratégico. No entanto, é
necessário que haja uma vontade política dos governantes dos Estados Membros e
uma capacidade financeira para sustentar as operações que buscam ser alcançadas por
meio dessa Cooperação, fatores que são, inclusive, os maiores problemas da CPLP,
tendo em vista o nível de precarização de política interna de boa parte dos membros e
a falta de recursos – principalmente navais – para uma ação eficaz no plano de
segurança entre os Estados. Além disso, a CPLP passa uma imagem de ser uma
organização muito mais simbólica do que uma organização internacional estruturada e
coesa capaz de lidar com as ameaças e futuros desafios recorrentes no mundo atual,
fator que também diminui sua credibilização no palco internacional. Desse modo, a
CPLP negligencia as políticas de defesa e segurança, passando-as para segundo plano
ao passo que as falhas nesses domínios, nomeadamente na cooperação técnico-
militar, consistam numa falha estrutural.
Referências
 Amnistia Internacional (n.e). “Conflito Armado”. Disponível online em:
https://www.amnistia.pt/tematica/conflito-armado/
 Centro de Analise Estratégica (setembro, 2021). “A cooperação de Defesa na
CPLP, Desafios e Oportunidades para o futuro” [Youtube]. Maputo. Disponível
online em: https://www.youtube.com/watch?v=Ec3BH85IGrg
 Centro de Análises Estratégicas (2015). “Identidade da CPLP no domínio da
defesa”. Disponível online em: https://eurodefense.pt/cooperacao-portugal-
cplp-nos-dominios-da-seguranca-e-defesa/
 Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (setembro,2016). “Exercícios
“Felino 2016” em Cabo Verde”. Disponível online em:
https://www.cplp.org/Default.aspx?ID=4447&NewsId=4533&PID=10872
 CPLP (2004). “Protocolo de Cooperação da Comunidade dos Países de Língua
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