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Ntandu-Tandu-Kolo:
O Conceito Bantu.Kongo do Tempo
Autor: K. K. Bunseki Fu-Kiau
Tradução para o rasileiro: !o !ai"

#sse cap$tulo discute os conceitos do tempo para os po%os nati%os do


Kongo do Centro-Oeste da &'rica. (Kongo) re'ere-se a um grupo
cultural* lingu$stico e +ist,rico de pessoas ue descendem do grande
grupo Bantu ue migrou do sul da região do io Benue /atualmente
Ni
prog0im
ria1idapara. aem
des 'loresand
ont ta oeao
uato rial
seg unddo ce"ni
o mil ntroo-oA.
esC.*
te a'ritam
len canoentee
aconteceram ondas migrat,rias de comunidades Bantu em direção ao
sul* processo ue 'e3 com ue a maioria dos a'ricanos ue %i%em na
região ao sul do euador %iessem a 'alar uma ou mais das 455 l$nguas
relacionadas ao Bantu. 6oucos s0culos depois* na 7dade do Ferro*
assentamentos de Bantus 'oram estaelecidos atra%0s da região. O
passado* as srcens e +ist,ria em comum* al0m de mais de meio
mil"nio de relaç8es de trocas* 'i3eram surgir uma a'inidade entre as
tradiç8es culturais* sistemas de crenças e conceitos acerca do tempo
entre o Kongo e os outros grupos Bantus.

A era moderna da +ist,ria do Kongo data do s0culo 9* uando no%os


colonos começaram a 'ortalecer a ase de suas instituiç8es 0tnico-
pol$ticas ao sul da acia do rio Congo /Angola* na atualidade1 so a
liderança coleti%a dos c+e'es (Mfumu) ue eram eleitos pelos anci8es
mais s;ios (Bakulu). A partir dessas peuenas c+e'ias eram
estaelecidos sistemas de estados maiores e mais poderosamente
centrali3ados* com instituiç8es pol$ticas em estaelecidas
/Sikudukusulu). <m dos maiores e mais poderosos desses estados 'oi o
Kongo* ue se epandiu de sua ase angolana para a ;rea moderna do
=aire e da ep>lica do Congo. Outros reinos Bantu 'oram criados na
região do io Congo* incluindo Bema* ?unda* ?ulua e Kua.
@e longe* o estado Bantu mais em sucedido do centro-oete a'ricano
'oi o Kongo* ue desen%ol%eu uma tecnologia altamente a%ançada
para traal+ar o 'erro* uma cultura agr;ria* compleos sistemas de
troca e elaorou instituiç8es pol$ticas em antes da c+egada dos
primeiros europeus no 'im do s0culo . O alto n$%el de cultura
material alcançado pelo estado Kongo por %olta do s0culo 7 'oi
noticiado tanto nas crnicas orais uanto por e%id"ncias documentais.
Na %isão de um cronista* (nauele tempos* em termos de reser%as
naturais /a #uropa Ociedental1 era mais pore e em termos
econmicos* mais atrasada do ue a%ançada.) /Baran 9DE9* p.91
No entanto* a gl,ria do estado do Kongo não durou muito depois da
c+egada dos europeus* ue assinalaram o in$cio de seu decl$ndio e
'inalmente seu desaparecimento. Com a c+egada dos europeus uase
simultaneamente Gs Am0ricas e o estaelecimento dos sistemas de
plantação aseados na escra%idão* o destino do Kongo e do (No%o
!undo) se entrelaçaram pelos pr,imos s0culos. O Kongo* Hunto com
outros estados do centro-oeste a'ricano* tornou-se a região da &'rica
em ue os europeus oti%eram a maioria dos escra%i3ados ue
cru3aram o AtlIntico para traal+ar nas plantaç8es da Am0rica
durante os tr"s s0culos e meio do tr;'ico negreiro* do s0culo 7 ao
s0culo 7. Al0m disso* 'oram as ati%idades do tr;'ico dos portugueses*
mais do ue ualuer outro 'ator* ue contriu$ram para a
desestaili3ação e e%entual ueda do Kongo J pol$tica e
economicamente.
Ao mesmo tempo* com o preteto de ci%ili3ar o po%o Kongo* as
ati%idades mission;rias 'oram lentamente aumentando a penetração
europ0ia na região. 6or 'im* no 'im do s0culo 7* o deseHo europeu
de oter as riue3as naturais da acia do Congo /o ouro* o 'erro* o
mar'im e a orrac+a* por eemplo1 para atender as necessidades de
sua epansão industrial* o potencial do rio de ser uma rota comercial*
a %itimi3ação da região /assim como do resto do continente1 e o
desempen+o do poder pol$tico europeu* tudo culminou na coloni3ação
da acia do Congo. Assim* o territ,rio ue uma %e3 'oi o antigo Kongo
deu srcem a tr"s estados coloniais* controlados por portugueses*
elgas e 'ranceses* de 95 at0 a independ"ncia nos anos E5 e 5 do
s0culo * uando os territ,rios coloniais se tornaram as naç8es
modernas de Angola* =aire e ep>lica do Congo* respecti%amente.
Ainda ue o po%o Kongo /Bakongo* singular !ukongo1 ten+a sido
separado em tr"s di'erentes naç8es* eles compartil+am de tradiç8es
sociais* art$sticas* econmicas e espirituais em comum* como
descendentes de um mesmo estado +ist,rico e por 'alarem a mesma
9
linguagem Kikongo. A cultura* a +ist,ria e a pol$tica do Kongo 'oram
temas de inumer;%eis traal+os de escritores* tanto de dentro*
uanto de 'ora da &'rica* mas poucos se preocuparam com a uestão
do tempo* e aueles ue o 'i3eram* 'ocaram-se no tempo em ue eu
descre%eria como o cotidiano* o sentido (mundano) da pala%ra* ue 0

goaconceito
. #ssa 0dea tempo geralmente
compre ensão do usado
tempopara os ar
comp não-iniciados* osrabiyin-
til+ada na +o das
re'eiç8es* nos mercados* nos casamentos* na dança. L tam0m um
g"nero de tempo ue 0 encorporado nas conceituali3aç8es de
acontecimentos do passado recente e colonial ou no planeHamento de
'uturas ati%idades /em termos de dias* semanas ou anos1.
Nesse sentido* %;rios traal+os me %em G mente. <m deles 'oi escrito
por Man ansina* Paths in the Rainforests: Toward a istory of
Politi!al Tradition in "#uatorial $fri!a /9DD51* no ual o autor
discute a consci"ncia do conceito do tempo /ou a aus"ncia de tal
consci"ncia1 na literatura ocidental* em se tratando da +ist,ria da
&'rica. (6ara
colonial)* a%aliar
escre%e a posição
o autor* dos 'atos* con+ecer
(0 necess;rio tanto pr0-colonial uanto
a data local da
conuista colonial e o colapso do tempo desde então. /ansina 9DD5*
p. 291. 7n'eli3mente* ainda ue este conceito de tempo ten+a alguma
utilidade* ele poderia at0 mesmo ser uma arreira em termos de
%alori3ar certos acontecimentos na lin+a cronol,gica da +ist,ria
A'ricana. e um documento pr0-colonial ou colonial ue ten+a sido
escrito* %amos supor* em 9E55 mencionasse a eist"ncia da
%nstitui&'o mba pela primeira %e3* n,s de%er$amos concluir ue
essa instituição surgiu do nada* na data em ue o documento 'oi
escrito* mesmo ue essa instituição em particular possa ter surgido +;
centenas de anos atr;sP Tais aordagens das concepç8es do passado
a'ricano'ontes.
outras possui ,%ias limitaç8es* a menos ue +aHa e%id"ncias de
Antes* em seu li%ro *The Children of Woot: A History of the Kuba
Peoples+ /9D1* ansina apresentou um resumo de duas p;ginas de
suas in%estigaç8es sore os conceitos do tempo do po%o Kua. #le
mencionou ue o po%o Kua do =aire podia datar 'atos de aldeias
aandonadas e re'eria-se aos dias comerciais da semana* mas concluiu
ue eles tin+am uma concepção limitada do Tempo: (parece um
pouco estran+o ue a contagem dos dias esti%esse 'ora do conteto
comercial) /p.251. #m ualuer caso* ser; aparente nesse cap$tulo
ue min+as preocupaç8es com o tempo partem de uma perspecti%a
totalmente di'erente.
@ois outros estudos sore o tempo são dignos de nota: *$fri!an
Religions and Philoso,hy+ * de Mo+n !iti /9DD5 Q9DEDR1 e *The
"m,iri!al $,,er!e,tion of Time and the Time ons!iousness of
istory %n Bantu Thought+ /9DE1. No entanto* amos são estudos
gerais do tempo* mais do ue especi'icamente Bantu* al0m disso*
como as oras de ansina* adotam uma aordagem di'erente da
min+a.
#m contraste com esses aspectos (mundanos) do tempo mencionados
acima* a preocupação deste cap$tulo 0 com os dom$nios do tempo ue
surgem do mundo eot 0rico do Kongo* o mundo dos Bangdnga os
!estres* os 7niciados. As #scolas de 7niciação* centros de ensino
superior* proiidos aos não-iniciados* eram o %e$culo atra%0s dos uais
esses con+ecimentos eram disseminados. Assim* os con+ecimentos de
seus ensinamentos eram inacess$%eis aos europeus e a todos os
estrangeiros. 6or causa de sua nature3a* essas instituiç8es de ensino
superior 'oram aolidas pelos poderes coloniais e os seus
ensinamentos ca$ram por terra. Feli3mente* eu 'ui pri%ilegiado por
+a%er sido iniciado em uma destas instituiç8es* e seguindo o passo dos
mestres* eu aprendi* num per$odo de de3 anos o ue esse ensaio
epressa sore o conceito Kongo do Tempo. As outras re'er"ncias são
aseadas em meu traal+o e eperi"ncias pessoais com a cultura
Kongo* da ual 'aço parte tanto atra%0s de meu sangue uanto atra%0s
de meu interesse acad"mico.
O conceito Kongo do tempo aui descrito 0 pro'undamente enrai3ado
em nossa %isão de mundo* nossa cosmologia* ue ; a ase curricular
de todas as intituiç8es de ensino superior. ua centralidade em nosso
sistema de con+ecimento %em do 'ato de ue o tempo est; no coração
de nosso entendimento não apenas do uni%erso e seus processos
/dingo dingo) de criação* trans'ormação e 'uncionamento* mas
tam0m da %ida propriamente dita e de seu 'uncionamento. L atra%0s
do tempo ue* tanto a nature3a uanto o +omem* tornam-se
compreens$%eis para n,s. O tempo %alida e pro%" %erdades para nossa
eist"ncia.
#sse cap$tulo discute o tempo c,smico* natural* %ital e social entre os
Bakongo. #le tam0m %ai eaminar o conceito Kongo re'erente ao
passado* presente e 'uturo. er; demonstrado ue* primeiro o tempo
0 c$clico e ue todas as criaç8es* instituiç8es e sistemas passam por
um processo c$clico de uatro est;gios. egundo* ue este processo de
uatro est;gios pelo ual passa o tempo tem rele%Incia social para os
Bakongo.
O conceito Bantu-Kongo do Tempo
O tempo para o po%o Kongo 0 uma (coisa) c$clica. Não tem um
começo nem um 'im. Sraças aos */unga+ /acontecimentos1* o
conceito de tempo 0 entendido e pode ser compreendido. #sses
*dunga+ seHam naturais ou arti'iciais* iol,gicos ou ideol,gicos*
materiais ou imateriais* constituem o ue 0 con+ecido como *n0ka-
ma mia ntangu+ em Kikongo* ue signi'ica (represas do Tempo) 2. ão
essas represas do tempo ue tornam poss$%eis tanto o conceito
uando a di%isão do tempo entre os Bantu-Kongo. Assim* o tempo 0*
ao mesmo tempo* concreto e astrato. No n$%el astrato* o tempo não
tem começo nem 'im. #le eiste por si s, e 'lui atra%0s dele mesmo*
com seus pr,prios acordos. No entanto* em n$%el concreto* são os
*dunga+ /acontecimentos1 ue 'a3em com ue o tempo seHa
percept$%el* pro%endo o 'luir intermin;%el do tempo* com espec$'icas
(represas)* acontecimentos ou per$odos de tempo.

L %irtualmente imposs$%el captar o conceito Bantu.Kongo do tempo


aui discutido sem antes con+ecer certas pala%ras-c+a%e ue
epressam e encarnam terminologias do temp o na cultura Ko ngo* a
ase desse traal+o. Cada uma dessas pala%ras precisa ser claramente
compreendida para ue o conceito ue elas descre%em possam ser
entendidos.
#istem tr"s pala%ras-c+a%es na linguagem Kikongo ue tradu3em o
termo (Tempo). A primeira e a mais usada delas 0 *ntangu+. O termo
*ntangu+ encontra suas ra$3es na pala%ra *tanga+ J contar* ordenar*
acumular* entrar* %oltar e sair. O mesmo %ero ainda pode ser
tradu3ido por (dançar) e (ler)* e tam0m camin+ar com seus
pr,prios (ntanga) /p0s* pernas1. L dessa ra$3 ue se deri%a o termo
*matanga+ /singular *tanga+) uma cerimnia euerante de dança*
acompan+ada por %;rios instrumentos musicais. #ssa cerimnia
acontece em coneão com os ritos 'inais do 'uneral de um l$der
comunit;rio. L interessante notar ue os nomes das danças latino-
americanas Tango e a dança cuana Matan1a deri%am-se diretamente
do 'esti%al de dança Kongo da Matanga. *Tango+* de 'ato* deri%a de
sua 'orma singular* enuanto Matan1a 0 a 'orma plural de *Matanga+.
A segunda pala%ra-c+a%e usada pelos po%os Kongo ue se tradu3 por
tempo 0 *tandu+ ue %em da ra $3 do %er o *tanda+ marcar ou
alin+ar* lançar. A terceira pala%ra-c+a%e usada para tradu3ir o tempo 0
*2olo+. #sse >ltimo termo 0 ligado ao %ero *2ola+ ue epressa um
estado do ser* um n$%el de 'orça por um dado per$odo de tempo. O
conceito de (+oras) 0 epressado pelas pala%ras *lo+ *lokula+ e
*ndo+. Os seguintes eemplos aHudarão a ilustrar os %;rios contetos
em ue tais terminologias re'erentes ao tempo são usadas em
Kikongo:
Nkia ntangu kizidil - ue +oras ela /ele1 c+egar;P

Ntangu ka yazayakana ko - O tempo 'oi descon+ecido.

Ntangu yampasi - Tempos di'$ceis.

Tekila tandu kieto - Antes do nosso tempo.

Mu tandu kina - Nauele tempo /6er$odo1.

Mu kolo kiaki - Nesse tempo /#ra1.

Kukondolo nkama miantangu, kwena kolo ka ko - Onde não +; represas de


Tempo* não +; Tempo.

This grounding needs to be understood in order to grasp the time


concept among the people of this specific Bantu cultural

Ainda ue seHa e%idente ue algumas das terminologias são imut;%eis*
cada uma delas tem um signi'icado espec$'ico* epressi%o e semIntico
para a pessoa ue 'ala Kikongo* porue tais signi'icados tem sua ase
na cultura Bantu. 6ara captar o conceito de tempo entre as pessoas
dessa area cultural Bantu espec$'ica 0 necess;rio ue essa ase seHa
compreendida. @e%e ser entendida* se uma pessoa uer ter uma
compreensão pr,pria sore as 'ormas atra%0s das uais o po%o
Bakongo conceituali3a o tempo e tam0m para aueles para os ue
compreendem os sistemas culturais* religiosos e 'ilos,'icos da &'rica
de uma maneira tão prec;ria na literatura ocidental* de%ido G 'alta de
um entendimento de conceitos lingu$sticos c+a%es.
O po%o Bakongo recon+ece uatro es'eras do tempo: o tempo
c,smico* natural* %ital e social.

O Tempo C,smico /Tandu 2iayalangana1

#2iayalangana+
m sua cosmou o%is*Tandu
ão* os 2iaBauyalungunu+
ntu-Kongo c+oam *Tandu
am dec,smico)
(tempo o
ilimitado e cont$nuo processo de 'ormação dos /unga
/acontecimentos1 atra%0s do uni%erso (uyalungunu) Atra%0s do poder
e da energia da Kalunga* a 'orça suprema /Fu-Kiau* 9DEDU 9DD91. #m
outras pala%ras* o tempo c,smico representa a cronologia atual*
cont$nua e ati%a da energia da Kalunga e suas represas /dams1 / n
3kama) ou no%as criaç8es no uni%erso inteiro atra%0s da
instrumentali3ação do poder da Kalunga* o agente da mudança e da
criação:
(@epois do aparecimento do Muntu /ser +umano1 no planeta Terra* a
energia
outro da Kalunga
lugar* ati%ou
do outro ladoodo
seuM3nagu
plano maior para
a 1ulu a Tdo
/teto erra* para
c0u1 continuar
para em
encendiar
/unga ti ya) no %a3io do Mbungi a luyalungunu /a ca%idade do uni%erso1 e
in%ad$-lo para a 'ormação de no%os mundos.) 
6ara tornar-se plenamente %i%o* esses no%os mundos tam0m serão
tema para os uatro est;gios cardinais do Cosmograma Kongo* como
ser; mostrado adiante.
Cada corpo /mundo* planeta1 no uni%erso tem seu pr,prio tempo
c,smico* seu pr,prio processo de 'ormação. #ntretanto* as antigas
escolas de iniciação Bantu-Kongo pensa%am ue todos os processos
c,smicos do tempo engloam uatro grandes passos* para os uais
tudo na %ida 0 suHeti%o* inclusi%e os sistemas. A Cosmologia Bantu
ensina ue para completar seus processos de 'ormação ou dingo-
dingo um planeta precisa atra%essar esses uatro est;gios ou
(represas do tempo) (n3kama mia ntangu) c+amados de Tempo
!usoni* Tempo Kala* Tempo Tukula e Tempo ?u%ema.

Tempo !usoni (Tandu 2ia Musoni)


O Tempo Musoni 0 o começo de todos os Tempos. A mitologia
tradicional Kongo re'ere-se a tal per$odo como Tandu 2ia 2uku
walamba 2alunga /literalmente* (o per$odo do co3imento da
Kalunga)1* a era 'er%ente da mat0ria magm;tica /Fu-Kiau 9DED* pp.
9-21. #sse 0 o per$odo durante o ual o %a3io (luyalungunu) enc+eu-
se de mat0ria em 'usão. #sse 'oi o in$cio do kele-kele dia dingo-dingo
dia ntangu ye moyo (a 'a$sca dos cont$nuos processos do tempo e da
%ida) em todo o uni%ersoU 0 a colisão das colis8es /o Big Bang1. #sse
est;gio do tempo c+ama do Musoni tornou-se o s$molo de todos os
começos e o primeiro passo em todos os ensinamentos Kongo de
#nsino uperior /Figura 2.91. #le ocupa a primeira posição no
Cosmograma Kongo (dikenga dia 2ongo). @urante esse per$odo* depois
de completar processos de res'riamento* a Terra* nosso planeta*
tornou-se uma realidade '$sica. Amarelo 0 a cor sim,lica da era
Musoni* a primeira grande (represa) do Tempo (n3kama wangudi wa
ntangu).
O recon+ecimento 0 dado G importIncia do tempo Musoni não apenas
como a pedra angular do Cosmograma Kongo* mas tam0m como a
semente* o ponto inicial de todo desen%ol%imento na sociedade do
Kongo. O Mukongo diria* por eemplo* ue uando uma semente 0
lançada na terra* a ação est; sendo enrai3ada na posição Musoni.
imilarmente* uando uma ideia est; sendo 'ormada ou desen%ol%ida
na mente de algu0m ou uando um casal Mukongo planeHa uma
'am$lia* eles começam no est;gio Musoni. #ssa 0 a +ora do n3dingu-a-
nsi /a pro'unde3a da noite* a meia noite1. L a posição na ual as 'orças
%i%as uni%ersais /masculinas e 'emininas1 unidas dentro do >tero
tornam-se ma /mat0ria1.

Tempo Kala (Tandu 2ia 2ala)


2ala 0 o segundo est;gio da 'ormação dos planetas e de suas
trans'ormaç8es /Figura 2.91. @epois ue se completou o ciclo do
res'riamento da Terra %eio o est;gio do tempo 2ala (Tandu 2ia 2ala).
@urante essa #ra a Terra presenciou grandes trans'ormaç8es. A %ida
em sua 'orma mais primiti%a J seres microsc,picos (1ie)* algas J
começou a eistir (2ala) nesse per$odo. O solo era >mido e a ;gua
podia ser encontrada em todas as partes. O negro 0 a cor sim,lica
dessa #ra* a segunda grande (represa) do Te mpo (n3kama wan1ole
wangudi wa ntangu). Nesse est;gio 2ala o mundo %iu o sol saindo das
pro'unde3as do uni%erso* o mundo espiritual ou o mundo dos
ancestrais /o mundo in'erior1 para o mundo '$sico /o mundo superior1*
tra3endo não apenas lu3 mas tam0m esperança* alegria e energia
criati%a.
No%amente* a conceituali3ação do tempo c,smico de 2ala tem direta
rele%Incia social. A posição 2ala 0 %ista como a posição em ue todos
os seres iol,gi cos tornam -se seres %i%os (mu kala). L a posição de
todos os nascimentos. 6or essa ra3ão 0 ue o nascimento da criança
(mwana) na sociedade Bantu-Kongo 0 conceida da mesma maneira
em ue uma pessoa %" o sol saindo no mundo superior: (o nascimento
de uma criança 0 perceido como o nascer do sol no mundo superior
(ku nseke)* o mundo '$sico ou o mundo da comunidade %i%a)/Fu-Kiau
9DD9* p.1.
Tempo Tukula (Tandu 2ia Tukula)
O tempo Tukula 0 o terceiro est;gio da 'ormação dos processos dos
planetas /mundos1 e de suas trans'ormaç8es ue seguem a era 2ala.
Nesse per$odo do Tempo C,smico* nosso planeta amadureceu (2ula). A
%ida ue eistia durante a antiga era 2ala amadureceu e prosperou.
Os animais tam0m surgem em um ponto da era Tukula. #sse est;gio
ocupa a terceira posição no Cosmograma Kongo* /ikenga /'igura 2.91.
A cor sim,lica dessa era* a terceira grande (reser%a) do Tempo* 0 o
%ermel+o* ue simoli3a o crescimentoVmaturidade / Tukula
literalmente signi'ica (deie-nos crescerVamadurecer)1.
Tukula encorpora a 3ona () /'igura 2.21* a 3ona mais cr$tica do
processo iol,gico de todos os seres %i%os* especialmente os seres
+umanos. epresenta o ponto do mais alto n$%el de criati%idade.
Naç8es em ue os l$deres não tem consci"ncia do papel ue o () tem
no poder criati%o +umano estão 'adadas a 'racassar pol$tica*
econmica e socialmente. @essa maneira* lugares* po%os* naç8es*
organi3aç8es* sistemas e instituiç8es de%eriam aprender a
engrandecer-se e encarar os desa'ios ue os con'rontam. <ma ra3ão
pela ual %;rias pessoas* especialmente em seu apogeu* estão
decadentes +oHe em dia 0 de%ido G 'alta de +ailidade para
recon+ecer e utili3ar a 'orça criati%a da =ona ().

Tempo u4emba (Tandu 2ia u4emba)


#sse 0 o uarto est;gio e ultimo per$odo ou era pela ual um planeta
passa para completar seu processo de 'ormação e trans'ormação* e ele
segue o temp o Tukula. @e acordo com a escola de ensino superior
6

Bantu-Kongo* durante essa era* Magh5ngu eistiu no planeta.


Magh5ngu era um ser andr,geno* completo por si s,. #sse ser
mitol,gico era (dois em um)* mac+o e '"mea. Atra%0s de cont$nuas
uscas por rituais* Magh5ngu 'oi cortado em dois seres separados:
umbu e Mu1ita /'"mea e mac+o1. Nesse momento* o planeta Terra
tornou-se %i%o por inteiro* completo por si s,. umbu e Mu1ita* para
manter a unidade de uando eram Magh5ngu decidiram permanecer
Huntos durante a %ida /casados1. Tornaram-se mul+er e marido (n
3kento ye bakala) /Fu-Kiau 9DED* pp.9-21. Com esse no%o começo
de %ida* o ciclo c,smico do Tempo completou-se /Figura 2.91 e um
no%o est;gio de tempo iniciou-se J o Tempo ital.

No entanto* antes de entrar na discussão sore o Tempo ital* 0


preciso esclarecer algo a respeito da maneira como os ensinamentos
cosmol,gicos Bakongos eplicam a in'ertilidade de alguns corpos
celestiais. Como 'oi eplicado acima* o planeta Terra tornou-se
inteiramente %i%o somente porue oportunamente completou seu
ciclo Atra%0s dos uatro est;gios cosmol,gicos esoçados na Figura
2.9. @este modo* a eplicação dada aos corpos celestiais ue são
in'0rteis nos dias atuais* como a ?ua e !arte* desdora-se em duas:
eles não completaram os uatro maiores est;gios do ciclo cosmol,gico
ue concluiriam seus processos de 'ormação e trans'ormação e por
isso permaneceram no est;gio congelado* ou 'oram al%o de alguma
colisão catastr,'ica de um (ig ang) sideral ue destruiu
completamente ou aortou seus processos de criação e trans'ormação
enuanto a Kalunga* a energia criati%a* continua no espaço sideral o
seu traal+o de preparar as c+amas uni%ersais* epandindo-as e
criando no%os mundos /planetas1.

Tempo ital (7tanga a 1ingu8moyo)


Como o Tempo C,sm ico* o Tempo ita l da %ida* ntangu a moyo 0
c$clico. #le começa num ponto e termina no mesmo ponto* para
'ec+ar o ciclo* so'rendo trans'ormaç8es* um no%o ciclo se inicia. A
longe%idade ou per$odo deste tempo %ai depender da nature3a
particular e do poder %ital do (ser)* conceito ou sistema en%ol%ido
/Fu-Kiau 9DD9* p.4W1. Todas as coisas %i%entes* conceitos e sistemas
so'rem esse ciclo temporal. Assim* o Tempo ital pode ser %isto como
um tempo iol,gico uando 0 relacionado G %ida e sua energia criati%a
/reprodução1. eu ponto inicial* Musoni 0 c+amado 2enko /ia
ngyakulu* o ponto da concepção.
@e acordo com os ensinamentos Kongo* nada eiste ue não caia nos
passos c$clicos do cosmograma Kongo. 6essoas* animais* in%enç8es*
sistemas sociais e assim por diante* tudo 0 conceido
(yakwa8yindulwa) atra%0s de um tipo de gra%ide3 /#st;gio 91* nasce
(butwa) /#st;gio 21* amadurece (kula) /#st;gio 1 e morre (fwa) no
est;gio de colisão a 'im de so'rer trans'ormaç8es /#st;gio 41.
O per$odo do Tempo %ital depende da uantidade de energia gerada
pelo (tema) en%ol%ido. L o Tempo ital (ntangu an1ingila) e a energia
%i%a ue determina a longe%i dade do ser +umano* dos animais*
insetos* coras* peies* plantas* 'ungos e assim por diante. uando a
energia %i%a desse tempo diminui* os seres %i%os tornam-se
deilitados* a %elocidade de sua morte aumenta e seu ciclo %ital se
redu3. #n'im* eles morrem a 'im de trans'ormer-se e começar um
no%o ciclo.
O conceito Bantu-Kongo da morte 0 muito claro. !orrer não 0 o 'im:
*tufwanga mu soba+ J n,s morremos a 'im de nos trans'ormarmos
/Fu-Kiau 9DED1. !orrer não 0 apenas um processo* mas uma (represa
do Tempo). Como uma represa do Tempo* tem seus pr,prios
monumentos na estrada cronol,gica* e como um processo* permite
ue a %ida siga seu 'luo e regenere (dikitisa) seu poderVenergia
(ngolo) a 'im de criar um no%o est;gio do ser ou so'rer trans'ormaç8es
capa3es de reintegrar o corpo ao (corpo-energia) uni%ersal. A energia
%i%a ue eistia antes de tornar-se mat0ria no momento da concepção
0 no%amente liertada.

Tempo Natural (7tangu 9asemuka)


O Tempo Natu ral (7tangu 9asemuka)* tam0m c+amado de ntangu
yamena* 0 o tempo ue controla as coisas da terra* seus mo%imentos*
crescimentos* 'lorescimentos* 'ecundação e anin+amento. L o Tempo
ue determina as mudanças sa3onais e tra3 o reHu%enescimento ou o
en%el+ecimento G %ida. Atra%0s de seus mo%imentos* o Tempo Natural
tra3 uatro estaç8es naturais G %ida:
9. 7sungi a m4ula a estação das c+u%as* 0 'undamentalmente uma
estação de limpe3a* %italidade e crescimento. L a estação na
ual o c0u ol+a para aio enuanto a terra le%anta seus raços.
Nas partes mais 'rias do mundo corresponde ao in%erno.
. 7sungi a si4u a estação do 'rio* 0 um tempo em ue a nature3a
redu3 o peso de sua respiração* um processo ue redu3 não
apenas sua temperature* mas tam0m sua altura* aumentando
seu poder para alimentar o reino %egetal.
;. 7sungi a lakumuka 0 um per$odo ue correspo nde G estação do
outono no ocidente* um tempo em ue as ;r%ores perdem suas
'ol+as* por isso c+ama-se lakumuka /outono1. #m algumas partes
do mundo uase não se 'ala sore essa estação porue apenas
algumas ;r%ores so'rem o processo de ueda das 'ol+as (dingo-
dingo dia lakumuna8kula). L o tempo da nature3a reno%ar os
nutrientes do solo e se preparar para um no%o ciclo.
6. 7sungi a mbangala 0 a estação ue corresponde ao %erão
(nsungi a mbangala) um per$odo de grandes mo%imentos e
ati%idades em todas as partes. L o tempo em ue o reino %egetal
redescore seu manto %erde* em outras pala%ras* 0 o tempo em
ue a nature3a se core de %erde ou torna-se seca* ou seHa*
morre para ceder espaço para no%a %ida.
Assim como os outros tempos* o Tempo Natural 0 tam0m tema
para os princ$pios %itais dentro do Cosmograma Kongo. Cada uma
dessas estaç8es corresponde a um est;gio espec$'ico do
cosmograma.

Tempo ocial (7tangu am4ukanana)


O Tempo ocial 0 o tempo respons;%el por todas as ati%idades dos
seres %i%os. A aplicação do Tempo ocial aui* entretanto* ser;
limitada aos seres +umanos e ao po%o Bantu* em particular* aos
Bakongo. L o Tempo em ue o Muntu /+umano1 0 en%ol%ido em uma
ati%idade particular* tanto puramente social /con%erser* casar-se
com uma irmã da comunidade* dançar1* econmica /traal+ar*
negociar1* pol$tica /instaurar um no%o l$der politico* solucionar um
con'lito1* educacional /iniciar no%os l$deres1* 'ilos,'ica /recitar
pro%0rios* 'alar1 ou +ist,rica /ou%ir um masamuna* o gri1.

7mplicaç8es sociais dos concei tos temporais


Assim como em todas as outras ;reas do Tempo* o Tempo ocial* em
todas as sua s di%is8es* em si 0 tema do /ikenga* o cosmograma
kongo* e para seus principais passos na %ida c+amados de Musoni
/passo 91* o 2ala /passo 21 o Mukula /passo 1 e o u4emba /passo
41. Assim* a semana Kongo tradicionalmente possu$a apenas uatro
dias correspondendo aos uatro mercados Kongo do
Bukonso82on1o M,ika 7koyi e 7kenge87sona. imilarmente* os
dias eram di%ididos em uatro princ ipais per$odos de tempo (lo
bianene8biangudi) J n3dingu-a-nsi /meia noite1* nseluka /nascer do
sol* ou seHa* por %olta das E da man+ã1* mbata /tarde1 e ndimina
/pr do sol1 J e uatro entre-+oras (lo biandwlo) < makilo /o
arir-se da man+ã* ou seHa* -4 +oras da man+ã1* kins=mina /entre
o nascer-do-sol e a tarde1* nsinsa /entre a tarde e o pr do sol1 e o
malo-ma-tulu /entre o pr do sol e a meia noite1. W Cada +ora ou
per$odo de tempo por si s, 0 um dos temas principais do
cosmograma Kongo* como mostra a Figura 2..
Al0m disso* em resposta ao princ$pio cosmol,gico dominante* uma
t$pica aldeia Kongo tin+a uatro entra das (mafula)* sendo ue as
casas de seus principais cidadãos ou grupos esta%am locali3adas
perto de tais entradas: 7ganga /mestres iniciados1* Mfumu
/geralmente l$deres politicos1* 7gwa-nka1i /the tier of both positive
and negative knots in the community tio* de amos positi%os e
negati%os da comunidade1* E e Mase /pais* poder de proteção1. @a
mesma maneira* o processo de aprendi3ado era tipicamente
'ormado por uatro n$%eis* cada um tomando lugar a partir de um
nome espec$'ico* correspondente aos est;gios no /ikenga /A oda
CosmogrImica1 segundo a cor ue representa auele est;gio
/amarelo* preto* %ermel+o ou ranco1.

O Tempo no 6ensamento Kongo

As (represas do tempo) representam demarcaç8es temporais ue


%ariam de minutos a +oras e dias* dependendo do conteto. Assim*
uando um !ukongo di3 (N,s ti%emos 'unerais no m"s passado)* ele
est; 'alando de dias* não de +oras. e ele di3 (#u %ou parar na casa de
min+a a%,)* est; claro ue ele est; 'alando de +oras /'alando* rindo*
aprendendo* por eemplo1 e não de dias ou minutos.
Tal%e3 a pergunta nesse momento seria o ue signi'ica %i%er com o
tempo. #ntre os Bakongos* assim como entre o po%o Bantu* 'alar sore
o tempo 0 'ala sore seus n3kama ou (represas) /nascimentos*
guerras* casamentos* 'unerais* caçadas* col+eitas e assim por diante1.
L con%erser* discutir e relacionar-se com os acontecimentos
iologicamente* ideologicamente* politicamente* socialmente*
culturalmente* 'iloso'icamente e economicamente. O Tempo 0
sentido* conceido e entendido apenas atra%0s destes n 3kama ye
dunga bia ntangu /represas e circunstIncias do tempo1 ue ocorrem
no camin+o de uma lin+a do tempo seuencialmente %is$%el apenas
em noss as mente s (ntona). 6ortanto* traal+ar com as (represas do
Tempo) e não control;-las 0 %ida e Tempo. #ssas represas %ão e %em
porue estão nos dingo-dingo c$clicos do tempo.
Onde não +; mambu /d>%idas* con'litos* prolemas1 o tempo não est;
se mo%endo: assi m como não eis te moyo /%ida1. Apenas uando os
'atos (dunga) acontecem as (coisas) se mo%em e o camin+o da lin+a
do tempo torna-se clara. <m no%o ciclo do tempo %ai se mo%imentar
at0 ue outra colisão l+e interrompa* para reali3ar um no%o começo*
para ue um no%o mo%imento do tempo se inicie. 7sso começa no
tempo e testemun+a as marcas de suas (represas) e 'atos* um
processo ue tam0m pode diminuir ou aumentar nosso poder de
cura.
#star no tempo e com o tempo* isso 0* respondendo G ocorr"ncia de
suas (represas)* 0 ao mesmo tempo um processo de regeneração de
energia edoum
c,smico processo
/ikenga de cura*
. igni'ica uma camin+ada
tam0m mentale pelo
marcar (tanda) camin+o
eperimentar
as represas do tempo na lin+a perp0tua do tempo* especialmente
uando (na %ertical) (telama lwimba-nganga) em seus uatro
principais pontos de marcação: musoni kala tukula e lu4emba. #sses
são os pontos das grandes colis8es* não apenas nos processos de
trans'ormação planet;ria* mas tam0m na %ida iol,gica dos
indi%$duos* um processo ue 0 necess;rio para a trans'ormação
(nsobolo) acontecer.
;rios estudos na &'rica tentaram etiuetar o 'ato de ue o mundo
a'ricano 0 inati%o* indi'erente* isso 0* um mundo sem a consci"ncia do
Tempo. #ntretanto* eu sei ue ningu0m pode sore%i%er na &'rica sem
aprocessos
consci"ncia do Tempo.
de uatro O Tempo*
est;gios como 'oi
temporais* mostrado
ordena aui em cada
%irtualmente seus
aspecto da %ida do Kongo. 6ara pescar e ter sucesso* de%e-se
con+ecer o tempo certo. 6ara preparar a terra para o plantio e oter
uma ecelente col+eita* 0 preciso saer uando começar o traal+o.
@e%e-se saer uando a%enturar-se dentro de uma 'loresta e e%itar as
picadas de mosuitos e coras. Tudo seria imposs$%el sem o
con+ecimento e entendimento do conceito do tempo.
6ara o po%o Bantu* não eiste algo como estar (atrasado) /ao menos
ue aconteça da pessoa ter sido educada 'ora da &'rica1. @e%e-se
aprender a ser paciente. *M4ula kasukina mu matuti n3kaku+ J (se a
c+u%a não alcança o solo /terra1) di3 o Kongo* (de%e +a%er alguma
arreira). <m entendimento dessas arreiras (n3kaku) 0 central para
o real entendimento do conceito do tempo e suas 'unç8es entre o
po%o Bantu* porue o tempo por si pr,prio 0 in>til* mas suas represas
não o são (2a ntangu kibeni ko kansi n3kama miandi mi4widi
lukumu). (#star atrasado) 0 apenas um camin+o para responder a
outros aspectos do n3kama mia ntangu ue não esta%am pre%istos no
momento em ue um ponto ('io) na lin+a con%encional do tempo 'oi
decidido. 6ode-se 'luir de uma represa do tempo /origação 'ia1 a
outra apenas se não +; colisão impre%ista /'ato 8dunga) entre as duas*
tal como uma criança dependurada em uma ponte* presa pelos p0s.
6or outro lado* de%e-se lidar primeiramente com essa entre-represa
(nkam-bakani) ou colisão.
i%er no tempo 0 ser capa3 lidar ao mesmo tempo com as represas do
tempo con+ec idas e descon+ecidas a medida em ue elas acontecem
Atra%0s do dingo-dingo dia ntangu /processos do tempo1. 7sso tam0m
en%ol%e compreender a inter-relação entre o passado* o presente e o
'uturo. L ser capa3 de 1inga ye 1ingumuna lu1ingu lwa ntangu * rolar e
desenrolar o pergamin+o do tempo* ou seHa* entender e intermpretar
o presente /3ona
pergamin+o do tempo
ue contem B1 desenrolando
a eperi"ncia e re%isando
do aprendi3ado parte
/3ona do
do tempo
A1 e se posicionar para pre%er o 'uture /o passado do aman+ã1
enrolando ou re%elando as partes escondidas do pergamin+o no ual n
3kama miam,a mia ntangu /no%as represas do tempo1 serao impressas
pelo ser +umano ou pela nature3a /3ona do tempo C1* como mostra a
Figura 2.4.
#ssa 'igura encorpora o conceito Bantu do passado* do presente e do
'uturo do Tempo. O Tempo 0 conceido como pergamin+ o (lu1ingu)
ue reuer o doro de aç8es do indi%$duo* ue di3 (#u sou o tempo
presente) (Mono ngiena mu tandu kiaki) a 'im de entender: 1inga ye
1ingu-muna lu1ingu lwa ntangu /enrolar e desenrolar1* o passado se
%ai
n,s edescorimos
%olta para n,s no tempo
o 'uture* presenteU
o passado do pelo 1ingumuna
aman+ã. /desenrolar1
N,s di3emos ue
atra%0s do 1igumuna /=1* o pergamin+o do tempo* o 'uturo %em at0
n,s. Atra%0s do 1inga ye 1ingumuna /=31* ue são processos di;rios da
%ida* ue o +omem pode tra3er para si mesmo* no tempo presente* o
mel+or e o pior tanto do passado uanto do 'uturo. #m outras
pala%ras* %i%er (1inga) e ser (kala) no tempo 0 ser capa3 de se mo%er
li%remente pra 'rente e pra tr;s no desenrolar do tempo* ou seHa*
%i%er constantemente no passado /segmento A1* no presente* no
passado e no 'uturo /segmento B1* enuanto desdorando o
descon+ecido escondido /egmento C1* o presente 'uturo.
O Tempo 0 o mo%imento da energia consciente (ngolo 1asikama)
dentro da mat0riaVcorpo (ma8nitu) iol,gico no camin+o tanto do
indi%$duo* uanto do ciclo c,smico uni%ersal da %ida e dos sistemas
sociais (dikenga dia 1ingu8myo ye fu). Assim* estar no tempo não 0
apenas ir atra%0s dele* mas tam0m eperimentar a %ida camin+ando
nas n3kama mia ntangu /represas do tempo1. L estar a'inado com o
'luir da energia %i%a* compartil+ando sua melodia.

731ungi - Viajante
731ungi >a? n1ila J Um simples viajante no caminho [cósmico]
731ungi - Viajante
731ungi >a? n1ila J Um simples viajante no caminho [cósmico]
Banganga ban3e - E aqueles iniciados
"-e-e.@ - Eles são o mesmo.

A canção acima da escola de iniciação do ?Xma* uma das uatro


maiores escolas de ensino superior ue eistiram no 7mp0rio Kongo* 0
perceida 'iloso'icamente de uma 'orma em so'isticada no al'orismo

%oltar; Ma3kwendaA
Kikongo*/depois1) Ma3kwi1a
J o ue J (odeue
'lui atra%0s est; acontecendo
mo%imentos /agora1
c$clicos seguir;
mo%endo-se. O Tempo 0 c$clico* assim como a %ida e todas as suas
rami'icaç8es* ue 'a3em com ue as mudanças seHam poss$%eis atra%0s
dos processos ue deiam marcas nas (represas do tempo).

Conclusão

O conceito Bantu-Kongo do tempo discutido aui pode parecer algo


completamente no%o* não apenas para derruar leitores da
pensamento e da 'iloso'ia A'ricana mas tam0m para aueles ue
traal+am pela %ida e nesses campos. A ra3ão poderia ser* entre
outras* para para'rasear o ue a escola norte-americana pontuou
pela 'alta de entendimento das cosmologias a'ricanas. O Tempo*
para os Bakongo* pode ser discutido a partir de todos os aspectos da
%ida porue cada um deles 0 um agente criador de 'atos na lin+a do
tempo.
As seguintes conclus8es podem ser traçadas a respeito do conceito
Bantu-Kongo do tempo:
9. O Tempo 0 (algo) ue est; em curso cosmol,gico* e assim sendo*
cosmologicamente 'alando* o tempo 0 a duração entre a
'inali3ação dos processos de 'ormação do primeiro planeta e suas
tran'ormaç8es e a 'inali3ação dos processos de 'ormação do
>ltimo planeta e suas trans'ormaç8es em direção aos uatro
grandes passos do cosmograma Kongo. <m planeta permanecer;
(n>)* sem %ida* at0 ue esses est;gios seHam 'inali3ados.
2. O Tempo 0 (algo) ue est; em curs o iol,gico* e assim sendo * o
tempo 0 o per$odo entre a concepção da primeira gra%ide3 /de
umbu e Mu1ita* o primeiro casal na mitologia do Kongo1 e a
concepção da >ltima gra%ide3* para acontecer o cordão umilical
da raça +umana PPPPPPPpara acontecer o laço iol,gico da raça
+umana. To occur on t+e iological rope o' t+e +uman race .
Cada esp0cie %i%ente tem seu pr,prio per$odo iol,gico de %ida
na traHet,ria da lin+a do tempo.
. O Tempo 0 (algo) ue est; em curs o social* e assim sendo*
socialmente 'alando* tempo 0 a duração entre o ponto em ue
ocorre o primeiro acontecimento social (dunga) no nosso planeta
e o ponto em ue ocorre o >ltimo acontecimento.
4. O Tempo 0 (a'alando*
naturalmente lgo) ueo es t; em0 curs
tempo o natura
a duração l* e oasponto
entre sim seem
ndo*
ue a nature3a (m3belo nsemokono) tornou-se plenamente %i%a
e capa3 de sustentar a %ida iol,gica e o ponto em ue a
nature3a ser; incapa3 de reali3ar tal 'unção. #ssa ser; a maior
colisão na +ist,ria do planeta Terra na traHet,ria de sua lin+a do
tempo. O Tempo est; dentro de n,s e ao nosso redor porue n,s*
como parte do uni%erso* somos parte do tempo. N,s somos o
tempo porue somos *n3kama mia ntangu+ * as represas do
tempo.

NOTA
9. <ma oa disc ussão sor e a linguagem lite r;ria do Kongo pode
ser encontrada em (!elolo Ya !piku* 7ntroduction G la
literature Kikongo)* Resear!h in $fri!an iteratures ; /9D21:
99-E9.
2. 6ara uma discussão mais pro'unda* %eHa K. K. B. Fu-Kiau*
(!ukuku !atatu: ?es Fondements Culturels Kngo)* manuscrito
in0dito* p. 455.
. K. K. B. Fu-Kiau* $fri!a: The ,side-/own Sailing Shi, /NeZ
[ork: Carlton 6ress* in press1* p. W.
4. Tam0m con+ecido como !a+\ngu* !al\ngu e !a%\ngu.
W. O tema 0 longamente discu tido em K. K. B. Fu-Kiau* (!ak uku
!atatu)* pp. -D9.
E. O ngwa-nka1i /tio1 0 o agente tanto das 'orças positi%as uanto
negati%as da sociedade. #le tem acesso ao poder e G liderança e
pode aençoar as pessoas* por outro lado* ele tem a (energia)
para punir* amaldiçoar e causar a morte.
. 6ara uma discu ssão mais pro'unda* %eHa K. K. Bunseki Fu-Kiau*
Self-ealing Power and Thera,y /NeZ [ork: antage 6ress*
9DD91* pp. D-DD.
. #ssa canção po0tica da #scola de 7ni ciação ?Xma 'oi com posta
na linguagem altament e so'isticada dos mestres e não pode ser
literalmente tradu3ida na l$ngua inglesa. A tradução
proporcionou transmitir a ess"ncia do teto. 6ara uma discussão
mais pro'unda* %eHa K. K. Bunseki Fu-Kiau* 73kongo ye 71a
9akun 31ungidila8e Mukongo et le Monde #ui l3"ntourait
/Kins+asa: ON@* 9DED1* pp. 2E-5.

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