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. ANO
EM RE

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DOMÍNIO
ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO
MASSA E TAMANHO DOS ÁTOMOS
SUBDOMÍNIO

ENERGIA DOS ELETRÕES NOS ÁTOMOS


SUBDOMÍNIO

TABELA PERIÓDICA
SUBDOMÍNIO

1.1 O ÁTOMO

Ordem de grandeza e escalas de comprimento


O objeto de estudo da Química pode variar desde o átomo até ao Universo. Por esse motivo, é conve-
niente identificar a ordem de grandeza da dimensão do objeto em estudo. A ordem de grandeza
corresponde à potência de base dez mais próxima de um número escrito em notação científica.

As ordens de grandeza das estruturas da Natureza podem ser tão variadas que, para simplificar,
usam-se frequentemente múltiplos e submúltiplos:

giga: 1 Gu = 109 u hecto: 1 hu = 102 u centi: 1 cu = 10- 2 u


mega: 1 Mu = 106 u deca: 1 dau = 101 u mili: 1 mu = 10- 3 u
quilo: 1 ku = 103 u deci: 1 du = 10- 1 u micro: 1 mu = 10- 6 u

u representa qualquer unidade como m (metro), s (segundo), g (grama), etc.

EXEMPLOS

Sistema Medida Notação científica Ordem de grandeza


Altura média de um ser humano 1,7 m 1,7 * 100 m 100
Bactéria comum 7 μm 7 * 10– 6 m 10– 5
Raio médio da Terra 6371 km 6,371 * 106 m 107
Diâmetro do Sol 1,39 Gm 1,39 * 109 m 109

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1 MASSA E TAMANHO DOS ÁTOMOS

As dimensões à escala atómica são tão reduzidas que é usual a utilização de outros submúltiplos como:

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nanómetro: 1 nm = 1 × 10- 9 m   angström: 1 Å = 1 × 10- 10 m   picómetro: 1 pm = 1 × 10- 12 m

Átomo
(10-10 m) Núcleo
(10-14 m)
Nucleão Quark
(10-15 m) (10-20 m)

Ordem de grandeza dos raios das


partículas – escala atómica.
Nanotecnologia
A nanotecnologia é a área da Química que se dedica ao estudo da manipulação da matéria à escala
atómica e molecular e permite o desenvolvimento de aplicações “alucinantes”. É assim chamada
porque os seus objetos de estudo são normalmente medidos em nanómetros.

Constituição do átomo
O átomo é constituído por uma zona central, o núcleo (de dimensões reduzidas, cerca de 104 vezes
menor que o átomo, mas onde está concentrada praticamente toda a massa do átomo) e pela nuvem
eletrónica.

xwwwwwwywwwwwwz
No núcleo localizam-se os
protões, de carga positiva e
os neutrões, sem carga, com Na nuvem eletrónica
massas aproximadamente localizam-se os eletrões
iguais. de carga negativa com
A carga nuclear é sempre uma massa cerca de
igual à soma das cargas dos 2 * 103 vezes inferior
protões que se localizam à dos protões e dos
no núcleo. neutrões.

Nome (símbolo) Carga Massa (u) Localização


+
Protão (p ) +1 1,00728 Núcleo
Neutrão (n0) 0 1,00866 Núcleo
-
Eletrão (e ) -1 0,00054858 Em torno do núcleo

O átomo é eletricamente neutro porque tem um número igual de protões e de eletrões.


Os átomos são considerados as unidades base de toda a matéria. Cada átomo tem características
próprias, correspondendo-lhe um elemento químico. O hidrogénio, o carbono, o ferro e o oxigénio são
exemplos de elementos químicos. Cada elemento químico tem um número atómico único, que permite
a sua identificação e cada átomo de um elemento químico pode representar-se simbolicamente por:

Número
de massa
Símbolo
químico
Número
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atómico

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1 ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

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O número atómico (Z) define a identidade de um elemento, ou seja, o número de protões existentes
no núcleo dos seus átomos.
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O número de massa (A) é um número inteiro sem unidades, igual ao número total de partículas do
núcleo.

EXEMPLO

Átomo de lítio.

Protões
Protões

Neutrões
Número atómico Z=3 Número de massa A=6
Número atómico (Z) = n.º de protões Número de massa (A) = n.º de protões + n.º de neutrões

O que são isótopos?


Isótopos são átomos do mesmo elemento químico que apresentam, o mesmo número atómico, mas
diferem no número de massa, ou seja, no número de neutrões.
Os isótopos de um elemento têm as mesmas propriedades químicas mas propriedades nucleares
distintas.

EXEMPLO

O hidrogénio tem três isótopos com números de massa 1, 2 e 3 (contendo 0, 1 e 2 neutrões, respetivamente)
designados prótio, deutério e trítio.
1 2 3
1H 1H 1 H
1n0

1n0 1p+
1p+ 0n0
1p+ 1n0

Prótio Deutério Trítio

Massa isotópica relativa e massa atómica relativa média


A massa do átomo é tão pequena que é impossível determiná-la diretamente. A alternativa é calcular
o valor relativo das massas dos vários elementos, tomando a massa de um deles, ou uma sua fração,
como termo de comparação.
A massa atómica relativa (Ar) é, então, definida como sendo o número de vezes que a massa de um
átomo é maior do que um valor de referência usado como padrão, sendo, por isso, uma grandeza
1
adimensional. O valor de referência é da massa do átomo do isótopo carbono-12.
12
A massa isotópica relativa é a massa atómica relativa de um isótopo de um dado elemento. Define-se
como o número de vezes que a massa atómica do isótopo desse elemento é maior do que o valor padrão.

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1 MASSA E TAMANHO DOS ÁTOMOS

A massa atómica relativa média de um elemento corresponde à média ponderada das massas isotó-
picas dos vários isótopos de um elemento químico que se encontram na Natureza.

10.º ANO EM REVISTA


EXEMPLO

Determinação da massa atómica relativa média do cloro.

17
Isótopo Massa isotópica relativa Abundância natural / %
35
Cℓ 34,97 75,8
37
35,45 Cℓ 36,97 24,2
Cloro
Ar(Cℓ) = 34,97 * 0,758 + 36,97 * 0,242 = 35,45
1
• Ar(Cℓ) = 35,45 significa que a massa do cloro é, em média, 35,45 vezes superior à massa de da massa
12
atómica do isótopo carbono-12.
• O valor obtido não é um número inteiro, pois resulta de uma média ponderada.
• O resultado é mais próximo da massa atómica relativa do isótopo mais abundante, pois tem maior peso na
média do que a do isótopo menos abundante.
• A massa atómica relativa média de um elemento pode ser consultada na Tabela Periódica.

1.2 QUANTIDADE EM QUÍMICA

Quantidade de matéria
A dimensão do átomo é tão reduzida que é impensável contar o número de átomos de uma porção
de matéria, por mais pequena que seja.
A mole (cujo símbolo é mol) é a unidade de quantidade de matéria (n), uma grandeza base do SI,
que corresponde à porção de matéria de um sistema que contém um número de entidades igual ao
número de átomos de carbono existentes em 0,012 kg de carbono-12.
Atualmente, a constante de Avogadro (NA) é uma constante física fundamental, que corresponde ao
número de entidades (átomos, moléculas, iões, eletrões, fotões, etc.) existentes numa mole da enti-
dade considerada e tem o valor de 6,02 * 1023 mol- 1.
O número de partículas (N) existente numa pequena porção de matéria é diretamente proporcional
à quantidade de matéria (n), sendo a constante de proporcionalidade a constante de Avogadro (NA).

N = n NA

A fórmula química de um composto indica simultaneamente quais os elementos que formam o


composto e quais as suas quantidades relativas, permitindo estabelecer uma relação, entre a quanti-
dade de moléculas e a quantidade de átomos de cada elemento que constitui a molécula.

EXEMPLO

1 mole de moléculas de C3H8O3 6,02 * 1023 moléculas de C3H8O3

C3 H8 O3 C3 H8 O3
3 moles de átomos 8 moles de átomos 3 moles de átomos 18,1 * 1023 átomos 48,2 * 1023 átomos 18,1 * 1023 átomos
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de carbono de hidrogénio de oxigénio de carbono de hidrogénio de oxigénio

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1 ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

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Massa molar
A massa molar (M) é a massa de uma mole de entidades. Exprime-se geralmente em g mol- 1 e é
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numericamente igual à massa atómica relativa média dos elementos ou à massa molecular relativa
média das moléculas quando as substâncias se identificam com um elemento ou um composto
molecular, respetivamente.

EXEMPLO

Ar(H) = 1,01, logo M(H) = 1,01 g mol- 1


Mr(H2) = 2,02, logo M(H2) = 2,02 g mol- 1
Mr(H2O) = 2 * Ar(H) + Ar(O) = 18,02, logo, M(H2O) = 18,02 g mol- 1

A massa (m) de uma porção de matéria de uma dada substância é diretamente proporcional à quan-
tidade de matéria (n) presente, sendo a constante de proporcionalidade a massa molar (M) da subs-
tância em causa.

m=nM

RESUMINDO

Massa m=nM Quantidade de matéria N = n NA Número de entidades


(m) / g (n) / mol (N) / adimensional

Fração molar e fração mássica


As proporções relativas dos vários elementos químicos presentes num composto (composição quan-
titativa) podem ser expressas em:
Fração molar (x) Fração mássica (w)
É a razão entre a quantidade de matéria de um É a razão entre a massa de um constituinte e a
constituinte e a quantidade de matéria total de massa total de todos os constituintes. É uma
todos os constituintes. É uma grandeza adi- grandeza adimensional. Multiplicando a razão
mensional. das massas por 100 obtém-se a percentagem
mássica.

nA mA
xA = wA =
ntotal mtotal

A soma das frações molares ou das frações mássicas dos vários constituintes é sempre igual a 1.

A fração mássica e a fração molar relacionam-se pela expressão:


n A * MA
xA
mA mA ntotal
wA = § wA = § wA = §
mtotal mA + mB + ... n A * MA n B * MB
xA + + ...
ntotal ntotal xB
xAMA
§ wA =
xAMA + xBMB + …

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ENERGIA DOS ELETRÕES NOS ÁTOMOS


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TABELA PERIÓDICA
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2.1 ESPETROS CONTÍNUOS E DESCONTÍNUOS

Radiação eletromagnética
O físico inglês Isaac Newton foi o primeiro cientista a perceber que a luz branca se desdobra numa
sequência de cores idêntica à do arco-íris, ao atravessar um prisma de vidro. O conjunto formado
pela sucessão contínua das várias radiações coradas obtidas pela decomposição da luz branca consti-
tui o espetro visível.
A luz branca, ou luz visível, é um caso particular de radiação eletromagnética que é diretamente
acessível à nossa visão. No entanto, corresponde apenas a um pequeno intervalo do espetro eletro-
magnético que representa o conjunto de todas as possíveis radiações eletromagnéticas ordenadas
pelas suas energias (comprimentos de onda ou frequências).
Espetro visível
m

m
4

–1

–2

–3

–4

–5

–6

–7

–8

–9

3
–1

–1

–1

–1
10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10
10

10

10

Comprimento de onda no vazio / m

Infravermelhos Ultra-
Ondas rádio Micro-ondas (IV) -violeta Raios X Raios g
(UV)
Frequência / Hz
Hz

Hz

Hz

10 Hz
Hz

Hz

Hz

Hz

Hz

Hz

Hz

Hz
Hz

Hz

Hz

Hz

Hz

Hz
10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21
4

9
10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

10

A frequência ( f ) corresponde ao número de ciclos completos realizados pela onda em cada segundo.
A luz ou a radiação eletromagnética é considerada uma corrente de fotões, sendo a energia de cada
fotão diretamente proporcional à frequência dessa luz.
• Os raios gama (g), os raios X e a radiação ultravioleta são radiações eletromagnéticas de frequência
elevada (comprimento de onda baixo), pelo que apresentam valores elevados de energia.
• As ondas de rádio, as micro-ondas e a radiação infravermelha são radiações eletromagnéticas de
frequência baixa (comprimento de onda elevado), pelo que apresentam valores baixos de energia.
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• Das radiações eletromagnéticas visíveis, as mais energéticas situam-se na região do azul/violeta e


as menos energéticas na zona do vermelho/laranja.

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1 ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

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Espetros de emissão e de absorção
O espetro visível da luz branca corresponde a um espetro de emissão contínuo – espetro cujas radia-
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ções têm valores de energia que variam progressivamente e sem interrupção entre as radiações
limite do espetro, constituindo uma gama variada e contínua de radiações.

Espetro de emissão contínuo no visível.

O espetro da radiação emitida por uma substância pode ser contínuo ou descontínuo. Por exemplo,
as substâncias incandescentes produzem espetros de emissão contínuos, ao passo que os gases no-
bres (como o hélio, o néon e o árgon) originam espetros de emissão de riscas (descontínuos).

Espetro de emissão descontínuo


Espetro de fundo negro onde se sobrepõem riscas, que podem ser coradas se as radiações emitidas
pertencerem à região do visível.

Exemplo: espetro de emissão do hélio.

Espetro de absorção descontínuo


Espetro de fundo corado ao qual se sobrepõem riscas escuras, que correspondem às radiações que
foram absorvidas.

Exemplo: espetro de absorção do hélio.

• Cada elemento químico possui o seu próprio padrão de riscas espetrais, que funciona como uma
espécie de “impressão digital” do elemento.
• Os espetros de absorção e de emissão de um mesmo elemento químico são complementares – ve-
rifica-se que as riscas brilhantes do primeiro surgem exatamente para os mesmos valores de ener-
gia que as riscas escuras do segundo.

2.2 INTERPRETAÇÃO DO ESPETRO DO ÁTOMO DE HIDROGÉNIO

Modelo de Bohr e a quantização da energia


A radiação emitida pelo hidrogénio atómico origina um espetro descontínuo, que apresenta, na
região do visível, quatro linhas ou riscas bem definidas.

409 433 485 655


λ/nm

O físico dinamarquês Niels Bohr propôs, pela primeira vez, uma interpretação do espetro do átomo de
hidrogénio, usando-o para explicar a estrutura interna dos átomos.

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2 ENERGIA DOS ELETRÕES NOS ÁTOMOS

n=5
Núcleo
n=4 E /J
n=?
n=3

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n=5
n=2 n=4
Estados – 2,42 * 10–19 n=3
n=1 n=2
excitados – 5,45 * 10–19
+

Estado
fundamental – 2,18 * 10–18 n=1

Modelo atómico de Bohr. Valores permitidos para a energia do


eletrão do átomo de hidrogénio.
Segundo o modelo de Bohr:
• O eletrão só pode ser encontrado em determinadas órbitas, ou seja, movimenta-se em torno do
núcleo, descrevendo órbitas fixas.
• A cada uma dessas órbitas está associado um determinado valor de energia. Diz-se, por isso, que a
energia dos eletrões é quantizada.
• Por convenção, um eletrão livre é um eletrão infinitamente afastado do núcleo, com energia igual a
zero. Como consequência, a energia do eletrão no átomo é negativa, dado que o eletrão é mais
estável quando está sob a ação das forças do núcleo.
• A energia dos níveis energéticos que o eletrão pode ocupar vai aumentando à medida que o ele-
trão se afasta do núcleo, sendo, no entanto, cada vez menor a diferença de energia entre dois ní-
veis consecutivos.
• O nível eletrónico de mais baixa energia (n = 1) é designado por estado fundamental e é o mais
estável. A todos os outros dá-se o nome de estados excitados, pois têm uma energia superior à do
estado fundamental.
• Enquanto o eletrão permanece (em movimento) numa determinada órbita, não absorve nem emite
energia.
• No caso de absorver ou emitir uma quantidade discreta de energia, o eletrão pode passar de uma
órbita para outra. A energia do eletrão no átomo é quantizada e as transições de eletrões entre níveis
só se dão por absorção ou emissão de energias bem definidas, assim:
n=3

n=2 n=3
n=2
Na absorção DE > 0
n=1
Energia

+ Núcleo
e–
DE = Enf - Eni
e– n=1

n=3

n=2 n=3
e– n=2 Na emissão DE < 0
n=1
Energia

+ Núcleo
DE = Enf - Eni
e–
n=1

Em qualquer dos casos, Erad = |DE|.


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As riscas observadas no espetro de emissão do átomo de hidrogénio correspondem, então, às radia-


ções emitidas quando o eletrão transita de um nível para outro de menor energia.

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Séries espetrais do átomo de hidrogénio
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Uma série espetral é um conjunto de riscas resultantes das transições do eletrão de diferentes esta-
dos eletrónicos excitados para o mesmo estado final, excitado ou não.
Séries espetrais do átomo de hidrogénio:
• série de Lyman - transições eletrónicas de n ≥ 2 para n = 1 correspondentes à emissão de radiação
ultravioleta.
• série de Balmer - transições eletrónicas de n ≥ 3 para n = 2 correspondentes à emissão de radiação
no ultravioleta (fraca intensidade) e no visível.
• séries de Paschen, Brackett e Pfund – correspondem à emissão de radiação infravermelha e refe-
rem-se às transições eletrónicas de níveis superiores para os níveis 3, 4 e 5, respetivamente.

0 n=5
– 8,72 * 10–20 J n=4
– 1,36 * 10–19 J n=3
– 2,42 * 10–19 J n=2
– 5,45 * 10–19 J
Energia /J

– 2,18 * 10–18 J n=1


Lyman Balmer Paschen

100 200 λ/nm 500 1000 2000

Para as transições entre os mesmos níveis de energia, a energia da radiação emitida é igual à energia
da radiação absorvida.

EXEMPLO

Eradiação emitida n4 " n2 = Eradiação absorvida n2 " n4

A espetroscopia de absorção atómica (EAA) é uma técnica de análise química que faz uso da absor-
ção de radiação por átomos livres no estado gasoso para proceder à determinação qualitativa e quan-
titativa de um grande número de elementos químicos (por exemplo, identificação de elementos
químicos nas estrelas ou determinação de quantidades vestigiais em química forense).

2.3 ENERGIA DE REMOÇÃO ELETRÓNICA

A estrutura eletrónica dos átomos com mais de um eletrão é bem mais complexa que a do átomo de
hidrogénio, devido às interações que surgem entre os vários eletrões e entre estes e o núcleo.
A energia dos eletrões nos átomos inclui o efeito das atrações entre os eletrões e o núcleo (por as
suas cargas serem de sinais contrários) e das repulsões entre os eletrões (por as suas cargas serem do
mesmo sinal).
Protões Protões Protões Eletrões Eletrões Eletrões
Força de Força de Força de
repulsão atração repulsão

Cargas do mesmo sinal repelem-se e cargas de sinais contrários atraem-se.

O efeito destas atrações e repulsões influencia a energia do eletrão no átomo, o que leva a que os
eletrões se distribuam por níveis de energia distintos em átomos de diferentes elementos, confe-
rindo ao átomo de um elemento uma estrutura eletrónica única.

10

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2 ENERGIA DOS ELETRÕES NOS ÁTOMOS

Para se conhecer a energia de cada eletrão num átomo recorre-se à técnica de espetroscopia fotoele-
trónica, que permite calcular os valores das energias de remoção dos diferentes eletrões – valor mí-

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nimo de energia necessário para provocar a ejeção de qualquer um dos eletrões do átomo e que é
simétrica da energia do eletrão no átomo.

Eremoção eletrónica = - Eeletrão no átomo

Quanto menor é o valor da energia de remoção, maior é o valor da energia do eletrão no átomo, o
que indica que ele pertence a um nível de energia superior, isto é, mais afastado do núcleo. Ao invés,
os eletrões mais internos apresentam maiores valores de energia de remoção.

Erem /(... * 10–18J)


Eremoção
eletrónica
– – – mínima
– 1,40
– –
– 2,45

Eremoção
eletrónica
– – máxima
– 39,6

Valores das energias de remoção eletrónica para um átomo polieletrónico.

Que informações se podem obter a partir de espetros fotoeletrónicos?


Os espetros fotoeletrónicos obtidos por espetroscopia fotoeletrónica permitem determinar as ener-
gias relativas dos subníveis eletrónicos ocupados, assim como os números relativos de eletrões em
cada subnível, por análise dos picos:
• a posição indica os valores da energia de remoção eletrónica;
• a altura é proporcional ao número de eletrões em cada nível ou subnível de energia.

EXEMPLOS

Espetros obtidos por espetroscopia fotoeletrónica

Lítio
Elemento Li
de eletrões
N.º relativo

N.º de eletrões 3

20 17,5 15 12,5 10 7,5 5 2,5 0 2 níveis de energia


Energia de remoção / MJ mol–1

• Observam-se dois picos (que correspondem a dois valores diferentes de energia de remoção), logo, os três
eletrões do lítio, no estado fundamental distribuem-se por dois níveis de energia (o 1.º pico corresponde ao
1.º nível de energia e o 2.º pico ao 2.° nível de energia).
• Como a altura do pico corresponde ao número relativo de eletrões em cada nível de energia é também
possível concluir que o primeiro nível de energia comporta mais eletrões – dois eletrões – que o nível de
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energia seguinte que comporta um eletrão.

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Boro
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Elemento B
de eletrões
N.º relativo

N.º de eletrões 5

20 17,5 15 12,5 10 7,5 5 2,5 0


2 níveis de energia, com o segundo
Energia de remoção / MJ mol–1
nível desdobrado em 2 subníveis

• Observam-se três picos (correspondentes a três valores de energia de remoção). A diferença de energia é
muito maior do primeiro pico para o segundo do que do segundo pico para o terceiro, o que pressupõe a
existência de dois níveis de energia com o 2.º nível desdobrado em dois subníveis.
• Como os dois primeiros picos têm uma altura igual enquanto o último pico tem cerca de metade da altura
dos anteriores, conclui-se que os cinco eletrões do boro se distribuem da seguinte forma: dois eletrões de-
vem ocupar o 1.º nível de energia; outros dois eletrões devem ocupar o subnível de menor energia do 2.º
nível e um eletrão deve ocupar o subnível de maior energia do 2.º nível.

Dados de espetroscopia fotoeletrónica para os elementos químicos de número atómico 1 até 12, em MJ mol- 1

Elemento 1 H 2 He 3Li Be
4 5B C
6 7N 8O 9F 10Ne Na
11 12 Mg

1.º pico 1,31 2,37 6,26 11,5 19,3 28,6 39,6 52,6 67,2 84,0 104 131

2.º pico 0,52 0,90 1,36 1,72 2,45 3,12 3,88 4,68 6,84 9,40

3.º pico 0,80 1,09 1,40 1,31 1,68 2,08 3,67 5,50

4.º pico 0,50 0,70

A análise dos espetros fotoeletrónicos dos diferentes elementos permite concluir que:
• o primeiro nível de energia, à exceção do hidrogénio, é sempre ocupado com dois eletrões;
• no segundo nível de energia podem existir, no máximo, oito eletrões, distribuídos por dois subníveis,
em que o primeiro pode comportar dois eletrões e o segundo subnível seis;
• átomos de elementos químicos diferentes apresentam valores diferentes para a energia dos eletrões
no mesmo subnível de energia: a energia de um subnível é tanto menor quanto maior for a carga
nuclear pois maior é a intensidade da força atrativa exercida pelo núcleo, sendo maior o valor da ener-
gia de remoção eletrónica dos eletrões que ocupam esse subnível;
• considerando que um nível que não se encontre desdobrado em subníveis contém um único subní-
vel, então o número de subníveis de energia total ou parcialmente preenchidos num átomo coincide
com o número de valores de energias de remoção eletrónica para esse átomo.

2.4 MODELO QUÂNTICO DO ÁTOMO

Orbitais e níveis de energia


Nuvem
Apesar de o modelo de Bohr explicar satisfatoriamente o eletrónica Probabilidade
espetro do átomo de hidrogénio, com base na quantifica-
ção da energia eletrónica, não permitia interpretar os da- b
dos obtidos para os outros cerca de noventa elementos
químicos que surgem na Natureza. a
O modelo atualmente aceite para o átomo é o modelo
quântico.

12

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2 ENERGIA DOS ELETRÕES NOS ÁTOMOS

De acordo com o modelo quântico, a nuvem eletrónica representa a distribuição da densidade dos
eletrões à volta do núcleo atómico, correspondendo as regiões mais densas a maior probabilidade de

10.º ANO EM REVISTA


aí encontrar eletrões. Verifica-se que há uma elevada probabilidade de o eletrão se encontrar perto do
núcleo.
A orbital atómica é a função de onda que representa a distribuição no espaço de um eletrão no
modelo quântico do átomo.

Orbitais s Orbitais p Orbitais d

z z z z z y z
y y y y y
x x x
x x x
dyz dxz dxy
px py pz z z
y y
x x
dx2 – y2 dz2

As orbitais s, As orbitais p (px, py e pz), três por nível de As orbitais d (dxy, dyz, dxz, dx2 – y2 e
uma por nível energia, apresentam dois lóbulos simétricos, dz2), cinco por nível de energia,
de energia, tendo o núcleo como centro. apresentam uma forma mais
apresentam complexa.
simetria esférica.

O tamanho das orbitais s, p e d aumenta com o aumento do nível de energia preenchido.

Spin elétrónico
O spin eletrónico é uma propriedade quantizada do eletrão, além da sua massa e carga, que permite
dois estados diferentes. Está relacionado com os dois movimentos de rotação eletrónicos possíveis,
um no sentido dos ponteiros do relógio e outro no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.

S N

N S

Movimento de rotação eletrónica (spin).

Como estabelecer as configurações eletrónicas dos átomos?


Para se obter a configuração eletrónica do estado fundamental dos átomos deve aplicar-se:
• O Princípio de Exclusão de Pauli, de acordo com o qual cada orbital só pode ser ocupada, no
máximo, por dois eletrões, emparelhados, isto é, com spins opostos.
Em átomos polieletrónicos todas as orbitais de um mesmo subnível np, ou nd, têm exatamente a
mesma energia e são designadas orbitais degeneradas. Por exemplo, o conjunto das três orbitais p,
em cada nível de energia, que comportam no máximo seis eletrões com um único valor de energia
©AREAL EDITORES

de remoção, têm igual energia.

13

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1 ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

©AREAL EDITORES
• O Princípio de Construção ou de Aufbau, segundo o qual os eletrões se distribuem pelas orbitais
por ordem crescente de energia.
10.º ANO EM REVISTA

n=1 1s

n=2 2s 2p

n=3 3s 3p 3d

n=4 4s 4p 4d 4f

n=5 5s 5p 5d 5f

n=6 6s 6p 6d

n=7 7s 7p

EXEMPLO

20Ca – 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2

• A Regra de Hund - a distribuição mais favorável dos eletrões por orbitais degeneradas é aquela que
conduz à obtenção do número máximo de spins paralelos.

EXEMPLO

Distribuição eletrónica mais favorável para o átomo 6C


de carbono 1s 2s 2p 1s 2s 2p
O carbono possui quatro eletrões de valência - eletrões do último nível de energia.

A distribuição dos eletrões pelas orbitais atómicas pode ser apresentada de diversas formas:

Configuração eletrónica Exemplo


Escrita das orbitais realizada por ordem crescente de energia e o número Mg - 1s2 2s2 2p6 3s2
de eletrões, em cada subnível figura como expoente.
Representação abreviada ou concisa, em que o cerne do átomo é Mg - [Ne] 3s2
representado pelo gás nobre imediatamente anterior, entre parêntesis
retos, evidenciando-se depois os eletrões mais externos que determinam
as suas propriedades.
Representação das orbitais como caixas e os eletrões que as ocupam
como setas orientadas para cima ou para baixo. Os sentidos opostos das 12Mg
setas traduzem o facto de os eletrões de uma orbital possuírem 1s 2s 2p 3s
diferentes estados de spin.
Num diagrama de energias das orbitais, com a vantagem de se poder
visualizar a diferença de energia que existe entre os diversos níveis e
subníveis eletrónicos para o átomo em causa. 4s
3p
Energia

3s
2p

2s

1s

14

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DOMÍNIO
ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO
MASSA E TAMANHO DOS ÁTOMOS
SUBDOMÍNIO

ENERGIA DOS ELETRÕES NOS ÁTOMOS


SUBDOMÍNIO

TABELA PERIÓDICA
SUBDOMÍNIO

3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TABELA PERIÓDICA

A Tabela Periódica é um esquema de organização de informação sobre os elementos químicos e as


respetivas substâncias elementares. A sua elaboração teve o contributo de vários cientistas.

Lavoisier agrupou as Chancourtois organizou os elementos Mendeleev organizou uma tabela onde
substâncias então por ordem crescente de massas atómicas, colocou os elementos por ordem
conhecidas em quatro colocando-os sobre uma linha helicoidal, crescente do número de massa (regra
categorias: gases, não onde se observava uma certa pontualmente desrespeitada), onde os
metais, metais e elementos periodicidade dos elementos que ficavam elementos com propriedades semelhantes
terrosos. dispostos na mesma coluna – Parafuso se localizavam na mesma coluna – Lei
Telúrico de Chancourtois. Periódica de Mendeleev.

Antoine Johann Alexandre Dmitri


John Newlands Moseley Glenn Seaborg
Lavoisier Döbereiner Chancourtois Mendeleev
(1837-1898) (1887-1915) (1912-1999)
(1743-1794) (1780-1849) (1820-1886) (1834-1907)

Döbereiner organizou os Newlands organizou os Com Moseley, a Lei Periódica


elementos em conjuntos de três elementos numa tabela passou a referir que, quando os
com propriedades semelhantes e obedecendo a uma sequência de elementos são agrupados por
por ordem crescente de massas ordem crescente de massas ordem crescente de número
atómicas – Lei das Tríades de atómicas, tendo verificado que as atómico (Z), se observa a
Döbereiner. propriedades se repetiam a cada repetição periódica de várias
oito elementos, ficando todos propriedades.
Li Be CL localizados na mesma coluna –
Ar = 7 Ar = 9 Ar = 35 Lei das Oitavas de Newlands.
H
Na Mg Br Li Be B C N O F
Ar = 23 Ar = 24 Ar = 80 Na Mg Al Si P S Cl
K Ca Cr Ti Mn Fe
A última grande modificação da Tabela
Co, Ni
Cu Zn Y In As Se Br
Periódica começou com o trabalho do
K Ca I Rb Sr La, Ce Zr Nb, Mo Ru, Rh Pd químico norte-americano Glenn Seaborg
Ar = 39 Ar = 40 Ar = 127 e envolveu a descoberta dos elementos
©AREAL EDITORES

Ag Cd U Sn Sb Te I
Cs Ba, V com número atómico superior a 92.

15

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1 ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

©AREAL EDITORES
3.2 ORGANIZAÇÃO DA TABELA PERIÓDICA
10.º ANO EM REVISTA

Como está organizada a Tabela Periódica?


Na Tabela Periódica atual, os elementos encontram-se dispostos por ordem crescente de número
atómico, ao longo de 7 períodos e 18 grupos.
Os elementos da Tabela Periódica são também divididos por uma linha quebrada, de acordo com as
suas propriedades físicas, em metais, não metais e semimetais, conforme se encontram, respetiva-
mente, à esquerda, à direita ou junto a essa linha.
1 18
Elementos representativos
1.º H 2 13 14 15 16 17

Gases nobres
Elementos de transição

Calcogéneos
2.º

Halogéneos
alcalinoterrosos
Metais alcalinos

3.º 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Metais

4.º
5.º
6.º *
7.º **

Elementos Lantanídeos*
de transição Actinídeos**
interna
Metais Não metais Semimetais Gases nobres

Os elementos da Tabela Periódica podem ainda ser agrupados em quatro blocos, s, p, d e f, de acordo
com o tipo de orbital que se encontra em preenchimento.
1 18
1.º 1s 2 13 14 15 16 17 1s
2.º 2s 2p
3.º 3s 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 3p Bloco s
4.º 4s 3d 4p Bloco p
5.º 5s 4d 5p Bloco d
6.º 6s La 5d 6p Bloco f
7.º 7s Ac 6d 7p

4f
5f

Os elementos dos blocos s e p, depois de retirado o grupo dos gases nobres, são designados elemen-
tos representativos; os elementos do bloco d são os elementos de transição e os do bloco f são os ele-
mentos de transição interna.

Tabela Periódica e configuração eletrónica dos elementos


A posição dos elementos na Tabela Periódica está relacionada com a sua configuração eletrónica:
• o período coincide com o número do maior nível de energia preenchido ou em preenchimento;
• o grupo, para os elementos representativos e gases nobres é igual ao número de eletrões de valên-
cia (exceto nos grupos 13 a 18, em que se deve somar 10 para obter o grupo).

EXEMPLO

3 1
O sódio, com configuração eletrónica 11Na: 1s2 2s2 2p6   s
Pertence ao 3.º período, pois o maior nível de energia é 3 Pertence ao grupo 1, pois possui 1 eletrão de valência

A Tabela Periódica constitui um instrumento de trabalho dos químicos, fonte de variada informação,
onde se incluem as propriedades dos elementos, como o raio atómico e a energia de ionização, e as
propriedades das suas substâncias elementares, como o estado físico, a densidade ou o ponto de
fusão e de ebulição.
As substâncias elementares associadas a elementos de um mesmo grupo têm propriedades químicas
muito semelhantes, uma vez que estas propriedades estão relacionadas com os eletrões de valência.

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3 TABELA PERIÓDICA

3.3 PROPRIEDADES PERIÓDICAS DOS ELEMENTOS REPRESENTATIVOS

10.º ANO EM REVISTA


RAIO ATÓMICO ENERGIA DE IONIZAÇÃO
É a distância média entre o centro do núcleo e É a energia mínima necessária para remover
os eletrões que se situam na camada mais afas- um eletrão de um átomo neutro isolado (meio
tada do próprio núcleo. gasoso e baixa pressão) no estado fundamental,
para uma distância tal que deixe de existir inte-
ração eletrostática entre o ião e o eletrão.
Os valores das energias de ionização são, mui-
tas vezes, expressos em kJ mol- 1, o que corres-
ponde à energia necessária para remover uma
d mole de eletrões a uma mole de átomos seme-
r =—
2 lhantes.
d e–

X(g) + Ei " X+(g) + e- +


1,22 ¥ 10–18 J
Mg Mg+
• Ao longo do grupo, o raio atómico aumenta • Ao longo do grupo prevalece o efeito do au-
devido ao aumento do número de níveis de mento do número de níveis de energia preen-
energia preenchidos. Apesar de haver um au- chidos, estando os eletrões de valência cada
mento da carga nuclear, predomina o fator vez mais afastados do núcleo.
afastamento devido ao aumento do número Assim, ao longo do grupo, à medida que au-
de níveis, pelo que os eletrões de valência se menta o afastamento ao núcleo (aumenta o
encontram cada vez mais afastados do núcleo. raio atómico) diminui a energia de ionização,
pois é cada vez menor a energia necessária à
remoção dos eletrões de valência.
• Ao longo do período, de uma maneira geral, o • Ao longo do período, o número de níveis de
raio atómico diminui, pois, à medida que au- energia é o mesmo, pelo que prevalece, geral-
menta a carga nuclear, aumenta a força atra- mente, o efeito do aumento da carga nuclear.
tiva entre o núcleo e a nuvem eletrónica, ocor- À medida que aumenta a carga nuclear, au-
rendo uma contração da nuvem eletrónica. menta a atração ao núcleo (diminui o raio
Apesar de haver um aumento do número de atómico) e, de uma maneira geral, aumenta a
eletrões de valência, que se repelem entre si, energia necessária para remover os eletrões
predomina o fator de atração ao núcleo. de valência, ou seja, aumenta a energia de
ionização.

Relacionando as duas propriedades, pode concluir-se que, à medida que aumenta o raio atómico
diminui a energia de ionização.
Aumento da energia de ionização
Diminuição da energia
raio atómico

de ionização
Aumento do

Diminuição do raio atómico

A qualquer átomo podem ser retirados, um a um, todos os seus eletrões. As energias de ionização
devem ser cada vez maiores pois, como diminui o número de eletrões, as forças repulsivas entre os
eletrões diminuem, prevalecendo as forças atrativas exercidas pelo núcleo, que se tornam cada vez
mais significativas.
©AREAL EDITORES

Ei1 < Ei2 < Ei3 < …

17

QUI11AEP_REV-02

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1 ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA ORGANIZAÇÃO

©AREAL EDITORES
3.4 FORMAÇÃO DE IÕES E REATIVIDADE DE ELEMENTOS QUÍMICOS
10.º ANO EM REVISTA

Como reagem quimicamente os átomos de elementos metálicos e não metálicos?


Os átomos dos elementos químicos têm tendência a reagir quimicamente, de modo a adquirirem a
configuração eletrónica dos elementos do grupo 18, os gases nobres, que possuem 8 eletrões na
camada de valência (com exceção do hélio, que apenas apresenta 2):
• Os metais, que possuem baixos valores de energia de ionização, têm tendência a perder os seus
eletrões de valência, formando catiões, adquirindo a estrutura eletrónica do gás nobre do período
anterior. São tanto mais reativos quanto maior a facilidade em perder esses eletrões de valência;
• Os não metais, que possuem altos valores de energia de ionização e um número de eletrões de va-
lência próximo de oito, têm tendência a captar eletrões, formando aniões, de modo a ficarem com
a configuração eletrónica igual à do gás nobre que lhes segue na Tabela Periódica;
• Os gases nobres possuem os maiores valores de energia de ionização, entre os elementos do
mesmo período, devido à sua elevada estabilidade eletrónica, também responsável pela sua inércia
química.
1
1 Os gases nobres
H 2
(grupo 18)
Os elementos do
3 4
18
apresentam as
Li Be orbitais de valência
grupo 1 têm grande 2
He
tendência a perder
11 12 s e p completamente
Na Mg 10 preenchidas, com
o seu único eletrão 17
Ne
19 – e– 20 – 2 e– 9 + e– exceção do hélio
de valência, K Ca F
transformando-se
18 que apresenta
X+ X 2+ X– Ar
em iões
37 38 17 apenas a orbital s, o
Rb Sr CL
monopositivos
36 que lhes confere
55 Kr
(catiões
56 35
grande estabilidade
Cs Ba Br
monovalentes).
54
e, portanto, baixa
87 88 Xe
53
reatividade.
Fr Ra I

Os elementos do grupo 2 têm Os elementos do grupo 17, com sete


tendência a perder os seus dois eletrões de valência, têm tendência a
eletrões de valência captar um eletrão, transformando-se
transformando-se em iões em iões mononegativos (aniões
dipositivos (catiões divalentes). monovalentes).

Raio iónico e raio atómico


Na Tabela Periódica, o raio iónico, aumenta ao longo de um grupo tal como o raio atómico.
Os catiões apresentam raios menores do que os Os aniões apresentam raios maiores do que os
respetivos átomos. respetivos átomos.
e–
Na – 1s2 2s2 2p6 3s1
11
e–
17 Cℓ – 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5

+ –
Catião-Na+ Átomo-CL Anião-CL–
Átomo-Na
186 pm
Na+ – 1s2 2s2 2p6
11 99 pm 181 pm 17 Cℓ– – 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
98 pm

O que são partículas isoeletrónicas?


Partículas isoeletrónicas são átomos e iões com o mesmo número de eletrões e, portanto, com a
mesma configuração eletrónica. Na comparação do raio das partículas isoeletrónicas, o efeito predo-
minante é o aumento da carga nuclear (aumento do número atómico), aumentando a atração entre
o núcleo e os eletrões. Por isso, quando se comparam partículas isoeletrónicas, quanto maior for a
carga nuclear menor será o raio iónico.

18

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DOMÍNIO
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

LIGAÇÃO QUÍMICA
SUBDOMÍNIO

GASES E DISPERSÕES
SUBDOMÍNIO

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
SUBDOMÍNIO

1.1 TIPOS DE LIGAÇÕES QUÍMICAS

Regra do octeto e notação de Lewis


Gilbert Lewis e Walter Kossel propuseram, de forma independente, uma explicação lógica para
entender a formação dos compostos, com base na configuração eletrónica dos gases nobres.
• Regra do octeto de Lewis – refere que um átomo alcançará uma estabilidade equivalente à de um
gás nobre quando o seu último nível de energia possuir oito eletrões (ou dois caso se trate do nível
um). Os átomos com configuração eletrónica distinta da dos gases nobres unem-se uns aos outros
de forma a ceder, captar ou partilhar eletrões e adquirir a configuração desses gases. Apenas os
eletrões de valência participam nas ligações químicas.
• Notação de Lewis - nome pelo qual é conhecida a estrutura ponto/eletrão de Lewis para um ele-
mento. É constituída pelo símbolo do elemento rodeado por um ponto por cada eletrão de valência
desse elemento, sendo os quatro primeiros colocados em cada um dos quatro lados do símbolo,
enquanto os restantes são também distribuídos pelos quatro lados na condição de cada um dos
lados acomodar até dois pontos.

1 18

H 2 13 14 15 16 17 He

Li Be B C N O F Ne

Na Mg Al Si P S CL Ar

K Ca Ga Ge As Se Br Kr

Metal Semimetal Não metal


©AREAL EDITORES

Notação de Lewis para os elementos dos blocos s e p até ao 4.º período da Tabela Periódica.

19

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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

©AREAL EDITORES
Tipos de ligações
10.º ANO EM REVISTA

Uma ligação química resulta da união de átomos, por interações que decorrem da cedência, captação
ou partilha de eletrões e que lhes permite adquirir maior estabilidade em consequência, muitas das
vezes, de um octeto de eletrões completo. Essa estabilidade resulta da menor energia adquirida pelo
conjunto de átomos ligados comparativamente com a energia desses átomos separados.
• Ligação iónica - ligação química que decorre da atração eletrostática entre catiões e aniões resultan-
tes da cedência e captação de eletrões entre átomos de metais e não metais, respetivamente;
• Ligação covalente - ligação que decorre da partilha de eletrões entre átomos de elementos de não
metais e/ou semimetais;
• Ligação metálica - ligação química que resulta de uma rede de iões metálicos positivos imersos
num “mar” de eletrões de valência deslocalizados partilhados por todos os átomos.

1.2 LIGAÇÃO COVALENTE

Os mapas de densidade eletrónica das moléculas mostram uma maior probabilidade de encontrar os
eletrões na zona internuclear, o que comprova a partilha localizada de eletrões pelos átomos unidos.
A ligação covalente resulta de um equilíbrio entre as interações eletrostáticas atrativas existentes
entre os núcleos e os eletrões e as interações eletrostáticas repulsivas existentes entre núcleos e entre
eletrões.
Forças atrativas Nuvem
Núcleo (núcleo / eletrão) eletrónica
Forças repulsivas
(entre eletrões)

Forças repulsivas
(entre núcleos)
Núcleo
Nuvem
eletrónica

Da análise do diagrama de energia potencial 4 3 2 1


para o hidrogénio, verifica-se que:
• na posição 1, os átomos estão muito distan- 0
tes um do outro, ainda não há interação Energia
Energia potencial / kJ mol–1

de ligação
entre eles, considerando-se que a energia
total do sistema é zero;
• na posição 2, com a aproximação dos áto-
mos, as interações tornam-se significativas
predominando as atrações entre os eletrões
e as cargas positivas de ambos os núcleos.
As nuvens eletrónicas começam a sobrepor- – 436
-se levando a uma diminuição da energia da
molécula. Como as atrações predominam, Distância internuclear / pm
74
a sobreposição das nuvens eletrónicas Comprimento médio
da ligação
aumenta e a energia continua a diminuir;
• o ponto mínimo da curva, posição 3, é a distância internuclear para a qual a molécula é mais está-
vel, havendo um equilíbrio entre as interações atrativas e repulsivas. Considera-se que está estabe-
lecida a ligação covalente, sendo mínima a energia da molécula nesse ponto;
• para distâncias ainda menores, posição 4, os núcleos aproximam-se o suficiente para que a repul-
são entre as suas cargas positivas se torne significativa levando ao aumento da energia da molécula.
A curtas distâncias há, assim, um predomínio das interações repulsivas que leva ao afastamento
dos átomos novamente para a posição de equilíbrio.

20

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1 LIGAÇÃO QUÍMICA

Estrutura de Lewis

10.º ANO EM REVISTA


A estrutura de Lewis de uma molécula representa uma disposição dos eletrões ligantes e não ligan-
tes em torno do símbolo de cada átomo dessa mesma molécula. Os eletrões ligantes são os eletrões
partilhados e são representados por pontos ou traços entre os símbolos dos átomos ligados. Os ele-
trões não ligantes são os eletrões isolados ou não compartilhados e são representados por pontos
junto ao símbolo do átomo a que estão associados.

EXEMPLO
Par de eletrões ligantes
Pares de eletrões
F — F
não ligantes

Uma ligação covalente pode ser simples, dupla ou tripla, dependendo se resulta da partilha de um,
dois ou três pares de eletrões de valência entre os átomos unidos pela ligação, respetivamente.
O número de traços entre os símbolos dos átomos ligados é igual à multiplicidade da ligação cova-
lente e à ordem de ligação.

EXEMPLOS

Estruturas de Lewis
Molécula
Hidrogénio Os átomos partilham um par de eletrões: diz-se que se estabelece uma ligação
H H ou H—H covalente simples – ordem de ligação 1.

Oxigénio Os átomos partilham dois pares de eletrões, representados por quatro pontos
ou por dois traços entre os símbolos dos átomos ligados: diz-se que se
O O ou O —
— O
estabelece uma ligação covalente dupla – ordem de ligação 2.
Cada átomo possui dois pares de eletrões ligantes e dois pares de eletrões
não ligantes.

Nitrogénio Os átomos partilham três pares de eletrões estabelecendo-se, nesse caso, uma
ligação covalente tripla – ordem de ligação 3.
N N ou N—
—N
— Como cada átomo de nitrogénio possui cinco eletrões de valência, partilha três
eletrões com o átomo vizinho para completar o octeto de eletrões, havendo,
no total, uma partilha de seis eletrões.
A molécula fica, então, com dois pares de eletrões não ligantes, um por cada
átomo de nitrogénio, e três pares de eletrões ligantes.

Água O átomo de oxigénio partilha dois dos seus eletrões, um com cada átomo de
H H hidrogénio, formando duas ligações covalentes simples.

ou
O H O —H

Amoníaco O átomo de nitrogénio adquire uma configuração eletrónica semelhante ao


H
H néon, ao estabelecer três ligações covalentes simples com os átomos de
hidrogénio.

N H ou N —H

H
H

Metano O átomo de carbono partilha quatro eletrões para completar o octeto, formando
H quatro ligações covalentes simples com quatro átomos de hidrogénio.
H

H C H ou H — C — H

H
H

Dióxido de carbono O átomo de carbono partilha os quatro eletrões com os dois átomos de oxigénio,
O C O
através de duas ligações covalentes duplas, ficando os três átomos com o octeto
©AREAL EDITORES

de eletrões completo.

21

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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

Comprimento de ligação e energia de ligação


10.º ANO EM REVISTA

O comprimento de ligação é a distância média entre os núcleos de dois átomos ligados numa molé-

©AREAL EDITORES
cula. Numa molécula diatómica, a essa distância internuclear corresponde o mínimo de energia e a
máxima estabilidade da molécula.
• O comprimento de ligação entre dois átomos • De uma maneira geral, o comprimento da li-
diminui à medida que aumenta a ordem de gação aumenta à medida que aumenta o raio
ligação. dos átomos envolvidos.

117 pm 117 pm 114 pm 127 pm 141 pm

O C O C O H CL H Br

Comprimento da ligação C–O nas moléculas de dióxido Comprimento da ligação nas moléculas cloreto de
de carbono (CO2) e monóxido de carbono (CO). hidrogénio (HC’) e brometo de hidrogénio (HBr).

A energia de dissociação de ligação, ou energia de ligação, é definida como a energia necessária para
quebrar uma dada ligação numa mole de moléculas no estado gasoso.
• A energia de ligação varia inversamente com o comprimento de ligação pois, quanto mais afasta-
dos estiverem os átomos, menor será a energia requerida para romper a ligação.
• Em moléculas diatómicas com ligações entre átomos de dimensões semelhantes, quanto maior a
ordem de ligação, mais forte é a ligação e, consequentemente, maior a energia de ligação e menor
o comprimento de ligação.

Ligação
Ordem Força Energia Comprimento
↑ ↑ ↑ ↓

1.3 GEOMETRIA E POLARIDADE DAS MOLÉCULAS

Geometria molecular
Além dos dois parâmetros referidos (comprimento de ligação e energia de ligação), que ajudam a
caracterizar as ligações entre os átomos, as propriedades físicas e químicas de uma molécula depen-
dem fortemente do arranjo tridimensional dos seus átomos, ou seja, da sua geometria molecular.
Segundo o Modelo de Repulsão dos Pares Eletrónicos da Camada de Valência (VSEPR): os pares de
eletrões de valência existentes ao redor do átomo central, quer se tratem de eletrões ligantes ou não
ligantes, organizam-se de forma a estabilizar a molécula minimizando as repulsões eletrostáticas
entre esses pares de eletrões.
Para aplicar o modelo VSEPR devem aplicar-se algumas regras:
1.º Representar a estrutura de Lewis da molécula.
2.º Contar o número de pares eletrónicos em torno do átomo central (nesta contagem deve atender-
-se aos pares de eletrões ligantes e não ligantes, sendo as ligações múltiplas tratadas como liga-
ções simples; por conseguinte, o número de átomos ligados é igual ao número de pares de ele-
trões ligantes).
3.º Selecionar o arranjo espacial dos pares eletrónicos que garante o máximo afastamento entre eles.
4.º Identificar a geometria molecular considerando apenas o número de átomos unidos ao átomo
central.

22

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1 LIGAÇÃO QUÍMICA

Geometrias moleculares em função dos pares eletrónicos em torno do átomo central e do número
de átomos ligados ao átomo central

10.º ANO EM REVISTA


Números pares eletrónicos em torno Arranjo espacial
do átomo central Geometria
dos pares Exemplo
molecular
Ligantes Não ligantes Total eletrónicos

O C O O —
—C—
—O
2 0 2 CO2
Linear Linear 180º

H H


3 0 3 B B 120º BH3



H H H H
Triangular plana Triangular plana
H H


4 0 4 H C H C— CH4
H H
H H
109,5º
Tetraédrica Tetraédrica

H N N—
3 1 4 H H H NH3
H H 107,3º
Tetraédrica Piramidal trigonal

O O—
2 2 4 H— H H2O
H H 104,5º
Tetraédrica Angular

Ângulo de ligação
O ângulo de ligação é o menor ângulo formado pelos dois segmentos de reta que passam pelo centro do
núcleo do átomo central e pelos centros dos núcleos de dois átomos a ele ligados. Para cada geometria
molecular verifica-se que:
• Na geometria linear o ângulo de ligação é 180º;
• Na geometria triangular plana o ângulo de ligação é 120º;
• Nas geometrias que resultam de um arranjo espacial tetraédrico, como a tetraédrica, a piramidal
trigonal ou a angular, o ângulo de ligação tem um valor igual ou próximo de 109,5º:
- o ângulo de ligação na geometria piramidal trigonal (molécula de NH3: 107,3º) é menor do que na
geometria tetraédrica (molécula de metano: 109,5º), porque o par de eletrões não ligantes repele
os três pares de eletrões ligantes, aproximando as ligações N−H.
- o ângulo da ligação é ainda menor na geometria angular (molécula de água: 104,5º) porque, em
vez de um, há dois pares de eletrões não ligantes que, por efeito da sua mútua repulsão, vão
exercer uma maior repulsão sobre os pares de eletrões ligantes, aproximando ainda mais as liga-
ções O−H.

H Média
repulsão
Maior
repulsão

Média
C— N— repulsão
H H H O
H —
H H 107,3º H
109,5º
Menor
H 104,5º
repulsão Menor
repulsão
©AREAL EDITORES

Variação do ângulo de ligação com o número de pares não ligantes em torno do


átomo central com quatro pares eletrónicos.

23

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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

Polaridade das ligações e polaridade das moléculas


10.º ANO EM REVISTA

Ligação covalente apolar – ligação covalente em que os eletrões ligantes são igualmente partilhados

©AREAL EDITORES
pelos átomos unidos.
A ligação covalente numa molécula diatómica homonuclear, isto é, formada por dois átomos do
mesmo elemento, é apolar.

Ligação covalente polar – ligação covalente em que um dos átomos atrai mais para si os eletrões li-
gantes.
A ligação covalente numa molécula diatómica heteronuclear, isto é, formada por dois átomos de
elementos diferentes, é polar. Essa polaridade deve-se à diferente atração dos eletrões ligantes ao
núcleo dos dois átomos envolvidos na ligação, o que conduz a uma densidade eletrónica diferente
em torno dos átomos envolvidos na ligação.

Mapa de potencial eletrostático


Polaridade das moléculas *As zonas vermelhas e azuis representam zonas de alta e de baixa densidade
eletrónica, respetivamente.

Moléculas diatómicas com ligação


covalente apolar são moléculas
apolares (exemplo: H2).
H H

Moléculas diatómicas com ligação


covalente polar são moléculas polares
(exemplo: HF).
H F

Moléculas como o dióxido de carbono


(CO2) ou o metano (CH4), que possuem
os átomos das extremidades todos
iguais e não possuem pares não H
ligantes no átomo central, são O C O
apolares apesar de possuírem H
ligações polares pois, a geometria C
linear e tetraédrica que apresentam, H
proporciona uma distribuição simétrica
H
da carga elétrica em relação ao centro
da molécula.

Moléculas com ligações polares e


pares de eletrões não ligantes no
átomo central, como o amoníaco (NH3)
ou a água (H2O), são polares porque as
geometrias piramidal trigonal e N O
angular que minimizam as repulsões H
H H
eletrónicas conduzem a uma assimetria H
H
na distribuição da carga elétrica.

24

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1 LIGAÇÃO QUÍMICA

1.4 ESTRUTURAS DE MOLÉCULAS ORGÂNICAS E BIOLÓGICAS

10.º ANO EM REVISTA


Hidrocarbonetos
Hidrocarbonetos são compostos formados exclusivamente por carbono e hidrogénio e podem ser
classificados:
• quanto à forma da cadeia: se for uma cadeia carbonada aberta será um hidrocarboneto acíclico, se
for uma cadeia carbonada fechada será um hidrocarboneto cíclico;

Hidrocarboneto Hidrocarboneto
acíclico cíclico

H H
H H H H H



H— C— H
H —C —C —C —C —C —H —
C — C—

H — H


H H H H H C— C—
H — H


H H
Fórmula de estrutura e modelo 3D de hidrocarbonetos de cadeia aberta e de cadeia fechada.

• quanto à disposição dos átomos: se existe uma única cadeia de carbonos será um hidrocarboneto
linear ou normal. Mas se, para além da cadeia principal de carbonos, se identificam outras cadeias
secundárias será um hidrocarboneto ramificado;
Hidrocarboneto Hidrocarboneto
linear ramificado

H H H H H H


H —C —C —C —H H — C —— C —— C — H

H H H H H– C – H H —

H
Fórmula de estrutura e modelo 3D de hidrocarbonetos linear e ramificado.

• quanto ao tipo de ligações: se possui apenas ligações simples entre os átomos de carbono será um
hidrocarboneto saturado. Mas se possui uma ou mais ligações múltiplas entre os átomos de car-
bono será um hidrocarboneto insaturado.

Etano Eteno Etino


H H H —H H— C —
— C—H
— —
C —

— C—
H —C —C —H —
H H

H H

Fórmula de estrutura e modelo 3D das moléculas de etano, eteno e etino.

Como na molécula de etino existem três pares de eletrões ligantes entre os átomos de carbono, as
forças atrativas são mais intensas, aproximando mais os núcleos dos átomos unidos. Assim, a liga-
ção C–C na molécula de etino tem um comprimento menor e, por conseguinte, uma energia de li-
gação maior do que nas moléculas de eteno e de etano.

Comprimento de Energia de
Molécula Ligação C–C
ligação / pm ligação / kJ mol–1
Etano C–C 153,5 345
Eteno C=C 132,9 612
©AREAL EDITORES

Etino C≠C 120,3 809

25

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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

©AREAL EDITORES
Nomenclatura de alcanos
10.º ANO EM REVISTA

A IUPAC estabeleceu uma série de regras para nomear os compostos orgânicos, entre os quais os
alcanos, hidrocarbonetos acíclicos saturados, e os haloalcanos, derivados dos alcanos em que um ou
mais átomos de hidrogénio foram substituídos por átomos de halogéneos.
O nome de um alcano é constituído por um sufixo -ano, que identifica o hidrocarboneto como sendo
um alcano, e um prefixo que identifica o número de átomos de carbono da cadeia acíclica.
Nomenclatura de alcanos de cadeia linear:
Número de Fórmula Fórmula estrutural
Nome
carbonos molecular condensada
1 CH4 Metano CH4
2 C2H6 Etano CH3CH3
3 C3H8 Propano CH3CH2CH3
4 C4H10 Butano CH3(CH2)2CH3
5 C5H12 Pentano CH3(CH2)3CH3
6 C6H14 Hexano CH3(CH2)4CH3

Nos alcanos de cadeia ramificada, os substituintes mais simples são os grupos alquilo - cadeias late-
rais derivadas dos alcanos com menos um hidrogénio no local da ligação à cadeia principal.
Os nomes dos grupos alquilo obtêm-se substituindo o sufixo -ano por -ilo, embora o o final seja sempre
suprimido no nome de um alcano ramificado.
EXEMPLO
metilo
Nomeação de um alcano:
CH3
5 4 3 2 1
——

1 2 3 4 5
CH3 — CH2 — C — CH — CH3

CH2 CH3

metilo
CH3
etilo

1) Começar por selecionar a cadeia principal que será a cadeia que contém o maior número de
átomos de carbono ou, em caso de igualdade, a que tiver maior número de cadeias laterais –
cadeia vermelha.
2) Numerar os átomos de carbono da cadeia principal, começando a numeração pela extremidade
da cadeia que atribui os números mais baixos aos átomos de carbono onde estão ligadas as ca-
deias laterais – numeração cor de laranja.
3) O nome das cadeias laterais antecede o nome da cadeia principal.
4) Os grupos alquilo são ordenados alfabeticamente e são antecedidos pelo número do átomo de
carbono da cadeia principal a que estão ligados.
5) Havendo duas ou mais ramificações iguais usam-se os prefixos di-, tri-, tetra-, etc. para indicar o nú-
mero de vezes que essa ramificação se repete (esses prefixos não contam para a ordem alfabética).
6) Os números, que indicam as posições dos substituintes na cadeia principal, são separados
entre si por vírgulas e separados das letras por hífens.

O nome do composto exemplificado é 3-etil-2,3-dimetilpentano

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1 LIGAÇÃO QUÍMICA

Grupos funcionais

10.º ANO EM REVISTA


Os hidrocarbonetos são as moléculas orgânicas mais simples, por serem formadas apenas por carbono
e hidrogénio. São também fundamentais pois são a base de todos os grupos de compostos orgânicos.
Os grupos de compostos orgânicos dividem-se de acordo com os grupos funcionais que contêm.
Um grupo funcional é um grupo de átomos ligados na molécula, de forma específica, que confere
reatividade e propriedades químicas próprias à molécula orgânica.

Grupo funcional Exemplos


Álcoois: grupo hidroxilo Álcool etílico, ou etanol (CH3CH2OH), presente nas bebidas alcoólicas
e como solvente de perfumes; Glicerina ou propano-1,2,3-triol
(CH2OHCH2OHCH2OH) usada em sabões ou cosméticos.
H


— OH H — C — OH


H — C — OH


H — C — OH


H Glicerina
Aldeídos: grupo carbonilo ligado a um O formaldeído ou metanal (HCHO) que, em solução aquosa, é usado
átomo de carbono como desinfetante ou na conservação de cadáveres e de peças
anatómicas ou o acetaldeído ou etanal (CH3CHO).

—H O
— C



O C—

H H
Formaldeído
Cetonas: grupo carbonilo ligado a dois A acetona ou propanona (CH3COCH3) usada para remover o verniz das
átomos de carbono unhas ou como solvente de tintas e esmaltes.

H H


C —
—O H —C —C —C —H


H O H
Acetona
Ácidos carboxílicos: grupo carboxílico Ácido acético ou etanóico (CH3COOH), usado como tempero na
comida; Ácido valérico ou pentanóico (CH3CH2CH2CH2COOH) que dá o
cheiro ao queijo roquefort.
H H H H
— OH —O

— C H — C — C — C — C — C—


O O —H
H H H H
Ácido valérico
Aminas: grupo funcional derivado do Trimetilamina (N(CH3)3) responsável pelo odor de peixe podre;
amoníaco por substituição de 1, 2 ou 3 Pentano-1,5-diamina (NH2CH2CH2CH2CH2CH2NH2) responsável pelo
átomos de hidrogénio por grupos alquilo odor de carne em decomposição.

—N — H3C — N — CH3

CH3
©AREAL EDITORES

Trimetilamina

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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

©AREAL EDITORES
1.5 LIGAÇÕES INTERMOLECULARES
10.º ANO EM REVISTA

As ligações intermoleculares resultam das interações eletrostáticas atrativas que existem entre as
moléculas, obrigando-as a permanecer próximas umas das outras, principalmente no estado sólido
e líquido.

A ligação de hidrogénio é a mais intensa das interações intermoleculares; resulta de uma partilha
pouco significativa de eletrões de um par não ligante de um átomo (como o flúor, oxigénio ou nitro-
génio) de uma molécula com um átomo de hidrogénio, de outra molécula, ligado covalentemente a
um elemento com muita tendência para atrair eletrões (como F, O ou N). Estabelece-se nas molécu-
las de água, de amoníaco, ou de fluoreto de hidrogénio, por exemplo.

H
O
H
H H
H O H
H O O Ligações de hidrogénio
H H
nas moléculas de água.
O

As moléculas que não reúnem condições para estabelecer ligações de hidrogénio interatuam por
ligações de van der Waals:

• ligação dipolo-dipolo: estabelece-se por atração eletrostática entre as cargas opostas dos dipolos
permanentes de duas moléculas polares vizinhas.

d+ d–
d+
H
d– CS
— H —
CS
d+ d– d+ d–
d+ d– H — CS H — CS
d+ d–
H — CS
H — CS
d+ d– d+ d–
d– H — CS H — CS
d+ CS
— Ligação dipolo-dipolo nas
H
moléculas de cloreto de
hidrogénio.

• ligação dipolo-dipolo induzido: estabelece-se por atração eletrostática entre o dipolo permanente de
uma molécula polar e o dipolo induzido, resultante da distorção da nuvem eletrónica da molécula
apolar vizinha.

d– d+ d– d+
— H
O O O O O—
H
Molécula de oxigénio Dipolo induzido na molécula Dipolo permanente
(apolar) de oxigénio pela aproximação na molécula de água
da molécula de água (polar)

Ligação dipolo-dipolo induzido entre moléculas de água e oxigénio.

28

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1 LIGAÇÃO QUÍMICA

• força de dispersão de London: também designada ligação dipolo instantâneo-dipolo induzido, ex-
plica as interações entre moléculas apolares e gases nobres. Consiste na atração eletrostática entre

10.º ANO EM REVISTA


dipolos instantâneos, formados por deformação da nuvem eletrónica, e dipolos induzidos, resultan-
tes da polarização induzida em moléculas vizinhas.

Molécula apolar Molécula apolar

d+ d–

Dipolo instantâneo Molécula apolar

d+ d– d+ d–
Dipolo instantâneo Dipolo induzido

Força de dispersão de London entre moléculas apolares.

As forças de dispersão de London:


• são tanto mais intensas quanto maior for a nuvem eletrónica, pois mais polarizável é a molécula;
• existem também em moléculas polares, somando-se às atrações entre as distribuições assimétricas
de carga.

A intensidade das forças intermoleculares aumenta da forma seguinte:

Dipolo instantâneo Dipolo-dipolo Ligações de


- dipolo induzido induzido Dipolo-dipolo hidrogénio
Sentido do aumento da intensidade das ligações intermoleculares

Miscibilidade de líquidos
De uma maneira geral, para que duas substâncias moleculares sejam miscíveis é necessário que as
intensidades das ligações intermoleculares na mistura sejam próximas das intensidades das ligações
intermoleculares em cada uma das substâncias isoladamente:
• A água e o álcool comum (etanol) são moléculas polares que se misturam em qualquer proporção.
A explicação está no facto das interações entre as moléculas de água e álcool serem, predominante-
mente, ligações de hidrogénio e terem uma intensidade comparável às ligações de hidrogénio em
cada uma das substâncias isoladamente;
• A gasolina e o óleo vegetal são essencialmente misturas de hidrocarbonetos cujas moléculas são
apolares e que se misturam em qualquer proporção. A explicação é semelhante. As forças de dis-
persão de London, responsáveis pelas atrações intermoleculares nas moléculas que constituem a
gasolina e nas moléculas que constituem o óleo vegetal, são também responsáveis pela atração
entre as moléculas da mistura;
• A água (polar) e o óleo vegetal (apolar) não se mis-
turam. Neste caso, as atrações intermoleculares
entre as moléculas de água, principalmente liga-
ções de hidrogénio, são mais fortes que as ligações
de van der Waals que se podem estabelecer entre
as moléculas de água e as moléculas que consti-
©AREAL EDITORES

tuem o óleo vegetal.

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DOMÍNIO

©AREAL EDITORES
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

LIGAÇÃO QUÍMICA
SUBDOMÍNIO

GASES E DISPERSÕES
SUBDOMÍNIO

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
SUBDOMÍNIO

2.1 LEI DE AVOGADRO, VOLUME MOLAR E MASSA VOLÚMICA

O químico italiano Amedeo Avogadro, em 1811, no seu estudo sobre o comportamento dos gases,
propôs uma explicação para a relação existente entre o número de moléculas dos gases e o volume
por eles ocupado.
Segundo a Lei de Avogadro, volumes iguais de gases diferentes, medidos nas mesmas condições de
pressão e temperatura, contêm o mesmo número de moléculas ou de átomos, se se tratar de um gás
atómico.
V
=k§V=kn
n

V
O volume ocupado por uma amostra gasosa é
diretamente proporcional à quantidade de ma-
téria presente, sendo a constante de proporcio-
nalidade o volume molar, para as condições de
pressão e temperatura em causa.
n
Esboço da variação do volume de um gás em função da quantidade de matéria.

Designa-se volume molar (Vm) de uma substância o vo-


lume ocupado por uma mole dessa substância, em deter-
1 mol H2 1 mol O2 1 mol CO2
minadas condições de pressão e de temperatura. 22,4 dm3 22,4 dm3 22,4 dm3
2g 32 g 44 g
O volume molar de qualquer substância no estado gasoso,
em condições PTN (T = 273,15 K e P = 101,325 kPa), é:

Vm gases(PTN) = 22,4 dm3 mol- 1

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2 GASES E DISPERSÕES

Tendo em conta a Lei de Avogadro e sabendo que o volume ocupado por uma mole de um gás é igual
ao volume molar, obtém-se:

10.º ANO EM REVISTA


V = n Vm

Para as mesmas condições de pressão e de temperatura, em que o volume molar é constante, veri-
fica-se:

m
V= V
M m

• quanto maior a massa de uma substância, maior a quantidade de matéria presente e maior o
volume ocupado;
• para a mesma massa de substâncias diferentes, quanto maior a massa molar da substância, menor
é o volume ocupado pela mesma.
A massa volúmica (r) define-se como o quociente entre a massa e o volume de uma substância a
uma dada temperatura. No caso dos gases tem-se:
mgás
rgás =
Vgás

A uma dada pressão e temperatura, a massa volúmica de um gás é diretamente proporcional à sua
massa molar, sendo a constante de proporcionalidade o inverso do volume molar:
mgás n M M
rgás = = § rgás =
Vgás n Vm Vm

2.2 DISPERSÕES NA ATMOSFERA

Qual a composição atual da atmosfera terrestre? Dióxido Árgon


de carbono 0,93%
A atmosfera é, maioritariamente, constituída por nitro- Outros gases
0,036% vestigiais
génio () 78%) e oxigénio () 21%), mas também contém, 0,004%
em muito menor percentagem e em quantidades variá- Oxigénio
veis, outros gases, como o dióxido de carbono, o árgon e 20,95%
o vapor de água.
Nitrogénio
(azoto)
78,08%
Composição média atual da atmosfera ao
nível do mar (vapor de água não incluído).

Poluentes atmosféricos
A crescente atividade humana na indústria, na agricultura ou na pecuária, tem vindo a originar alte-
rações na composição da atmosfera e variações significativas na concentração de muitos dos seus
constituintes vestigiais.
Os gases libertados em quantidades excessivas para a atmosfera provocam uma contaminação pro-
longada do ar, vulgarmente designada por poluição atmosférica.
Dependendo da sua origem, os poluentes atmosféricos podem ser classificados como:
• poluentes naturais (quando provêm de fenómenos naturais);
©AREAL EDITORES

• poluentes antropogénicos (quando resultam da atividade humana).

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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

©AREAL EDITORES
Os poluentes atmosféricos também podem ser classificados atendendo à forma como são produzi-
dos, em:
10.º ANO EM REVISTA

• poluentes primários, quando são emitidos diretamente para a atmosfera;


• poluentes secundários, quando resultam de reações que ocorrem na atmosfera, envolvendo
poluentes primários.

Fontes de poluentes naturais Fontes de poluentes antropogénicos


Entre as fontes de poluentes naturais encontram-se os A queima de combustíveis fósseis, na produção de energia
vulcões, os fogos florestais naturais e a própria biosfera elétrica, é a principal fonte antropogénica de poluen-
(decomposição de vegetais e de animais, libertação de tes, libertando óxidos de carbono (CO2 e CO), de enxofre
compostos radiativos por maciços rochosos, como acon- (SO2 e SO3), de nitrogénio (NOx) e outras partículas em
tece com a libertação de rádon, e tempestades de suspensão.
vento). O dióxido de enxofre (SO2) é um dos principais As emissões provenientes dos veículos motorizados liber-
componentes dos gases vulcânicos havendo ainda emis- tam essencialmente monóxido de carbono (CO), dióxido
são, em menor quantidade, de outros gases como o de carbono (CO2) e óxidos de nitrogénio (NOx) formados
monóxido de carbono (CO) e o sulfureto de hidrogénio em consequência da presença de N2 e O2 na câmara de
(H2S), entre outros. combustão.
Durante a decomposição anaeróbia de matéria orgânica As extensas plantações de arroz, a criação de gado e a
há também emissão de gases poluentes, nomeadamente, atividade agrícola em geral, são as principais fontes
o sulfureto de hidrogénio (H2S) e o metano (CH4). poluentes de metano (CH4).
A emissão de gases resultante da atividade industrial,
nomeadamente, clorofluorocarbonetos (CFC) e dióxido
de enxofre (SO2), são outra fonte antropogénica de
poluentes.

Soluções, dispersões coloidais e suspensões


A uma mistura de duas ou mais substâncias dá-se o nome de dispersão, em que uma delas é o dis-
persante, no seio da qual se distribuem as outras, dispersas.
As dispersões podem classificar-se como soluções, coloides e suspensões com base na ordem de
grandeza da dimensão das partículas dispersas.

Soluções Dispersões coloidais Suspensões

0 1 nm 1 mm Diâmetro das
–9 –6 partículas
(10 m) (10 m)

Partículas dispersas Partículas dispersas Partículas dispersas


com dimensões, com dimensões com dimensões
inferiores a 1 nm entre 1 nm e 1 mm superiores a 1 mm

O ar atmosférico é, fundamentalmente, uma mistura homogénea de gases, ou seja, é uma solução


gasosa. No entanto, sobretudo nas camadas mais baixas da atmosfera, o ar também contém outros
tipos de dispersões, nomeadamente dispersões coloidais (como o nevoeiro) e suspensões de matéria
particulada (como poeiras atmosféricas).

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2 GASES E DISPERSÕES

2.3 COMPOSIÇÃO QUANTITATIVA DE SOLUÇÕES

10.º ANO EM REVISTA


O que é uma solução?
Uma solução é uma mistura homogénea em que as substâncias dissolvidas se designam por solutos
e a substância na qual estão dissolvidos os solutos se designa por solvente.
O solvente é o componente que apresenta o mesmo estado físico da solução. Se houver mais do que
um componente nesse estado físico, o solvente é o que existe em maior quantidade ou, se as quanti-
dades forem iguais, é o componente mais volátil.

Composição quantitativa de uma solução


Para caracterizar completamente uma solução não é suficiente indicar quais são os seus constituin-
tes (composição qualitativa). É preciso conhecer, também, as quantidades relativas em que esses
constituintes estão presentes (composição quantitativa), ou seja, a sua concentração.
Existem várias formas de exprimir a concentração dos solutos numa solução:

Concentração mássica (Cm) Concentração ou concentração molar (c)


m n
Cm = c=
V V
Razão entre a massa de um soluto e o volume da Razão entre a quantidade de matéria de um soluto e o
solução. volume da solução.
Em geral, a concentração mássica exprime-se em g dm- 3 A concentração molar exprime-se, em geral, em mol dm- 3
(ou g L- 1), embora a unidade no SI seja o kg m- 3. ou mol L- 1, embora a unidade no SI seja mol m- 3.
Fração molar (x) Relação entre concentração e concentração mássica
nA Substituindo, na expressão da concentração mássica, a
xA =
ntotal massa de soluto pelo produto da respetiva quantidade
Razão entre a quantidade de matéria de um componente de matéria pela massa molar, obtém-se:
e a quantidade de matéria total da solução.
nsoluto M
É expresso apenas pelo seu valor numérico, sem Cm = =cM
unidade, podendo variar entre 0 (a substância não Vsolução
existe na solução) e 1 (substância pura).
A soma das frações molares de todos os componentes
de uma mistura é igual a 1.
Percentagem em volume (% V/V) Percentagem em massa (% m/m)
VA mA
%(V/V) = * 102 %(m/m) = * 102
Vtotal mtotal
É o volume desse soluto existente em cada 100 unidades É a massa desse soluto que existe em cada 100 unidades
de volume da solução, ou seja, é igual a 100 vezes a razão de massa da solução, ou seja, é igual a 100 vezes a razão
entre o volume de um soluto e o volume da solução. entre a massa de um soluto e a massa da solução.
Dizer, por exemplo, que um vinho tem um teor Por exemplo, no soro fisiológico existe 0,9% em massa
alcoólico de 12,5% em volume, significa que existem de cloreto de sódio, o que significa que em 100 g de
12,5 mL de álcool (etanol) por cada 100 mL de vinho. soro existem 0,9 g de cloreto de sódio.

Partes por milhão em volume (ppmV) Partes por milhão em massa (ppmM)
VA mA
ppmV = * 106 ppmM = * 106
Vtotal mtotal
É o volume de um soluto existente em cada 106 unida- É a massa de um soluto existente em cada 106 unidades
des de volume da solução, ou seja, é igual a 106 vezes a de massa da solução, ou seja, é igual a 106 vezes a razão
razão entre o volume de um soluto e o volume da entre a massa de um soluto e a massa da solução.
solução.
Relação entre partes por milhão em volume e Relação entre partes por milhão em massa e percenta-
percentagem em volume: gem em massa:
ppmV = %(V/V) * 104 ppmM = %(m/m) * 104
©AREAL EDITORES

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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

©AREAL EDITORES
EXEMPLO
10.º ANO EM REVISTA

Considerando uma concentração de dióxido de carbono na atmosfera igual a 0,036% (V/V)


é possível exprimir essa concentração em:
• ppmv
106
ppmv = * %(V/V) = 104 * 0,036 = 3,6 * 102 ppm
102
• concentração molar, nas condições PTN
0,036% (V/V) para o CO2 significa que em 100 dm3 de ar existem 0,036 dm3 de CO2.
V = n Vm; como Vm = 22,4 dm3 mol- 1 (condições PTN), então:
0,036
n= = 1,61 * 10- 3 mol
22,4
nsoluto 1,61 * 10- 3
Resulta: c = = = 1,61 * 10- 5 mol dm- 3 ) 1,6 * 10- 5 mol dm- 3
Vsolução 100

• concentração mássica, nas condições PTN


m
Cm = soluto
Vsolução
Como m = n M = 1,61 * 10- 3 * 44,01 = 0,0709 g
0,0709
Resulta: Cm = = 7,09 * 10- 4 g dm- 3 9 7,1 * 10- 4 g dm- 3
100
n M
Ou Cm = soluto = c M = 1,61 * 10- 5 * 44,01 = 7,09 * 10- 4 g dm- 3 ) 7,1 * 10- 4 g dm- 3
Vsolução

• %(m/m), sabendo que a densidade do ar é igual a 1,28 g dm- 3


mCO
%(m/m) = * 100
2

mar
Considerando novamente como base de cálculo 100 dm3 de ar:
mar
rar = ± mar = 1,28 * 100 = 128 g
Var
0,0709
Então: %(m/m) = * 100 = 0,0554% ) 0,055%
128

Diluição de soluções aquosas


Numa solução diluída o soluto é pouco abundante e a concentração é baixa, enquanto numa solução
concentrada o soluto é muito abundante e a concentração é elevada.
Quando uma determinada solução é diluída, o seu volume aumenta e a sua concentração diminui,
mas a quantidade de matéria do soluto permanece constante.
nfinal = ninicial
n
Como c = ¤ n = c V, então:
V V
cfinal Vfinal = cinicial Vinicial ¤ cfinal = cinicial inicial
Vfinal

Ao quociente entre o volume de solução diluída obtida (Vf ) e o volume de solução concentrada utili-
zada (Vi) chama-se fator de diluição, que indica o número de vezes que a concentração final é menor
que a concentração inicial, ou seja:

Vf c
f= ou f = i
Vi cf

34

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DOMÍNIO
PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

LIGAÇÃO QUÍMICA
SUBDOMÍNIO

GASES E DISPERSÕES
SUBDOMÍNIO

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
SUBDOMÍNIO

3.1 REAÇÕES QUÍMICAS E ENERGIA DE LIGAÇÃO

Processos endoenergéticos e exoenergéticos


Uma reação química é uma transformação química que leva à formação de novas substâncias.
Durante uma reação química existe rutura de ligações químicas nos reagentes e formação de novas
ligações químicas nos produtos.

H — H O
––
H H
+ O —
— O
H — H O
––
H H

Reagentes: Produtos da reação:


Rutura de ligações Formação de ligações

A rutura das ligações químicas nos reagentes A formação das ligações químicas dos produtos
envolve absorção de energia − processo endoe- provoca libertação de energia − processo exoe-
nergético. nergético.

HHHHOO HHHHOO
Energia potencial
Energia potencial

Energia
fornecida Energia
na rutura libertada
H—H das ligações na formação
H—H dos reagentes das ligações
— O dos produtos
O —
O O
–– H –– H
H H
©AREAL EDITORES

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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

©AREAL EDITORES
Reações químicas endotérmicas e exotérmicas: variação de entalpia
10.º ANO EM REVISTA

Como a energia potencial que resulta do rearranjo molecular numa reação química é, de uma forma
geral, totalmente convertida em energia térmica do sistema reacional, a variação de energia que
acompanha uma reação química repercute-se numa variação de energia térmica. Como tal, utilizam-
-se os termos endotérmico e exotérmico para mencionar os processos de transformação química que
ocorrem, respetivamente, com absorção e libertação de energia térmica. Esta variação de energia
pode ser quantificada através da troca de calor que se estabelece entre o sistema reacional e a vizi-
nhança, em condições de pressão constante. A energia medida nestas condições tem a designação de
variação de entalpia (DH) de uma reação química.

REAÇÃO ENDOTÉRMICA REAÇÃO EXOTÉRMICA


• A energia dos reagentes é inferior à energia • A energia dos reagentes é superior à energia
dos produtos. dos produtos.
• A energia envolvida na rutura das ligações
• A energia envolvida na rutura das ligações
químicas nos reagentes é menor, em valor
químicas dos reagentes é superior, em valor
absoluto, do que a energia libertada na forma-
absoluto, à energia libertada na formação das
ção das ligações químicas nos produtos de
ligações químicas dos produtos da reação.
reação.

O sistema reacional exige um consumo de Como resultado há libertação de energia do


energia para que a reação ocorra, apresentando sistema, apresentando uma variação de ental-
uma variação de entalpia positiva. pia negativa.
DH > 0 DH < 0
Entalpia
Entalpia

Átomos separados Átomos separados

Energia Energia Energia Energia


absorvida libertada absorvida libertada
(DHr > O) (DHp < O) (DHr > O) (DHp < O)

Produtos Reagentes

Balanço Balanço
Absorção energético ± Libertação
de energia ¶ energético (DH < O) de energia
(DH > O)
Reagentes Produtos

Em sistemas isolados, e para uma reação endo- Em sistemas isolados, e para uma reação exo-
térmica, parte da energia associada à agitação térmica, a energia libertada pela reação leva ao
das partículas converte-se em energia que é ab- aumento da energia térmica do sistema reacio-
sorvida pela reação química sob a forma de nal e, consequentemente, provoca uma maior
energia potencial, provocando a diminuição da agitação das partículas, o que se traduz num
temperatura do sistema reacional. aumento da sua temperatura.
Endotérmicas Exotérmicas
Tipo de sistema Temperatura Energia total Tipo de sistema Temperatura Energia total
Isolado Diminui Não se altera Isolado Aumenta Não se altera
Aumenta, capta Diminui, cede
Aberto e fechado Mantém-se Aberto e fechado Mantém-se
da vizinhança à vizinhança

Em sistemas abertos e fechados como há trocas de energia com o exterior, a energia libertada ou
absorvida pelo sistema tende, respetivamente, a dissipar-se na vizinhança ou a ser recuperada da
vizinhança conduzindo, em ambos os casos, a uma temperatura equivalente à temperatura exterior,
por isso, quer na reação exotérmica quer na reação endotérmica, a temperatura do sistema mantém-se.

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3 TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS

Estimativa da variação de entalpia de uma reação

10.º ANO EM REVISTA


As equações químicas podem apresentar a variação de entalpia da reação em causa sendo, nesse
caso, designadas equações termoquímicas.

EXEMPLO

Equação termoquímica da reação de combustão do hidrogénio - reação química exotérmica, apre-


sentando variação de entalpia negativa.

2 H2(g) + O2(g) " 2 H2O(ℓ) DH = - 571,6 kJ

A variação de entalpia da reação é de - 571,6 kJ, o que significa que há a libertação de 571,6 kJ de
energia quando 2 moles de H2(g) reagem com 1 mole de O2(g) para formar 2 moles de H2O(ℓ).
Como a equação química indica a combustão de 2 moles de H2(g) ou a formação de 2 moles de
H2O(ℓ), a variação de entalpia pode também ser expressa por: DH = - 285,8 kJ mol- 1.

A variação da entalpia de uma reação química pode ser estimada pela diferença da soma das ener-
gias (entalpias) de ligação quebradas nos reagentes (Dreagentes) com a soma das energias (entalpias) de
ligação formadas nos produtos (Dprodutos).

DH = S Energia (entalpia) ligação reagentes - S Energia (entalpia) ligação produtos


DH = S Dreagentes - S Dprodutos

EXEMPLO

A combustão do etano pode ser traduzida pela equação química:

2 C2H6(g) + 7 O2(g) " 4 CO2(g) + 6 H2O(g)

H H

2 * H —C —C —H + 7 * O —
— O 4 * O — — O + 6*
— C— O
––

H H
H H

Rutura de: Formação de:

2 ¥ 1 ligação C–C
4 ¥ 2 ligações C=O
2 ¥ 6 ligações C–H
6 ¥ 2 ligações O–H
7 ¥ 1 ligação O=O

Assim, a variação de entalpia será dada por:

DH = 2 * D(C−C) + 12 * D(C−H) + 7 * D(O=O) - (8 * D(C=O) + 12 * D(O−H))

DH = 2 * 348 + 12 * 414 + 7 * 498 - (8 * 799 + 12 * 463)

DH = 9150 - 11 948 = - 2798 kJ

Nesta reação libertam-se 2798 kJ de energia por cada 2 moles de etano e 7 moles de oxigénio
©AREAL EDITORES

consumidas e por cada 4 moles de dióxido de carbono e 6 moles de água formadas.

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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

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3.2 REAÇÕES FOTOQUÍMICAS NA ATMOSFERA
10.º ANO EM REVISTA

Fotodissociação e fotoionização
A radiação eletromagnética, ou simplesmente a luz, é capaz de interagir com a matéria, desenca-
deando transformações químicas. As reações químicas que se iniciam por ação da luz são designa-
das por reações fotoquímicas e correspondem a processos endoenergéticos, isto é, a processos que
necessitam de absorver energia para ocorrer e que apresentam uma variação de entalpia positiva.
Dependendo da substância em causa e da energia dos fotões incidentes, podem desencadear-se dois
fenómenos:
FOTOIONIZAÇÃO FOTODISSOCIAÇÃO
Reação química desencadeada pela absorção de Reação química desencadeada pela absorção de
um fotão capaz de provocar a ejeção de um ele- um fotão capaz de provocar a quebra homolí-
trão, ou seja, de ionizar a substância – forma-se tica de uma ligação entre os átomos que consti-
um ião. tuem a substância – formam-se radicais.

M " M•+ + 1 e- AB " A• + B•


Luz Luz

O que é um radical?
Um radical é um átomo, uma molécula ou um ião que apresenta, pelo menos, um eletrão desempa-
relhado, ou seja, tem pelo menos um eletrão isolado numa orbital. A existência desse eletrão desem-
parelhado faz com que, no geral, os radicais sejam espécies químicas extremamente reativas, tendo
o eletrão grande tendência a ligar-se a outro eletrão de spin oposto, mesmo que esteja localizado
numa outra espécie química.
Os radicais apresentam as fórmulas ou símbolos químicos com um ponto que representa o eletrão
desemparelhado.

H2O " OH + H Br2 " Br + Br


• • • •

Estabilidade de espécies químicas na atmosfera


A atmosfera terrestre é composta por quatro camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera e termosfera.
A termosfera, a camada mais externa da atmosfera, é atingida por todo o espetro de radiação solar
que chega à Terra. Existindo radiações muito energéticas nesta camada, a interação da radiação com
a matéria desencadeia reações de fotoionização e fotodissociação das moléculas de nitrogénio (N2) e
oxigénio (O2).

Fotoionização: Fotodissociação:
+ 1e-
DH = 1505 kJ mol -1
N2 Æ N• + N• DH = 964 kJ mol-1
Luz Luz
N2 Æ N 2
•+

O2 Æ O2•+ + 1e- DH = 1144 kJ mol-1 O2 Æ O• + O• DH = 500 kJ mol-1


Luz Luz

Na estratosfera existe outra molécula constituída pelo elemento oxigénio que apresenta um papel
relevante no controlo da radiação que atinge a superfície da Terra. Trata-se da molécula de ozono (O3)
que, sujeita à radiação, sofre fotodissociação.

Fotodissociação:
O3 Æ O• + O2 DH = 387 kJ mol–1
UV

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3 TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS

CONCLUSÃO

10.º ANO EM REVISTA


• a interação da radiação com a matéria, na atmosfera, desencadeia processos endoenergéticos;
• a energia requerida para a ionização das moléculas de N2 e O2 é consideravelmente superior à
que é necessária para as dissociar;
• quanto maior for a energia de dissociação de uma molécula diatómica mais forte é a ligação da
molécula:
– a ligação da molécula de N2 é bastante mais forte do que a ligação da molécula de O2;
– a ligação entre os átomos de oxigénio é mais forte na molécula de oxigénio, O2, do que na
molécula de ozono, O3;
• existindo radiações muito energéticas, na termosfera, a interação da radiação com a matéria
desencadeia reações de fotoionização;
• a fotoionização e a fotodissociação das moléculas de N2 e O2 são desencadeadas por radiações
das gamas mais energéticas do espetro eletromagnético;
• requerendo, no geral, menos energia, as reações de fotodissociação podem desencadear-se tam-
bém em camadas inferiores da atmosfera.

Ozono estratosférico
Grande parte das radiações mais energéticas do espetro eletromagnético são absorvidas durante as
reações fotoquímicas que ocorrem na termosfera. No entanto, há radiação ultravioleta biologica-
mente nociva que atinge a estratosfera.
A camada de ozono - zona da estratosfera, onde se encontra cerca de 90% do ozono que existe na
atmosfera - absorve grande parte das radiações UV (funciona como um filtro solar de radiações
UVB, bem como das radiações UVC que não foram absorvidas pelas moléculas de oxigénio na me-
sosfera), impossibilitando a sua passagem para a superfície terrestre.
Sydney Chapman propôs, em 1930, um mecanismo de formação e decomposição do ozono que ex-
plica a existência da camada de ozono.

Formação do ozono: Decomposição do ozono:


O2(g) Æ O (g) + O (g) O3(g) Æ O•(g) + O2(g)
UVC • • UVB

(O•(g) + O2(g) + M(g) Æ O3(g) + M*(g)) * 2 O•(g) + O3(g) Æ 2 O2(g)


3 O2(g) Æ 2 O3(g) 2 O3(g) Æ 3 O2(g)

C
UV
B
UV
A
UV

Camada de ozono
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2 PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

©AREAL EDITORES
Efeito dos clorofluorcarbonetos sobre o ozono estratosférico
10.º ANO EM REVISTA

Num estudo de 1985, Joseph Farman e a sua equipa reportaram a existência de uma expressiva rare-
fação de ozono sobre a Antártida, que denominaram de “buraco na camada de ozono”, cuja origem
foi, mais tarde, atribuída ao uso dos clorofluorocarbonetos (CFC).
Por serem gases muitos estáveis, os clorofluorocarbonetos (CFC) podem atingir a estratosfera sem
se modificarem. Nessa camada sofrem fotodissociação pela radiação UVC, formando radicais cloro
que alteram o ciclo do ozono.

CCℓ3F(g) Æ •CCℓ2F(g) + Cℓ•(g)


Luz

De acordo com esse mecanismo, o radical cloro reagiria com uma molécula de ozono para formar
um radical monóxido de cloro e dioxigénio.

Cℓ•(g) + O3(g) " CℓO•(g) + O2(g)

Num último passo, o monóxido de cloro reagiria com um radical oxigénio para se estabilizar, for-
mando-se de novo o dioxigénio e o cloro radical, que fica livre novamente para atacar outra molécula
de ozono.
CℓO•(g) + O•(g) " Cℓ•(g) + O2(g)

Trata-se de um ciclo em que o radical cloro viabiliza a decomposição do ozono, contribuindo para a
sua drástica diminuição, sem ser consumido. Dessa forma, os gases destruidores do ozono perma-
necem ativos durante décadas na estratosfera.

Ozono estratosférico e ozono troposférico


O ozono é um gás altamente instável e muito tóxico. A sua acumulação na troposfera pode originar
problemas respiratórios e irritação ocular, além de ter um efeito corrosivo em diversos materiais.
É também um dos responsáveis pelo efeito de estufa e participa na formação do nevoeiro fotoquí-
mico (smog), que surge nos grandes centros urbanos e industriais.
Assim, pode falar-se em dois tipos de ozono, consoante a camada da atmosfera em que este está
localizado: o ozono estratosférico, que funciona como filtro das radiações UV protegendo a superfí-
cie terrestre da sua ação danosa, e o ozono troposférico, que atua como poluente quando apresenta
uma concentração acima do recomendável.

60
Altitude (km)

Co
50 nce
ntr
aç Estratosfera
ão
de
40 o
zo
no

30
a de ozono
Camad

20

Troposfera
10
o mar
Nível d
0

40

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