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Resumo Q10
Resumo Q10
Resumo Q10
10 VISTA
. ANO
EM RE
TABELA PERIÓDICA
SUBDOMÍNIO
1.1 O ÁTOMO
As ordens de grandeza das estruturas da Natureza podem ser tão variadas que, para simplificar,
usam-se frequentemente múltiplos e submúltiplos:
EXEMPLOS
As dimensões à escala atómica são tão reduzidas que é usual a utilização de outros submúltiplos como:
Átomo
(10-10 m) Núcleo
(10-14 m)
Nucleão Quark
(10-15 m) (10-20 m)
Constituição do átomo
O átomo é constituído por uma zona central, o núcleo (de dimensões reduzidas, cerca de 104 vezes
menor que o átomo, mas onde está concentrada praticamente toda a massa do átomo) e pela nuvem
eletrónica.
xwwwwwwywwwwwwz
No núcleo localizam-se os
protões, de carga positiva e
os neutrões, sem carga, com Na nuvem eletrónica
massas aproximadamente localizam-se os eletrões
iguais. de carga negativa com
A carga nuclear é sempre uma massa cerca de
igual à soma das cargas dos 2 * 103 vezes inferior
protões que se localizam à dos protões e dos
no núcleo. neutrões.
Número
de massa
Símbolo
químico
Número
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atómico
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O número atómico (Z) define a identidade de um elemento, ou seja, o número de protões existentes
no núcleo dos seus átomos.
10.º ANO EM REVISTA
O número de massa (A) é um número inteiro sem unidades, igual ao número total de partículas do
núcleo.
EXEMPLO
Átomo de lítio.
Protões
Protões
Neutrões
Número atómico Z=3 Número de massa A=6
Número atómico (Z) = n.º de protões Número de massa (A) = n.º de protões + n.º de neutrões
EXEMPLO
O hidrogénio tem três isótopos com números de massa 1, 2 e 3 (contendo 0, 1 e 2 neutrões, respetivamente)
designados prótio, deutério e trítio.
1 2 3
1H 1H 1 H
1n0
1n0 1p+
1p+ 0n0
1p+ 1n0
A massa atómica relativa média de um elemento corresponde à média ponderada das massas isotó-
picas dos vários isótopos de um elemento químico que se encontram na Natureza.
17
Isótopo Massa isotópica relativa Abundância natural / %
35
Cℓ 34,97 75,8
37
35,45 Cℓ 36,97 24,2
Cloro
Ar(Cℓ) = 34,97 * 0,758 + 36,97 * 0,242 = 35,45
1
• Ar(Cℓ) = 35,45 significa que a massa do cloro é, em média, 35,45 vezes superior à massa de da massa
12
atómica do isótopo carbono-12.
• O valor obtido não é um número inteiro, pois resulta de uma média ponderada.
• O resultado é mais próximo da massa atómica relativa do isótopo mais abundante, pois tem maior peso na
média do que a do isótopo menos abundante.
• A massa atómica relativa média de um elemento pode ser consultada na Tabela Periódica.
Quantidade de matéria
A dimensão do átomo é tão reduzida que é impensável contar o número de átomos de uma porção
de matéria, por mais pequena que seja.
A mole (cujo símbolo é mol) é a unidade de quantidade de matéria (n), uma grandeza base do SI,
que corresponde à porção de matéria de um sistema que contém um número de entidades igual ao
número de átomos de carbono existentes em 0,012 kg de carbono-12.
Atualmente, a constante de Avogadro (NA) é uma constante física fundamental, que corresponde ao
número de entidades (átomos, moléculas, iões, eletrões, fotões, etc.) existentes numa mole da enti-
dade considerada e tem o valor de 6,02 * 1023 mol- 1.
O número de partículas (N) existente numa pequena porção de matéria é diretamente proporcional
à quantidade de matéria (n), sendo a constante de proporcionalidade a constante de Avogadro (NA).
N = n NA
EXEMPLO
C3 H8 O3 C3 H8 O3
3 moles de átomos 8 moles de átomos 3 moles de átomos 18,1 * 1023 átomos 48,2 * 1023 átomos 18,1 * 1023 átomos
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Massa molar
A massa molar (M) é a massa de uma mole de entidades. Exprime-se geralmente em g mol- 1 e é
10.º ANO EM REVISTA
numericamente igual à massa atómica relativa média dos elementos ou à massa molecular relativa
média das moléculas quando as substâncias se identificam com um elemento ou um composto
molecular, respetivamente.
EXEMPLO
A massa (m) de uma porção de matéria de uma dada substância é diretamente proporcional à quan-
tidade de matéria (n) presente, sendo a constante de proporcionalidade a massa molar (M) da subs-
tância em causa.
m=nM
RESUMINDO
nA mA
xA = wA =
ntotal mtotal
A soma das frações molares ou das frações mássicas dos vários constituintes é sempre igual a 1.
TABELA PERIÓDICA
SUBDOMÍNIO
Radiação eletromagnética
O físico inglês Isaac Newton foi o primeiro cientista a perceber que a luz branca se desdobra numa
sequência de cores idêntica à do arco-íris, ao atravessar um prisma de vidro. O conjunto formado
pela sucessão contínua das várias radiações coradas obtidas pela decomposição da luz branca consti-
tui o espetro visível.
A luz branca, ou luz visível, é um caso particular de radiação eletromagnética que é diretamente
acessível à nossa visão. No entanto, corresponde apenas a um pequeno intervalo do espetro eletro-
magnético que representa o conjunto de todas as possíveis radiações eletromagnéticas ordenadas
pelas suas energias (comprimentos de onda ou frequências).
Espetro visível
m
m
4
–1
–2
–3
–4
–5
–6
–7
–8
–9
3
–1
–1
–1
–1
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
Infravermelhos Ultra-
Ondas rádio Micro-ondas (IV) -violeta Raios X Raios g
(UV)
Frequência / Hz
Hz
Hz
Hz
10 Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
Hz
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
4
9
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
A frequência ( f ) corresponde ao número de ciclos completos realizados pela onda em cada segundo.
A luz ou a radiação eletromagnética é considerada uma corrente de fotões, sendo a energia de cada
fotão diretamente proporcional à frequência dessa luz.
• Os raios gama (g), os raios X e a radiação ultravioleta são radiações eletromagnéticas de frequência
elevada (comprimento de onda baixo), pelo que apresentam valores elevados de energia.
• As ondas de rádio, as micro-ondas e a radiação infravermelha são radiações eletromagnéticas de
frequência baixa (comprimento de onda elevado), pelo que apresentam valores baixos de energia.
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Espetros de emissão e de absorção
O espetro visível da luz branca corresponde a um espetro de emissão contínuo – espetro cujas radia-
10.º ANO EM REVISTA
ções têm valores de energia que variam progressivamente e sem interrupção entre as radiações
limite do espetro, constituindo uma gama variada e contínua de radiações.
O espetro da radiação emitida por uma substância pode ser contínuo ou descontínuo. Por exemplo,
as substâncias incandescentes produzem espetros de emissão contínuos, ao passo que os gases no-
bres (como o hélio, o néon e o árgon) originam espetros de emissão de riscas (descontínuos).
• Cada elemento químico possui o seu próprio padrão de riscas espetrais, que funciona como uma
espécie de “impressão digital” do elemento.
• Os espetros de absorção e de emissão de um mesmo elemento químico são complementares – ve-
rifica-se que as riscas brilhantes do primeiro surgem exatamente para os mesmos valores de ener-
gia que as riscas escuras do segundo.
O físico dinamarquês Niels Bohr propôs, pela primeira vez, uma interpretação do espetro do átomo de
hidrogénio, usando-o para explicar a estrutura interna dos átomos.
n=5
Núcleo
n=4 E /J
n=?
n=3
Estado
fundamental – 2,18 * 10–18 n=1
n=2 n=3
n=2
Na absorção DE > 0
n=1
Energia
+ Núcleo
e–
DE = Enf - Eni
e– n=1
n=3
n=2 n=3
e– n=2 Na emissão DE < 0
n=1
Energia
+ Núcleo
DE = Enf - Eni
e–
n=1
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Séries espetrais do átomo de hidrogénio
10.º ANO EM REVISTA
Uma série espetral é um conjunto de riscas resultantes das transições do eletrão de diferentes esta-
dos eletrónicos excitados para o mesmo estado final, excitado ou não.
Séries espetrais do átomo de hidrogénio:
• série de Lyman - transições eletrónicas de n ≥ 2 para n = 1 correspondentes à emissão de radiação
ultravioleta.
• série de Balmer - transições eletrónicas de n ≥ 3 para n = 2 correspondentes à emissão de radiação
no ultravioleta (fraca intensidade) e no visível.
• séries de Paschen, Brackett e Pfund – correspondem à emissão de radiação infravermelha e refe-
rem-se às transições eletrónicas de níveis superiores para os níveis 3, 4 e 5, respetivamente.
0 n=5
– 8,72 * 10–20 J n=4
– 1,36 * 10–19 J n=3
– 2,42 * 10–19 J n=2
– 5,45 * 10–19 J
Energia /J
Para as transições entre os mesmos níveis de energia, a energia da radiação emitida é igual à energia
da radiação absorvida.
EXEMPLO
A espetroscopia de absorção atómica (EAA) é uma técnica de análise química que faz uso da absor-
ção de radiação por átomos livres no estado gasoso para proceder à determinação qualitativa e quan-
titativa de um grande número de elementos químicos (por exemplo, identificação de elementos
químicos nas estrelas ou determinação de quantidades vestigiais em química forense).
A estrutura eletrónica dos átomos com mais de um eletrão é bem mais complexa que a do átomo de
hidrogénio, devido às interações que surgem entre os vários eletrões e entre estes e o núcleo.
A energia dos eletrões nos átomos inclui o efeito das atrações entre os eletrões e o núcleo (por as
suas cargas serem de sinais contrários) e das repulsões entre os eletrões (por as suas cargas serem do
mesmo sinal).
Protões Protões Protões Eletrões Eletrões Eletrões
Força de Força de Força de
repulsão atração repulsão
O efeito destas atrações e repulsões influencia a energia do eletrão no átomo, o que leva a que os
eletrões se distribuam por níveis de energia distintos em átomos de diferentes elementos, confe-
rindo ao átomo de um elemento uma estrutura eletrónica única.
10
Para se conhecer a energia de cada eletrão num átomo recorre-se à técnica de espetroscopia fotoele-
trónica, que permite calcular os valores das energias de remoção dos diferentes eletrões – valor mí-
Quanto menor é o valor da energia de remoção, maior é o valor da energia do eletrão no átomo, o
que indica que ele pertence a um nível de energia superior, isto é, mais afastado do núcleo. Ao invés,
os eletrões mais internos apresentam maiores valores de energia de remoção.
Eremoção
eletrónica
– – máxima
– 39,6
EXEMPLOS
Lítio
Elemento Li
de eletrões
N.º relativo
N.º de eletrões 3
• Observam-se dois picos (que correspondem a dois valores diferentes de energia de remoção), logo, os três
eletrões do lítio, no estado fundamental distribuem-se por dois níveis de energia (o 1.º pico corresponde ao
1.º nível de energia e o 2.º pico ao 2.° nível de energia).
• Como a altura do pico corresponde ao número relativo de eletrões em cada nível de energia é também
possível concluir que o primeiro nível de energia comporta mais eletrões – dois eletrões – que o nível de
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11
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Boro
10.º ANO EM REVISTA
Elemento B
de eletrões
N.º relativo
N.º de eletrões 5
• Observam-se três picos (correspondentes a três valores de energia de remoção). A diferença de energia é
muito maior do primeiro pico para o segundo do que do segundo pico para o terceiro, o que pressupõe a
existência de dois níveis de energia com o 2.º nível desdobrado em dois subníveis.
• Como os dois primeiros picos têm uma altura igual enquanto o último pico tem cerca de metade da altura
dos anteriores, conclui-se que os cinco eletrões do boro se distribuem da seguinte forma: dois eletrões de-
vem ocupar o 1.º nível de energia; outros dois eletrões devem ocupar o subnível de menor energia do 2.º
nível e um eletrão deve ocupar o subnível de maior energia do 2.º nível.
Dados de espetroscopia fotoeletrónica para os elementos químicos de número atómico 1 até 12, em MJ mol- 1
Elemento 1 H 2 He 3Li Be
4 5B C
6 7N 8O 9F 10Ne Na
11 12 Mg
1.º pico 1,31 2,37 6,26 11,5 19,3 28,6 39,6 52,6 67,2 84,0 104 131
2.º pico 0,52 0,90 1,36 1,72 2,45 3,12 3,88 4,68 6,84 9,40
3.º pico 0,80 1,09 1,40 1,31 1,68 2,08 3,67 5,50
A análise dos espetros fotoeletrónicos dos diferentes elementos permite concluir que:
• o primeiro nível de energia, à exceção do hidrogénio, é sempre ocupado com dois eletrões;
• no segundo nível de energia podem existir, no máximo, oito eletrões, distribuídos por dois subníveis,
em que o primeiro pode comportar dois eletrões e o segundo subnível seis;
• átomos de elementos químicos diferentes apresentam valores diferentes para a energia dos eletrões
no mesmo subnível de energia: a energia de um subnível é tanto menor quanto maior for a carga
nuclear pois maior é a intensidade da força atrativa exercida pelo núcleo, sendo maior o valor da ener-
gia de remoção eletrónica dos eletrões que ocupam esse subnível;
• considerando que um nível que não se encontre desdobrado em subníveis contém um único subní-
vel, então o número de subníveis de energia total ou parcialmente preenchidos num átomo coincide
com o número de valores de energias de remoção eletrónica para esse átomo.
12
De acordo com o modelo quântico, a nuvem eletrónica representa a distribuição da densidade dos
eletrões à volta do núcleo atómico, correspondendo as regiões mais densas a maior probabilidade de
z z z z z y z
y y y y y
x x x
x x x
dyz dxz dxy
px py pz z z
y y
x x
dx2 – y2 dz2
As orbitais s, As orbitais p (px, py e pz), três por nível de As orbitais d (dxy, dyz, dxz, dx2 – y2 e
uma por nível energia, apresentam dois lóbulos simétricos, dz2), cinco por nível de energia,
de energia, tendo o núcleo como centro. apresentam uma forma mais
apresentam complexa.
simetria esférica.
Spin elétrónico
O spin eletrónico é uma propriedade quantizada do eletrão, além da sua massa e carga, que permite
dois estados diferentes. Está relacionado com os dois movimentos de rotação eletrónicos possíveis,
um no sentido dos ponteiros do relógio e outro no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.
S N
N S
13
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• O Princípio de Construção ou de Aufbau, segundo o qual os eletrões se distribuem pelas orbitais
por ordem crescente de energia.
10.º ANO EM REVISTA
n=1 1s
n=2 2s 2p
n=3 3s 3p 3d
n=4 4s 4p 4d 4f
n=5 5s 5p 5d 5f
n=6 6s 6p 6d
n=7 7s 7p
EXEMPLO
• A Regra de Hund - a distribuição mais favorável dos eletrões por orbitais degeneradas é aquela que
conduz à obtenção do número máximo de spins paralelos.
EXEMPLO
A distribuição dos eletrões pelas orbitais atómicas pode ser apresentada de diversas formas:
3s
2p
2s
1s
14
TABELA PERIÓDICA
SUBDOMÍNIO
Lavoisier agrupou as Chancourtois organizou os elementos Mendeleev organizou uma tabela onde
substâncias então por ordem crescente de massas atómicas, colocou os elementos por ordem
conhecidas em quatro colocando-os sobre uma linha helicoidal, crescente do número de massa (regra
categorias: gases, não onde se observava uma certa pontualmente desrespeitada), onde os
metais, metais e elementos periodicidade dos elementos que ficavam elementos com propriedades semelhantes
terrosos. dispostos na mesma coluna – Parafuso se localizavam na mesma coluna – Lei
Telúrico de Chancourtois. Periódica de Mendeleev.
Ag Cd U Sn Sb Te I
Cs Ba, V com número atómico superior a 92.
15
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3.2 ORGANIZAÇÃO DA TABELA PERIÓDICA
10.º ANO EM REVISTA
Gases nobres
Elementos de transição
Calcogéneos
2.º
Halogéneos
alcalinoterrosos
Metais alcalinos
3.º 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Metais
4.º
5.º
6.º *
7.º **
Elementos Lantanídeos*
de transição Actinídeos**
interna
Metais Não metais Semimetais Gases nobres
Os elementos da Tabela Periódica podem ainda ser agrupados em quatro blocos, s, p, d e f, de acordo
com o tipo de orbital que se encontra em preenchimento.
1 18
1.º 1s 2 13 14 15 16 17 1s
2.º 2s 2p
3.º 3s 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 3p Bloco s
4.º 4s 3d 4p Bloco p
5.º 5s 4d 5p Bloco d
6.º 6s La 5d 6p Bloco f
7.º 7s Ac 6d 7p
4f
5f
Os elementos dos blocos s e p, depois de retirado o grupo dos gases nobres, são designados elemen-
tos representativos; os elementos do bloco d são os elementos de transição e os do bloco f são os ele-
mentos de transição interna.
EXEMPLO
3 1
O sódio, com configuração eletrónica 11Na: 1s2 2s2 2p6 s
Pertence ao 3.º período, pois o maior nível de energia é 3 Pertence ao grupo 1, pois possui 1 eletrão de valência
A Tabela Periódica constitui um instrumento de trabalho dos químicos, fonte de variada informação,
onde se incluem as propriedades dos elementos, como o raio atómico e a energia de ionização, e as
propriedades das suas substâncias elementares, como o estado físico, a densidade ou o ponto de
fusão e de ebulição.
As substâncias elementares associadas a elementos de um mesmo grupo têm propriedades químicas
muito semelhantes, uma vez que estas propriedades estão relacionadas com os eletrões de valência.
16
Relacionando as duas propriedades, pode concluir-se que, à medida que aumenta o raio atómico
diminui a energia de ionização.
Aumento da energia de ionização
Diminuição da energia
raio atómico
de ionização
Aumento do
A qualquer átomo podem ser retirados, um a um, todos os seus eletrões. As energias de ionização
devem ser cada vez maiores pois, como diminui o número de eletrões, as forças repulsivas entre os
eletrões diminuem, prevalecendo as forças atrativas exercidas pelo núcleo, que se tornam cada vez
mais significativas.
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17
QUI11AEP_REV-02
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3.4 FORMAÇÃO DE IÕES E REATIVIDADE DE ELEMENTOS QUÍMICOS
10.º ANO EM REVISTA
+ –
Catião-Na+ Átomo-CL Anião-CL–
Átomo-Na
186 pm
Na+ – 1s2 2s2 2p6
11 99 pm 181 pm 17 Cℓ– – 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
98 pm
18
LIGAÇÃO QUÍMICA
SUBDOMÍNIO
GASES E DISPERSÕES
SUBDOMÍNIO
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
SUBDOMÍNIO
1 18
H 2 13 14 15 16 17 He
Li Be B C N O F Ne
Na Mg Al Si P S CL Ar
K Ca Ga Ge As Se Br Kr
Notação de Lewis para os elementos dos blocos s e p até ao 4.º período da Tabela Periódica.
19
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Tipos de ligações
10.º ANO EM REVISTA
Uma ligação química resulta da união de átomos, por interações que decorrem da cedência, captação
ou partilha de eletrões e que lhes permite adquirir maior estabilidade em consequência, muitas das
vezes, de um octeto de eletrões completo. Essa estabilidade resulta da menor energia adquirida pelo
conjunto de átomos ligados comparativamente com a energia desses átomos separados.
• Ligação iónica - ligação química que decorre da atração eletrostática entre catiões e aniões resultan-
tes da cedência e captação de eletrões entre átomos de metais e não metais, respetivamente;
• Ligação covalente - ligação que decorre da partilha de eletrões entre átomos de elementos de não
metais e/ou semimetais;
• Ligação metálica - ligação química que resulta de uma rede de iões metálicos positivos imersos
num “mar” de eletrões de valência deslocalizados partilhados por todos os átomos.
Os mapas de densidade eletrónica das moléculas mostram uma maior probabilidade de encontrar os
eletrões na zona internuclear, o que comprova a partilha localizada de eletrões pelos átomos unidos.
A ligação covalente resulta de um equilíbrio entre as interações eletrostáticas atrativas existentes
entre os núcleos e os eletrões e as interações eletrostáticas repulsivas existentes entre núcleos e entre
eletrões.
Forças atrativas Nuvem
Núcleo (núcleo / eletrão) eletrónica
Forças repulsivas
(entre eletrões)
Forças repulsivas
(entre núcleos)
Núcleo
Nuvem
eletrónica
de ligação
entre eles, considerando-se que a energia
total do sistema é zero;
• na posição 2, com a aproximação dos áto-
mos, as interações tornam-se significativas
predominando as atrações entre os eletrões
e as cargas positivas de ambos os núcleos.
As nuvens eletrónicas começam a sobrepor- – 436
-se levando a uma diminuição da energia da
molécula. Como as atrações predominam, Distância internuclear / pm
74
a sobreposição das nuvens eletrónicas Comprimento médio
da ligação
aumenta e a energia continua a diminuir;
• o ponto mínimo da curva, posição 3, é a distância internuclear para a qual a molécula é mais está-
vel, havendo um equilíbrio entre as interações atrativas e repulsivas. Considera-se que está estabe-
lecida a ligação covalente, sendo mínima a energia da molécula nesse ponto;
• para distâncias ainda menores, posição 4, os núcleos aproximam-se o suficiente para que a repul-
são entre as suas cargas positivas se torne significativa levando ao aumento da energia da molécula.
A curtas distâncias há, assim, um predomínio das interações repulsivas que leva ao afastamento
dos átomos novamente para a posição de equilíbrio.
20
Estrutura de Lewis
EXEMPLO
Par de eletrões ligantes
Pares de eletrões
F — F
não ligantes
Uma ligação covalente pode ser simples, dupla ou tripla, dependendo se resulta da partilha de um,
dois ou três pares de eletrões de valência entre os átomos unidos pela ligação, respetivamente.
O número de traços entre os símbolos dos átomos ligados é igual à multiplicidade da ligação cova-
lente e à ordem de ligação.
EXEMPLOS
Estruturas de Lewis
Molécula
Hidrogénio Os átomos partilham um par de eletrões: diz-se que se estabelece uma ligação
H H ou H—H covalente simples – ordem de ligação 1.
Oxigénio Os átomos partilham dois pares de eletrões, representados por quatro pontos
ou por dois traços entre os símbolos dos átomos ligados: diz-se que se
O O ou O —
— O
estabelece uma ligação covalente dupla – ordem de ligação 2.
Cada átomo possui dois pares de eletrões ligantes e dois pares de eletrões
não ligantes.
Nitrogénio Os átomos partilham três pares de eletrões estabelecendo-se, nesse caso, uma
ligação covalente tripla – ordem de ligação 3.
N N ou N—
—N
— Como cada átomo de nitrogénio possui cinco eletrões de valência, partilha três
eletrões com o átomo vizinho para completar o octeto de eletrões, havendo,
no total, uma partilha de seis eletrões.
A molécula fica, então, com dois pares de eletrões não ligantes, um por cada
átomo de nitrogénio, e três pares de eletrões ligantes.
Água O átomo de oxigénio partilha dois dos seus eletrões, um com cada átomo de
H H hidrogénio, formando duas ligações covalentes simples.
—
ou
O H O —H
N H ou N —H
—
H
H
Metano O átomo de carbono partilha quatro eletrões para completar o octeto, formando
H quatro ligações covalentes simples com quatro átomos de hidrogénio.
H
—
H C H ou H — C — H
—
H
H
Dióxido de carbono O átomo de carbono partilha os quatro eletrões com os dois átomos de oxigénio,
O C O
através de duas ligações covalentes duplas, ficando os três átomos com o octeto
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de eletrões completo.
21
O comprimento de ligação é a distância média entre os núcleos de dois átomos ligados numa molé-
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cula. Numa molécula diatómica, a essa distância internuclear corresponde o mínimo de energia e a
máxima estabilidade da molécula.
• O comprimento de ligação entre dois átomos • De uma maneira geral, o comprimento da li-
diminui à medida que aumenta a ordem de gação aumenta à medida que aumenta o raio
ligação. dos átomos envolvidos.
O C O C O H CL H Br
Comprimento da ligação C–O nas moléculas de dióxido Comprimento da ligação nas moléculas cloreto de
de carbono (CO2) e monóxido de carbono (CO). hidrogénio (HC’) e brometo de hidrogénio (HBr).
A energia de dissociação de ligação, ou energia de ligação, é definida como a energia necessária para
quebrar uma dada ligação numa mole de moléculas no estado gasoso.
• A energia de ligação varia inversamente com o comprimento de ligação pois, quanto mais afasta-
dos estiverem os átomos, menor será a energia requerida para romper a ligação.
• Em moléculas diatómicas com ligações entre átomos de dimensões semelhantes, quanto maior a
ordem de ligação, mais forte é a ligação e, consequentemente, maior a energia de ligação e menor
o comprimento de ligação.
Ligação
Ordem Força Energia Comprimento
↑ ↑ ↑ ↓
Geometria molecular
Além dos dois parâmetros referidos (comprimento de ligação e energia de ligação), que ajudam a
caracterizar as ligações entre os átomos, as propriedades físicas e químicas de uma molécula depen-
dem fortemente do arranjo tridimensional dos seus átomos, ou seja, da sua geometria molecular.
Segundo o Modelo de Repulsão dos Pares Eletrónicos da Camada de Valência (VSEPR): os pares de
eletrões de valência existentes ao redor do átomo central, quer se tratem de eletrões ligantes ou não
ligantes, organizam-se de forma a estabilizar a molécula minimizando as repulsões eletrostáticas
entre esses pares de eletrões.
Para aplicar o modelo VSEPR devem aplicar-se algumas regras:
1.º Representar a estrutura de Lewis da molécula.
2.º Contar o número de pares eletrónicos em torno do átomo central (nesta contagem deve atender-
-se aos pares de eletrões ligantes e não ligantes, sendo as ligações múltiplas tratadas como liga-
ções simples; por conseguinte, o número de átomos ligados é igual ao número de pares de ele-
trões ligantes).
3.º Selecionar o arranjo espacial dos pares eletrónicos que garante o máximo afastamento entre eles.
4.º Identificar a geometria molecular considerando apenas o número de átomos unidos ao átomo
central.
22
Geometrias moleculares em função dos pares eletrónicos em torno do átomo central e do número
de átomos ligados ao átomo central
O C O O —
—C—
—O
2 0 2 CO2
Linear Linear 180º
H H
—
3 0 3 B B 120º BH3
—
—
H H H H
Triangular plana Triangular plana
H H
—
4 0 4 H C H C— CH4
H H
H H
109,5º
Tetraédrica Tetraédrica
H N N—
3 1 4 H H H NH3
H H 107,3º
Tetraédrica Piramidal trigonal
O O—
2 2 4 H— H H2O
H H 104,5º
Tetraédrica Angular
Ângulo de ligação
O ângulo de ligação é o menor ângulo formado pelos dois segmentos de reta que passam pelo centro do
núcleo do átomo central e pelos centros dos núcleos de dois átomos a ele ligados. Para cada geometria
molecular verifica-se que:
• Na geometria linear o ângulo de ligação é 180º;
• Na geometria triangular plana o ângulo de ligação é 120º;
• Nas geometrias que resultam de um arranjo espacial tetraédrico, como a tetraédrica, a piramidal
trigonal ou a angular, o ângulo de ligação tem um valor igual ou próximo de 109,5º:
- o ângulo de ligação na geometria piramidal trigonal (molécula de NH3: 107,3º) é menor do que na
geometria tetraédrica (molécula de metano: 109,5º), porque o par de eletrões não ligantes repele
os três pares de eletrões ligantes, aproximando as ligações N−H.
- o ângulo da ligação é ainda menor na geometria angular (molécula de água: 104,5º) porque, em
vez de um, há dois pares de eletrões não ligantes que, por efeito da sua mútua repulsão, vão
exercer uma maior repulsão sobre os pares de eletrões ligantes, aproximando ainda mais as liga-
ções O−H.
H Média
repulsão
Maior
repulsão
—
Média
C— N— repulsão
H H H O
H —
H H 107,3º H
109,5º
Menor
H 104,5º
repulsão Menor
repulsão
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23
Ligação covalente apolar – ligação covalente em que os eletrões ligantes são igualmente partilhados
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pelos átomos unidos.
A ligação covalente numa molécula diatómica homonuclear, isto é, formada por dois átomos do
mesmo elemento, é apolar.
Ligação covalente polar – ligação covalente em que um dos átomos atrai mais para si os eletrões li-
gantes.
A ligação covalente numa molécula diatómica heteronuclear, isto é, formada por dois átomos de
elementos diferentes, é polar. Essa polaridade deve-se à diferente atração dos eletrões ligantes ao
núcleo dos dois átomos envolvidos na ligação, o que conduz a uma densidade eletrónica diferente
em torno dos átomos envolvidos na ligação.
24
Hidrocarboneto Hidrocarboneto
acíclico cíclico
H H
H H H H H
—
—
—
H— C— H
H —C —C —C —C —C —H —
C — C—
—
H — H
—
H H H H H C— C—
H — H
—
H H
Fórmula de estrutura e modelo 3D de hidrocarbonetos de cadeia aberta e de cadeia fechada.
• quanto à disposição dos átomos: se existe uma única cadeia de carbonos será um hidrocarboneto
linear ou normal. Mas se, para além da cadeia principal de carbonos, se identificam outras cadeias
secundárias será um hidrocarboneto ramificado;
Hidrocarboneto Hidrocarboneto
linear ramificado
H H H H H H
—
—
H —C —C —C —H H — C —— C —— C — H
—
—
H H H H H– C – H H —
—
H
Fórmula de estrutura e modelo 3D de hidrocarbonetos linear e ramificado.
• quanto ao tipo de ligações: se possui apenas ligações simples entre os átomos de carbono será um
hidrocarboneto saturado. Mas se possui uma ou mais ligações múltiplas entre os átomos de car-
bono será um hidrocarboneto insaturado.
— C—
H —C —C —H —
H H
—
H H
Como na molécula de etino existem três pares de eletrões ligantes entre os átomos de carbono, as
forças atrativas são mais intensas, aproximando mais os núcleos dos átomos unidos. Assim, a liga-
ção C–C na molécula de etino tem um comprimento menor e, por conseguinte, uma energia de li-
gação maior do que nas moléculas de eteno e de etano.
Comprimento de Energia de
Molécula Ligação C–C
ligação / pm ligação / kJ mol–1
Etano C–C 153,5 345
Eteno C=C 132,9 612
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Nomenclatura de alcanos
10.º ANO EM REVISTA
A IUPAC estabeleceu uma série de regras para nomear os compostos orgânicos, entre os quais os
alcanos, hidrocarbonetos acíclicos saturados, e os haloalcanos, derivados dos alcanos em que um ou
mais átomos de hidrogénio foram substituídos por átomos de halogéneos.
O nome de um alcano é constituído por um sufixo -ano, que identifica o hidrocarboneto como sendo
um alcano, e um prefixo que identifica o número de átomos de carbono da cadeia acíclica.
Nomenclatura de alcanos de cadeia linear:
Número de Fórmula Fórmula estrutural
Nome
carbonos molecular condensada
1 CH4 Metano CH4
2 C2H6 Etano CH3CH3
3 C3H8 Propano CH3CH2CH3
4 C4H10 Butano CH3(CH2)2CH3
5 C5H12 Pentano CH3(CH2)3CH3
6 C6H14 Hexano CH3(CH2)4CH3
Nos alcanos de cadeia ramificada, os substituintes mais simples são os grupos alquilo - cadeias late-
rais derivadas dos alcanos com menos um hidrogénio no local da ligação à cadeia principal.
Os nomes dos grupos alquilo obtêm-se substituindo o sufixo -ano por -ilo, embora o o final seja sempre
suprimido no nome de um alcano ramificado.
EXEMPLO
metilo
Nomeação de um alcano:
CH3
5 4 3 2 1
——
1 2 3 4 5
CH3 — CH2 — C — CH — CH3
—
CH2 CH3
—
metilo
CH3
etilo
1) Começar por selecionar a cadeia principal que será a cadeia que contém o maior número de
átomos de carbono ou, em caso de igualdade, a que tiver maior número de cadeias laterais –
cadeia vermelha.
2) Numerar os átomos de carbono da cadeia principal, começando a numeração pela extremidade
da cadeia que atribui os números mais baixos aos átomos de carbono onde estão ligadas as ca-
deias laterais – numeração cor de laranja.
3) O nome das cadeias laterais antecede o nome da cadeia principal.
4) Os grupos alquilo são ordenados alfabeticamente e são antecedidos pelo número do átomo de
carbono da cadeia principal a que estão ligados.
5) Havendo duas ou mais ramificações iguais usam-se os prefixos di-, tri-, tetra-, etc. para indicar o nú-
mero de vezes que essa ramificação se repete (esses prefixos não contam para a ordem alfabética).
6) Os números, que indicam as posições dos substituintes na cadeia principal, são separados
entre si por vírgulas e separados das letras por hífens.
26
Grupos funcionais
—
— OH H — C — OH
—
H — C — OH
—
H — C — OH
—
H Glicerina
Aldeídos: grupo carbonilo ligado a um O formaldeído ou metanal (HCHO) que, em solução aquosa, é usado
átomo de carbono como desinfetante ou na conservação de cadáveres e de peças
anatómicas ou o acetaldeído ou etanal (CH3CHO).
—H O
— C
—
—
—
—
O C—
—
H H
Formaldeído
Cetonas: grupo carbonilo ligado a dois A acetona ou propanona (CH3COCH3) usada para remover o verniz das
átomos de carbono unhas ou como solvente de tintas e esmaltes.
H H
—
—
C —
—O H —C —C —C —H
—
—
—
—
H O H
Acetona
Ácidos carboxílicos: grupo carboxílico Ácido acético ou etanóico (CH3COOH), usado como tempero na
comida; Ácido valérico ou pentanóico (CH3CH2CH2CH2COOH) que dá o
cheiro ao queijo roquefort.
H H H H
— OH —O
—
—
— C H — C — C — C — C — C—
—
—
—
O O —H
H H H H
Ácido valérico
Aminas: grupo funcional derivado do Trimetilamina (N(CH3)3) responsável pelo odor de peixe podre;
amoníaco por substituição de 1, 2 ou 3 Pentano-1,5-diamina (NH2CH2CH2CH2CH2CH2NH2) responsável pelo
átomos de hidrogénio por grupos alquilo odor de carne em decomposição.
—N — H3C — N — CH3
—
CH3
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Trimetilamina
27
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1.5 LIGAÇÕES INTERMOLECULARES
10.º ANO EM REVISTA
As ligações intermoleculares resultam das interações eletrostáticas atrativas que existem entre as
moléculas, obrigando-as a permanecer próximas umas das outras, principalmente no estado sólido
e líquido.
A ligação de hidrogénio é a mais intensa das interações intermoleculares; resulta de uma partilha
pouco significativa de eletrões de um par não ligante de um átomo (como o flúor, oxigénio ou nitro-
génio) de uma molécula com um átomo de hidrogénio, de outra molécula, ligado covalentemente a
um elemento com muita tendência para atrair eletrões (como F, O ou N). Estabelece-se nas molécu-
las de água, de amoníaco, ou de fluoreto de hidrogénio, por exemplo.
H
O
H
H H
H O H
H O O Ligações de hidrogénio
H H
nas moléculas de água.
O
As moléculas que não reúnem condições para estabelecer ligações de hidrogénio interatuam por
ligações de van der Waals:
• ligação dipolo-dipolo: estabelece-se por atração eletrostática entre as cargas opostas dos dipolos
permanentes de duas moléculas polares vizinhas.
d+ d–
d+
H
d– CS
— H —
CS
d+ d– d+ d–
d+ d– H — CS H — CS
d+ d–
H — CS
H — CS
d+ d– d+ d–
d– H — CS H — CS
d+ CS
— Ligação dipolo-dipolo nas
H
moléculas de cloreto de
hidrogénio.
• ligação dipolo-dipolo induzido: estabelece-se por atração eletrostática entre o dipolo permanente de
uma molécula polar e o dipolo induzido, resultante da distorção da nuvem eletrónica da molécula
apolar vizinha.
d– d+ d– d+
— H
O O O O O—
H
Molécula de oxigénio Dipolo induzido na molécula Dipolo permanente
(apolar) de oxigénio pela aproximação na molécula de água
da molécula de água (polar)
28
• força de dispersão de London: também designada ligação dipolo instantâneo-dipolo induzido, ex-
plica as interações entre moléculas apolares e gases nobres. Consiste na atração eletrostática entre
d+ d–
d+ d– d+ d–
Dipolo instantâneo Dipolo induzido
Miscibilidade de líquidos
De uma maneira geral, para que duas substâncias moleculares sejam miscíveis é necessário que as
intensidades das ligações intermoleculares na mistura sejam próximas das intensidades das ligações
intermoleculares em cada uma das substâncias isoladamente:
• A água e o álcool comum (etanol) são moléculas polares que se misturam em qualquer proporção.
A explicação está no facto das interações entre as moléculas de água e álcool serem, predominante-
mente, ligações de hidrogénio e terem uma intensidade comparável às ligações de hidrogénio em
cada uma das substâncias isoladamente;
• A gasolina e o óleo vegetal são essencialmente misturas de hidrocarbonetos cujas moléculas são
apolares e que se misturam em qualquer proporção. A explicação é semelhante. As forças de dis-
persão de London, responsáveis pelas atrações intermoleculares nas moléculas que constituem a
gasolina e nas moléculas que constituem o óleo vegetal, são também responsáveis pela atração
entre as moléculas da mistura;
• A água (polar) e o óleo vegetal (apolar) não se mis-
turam. Neste caso, as atrações intermoleculares
entre as moléculas de água, principalmente liga-
ções de hidrogénio, são mais fortes que as ligações
de van der Waals que se podem estabelecer entre
as moléculas de água e as moléculas que consti-
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29
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PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA
LIGAÇÃO QUÍMICA
SUBDOMÍNIO
GASES E DISPERSÕES
SUBDOMÍNIO
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
SUBDOMÍNIO
O químico italiano Amedeo Avogadro, em 1811, no seu estudo sobre o comportamento dos gases,
propôs uma explicação para a relação existente entre o número de moléculas dos gases e o volume
por eles ocupado.
Segundo a Lei de Avogadro, volumes iguais de gases diferentes, medidos nas mesmas condições de
pressão e temperatura, contêm o mesmo número de moléculas ou de átomos, se se tratar de um gás
atómico.
V
=k§V=kn
n
V
O volume ocupado por uma amostra gasosa é
diretamente proporcional à quantidade de ma-
téria presente, sendo a constante de proporcio-
nalidade o volume molar, para as condições de
pressão e temperatura em causa.
n
Esboço da variação do volume de um gás em função da quantidade de matéria.
30
Tendo em conta a Lei de Avogadro e sabendo que o volume ocupado por uma mole de um gás é igual
ao volume molar, obtém-se:
Para as mesmas condições de pressão e de temperatura, em que o volume molar é constante, veri-
fica-se:
m
V= V
M m
• quanto maior a massa de uma substância, maior a quantidade de matéria presente e maior o
volume ocupado;
• para a mesma massa de substâncias diferentes, quanto maior a massa molar da substância, menor
é o volume ocupado pela mesma.
A massa volúmica (r) define-se como o quociente entre a massa e o volume de uma substância a
uma dada temperatura. No caso dos gases tem-se:
mgás
rgás =
Vgás
A uma dada pressão e temperatura, a massa volúmica de um gás é diretamente proporcional à sua
massa molar, sendo a constante de proporcionalidade o inverso do volume molar:
mgás n M M
rgás = = § rgás =
Vgás n Vm Vm
Poluentes atmosféricos
A crescente atividade humana na indústria, na agricultura ou na pecuária, tem vindo a originar alte-
rações na composição da atmosfera e variações significativas na concentração de muitos dos seus
constituintes vestigiais.
Os gases libertados em quantidades excessivas para a atmosfera provocam uma contaminação pro-
longada do ar, vulgarmente designada por poluição atmosférica.
Dependendo da sua origem, os poluentes atmosféricos podem ser classificados como:
• poluentes naturais (quando provêm de fenómenos naturais);
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31
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Os poluentes atmosféricos também podem ser classificados atendendo à forma como são produzi-
dos, em:
10.º ANO EM REVISTA
0 1 nm 1 mm Diâmetro das
–9 –6 partículas
(10 m) (10 m)
32
Partes por milhão em volume (ppmV) Partes por milhão em massa (ppmM)
VA mA
ppmV = * 106 ppmM = * 106
Vtotal mtotal
É o volume de um soluto existente em cada 106 unida- É a massa de um soluto existente em cada 106 unidades
des de volume da solução, ou seja, é igual a 106 vezes a de massa da solução, ou seja, é igual a 106 vezes a razão
razão entre o volume de um soluto e o volume da entre a massa de um soluto e a massa da solução.
solução.
Relação entre partes por milhão em volume e Relação entre partes por milhão em massa e percenta-
percentagem em volume: gem em massa:
ppmV = %(V/V) * 104 ppmM = %(m/m) * 104
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33
QUI11AEP_REV-03
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EXEMPLO
10.º ANO EM REVISTA
mar
Considerando novamente como base de cálculo 100 dm3 de ar:
mar
rar = ± mar = 1,28 * 100 = 128 g
Var
0,0709
Então: %(m/m) = * 100 = 0,0554% ) 0,055%
128
Ao quociente entre o volume de solução diluída obtida (Vf ) e o volume de solução concentrada utili-
zada (Vi) chama-se fator de diluição, que indica o número de vezes que a concentração final é menor
que a concentração inicial, ou seja:
Vf c
f= ou f = i
Vi cf
34
LIGAÇÃO QUÍMICA
SUBDOMÍNIO
GASES E DISPERSÕES
SUBDOMÍNIO
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
SUBDOMÍNIO
H — H O
––
H H
+ O —
— O
H — H O
––
H H
A rutura das ligações químicas nos reagentes A formação das ligações químicas dos produtos
envolve absorção de energia − processo endoe- provoca libertação de energia − processo exoe-
nergético. nergético.
HHHHOO HHHHOO
Energia potencial
Energia potencial
Energia
fornecida Energia
na rutura libertada
H—H das ligações na formação
H—H dos reagentes das ligações
— O dos produtos
O —
O O
–– H –– H
H H
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Reações químicas endotérmicas e exotérmicas: variação de entalpia
10.º ANO EM REVISTA
Como a energia potencial que resulta do rearranjo molecular numa reação química é, de uma forma
geral, totalmente convertida em energia térmica do sistema reacional, a variação de energia que
acompanha uma reação química repercute-se numa variação de energia térmica. Como tal, utilizam-
-se os termos endotérmico e exotérmico para mencionar os processos de transformação química que
ocorrem, respetivamente, com absorção e libertação de energia térmica. Esta variação de energia
pode ser quantificada através da troca de calor que se estabelece entre o sistema reacional e a vizi-
nhança, em condições de pressão constante. A energia medida nestas condições tem a designação de
variação de entalpia (DH) de uma reação química.
Produtos Reagentes
Balanço Balanço
Absorção energético ± Libertação
de energia ¶ energético (DH < O) de energia
(DH > O)
Reagentes Produtos
Em sistemas isolados, e para uma reação endo- Em sistemas isolados, e para uma reação exo-
térmica, parte da energia associada à agitação térmica, a energia libertada pela reação leva ao
das partículas converte-se em energia que é ab- aumento da energia térmica do sistema reacio-
sorvida pela reação química sob a forma de nal e, consequentemente, provoca uma maior
energia potencial, provocando a diminuição da agitação das partículas, o que se traduz num
temperatura do sistema reacional. aumento da sua temperatura.
Endotérmicas Exotérmicas
Tipo de sistema Temperatura Energia total Tipo de sistema Temperatura Energia total
Isolado Diminui Não se altera Isolado Aumenta Não se altera
Aumenta, capta Diminui, cede
Aberto e fechado Mantém-se Aberto e fechado Mantém-se
da vizinhança à vizinhança
Em sistemas abertos e fechados como há trocas de energia com o exterior, a energia libertada ou
absorvida pelo sistema tende, respetivamente, a dissipar-se na vizinhança ou a ser recuperada da
vizinhança conduzindo, em ambos os casos, a uma temperatura equivalente à temperatura exterior,
por isso, quer na reação exotérmica quer na reação endotérmica, a temperatura do sistema mantém-se.
36
EXEMPLO
A variação de entalpia da reação é de - 571,6 kJ, o que significa que há a libertação de 571,6 kJ de
energia quando 2 moles de H2(g) reagem com 1 mole de O2(g) para formar 2 moles de H2O(ℓ).
Como a equação química indica a combustão de 2 moles de H2(g) ou a formação de 2 moles de
H2O(ℓ), a variação de entalpia pode também ser expressa por: DH = - 285,8 kJ mol- 1.
A variação da entalpia de uma reação química pode ser estimada pela diferença da soma das ener-
gias (entalpias) de ligação quebradas nos reagentes (Dreagentes) com a soma das energias (entalpias) de
ligação formadas nos produtos (Dprodutos).
EXEMPLO
H H
—
2 * H —C —C —H + 7 * O —
— O 4 * O — — O + 6*
— C— O
––
—
H H
H H
2 ¥ 1 ligação C–C
4 ¥ 2 ligações C=O
2 ¥ 6 ligações C–H
6 ¥ 2 ligações O–H
7 ¥ 1 ligação O=O
Nesta reação libertam-se 2798 kJ de energia por cada 2 moles de etano e 7 moles de oxigénio
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3.2 REAÇÕES FOTOQUÍMICAS NA ATMOSFERA
10.º ANO EM REVISTA
Fotodissociação e fotoionização
A radiação eletromagnética, ou simplesmente a luz, é capaz de interagir com a matéria, desenca-
deando transformações químicas. As reações químicas que se iniciam por ação da luz são designa-
das por reações fotoquímicas e correspondem a processos endoenergéticos, isto é, a processos que
necessitam de absorver energia para ocorrer e que apresentam uma variação de entalpia positiva.
Dependendo da substância em causa e da energia dos fotões incidentes, podem desencadear-se dois
fenómenos:
FOTOIONIZAÇÃO FOTODISSOCIAÇÃO
Reação química desencadeada pela absorção de Reação química desencadeada pela absorção de
um fotão capaz de provocar a ejeção de um ele- um fotão capaz de provocar a quebra homolí-
trão, ou seja, de ionizar a substância – forma-se tica de uma ligação entre os átomos que consti-
um ião. tuem a substância – formam-se radicais.
O que é um radical?
Um radical é um átomo, uma molécula ou um ião que apresenta, pelo menos, um eletrão desempa-
relhado, ou seja, tem pelo menos um eletrão isolado numa orbital. A existência desse eletrão desem-
parelhado faz com que, no geral, os radicais sejam espécies químicas extremamente reativas, tendo
o eletrão grande tendência a ligar-se a outro eletrão de spin oposto, mesmo que esteja localizado
numa outra espécie química.
Os radicais apresentam as fórmulas ou símbolos químicos com um ponto que representa o eletrão
desemparelhado.
Fotoionização: Fotodissociação:
+ 1e-
DH = 1505 kJ mol -1
N2 Æ N• + N• DH = 964 kJ mol-1
Luz Luz
N2 Æ N 2
•+
Na estratosfera existe outra molécula constituída pelo elemento oxigénio que apresenta um papel
relevante no controlo da radiação que atinge a superfície da Terra. Trata-se da molécula de ozono (O3)
que, sujeita à radiação, sofre fotodissociação.
Fotodissociação:
O3 Æ O• + O2 DH = 387 kJ mol–1
UV
38
CONCLUSÃO
Ozono estratosférico
Grande parte das radiações mais energéticas do espetro eletromagnético são absorvidas durante as
reações fotoquímicas que ocorrem na termosfera. No entanto, há radiação ultravioleta biologica-
mente nociva que atinge a estratosfera.
A camada de ozono - zona da estratosfera, onde se encontra cerca de 90% do ozono que existe na
atmosfera - absorve grande parte das radiações UV (funciona como um filtro solar de radiações
UVB, bem como das radiações UVC que não foram absorvidas pelas moléculas de oxigénio na me-
sosfera), impossibilitando a sua passagem para a superfície terrestre.
Sydney Chapman propôs, em 1930, um mecanismo de formação e decomposição do ozono que ex-
plica a existência da camada de ozono.
C
UV
B
UV
A
UV
Camada de ozono
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Efeito dos clorofluorcarbonetos sobre o ozono estratosférico
10.º ANO EM REVISTA
Num estudo de 1985, Joseph Farman e a sua equipa reportaram a existência de uma expressiva rare-
fação de ozono sobre a Antártida, que denominaram de “buraco na camada de ozono”, cuja origem
foi, mais tarde, atribuída ao uso dos clorofluorocarbonetos (CFC).
Por serem gases muitos estáveis, os clorofluorocarbonetos (CFC) podem atingir a estratosfera sem
se modificarem. Nessa camada sofrem fotodissociação pela radiação UVC, formando radicais cloro
que alteram o ciclo do ozono.
De acordo com esse mecanismo, o radical cloro reagiria com uma molécula de ozono para formar
um radical monóxido de cloro e dioxigénio.
Num último passo, o monóxido de cloro reagiria com um radical oxigénio para se estabilizar, for-
mando-se de novo o dioxigénio e o cloro radical, que fica livre novamente para atacar outra molécula
de ozono.
CℓO•(g) + O•(g) " Cℓ•(g) + O2(g)
Trata-se de um ciclo em que o radical cloro viabiliza a decomposição do ozono, contribuindo para a
sua drástica diminuição, sem ser consumido. Dessa forma, os gases destruidores do ozono perma-
necem ativos durante décadas na estratosfera.
60
Altitude (km)
Co
50 nce
ntr
aç Estratosfera
ão
de
40 o
zo
no
30
a de ozono
Camad
20
Troposfera
10
o mar
Nível d
0
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