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Dissertação-argumentativa: filme “O lugar de Esperança”

Luana Stefani Segala dos Santos


O filme “O lugar de esperança", dirigido pela Netflix, foi escrito pela atriz Clare Dunne
juntamente com Malcon Campbel e apesar de não ser uma obra baseada em fatos, de
acordo com o portal Aventuras na História (2023), Dunne teve a inspiração do filme
quando fazia um teste em Nova York, ao receber uma ligação de uma amiga, que
seria despejada de casa com três filhos para criar sozinha. Este incidente formou a
base do roteiro de "O lugar de esperança ".
Ademais, o filme conta a história de Sandra, interpretada por Clare Dunne (a própria
escritora do filme), uma mulher que após inúmeras violências do marido e sempre
sofrer em silêncio, consegue escapar do ex-marido abusivo e começa a viver como
mãe solteira, cuidando de suas duas filhas menores. Nesse sentido, Sandra começa a
ir atrás de um lar para si e suas filhas, já que vive em acomodações de um hotel
custeados pelo Estado, e então, com ajuda de amigos e voluntários, ela enfrenta
muitas dificuldades ao decidir construir uma casa própria devido à distância da escola
das meninas e assim assegurar sua família, no entanto, no decorrer do enredo, após
vários ocorrido, seu ex-parceiro entra na justiça pela guarda das meninas e Sandra
tem que passar por mais essa barreira em sua vida. Desse modo, percebe-se que
esse filme é extremamente necessário, não só por trazer uma pauta importantíssima
que é a violência doméstica, mas também, por ressaltar que mesmo escapando do
seu agressor, ela não está "livre" propriamente, a representação realista da vida após
a violência doméstica no filme nos faz refletir sobre a realidade e criar maior
consciência sobre a complexidade do problema e as dificuldades enfrentadas pelas
vítimas. Ao retratar que a vida da protagonista não acaba com "felizes para sempre", o
filme mostra que a violência doméstica não é um evento isolado, mas uma experiência
que deixa marcas emocionais e psicológicas duradouras.
Outrossim, ao não romantizar ou simplificar a trajetória da protagonista, a obra nos
confronta com a realidade de que a violência doméstica é um ciclo que muitas vezes
persiste mesmo quando a vítima consegue escapar fisicamente do agressor. Dessa
forma, a personagem além de passar por todas as adversidades da vida, ainda tem
que levar suas filhas todo o fim de semana para passar o dia com uma pessoa que a
agrediu. Mas o que me deixou mais revoltada com essa situação foi o fato do homem
dizer que havia mudado, que estava fazendo terapia e ainda usar a criança (quando
entrega a carta) para tentar sensibilizar a mãe, mas, não são as palavras que te torna
mudado e sim as atitudes, e isso provou o contrário. Com efeito, a obra, apesar de
ficcional, reflete o cotidiano de muitas mulheres que sofrem/sofreram violência de seus
parceiros e precisam conviver com esse trauma, além disso, há mães que ainda têm
que passar pelo que Sandra passou, sendo obrigadas pela lei a ter a guarda
compartilhada dos filhos. Assim, demonstra que a vítima, e as crianças não têm
autonomia de decisão nesse caso, o qual deveria haver, já que estamos falando de
agressão física e não um simples divórcio.
Por fim, ao apresentar essa complexidade, o filme nos encoraja a questionar e analisar
mais profundamente as causas e as consequências da violência doméstica, bem como
o papel da sociedade em perpetuá-la ou combatê-la. Ele nos desafia a buscar
soluções mais abrangentes e efetivas para apoiar as vítimas, promover a
conscientização e prevenir futuros casos de violência.

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