Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
CAMPUS MARQUÊS
São Paulo
2020
CAIO CÉSAR DA SILVA BRITO – N305657
São Paulo
2020
3
SUMÁRIO
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 10
4
O presente texto propõe uma análise do filme Caso 39 (2009) que conta a
história de uma assistente social Emily (Renée Zellweger) que encontra uma criança
que quase foi morta pelos pais Lily (Jordelle Ferland), com isso acaba cuidando dela
até que possa encontrar uma nova família, contudo as relações com a criança acabam
criando situações terríveis, onde todos que entram em contato com ela acabam
sofrendo acidentes. O filme é um terror psicológico e apresenta o elemento clássico
da “criança demoníaca” onde, a partir de uma suposta inocência, acaba produzindo
efeitos malévolos naqueles que se aproximam desta. Esse modelo clássico dos filmes
de terror é o centro de toda a película, sendo particularmente regular na sua execução
sem nenhum tipo de reviravolta. A chave de interpretação do filme serão os conceitos
da Psicanalista Melanie Klein de Fantasia e Projeção. Para uma melhor compreensão
utilizamos duas cenas especificas do filme que podem ser explicadas pela teoria
kleiniana.
A primeira infância foi o local de principal atuação das teorias de Melanie Klein,
a complexidade e multiplicidade de emoções que a criança tem durante seus primeiros
dias até sua fase adolescente, com suas riquezas e suas angústias, a infância é
carregada de momentos que definirão muito do que podemos ser como adultos. Um
dos conceitos a ser utilizado é o conceito de fantasia, que pode ser definido como a
atividade mental que a criança utiliza para representar seus sentimentos ou
necessidade, a fantasia é pressuposto dos sentimentos posteriores, como medo,
amor, desejos, todos esses acontecem primeiro na fantasia, que domina a mente no
momento (KLEIN, 1991, p. 285) A fantasia vai existir durante todo o desenvolvimento
da criança, elas são inconsciente, diferentes dos devaneios, e são essenciais para a
vida mental. O segundo conceito a ser utilizado é o conceito de Projeção, que é
acompanhado do conceito de Introjeção, é a capacidade da criança de atribuir a outros
sentimentos diversos, principalmente amor e ódio.
(00:49,33-00:50,46) Emily desconfia que Lily tem algo a ver com a situação mental
dos pais dela e do acidente envolvendo outra criança do mesmo abrigo. Vemos que a
criança apresenta sua fantasia, pois ela projeta o amor que havia perdidos dos pais
em Emily e ao perceber que começava a perder a confiança da "mãe adotiva" elaborou
um plano para eliminar as pessoas que haviam deixado com fama de mentirosa, por
ser um thriller de horror o que seria uma elemento inconsciente de agressividade
diante do seio mau acaba se apresentando de forma consciente com o “demônio” que
a criança possui internamente e que se externa nessa condição como um
potencializador dos medos de seus alvos. Em outra cena (00:45,30-00:49,30) onde o
Psicólogo Douglas (Bradley Cooper) que tinha uma relação íntima com Emily, tenta
conversar com Lily, acaba sendo ameaçado não diretamente pela garota, que, nas
cenas seguintes, projeta a morte dele. Em ambas as cenas vemos a fantasia da
criança sendo aplicada de forma não inconsciente, mas, como todo filme de terror,
sendo projetada na realidade, a criança incapaz de lidar com o amor e o ódio que
sente pela mãe adotiva tenta controla-la de forma a possui-la de forma total, em um
misto de agressividade e controle diante dos invasores que tentam despossui-la de
seu objeto de amor. Lily se vê em um conflito de amor e ódio quando percebe o medo
e desconfiança de Emily, gerando Fantasias de perda.
Para Lily a projeção externalizada dessa pulsão interna, permite que ela
controle seu objeto de amor (Emily) e permite que os competidores pelo amor da mãe
(Douglas) sejam, literalmente, eliminados.
A segunda cena que será utilizada para exemplificar é a cena final (01:29,33
– 01:45,10). A cena inicia com a projeção de Lily em Emily que reage de forma a
regredir a um medo infantilizado. Onde acaba se trancando no seu quarto reagindo a
expressão de agressividade da criança. Após tentar matar a criança com fogo,
queimando sua própria casa, Emily se vê obrigada a levar a criança para um outro
lugar, pois ela sobrevive ao ataque. No meio do caminho Emily que sofre o “ataque”
projetado de Lily acaba superando seu medo infantil da mãe, invertendo os papéis e
trazendo a criança não mais presa ao seu prazer agressivo, mas diante da realidade,
o que culmina em uma resolução catártica onde Emily joga o carro no rio e afoga Lily
e seu “demônio”, sublimando o seu medo pela mãe e expandindo seu ego frente aos
ataques do inconsciente representado pela “criança demônio”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
CASO 39. Direção Christian Alvart. Estados Unidos & Canadá. 2009. 109
minutos.