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ARTIGO: A Jornada Arquetípica de Amélie Poulain - A CRIANÇA, OS

MITOS, E O REENCONTRO COM A CRIANÇA DO SUJEITO JÁ


ADULTO

O fabuloso destino de Amélie Poulain - Filme de Jean-Pierre Jeunet - Comentários de


Márcia Moura Coelho – (apresentado no ciclo de cinema da SBPA em maio/2003)

A JORNADA ARQUETÍPICA DE AMELIE POULAIN


Introdução
Jung dizia que o 1º sonho de análise tem a semente do essencial a se desenvolver no
processo de individuação do sonhador.
François Truffaut, um dos mais importantes cineastas franceses, dizia que o 1º filme de
um cineasta tem a semente das idéias e temas que irão se desenvolver nos seus
próximos filmes.
Não vi o 1º filme de Jean-Pierre Jeunet, mas vi um de seus filmes anteriores, aqui
chamado “Ladrões de Sonhos”, mas cujo título original (The city of lost children) já
continha o tema que em Amelie Poulain é retomado e desenvolvido de uma forma mais
bem sucedida, a meu ver: o tema da criança eterna, que Jung chamou de arquétipo da
criança, ou da criança divina. No filme anterior, uma menina órfã empreende uma
jornada heróica para resgatar seu irmãozinho desaparecido. Este foi raptado por um
vilão que envelhece prematuramente por não sonhar e que seqüestra crianças no intuito
de roubar seus sonhos. Este filme já trazia a idéia de que os sonhos , especialmente os
sonhos da infância, têm uma força vital que alimenta a nossa vida. Pior: sem os sonhos e
sem o contato com a produção onírica infantil, envelhecemos e morremos.
Ao lado do tema da criança e da infância, vários outros temas se desenvolvem
paralelamente no filme. Vou me centrar em três temas: o tema da criança interior e
eterna, o tema da identidade ferida e reconstituída e o tema do amor romântico
idealizado. O filme mostra o percurso de individuação de uma jovem mulher, ativado
pelo encontro mágico e numinoso com o símbolo da criança. Assim podemos pensar
nos personagens e situações que cercam Amelie Poulain como representações de figuras
míticas ou arquetípicas envolvidas nesse percurso. Um tema maior, porém mais sutil e
difícil, apenas ilustrado no título e no início do filme, é o do destino, sua relação com o
acaso e com a sincronicidade.
Os sonhos e as brincadeiras de criança guardam o tesouro que teremos que resgatar em
nossa vida adulta. Nas lembranças de infância estão as feridas que teremos que cuidar, a
capacidade de imaginação a resgatar, as fábulas por reinventar.
No filme essa importância revela-se já na introdução, nos letreiros iniciais, com Amelie
criança brincando sozinha. Cenas da infância de dois outros personagens ganham
imagens também deliciosas: Nino, a paixão de Amelie, e Bretodeau, o dono da caixinha
de recordações de infância descoberta por Amelie e que desencadeia toda a trama. Ao
receber sua caixa de pequenos tesouros Bretodeau rememora cenas de sua infância e
recupera algo que lhe é essencial. Ele fala: “para a criança o tempo é eterno, de repente
temos 50 anos e tudo que restou de nossa infância cabe numa caixa enferrujada.”
A criança que brinca sozinha, entregue aos seus devaneios, está ao mesmo tempo aqui e
num outro tempo e espaço. A criança se alegra e se entristece com suas descobertas,
vive imersa na imaginação. O imaginar solitário, o devaneio, é um poderoso alimento
para a alma, fonte de resistência e sobrevivência da criança, que, por essa via, vai
descobrindo o mundo, fazendo associações, adquirindo identidade e se fortalecendo.
O filósofo francês Gaston Bachelard diz: “Essas solidões primeiras, essas solidões de
criança, deixam em certas almas marcas indeléveis. (...) Na solidão a criança pode
acalmar seus sofrimentos. Ali ela se sente filha do cosmos quando o mundo humano lhe
deixa a paz. E é assim que nas suas solidões, desde que se torna dona de seus devaneios,
a criança conhece a ventura de sonhar, que será mais tarde a ventura dos poetas.”
O tema da infância impregna todo o filme, que é tomado pelo símbolo, veste-se dele e o
utiliza na sua narrativa. O narrador, ao apresentar os personagens, usa e abusa das
referências provenientes do mundo sensorial e sentimental –(função sensação e
sentimento, para a tipologia junguiana), e que também é a forma com que a criança
inicia sua comunicação com o mundo.
A trilha sonora chega a utilizar um piano de brinquedo, e algumas vezes lembra
caixinhas de música.
A câmera brinca com as imagens, com as cores, com muito verde e vermelho nos
cenários roupas e objetos. Na cena do passeio com o cego, a câmera vê como se pela
primeira vez, com o frescor de Amelie e de uma criança vendo o mundo, numa poesia
visual. O narrador e a personagem principal interagem com o espectador, trazendo
intimidade e cumplicidade do espectador com a personagem.

A INFÂNCIA DE AMELIE

Criada entre uma neurótica e um iceberg, seus pais são descritos como pessoas que não
gostam do contato físico e que gostam de limpeza e organização, num padrão obsessivo
de comportamento, onde a ordem e o perfeccionismo é priorizado. O único amigo de
Amelie é Cachalot, um peixe que logo torna-se suicida. Após diversas tentativas de
suicídio, a mãe de Amelie decide jogar Cachalot no canal. É uma despedida triste para
Amelie, e temos aí um indício de seu gosto repetitivo por jogar pedras no canal, como
se por esse gesto eternizasse sua ligação e o seu luto por Cachalot. A perda do peixe é
compensada por uma máquina fotográfica e Amelie passa a fotografar nuvens: depois
de mergulhar fundo nas águas do canal e na tristeza, despedindo-se do amigo, ela olha
para o alto e imagina animais nas nuvens, como que num movimento compensatório da
psique e da imaginação, e que me faz relembrar James Hillman e sua alusão aos “picos”
e “vales”, ao movimento descendente em busca da alma e ascendente em busca do
espírito.
Amelie é uma criança vulnerável e tímida mas que sabe usar a raiva para se defender,
felizmente. Quando percebe que foi alvo de zombaria de um vizinho vinga-se mexendo
em sua antena de TV. Solitária, brinca sozinha, refugia-se no sonho e anseia por um
irmãozinho que vai ficar sempre com ela. Após a morte da mãe, Amelie é praticamente
abandonada pelo pai “iceberg”, parece deixar de brincar (vemos nas imagens que ela
também abandona o seu ursinho de pelúcia) e “prefere sonhar até ter idade para partir”
aos 18 anos.
AMELIE E O REENCONTRO COM A CRIANÇA

Amelie está no início de sua vida adulta – 23 anos. Vem levando uma vida solitária,
introvertida e imaginativa. Trabalha como garçonete num café, pouco se relaciona e está
cercada de pessoas também muito solitárias. A solidão e as dificuldades de
relacionamento são temas que correm paralelamente nos vários personagens
secundários. Embora muito imaginativa, Amelie corre o risco de logo enrijecer-se, por
exemplo, dissociando-se do sentido e do prazer de um de seus hábitos, o de jogar
pedras, e passando a fazê-lo automaticamente, como se observa em algumas cenas.
Na noite de 30 para 31 de agosto de 1997, ao assustar-se com a notícia da morte de
Lady Di, Amelie encontra a caixa de recordações da infância de Bretodeau.
Curiosamente, ao mesmo tempo em que fica impactada com a notícia da morte da
Princesa, regata o símbolo da criança. A ‘Princesa” é um grande símbolo do imaginário
coletivo: meninas são princesas que sonham com seu príncipe encantado ou com o herói
que as resgatará e Lady Di, foi um dos últimos sonhos coletivos de Princesa (um conto
de fadas exibido na mídia até o fim, com a princesa , mesmo traída, anoréxica,
deprimida, ainda tentando ser feliz e encontrar o seu novo príncipe ). Maravilhada com
a descoberta, Amelie decide mudar sua vida – irá procurar o dono da caixa e se
encontrá-lo,promete, passará a dedicar-se aos outros.
Amelie está tomada pela força e pelo encantamento do encontro com as imagens
arquetípicas da criança . Jung chamou de “arquétipo da criança” essa instância da psique
coletiva que traz em si o símbolo e as imagens da infância, pessoal e coletiva. Essa
criança divina arquetípica tem uma aura numinosa, sagrada, que traz fé e esperança de
renovação, e contém em si o poder da cura. Amelie passa a movimentar-se em torno de
sua missão, já saindo de seu isolamento e letargia.
Dufayel, o homem de vidro, representa outra figura arquetípica - o curador ferido. O
tema do médico ou curador ferido é inspirado no mito de Chiron, o centauro mestre das
artes de cura que sofria ele próprio de uma ferida incurável. O curador, por ser ele
próprio ferido, pode sair de uma postura onipotente para uma postura de maior empatia
com o paciente, mais humanizada. É Dufayel quem vai trazer para Amelie um
movimento de transformação que a princípio ela só projeta para fora, p/ o outro. O mote
de Dufayel é o olhar da garota com o copo d’água no centro do quadro de Renoir. Está
ao centro, mas está ausente. “talvez seja apenas diferente” diz Amelie, projetando suas
emoções na pintura. “Ela nunca se relacionou, quando criança não brincava com outras
crianças” contrapõe Dufayel, deduzindo as dificuldades de Amelie e acrescentando um
desafio: “e ela, de suas desordens, quem vai cuidar?”
Ao entregar a caixa e ver de perto seu efeito Amelie sente-se ainda mais poderosa.
Bretodeau , um cinqüentão em desavenças com a filha que não vê há anos e com um
neto que nem conhece, recupera suas memórias de infância, a consciência da passagem
do tempo e a urgência de buscar o futuro:“está na hora de visitá-los, antes de ser eu a
entrar numa caixa” (referindo-se à filha e ao neto). “Deve ter sido o meu anjo da
guarda”, referindo-se à pessoa que lhe devolveu a caixa. O arquétipo da criança, vem
impregnado de futuridade, de sonhos futuros.
Logo após a descoberta da caixa, Amelie encontra Nino pela primeira vez, ao seguir o
som de uma música no toca discos do cego do metrô. Apaixona-se por ele.
Incomodada com a sua insegurança denunciada por Dufayel, imagina-se mártir,
morrendo jovem, sacrificando-se e deixando uma multidão de órfãos, descreve-se
“privada de si mesma e ainda assim sensível ao encanto das coisas simples da vida”.
Mas tem ainda uma missão: fazer algo por seu pai. Ao roubar o anão do jardim do pai e
deixá-lo confuso com fotos de viagens do anão, entra em cena um tipo de
comportamento malicioso e brincalhão típico de outra figura arquetípica: o trickster.
Quando surge essa figura mítica, ocorrências sem-sentido ganham significado, por meio
de malícia, da trapaça, do humor, da brincadeira e do “nonsense”...
Amelie age cada vez mais: promove encontros, restaura corações feridos e começa a
rebelar-se, provocando o desinteressado e apático pai. Mas toda sua raiva encontra um
alvo em Collignon. Amelie, com sua ferida e sua “invalidez psicológica” identifica-se
com Lucien, inválido, sensível e destratado pelo patrão.

SURGE O HERÓI

Junto ao trickster, aparece o herói – Zorro, defensor dos pobres e oprimidos, que luta
por uma nova ordem, socialmente mais justa. O tema do herói surge em momentos de
desafios, de enfrentamento de adversidades e de crescimento, em tempos de revolução,
de transformação da ordem estabelecida. Amelie encarna o Zorro, misto de herói e
animus, e vai ganhando força e coragem para romper o isolamento em que se
encontrava, a “velha ordem familiar”, e ir de encontro à Nino, sua primeira paixão.
Logo de cara enfrenta duas dificuldades: Nino trabalha no Palace Vídeo - Rei do Pornô,
e no parque de diversões num trem fantasma. Uma alusão aos riscos da paixão, o
perigoso mundo do desejo e do sexo, e o assustador mundo da morte , o tema da morte
na casa do amor, o risco da dor de amar e perder. Amelie encara o trem fantasma e é
assediada por Nino com a máscara de caveira, numa bela cena. Com seu aspecto heróico
enfrentando desafios e ganhando coragem, sua mente fértil e imaginativa cria
estratagemas para atrair Nino. Entra no mundo simbólico e criativo de Nino,com seu
álbum perdido de fotos anônimas rasgadas, brinca com sua curiosidade sobre o homem
enigmático das fotos, utiliza-se das fotos do álbum para comunicar-se, complementando
o álbum com suas fotos, ainda mascaradas – “quer me conhecer? Eu sou você”. A
seqüência do encontro no parque para a entrega do álbum descreve com incrível bom
humor as dificuldades que uma pessoa muito introvertida tem para se relacionar, ao
mesmo tempo que revela a criatividade e o uso da imaginação a serviço da
transformação e do encontro.
O romance de Amelie e Nino é uma bela retomada do mito do amor romântico,
idealizado, aquele/aquela que está “desde sempre em nossos sonhos”, aquele que vem
banhado nas águas de um narcisismo saudável e necessário, principalmente se
pensarmos que Amelie quase não teve espelho simbólico – um relacionamento afetivo
significativo que lhe propiciasse o desenvolvimento da auto-imagem e da auto-estima, e
que precisa ser vivido, pelo menos uma vez, pelo menos a primeira vez, mesmo que
depois seja desconstruído e reconstruído, quantas vezes se fizer necessário.
Utilizo a metáfora ecológica, ou uma “ecologia da psique”, onde a preservação de áreas
e espécies pouco importantes isoladamente, passam a ter importância fundamental no
equilíbrio do planeta como um todo. Precisamos como os ecologistas preservar nossas
paisagens internas, algumas devastadas pela excessiva valorização de um mundo
racionalista, onde se pressupõe que o amadurecimento e o desenvolvimento seja pelo
abandono radical de tudo que nos remeta à infância e a sua vulnerabilidade, onde se
afirma que todo sonho é romântico e que todo romantismo é piegas, indício de
ingenuidade e puerilidade. É necessário preservar, reconhecer e acolher as paisagens da
infância, do sonho, da fábula, dos ideais de fraternidade infantis, dos sonhos românticos.
Eles alimentam a vida psíquica, alimentam a alma, a alma se alimenta de imaginação e
nós vivemos do “cultivo da alma”, como diz James Hillman, que considera ser essa a
função da psicoterapia num mundo cada vez mais deserto e vazio de alma.
PERSONAGENS DO FILME

AMELIE POULAIN E OS PERSONAGENS MASCULINOS

Rafael Poulain – Pai de Amelie, lábios contraídos, coração duro. Médico militar.
Obsessivo por limpeza e arrumação. Tocava a filha uma vez por mês no exame médico
e concluiu que o coração disparado de Amelie era cardiopatia, impedindo-a de ir à
escola e da convivência com outras crianças. Após a morte da esposa, fica cultivando
seu luto num mausoléu deixando Amelie ainda mais abandonada. Aposentado ganha um
anão de jardim, que coloca preso ao mausoléu e a quem se dedica.
Raymond Dufayel – Pintor, o “homem de vidro”. Uma doença congênita faz com que
seus ossos quebrem como cristal. Evita sair de casa p/ não se quebrar. Adora Renoir.
Nos últimos 20 anos reproduziu a tela “almoço dos barqueiros”, uma por ano. Intriga-se
com o olhar da menina com o copo d’água, no centro da tela.Representa a figura
arquetípica do curador ferido.
Nino - Trabalha no Palace Vídeo - rei do pornô. Às 4ªs trabalha como caveira no trem
fantasma do parque de diversões.Coleciona fotos rasgadas, que recolhe no lixo das
máquinas automáticas das estações de metrô, e vai montando num álbum. Antes
colecionava pisadas acidentais em cimento fresco e gargalhadas. A amiga dele ao
informar à Amelie que ele não tem namorada, diz que “os tempos estão difíceis para os
sonhadores.” Ao contrario de Amelie, quando criança teve colegas em excesso. Como
Amelie, sonhava em ter uma irmã com quem ficaria sempre junto. É sonhador e
imaginativo como Amelie, porém mais extrovertido.
Lucien – Trabalha para Collignon, o dono do mercado, que é estúpido com ele. Amelie
gosta do jeito delicado com que ele segura as endívias, como se fossem pássaros que
fossem cair. É assim que ele expressa seu apreço por um trabalho bem feito. Inválido,
não movimenta um braço. Aprende pintura com Dufayel.
Joseph – cliente do café, ciumento compulsivo, ex-namorado de Gina. Sob as
artimanhas de Amelie se enamora de Georgette, mas logo volta a cair na sua repetição
patológica de ciúmes.
Hipólito – Escritor fracassado e cliente do café Deux Moulin. São suas as frases: “De
fracasso em fracasso, nunca ultrapassamos o nível do rascunho”.“sem você as emoções
de hoje seriam a pele morta das do passado”.
Bretodeau – Morou há mais de 40 anos no apartamento onde hoje mora Amelie. É dele
o tesouro secreto que Amelie descobre em seu banheiro e que vai dar início à
transformação de Amelie, dele próprio e nos demais personagens.
Collignon – Dono do mercado, patrão de Lucien a quem trata com estupidez. Seu jeito
arrogante e autoritário esconde uma dependência da mãe, que ainda cuida de suas
contas. Vai ser o alvo da raiva e revolta de Amelie.
Zorro – Herói justiceiro, rebelde , defende os pobres e oprimidos, perturba a ordem
estabelecida, tentando mudá-la. Animus/ herói de Amelie.
Homem misterioso de tênis vermelhos - Aparece 12 vezes no álbum de fotos de Nino.
Seu enigma serve de motivação e elo de ligação entre Nino e Amelie. Uma espécie de
psicopompo, aquele que media a comunicação e conduz aos destinos. No filme suas
fotos repetidas despertam curiosidade e atração em Nino e Amelie.
AMELIE POULAIN E OS PERSONAGENS FEMININOS

Amandine Poulain - Mãe de Amelie. Neurastênica, instável e nervosa. Professora.


Como o marido gosta de arrumação, organização e não gosta de contato. Morre atingida
por um suicida quando Amelie tinha 6 anos.
Suzanne – Dona do café Deux Moulin. Ex -amazona de circo com decepção amorosa no
passado. Não gosta de ver um homem sendo humilhado na frente do filho. Podemos
dizer que Amelie a observa e aprende com ela, (como, por exemplo, juntar dois clientes,
que Amelie vai usar com Georgette e Joseph).
Gina – Garçonete e amiga de Amelie. Sua avó era uma curandeira. Gina traz um pouco
dessa sabedoria feminina milenar e instintiva, ao aplicar massagens nos clientes do café
e ao “aplicar” um teste de aptidão em Nino utilizando provérbios.
Philomene – Aeromoça, amiga de Amelie, que cuida de seu gato Rodrigue. É quem leva
o anão nas viagens pelo mundo.
Georgette – Hipocondríaca, mal humorada. Permanece na neurose e não se abre para
transformações.
Madalena – Zeladora. Viúva, abandonada e traída pelo marido, a quem cultua. “nasceu
para chorar”.
Lady Di – Princesa, traída, vítima, personagem do sonho coletivo de um conto de fadas,
anoréxica. É a partir da notícia de sua morte que, acidentalmente, Amelie põe-se em
movimento.

OUTROS PERSONAGENS

Cachalot – O peixe suicida, amigo de Amelie. Símbolo das águas, da vida e da


fecundidade.
Rodrigue, o gato – gosta de ouvir histórias p/ crianças. Símbolo da vida instintiva,
conectado ao mistério e a sabedoria feminina, é o animal das bruxas.
Anão – Rafael Poulain ganhou-o ao se aposentar, guardou-o no porão porque a esposa
não gostava e colocou-o posteriormente no mausoléu, afixado. Amelie o “manda
passear”. Símbolo similar ao do gnomo, ligados à terra e ao mundo ctônico, guardiões
de tesouros. Podem simbolizar forças obscuras em nós e personificam manifestações
incontroladas do inconsciente – malícia, força do instinto e da intuição, mistério, magia.
É um velho deus da natureza. Contém polaridade ancião/ menino.
O cego – Toca discos no metrô. Sua música atrai Amelie ao 1º encontro com Nino.
Amelie faz um passeio vertiginoso pelo bairro com ele, “emprestando” sua visão e de
certa forma renascendo.

BIBLIOGRAFIA
A PSICOLOGIA DO ARQUÉTIPO DA CRIANÇA – C. G. Jung –Vol. IX/1 - O.
Completas, Ed Vozes
ABANDONANDO A CRIANÇA – J. Hillman – Estudos de psicologia arquetípica –
Ed. Achiamé
OS DEVANEIOS VOLTADOS PARA A INFÂNCIA - G. Bachelard – A Poética do
devaneio, Ed. Martins Fontes
DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS – Jean Chevalier e Alain Gheerbrant - José Olympio
Ed.

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