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24/04/2018

Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina


Curso de Engenharia Mecânica
70606 – Máquinas de Fluxo

Capítulo 8 – Características de Funcionamento de


Turbinas Hidráulicas

Prof. Elvys Mercado Curi


Prof. Fabyo Luiz Pereira

Introdução Está prevista para os próximos anos uma adição de


40.604.264 kW na capacidade de geração do País,


Dados das centrais hidrelétricas no Brasil, em 2011:
proveniente dos 187 empreendimentos atualmente em
Capacidade instalada para geração elétrica → 82.459 MW.

construção e mais 665 em Empreendimentos com
Produção de energia elétrica → 428.414 GWh (80,6% do

Construção não iniciada. Fonte:
total produzido).
http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/cap
Fonte de geração hidrelétrica é de extrema importância para
o crescimento econômico do país. acidadebrasil.cfm data 22/05/2015
● Segundo estimativas no 2015:
● Potencial hidrelétrico brasileiro → 263.000 MW. (Por Alternativa é utilizar pequenos potenciais:

consumir) Apresentam baixo custo e pequenos impactos


Capacidade instalada atual representa 31,4% desse


● ambientais.
potencial. (há agora) Em sistemas isolados ou interligados, que podem se

Potencial para construção de grandes centrais está


● tornar bastantes vantajosos.
praticamente esgotado.
● O Brasil possui no total 4.338 empreendimentos em Objetivos do capítulo:
operação , totalizando 136.572.484 kW de potência Estudar os componentes das turbinas hidráulicas.

instalada. Ênfase nas curvas características de funcionamento


das turbinas hidráulicas.

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Introdução Conforme ilustra a Figura, a maioria das grandes centrais


Usinas hidrelétricas (UHEs) em operação no País - hidrelétricas brasileiras está localizada na Bacia do Paraná,
situação em setembro de 2003 notadamente nas sub-bacias do Paranaíba, Grande e Iguaçu.
Entre as demais, destacam-se Tucuruí, no Rio Tocantins, e
Sobradinho, Paulo Afonso e Xingó, no Rio São Francisco

Distribuição das centrais hidrelétricas em operação por faixa de potência -


situação em setembro de 2003

Faixa de Potência Número de Usinas Potência


MW %
UHE (acima 30 MW) 139 69.563 98,40
PCH (de 1 até 30 MW, 230* 1.048 1,48
inclusive)
CGH (até 1 MW, 148 81 0,12
inclusive)
Total 517 70.693** 100

Fonte: Elaborado a partir de AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA -


ANEEL. Banco de Informações de Geração - BIG. 2003. Disponível em:
www.aneel.gov.br/15.htm.

Centrais Hidrelétricas Componentes de uma central hidrelétrica


1. Barragem
Energia hidráulica: 2. Tomada d'água
●Está nos mares e rios sob forma potencial ou cinética. 3. Tubulação condutora.
●Pode ser transformada em trabalho útil por meio das 4. Chaminé de equilíbrio

centrais hidrelétricas, que usam desníveis naturais ou 5. Câmara de carga (substitui a chaminé)
6. Casa de força .
artificiais e aproveitam a energia contida num curso
7. Tubo de sucção
d'água, e que seria perdida.
1 Barragem 4 Chaminé de Equilibrio
A Eletrobrás classifica as centrais hidrelétricas de
acordo com a faixa de potência: 2 Tomada
d‘ água
●Microcentrais → P ≤ 100 kW.
3 Tubulação condutora de
●Minicentrais → 100 kW < P ≤ 1.000 kW. Baixa Pressão (de PVC)

●Pequenas centrais → 1.000 kW < P ≤ 30.000 kW.


6 Casa de Força
●Médias centrais → 30.000 kW < P ≤ 100.000 kW. Central hidroelétrica
com turbina Pelton
●Grandes centrais → P > 100.000 kW. Turbina de ação

7 Tubo de sucção

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●Tubulação condutora → Recebe a água da tomada d'água


Centrais Hidrelétricas
Componentes da central hidrelétrica típica: e a transporta até a casa de força. Pode ser composta por 2
●Barragem → Aumenta o desnível de um rio para produzir
partes: uma de baixa e outra de alta pressão chamada
uma queda, criar um grande reservatório para regularizar as conduto forçado.
●Chaminé de equilíbrio → Separa a tubulação de baixa
vazões, ou possibilitar a entrada da água num canal, túnel,
pressão da de alta pressão. Usada em instalações de
tubulação adutora ou conduto forçado.
grande altura de queda e grandes distâncias entre a tomada
●Tomada d'água → Capta e permite o acesso da água à
d'água e a casa de força. Impede que a onda de
tubulação que a conduzirá à turbina. Inclui grades para
sobrepressão do golpe de aríete se propague pelo trecho de
impedir a entrada de corpos estranhos que danifiquem as
baixa pressão e fornece um rápido suprimento de água à
turbinas.
1 Barragem
4 Chaminé de Equilibrio turbina se há um brusco aumento de carga.
●Câmara de carga → Substitui a chaminé de equilíbrio em

2 Tomada
micro e minicentrais, onde a alimentação do conduto forçado
d‘ água muitas vezes se realiza por meio de canais de superfície
3 Tubulação condutora de livre.
Baixa Pressão (de PVC)
●Casa de força → É onde se encontram instalados a turbina

e o gerador elétrico. Recebe a água do conduto forçado, que


6 Casa de Força
Central hidroelétrica aciona a turbina, a qual aciona o gerador.
com turbina Pelton ●Tubo de sucção → Após acionar a turbina, a água é

Turbina de ação devolvida ao curso do rio de maneira direta (turbina- Pelton)


ou por meio de uma tubulação de descarga em forma de
7 Tubo de sucção
difusor chamada tubo de sucção (turbinas de reação).

Centrais Hidrelétricas
Uma Pequena Central Hidroelétrica tem:
1) Reservatório - Acumula água para regularizar o rio e
garantir uma vazão mínima a ser turbinada.
2) Vertedouro - Controla o nível do reservatório, impedindo
que numa grande cheia, a água passe por cima da barragem,
danificando sua estrutura.
3) Barragem de concreto - Mesma finalidade da barragem
de terra. Pode ser de alvenaria ou madeira, e abriga a
tomada d'água e vertedouro.
4) Barragem de terra - Serve de obstáculo para o curso
d'água natural, e para formar o reservatório.
5) Tomada d'água - Estrutura para a captação dá água do
reservatório. É geralmente construída de concreto.
6) Canal de adução - Conduzir a água do reservatório da tomada d'água à câmara de carga. Segue uma mesma curva de nível
(praticamente não tem queda).
7) Câmara de carga - Elemento que liga o canal de adução ao conduto forçado, não permitindo a entrada de ar neste último.
8) Conduto forçado - Conduz a água sob pressão no trecho mais inclinado, até a casa de máquinas, onde irá ser turbinada.
9) Casa de máquinas - Abriga os grupos geradores (turbina e gerador elétrico) e os equipamentos de controle. Por vezes pode
abrigar os equipamentos elétricos de transmissão.
10) Canal de fuga ou restituição - Devolve ao leito do rio a vazão de água que passou pela turbina e gerou energia.
11) Leito original do rio - Deverá se manter uma vazão mínima (denominada vazão sanitária) por motivos ambientais.
12) Rio normal - O trecho logo após o canal de fuga deve manter as mesmas características originais de antes da construção da
PCH.

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energia hidráulica, a captação da água em volume


Centrais Hidrelétricas adequado e a regularização da vazão dos rios em
A estrutura da usina é composta, basicamente, por períodos de chuva ou estiagem.
barragem, sistema de captação e adução de água, casa Algumas usinas hidroelétricas são chamadas “a fio
de força e vertedouro, que funcionam em conjunto e de d’água”, ou seja, próximas à superfície e utilizam
maneira integrada. turbinas que aproveitam a velocidade do rio para gerar
A barragem tem por objetivo interromper o curso normal do energia. Essas usinas fio d’água reduzem as áreas de
rio e permitir a formação do reservatório. Além de “estocar” a alagamento e não formam reservatórios para estocar a
água, esses reservatórios têm outras funções: permitem a água ou seja, a ausência de reservatório diminui a
formação do desnível necessário para a configuração da capacidade de armazenamento de água, única maneira
de poupar energia elétrica para os períodos de seca.

Central hidroelétrica com turbina Francis


Os sistemas de captação e
Turbinas de reação
adução são formados por
túneis, canais ou condutos
metálicos que têm a função
de levar a água até a casa
de força. É nesta
instalação que estão as
turbinas, formadas por uma
série de pás ligadas a um
eixo conectado ao gerador.

Centrais Hidrelétricas ● A altura de queda disponível ou salto energético


Para: específico fornecido à turbina, expressa em altura de
Turbinas de reação (quando se emprega um tubo
● coluna d'água H, é calculada por:
de sucção): = −
A altura de queda bruta da central (ou altura de

H→ Altura de queda disponível [m].
queda geométrica), Hg, é medida entre a cota do nível
Hg → Altura de queda geométrica [m].
de montante (nível da barragem) e a cota
Hp → Perda de carga na tubulação ou perda de energia
correspondente ao nível de jusante (nível do canal de
por atrito da água com as paredes da tubulação [m].
fuga).
Turbinas de ação:

A altura de queda bruta corresponde à diferença de



Nível Barragem

cota entre o nível de montante (nível da barragem) e


o ponto onde o eixo do jato d'água que sai do injetor é
tangente a uma circunferência com centro no eixo do
Hg
rotor. Nestas turbinas não há aumento ou diminuição
da pressão. (Exmplo Turbina Pelton)
Nível jusante

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Golpe de Aríete Causas do golpe de aríete:


Bombas → A brusca interrupção do escoamento é causada pelo
É a elevação ou redução brusca de pressão

fechamento rápido de válvulas ou pelo súbito desligamento do motor de
que ocorre no escoamento variável produzido acionamento da bomba.
pela interrupção brusca do escoamento de Turbinas → O escoamento variável é causado pela alteração da vazão
um líquido e na qual é importante considerar a absorvida pela turbina na partida e na parada. Durante a operação, é
compressibilidade do líquido e a causado pela necessidade de adaptar a potência gerada pela turbina à
deformabilidade das paredes da canalização demanda.
que o conduz. O golpe de aríete produzido:
Quando o golpe de aríete ocorre, os seguintes Atua em ondas alternadas de sobrepressão e depressão ao longo

eventos físicos são desencadeados: do conduto forçado.


Há a conversão da energia de velocidade da
● Decresce em intensidade ao longo do tempo até o amortecimento total

corrente líquida estancada em energia de devido à dissipação de energia por atrito na tubulação, no reservatório
pressão. ou a chaminé de equilíbrio.
Deve-se determinar as pressões extremas atingidas durante o
+ + . = H fenômeno do golpe de aríete, para:
Esta energia de pressão se transforma em
● Dimensionar a estrutura das tubulações e acessórios.

trabalho de deformação da canalização e do Determinar os níveis extremos de oscilação do nível d'água nas

líquido. chaminés de equilíbrio.

Golpe de Aríete
Uma das equações mais usadas para determinar a
sobrepressão máxima em razão do golpe de aríete é a
formula de Michaud:
2 .
∆ =
.
∆H → Sobrepressão causada pelo golpe de aríete [mca].
L → Comprimento do conduto forçado [m].
c0 → Velocidade de escoamento da água antes do
fechamento [m/s].
tf → Tempo de fechamento do obturador [s].
g → Aceleração da gravidade [m/s2].

Analisando a equação acima, conclui-se que as chaminés de equilíbrio devem se localizar o mais próximo possível
da casa de força para que os comprimentos dos condutos forçados sejam os menores possíveis.
Para evitar o golpe de aríete em turbinas:
● O sistema de regulagem deve atuar sobre o sistema diretor variando seu grau de abertura.
● Isso impede sobrevelocidades de rotação inadmissíveis quando ocorre rejeição de carga.
● Também evita tempos de fechamento pequenos, que provoquem sobrepressões excessivas.

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Pergunta Enade percorrido pelo fluido, ou seja, ∆h/l. A vazão de água


Após a construção de uma barragem, detectou-se a presença através do meio é o produto da velocidade de fluxo pela
de uma camada permeável de espessura uniforme igual a 20 m área da seção atravessada pela água, normal à direção do
e que se estende ao longo de toda a barragem, cuja seção fluxo.
transversal está ilustrada abaixo. Essa camada provoca, por
infiltração, a perda de volume de água armazenada. Suponha que o coeficiente de permeabilidade da camada
permeável seja igual a 10−4m/s, que ocorram perdas de
carga hidráulica somente no trecho percorrido pela água
dentro dessa camada e que a barragem e as demais
camadas presentes sejam impermeáveis. Sob essas
condições, a vazão (Q) por unidade de comprimento ao
longo da extensão da barragem, que é perdida por
infiltração através da camada permeável, satisfaz à
seguinte condição:

(A) 10−3 m3/s/m < Q < 10−2 m3/s/m.


Sabe-se que, sob condições de fluxo laminar, a velocidade de (B) 10−4 m3/s/m < Q < 10−3 m3/s/m.
fluxo aparente da água através de um meio poroso pode ser
(C) 10−5 m3/s/m < Q < 10−4 m3/s/m.
calculada pela Lei de Darcy, que estabelece que essa
velocidade é igual ao produto do coeficiente de (D) Q < 10−5 m3/s/m.
permeabilidade do meio pelo gradiente hidráulico — perda de
(E) Q > 10−2 m3/s/m.
carga hidráulica por unidade de comprimento

Pergunta
Dados
Sob essas condições, a vazão (Q) por unidade de
Permeabilidade ou ducto retangular
comprimento ao longo da extensão da barragem,
natural
que é perdida por infiltração através da camada
Barragem com camada permeável
permeável, satisfaz à seguinte condição:
de espessura uniforme igual a 20 m
Q/b = ?
D = 20 m
b comprimento ao longo da extensão da
Vazão barragem
Perda de volume de água 1.- Calculo da velocidade
armazenada. ∆
= .
A vazão de água através do meio é
o produto da velocidade de fluxo Cálculo do gradiente hidráhulico:

pela área da seção atravessada pela =? → = 500
Velocidade água, normal à direção do fluxo. ∆ℎ = 1200 − 1000 → ∆ℎ = 200
Q=v.A e A = D.b ∆ ∆
velocidade é igual ao produto do = → = 0,4
coeficiente de permeabilidade do b 1.2 Velocidade
meio pelo gradiente hidráulico — = .

→ = 10 × 0,4
perda de carga hidráulica por D
= 4 × 10 /
unidade de comprimento percorrido v
Q fluxo perpendicular à área 1.- Calculo da vazão
pelo fluido, ou seja, ∆h/l
= . → = . .
v = Cp. ∆h/l
= 4 × 10 × 20
Cp = coeficiente de permeabilidade D é altura por onde se inflitra o
da camada permeável seja igual a fluido = 8 × 10 → = 8 × 10
.
10−4m/s, Cp = 10−4m/s b é a largura por onde se inlitra. 1 × 10 < < 1 × 10 Rta (B)

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Golpe de Aríete
Alguns dispositivos especiais são usados
para evitar sobrevelocidades e
sobrepressões devido ao golpe de aríete
em turbinas:
● Defletor de jato das turbinas Pelton
(figura à direita) → Desvia parte do jato
d'água incidente sobre o rotor, permitindo
um fechamento lento do sistema diretor.
● Válvulas de alívio ou de descarga
automática nas turbinas Francis (figura
abaixo) → O sistema de regulagem atua
sobre a válvula de alívio abrindo-a de
imediato e desviando parte da vazão para
o canal de descarga da turbina, enquanto
o sistema diretor fecha lentamente.

Golpe de Aríete
Turbinas Kaplan:
Não apresentam estes dispositivos devido a ausência de sobrepressões elevadas.

São munidas de dupla regulagem:


As pás do rotor podem mudar de inclinação pela atuação de mecanismos no interior do cubo do rotor comandados

pelo regulador de velocidade.


Dessa maneira, se adaptam à variação da inclinação das pás do sistema diretor.

Resulta que as turbinas Kaplan conseguem manter um alto rendimento para uma ampla faixa de vazões

Ângulo menor Ângulo maior

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Curvas Características de Turbinas Hidráulicas


Curvas características de turbinas hidráulicas:
As máquinas de fluido são projetadas para um ponto nominal onde Q, Y e n são fixos, e possuem um determinado

rendimento total.
Ocorre que alterando qualquer uma das variáveis, todas as demais serão alteradas, inclusive a Pe.

As curvas características de turbinas hidráulicas permitem conhecer o comportamento da máquina de fluido em uma

situação diferente daquela para a qual foi projetada.


Em relação a estas curvas:
Podem ser obtidas de modo analítico ou semi-empírico (combinando teoria com coeficientes empíricos).

Através de simulação computacional pode-se prever o comportamento de uma máquina ainda não construída com boa

aproximação para vários pontos de operação, reduzindo tempo e custos.


As medições sobre modelos ou protótipos em laboratório ainda são imprescindíveis para se conhecer o desempenho da

máquina em qualquer condição de serviço e para alimentar bancos de dados para uso de programas de simulação
computacional.
Para traçar estas curvas:
É usual que as grandezas estejam no Sistema Técnico de Unidades.

Variáveis independentes → Velocidade de rotação, altura de queda e grau de abertura. (n, H e grau de abertura)

Variáveis dependentes → Vazão, potência no eixo e rendimento total. (Q, Pe, ηt)

Curvas Características de Turbinas Hidráulicas Turbinas Pelton → O grau de abertura está


relacionado com o curso da agulha do injetor.


Grau de abertura (a) → É definido como a menor
distância entre a cauda de uma pá do sistema diretor
e a seguinte:
● Turbinas Francis, Dériaz e Kaplan → O grau de
abertura é expresso como um percentual da máxima
abertura. Turbinas Michell-Banki → O grau de abertura é

definido pela inclinação de uma única pá diretriz.

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Curvas Características de Turbinas Hidráulicas


Estas curvas são traçadas a partir de
Para um grau de abertura fixo, a curva Q = f (n) varia de acordo com o valores obtidos em ensaio de laboratório
tipo de turbina:
com modelo reduzido, variando n pela
● Turbina Pelton → É aproximadamente paralela ao eixo das abscissas,
pois a velocidade da água e a seção de passagem do fluxo na saída do variação da carga em seu eixo por meio
injetor se mantém constantes. de um freio e mantendo-se H constante.
● Turbinas de reação rápidas → Possui inclinação ascendente.
● Turbinas de reação lentas → Possui inclinação descendente.

Inclinação ascendente

Paralela ao eixo das abscissas

Inclinação descendente

Velocidade de rotação

Curvas Características de Turbinas Hidráulicas


Usando as leis de semelhança e considerando os efeitos de
escala, esses resultados permitem a representação das Rendimento ηtmáx
curvas características Q = f (n) e ηt = f (n) para diferentes
graus de abertura. a = Abertura
Para as curvas características de uma turbina mostradas na

figura ao lado, observa-se que ηtmáx ocorre quando a = 80%


(abertura) e n = 81,82 rpm (velocidade de rotação).
Este deve ser, portanto, o ponto de trabalho para esta turbina

específica.

Pode-se representar os dois gráficos em apenas um, levando,


para cada ponto da curva Q = f (n), o valor correspondente do


rendimento lido na curva ηt = f (n).
Obtém-se uma representação espacial semelhante a uma

colina topográfica, e portanto denomina-se o gráfico como sendo


de diagrama topográfico ou diagrama em colina.

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Curvas Características de Turbinas Hidráulicas


Como o eixo ηt é perpendicular ao plano formado pelos eixos Q e
n, representam-se as linhas que unem os pontos de igual
rendimento por curvas de nível análogas às de uma colina
topográfica (linhas de iso-rendimento).
O ponto de máximo rendimento da turbina corresponde ao cume

da colina de rendimentos.
A curva de rendimento zero é o lugar geométrico dos pontos para

Maior tensão
os quais a velocidade de rotação da turbina corresponde à Máxima eficiência ηt no material

velocidade de disparo para cada grau de abertura, obtida com a


supressão total da carga sobre a turbina (Pe = 0).
Velocidade de disparo máxima:
Corresponde a um grau de abertura de 100%, e é de grande

importância para dimensionar o conjunto turbina-gerador.


Corresponde às maiores tensões suportadas pelo material das

partes móveis da turbina e do gerador.


Isto ocorre devido à ação de forças centrífugas que aumentam

com o quadrado da velocidade de rotação.

Curvas Características de Turbinas Hidráulicas


Para um grau de abertura de 8 a 15%, a velocidade de disparo coincide com a Rendimento nominal quase a
rotação nominal da máquina, enquanto a máxima velocidade de disparo atinge metade da velocidade máxima
valores próximos ao dobro da rotação nominal da máquina (nn):
Turbinas Pelton:

á 1,8. 1,9.
Turbinas Michell-Banki:

á = 1,8.
Turbinas Francis, Hélice ou Kaplan:
● a=8a 15%

3
á = +
2 513 nnominal = 81,82 rpm nmáxima = 163,64 rpm
Os valores obtidos servem apenas como referência para calcular as tensões. Se

estas estiverem próximas às admissíveis para o material usado, deve-se buscar Rendimento Zero e velocidades
um valor mais confiável através de ensaios de laboratório com um modelo. de funcionamento Pe= 0

É frequente representar as curvas características usando grandezas unitárias


(H = 1 m) e biunitárias (H = 1 m e D = 1 m) no Sistema Técnico de Unidades:


O uso das grandezas unitárias corregem as pequenas variações de altura de

Velocidade de disparo rendoimento


queda e permite obter o comportamento de uma mesma máquina para diferentes
zero máxima, abertura e máxima
situações de operação. velocidade

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Curvas Características de Turbinas Hidráulicas H → Altura de queda disponível [m].


Hg → Altura de queda geométrica [m].
Altura Sobre Pressão
Hp → Perda de carga na tubulação
Turbinas de reação = ∆H → Sobrepressão causada pelo golpe de aríete [mca].
Turbinas de ação = − L → Comprimento do conduto forçado [m].
Golpe de aríete 2 c0 → Velocidade de escoamento da água antes do
∆ =
formula de Michaud fechamento [m/s].
tf → Tempo de fechamento do obturador [s].
Tipo de Turbina Velocidade máxima de rotação g → Aceleração da gravidade [m/s2].
Turbinas Pelton á 1,8. 1,9.
Turbinas Michell-Banki á = 1,8.
Turbinas Francis, 3
Hélice ou Kaplan á = +
2 513

Para traçar curvas:


Variáveis independentes → Velocidade de rotação, altura de

queda e grau de abertura. (n, H e grau de abertura - Eixo x)


Variáveis dependentes → Vazão, potência no eixo e

rendimento total. (Q, Pe, ηt - Eixo y )

Curvas Características de Turbinas Hidráulicas


● É frequente representar as curvas características usando grandezas unitárias (H = 1 m) e biunitárias (H = 1 m e D =
1 m) no Sistema Técnico de Unidades:
● Curva com variáveis em grandezas unitárias (figura à esquerda) → Corrige as pequenas variações de altura de
queda (difíceis de evitar em laboratório), e permite obter o comportamento de uma mesma máquina para diferentes
situações de operação.
● Curva com variáveis em grandezas biunitárias (figura à direita) → Sua vantagem é poder ser aplicado a todas
as turbinas semelhantes (mesmo nqA), independentemente de suas dimensões, desde que dentro dos limites
impostos pela teoria da semelhança. Curva com variáveis em grandezas biunitárias
Curva com variáveis em grandezas unitárias

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2. As turbinas Pelton são turbinas de ação que recebem um jato


Curvas Características de Turbinas Hidráulicas de fluído proveniente de um injetor. Esse jato incide
1. Analise as afirmações abaixo e marque verdadeiro ou tangencialmente ao rotor em pás distribuídas ao longo de sua
falso: periferia.
( F ) Nas turbinas Francis, o grau de abertura está Sabendo que a força aplicada nas pás é proporcional à variação
relacionado com o curso da agulha do injetor. da quantidade de movimento do fluido (segunda lei de Newton),
( V ) O golpe de aríete é a elevação ou redução brusca de avalie as afirmações a seguir.
pressão que ocorre no escoamento variável, produzido I. Para uma mesma velocidade do fluido na saída no bocal do
pela interrupção brusca do escoamento de um líquido. injetor, quanto maior seja o diâmetro do rotor, maior será a
( F ) As curvas características teóricas de máquinas de velocidade.
fluxo geradoras não levam em conta as perdas. II. Para uma mesma velocidade do fluído na saída no bocal do
( V ) O ponto de funcionamento em vazio corresponde à injetor, quanto maior o diâmetro do rotor, maior será o torque.
situação em que a turbina não fornece potência útil, III. Para um mesmo formato e tamanho de pás, quanto maior a
mesmo operando em sua velocidade de rotação nominal. velocidade do fluido na saída do bocal do injetor, maior será a
( V ) O ponto de funcionamento de uma máquina de fluxo força tangencial.
geradora se encontra na interseção da curva característica
da canalização com a curva característica da máquina. É correto o que se afirma em
( V ) Entre os fatores que alteram as curvas características a) II e III, apenas. b ) I e II, apenas. c) I, II e III.
de máquinas de fluxo geradoras, pode-se citar ops de d) I, apenas. III, apenas.
origem construtiva, os de caráter operacional e os Rta A II e III certa

decorrentes do tempo de uso da máquina. Solução:


( F ) Máquinas de fluxo geradoras radiais são mais I A velocidade do fluido não muda. Falso
adequadas para situações onde não é necessário variar a II O torque depende do jato de agua na pá. Verdadero
vazão. III A força tangencial depende do jato de agua. Verdadero

4. Analise as afirmações abaixo:


3. A figura representa uma curva característica de turbina, também conhecida como curva I – Nas turbinas Kaplan, o dispositivo
de colina. Assinale a alternativa que correlaciona corretamente letra e parâmetro. que forma o sistema de regulagem é
chamado de defletor de jato.
II – O ponto de funcionamento em
vazio corresponde ao ponto onde a
turbina trabalha em sua rotação
nominal mas não fornece potência útil
no eixo.
III – A alteração da curva característica
de uma máquina de fluxo geradora
devido ao desgaste tem consequência
mais negativa em canalizações que
possuem pouco atrito.
IV – A curva característica de uma
A) X= razão de abertura do distribuidor (a); Y= eficiência (η); Z= rotação específica unitária máquina de fluxo geradora é obtida
(n11); K= vazão específica unitária (Q11) teoricamente.
B) X= rotação específica unitária (n11); Y= razão de abertura do distribuidor (a) Z= vazão Estão corretas as afirmações:
específica unitária (Q11); K= eficiência (η)
C) X= vazão especifica unitária (Q11); Y= rotação específica unitária (n11); Z= eficiência (η), a) I e II. b) II e III. c) III e IV.
K=razão de abertura do distribuidor (a)
D) X= eficiência (η);Y=razão de abertura do distribuidor (a); Z= vazão específica unitária d) I e III. e) II e IV.
(Q11); K= rotação específica unitária (n11)
E) X= rotação específica unitária (n11); Y= vazão específica unitária (Q11); Z= razão de Rta E e Rta B
abertura do distribuidor (a); K= eficiência (η)

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Curvas Características de Turbinas Hidráulicas


Considere que o diagrama topográfico biunitário mostrado foi construído a partir de resultados de testes de laboratório de
um modelo reduzido da turbina que compõe uma das unidades da Central Hidrelétrica de Itaipu.
A partir desse diagrama, desprezando o efeito de escala sobre o rendimento pode-se obter as curvas características

Pe = f (Q) e ηt = f (Q) para a turbina real (D = 8,65 m, n = 90,9 rpm e H = 120 m), mostradas na figura abaixo.

Para obter essas curvas, calcula-se inicialmente n11:


= ⁄

Com o valor de n11, lê-se no diagrama biunitário o valor do


rendimento total e o correspondente valor de Q11.


Determina-se a vazão e a potência de eixo referente ao ponto de

interseção através das equações:


= ⁄
→ =

γ η
=
75

Curvas Características de Turbinas Hidráulicas

Observando as curvas características da figura, nota-se que:


A potência de eixo máxima corresponde à máxima vazão.

O mesmo não ocorre com o rendimento máximo.


A turbina não foi projetada para a vazão máxima, o que é um


procedimento muito utilizado, pois:

● Permite que a turbina possa operar em uma ampla faixa de vazão


(de 50 a 100% da vazão máxima) com um rendimento superior a 90%.
● As centrais hidrelétricas operam apenas algumas horas por dia com
potência máxima (na chamada ponta de carga), e portanto se ela for projetada para uma vazão correspondente à
solicitação máxima, passará a maior parte do tempo trabalhando fora de seu ponto de melhor rendimento.
O ponto de funcionamento em vazio corresponde à situação em que:
● Funcionando com a sua velocidade de rotação nominal e submetida a uma determinada altura de queda, a turbina não
fornece potência útil no eixo.
● Isso ocorre porque há dissipação da potência disponível pelas resistências que se opõem ao movimento das partes
giratórias da máquina.
● No exemplo, a vazão em vazio é de 70 m³/s (9% da vazão máxima).
● Para turbinas tipo Hélice, este valor pode superar 40% da vazão máxima.

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24/04/2018

Utilidade dos Diagramas Topográficos Biunitários

Turbina Francis
com nqA = 182.

Turbina Kaplan
A vazão em vazio
é de 70 m³/s
com nqA = 453.
(9% da vazão
máxima).

Turbina Pelton
com nqA = 36.

Prob: O diagrama topográfico da seguinte figura representa as curvas de uma Solução Cálculo nqA
turbina hidráulica no sistema técnico. As características nominais da instalação são Dados:
H=100 m, Q=8 m3/s gerador elétrico, síncrono de 40 polos e 50 Hz de frequência, a Hn=100 m; = 1000.
agua de massa específica de ρ = 1000 kg/m3. Determine: 3
Qn=8 m /s;
a) O tipo de turbina instalada;
Gerador elétrico, Cálculo de Y:
b) A potência gerada no eixo da turbina em MW;
c) A vazão a 50% de abertura com altura de queda nominal Síncrono de 40 polos = .
d) A potência do eixo máxima em MW a 50% de abertura e altura de queda 50 Hz de frequência = 9,81 × 100
nominal. ρ = 1000 kg/m3 = 981
e) A vazão e potência máxima em MW que pode ter a turbina. a) nqA=?
b) Pe=? = 1000 × 2,5
c) Q50%=?
= 40,34
Cálculo de n: Turbina Pelton Rta: a)
= 120
Cálculo potência nominal:
= 120 ∗
= . .
= 150 (rpm) × ×
=
= (rps)
= 7,848
n=2,5 rps Do gráfico o rendimento
nominal: ηt=0,9
= . →
= 0,9 × 7,848
= 7,06 Rta: b)
rpm

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Prob: O diagrama topográfico da seguinte figura representa as curvas de uma Solução:


turbina hidráulica no sistema técnico. As características nominais da
instalação são H=100 m, Q=8 m3/s gerador elétrico, síncrono de 40 polos e 50 Cálculo da vazão a 50 %: = ⁄

Hz de frequência, a agua de massa específica de ρ = 1000 kg/m3. Determine: = ⁄


%
a) O tipo de turbina instalada;
b) A potência gerada no eixo da turbina em MW; Da figura para a=50% e n11=41rps e = 0,035
c) A vazão a 50% de abertura com altura de queda nominal ⁄ ⁄
= ⁄ → = → = 100
d) A potência do eixo máxima em MW a 50% de abertura e altura de queda
nominal. = 2,733
e) A vazão e potência máxima em MW que pode ter a turbina. ⁄
% = 0,035 × 2,733 × 100

% = 2,61 / Rta: c)
Potência máxima no eixo com Q50%, H=100 m e ηt2=0,85
× , ×
= . %. → = → = 2,56
= . → = 0,85 × 2,56
= 2,18 Rta: d)
Potência máxima com a=100%, Q11máx=0,135 m3/s e
H=100 m
⁄ ⁄
á = → á = 0,135 × 2,733 × 100
á = 10,08 /
Da figura se tem :
. .
= . → = .
× , ×
= 0,9 → = 8,9 Rta e)
rpm

Utilidade dos Diagramas Topográficos Biunitários Conclusão:


Considere as equações abaixo:

Comparando a curva Q11 = f(n11) da turbina Francis

⁄ γ η
= ⁄
, = ⁄
→ = , = para a = 100% e da turbina Kaplan para β = 0o, verifica-
75
se que a turbina Kaplan é mais adequada para
Para n e D constantes, se H diminui, observando os
● instalações de baixa altura de queda.
diagramas biunitários, temos que:
Turbina Francis Turbina Kaplan
Turbina Francis com a =100%:

n11 aumenta.

Q11 diminui, pois Q11 = f(n11) é descendente.


Q diminui bastante, pois tanto H quanto Q11 diminuem.


Pe diminui bastante, pois tanto H quanto Q diminuem.


Turbina Kaplan com β = 0o:


n11 aumenta.

Q11 aumenta, pois Q11 = f(n11) é ascendente.


Q pode aumentar ou diminuir, pois H diminui mas Q11


aumenta.
Pe pode aumentar ou diminuir, pois H diminui mas Q pode

aumentar ou diminuir.

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Utilidade dos Diagramas Topográficos Biunitários


As turbinas Pelton (menor nqA),

Outras conclusões que podem ser obtidas



por apresentarem curvas de η
analisando os diagramas biunitários: = η(Q) mais achatadas, são
Turbina Pelton: mais indicadas para a
Curvas de iso-rendimento em forma de

operação com descarga
elipses com eixo maior na direção da variável.
ordenada Q11. A menos adequada é a turbina

É mais indicada para grande variação de



Hélice, que possui a curva
vazão do que a turbina Francis, e mais mais pontiaguda.
ainda do que a turbina Kaplan, que A turbina Kaplan, por ter pás

apresentam curvas de iso-rendimento móveis no rotor, aproxima-se


inclinadas na direção de n11. da Pelton na adaptabilidade ao
Máquinas
● de maior nqA são mais funcionamento com vazão
adequadas para locais onde a variação de variável, sem perder as
H seja menor que Q. Comparando cortes vantagens de uma turbina de
dos diagramas por um plano paralelo ao grande nqA na operação com
eixo das ordenadas, a partir do valor de n11 variação de H
calculado para H e n nominais, como
mostrado na figura seguinte:

Utilidade dos Diagramas Topográficos Biunitários

Turbina Michell-Banki:

Muito usada em micro, mini e pequenas centrais hidrelétricas.


Apresenta comportamento bastante favorável para


funcionamento em regime de vazão variável.


A figura ao lado compara uma turbina Michell-Banki, para

diferentes graus de admissão de água, com uma turbina Francis:


Embora o rendimento máximo da Michell-Banki seja um pouco

menor, ela consegue manter alto rendimento em uma ampla faixa


de vazão, incluindo baixas vazões.
Na amplitude de faixa de vazões, a Michell-Banki compete com a

Kaplan, apresentando vantagens referentes ao custo de


fabricação e instalação.

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Utilidade dos Diagramas Topográficos Biunitários

Os diagramas topográficos são muito importantes no estudo e


projeto de turbinas hidráulicas.


Em relação ao operador de uma turbina:
Não interessam os diagramas topográficos em grandezas unitárias

ou biunitárias, ou curvas caracterísitcas com rotação variável.


A velocidade de rotação de uma turbina é mantida rigorosamente

constante pelo sistema de regulagem.


O interesse é no comportamento da turbina (P, ηt, e Q) em

função de H e a.
Isto pode ser visualizado no diagrama de operação, como o da

figura ao lado.
Estes diagramas demarcam regiões nas quais a turbina apresenta:

Seu melhor funcionamento.


Operação deficiente.

Risco de cavitação.

Restrições térmicas do gerador.


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