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Apresentação
Abordaremos os tipos de usinas, as partes principais de uma usina hidrelétrica e o dimensionamento da potência gerada.
Ilustraremos os cálculos da potência instalada de uma usina, apontando que são efetuados por meio de estudos
hidroenergéticos. Além disso, identificaremos como a energia hidráulica é convertida em energia mecânica por meio de
uma turbina hidráulica, e em energia elétrica por meio de um gerador.
Objetivos
Classificar os tipos de usinas hidrelétricas;
Potência;
Altura de queda;
Captação de água;
Para esse último item, existem centrais a fio d'água, centrais de acumulação e centrais com armazenamento por
bombeamento ou com reversão (centrais reversíveis).
Função no sistema
Comentário
A usina de Itaipu binacional, Brasil - Paraguai com capacidade instalada de 14.000 MW opera a fio d'água.
Usina com reservatório - este tipo de usina possui reservatório capaz de acumular água dos períodos de cheia para os
períodos de estiagem. Deve dispor de vazão mínima natural para isso.
Usina reversível - utilizada a fim de gerar energia para atender os períodos de maior demanda do sistema. Durante as
horas de menor demanda, a água é bombeada, no canal de fuga (canal de saída de água da usina) para um
reservatório à montante da usina para novamente ser utilizada para geração. Embora essa operação apresente perdas,
é utilizada para prover potência suplementar nas horas de maior demanda.
Quanto à potência
Quanto à potência gerada (P), as usinas são classificadas em:
Micro P ≤ 100kW
As pequenas centrais hidrelétricas (PCH) têm sido incentivadas pelo governo através da ANEEL e possuem tratamento
diferenciado para obtenção da licença ambiental, que possui requisitos mais simples. A mini usina deve apenas
comunicar à ANEEL e a micro não deve cumprir nenhum requisito com a ANEEL.
Quanto à altura de queda,
São classificadas em:
Desvio;
Derivação;
Leito do rio;
Barramento;
Represamento.
Operação flutuante;
Atividades
1. Quanto à altura de queda, as usinas são classificadas em:
A operação de uma usina hidrelétrica pode ser limitada pelo múltiplo uso da água como: Navegação, irrigação, suprimento no
abastecimento de água e recreação. Normalmente, nesses casos, é necessário que o reservatório tenha um volume mínimo, porém
maior do que a cota mínima do reservatório, que não poderá ser convertido em energia elétrica para garantir o fornecimento de
água para os demais consumidores.
As hidrelétricas apresentam incertezas no fornecimento de energia pelo fato das vazões dos rios serem aleatórias e dependerem
de chuvas, que são incertas quanto à previsão futura.
Como não é possível prever a quantidade de chuva que ocorrerá nos próximos meses e anos, nos sistemas de potência onde as
hidrelétricas têm papel importante, esses efeitos aleatórios devem ser estudados com cuidado. Esse estudo baseia-se nas médias
existentes na tentativa de prever a quantidade de chuva futura.
Como forma de melhorar a contribuição das centrais hidrelétricas no sistema de potência podemos citar:
1 2
Aumentar a potência instalada das usinas existentes. Aumentar a produção total de energia com o aumento da
capacidade do reservatório pela ambientação da altura das
barragens.
Para construção e operação de mais de uma central hidrelétrica no mesmo rio, é necessário um planejamento cuidadoso dos
recursos hídricos da bacia hidrográfica, o qual inclui principalmente o melhor local de instalação de forma a conseguir a maior
quantidade de energia elétrica possível.
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que a operação em cascata seja reservatórios das centrais que estão à sua
otimizada. frente. Tratando-se de usinas hidrelétricas
(UHE), podemos ter:
Os problemas de implantação das usinas são interdisciplinares e estão relacionados a várias cadeiras da Ciência.
Barragem
Segundo Pinto (2014), a barragem, também chamada de represa, é uma barreira de concreto ou pedra com finalidade
de armazenar água. Seu arranjo depende da topografia do local de instalação e das condições da fundação. Boa parte
do custo da hidrelétrica é para a construção da barragem, que representa uma obra de elevado grau de complexidade.
A escolha do melhor tipo de barragem para uma determinada seção é problema tanto de viabilidade técnica quanto de
custo. A solução técnica depende do relevo, da geologia e do clima. O custo depende dos vários tipos de barragens e
principalmente da disponibilidade de materiais de construção próximos da obra e da acessibilidade de transportes. Há
diferentes tipos de barragens:
De gravidade;
Em arco;
De gravidade em arco.
Figura: Lago da usina Fontes Novas em Piraí – RJ | Fonte: Acervo Figura: Barragem da usina Fontes Novas em Piraí – RJ | Fonte: Acervo
próprio próprio
De acordo com a ANEEL (2008), os sistemas de captação e adução são formados por túneis, canais ou condutos
metálicos que têm a função de levar a água até a casa de força. É nesta instalação que estão as turbinas, formadas
por uma série de pás ligadas a um eixo conectado ao gerador.
Um problema associado aos condutos forçados é a perda de carga, que pode ser refletida com a diminuição na queda
útil de água devido a fenômenos de escoamento da água, tais como atrito, características do encanamento e outras. A
determinação dessa perda é parte importante do projeto e depende largamente do material utilizado na tubulação
(aço, concreto, ferro fundido, cimento e outros).
Sendo assim, a altura de perdas no conduto forçado (Hp) indica o valor de redução em metros da altura real de queda,
equivalente às perdas do sistema de adução, e podem ser calculadas desta forma:
1.95
Q
−4.87.L
H p = 10. 643. ( ) .D
λ
Casa de força
A casa de força é o local onde ficam instaladas as turbinas da usina hidrelétrica e demais equipamentos de controle da
geração. Durante o seu movimento giratório, as turbinas convertem a energia cinética (do movimento da água) em
energia elétrica por meio dos geradores que produzirão a eletricidade. Depois de passar pela turbina, a água é
restituída ao leito natural do rio pelo canal de fuga.
Figura: Casa de força usina Anna Maria em Juiz de Fora – MG | Fonte: Figura: Gerador Usina Anna Maria em Juiz de Fora – MG | Fonte:
Acervo próprio Acervo próprio
Figura: Placa do Gerador da usina Anna Maria em Juiz de Fora – MG | Figura: Gerador da usina Fontes Novas em Piraí – RJ | Fonte: Acervo
Fonte: Acervo próprio próprio
P = ρ. Q. H. g. η
Sendo:
P = potência gerada em kW
ρ= densidade da água em kg/m³
Q= vazão (m³/s)
H= altura de queda (m) (altura bruta)
η= rendimento total do sistema em (%)
O rendimento “η total” do pode ser dado por:
√P
Ns = N.
5
/
H 4
Onde:
N= número de rotações por minuto em RPM
P= potência em kW
H= altura de queda d’água em metros
Figura: Barragem da Usina de Itaipu (Furnas)- tipo gravidade | Fonte: Furnas
Exemplo Uma usina hidrelétrica possui nível de água no reservatório à montante na cota de 800 metros e o nível à
jusante na cota de 660 metros. A vazão de água é de 60m³/s, o rendimento da turbina é 0,92% e do gerador 0,94%. A
adução possui encanamento de aço soldado com λ=115, diâmetro de 4,5 metros e comprimento de 1000 metros
Assuma que a densidade da água é igual a 1 (1000kg/m³). Determine:
3. O rendimento total.
Solução
A potência bruta é dada por:
1,85
Q
−4,87
H p = 10, 643. ( ) . D .L
λ
1,85
60 −4,87
H p = 10, 643. ( ) . 4, 5 . 1000 = 2, 1
115
P = p. Q. H . g. n
kg 3
m m
P = 1000 . 60 . 140m. 9, 81 . 1 = 82. 404kw
m
3 s 2
s
kg 3
s
. (140 − 2, 1)m. 9, 81
m
2
. 1 = 81. 168kw
m s
Rendimentos
140−2,1
No sistema de admissão: n =
140
= 0, 985
é
P ot. el trica
Do sistema total: nT otal = 0, 985. 0, 92. 0, 94 =
70195
= 0, 852
P ot.bruta 82404
Tipos de turbinas
Os principais tipos de turbinas hidráulicas são: Pelton, Kaplan, Francis e Bulbo. Cada turbina é adaptada para funcionar em
usinas com determinadas faixas de altura de queda e vazão.
Turbina Pelton Turbina Francis Turbina Kaplan
A turbina Pelton é considerada uma As turbinas Francis 1 e Kaplan são É semelhante à turbina Francis,
das mais eficientes turbinas chamadas de turbinas de reação, porém o rotor foi reduzido a um
hidráulicas, fabricada até 200MW pois o trabalho mecânico é obtido núcleo com poucas pás (de duas a
de potência. É indicada para altas por meio da transformação das seis) em formato de hélice, que
quedas d’água (de 250 a 2500 energias cinéticas e de pressão do giram sobre si mesmas mudando
metros). A velocidade do jato de fluxo d’água no rotor da turbina. São os ângulos de entrada e saída e
água na saída do bocal dessa utilizadas para baixas e médias consequentemente as velocidades
turbina pode ir de 150 a 180 m/s. quedas de água. (quando as pás são fixas, a turbina
é do tipo hélice). São adequadas
para baixas quedas (de 30 a 250
metros) com potência geralmente
entre 30 e 250MW.
Turbina bulbo
As turbinas tipo bulbo são próprias
para usinas a fio d’água ou locais
com baixas quedas (de até 30
metros).
Atividade
5. Assinale a alternativa correta sobre as usinas hidrelétricas e os recursos hídricos.
a) A água não tem sido considerada mais um recurso renovável já que as mudanças climáticas têm causado um volume menor de chuvas
todos os anos.
b) As usinas a fio d’água aproveitam a velocidade e a vazão do rio para geração de energia elétrica.
c) Todas as usinas hidroelétricas possuem vertedouro, cuja função é permitir que as populações mais à frente da usina tenham água
suficiente para seu consumo.
d) As usinas hidroelétricas que possuem reservatório podem ou não ter conduto forçado, dependendo do tipo de turbina utilizado para a
geração de energia.
e) As principais turbinas utilizadas para a geração de hidroeletricidade são a ABB, Siemens, Weg e Westinghouse.
Notas
turbinas Francis 1
A turbina Francis é caracterizada por ter o escoamento d’água no seu interior perpendicular ao eixo da máquina. O fluxo d’água
é conduzido ao interior da turbina por um tubo espiral aliado a um conjunto de palhetas estáticas, forçando o escoamento a ser
radial em relação ao motor. São melhor empregadas em quedas de 40 a 400 metros e sua potência pode variar de 10 a
750MW. É utilizada em diversas usinas nacionais e na usina de Três Gargantas na China.
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. ANEEL. Atlas de energia elétrica do Brasil. 3. ed. Brasília, 2008. Disponível em:
//www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/atlas3ed.pdf. Acesso em: 18 jul. 2019.
PINTO, M. O. Energia elétrica: geração, transmissão e sistemas interligados 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014.
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