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Crônicas

Kadja Hurtado
Crônicas
Crônica é o único gênero literário
produzido para ser veiculado na
imprensa, (revista, jornal). Na verdade, ela
é feita com uma finalidade : agradar aos
leitores dentro de um mesmo espaço e
localização, criando-se assim, uma
familiaridade entre o escritor e aqueles
que o lêem.
Crônicas
Origem:
A palavra crônica deriva do Latim
chronica, que significava, no início da era
cristã, o relato de acontecimentos em
ordem cronológica (a narração de
histórias segundo a ordem em que se
sucedem no tempo). Era, portanto, um
breve registro de eventos. No século XIX,
com o desenvolvimento da imprensa, a
crônica passou a fazer parte dos jornais.
Crônicas
Características:
• A crônica é, primordialmente, um texto
escrito para ser publicado no jornal;

• Há semelhanças entre a crônica e o


texto exclusivamente informativo. Assim
como o repórter, o cronista se inspira nos
acontecimentos diários, que constituem a
base da crônica;
Crônicas
• O cronista dá às crônicas um toque
próprio, incluindo em seu texto elementos
como ficção, fantasia, imaginação;

• Pode-se dizer que a crônica situa-se


entre o Jornalismo e a Literatura;
Crônicas
• A crônica, na maioria dos casos, é um
texto curto e narrado em primeira pessoa,
ou seja, o próprio escritor está
"dialogando" com o leitor;

• Ao desenvolver seu estilo e ao


selecionar as palavras que utiliza em seu
texto, o cronista está transmitindo ao leitor
a sua visão de mundo.
Crônicas
Geralmente, as crônicas apresentam
linguagem simples, espontânea, situada
entre a linguagem oral e a literária.
Podemos determinar cinco pontos:

• Narração histórica pela ordem do tempo


em que se deram os fatos;
Crônicas
• Seção ou artigo especial sobre literatura,
assuntos científicos, esporte etc., em
jornal ou outro periódico;

• Pequeno conto baseado em algo do


cotidiano;

• Normalmente possuiu uma crítica


indireta;
Crônicas
• Muitas vezes a crônica vem escrita em
tom humorístico.

Exemplos deste tipo de crônica:


• Fernando Sabino;
• Millôr Fernandes.
Crônicas
 Crônica Narrativa ~> Tem por eixo uma
história, o que a aproxima do conto. Pode
ser narrado tanto na primeira quanto na
terceira pessoa do singular.

Texto lírico (poético, mesmo em prosa).


Comprometido com fatos cotidianos
(“banais” - comuns);
Crônicas
Crônica Humorística ~> Apresenta uma
visão irônica ou cômica dos fatos;

Crônica Reflexiva ~> Reflexões


filosóficas sobre vários assuntos.
Apresenta uma reflexão de alcance mais
geral a partir de um fato particular.
A Bola
O pai deu uma bola de presente ao filho.
Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a
sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem
tento oficial de couro. Agora não era mais de
couro, era de plástico. Mas era uma bola.

O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e


disse "Legal!".
A Bola
Ou o que os garotos dizem hoje em dia
quando não gostam do presente ou não
querem magoar o velho.
Depois começou a girar a bola, à procura de
alguma coisa.
- Como e que liga? – perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de
embrulho.
- Não tem manual de instrução?
A Bola
O pai começou a desanimar e a pensar que
os tempos são outros. Que os tempos são
decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas
com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
A Bola
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
- Nada, não.
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e
dali a pouco o pai o encontrou na frente da
tevê, com a bola nova do lado, manejando os
controles de um videogame.
Algo chamado Monster Baú, em que times de
monstrinhos disputavam a posse de uma
bola em forma de blip eletrônico na tela ao
A Bola
O garoto era bom no jogo. Tinha
coordenação e raciocínio rápido. Estava
ganhando da máquina. O pai pegou a bola
nova e ensaiou algumas embaixadas.

Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé,


como antigamente, e chamou o garoto.
- Filho, olha.
O garoto disse "Legal" mas não desviou os
olhos da tela.
A Bola
O pai segurou a bola com as mãos e a
cheirou, tentando recapturar mentalmente o
cheiro de couro.
A bola cheirava a nada.

Talvez um manual de instrução fosse uma


boa idéia, pensou. Mas em inglês, para a
(Luís Fernando Veríssimo)
garotada se interessar.

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