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Linguagens: prof.

Cristiano – Extraclasse 01

AULAS EXTRACLASSE – SEMANA 01 (DE 16 A 20/03)


ASSUNTO: O PROCESSAMENTO DA LEITURA
FRENTE B – p. 47 a 49 (MÓDULO 1)

Como já vimos em aula, a leitura é um ato interativo. Isso significa dizer que o leitor procura interagir com o autor
ao identificar as pistas disponibilizadas e produzir sentido a partir delas. É claro que o resultante desse processo
nem sempre será totalmente fiel às intenções de quem produziu o texto, já que, além daquilo que é disponibilizado
pelo autor e relacionado aos seus propósitos, há um conjunto de considerações extratextuais (acionadas pelo
leitor) que contribuirá para a produção dos sentidos. Isso envolve as experiências sociais, culturais, pessoais e
sensoriais vivenciadas por cada indivíduo que se debruça sobre um texto.

1. O levantamento de hipóteses (pré-leitura):


Ao se deparar com um texto, o leitor já aciona algumas informações: quem é o autor, qual é o tema, qual é o
gênero textual e, consequentemente, sua tipologia predominante. Isso significa dizer que o leitor já terá uma prévia
daquilo que encontrará durante o processo de leitura. Trata-se da perigrafia textual, ou seja: das informações que
podem ser acessadas a partir da observação do entorno do texto, antes mesmo da leitura.
Observe:

A bola

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar sua primeira bola do pai.
Uma número 5 oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola. O garoto
agradeceu, desembrulhou a bola e disse “legal”, ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do
presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
- Como é que liga? – Perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
- Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada, você é que faz coisas com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo. Você pensou que fosse o quê?
- Nada não.
 O garoto agradeceu, disse “legal” de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da TV, com a bola do seu
lado, manejando os controles do vídeo game. Algo chamado Monster Ball, em que times de monstrinhos
disputavam a posse de uma bola em forma de Blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir
mutuamente. O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio. Estava ganhando da máquina.
O pai pegou a bola nova e ensinou algumas embaixadinhas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como
antigamente, e chamou o garoto.
- Filho, olha.
O garoto disse “legal”, mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e o cheirou, tentando
recapturar mentalmente o cheiro do couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa
ideia, pensou. Mas em inglês pra garotada se interessar.
 
Veríssimo, Luis Fernando. A bola. Comédias da vida privada; edição
especial para as escolas. Porto Alegre: L&PM, 1996. P. 96-7
 
O texto apresentado é de Luís Fernando Veríssimo. Sabe-se que se trata de um cronista. Além das características
que marcam o estilo desse autor, o fato de LFV ser cronista revela que o leitor está diante de um gênero que trata
de situações cotidianas, corriqueiras e que busca ressignificar certas experiências lançando poesia e, muitas
vezes, criticidade sobre o tema. Além disso, o tema é abordado com certo tratamento estético, o que tem a ver
com o caráter literário desse gênero. Vale lembrar que a crônica estimula a reflexão e faz isso valendo-se de
diferentes estratégias expressivas, como a ironia.

2. A leitura

Nota-se que o texto trata de uma “bola”. Mais precisamente, de um pai que dá uma bola de presente ao filho (o
que se percebe logo no início). Isso é bastante adequado ao gênero crônica, já que a história aborda uma situação
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comum, corriqueira e aparentemente pouco inusitada. Como é de praxe, no decorrer do texto, o autor busca
ressignificar tal acontecimento, lançando luz sobre ele. Ou seja: a forma como o autor conduz sua obra revela que
há algo a se dizer e extrair de uma situação reconhecidamente cotidiana e comum. Ao fim da leitura, o leitor
percebe que o “evento” narrado, graças à sensibilidade do autor, acabou se apresentando de forma peculiar e até
surpreendente e que, por isso, é capaz de estimular a reflexão sobre algo mais amplo e significativo: a mudança
de paradigmas entre as diferentes gerações, a poesia e a beleza que envolvem as coisas simples, a tecnologia e
seus efeitos colaterais, entre outras possibilidades. Significa dizer que a história narrada acaba contextualizando
um tema que, da forma como foi exposto, estimula o pensamento e a reflexão.
Durante a leitura, várias hipóteses são confirmadas ou não e daí diferentes inferências são feitas pelo leitor. Por
exemplo: ao ler que “O pai deu uma bola de presente ao filho”, o leitor reconhece nisso uma ação bastante natural
e comum: pais dão presentes aos filhos; meninos curtem jogar bola. Quando se percebe que o garoto não sabia o
que fazer com a bola, há uma espécie de quebra de expectativas, o que faz emergir significados: as crianças de
hoje são diferentes das de outras épocas; crianças de hoje não se interessam mais por brincadeiras de outrora; as
crianças de hoje só se interessam por brincadeiras que envolvem novas tecnologias; pais estão desatualizados
em relação às preferências dos filhos etc.
A tipologia textual também permite suposições por parte do leitor: trata-se de um texto narrativo. Isso porque as
crônicas geralmente são narrativas. Disso, conclui-se que haverá presença de personagens e enredo, mesmo que
de forma bastante reduzida e compacta, como é natural do gênero.

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Pensando nas questões:

Numa questão, seria natural uma proposta que explorasse a temática, as intenções ou as estratégias do texto,
envolvendo a noção de gênero e tipo textuais.
Veja três exemplos que exploram o gênero charge:

Exemplo 01:

A charge de Lila pode ser compreendida como um discurso dialógico que

a) representa uma perspectiva equivocada sabre a manutenção da reserva florestal no Brasil.


b) simplifica a temática ambiental sobre a polêmica do novo código florestal.
c) critica a atitude humana em relação à preservação florestal do território brasileiro.
d) humoriza o tema do novo código florestal em relação à exploração da vegetação no mundo
inteiro.
e) defende, por meio da linguagem não verbal, as garantias do direito à propriedade rural.

Claramente se percebe que o verbo “criticar” está diretamente relacionado àquilo que o leitor
pressupõe a respeito do gênero charge. Além disso, o tema (preservação) é de interesse comum e faz
parte do cotidiano dos leitores e dos jornais.
Assim acontece no exemplo seguinte:

Exemplo 02:

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É correto afirmar que a charge visa

a) apoiar a atitude dos alunos e propor a liberação geral da frequência às aulas.


b) enaltecer a escola brasileira e homenagear o trabalho docente.
c) indicar a deflagração de uma greve e incentivar a adesão a ela.
d) recriminar os alunos e declarar apoio à política educacional.
e) criticar a situação atual do ensino e denunciar a evasão escolar.

Agora veja o próximo exemplo, que trata das estratégias utilizadas para a construção dos sentidos:

Na criação do texto, o chargista lotti usa criativamente um intertexto: os traços reconstroem uma cena de
Guernica, painel de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destruição provocados pelo bombardeio a uma
pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período de carnaval, recebe destaque a figura do carro,
elemento introduzido por lotti no intertexto. Além dessa figura, a linguagem verbal contribui para estabelecer um
diálogo entre a obra de Picasso e a charge, ao explorar

a) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-se o referente tanto do texto


de Iotti quanto da obra de Picasso.
b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal “é”, evidenciando-se a

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atualidade do tema abordado tanto pelo pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro.
c) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa de mundo caótico presente
tanto em Guernica quanto na charge.
d) uma referência temporal, “sempre”, referindo-se à permanência de tragédias retratadas tanto
em Guernica quanto na charge.
e) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se tanto à obra pictórica quanto
ao contexto do trânsito brasileiro.

Reconhecer o gênero charge é saber que a intertextualidade e a polissemia são marcas


constantes nesse tipo de produção textual e que são usadas para agregar expressividade e até humor ao
tratar de um tema também previsto para esse gênero: o problema do trânsito.

ATIVIDADES – QUESTÕES ENEM E DE VESTIBULAR (tipos e gêneros textuais, leitura e interação,


hipóteses de leitura, inferência etc.):

Questão 01:

Agora, responda:

a) Qual é a temática principal da charge acima?


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_____________________________________________________________
b) Quais são os elementos verbais e não verbais utilizados na charge para construir o seu significado?
Justifique sua resposta por menção direta a esses elementos.
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Questão 02:

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A charge de Lila pode ser compreendida como um discurso dialógico que:

a) Representa uma perspectiva equivocada sabre a manutenção da reserva florestal no Brasil.


b) Simplifica a temática ambiental sobre a polêmica do novo código florestal.
c) Critica a atitude humana em relação à preservação florestal do território brasileiro.
d) Humoriza o tema do novo código florestal em relação à exploração da vegetação no mundo
inteiro.
e) Defende, por meio da linguagem não verbal, as garantias do direito à propriedade rural.

Questão 03:

São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a
flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas.
O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo
sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:
- Quantos são aqui?
Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:
- Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.
E outro:
- Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota de seus nomes, se
quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)
E outro:
- Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade
jamais sairá de meu quarto e de meu peito!

Rubem Braga. Para gostar de ler, v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento).

O fragmento anterior, em que há referência a um fato sócio-histórico - o recenseamento -, apresenta característica


marcante do gênero crônica ao

a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a ideia de


uma coisa por meio de outra.
b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só
espaço.
c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens
psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.
d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do
cotidiano para manter as pessoas informadas.
e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto, que recebe
tratamento estético.

Questão 04:

A Propaganda pode ser definida como divulgação intencional e constante de mensagens destinadas a um
determinado auditório visando criar uma imagem positiva ou negativa de determinados fenômenos. A Propaganda
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está muitas vezes ligada à ideia de manipulação de grandes massas por parte de pequenos grupos. Alguns
princípios da Propaganda são: o princípio da simplificação, da saturação, da deformação e da parcialidade.

(Adaptado de Norberto Bobbio, et al. Dicionário de


Política)

Segundo o texto, muitas vezes a propaganda:

a) não permite que minorias imponham ideias à maioria.


b) depende diretamente da qualidade do produto que é vendido.
c) favorece o controle das massas difundindo as contradições do produto.
d) está voltada especialmente para os interesses de quem vende o produto.
e) convida o comprador à reflexão sobre a natureza do que se propõe vender.

Questão 05:

Aconteceu mais de uma vez: ele me abandonou. Como todos os outros. O quinto. A gente já estava junto há mais
de um ano. Parecia que dessa vez seria para sempre. Mas não: ele desapareceu de repente, sem deixar rastro.
Quando me dei conta, fiquei horas ligando sem parar – mas só chamava, chamava, e ninguém atendia. E então fiz
o que precisava ser feito: bloqueei a linha.
A verdade é que nenhum telefone celular me suporta. Já tentei de todas as marcas e operadoras, apenas para
descobrir que eles são todos iguais: na primeira oportunidade, dão no pé. Esse último aproveitou que eu estava
distraído e não desceu do táxi junto comigo. Ou será que ele já tinha pulado do meu bolso no momento em que eu
embarcava no táxi? Tomara que sim. Depois de fazer o que me fez, quero mais é que ele tenha ido parar na
sarjeta. [...] Se ainda fossem embora do jeito que chegaram, tudo bem. [...] Mas já sei o que vou fazer. No caminho
da loja de celulares, vou passar numa papelaria. Pensando bem, nenhuma das minhas agendinhas de papel
jamais me abandonou.

FREIRE, R. Começar de novo. O Estado de S. Paulo, 24 nov. 2006.

Nesse fragmento, a fim de atrair a atenção do leitor e de estabelecer um fio condutor de sentido, o autor utiliza-se
de
a) primeira pessoa do singular para imprimir subjetividade ao relato de mais uma desilusão amorosa.
b) ironia para tratar da relação com os celulares na era de produtos altamente descartáveis.
c) frases feitas na apresentação de situações amorosas estereotipadas para construir a ambientação do
texto.
d) quebra de expectativa como estratégia argumentativa para ocultar informações.
e) verbos no tempo pretérito para enfatizar uma aproximação com os fatos abordados ao longo do
texto.

Questão 06:

Dúvida

Dois compadres viajavam de carro por uma estrada de fazenda quando um bicho cruzou a frente do carro.
Um dos compadres falou:
– Passou um largato ali!
O outro perguntou:
– Lagarto ou largato?
O primeiro respondeu:
– Num sei não, o bicho passou muito rápido.

Piadas coloridas. Rio de Janeiro: Gênero, 2006.

Na piada, a quebra de expectativa contribui para produzir o efeito de humor. Esse efeito ocorre porque um dos
personagens

a) reconhece a espécie do animal avistado.


b) tem dúvida sobre a pronúncia do nome do réptil.
c) desconsidera o conteúdo linguístico da pergunta.
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d) constata o fato de um bicho cruzar a frente do carro.


e) apresenta duas possibilidades de sentido para a mesma palavra.

Questão 07:

Posso mandar por e-mail?

Atualmente, é comum “disparar” currículos na internet com a expectativa de alcançar o maior número possível de
selecionadores. Essa, no entanto, é uma ideia equivocada: é preciso saber quem vai receber seu currículo e se a
vaga é realmente indicada para seu perfil, sob o risco de estar “queimando o filme” com um futuro empregador. Ao
enviar o currículo por e-mail, tente saber quem vai recebê-lo e faça um texto sucinto de apresentação, com a
sugestão a seguir:

Assunto: Currículo para a vaga de gerente de marketing


Mensagem: Boa tarde. Meu nome é José da Silva e gostaria de me candidatar à vaga de gerente de marketing.
Meu currículo segue anexo.

Guia da língua 2010: modelos e técnicas. Língua Portuguesa, 2010 (adaptado).

O texto integra um guia de modelos e técnicas de elaboração de textos e cumpre a função social de

a) divulgar um padrão oficial de redação e envio de currículos.


b) indicar um modelo de currículo para pleitear uma vaga de emprego.
c) instruir o leitor sobre como ser eficiente no envio de currículo por e-mail.
d) responder a uma pergunta de um assinante da revista sobre o envio de currículo por e-mail.
e) orientar o leitor sobre como alcançar o maior número possível de selecionadores de currículos.

Questão 08

Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser
aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de
hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos,
europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o pedaço
de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos?
Ou é o nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês.
Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam
de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o Brasil de vocês, nós
queremos compartilhar esse Brasil com vocês.

TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).

Os procedimentos argumentativos utilizados no texto permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor foca o
seu discurso, pertence

a) ao mesmo grupo social do falante/autor.


b) a um grupo de brasileiros considerados como não índios.
c) a um grupo étnico que representa a maioria europeia que vive no país.
d) a um grupo formado por estrangeiros que falam português.
e) a um grupo sociocultural formado por brasileiros naturalizados e imigrantes.

Questão 09:

Choque a 36 000 km/h

A faixa que vai de 160 quilômetros de altitude em volta da terra assemelha-se a uma avenida congestionada onde
orbitam 3 000 satélites ativos. Eles disputam espaço com 17 000 fragmentos de artefatos lançados pela Terra e
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que se desmancharam – foguetes, satélites desativados e até ferramentas perdidas por astronautas. Com um
tráfego celeste tão intenso, era questão de tempo para que acontecesse um acidente de grandes proporções,
como o da semana passada. Na terça-feira, dois satélites em órbita desde os anos 90 colidiram em um ponto 790
quilômetros acima da Sibéria. A trombada dos satélites chama a atenção para os riscos que oferece a montanha
de lixo espacial em órbita. Como os objetos viajam a grande velocidade, mesmo um pequeno fragmento de 10
centímetros poderia causar estragos consideráveis no telescópio Hubble ou na estação espacial Internacional —
nesse caso pondo em risco a vida dos astronautas que lá trabalham.

Revista Veja. 18 set. 2009 (adaptado).

Levando-se em consideração os elementos constitutivos de um texto jornalístico, infere-se que o autor teve como
objetivo

a) exaltar o emprego da linguagem figurada.


b) criar suspense e despertar temor no leitor.
c) influenciar a opinião dos leitores sobre o tema, com as marcas argumentativas de seu
posicionamento.
d) induzir o leitor a pensar que os satélites artificiais representam um grande perigo para toda a
humanidade.
e) exercitar a ironia ao empregar “avenida congestionada”; “trafego celeste tão intenso”; “montanha
de lixo”.

Questão 10:

No Brasil, a disseminação de uma expectativa de corpo com base na estética da magreza é bastante grande e
apresenta uma enorme repercussão, especialmente, se considerada do ponto de vista da realização pessoal. Em
pesquisa feita na cidade de São Paulo, aparecem os percentuais de 90% entre as mulheres pesquisadas que se
dizem preocupadas com seu peso corporal, sendo que 95% se sentem insatisfeitas com “seu próprio corpo”.

SILVA, A. M. Corpo, ciência e mercado: reflexões acerca da gestação de um novo arquétipo da felicidade.
Campinas: Autores Associados; Florianópolis: UFSC, 2001

A preocupação excessiva com o “peso” corporal pode dessa releitura reside na provocar o desenvolvimento de
distúrbios associados diretamente à imagem do corpo, tais como

a) anorexia e bulimia.
b) ortorexia e vigorexia.
c) ansiedade e depressão.
d) sobrepeso e fobia social.
e) sedentarismo e obesidade.

Questão 11:

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A fotografia exibe a fachada de um supermercado em Foz do Iguaçu, cuja localização transfronteiriça é marcada
tanto pelo limite com Argentina e Paraguai quanto pela presença de outros povos. Essa fachada revela o(a)

a) pagamento da identidade linguística.


b) planejamento linguístico no espaço urbano.
c) presença marcante da tradição oral na cidade.
d) disputa de comunidades linguísticas diferentes.
e) poluição visual promovida pelo multilinguismo.

Questão 12:

Glossário diferenciado

Outro dia vi um anúncio de alguma coisa que não lembro o que era (como vocês podem deduzir, o anúncio era
péssimo). Lembro apenas que o produto era diferenciado, funcional e sustentável. Pensando nisso, fiz um
glossário de termos diferenciados e suas respectivas funcionalidades.

Diferenciado: um adjetivo que define um substantivo mas também o sujeito que o está usando. Quem fala
“diferenciado” poderia falar “diferente”. Mas escolheu uma palavra diferenciada. Porque ele quer mostrar que ele
próprio é “diferenciado”. Essa é a função da palavra “diferenciado”: diferenciar-se. Por diferençado, entenda: “mais
caro”. Estudos indicam que a palavra “diferenciado” representa um aumento de 50% no valor do produto. É uma
palavra que faz a diferença.

DUVIVIER, G. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 17 nov. 2014 (adaptado).

Os gêneros são definidos, entre outros fatores, por sua função social. Nesse texto, um verbete foi criado pelo autor
para

a) atribuir novo sentido a uma palavra.


b) apresentar as características de um produto.
c) mostrar um posicionamento crítico.
d) registrar o surgimento de um novo termo.
e) contar um fato do cotidiano.

PARA ELUCIDAR E COMPLEMENTAR:

Assista ao vídeo retirado do youtube, com a professora Ada Brasileiro, sobre as estratégias de
leitura.

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https://www.youtube.com/watch?v=ibHowaNrqpE

GABARITO:

Questão 01

a) A charge ilustra a tardia e falsa sensação de autonomia de grande parte dos jovens de hoje.
b) No primeiro quadro, o discurso da jovem reproduz o seu contentamento quanto ao resultado da decisão de ter
saído da casa dos pais para conseguir a sua independência, pois acredita que está a lidar bem com a nova
situação. No entanto, esta sensação é desmentida no último quadro, quando a garota pede desesperadamente
que o pai acorra ao seu pedido de socorro para resolver um problema banal. Paralelamente aos elementos
verbais, no segundo quadro, a figura de uma barata explica o fator que provocou o desespero exagerado expresso
na última imagem da garota em pânico, contrastante com a aparência de felicidade inicial, o que demonstra sua
baixa autonomia.

Questão 02 C

Na charge, vemos uma árvore cortada, com um machado cravado no que restou de seu tronco com uma placa na
qual se lê “Novo Código Florestal”. Trata-se de uma crítica contundente em relação aos rumos da preservação
ambiental no Brasil.

Questão 03 E

A crônica apresenta como característica principal o aproveitamento do cotidiano para discorrer sobre o tema,
neste caso, o recenseamento eleitoral. O uso da função poética, utilização de recursos estilísticos, com finalidade
estética, está presente nos relatos fictícios dos entrevistados.

Questão 04 D

Embora não esteja explícito, pode inferir-se que a divulgação de mensagens destinadas a um público determinado
visa aos interesses de quem vende o produto. Se a propaganda está, muitas vezes, ligada à ideia de manipulação
de grandes massas, por parte de “pequenos grupos”, “quem vende o produto” faz parte desse conjunto que,
através da propaganda, manipula, assim, conforme seus interesses, “grandes massas” de consumidores.

Questão 05 C

Nas primeiras linhas do excerto, o leitor é induzido a acreditar que a narrativa irá versar sobre uma decepção
amorosa, já que expressões como “ele me abandonou”, “Como todos os outros”, “Parecia que dessa vez seria
para sempre” são típicas na apresentação de situações amorosas interrompidas e mal resolvidas para o parceiro
abandonado. Assim, é correta a opção [C].

Questão 06 C

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Um dos personagens não considerou o conteúdo linguístico da pergunta do outro, que perguntava qual seria a
pronúncia correta do nome do bicho e não a espécie a que pertencia. Assim, é correta a opção [C].

Questão 07 C

Um texto cumpre função social quando divulga informações sobre um determinado tema e ao mesmo tempo visa à
conscientização do leitor. Em “Guia da língua”, o objetivo é orientar os candidatos a uma vaga de emprego para
que o currículo enviado por email não seja endereçado a pessoa indevida, nem contenha dados supérfluos, o que
poderia prejudicar a sua eficácia. Assim, é correta a opção [C].

Questão 08 B

O discurso do emissor mostra a importância da valorização e respeito ligada ao nosso primitivismo, caracterizado
pela figura indígena.

Questão 09 C

O texto informa o leitor sobre os riscos do tráfego espacial de objetos. O exemplo de dois satélites que “colidiram
em um ponto 790 quilômetros acima da Sibéria” permite inferir que “mesmo um pequeno fragmento de 10
centímetros poderia causar estragos consideráveis” e constitui corpo argumentativo para a tese enunciada.

Questão 10 A

É correta a opção [A], pois a preocupação excessiva com o “peso” corporal pode provocar desenvolvimento de
distúrbios tais como anorexia e bulimia. Esta, caracterizada por episódios recorrentes de consumo de grande
quantidade de alimentos, seguidos de reações para evitar ganho de peso e aquela, por peso abaixo do normal,
receio de ganhar peso, vontade intensa de ser magro e restrições alimentares.

Questão 11 B

O fato de o supermercado estar situado em local por onde transitam pessoas de diversas nacionalidades, tanto
por residentes nas regiões fronteiriças, como por turistas, justifica o uso de diversas línguas na fachada para
identificação do espaço. Assim, é correta a opção [B], pois a fachada torna-se reveladora do planejamento
linguístico no espaço urbano.

Questão 12 C

A afirmar que o adjetivo “diferenciado”, além de definir o substantivo a que se refere, pretende também
caracterizar o sujeito que o está usando, G. Duvivier critica ironicamente o uso da palavra, corretamente
substituível por “diferente”, para emprestar caráter de sofisticação ao objeto e prestígio social a quem o enuncia.
Assim, é correta a opção [C].

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