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Contribuições filosóficas e políticas em Platão:

Perspectivas atuais
Nome dos Autores: Estudante1 e Orientador2 (opcional)

Local, 2018

Resumo: A escola, além de um espaço para aprendizagem de conteúdos específicos, é também


o local de formação do senso crítico dos cidadãos que irão atuar no futuro das comunidades,
municípios e estados em geral. Dessa maneira, a educação deve se voltar não apenas para as
capacidades pedagógicas e congnitivas, mas também para a formação do senso democrático e
político dos alunos. Nesse sentido, diversos filósofos incentivaram a politização na educação,
dentre eles Platão, que por meio de suas obras promovia a reflexão e a busca pelo verdadeiro
conhecimento e conscientização, estimulando a busca pela compreensão dos direitos e deveres
de cada indivíduo. Nesse cenário a filosofia na educação tornou-se uma ferramenta a favor da
formação de indivíduos com esse perfil. Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo
analisar a visão de Platão sobre a filosofia e a política, bem como compreender como a política
vem sendo tratada dentro do contexto escolar atual. Para tanto, uma revisão bibliográfica foi
realizada, analisando informações disponíveis em livros, artigos e sites que tratam sobre o tema.
Após a análise dos dados, conclui-se que atualmente o currículo escolar não proporciona a
politização dos indivíduos e que a filosofia pode desempenhar um papel essencial para o
desenvolvimento do senso político das crianças e jovens. Para tanto, torna-se imprescindível
que haja um esforço conjunto entre Estado, docentes e demais envolvidos no contexto escolar,
em busca do incentivo a politização por meio dos conhecimentos de democracia, garantindo
assim a formação de indivíduos conscientes de seu papel na sociedade e de sua responsabilidade
frente a formação de uma sociedade mais justa e igualitária.

Palavras-chave: Politização; Filosofia e Política; Sendo crítico.

Abstract: The school, besides a space for learning specific contents, is also the place of
formation of the critical sense of the citizens that will act in the future of the communities,
municipalities and states in general. In this way, education must be turned not only to the
pedagogical and congruent capacities, but also to the formation of the students' democratic and

1 E-mail:
2 E-mail:
political sense. In this sense, several philosophers encouraged the politicization in education,
among them Plato, who through his works promoted reflection and the search for true
knowledge and awareness, stimulating the search for an understanding of the rights and duties
of each individual. In this scenario philosophy in education has become a tool in favor of the
formation of individuals with this profile. Therefore, the present work had as objective to
analyze the vision of Plato on the philosophy and the politics, as well as to understand how the
policy has been treated within the current school context. For that, a bibliographic review was
carried out, analyzing information available in books, articles and websites that deal with the
subject. After analyzing the data, it is concluded that the school curriculum does not provide the
politicization of individuals and that philosophy can play an essential role in developing the
political sense of children and young people. Therefore, it is imperative that there be a joint
effort between the State, teachers and others involved in the school context, seeking to
encourage politicization through the knowledge of democracy, thus ensuring the formation of
individuals aware of their role in society and their responsibility towards the formation of a
more just and egalitarian society.

Key words: Politization; Philosophy and Politics; Being critical.

1 – Introdução

Philosophy for Children


1
arose in the 1970s in the US as an educational
programme, initiated by Matthew Lipman (1922–2010), which was
devoted to exploring the relationship between the notions ‘philosophy’
and ‘childhood’, with the implicit practical goal of establishing philosophy
as a full-fledged ‘content area’ in US public schools—a goal that has, with
time, become an increasingly distant one. This is not so much the case in
the UK, Europe and Latin America, however, where the theory and
practice of doing philosophy for or with school age children appears to be
of growing both interest and concern in the field of education and, by
implication, in society as a whole. Examples of this emergent interest can
be found not only in the growing number of curriculum materials
published in this area, but in the many workshops and teacher training
courses devoted to practical philosophy that are organised for educational
practitioners, managers and teacher trainers.
This special issue focuses on the emergence of this ‘philosophy/child’
relation, and more precisely, on the horizon against which it has been born
and has taken shape. We attempt to locate the arguments that make it
Philosophy for Children
1

2
arose in the 1970s in the US as an educational
programme, initiated by Matthew Lipman (1922–2010), which was
devoted to exploring the relationship between the notions ‘philosophy’
and ‘childhood’, with the implicit practical goal of establishing philosophy
as a full-fledged ‘content area’ in US public schools—a goal that has, with
time, become an increasingly distant one. This is not so much the case in
the UK, Europe and Latin America, however, where the theory and
practice of doing philosophy for or with school age children appears to be
of growing both interest and concern in the field of education and, by
implication, in society as a whole. Examples of this emergent interest can
be found not only in the growing number of curriculum materials
published in this area, but in the many workshops and teacher training
courses devoted to practical philosophy that are organised for educational
practitioners, managers and teacher trainers.
This special issue focuses on the emergence of this ‘philosophy/child’
relation, and more precisely, on the horizon against which it has been born
and has taken shape. We attempt to locate the arguments that make it

O estudo da ciência política trás para o homem a oportunidade de compreender a


sociedade, a política e maneiras de estar no mundo influenciado por ela. Platão e Aristóteles,
são considerados os pais da ciência política. Em sua obra “O mito da Caverna” (385-380 a.C)
Platão propôs o despertar do homem para ir em busca de sua consciência política, defendendo
que toda forma de fazer política deve ser exercida juntamente com o conhecimento da filosofia,
para que de fato venha a ser entendido o que é a política (Arendt 2007), o que é o bem, o justo e
o verdadeiro e a sua importância para a sociedade atual.

Platão é categórico ao afirmar que não se pode separar filosofia, política e educação,
cujo pensamento filosófico e político está relacionado a uma visão pedagógica, que surgiu no
século no século IV a.C. Para o filósofo desde o seu nascimento o homem exerce a política e
todos são considerados seres políticos, entretanto, nem todos tem essa consciência. A escola
pode representar um meio para que essa consciência seja trazida a tona, agregando
conhecimentos e valores que contribuirão para uma sociedade mais organizada e mais justa.

A consciência política segundo Arendt (2007) é o ato de reivindicar benefícios a toda


sociedade, realizando projetos benéficos que irão atender melhor aos anseios da população. O
ser humano ao tomar consciência de sua essência política, entende que todas as suas ações tem
uma finalidade e são respaldadas pela importância cultural e histórica que podem (ou não)
adquirir. O conhecimento filosófico trás para os seres humanos a oportunidade de tomarem
consciência política. A consciência politica pode ser considerada como uma virtude, e deve ser
facilitada a todo cidadão por meio de uma educação crítica, em que cada um torne-se capaz de
saber qual é o seu papel na sociedade e assim, cumpri-lo.
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A mídia, com seus slogans e frases de efeito tem contribuído para a aniquilação da
consciência politica. A consciência politica está para além da opção partidária, seja esquerda ou
direita. Não é possível que os seres humanos se neguem a discussão política e suas
interferências nos rumos da sociedade. Essa discussão, porém, deve ser embasada por
conhecimentos filosóficos com abertura ao diálogo e a aquisição de novos conhecimentos.
Nesse sentido, surge a seguinte problemática: como seres humanos politicamente conscientes
podem contribuir para uma sociedade equânime? Nesse sentido o presente trabalho teve por
objetivo analisar a visão de Platão sobre a filosofia e a política, bem como compreender como a
política vem sendo tratada dentro do contexto escolar atual.

2 – Metodologia
Será realizada uma bibliográfica, visto que procurar-se-á explicar um problema a partir
de referências teóricas publicadas em livros, artigos e sites. A pesquisa, quanto a abordagem
será considerada qualitativa e quantitativa por ser procedida através da análise dos conteúdos
existentes e publicadas. Quanto a técnica a ser utilizada será considerada documentação direta e
indireta, visto que serão utilizadas fontes secundárias conforme obras listadas nas referências,
cujos autores abordam aspectos relevantes relacionados à pesquisa.

3 – Desenvolvimento

3.1 A filosofia contemporânea e política segundo a visão de Platão

De maneira simplificada, pode-se dizer que existem duas maneiras de apresentar a


filosofia política platônica. Por um lado, enfocando no diálogo de maturidade que constitui a
República, onde Platão exibe sua "mais bela pintura de governo" com base na confluência entre
poder e conhecimento filosófico. Por outro lado, pode-se acessar a filosofia política através das
Leis ou, mais especificamente, através da inter-relação que este diálogo tem com a República e
o Político, as outras duas grandes obras platônicas dedicadas à reflexão política (BLOOM,
1991).

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De um modo geral, a filosofia de Platão tem em comum com a filosofia moderna o fato
de que ambos são influenciados, se de maneiras diferentes, pelo ensino da Bíblia. Essa
influência não se torna necessariamente um assunto de investigação crítica se a filosofia
moderna for confrontada com a filosofia medieval, ao passo que ela necessariamente chega
imediatamente ao centro das atenções se a filosofia moderna for confrontada com a filosofia
clássica. De qualquer forma, os fundadores da filosofia política moderna conceberam seu
trabalho como dirigido contra a filosofia clássica em todas as suas formas, nas passagens de
seus escritos, onde afirmam com mais clareza sua intenção, nem sequer mencionam a filosofia
medieval como um adversário significativo (PAGNI, 2017).

Seria um erro acreditar que os princípios a serem confrontados uns com os outros,
especialmente os da filosofia clássica, sejam facilmente acessíveis nas obras dos historiadores
da filosofia. Os estudantes modernos da filosofia clássica são homens modernos e, portanto,
quase inevitavelmente abordam a filosofia clássica do ponto de vista moderno. Somente se o
estudo da filosofia clássica fosse acompanhado por constante e implacável reflexão sobre os
princípios modernos e, portanto, pela liberação da aceitação ingênua desses princípios. Um sinal
disso é o fato de que um raramente, ou nunca, se depara com estudos sobre a filosofia clássica
que não utilizam amplamente a terminologia moderna, e assim continuamente introduzem
pensamentos não-clássicos no que afirmam ser apresentações exatas da filosofia clássica
(LIMA, 1993).

Até há relativamente pouco tempo atrás, a maioria dos estudantes da filosofia anterior
partia do pressuposto de que a filosofia moderna é decididamente superior à filosofia clássica.
Assim, eles foram obrigados a tentar compreender melhor a filosofia clássica do que ela própria,
ou seja, foram impedidos de obedecer de todo o coração à exigência de compreensão histórica
genuína ou de exatidão histórica segundo a qual é preciso tentar entender a filosofia clássica.
Pensadores do passado exatamente como eles próprios entendiam. É óbvio que a compreensão
que se tem do pensamento do passado tenderá a ser mais adequada quanto mais se interessar
pelo pensamento do passado, mas não se pode estar seriamente interessado nisso, não pode ser
levado a ele pela paixão filosófica, se alguém sabe de antemão que o pensamento do presente é
decisivamente superior ao do passado (LIMA, 1993).

Isto é confirmado pela visão geralmente aceita de que "a escola histórica", no sentido
amplo do termo, trouxe uma melhor compreensão histórica e uma consciência mais aguda das
exigências da exatidão histórica do que estava disponível na filosofia do século XVIII: esses

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"românticos" não acreditavam na superioridade essencial de seu tempo para o passado. A fusão
de interesse filosófico e histórico que podemos observar especialmente por volta do ano 1800 na
Alemanha, e da qual o estudo moderno da filosofia clássica cresceu, foi animada por um "anseio
da alma" pela antiguidade clássica (LIMA, 1993).

Certamente, Platão considerou a questão filosófica de ordem política infinitamente mais


importante do que a questão histórica do que este ou aquele indivíduo pensava sobre a ordem
política, daí ele nunca escreveu um livro sobre as "teorias do homem" de outras pessoas. Mas é
igualmente certo que ele teria preferido uma investigação histórica adequada a uma investigação
filosófica inadequada: "é melhor terminar uma pequena tarefa bem do que uma grande
inadequadamente” (VOEGELIN, 2009).

Platão é uma realocação do socratismo numa escala coletiva e orgânica, isto é, uma
escala que deixa de codificar a atividade política, para começar a pensar em termos de uma
reforma da ordem coletiva. Platão torna-se assim o verdadeiro fundador da filosofia política não
só para a prestação de conceitos, definições, questões e argumentos para o léxico de disciplina,
mas por ter sido o primeiro a estabelecer a filosofia política como uma ontologia (ligada à teoria
das ideias), ums epistemologia e uma antropologia filosófica. Fundação que implicou, por sua
vez, em uma clara separação entre "o político" (dimensão teórico-filosófica) e "política"
(atividade política em si) (BARKER, 2009).

As leis fazem parte da primeira obra de filosofia política na tradição ocidental no


verdadeiro sentido, porque põe em jogo um programa político menos abrangente que emerge da
República e da política, isto é, uma dimensão mais concreta e detalhada da organização da
cidade e seu aparato legislativo, bem como os fundamentos filosóficos da legislação e da
organização institucional da cidade delineada em Leis. Por outro lado, é somente a partir da
articulação entre República, Política e Leis que se pode apreciar a dimensão real e complexa da
filosofia política platônica. Tal articulação de cuidar dos pré-requisitos essenciais, desvios e
correções observadas na transição para as Leis, que é o legado mais importante de Platão na
filosofia política (FERNANDES e TERRA, 1994).

Platão foi o primeiro a definir a política em termos de ordem psíquica, comparando-a


com a alma e lançando a ideia de que a cidade faz o homem, mas acima de tudo que a própria
alma é uma cidade. Esta "politização da alma" tem uma correlação com a “despolitização da
política", porque a postura final deste diálogo até uma concepção estreita da política como um

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sistema do filósofo interior ou da cidade que é ele mesmo. A justiça política torna-se assim uma
república, uma virtude de "segunda ordem" cujo caráter essencialmente visa apenas alterar o
reflexo de uma desorgem política entre as diferentes forças psíquicas, daí a prioridade que o
autor destaca na justiça psíquica para a justiça política. No que diz respeito ao conhecimento e
consentimento político, Platão os define em dois pilares: primeiro, o critério de conhecimento,
indissociável na República, por outro, o critério do consentimento dos cidadãos, que são
persuadidos pelas leis que emanam da razão de seus governantes (SHAPIRO, 2006).

3.2 A política e educação

No Brasil, as questões sobre a política e instruções gerais sobre cidadania são


muito pouco abordadas nas escolas e ainda preocupam aos que não acreditam que a
politização da sociedade é o passo inicial para alcançar melhorias no sistema
democrático. Silva (2004), afirma que realmente esse tipo de preocupação não faz parte
dos currículos escolares, sendo que apenas a cidadania é tida como um tema transversal
pelo Ministério da Educação e a escassez de investimentos e de conhecimentos culturais
aumentam as dificuldades na implementação de assuntos relacionados a essas questões.

A preocupação com a passividade dos jovens em relação às questões políticas é


uma realidade, já que as gerações passadas de jovens, desde os anos 1950, foram muito
mais ativamente visíveis nos assuntos políticos. O papel dos jovens entre os anos 60 e
90 é historicamente conhecido. Os processos de organização e participação juvenil no
Brasil registram quatro etapas distintas e caracterizadas: a primeira decorre entre os
anos sessenta e oitenta quando ocorreu a luta pelas demandas políticas dos jovens
cidadãos e o crescente movimento cultural e político de mobilização da juventude
referenciado pela Europa (CASTRO, 2008).

No início dos anos os jovens 90 deixaram de tomar iniciativa e passaram a


aguardar a representação e proteção pelo Estado. No entanto, a geração do novo milênio
parece ser uma geração que não goza dos benefícios que no passado alcançaram após
um grande esforço. As novas tecnologias, a mídia e a sociedade de consumo são fatores
que determinam o mundo hoje e que, por sua vez, são elementos que influenciam a
formação da juventude de hoje. O Brasil é um país onde a taxa de desemprego tende a
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ser superior a 12%, a concorrência trabalhista se tornou uma batalha acirrada para obter
uma posição em alguma empresa e onde a educação tem seu foco em um sistema de
acumulação de capital para sobreviver e espaços de dispersão e entretenimento são
baseados em avanços tecnológicos. Essas novas plataformas também serviram para a
mobilização do cidadão, onde uma certa atividade política é evidenciada por esse meio,
como por exemplo os grupos convocados pelo Facebook para rejeitar ou aceitar
determinadas posições na conjuntura (BRASIL, 2009).

Os jovens também alimentam a sua formação neste contexto, incluindo a adaptação de


novas culturas urbanas. O medo de se envolver em questões políticas é uma realidade que a
sociedade vive, bem como a multiplicidade de violência que aflige o país e acaba criando uma
cultura de medo e talvez até mesmo uma atitude passiva ao meio social. No entanto, os jovens
têm à sua disposição um sistema oferecido pela sociedade para a sua educação, que é a
escola, onde desenvolvem conhecimentos, habilidades, aptidões e valores, sob uma
perspectiva de formação integral da pessoa, sua dignidade, seus direitos e deveres
(CASTRO, 2008).

A escola se encarrega de fornecer as ferramentas necessárias para a formação


integral de um cidadão, o que implica ser formado politicamente, isto é, com posições,
critérios e argumentos sobre a realidade política e social em que se desenvolve. Cabe
então à escola influenciar a cultura política dos jovens, uma vez que é fonte de
conhecimento, troca de saberes, reflexões e debates públicos que, como estratégias,
estimulam a consolidação da aprendizagem dos jovens em formação. Da mesma forma,
a educação é concebida como um direito que implica ter os mecanismos que garantem
sua plena validade. A educação como direito é contemplada na constituição em função
do Estado e, portanto, além de reconhecê-lo como tal, deve ser garantida. (CATINI,
2013).

Um dos primeiros conceitos que lança o problema levantado é a cultura política, que é
lançada em alguns momentos numa incorporação no campo das ciências sociais do conceito que
infere obras históricas, políticas, culturais e educacionais. Da mesma forma, alguns autores
introduzem a cultura política em sua pesquisa como uma categoria de análise, mas sem defini-
la, como fazem com outras categorias de pensamento social, como nação-estado, identidade

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nacional, ordem social. Neste contexto deu lugar, por sua vez, para a formação dos sistemas
educativos nacionais como dispositivos integrados, fingindo homogeneizar a diversidade das
expressões culturais sob a visão hegemônica do estado-nação, tornando-se a escola como palco
principal para a instituição de cidadania. Nessa perspectiva, o sucesso de uma educação política
de acordo com a organização da sociedade e do Estado ocidental foi concebido como a
formação de cidadãos democráticos e participativos nos assuntos públicos (CATINI, 2013).

Há uma série de manifestações entre educação e cultura política que nos permitem
compreender os processos pedagógicos relacionados a esse referencial. Importante entender
dentro dessa mesma corrente que a escola pode fornecer ao alunos conceitos relacionados à
ordem social como estado, nação, pessoas, democracia e cidadania entre outros. Ainda, no
ambiente escolar é possível definir as interações sociais e pedagógicas bem como as relações de
ensino e aprendizagem e de poder estabelecidas em torno deles, para as quais os aspectos que
dão sentido a essas interações devem ser analisados de acordo com os modelos de comunicação
pedagógica que os fundamentam (FREIRE, 1980).

A cultura política em uma perspectiva política é definida como o padrão de atitudes e


orientações individuais em relação à política para os membros de um sistema político. É o
aspecto subjetivo que subjaz à ação política e lhe dá significado. Tais orientações individuais
incluem vários componentes: a) orientações cognitivas, conhecimento preciso ou não, de
objetos e crenças políticas; b) orientações afetivas, sentimentos de apego, compromisso,
rejeições e semelhantes em relação a objetos políticos, e c) orientações de avaliação,
julgamentos e opiniões sobre os aspectos políticos que normalmente envolvem a aplicação de
certos critérios de avaliação a objetos e eventos políticos (MANFREDI, 1981).

O cenário atual mostra que os jovens estão sendo desprotegidos e esquecidos mais do
que as outras gerações, a escola por não transcender não conseguiu entrar na imaginação dos
jovens, assim eles estão sendo despolitizados, porque não conseguiram se incorporar ou se
adaptar aos modelos impostos a eles pelo mundo de hoje. Esta tradição de cultura política tenta
construir um conceito mais ou menos restrito que pode explicar o fenômeno de diferentes
empresas e pode levar a cultura de trabalho de análise política comparativa em diferentes
cenários nacionais. A cultura política não é uma categoria de explicação residual; compreende
um conjunto de fenômenos que podem ser identificados e, até certo ponto, medidos (NADAL,
2009).

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Agora, no que diz respeito à forma como a questão infere diretamente ao currículo
escolar que prevê a formação do estudante, Mesko (2015) explica que o conceito de currículo:

"(...) inclui toda a gama de experiências estudantis


programadas pela escola. Em outras palavras, as experiências
programadas, treinadores desportivos, supervisores, professores
de teatro, diretores e coordenadores fazem parte do currículo da
mesma forma como fazem as ciências , matemática, ciências
sociais e inglês” (Mesko, 2015, p.6).

Sob a lei brasileira o conceito de currículo adotado é definido como um conjunto de


critérios, currículos, programas, metodologias e processos que contribuem para o
desenvolvimento integral e construção da identidade cultural, regional e local, incluindo
também humana, acadêmica e recursos físicos para implementar políticas e realizar projetos
educativos institucionais. Ainda, o plano curricular não enfatiza apenas o currículo de cada ano
letivo, mas inclui todas as dinâmicas escolares que são percebidas na instituição e são úteis para
a formação do aluno. De fato, se o currículo deve oferecer algum tipo de educação política, já
que atualmente sua atitude é de apatia e incompreensão em muitas ocasiões (TRAVITZKI,
2015).

A construção da cultura política em si, é uma construção histórica, desde que se entenda
que os mesmos processos, sociais, políticos e individuais em diferentes sociedades, criaram
formas mentais e modelos que moldam a realidade das pessoas para a percepção que elas tem
disso. Essa configuração permite estudar diferentes fenômenos de diferentes disciplinas e, no
caso da Política, também pode ser entendida como a configuração de processos mentais e
formas de perceber a realidade política de uma sociedade. Em termos específicos, a política é a
manifestação conjunta das dimensões psicológicas e subjetivas da política. A cultura política é
tanto o produto da história coletiva de um sistema político e as biografias dos membros do
sistema, devido a que, as suas raízes encontram-se em ambos os eventos públicos e experiências
individuais (GRESPAN, 2002).

No caso da história social, a sociologia cultural e a antropologia cultural foram


responsáveis por compreender a vida cotidiana, tomando como referência as conversas e trocas
que expressam a maneira singular pela qual os indivíduos constroem, usam e interpretam ideias,
os termos no trabalho político (GOYARD-FABRE, 2003).

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A contribuição da filosofia para os estudos da cultura política tem sido direcionada para
a análise da estruturação das relações sociais tecidas entre os diferentes atores; através da
sociologia, contribuiu para a compreensão das atitudes e comportamentos individuais dos
sujeitos diante do sistema político, as tendências antropológicas e culturalistas focalizaram os
significados e representações culturais que os sujeitos fazem da dinâmica contextual em que
estão inscritos. As ciências da linguagem têm se interessado em compreender os discursos
políticos e ideológicos que circulam em um contexto espacial e temporal específico e os
significados da cultura política que estão implícitos. As ciências da comunicação desempenham
um papel importante na construção de modelos mentais e no empoderamento do contexto, onde
o papel principal é desempenhado pela mídia na configuração da cultura política que a demanda
do país é uma questão, isto é, um tipo de cultura política é gerada, com certas características
diferentes de outras culturas políticas, porque pode ser entendido que a cultura política não é um
campo singular, mas varia de acordo com a sociedade (LUXEMBURGO, 2011).

A contribuição feita pela história social e a filosofia propuseram uma visão, tanto
diacrónica e sincrónica, sobre o processo de formação de culturas políticas nacionais e como as
várias frações de classes ou grupos convergentes sobre a sociedade construída , a partir de sua
experiência histórica e suas próprias culturas políticas. Com o apoio da filosofia também é
possível ter uma compressão da vida cotidiana, tendo como referência as conversas e trocas que
expressam a única maneira que os indivíduos constroem, utilizam e interpretam as ideias e os
termos na formulação de políticas.

4 – Conclusão

No processo de globalização tudo sofreu uma metamorfose, tudo parece ter evoluído,
exceto a escola. Um dos grandes desafios intelectuais e políticos do atual milênio será encontrar
o novo significado da educação e, em particular, da politização nas escolas. Tanto a escola
quanto a educação tem que desenvolver novas estratégias, porque as demandas sobre os jovens
estão evoluindo, na verdade eles não são os mesmos. O sistema educacional vive o final de um
estágio que se caracterizou pela centralidade do mundo da produção para definir valores e
atitudes, bem como organização, métodos didáticos e estilos de ensinar.

Da mesma forma, que a escola deva evoluir de acordo com o contexto, é importante
conservar e fortalecer alguns esquemas ou objetivos que a escola deve impor na formação do

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jovem ao cidadão. A formação social e política do indivíduo deve ser fortalecida e enfocada a
partir da democracia. O problema do foco atual na escola é criar um cidadão preocupado em
certa medida pelo civil e talvez pelo social, mas acima de tudo preocupado com a produção e
consumo. O sistema capitalista tem que garantir nos mecanismos educacionais que são a base
para a formação do cidadão, que o indivíduo aprenda a produzir para viver e ganhar sua vida,
depois disso ele pode se preocupar com integração e socialização e finalmente com questões
políticas

5 – Referências Bibliográficas
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