Você está na página 1de 152

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO E


FUNDAÇÕES

MATEUS VINICIUS GEHLEN

DESENVOLVIMENTO DE PLANILHA PARA VERIFICAÇÃO


DE VIGAS PROTENDIDAS COM PRÉ-TRAÇÃO

PORTO ALEGRE
2016
MATEUS VINICIUS GEHLEN

DESENVOLVIMENTO DE PLANILHA PARA VERIFICAÇÃO


DE VIGAS PROTENDIDAS COM PRÉ-TRAÇÃO

Monografia apresentada ao curso de Pós-


Graduação em Estruturas de Concreto e
Fundações da Universidade Cidade de São
Paulo, como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista.

PORTO ALEGRE
2016
MATEUS VINICIUS GEHLEN

DESENVOLVIMENTO DE PLANILHA PARA VERIFICAÇÃO


DE VIGAS PROTENDIDAS COM PRÉ-TRAÇÃO

Monografia apresentada ao curso de Pós-


Graduação em Estruturas de Concreto e
Fundações da Universidade Cidade de São
Paulo, como requisito parcial para obtenção do
título de especialista.

Área de concentração:
Data da entrega:

Resultado: _________________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Roberto Chust de Carvalho


Universidade Cidade de São Paulo ___________________________________________

Profª Ma. Regina Barros Leal


Universidade Cidade de São Paulo ___________________________________________
Dedico este trabalho ao meu pai Lírio, à minha
mãe Elenice, à minha irmã Fernanda e à minha
namorada Danieli.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me dar a oportunidade de ter chegado até aqui e
passar por mais esta etapa em minha vida.
À minha família, pelo apoio, incentivo e compreensão pelos momentos que estive
ausente durante esta caminhada.
A todos meus professores, desde a Graduação até a Pós-Graduação, pela dedicação ao
ensino e por todo o conhecimento transmitido.
RESUMO

Este trabalho apresenta o roteiro de cálculo utilizado para elaboração de uma planilha eletrônica
com a finalidade de dimensionar e analisar vigas pré-tracionadas com qualquer seção. Todos
os procedimentos são feitos de acordo com a NBR 6118/2014 e com a NBR 9062/2006. Embora
esteja apresentado apenas o dimensionamento de uma seção retangular, a planilha permite a
análise de elementos com diversas seções. Inicialmente, são determinadas as propriedades da
seção transversal da viga a ser calculada, assim como os carregamentos e esforços atuantes.
Com esses dados, a armadura longitudinal é pré-dimensionada. Posteriormente, são calculadas
as perdas de protensão e são feitas as verificações de estado limite de serviço (ELS) em diversas
seções do elemento. A verificação do estado limite último é realizada em três etapas: no instante
da aplicação da força de protensão, no momento em que tem o máximo carregamento enquanto
a viga possui apenas a seção pré-fabricada e no tempo infinito considerando a seção composta.
Por fim é feito o dimensionamento da armadura transversal e a estimativa da flecha, além do
cálculo de outras armaduras complementares.

Palavras chave: Pré-fabricado, Protensão, Pré-tração, Análise Estrutural


ABSTRACT

This paper presents the calculation script used for the preparation of a spreadsheet in order to
measure and analyze pre-tensioned beams with any section. All procedures are performed
according to NBR 6118/2014 and NBR 9062/2006. Although only be presented the design of a
rectangular section, the spreadsheet allows the analysis of elements with several sections.
Initially, the properties of the cross section of the beam to be calculated are determined, as well
as acting forces and loads. With this data, the longitudinal reinforcement is pre-scaled.
Subsequently, they are calculated losses of prestressing and they are check the serviceability
limit state (SLS) in various sections of the element. The verification of the ultimate limit state
(ULS) is performed in three stages: at the time of application of prestressing force, at the time
which has the maximum load while the beam contains only the prefabricated section and in the
infinite time considering the composite section. Finally, it is made the dimensioning of
transverse reinforcement and the estimate of the arrow, in addition to the calculation of other
complementary armor.

Keywords: Prefabricated, Prestresing, Pre-tensioned, Structural Analysis.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Montagem de vigas pré-fabricadas de um viaduto ................................................. 15


Figura 2: Pavilhão pré-fabricado .......................................................................................... 16
Figura 3: Shopping pré-fabricado ......................................................................................... 16
Figura 4: Momentos e deslocamentos de estruturas moldadas no local e estruturas pré-moldadas
............................................................................................................................................ 17
Figura 5: Sistema de contraventamento com núcleo rígido ................................................... 18
Figura 6: Diagonais de contraventamento ............................................................................. 18
Figura 7: Armadura de continuidade em vigas pré-moldadas ................................................ 19
Figura 8: Laje alveolares ...................................................................................................... 21
Figura 9: Paginação de lajes alveolares ................................................................................ 23
Figura 10: Seção transversal típica de uma laje duplo T ....................................................... 24
Figura 11: Principais seções transversais de vigas pré-fabricadas ......................................... 24
Figura 12: Recorte das lajes nas regiões dos pilares .............................................................. 25
Figura 13: Vigas pré-fabricadas com seções compostas ........................................................ 26
Figura 14: Esquema de uma pista de protensão típica ........................................................... 30
Figura 15: Posicionamento das armaduras em vigas pós-tracionadas .................................... 31
Figura 16: Diagrama de momentos em viga pré-tracionadas sem e com isolamento de
cordoalhas ............................................................................................................................ 32
Figura 17: Variação de εccf ................................................................................................... 44
Figura 18: Etapas de execução de uma viga pré-fabricada de uma estrutura com pórticos com
ligação semirrígidas ............................................................................................................. 52
Figura 19: Deformação da seção transversal após a atuação da protensão e do peso próprio . 55
Figura 20: Seção transversal nos estados limites de descompressão e estado limite último ... 55
Figura 21: Diagrama de tensão deformação da cordoalha CP190-RB, 12,5 mm na versão da
NBR 6118/2014 e de VACONCELOS (2008) ...................................................................... 57
Figura 22: Diagrama tensão-deformação do concreto ........................................................... 59
Figura 23: Domínios de estado-limite último de uma seção transversal ................................ 59
Figura 24: Largura da mesa colaborante de vigas com seção T ............................................. 62
Figura 25: Seção “T”, dividida em duas seções, uma das abas e outra retangular.................. 63
Figura 26: Planta e cortes simples do pavimento exemplo .................................................... 69
Figura 27: Corte AA ............................................................................................................ 69
Figura 28: Corte BB ............................................................................................................. 69
Figura 29: Seções transversais da viga VR03 (unidades em cm) ........................................... 70
Figura 30: Dimensões da mesa superior da seção "T" ........................................................... 72
Figura 31: Seções antes e após homogeneização .................................................................. 74
Figura 32: Posição das armaduras de protensão (cm) ............................................................ 79
Figura 33: Seção pré-fabricada e seção moldada "in-loco" para determinação dos coeficientes
de fluência ........................................................................................................................... 83
Figura 34: Esquema para cálculo da força Ft de tração da seção transversal........................ 105
Figura 35: Posicionamento das armaduras de cisalhamento ................................................ 122
Figura 36: Forma da viga VR03 ......................................................................................... 128
Figura 37: Armaduras da viga VR03 .................................................................................. 129
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em


função das classes de agressividade ambiental...................................................................... 33
Tabela 2: Valores dos fatores de combinação e de redução para as ações variáveis ............... 34
Tabela 3: Valores da fluência e da retração em função da velocidade de endurecimento do
cimento ................................................................................................................................ 41
Tabela 4: Valores de ψ1000, em porcentagem ........................................................................ 48
Tabela 5: Valores dos coeficientes βs e βc ............................................................................ 54
Tabela 6: Tensão no aço σpd (MPa)....................................................................................... 57
Tabela 7: Ações na viga: g1 e g3 sobre a viga ...................................................................... 70
Tabela 8: Ações na viga: g2, parte de g3, g4, g5 e q ............................................................. 70
Tabela 9: Momentos máximo na viga ................................................................................... 71
Tabela 10: Características geométricas da seção pré-fabricada ............................................. 72
Tabela 11: Características geométricas das seções ................................................................ 75
Tabela 12: Idades do concreto da seção pré-fabricada e da seção moldada "in-loco" ............ 84
Tabela 13: Coeficientes de fluência para a seção pré-fabricada, moldada "in-loco" e final .... 87
Tabela 14: Momentos fletores referentes ao peso próprio em cada vigésimo de vão ........... 100
Tabela 15: Valores das tensões iniciais, força de protensão e momentos de protensão inferior e
superior em cada seção no tempo zero ................................................................................ 102
Tabela 16: Valores das tensões na borda superior e inferior para cada seção ....................... 102
Tabela 17: Valores das tensões finais, força de protensão e momento de protensão em cada
seção no tempo infinito ...................................................................................................... 106
Tabela 18: Momentos devido aos carregamentos em casa vigésimo de vão ........................ 107
Tabela 19: Valores das tensões máximas e mínimas em vigésimo de vão ........................... 108
Tabela 20: Valores das tensões máximas e mínimas nas bordas inferior e superior em vigésimo
de vão para a verificação do ELS-D ................................................................................... 110
Tabela 21: Flechas iniciais em cada fase de carregamento .................................................. 124
Tabela 22: Flechas imediatas em cada fase de carregamento .............................................. 126
Tabela 23: Valor final da flecha no tempo infinito .............................................................. 126
Tabela 24: Valor final da flecha no tempo infinito utilizando com fck 50 MPa ................... 127
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12
1.1 Objetivos ....................................................................................................................... 13
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 13
1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 13
1.2 Metodologia .................................................................................................................. 13
1.3 Justificativa .................................................................................................................. 13

2 PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO ............................................................................ 15


2.1 Conceitos Gerais ........................................................................................................... 15
2.2 Vantagens e desvantagens dos elementos pré-fabricados ........................................... 20
2.3 Principais Elementos Pré-fabricados para pisos ......................................................... 21
2.3.1 Lajes Alveolares ......................................................................................................... 21
2.3.2 Lajes PI (π) ou duplo T .............................................................................................. 23
2.3.3 Vigas ........................................................................................................................... 24

3 CONCRETO PROTENDIDO ........................................................................................ 27


3.1 Fundamentos do Concreto Protendido ........................................................................ 27
3.2 Vantagens e desvantagens da protensão ...................................................................... 28
3.3 Sistemas de Protensão .................................................................................................. 29
3.3.1 Protensão com aderência posterior ............................................................................ 29
3.3.2 Protensão sem aderência ............................................................................................ 30
3.3.3 Protensão com aderência inicial ................................................................................ 30
3.4 Tipos de Protensão ....................................................................................................... 32
3.4.1 Protensão parcial........................................................................................................ 33
3.4.2 Protensão limitada...................................................................................................... 34
3.4.3 Protensão completa .................................................................................................... 35
3.5 Tensão inicial de protensão .......................................................................................... 35
3.6 Perdas de Protensão ..................................................................................................... 36
3.6.1 Perdas Imediatas ........................................................................................................ 37
3.6.1.1 Perda por Acomodação da Ancoragem..................................................................... 37
3.6.1.2 Perda por relaxação da armadura ............................................................................ 37
3.6.1.3 Perda por deformação imediata do concreto ............................................................ 38
3.6.2 Perdas diferidas .......................................................................................................... 38
3.6.2.1 Perda por retração do concreto ................................................................................ 38
3.6.2.2 Perda por fluência do concreto ................................................................................ 41
3.6.2.3 Perda por relaxação da armadura ............................................................................ 48
3.6.2.4 Perdas ao longo do tempo considerando a simultaneidade das perdas ..................... 49
3.7 Determinação da Armadura Longitudinal .................................................................. 51
3.7.1 Seção composta .......................................................................................................... 51
3.7.2 Verificação do Estado Limite de Último (ELU) .......................................................... 54
3.7.2.1 Tensão na armadura ativa ........................................................................................ 54
3.7.2.2 Cálculo da armadura no tempo infinito .................................................................... 58
3.7.2.3 Estado limite último no ato da protensão .................................................................. 63
3.7.3 Dimensionamento da armadura transversal............................................................... 64

4 EXEMPLO NUMÉRICO ............................................................................................... 68


4.1 Dados do exemplo ......................................................................................................... 68
4.1.1 Carregamentos sobre a viga ....................................................................................... 70
4.1.2 Características geométricas ........................................................................................ 71
4.1.3 Tipo de protensão ....................................................................................................... 75
4.1.4 Tensão inicial nos cabos............................................................................................. 76
4.1.5 Estimativa do número de cabos no tempo infinito considerando ELS-F e ELS-D ..... 76
4.1.6 Estimativa do número de cabos superiores no ato de protensão ................................. 78
4.1.7 Cálculo das perdas de protensão ................................................................................ 79
4.1.7.1 Perdas Imediatas ...................................................................................................... 80
4.1.7.2 Perdas diferidas ....................................................................................................... 83
4.1.8 Verificação das tensões no meio do vão no tempo infinito ......................................... 94
4.1.9 Comprimento de ancoragem e comprimento de transferência da armadura ativa ..... 97
4.1.10 Verificação de ruptura no tempo zero (verificação da ruptura simplificada) ........... 99
4.1.11 Verificação das tensões vigésimo de vão no tempo infinito .................................... 105
4.1.12 Verificação do estado limite último na fase 4 e no tempo infinito .......................... 110
4.1.13 Cálculo da armadura transversal ........................................................................... 114
4.1.14 Armaduras nas extremidades de vigas com apoios sem recorte .............................. 119
4.1.15 Verificação da tensão de aderência entre a capa e a seção pré-fabricada .............. 121
4.1.16 Estimativa da Flecha .............................................................................................. 123

5 DETALHAMENTO ...................................................................................................... 128


5.1 Formas ........................................................................................................................ 128
5.2 Armaduras.................................................................................................................. 129

6 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 130

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 131

APÊNDICE A – PLANILHA DESENVOLVIDA .......................................................... 134


12

1 INTRODUÇÃO

O concreto protendido está a cada dia sendo mais utilizado na construção civil. Na
indústria de pré-fabricado é praticamente um elemento indispensável na busca pela
competitividade e viabilidade econômica das obras, já que possibilita a redução das seções das
vigas, gerando uma maior aceitação arquitetônica, maiores vãos, peças mais leves, menos
pilares e fundações na estrutura, entre outras vantagens.
O concreto protendido é basicamente separado em três sistemas: pré-tração, onde a
armadura de protensão é alongada antes do lançamento do concreto e após lançamento e
endurecimento do mesmo, os cabos são cortados transmitindo o esforço de protensão; pós-
tração com aderência, onde as armaduras são posicionadas em bainhas metálicas dentro do
elemento estrutural, são alongadas após o endurecimento do concreto e para proporcionar a
aderência entre o armadura e a viga, injeta-se uma nata de cimento nas bainhas; e pós-tração
sem aderência, onde a armadura é tracionada após o endurecimento do concreto porém não
ocorre a injeção de nata de cimento.
Embora o dimensionamento de vigas com armadura ativa na ruptura não difira muito
das vigas com armadura convencional, no concreto protendido é necessária a satisfação de
condições de serviço diferentes do concreto armado, que são mais complexas e trabalhosas de
se desenvolver. Além disso, é preciso também determinar as perdas de protensão, que
necessitam da definição de diversas incógnitas e páginas de cálculos e, por isso, são muitas
vezes apenas estimadas pelos projetistas, o que pode levar ao dimensionamento em desacordo
com a norma.
Analisando os aspectos citados, fica clara a importância e a dificuldade em dimensionar
uma viga protendida analisando todos os detalhes. Além disso, a falta de ferramentas
computacionais que auxiliem no processo de cálculo e detalhamento são fatores determinantes
para as empresas, uma vez que as ferramentas computacionais agilizam a tomada de decisões,
além de garantir um projeto de melhor qualidade.
Neste contexto, a utilização de planilhas eletrônicas tem se mostrado muito eficaz ao
substituir os programas computacionais, sendo utilizadas como recurso de cálculo
indispensável em diversas fábricas de pré-fabricados. Suas vantagens são a facilidade na
entrada de dados e a rapidez na saída e análise dos resultados.
13

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma planilha eletrônica para a verificação nos estados limites último e de
serviço de vigas protendidas com aderência inicial para o sistema de pré-fabricados.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Estabelecer um roteiro de cálculo de acordo com as prescrições da NBR 6118/2014 e


da NBR 9062/2006;

 Possibilitar a análise de vigas com as seções transversais mais utilizadas pelas indústrias
de pré-fabricados, e também a modelagem de vigas com qualquer seção;

 Analisar de maneira rápida e precisa as tensões em diferentes seções do elemento


considerando, ou não, o isolamento das cordoalhas;

1.2 Metodologia

Para obtenção dos objetivos propostos, inicialmente foi realizado um levantamento


bibliográfico sobre tema proposto. Foram pesquisados livros, artigos, monografias e normas
técnicas que proporcionaram o conhecimento teórico referente ao dimensionamento de vigas
protendidas com pré-tração e todas as verificações necessárias.
Através deste estudo, foi possível estabelecer um roteiro de cálculo que foi adaptado
para uma planilha eletrônica. Para validação dos resultados da planilha, foi realizado um
exemplo numérico.

1.3 Justificativa

O mercado da construção civil exige cada vez mais rapidez, economia, qualidade e
sustentabilidade durante o processo de construção. Essas características proporcionam às
estruturas pré-fabricadas grande vantagem em relação às obras moldadas “in-loco”, e por isso
é possível observar o aumento da quantidade de indústrias de pré-fabricados no Brasil.
14

Com a concorrência crescendo constantemente, as fábricas buscam meios de reduzir o


custo e prazo de entrega das estruturas, e isto implica principalmente na redução da quantidade
de elementos na solução estrutural das obras, resultando em menos tempo de produção e
montagem, porém em peças mais robustas e com maior peso, aumentando proporcionalmente
o custo com o transporte e equipamentos de içamento.
Para possibilitar a utilização de grandes vãos e, em contrapartida, peças com o menor
volume possível, uma das alterativas é a utilização do concreto protendido. Em fábricas de pré-
fabricados o sistema de protensão mais viável utilizado é a pré-tração com aderência inicial, e
a forma mais comum de verificação dos elementos é a utilização de planilhas eletrônicas de
desenvolvimento pessoal.
Assim, para possibilitar um roteiro de cálculo ágil e confiante para o dimensionamento
de vigas protendidas com pré-tração e, devido à pouca disponibilidade de softwares com tal
finalidade, justifica-se o desenvolvimento deste trabalho.
15

2 PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO

2.1 Conceitos Gerais

Conforme a norma NBR 9062/2006, elementos pré-moldados são aqueles moldados


previamente e fora do local de utilização definitiva na estrutura. Já os pré-fabricados são
elementos pré-moldados executados industrialmente, em instalações permanentes destinadas
para esse fim e que se enquadram e atendem aos requisitos mínimos das especificações
normativas.
O campo de aplicação de estruturas constituídas por elementos pré-moldados é bastante
amplo, abrangendo praticamente toda a construção civil. Sua utilização ocorre principalmente
em estruturas pesadas, como pontes e viadutos; em galpões industriais e de armazenagem; em
obras especiais, como galerias pluviais, silos, reservatórios e torres eólicas; shoppings centers;
também em edifícios residenciais e comerciais de múltiplos pavimentos. Nas figuras 1, 2, 3 e 4
pode-se observar alguns exemplos de aplicação.

Figura 1: Montagem de vigas pré-fabricadas de um viaduto

Fonte: Rotesma Indústria Pré-Fabricados de Concreto Ltda.


16

Figura 2: Pavilhão pré-fabricado

Fonte: Rotesma Indústria Pré-Fabricados de Concreto Ltda.

Figura 3: Shopping pré-fabricado

Fonte: Rotesma Indústria Pré-Fabricados de Concreto Ltda.

Segundo EL DEBS (2000), o cálculo de estruturas pré-moldadas não é diferente do que


se faz para as estruturas moldadas no local. Os carregamentos e esforços solicitantes são
determinados do mesmo modo e pode-se utilizar os mesmos softwares, porém certas
particularidades são acrescentadas. Por serem feitos em local diferente de sua utilização final,
precisam ser transportados e depois montados em sua posição definitiva, estando sujeitos a
esforços transitórios, não presentes nas estruturas convencionais. Muitas vezes, tais esforços
são os que definem o dimensionamento dos elementos.
Além disso, estruturas pré-moldadas tendem ser mais flexíveis que estrutura moldadas
no local. Como a estrutura é composta basicamente de ligações viga-pilar rotuladas, não ocorre
a transferência de momentos para as vigas, fazendo com que os esforços de primeira ordem
17

gerados por ações horizontais, como o vento por exemplo, sejam resistidos exclusivamente
pelos pilares, conforme mostra a figura 4. Isso faz com que o deslocamento da estrutura sob
tais ações seja maior, amplificando assim os efeitos de segunda ordem, podendo deixá-la
instável e levá-la ao colapso.

Figura 4: Momentos e deslocamentos de estruturas moldadas no local e estruturas pré-


moldadas

Fonte: ACKER, 2014, p. 4.

Segundo ACKER (2014), a estabilidade das estruturas pré-moldadas deve ser


assegurada por sistemas adequados que são fáceis de conseguir no local, como por exemplo: a
rigidez de paredes de cisalhamento ou núcleos rígidos (figura 5), utilização de diagonais de
contraventamento (figura 6), consideração das lajes funcionando como diafrágma ou
combinações destes sistemas.
18

Figura 5: Sistema de contraventamento com núcleo rígido

Fonte: EL DEBS, 2000, p. 295

Figura 6: Diagonais de contraventamento

Fonte: ACKER, 2014, p. 71.

Outro método para aumentar a eficiência da estrutura quanto a resistência aos esforços
e deslocamentos laterais, é a utilização de dispositivos de ligação viga-pilar que permitam a
transferência de momentos entre os mesmos. Segundo INFORSATO (2009), tais ligações são
determinadas semirrígidas pois permitem um comportamento intermediário entre a ligação que
não impede a rotação relativa (elementos pinados) e a de ligação rígida ou contínua (ligações
de estruturas moldadas no local). Como em obras pré-moldadas costuma-se complementar a
seção pré-fabricada com uma capa de concreto que trabalha como seção composta a partir do
endurecimento do seu concreto, uma forma de conseguir essa transferência de esforços é
19

posicionar armaduras negativas sobre as vigas que passam dentro de furos executados
previamente nos pilares, antes da execução do capeamento (figura 7). Desta forma, quando o
concreto da capa endurecer, a armadura presente da ligação restringirá a rotação da viga no
apoio, possibilitando à estrutura um comportamento semelhante às estruturas moldadas no
local, conforme mostra a figura 4.

Figura 7: Armadura de continuidade em vigas pré-moldadas

Fonte: Projeto de revisão ABNT NBR 9062/2016, p.13.

Em relação ao lançamento estrutural, segundo INFORSATO (2009), em estruturas


tradicionais de concreto moldado no local o lançamento da estrutura é feito a partir de um
projeto básico de arquitetura e neste caso o arquiteto não se preocupa tanto com o esquema
estrutural. Já para o caso do pré-fabricado, é desejável que a concepção do projeto inicial de
arquitetura já seja voltada para a solução em pré-moldado, aproveitando as vantagens oferecidas
por esse sistema, como por exemplo, vencer grandes vãos.
Para as fábricas, o ideal é que a arquitetura e a estrutura sejam pensadas buscando-se a
maior padronização possível dos elementos estruturais, possibilitando a redução do tempo de
projeto e de produção e, consequentemente, do custo de fabricação. Isso não significa que a
arquitetura deve ficar submissa à determinadas modulações da estrutura.
Para ELLIOT E JOLLY (2013), a indústria do pré-fabricado ainda está ainda está
lutando para superar os equívocos de edifícios pré-fabricados modulares de concreto. Segundo
o autor, a modularização não oferece flexibilidade. Já, a padronização, refere-se ao modo em
que um conjunto de componentes predeterminados são utilizados e conectados. Ou seja, mesmo
20

que uma determinada obra pré-fabricada não possua todos os módulos de vigas e lajes iguais,
com mesmo comprimento, deve-se procurar utlizar a mesma altura de lajes e vigas, mesmo que
em determinada região o elemento atenda às verificações de cálculo com dimensões menores.

2.2 Vantagens e desvantagens dos elementos pré-fabricados

Segundo EL DEBS (2000), as vantagens da pré-moldagem estão principalmente


relacionadas à execução de parte da estrutura fora do local de utilização definitivo, com
consequência das facilidades da produção dos elementos ou da redução dos cimbramentos.
Dentre outras vantagens, pode-se citar:

a) Facilidade da elaboração de projeto;


b) Melhoria da qualidade dos trabalhos realizados mecanicamente, em comparação com
os manuais;
c) Melhor aproveitamento das seções resistentes;
d) Facilidade para realizar o controle de qualidade;
e) Necessidade de menos juntas de dilação que na construção tradicional;
f) Possibilidade de evitar interrupções de concretagem;
g) Possibilidade de recuperação de elementos ou partes da construção em certas
desmontagens;
h) Qualidade e acabamentos dos elementos superior às estruturas moldadas no local;
i) Trabalho dentro de fábricas é protegido de intempéries climáticas;
j) Rapidez de fabricação e montagem das estruturas;
k) Grande reutilização de formas;
l) Grandes vãos com o a utilização de elementos protendidos;
m) Facilidade execução de peças protendidas através da pré-tração.

Em relação às desvantagens, o mesmo autor comenta que são geralmente decorrentes


da colocação dos elementos nos locais definitivos de utilização e da necessidade de prover a
ligação entre os vários elementos da estrutura. Além disso, pode-se citar:

a) Falta de monolitismo da construção, especialmente em regiões sísmicas;


b) Problemas na resolução das juntas;
21

c) Necessidade de superdimensionar certos elementos devido a condições desfavoráveis


de transporte e montagem;
d) Devem ser respeitados os gabaritos de transporte;
e) Dificuldades para modificações na distribuição dos espaços primitivos;
f) Custo elevado com o transporte dos materiais;
g) Necessidade de investimentos altos para a produção;
h) Necessidade de uma demanda de volume de produção adequada.

2.3 Principais Elementos Pré-fabricados para pisos

2.3.1 Lajes Alveolares

Segundo a NBR 14861/2011, lajes alveolares são peças de concreto produzidas


industrialmente, sob rigorosas condições de controle de qualidade. É caracterizada por
armadura longitudinal ativa, que engloba totalmente a armadura inferior de tração necessária e
por ausência de armadura transversal de cisalhamento. Sua seção transversal é alveolar, com a
presença de almas de concreto e alvéolos, conforme mostra a figura 8.

Figura 8: Laje alveolares

Fonte: ABNT NBR 14861/2011, p. 2.

Segundo MELO (2007), o sistema de lajes alveolares é o que objete maior sucesso na
construção civil, por ser de fácil instalação, não necessitar de escoramento, atingir grandes vãos,
facilitando o layout e otimizando a estrutura, seja ela moldada no local, metálica ou de
elementos reticulados de pré-fabricados.
22

As alturas de lajes mais usuais são de 15 cm, 20 cm, 25 cm, 26,5 cm, 30 cm e 32 cm,
podendo chegar até 40 e 50 cm. Os painéis tem largura que variam de 1,20 m ou 1,25 m,
dependendo do fabricante e podem ter comprimento mínimo de 1,0 m e máximo podendo
ultrapassar os 15,0 m. Além disso, as lajes alveolares são conhecidas por ter a capacidade de
suportar grandes sobrecargas, que para lajes de vão pequenos podem ultrapassar os 5000 kg/m².
A grande eficiência estrutural das lajes alveolares e seu menor custo são alcançados
quanto maior a padronização e racionalização do projeto. Por ser um processo totalmente
industrializado, quanto menos intervenção manual for realizada durante a produção, como
recortes ou reforços, mais rápida é a fabricação e menor seu custo.
As lajes alveolares de piso recebem uma capa estrutural de no mínimo 5,0 cm, que além
da função de distribuir eventuais esforços pontuais, também trabalha em conjunto com a laje,
sendo considerada sua contribuição para o dimensionamento. Segundo INFORSATO (2009),
esta capa também permite a solidarização da laje com as vigas e faz com que as vigas recebam
um acréscimo de seção, que é caracterizado como seção composta.
Em relação ao projeto a paginação é o aspecto mais importante, pois garante a
viabilidade econômica do sistema. A laje pode ser cortada longitudinalmente para corrigir a
modulação, porém isso gera grande perda de material e entulho na fábrica, e consequentemente
prejuízo para o empreendedor.
O processo de paginação consiste em posicionar as lajes lado a lado e, caso a modulação
não esteja no módulo de 1,20 m ou 1,25 m, o ideal é colocar apenas uma laje recortada para
acertar o módulo. Caso sobrem espaços no pano sem preenchimento, pode-se considerar uma
faixa de concretagem no local no momento do capeamento, desde que tal faixa possua largura
de no máximo 25 cm. Neste caso há a necessidade da execução de forma e escoramento da
faixa. A figura 9 mostra exemplos de paginação de lajes alveolares.
Conforme a NBR 14861/2011, a distância de apoio recomendada das lajes alveolares
sobre as vigas é de, no mínimo, metade da altura da laje.
23

Figura 9: Paginação de lajes alveolares

Fonte: INFORSATO, 2009, p. 18.

2.3.2 Lajes PI (π) ou duplo T

Outro tipo de laje bastante comum no sistema de pré-fabricados, porém em desuso


devido à utilização das lajes alveolares e à pouca aceitabilidade dos arquitetos, é a laje duplo T.
Segundo MELO (2007), estas lajes apresentam distância padronizada entre nervuras de 125 cm
e têm a mesa total com 250 cm. Possuem nervuras esbeltas e por esse motivo um dos problemas
é verificar sua resistência ao cisalhamento. A figura 10 mostra uma seção transversal típica de
uma laje duplo T.
Esse tipo de laje também é caracterizado por conseguir atingir grandes vãos e suportar
altas sobrecargas. No caso de sobrecargas muito grandes, é possível a diminuição da mesa, para
que existam mais nervuras no mesmo pano de laje.
24

Figura 10: Seção transversal típica de uma laje duplo T

Fonte: Elaborado pelo autor.

As lajes duplo T necessitam de chumbadores metálicos posicionados em suas bordas ao


longo do seu comprimento, para que após a montagem sejam soldadas umas nas outras, para
que todas trabalhem juntas. Além disso, assim como as lajes alveolares, também recebem um
capeamento com altura mínima de 5,0 cm.

2.3.3 Vigas

MELO (2007) comenta que as vigas são os elementos estruturais mais bem estudados
dentro do cálculo estrutural. No sistema pré-fabricado de concreto, elas podem ser armadas ou
protendidas e possuem diversos formatos para diversas finalidades. A figura 11 mostra os
principais tipos de vigas utilizados.

Figura 11: Principais seções transversais de vigas pré-fabricadas

Fonte: Elaborado pelo autor.


25

Com exceção das vigas calhas (e) e f)), todas as demais têm, entre outras finalidades, a
função de servir como apoio de lajes. Entre elas, as vigas retangulares e “I” são as mais
versáteis, podendo apoiar lajes tanto de um como dos dois lados. Já a viga vaso é exclusiva para
o apoio de dois panos de lajes e a viga “L” apenas um.
Uma das vantagens das vigas “T”, é que utilizando sua largura igual à dos pilares, as
lajes ficam apoiadas apenas sobre as abas, eliminando a necessidade de recorte nas lajes nas
regiões em que estão os pilares, problema inevitável quando utilizam-se vigas retangulares,
conforme mostra a figura 12.

Figura 12: Recorte das lajes nas regiões dos pilares

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como comentado anteriormente, em obras pré-fabricadas costuma-se complementar a


seção pré-fabricada com uma capa de concreto, que trabalha como seção composta a partir do
endurecimento do concreto. Desta forma, a viga, em geral, tem no início uma seção apenas pré-
moldada e a partir de uma etapa da obra ela trabalha como seção composta. Para que possa ser
considerara a viga como seção composta, deve ser verificada a tensão de aderência entre a capa
e o concreto pré-moldado. A figura 13 mostra as seções transversais das vigas, considerando-
se a seção composta.
Para vigas protendidas, a seção ideal, mais eficiente, pode ser determinada pelo
chamado Rendimento de Guyon, através da equação abaixo. Quanto maior o valor do
rendimento, mas facilmente a força de protensão irá gerar somente tensão de compressão.
26

Figura 13: Vigas pré-fabricadas com seções compostas

Fonte: Elaborado pelo autor.

I
R (1)
A  y s  yi

Onde:

R é o rendimento de Guyon;
I é a inércia da seção pré-fabricada;
A é a área da seção pré-fabricada;
ys e yi são, respectivamente, a distância do centro de gravidade até a borda superior e
inferior.

Segundo INFORSATO (2009), embora a seção “I” possua um maior rendimento, sendo
mais vantajosa do ponto de vista estrutural, o aspecto estético da viga retangular para
edificações residenciais e comerciais conta muito, sendo muito impostas como solução
obrigatória pelos projetos de arquitetura.
27

3 CONCRETO PROTENDIDO

3.1 Fundamentos do Concreto Protendido

O concreto é um material de boa resistência à compressão, porém pouca resistência à


tração. Para solucionar este problema, em elementos de concreto submetidos à flexão, dispõe-
se uma armadura na zona tracionada, a qual impedirá sua ruptura da quando o concreto romper
por tração. A esta combinação dos dois elementos, chamamos de concreto armado.
Em geral, em vigas de concreto armado, são utilizadas armaduras da classe CA-50 e
CA-60. Estas, só passam a trabalhar quando o concreto que às envolvem começa a se deformar.
Segundo CARVALHO (2012), diz-se então que a armadura é do tipo passiva, ou seja, só
funciona depois de solicitada pela deformação advinda do concreto que à envolve.
Embora o concreto armado possua inúmeras vantagens, em geral, as vigas trabalham
fissuradas, mesmo com a presença da armadura. Isto faz com que os deslocamentos se
amplifiquem, sendo necessário aumentar as dimensões dos elementos para evitar que flechas
muito elevadas prejudiquem impeçam a utilização da edificação. Além disso, a fissuração
também acarreta na corrosão das armaduras, um dos grandes responsáveis pela diminuição da
vida útil das estruturas.
Conforme LEONHARDT (1983), a deficiente resistência à tração do concreto fez com
que, desde o início, se pensasse em colocar sob compressão as zonas tracionadas das estruturas
de concreto, através de uma protensão, de tal modo que os esforços de tração tenham, em
primeiro lugar, de anular estas tensões de compressão antes que surjam tensões de tração no
concreto, ou seja, desejava-se aplicar um estado prévio de tensões, buscando melhorar as
propriedades dos elementos.
Segundo a NBR 6118/2014, os elementos de concreto protendido são aqueles em que
parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de protensão, com a
finalidade de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os deslocamentos da
estrutura, bem como propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta resistência no estado-
limite último (ELU). Neste caso, como a armadura é submetida a tensões antes do elemento de
concreto começar a receber carregamentos e a se deformar, ela recebe o nome de armadura
ativa.
Para se confeccionar uma peça tanto de um concreto (concreto armado) quanto de
outro (concreto protendido), os materiais utilizados são os mesmos: cimento,
agregados graúdos e miúdos, água e aço convenientemente dispostos. A principal
28

diferença entre ambos está no tipo de aço empregado, assim como no procedimento
executivo. [...]. Ainda que haja diferença no topo de armadura empregada em um caso
e outro, as peças de concreto armado e protendido funcionam da mesma forma, sendo
portanto, errôneo imaginar que é necessário estabelecer regras de projeto e execução
(Normas Técnicas) diferentes para os dois tipos de elementos. O protendido pode ser
considera como um “concreto armado” em que parte ou quase a totalidade da
armadura é ativa. (CARVALHO, 2012, p. 11).

BUCHAIM (2007) fala que a operação de protensão consiste em estirar a armadura


contra a própria peça de concreto, a fim de comprimir a zona que será tracionada pela carga. A
armadura de protensão deve ter alta resistência, aproximadamente 2 a 4 vezes a da armadura
comum, por causa das perdas de protensão, principalmente daquelas que ocorrem ao longo do
tempo por fluência e retração do concreto e por fluência do aço de protensão.
Os aços de protensão são identificados pela sigla CP, seguida do valor em kgf/mm², da
tensão aproximada de ruptura do aço que compõe a cordoalha. Adiciona-se ainda na
denominação a sigla RN ou RB, indicando se o aço é de relaxação normal ou baixa. As
categorias mais utilizadas no Brasil são os aços CP 175 RB e CP 190 RB.

3.2 Vantagens e desvantagens da protensão

A bibliografia existente sobre o concreto protendido é farta ao mencionar as vantagens


desse sistema. Conforme LEONHARDT (1983), BUCHAIM (2007), CARVALHO (2012) e
CHOLFE e BONILHA (2013) citam como as principais vantagens:

a) Manor custo do aço levando-se em consideração o custo do kg pela força desenvolvida;


b) Estruturas mais leves que as similares em concreto armado;
c) Possibilidade de atingir grandes vãos com peças mais esbeltas;
d) Estruturas com grande durabilidade;
e) Boa resistência ao fogo;
f) Adequado para o uso da pré-moldagem, devido às características de peso menor e
controle de fissuração;
g) A diminuição da fissuração;
h) As estruturas apresentam menores deformações em relação às de concreto armado;
i) Maior controle da propriedade dos materiais aço e concreto, pois como o aço e o
concreto são colocados sob carga durante a protensão, costuma-se afirmar que a
estrutura protendida se apresenta com as propriedades dos seus materiais testada;
j) Impedimento ou minoração da corrosão da armadura;
29

k) Maior resistência à fadiga do aço de protensão em relação ao aço comum;


l) Maior resistência ao cisalhamento em relação a elementos de concreto armado;
m) Possibilita a execução de lajes lisas (sem vigas) de grandes vãos em edifícios, reduzindo
facilitando a execução e a rapidez de desforma.

Em relação às desvantagens pode-se citar:

a) Peso final relativamente alto se comparado às estruturas metálicas;


b) Condutibilidade alta de calor e som.
c) Dificuldade, em algumas situações, para a execução de reformas;
d) Necessidade de colocação de elementos específicos e mão-de-obra específica;
e) Nos casos em que a armadura protendidas não está protegida por bainhas (pré-tração),
o efeito da corrosão pode ser danoso, devendo-se ter cuidados especiais com a fissuração
e os cobrimentos;
f) Erros de projeto ou construção podem resultar em ruínas das estruturas, quando a
protensão estiver sendo empregada;
g) Há maior risco de vibrações por cargas móveis, decorrente da elevada esbeltes das
peças.

3.3 Sistemas de Protensão

Em função do sistema construtivo e do modo como a força de protensão, durante a


construção, é transferida para a seção de concreto, as peças protendidas classificam-se em:
protensão com aderência posterior, protensão sem aderência e protensão com aderência inicial.

3.3.1 Protensão com aderência posterior

É também chamada de pós-tração com aderência. Neste as armaduras de protensão são


colocas previamente dentro de bainhas metálicas no interior da viga e a protensão só é aplicada
quando o concreto já estiver endurecido. A aderência se dá posteriormente, através da injeção
de uma calda de cimento no interior das bainhas, com o auxílio de bombas injetoras. Geralmente
os cabos são pós tracionados por meio de macacos hidráulicos especiais, que se apoiam nas
próprias peças de concreto já endurecido. Segundo VERÍSSIMO e CEZAR JR. (1998), nos
sistemas mais comuns, os cabos são ancorados nas extremidades das peças por placas de
30

ancoragens com cunhas metálicas. Esse sistema é bastante utilizada para a execução de vigas
de pontes ou viadutos com grandes vãos.

3.3.2 Protensão sem aderência

Na protensão sem aderência ou pós-tração sem aderência, a protensão também só é


aplicada após o endurecimento do concreto, porém não é criada a aderência entre a armadura e
o concreto. Conforme CHOLFE e BONILHA. (2013), a ligação entre a armadura e o concreto
ocorre apenas nas ancoragens exatamente nos pontos onde a forma de protensão é transferida
ao elemento estrutural.
Neste sistema, são utilizadas as cordoalhas engraxadas que são aquelas que recebem um
banho de graxa mineral e são revestidas por extrusão com polietileno de alta densidade. Esta
graxa tem a função de proteger a armadura contra a corrosão, já que não a proteção mecânica
proporcionada pelo concreto.

3.3.3 Protensão com aderência inicial

Também chamada por pré-tração, a protensão com aderência inicial é largamente


empregada na produção de pré-fabricados em pistas de protensão. Neste sistema a armadura é
previamente protendida e ancorada em blocos que ficam na cabeceira da pista, conforme mostra
figura 14. Então, as peças são concretadas e após o concreto ter resistência suficiente para
resistir aos esforços gerados pela protensão, as cordoalhas cortadas e liberadas das cabeceiras
de ancoragem, assim, a força de protensão é transferida para o concreto pela aderência.

Figura 14: Esquema de uma pista de protensão típica

Fonte: VERÍSSIMO, 1998, p. 7.


31

Segundo HANAI (2005), as pistas de protensão têm comprimento entre 80 e 200 m,


tendo em vista a capacidade de produção da fábrica, a tipologia dos componentes a serem nela
produzidos, a dimensão do terreno, o comprimento comercial dos fios e cordoalhas de aço
especial para protensão e o curso dos macacos de protensão.
Uma das características importantes da pré-tração é que, diferentemente dos casos de
pós-tração, a armadura longitudinal é constituída de cordoalhas retas, paralelas à pista de
protensão. Nos casos de pós-tração é possível variar a altura dos cabos ao longo do
comprimento da peça (figura 15), promovendo uma curvatura que pode acompanhar o diagrama
de momentos. Desta forma, evita-se o surgimento de tensões de tração elevadas, causadas pelo
momento de protensão, em regiões em que o momento fletor devido aos carregamentos é
pequeno.

Figura 15: Posicionamento das armaduras em vigas pós-tracionadas

Fonte: CHOLFE e BONILHA, 2013, p. 39.

Segundo CARVALHO (2012), na pré-tração, o posicionamento reto dos cabos gera um


momento de protensão uniforme ao longo do elemento. Imaginando a viga biapoiada e
submetida a uma ação uniforme, o diagrama de momentos fletor das ações atuantes varia com
a equação de uma parábola de segundo grau, com um momento máximo no meio do vão e nulo
nas extremidades. Assim, o diagrama resultante de momento (protensão e ação externa)
apresenta grande intensidade próximo aos apoios. Para combater este efeito, antes do
lançamento do concreto, são colocando tubos plásticos envolvendo a armadura em um pequeno
trecho próximo aos apoios, em apenas algumas cordoalhas. Esse procedimento faz com que as
cordoalhas isoladas não gerem momento de protensão, conforme apresenta a figura 16 b1. Desta
maneira o diagrama final de momento fletor já não apresenta valores máximos de mesma ordem
de grandeza que o anterior, principalmente próximo aos apoios (figura 16 b3).
32

Figura 16: Diagrama de momentos em viga pré-tracionadas sem e com isolamento de


cordoalhas

Fonte: CARVALHO, 2012, p. 18.

O autor ainda comenta que, na verdade, o esforço de protensão não se introduz


pontualmente, como é sugerido na figura acima. É preciso ainda considerar que nas
extremidades dos elementos existe uma introdução gradual da protensão.

3.4 Tipos de Protensão

Os tipos de protensão estão relacionados à durabilidade das peças e aos estados limites
de utilização referentes à fissuração. Segundo CARVALHO (2012), no caso da armadura ativa,
o risco de corrosão é maior que as armaduras passivas devido à intensidade da tensão atuante
na primeira, assim, os cuidados a serem tomados quanto à fissuração em peças de concreto
protendido são maiores que em peça de concreto armado.
Segundo a NBR 6118/2014, a protensão pode ser classificada em: protensão parcial,
protensão limitada e protensão completa. O que define o tipo de protensão a ser utilizada é a
classe de agressividade ambiental (CAA) em que se encontra a o elemento estrutural e o sistema
de protensão utilizado. A tabela 1 apresenta os tipos de protensão e as exigências de
durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção das armaduras.
33

Tabela 1: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em


função das classes de agressividade ambiental

Fonte: ANBT NRB 6118/2014, p. 80.

3.4.1 Protensão parcial

A protensão parcial é utilizada nos casos de pré-tração com classe de agressividade I ou


pós-tração com classes de agressividade I e II. Deve ser respeitado o estado limite de abertura
de fissuras (ELS-W), onde as fissuras não podem apresentar aberturas maiores que 0,2 mm.
Para a verificação do ELS-W, deve ser considerada a combinação frequente de ações que,
segundo a NBR 8681/2003, pode ser definida por:

m n
Fd ,uti   FGi ,k   1  FQ1,k   2 j  FQj ,k (2)
i 1 j 2

Onde:
FGi,k são as ações permanentes características;
FQ1,k é a ação variável principal característica;
FQj,k são as ações variável secundárias características;
Ψ1 é o coeficiente de redução das cargas variáveis, apresentado na tabela 2;
34

Ψ2 é o coeficiente de redução das cargas variáveis, apresentado na tabela 2.

Tabela 2: Valores dos fatores de combinação e de redução para as ações variáveis

Fonte: ANBT NBR 8681/2003, p. 11.

3.4.2 Protensão limitada

A protensão limitada deve ser utilizado para os casos de pré-tração com classe de
agressividade ambiental II e pós-tração com classe de agressividade ambiental III e IV. Neste
tipo de protensão devem ser respeitadas duas condições: o estado limite de formação de fissuras
(ELS-F) e o estado limite de descompressão (ELS-D).
Para a verificação do estado do ELS-F, a tensão máxima de tração na seção transversal
não pode ser maior que a resistência do concreto à tração na flexão e a combinação de frequente
de ações, expressa pela equação 2.
Já na verificação do ELS-D, não deve haver tensão de tração em nenhum ponto da seção
transversal. Para esta verificação deve ser considerada a combinação quase permanente de
ações, expressa por:
35

m n
Fd ,uti   FGi ,k  2  FQj ,k (3)
i 1 j 1

Onde:
FGi,k são as ações permanentes características;
FQi,k são as ações variáveis características;
Ψ2 é o coeficiente de redução das cargas variáveis, apresentado na tabela 2.

3.4.3 Protensão completa

A protensão completa é a mais rigorosa e deve ser utilizada apenas no caso da pré-tração
em classe de agressividade ambiental III e IV. Neste caso, também deve-se verificar o ELS-F e
o ELS-D, porém as combinações de ações são diferentes da protensão limitada, pois para o
ELS-F é considerada a combinação rara de ações e para o ELS-D a combinação frequente. A
combinação rara é determinada por:

m n
Fd ,uti   FGi ,k  FQ1,k   1 j  FQj ,k (4)
i 1 j 2

Onde:
FGi,k são as ações permanentes características;
FQ1,k é a ação variável principal característica;
FQj,k são as ações variável secundárias características;
Ψ1 é o coeficiente de redução das cargas variáveis, apresentado na tabela 2;

3.5 Tensão inicial de protensão

Para evitar que ocorra o escoamento ou relaxação não linear da armadura de protensão
e que também não haja a possibilidade de danos na ancoragem por esforço muito alto, a norma
NBR 6118/2014 estabelece que, durante as operações de protensão, a força de tração na
armadura não deve superar os valores decorrentes da limitação das tensões no aço,
correspondentes a essa situação transitória, para o caso da pré-tração fornecidos abaixo:
36

Para aços RN:

0,77  f ptk
 pi   (5)
0,90  f pyk

Para aços RB:

0,77  f ptk
 pi   (6)
0,85  f pyk

Onde:

f pyk  0,9  f ptk

3.6 Perdas de Protensão

As tensões iniciais aplicadas nas armaduras protendidas não permanecem constantes ao


longo do cabo e ao longo do tempo. A força de protensão aplicada nos cabos tendem a ter uma
diminuição de intensidade e, esse efeito, chamamos de perdas de protensão, que podem ser
classificadas em perdas imediatas e perdas diferidas ou ao longo do tempo.
Segundo CARVALHO (2012), as primeiras são devidas, principalmente, à forma como
se procede a protensão e às propriedades elásticas do aço e do concreto. As perdas diferidas se
devem às propriedades visco elásticas tanto do concreto como do aço.
No caso da pré-tração, as principais perdas imediatas são:

a) Perda por acomodação da ancoragem;


b) Perda por relaxação da armadura;
c) Perda por deformação imediata do concreto;

Quanto às perdas diferidas, podem ser classificadas como:

a) Perda por retração do concreto;


b) Perda por efeito da fluência do concreto;
c) Perda por relaxação da armadura de protensão.
37

3.6.1 Perdas Imediatas

3.6.1.1 Perda por Acomodação da Ancoragem

Quando se finaliza a operação de protensão, o aço previamente alongado tenta volta à


posição inicial. Neste momento ocorre um pequeno encurtamento dos cabos ocasionado pela
acomodação do cone macho da ancoragem introduzido no cone fêmea, provocando uma queda
de tensão nos mesmo. Segundo TREVISOLI (2015), para a pré-tração este tipo de perda ocorre
de maneira uniforme ao longo de toda a cordoalha no momento em que o cabo é ancorado na
extremidade oposta da pista.
Essa perda pode ser determinada por:

l  E p
 ancor  (7)
l

Onde:

 ancor é a perda de tensão devido à acomodação da acoragem;

l é o encurtamento que o cabo sofre durante a ancoragem


Ep é o módulo de elasticidade do aço;
l é o comprimento da pista de protensão.

3.6.1.2 Perda por relaxação da armadura

Segundo HANAI (2005), a relaxação do aço corresponde à diminuição da tensão no


aço, que ocorre quando a armadura, deformada por uma solicitação inicial, é mantida com
comprimento constante, ou seja, ocorre um alívio de tensão na armadura enquanto ela é mantida
com deformação constante.
Na pré-tração, entre o período do estiramento da armadura e a cura do concreto, há uma
perda de protensão devido a relaxação da armadura, cujo procedimento de cálculo é discutido
no item 3.6.2.3.
38

3.6.1.3 Perda por deformação imediata do concreto

Na pré-tração, com a liberação da armadura das ancoragens da cabeceira da pista, a força


de protensão é transferida ao concreto, que se deforma. Essa deformação acarreta na perda de
tensão na armadura, que está aderida ao concreto.
A perda por deformação imediata do concreto depende do peso próprio e da relação
entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto. A expressão para cálculo é dada por:

 N p N p  e 2 M g1  e 
 p        (8)
 A I I 
 

Onde:

Ep

Ec
Ep é o módulo de elasticidade do aço de protensão;
Ec é o módulo de elasticidade do concreto;
Np é a força de protensão atuando na peça;
A é a área da seção transversal do concreto;
I é a inércia da peça;
Mg1 é o momento devido ao peso próprio.

3.6.2 Perdas diferidas

3.6.2.1 Perda por retração do concreto

Segundo CARVALHO (2012) a retração é a variação volumétrica do concreto, que


começa a ocorrer logo após o seu lançamento devido, principalmente, à saída de água que não
reage com o cimento. Para determinar a perda por retração, só interessa a parte do fenômeno
que ocorre depois da atuação da protensão.
Imaginando inicialmente que se tem a retração livre e, desta forma, o encurtamento que
o concreto de uma seção estudada será igual a  c ,c t0 ,   , e que havendo a aderência entre o
39

 
concreto e a armadura  p   cs t ,t0  corresponderá a um encurtamento na armadura e assim

uma perda de tensão dada por:

 p ,s t , t0    cs t , t0   E p (9)

O valor da retração do concreto depende da umidade relativa do ambiente, da


consistência do concreto no lançamento e da espessura fictícia da peça.
Entre os instantes t0 e t, a retração é dada por:

 cs t , t0    cs   s t    s t0  (10)

Onde:

 cs é o valor da retração final;


 cs  1s   2 s

 1s é o coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente e da consistência do


concreto;
 2 s é o coeficiente que depende da espessura fictícia da peça.

 s t  ou  s t0  são coeficientes relativos à retração, no instante t ou t0.


O valor de  1s , para abatimento do concreto de 5 cm a 9 cm e umidade relativa do ar
entre 40% e 90%, pode ser determinado por:

 U   U   U
2 3
  U 4 
104 1s   8,09             (11)
  15   2284   133765  7608150

Para abatimento entre 0 cm e 4 cm  1s é 25% menor, e para abatimentos entre 10 cm e

15 cm, 25% maior.


O valor de  2 s pode ser determinado por:

33  2  h fic
 2s  (12)
20,8  3  h fic
40

Onde:

hfic é a espessura fictícia da peça, em cm, determinada por:

2  Ac
h fic    (13)
u ar

Onde:

  1  exp 7,8  0,1  U  ;


Ac é a área da seção de concreto, em cm²;
uar é o perímetro do elemento em contato com o ar

Os valores de  s podem ser calculados de forma analítica pela expressão retirada da

norma NBR 6118/2014:

3 2
 t   t   t 
   A   B  
 s t    100   100   100  (14)
3 2
 t   t   t 
   C    D  E
 100   100   100 
Onde:
A  40 ;
B  116  h3  282  h2  220  h  4,8 ;

C  2,5  h3  8,8  h  40,7 ;

E  169  h4  88  h3  584  h2  39  h  0,884 ;


t é a idade fictícia do concreto em dias, que quando não se utiliza a cura a vapor pode
ser expressa por:

Ti  10
t    tef ,i (15)
30

Onde:
41

 é o coeficiente dependente da velocidade de endurecimento do cimento, que na falta


de dados experimentais, pode ser determinado pela tabela 3;
Ti é a temperatura média diária do ambiente, expressa em graus Celsius (ºC);
tef ,i é o período, expresso em dias, durante o qual a temperatura média diária do

ambiente, Ti, pode ser admitida constante;

Tabela 3: Valores da fluência e da retração em função da velocidade de endurecimento do


cimento

Fonte: ANBT NBR 6118/2014, p. 214.

3.6.2.2 Perda por fluência do concreto

Segundo TREVISOLI (2015), a fluência do concreto são as deformações que ocorrem


no material sob um esforço constante (fluência pura). Por isso, o elemento se mantém sob
constante encurtamento ao longo do tempo.
Na prática não há fluência pura, já que a tensão nas cordoalhas é reduzida ao longo do
tempo, mas por conveniência de cálculo e a favor da segurança, considera-se a fluência pura.
Assim, como na retração, supõe-se que se tem fluência pura e desta forma o
encurtamento do concreto de uma seção estudada será igual a  c,c t0 ,   e que havendo

 
aderência entre o concreto e a armadura  p   c,c t ,t0  corresponderá a um encurtamento na

armadura e assim uma perda de tensão dada por:


42

 p ,c t , t0    c,c t , t0   E p (16)

Ou ainda:

 p ,c t , t0    c,0   t , t0   E p (17)

E:

 cgp
 p ,c t , t0     t , t0   E p (18)
Ec

Com, finalmente:

 p,c t , t0    cgp   t , t0    p (19)

A tensão  cgp é a que ocorre no nível do concreto do centro de gravidade da armadura

de protensão e devido à ação das cargas permanentes, inclusive a protensão sendo dada pela
expressão:

Np N p  e2 M gi
 cgp    i
e (20)
A I I

Onde:

Np é a força de protensão;
A é a área da seção transversal do elemento de concreto;
e é a excentricidade dos cabos de protensão;
I é a inércia da seção transversal:
Mg são os momentos fletores devido aos carregamentos permanentes;

A deformação por fluência do concreto (  cc ) compõe-se de duas partes, uma rápida e

outra lenta. A fluência rápida (  cca ) é irreversível e ocorre durante as primeiras 24 horas após
43

a aplicação da carga que a originou. A fluência lenta, por sua vez, é composta por duas outras
parcelas: a deformação lenta irreversível (  ccf ) e a deformação lenta reversível (  ccd ). Assim:

 cc   cca   ccf   ccd (21)

A deformação total do concreto pode ser dada por:

 c,tot   c   cc   c 1    (22)

Onde:

 c é a deformação imediata, por ocasião do carregamento;

  a   f  d (23)

Onde:

a é o coeficiente de deformação rápida;

 f é o coeficiente de deformação lenta irreversível;


d é o coeficiente de deformação lenta reversível.

Segundo CARVALHO (2012), para o cálculo da fluência quando as tensões no concreto


são as de serviço, admitem-se as seguintes hipóteses:

a) A deformação por fluência  cc varia linearmente com a tensão aplicada;

b) Para acréscimos de tensão aplicados em instantes distintos, os respectivos efeitos de


fluência se superpõem;
c) A fluência rápida produz deformações constantes ao longo do tempo; os valores do
coeficiente a são função da relação entre a resistência do concreto no momento da
aplicação da carga e a sua resistência final;
44

d) O coeficiente de deformação lenta reversível d depende apenas da duração do

carregamento; o seu valor final e o seu desenvolvimento ao longo do tempo são


independentes da idade do concreto no momento da aplicação da carga;
e) O coeficiente de deformação lenta irreversível  f depende de:

- Umidade relativa do ambiente;


- Consistência do concreto no lançamento;
- Espessura fictícia da peça hfic;
- Idade t0 no instante da aplicação da carga;
- Idade fictícia do concreto no instante considerado (t).
f) Para o mesmo concreto, as curvas de deformação lenta irreversível em função do
tempo, correspondentes a diferentes idades do concreto no momento do
carregamento, são obtidas, umas em relação às outras, por deslocamento paralelo ao
eixo das deformações, conforme a figura 17.

Figura 17: Variação de εccf

Fonte: ANBT NBR 6118/2014, p. 209.

Assim, o valor da deformação específica total do concreto é dada por:

c
 cc t , t0    cca   ccf   ccd    t , t0  (24)
Ec 28
Com Ecs28 , determinado por:

Ecs  i  Eci (25)


45

Onde:

f ck
 i  0,8  0,2   1,0 (26)
80
Eci   E  5600 f ck , para concretos de 20 MPa a 50 MPa; (27)
1/ 3
f 
Eci  21500  E   ck  1,25 , para concretos de 55 MPa a 90 MPa. (28)
 10 

Com:

 E  1,2 para agregado graúdo constituído por basalto e diabásio;


 E  1,0 para agregado graúdo constituído por granito e gnaisse;
 E  0,9 para agregado graúdo constituído por calcário;
 E  0,7 para agregado graúdo constituído arenito;
O coeficiente de fluência  t ,t0  , válido também para a tração é dado por:

 t , t0    a   f   f t    f t0    d   d
(29)

Onde:

t é a idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias;


to é a idade fictícia do concreto ao ser feito o carregamento único, em dias;
a é o coeficiente de fluência rápida, determinado por:

 f c (t0 ) 
 a  0,8  1   , para concretos das classes C20 à C45; (30)
 f c (t ) 

 f c (t0 ) 
 a  1,4  1   , para concretos das classes C50 à C90. (31)
 f c (t ) 

Onde:
46

f c (t 0 )
é a função do crescimento da resistência do concreto com a idade, que
f c (t  )

pode ser obtida usando a expressão:

f cj
1  (32)
f ck

Com:


   28   
1/ 2

1  exps  1      (33)
   t   
 

Onde:

t é a idade efetiva do concreto, em dias;


s = 0,25 para cimentos CPI e CPII;
s = 0,38 para cimentos CPIII e CP IV;
s = 0,20 para cimentos CPV-ARI;

 f  1c  2c é o valor final do coeficiente de deformação lenta reversível;

1c é o coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente U, em porcentagem, e


da consistência do concreto. Para abatimento do concreto no intervalo de 5 cm a 9 cm e umidade
relativa do ar menor que 90 %, pode ser determinado por:

1c  4,45  0,035U (34)

Para valores de abatimento entre 0 cm e 4 cm o valor de 1c é 25% menor, e para


abatimentos entre 10 cm e 15 cm, 25 % maior.

 2c é o coeficiente dependente da espessura fictícia hfic da peça, que pode ser expresso
por:
47

42  h fic
2c  (35)
20  h fic

Onde:

hfic é a espessura fictícia em cm.

 f t  ou  f t0  é o coeficiente relativo à deformação lenta irreversível, em função da


idade do concreto, expresso por:

t2  At  B
 f (t0 )  (36)
t2  C t  D

Onde:

t é a idade fictícia do concreto, em dias;


A  42  h3  350 h2  588 h  113;
B  768 h3  3060 h 2  3234 h  23 ;
C  200 h3  13 h 2  1090 h  183 ;
D  7579 h3  31916 h 2  35343 h  1931;
h é a espessura fictícia do concreto, em metros; para valores de h fora do intervalo (0,05
≤ h ≥ 1,6), adotam-se os extremos correspondentes;

d é o valor final do coeficiente de deformação lenta reversível que é considerado igual
a 0,4.

 d (t ) é o coeficiente relativo à deformação lenta reversível em função do tempo (t-t0)


decorrido após o carregamento, expresso por:

t  t0  20
 d (t )  (37)
t  t0  70
48

3.6.2.3 Perda por relaxação da armadura

A intensidade da relaxação pura do aço (deformação constante) é determinada pelo


coeficiente  t ,t0  definido por:

 pr t , t0 
 t , t0   (38)
 pi
Onde:

 pr t ,t0  é a perda de tensão por relaxação pura desde o instante t0 do estiramento até

o instante t considerado;
 pi é a tensão da armadura de protensão no instante do seu estiramento;

Os valores médios de relaxação, medidos após 1000 h à temperatura constante de 20ºC


para as perdas de tensão referidas a valores básicos da tensão inicial de 50% a 80% da
resistência característica f ptk  1000  estão reproduzidos na tabela 4.

Tabela 4: Valores de ψ1000, em porcentagem

Fonte: ABNT NBR 6118/2014, p.32

Os valores correspondentes a tempos diferentes de 1000 horas, sempre a 20ºC, podem


ser determinados a partir da seguinte expressão, onde o tempo deve ser expresso em dias:

0 ,15
 t  t0 
 t , t0    1000    (39)
 41,67 
49

Para tensões inferiores a 0,5 fptk, admite-se que não haja perda de tensão por relaxação.
Para tensões intermediárias entre os valores da tabela 4, pode ser feita a interpolação linear.
No tempo infinito, pode-se considerar que o valor de  t ,t0  é dado por

 t, t0   2,50  1000 .

3.6.2.4 Perdas ao longo do tempo considerando a simultaneidade das perdas

Segundo CARVALHO (2012), os valores parciais e totais das perdas progressivas de


protensão, decorrentes da retração e fluência do concreto e da relaxação do aço de protensão,
devem ser determinados levando-se em conta a interação dessas causas, podendo ser utilizados
três processos para essa consideração: método simplificado para o caso de fases únicas de
operação, processo aproximado e método geral de cálculo. Nesses processos admite-se que
exista aderência entre a armadura e o concreto e que a peça permaneça no estádio 1.
Por simplificação, optou-se neste trabalho pela utilização do método simplificado para
o caso de fases únicas de operação.
Este caso é aplicável quando são satisfeitas as condições seguintes:

a) A concretagem da peça, bem como a protensão, são executadas cada uma delas em
fases suficientemente próximas para que se desprezem os efeitos recíprocos de uma
fase sobre a outra;
b) Os cabos possuem entre si afastamentos suficientemente pequenos em relação à
altura da seção da peça, de modo que seus efeitos possam ser supostos equivalentes
ao de um único cabo, com seção transversal de área igual à soma das áreas das seções
dos cabos componentes, situado na posição da resultante dos esforços neles atuantes
(cabo resultante).

Nesse caso, admite-se que no tempo t as deformações progressivas do concreto e do aço


de protensão, na posição do cabo resultante, sejam dadas por:

 cs t , t0   E p   p   c, p 0 g   t , t0    p 0   t , t0 
 p t , t0   (40)
 p   c   p    p

Com:
50

 c, p0 g  c t , t0 
 ct    t , t0    c    cs t , t0  (41)
Eci 28 Eci 28

 p0  p t , t0 
 pt    t , t0    p (42)
Ep Ep

Onde:

 c , p 0 g é a tensão no concreto devida à protensão e à carga permanente;

 t ,t0  é o coeficiente de fluência do concreto no instante t para a protensão e a carga


permanente, aplicadas no instante t0;
 p 0 é a tensão na armadura ativa devida à protensão e à carga permanente mobilizada

no instante t0;
 t ,t0  é o coeficiente de fluência do aço igual a  ln1  t , t0  ;
 cs t ,t0  é a retração no instante t, descontada a retração ocorrida até o instante t0;

 t ,t0  é o coeficiente de relaxação do aço no instante t para protensão e a carga


permanente mobilizada no instante t0;
c  1  0,5   t, t0  ;

 p  1   t , t0  ;

 c t ,t0  é a variação da tensão no concreto adjacente ao cabo resultante entre t0 e t;

 p t , t0  é a variação da tensão no aço de protensão entre t0 e t.

Ap
 p é a taxa geométrica da armadura de protensão = ;
Ac

e p  Ac
2

 1 ;
Ic

ep é a excentricidade do cabo resultante em relação ao baricentro da seção do concreto;


Ap é a área da seção da armadura de protensão;
Ac é a área da seção transversal do concreto;
Ic é o momento central de inércia na seção do concreto;
Ep
p 
Eci 28
51

3.7 Determinação da Armadura Longitudinal

Segundo CARVALHO (2012), o dimensionamento da armadura longitudinal de flexão


em concreto armado e protendido, deve ser feito atendendo às condições dos estados limites
últimos e de serviço. No concreto armado, dimensiona-se a armadura no estado limite último
de esgotamento da capacidade resistente da seção transversal, chamada de colapso na flexão, e
depois verifica-se se o elemento atende as demais condições de serviço. Já no concreto
protendido, além desta maneira, é comum dimensionar a armadura para as condições de serviço,
neste caso o limite de fissuração, e posteriormente verificá-la na ruptura.
A verificação do estado limite último deve ser feita em duas etapas diferentes:
primeiramente no tempo zero, que é o instante da aplicação da força de protensão, onde está
apenas atuando na peça o momento de peso próprio. Posteriormente verifica-se o elemento no
tempo infinito, onde considera-se todos os carregamentos atuando simultaneamente.
A verificação do estado limite de serviço é feita para duas situações: o estado limite de
serviço de fissuração e o de deformação excessiva.

3.7.1 Seção composta

Segundo INFORSATO (2009), os elementos pré-fabricados apresentam fases distintas


de características geométricas e de carregamentos. Quando o elemento pré-fabricado acaba de
ser produzido em uma fábrica, por exemplo, a seção transversal ali apresentada é caracterizada
como seção em vazio, ou seja, somente a seção do pré-moldado. Já quando esta mesma viga é
transportada e posicionada no seu lugar definitivo, onde receberá o carregamento de laje
alveolar e esta laje posteriormente receberá uma capa de concreto, podemos dizer que esta nova
seção transversal é chamada como seção composta.
Estas diferentes fases de carregamento e geometria das seções podem ser consideradas
no dimensionamento do pré-moldado. A figura 18 apresenta as principais fases de uma viga
com seção composta.
52

Figura 18: Etapas de execução de uma viga pré-fabricada de uma estrutura com pórticos com
ligação semirrígidas

Fonte: Elaborado pelo autor.

A primeira etapa corresponde a seção da viga pré-moldada. A segunda refere-se ao


transporte, posicionando a viga no seu lugar definitivo. A colocação das lajes alveolares
corresponde a terceira etapa. A quarta etapa é o posicionamento das armaduras de ligação, o
projetista define se existe a necessidade de concretagem da ligação neste momento ou somente
na etapa seguinte. A quinta etapa é a concretagem da capa, solidarizando a ligação. Por último,
a sexta etapa é a seção composta final.
Com a aplicação da capa de concreto além da formação da seção composta é possível
que a laje seja calculada como continua para os carregamentos após o endurecimento da capa
de concreto.
Segundo a NBR 9062/2006, permite-se considerar as condições de cálculo como peça
monolítica para as seguintes situações:

a) Colaboração completa para o estado limite último


b) Colaboração parcial para os estados limites de serviço. O estado limite último deve
ser verificado para a parte pré-moldada da peça composta;
53

Na falta de cálculo mais rigoroso, permite-se calcular a peça composta como monolítica,
se a tensão de aderência de cálculo  sd satisfazer as condições:

f yd  As
 sd   s    c  f ctd  0,25  f cd (43)
bs

Onde:

As é a área da armadura atravessando, perpendicularmente, a interface e totalmente


ancorada nos elementos componentes;
fyd é a resistência de cálculo da armadura;
s é o espaçamento da armadura As;
b é a largura da interface;

f ctk ,inf
f ctd  (44)
c

f ctk ,inf  0,7  f ctm (45)

f ct ,m  0,3  3 f ck
2
(46)

Fmd
 sd  (47)
av  b

Onde:

Fmd é o valor médio da força de compressão ou de tração acima da ligação ao longo do


comprimento av;
av é a distância entre os pontos de momento nulo e máximo, respectivamente, na peça;
βs é coeficiente de minoração aplicado à armadura;
βs é coeficiente de minoração aplicado ao concreto;
No caso da superfície de ligação ser intencionalmente áspera com rugosidade mínima
de 0,5 cm em 3,0 cm, os valores dos coeficientes βs e βc são os definidos na tabela 5 a seguir,
54

interpolando-se linearmente para os valores intermediários. Para superfícies lisas ou


naturalmente rugosas, os valores de βs e βc devem ser obtidos após ensaios específicos.

Tabela 5: Valores dos coeficientes βs e βc

Fonte: ABNT NBR 9062/2006

3.7.2 Verificação do Estado Limite de Último (ELU)

3.7.2.1 Tensão na armadura ativa

CARVALHO (2012) comenta que, para a determinação da armadura longitudinal no


estado limite último, pode-se considerar o esforço de protensão como interno, sendo possível
tratar o dimensionamento como um caso de flexão simples onde o efeito da protensão entra
apenas no equilíbrio do momento fletor. É um procedimento aproximado, porém adotado
largamente na prática.
Para isso, é necessário conhecer o valor da tensão na armadura (σpd) na configuração do
estado limite último, sendo necessário fazer uma análise do que ocorre. Imaginando uma seção
transversal retangular e considerando inicialmente o efeito apenas da força de protensão Fp.
Nesta situação a seção transversal sofre dois efeitos: um encurtamento ∆1 devido ao efeito da
normal Fp e uma rotação α, devido força de protensão atuando com uma excentricidade de ep
que causará as deformações ∆2 e ∆3 (fibra superior e junto a armadura de protensão), conforme
a figura 19 a. Devido a ação do peso próprio (figura 19 b), haverá uma rotação β (contrária ao
efeito da protensão) causando os deslocamentos ∆4 e ∆5. Na Figura 19 c, os dois efeitos são
considerados resultando nos deslocamentos ∆6 e ∆7, que corresponderão às deformações
específicos εc e ∆cp,p+g1. Na figura em questão considerou-se que as deformações específicas
são de encurtamentos, mas poderiam, por exemplo, na fibra superior ocorrer um pequeno
alongamento sem que houvesse fissuração no concreto.
55

Figura 19: Deformação da seção transversal após a atuação da protensão e do peso próprio

Fonte: CARVALHO, 2012, p.194.

Na pré-tração, após a execução da protensão, havendo a igualdade entre deformação


específica do concreto com o da armadura e considerando a atuação do momento último, a
seção se deforma até encontrar uma situação de equilíbrio, passando pelo o estado limite de
descompressão (figura 20) como sendo aquele em que um ou mais pontos a tensão no concreto
é nula e no restante da seção não haverá tensão de tração.

Figura 20: Seção transversal nos estados limites de descompressão e estado limite último

Fonte: CARVALHO, 2012, p.195.


56

Desta forma, a deformação que armadura sofrerá até chegar no estado limite último em
equilíbrio será, neste caso, composta de três parcelas: a) a distensão provocada pelo macaco, já
descontadas todas as perdas ou não (o que for mais desfavorável), b) a movimentação do
concreto (já aderente a armadura) até que a tensão na fibra inferior, próxima a armadura ativa
(a menos da distância d’ no mesmo nível da armadura) seja nula ε7 e c) a deformação
correspondente a εs, necessária para haver equilíbrio.
Por fim, pode se dizer que a tensão na armadura de protensão depende da efetivação da
protensão (pré-alongamento) εp, a deformação para chegar-se ao estado de descompressão ε7
(εcp,p+g1) e a deformação que ocorre depois desta que é designada aqui simplesmente por εs , que
deve ser menor que 1% (evitar a deformação excessiva da armadura depois de estar em contato
com o concreto ou aberturas de fissuras muito grandes).
O valor de ε7 pode ser determinado por:

 N p N p  e p 2 M g1  e p  1
 7   cp , p g1      (48)
 Ac I I  Ec
 c c 

Onde:

Np é a força normal de protensão na seção;


Ac é a área da seção transversal de concreto;
ep é a excentricidade da armadura ativa;
Ic é o momento de inércia da seção de concreto;
Ec é o modulo de elasticidade do concreto;
Mg1 é o momento devido à ação do peso próprio.

Desta forma, a deformação na armadura de protensão que deve ser utilizada no estado
limite último é:

t   p  7   s (49)

Segundo INFORSATO (2009), é importante salientar que a parcela ε7 de deformação


será diferente se a protensão não for suficiente para mobilizar todo o peso próprio da viga, mas
por ser pequena e a favor da segurança, costuma ser desprezada nos cálculos usuais.
57

Além disso, a segurança à ruína deve existir mesmo na consideração mais desfavorável
e, portanto, para a determinação da parcela εp de deformação, deve-se considerar a menor força
de protensão, após todas as perdas (no tempo infinito), não se esquecendo de verificar outras
situações.
Para trabalhar com aços de protensão vamos utilizar os resultados da publicação de
VASCONCELOS (1980), dada na tabela 6.

Tabela 6: Tensão no aço σpd (MPa)


ε (‰) 5,250 6,794 7,438 8,167 9,00 9,962 10,00 12,50 15,00 17,50
CP175 (MPa) 1025 1264 1316 1344 1365 1368 1368 1378 1388 1397
CP190 (MPa) 1025 1314 1411 1459 1482 1486 1486 1496 1507 1517

ε (‰) 20,00 22,50 25,00 27,50 30,00 32,50 35,00 37,50 40,00
CP175 (MPa) 1407 1416 1426 1436 1445 1455 1464 1474 1484
CP190 (MPa) 1527 1538 1548 1559 1569 1579 1590 1600 1611
Fonte: VASCONCELOS, 1980.

Os valores da tabela 6, podem ser comparados com os valores apresentados pela NBR
6118/2014 na figura 21 abaixo. Como pode-se perceber, a curva da relação tensão-deformação
apresentada por VASCONCELOS (1980) é praticamente igual à da norma.

Figura 21: Diagrama de tensão deformação da cordoalha CP190-RB, 12,5 mm na versão da


NBR 6118/2014 e de VACONCELOS (2008)

Fonte: CARVALHO, 2012, p.102.


58

3.7.2.2 Cálculo da armadura no tempo infinito

Assim como no concreto armado, o cálculo da armadura longitudinal é feito a partir do


equilíbrio das forças atuantes na seção. Segundo a NBR 6118/2014, para a análise dos esforços
resistentes de uma seção, são consideradas as seguintes hipóteses básicas:

a) As seções transversais se mantêm planas após a deformação;


b) A deformação das barras passivas aderentes ou o acréscimo de deformação das
barras ativas aderentes em tração ou compressão deve ser a (o) mesma (o) do
concreto em seu entorno;
c) As tensões de tração no concreto, normais à seção transversal, devem ser
desprezadas no ELU;
d) A distribuição de tensões no concreto é feita de acordo com o diagrama parábola-
retângulo, definido na figura 22, com tensão de pico igual a 0,85 fcd. Esse diagrama
pode ser substituído pelo retângulo de profundidade y = λx, onde o valor do
parâmetro λ pode ser tomado igual à:

-   0,8 , para fck ≤ 50 MPa;


 
-   0,8  f ck  50 , para fck de 50 MPa a 90 MPa;
400

Onde a tensão constante atuante até a profundidade y, pode ser tomada igual a:

-  c  f cd , no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não


diminuir a partir desta para a borda comprimida, sendo σc definido como:

-  c  0,85 , para fck ≤ 50 MPa;

-  c  0,85  1 
 f ck
 50
, para fck de 50 MPa a 90 MPa;
 200 
59

Figura 22: Diagrama tensão-deformação do concreto

Fonte: ABNT NBR 6118/2014, p. 26.

e) A tensão nas armaduras deve ser obtida a partir dos diagramas tensão-deformação,
conforme a figura 21;
f) O estado limite último é caracterizado quando a distribuição das deformações na
seção transversal pertencer a um dos domínios definidos na figura 23, onde εc2 e εcu
são definidos no item 8.2.10.1 da NBR 6118/2014.

Figura 23: Domínios de estado-limite último de uma seção transversal

Fonte: ABNT NBR 6118/2014, p. 122.


60

Segundo a NBR 6118/2014, nas vigas é necessário garantir boas condições de


ductilidade, devendo-se respeitar os limites da posição da linha neutra (x/d) abaixo:

- x/d ≤ 0,45, para fck ≤ 50 MPa;


- x/d ≤ 0,35, para fck > 50 MPa.

Para os casos em que a relação x/d esteja fora dos limites, pode-se adotar o limite e
utilizar uma armadura de compressão (armadura dupla), ou deve-se alterar as características ou
fck da peça.
Em CARVALHO e FIGUEIREDO (2014) pode-se encontrar o roteiro para a
determinação do equacionamento do equilíbrio das forças atuante na seção. Segundo o mesmo
autor, simplificadamente, para determinar a quantidade de armadura, pode-se trabalhar com
fórmulas adimensionais destas equações. Desta forma, para concretos de até 50 MPa, pode-se
considerar:

Md
KMD  (50)
bw  d 2  f cd

x
KX  (51)
d

KMD  0,68  KX   0,272  KX 


2
(52)

KZ  1  0,4  KX (53)

z
KZ  (54)
d

c
KX  (55)
c  s

Md
As  (56)
KZ  d   pd
61

Onde:

Md é o momento de cálculo atuante na seção;


bw é a largura da seção retangular comprimida de concreto;
d é a altura útil da seção;
f ck ;
f cd 
c
z é o braço de alavanca formado pela força de compressão no concreto e a força de
tração no aço;
εc é a deformação do concreto (3,5 ‰ no limite do domínio 2 e em todo o domínio 3);
εs é a deformação do aço (10 ‰ nos domínios 1 e 2);
σpd é a tensão da armadura no estado limite último, obtida pelas equação 49;

O roteiro para a determinação da armadura consiste em calcular o valor de KMD, através


dos dados Md, bw, d e fcd já conhecidos. Então, através das equações 52 e 53 calculam-se os
valores de KX e KZ. Sabendo-se que no domínio 2, KX varia de 0 a 0,2592 e, no domínio 3, de
0,2592 a 0,6258, através da equação 55 determina-se o valor da deformação εs da armadura,
com a qual determina-se a tensão σpd da armadura, através da equação 49. Por fim, a armadura
de protensão pode ser determinada pela equação 56.
No caso de vigas com seção “T”, supõe-se inicialmente que a linha neutra (x) passe na
mesa da seção, ou seja, considera-se que a largura da região comprimida do concreto seja bf,
que pode ser definida conforme critérios da NBR 6118/2014 da figura 24 abaixo. Desta forma,
calcula-se KMD, KX e x através das equações 50, 52 e 51, respectivamente e, caso x seja menor
ou igual a espessura da mesa, prossegue-se o cálculo da armadura considerando a viga como
sendo retangular de largura bf.
62

Figura 24: Largura da mesa colaborante de vigas com seção T

Fonte: ABNT NBR 6118/2014, p. 88.

Onde:

a  1,00   , para viga simplesmente apoiada;

a  0,75   , para viga com momento em uma só extremidade;

a  0,60   , para viga com momentos nas duas extremidades;

a  2,00   , para vigas em balanço;

 é o comprimento do tramo da viga considerado.

Caso a linha neutra seja maior que a espessura da mesa, deve-se calcular o momento
resistido pelas abas da viga (M1) e determinar uma armadura para equilibrar este momento (As1).
O restante do momento (Md – M1) deve ser absorvido pela seção retangular e equilibrado por
outra parcela de armadura (As2). Assim, conforme deduzido pela figura 25, para concretos com
fck até 50 MPa, tem-se:
63

Figura 25: Seção “T”, dividida em duas seções, uma das abas e outra retangular

Fonte: CARVALHO, 2012, p.208.

 
M 1  0,85  f cd  h f  b f  bw   d 
hf
 (57)
 2 

M 2  M d  M1 (58)

M1 M2
As   (59)
 hf  KZ   d   pd
 d     pd
 2 

Onde:

hf é a espessura da mesa;

Neste caso, KZ deve ser calculado novamente, considerando o momento M2.

3.7.2.3 Estado limite último no ato da protensão

Em elementos protendidos, além da verificação do estado limite último no tempo


infinito, também é necessário verificar se, no momento da aplicação da protensão, aqui
denominado tempo zero, a peça receberá esforços que gerem tensões acima do limite normativo
ou até mesmo sua ruptura.
No momento da aplicação da força de protensão, diz-se que a peça está em vazio, ou
seja, estão atuando apenas o peso próprio e a força protensão. Neste caso, é preciso verificar
diversas seções ao longo do comprimento da peça, principalmente as mais afastadas do meio,
ou seja, próximas das extremidades.
64

Isso é necessário pois, como o momento causado pelo peso próprio da viga alivia
simultaneamente a tensão de tração na borda superior e a tensão de compressão na borda
inferior, a verificação apenas no meio do vão torna-se contra a segurança, já que o menor alívio
do momento de protensão ocorre nas extremidades.
A NBR 6118/2014, permite que no momento da protensão seja feita a verificação da
ruptura simplificada, desde que:

a) A tensão máxima de compressão na seção de concreto, obtida através das


solicitações ponderadas de γp = 1,1 e γf = 1,0, não pode ultrapassar 70 % da
resistência característica fckj prevista para a idade de aplicação da protensão;
b) A tensão máxima de tração do concreto não pode ultrapassar 1,2 vez a resistência à
tração fctm correspondente ao valor fckj especificado;
c) Quando nas seções transversais existirem tensões de tração, deve haver armadura de
tração calculada no estádio II. Para efeitos de cálculo, nessa fase da construção, a
força nessa armadura pode ser considerada igual à resultante das tensões de tração
no concreto no estádio I. Essa força não pode provocar, na armadura correspondente,
acréscimos de tensão superiores a 150 MPa no caso de fios ou barras lisas e a 250
MPa em barras nervuradas.

3.7.3 Dimensionamento da armadura transversal

Segundo a NBR 6118/2014, a resistência de um elemento estrutural, em uma


determinada seção transversal, deve ser considerada satisfatória, quando verificadas
simultaneamente as seguintes condições:

VSd  VRd 2

Vsd  VRd 3  Vc  Vsw

Onde:
VSd é a força cortante solicitante de cálculo, na seção;

VRd 2 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruina das diagonais comprimidas

de concreto;
65

VRd 3  Vc  Vsw é a força resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal, onde

Vc é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao da treliça e Vsw


a parcela resistida pela armadura transversal.

A norma permite utilizar dois modelos de cálculo para a determinação de VRd2 e Vsw:
Modelo de cálculo I e Modelo de cálculo II.
O modelo I admite diagonais de compressão inclinadas de θ = 45° em relação ao eixo
longitudinal do elemento estrutural e admite ainda que a parcela complementar Vc tenha valor
constante, independentemente de VSd. Já o modelo II, admite diagonais de compressão
inclinadas de θ em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural, com θ variável
livremente entre 30° e 45°. Admite ainda que a parcela complementar Vc sofra redução com o
aumento de VSd.
Segundo FUSCO (2008), com o aumento das tensões longitudinais de compressão em
um elemento, ocorrem alterações na distribuição dos esforços internos. Desta forma, junto aos
apoios de extremidade das vigas, o aumento da força de protensão permite que o equilíbrio dos
nós da treliça se faça com bielas diagonais menos inclinadas. Entretanto, a biela menos
inclinada também proporciona uma notável redução na armadura de cisalhamento.
Levando-se em consideração o exposto por FUSCO (2008), por segurança, optou-se
neste trabalho por utilizar o modelo II de cálculo, considerando θ de 30º para a verificação das
diagonais comprimidas, e 45º para a determinação da armadura transversal.
A verificação da compressão diagonal do concreto pelo modelo II é dada pela expressão:

VRd 2  0,54   v 2  f cd  bw  d  sen2  cot  cot  (60)

Com:

 f ck 
 v 2  1  ;
 250 
f ck
f cd  ;
c
bw a largura da alma da viga;
d a altura útil da seção;
θ a inclinação da diagonal comprimida;
66

α a inclinação da armadura transversal;

A parcela resistida pela armadura transversal é:

VRd 3  Vc  Vsw (62)

Com:

 0,9  d  f ywd  cot   cot   sen


Asw
Vsw  (63)
s

Onde:

Vc  0 em elementos estruturais tracionados quando a linha neutra se situa fora da seção;

Vc  Vc1 , na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra cortando a seção;

 M 0 
Vc  Vc1  1    2  Vc1 , na flexo-compressão, com:
 M Sd ,máx 
Vc1  0 , quando Vsd = VRd2, interpolando-se linearmente para valores intermediários;

Vc1  Vc 0 , quando VSd ≤ Vc0

Em que:

Vc0  0,6  f ctd  bw  d (64)

f ctk ,inf
f ctd  (65)
1,4

f ctk ,inf  0,7  f ct , m (66)

Onde:

f ct ,m  0,3  3 f ck , para concretos até 50 MPa;


2
67

f ct , m  2,12  ln1  0,11 f ck  , para concretos de 50 MPa até 90 MPa;

Para o cálculo da armadura transversal, no caso de apoio direto, a NBR 6118/2014


permite que, no trecho no trecho entre o apoio e a seção situada à distância d/2 da face de apoio,
a força cortante VSd oriunda de carga distribuída pode ser considerada constante e igual à desta
seção.
A NBR 6118/2014 também obriga a utilização de uma armadura transversal mínima
constituída por estribos, com taxa geométrica:

Asw f
 sw   0,2  ct ,m (67)
bw  s  sen f ywk

Onde:

Asw é a área de aço da seção transversal;


s é o espaçamento dos estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento
estrutural;
α é a inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural;
bw é a largura média da alma, medida ao longo da altura útil da seção;
fywk é a resistência característica ao escoamento do aço da armadura transversal;
fct,m é o valor da resistência à tração média do concreto;

Além disso, deve-se respeitar um espaçamento máximo entre os estribos, determinado


por:

a) Se Vsd ≤ VRd2, então smáx  0,6  d  30 cm;

b) Se Vsd > VRd2, então smáx  0,3  d  20 cm;


68

4 EXEMPLO NUMÉRICO

Este capítulo apresenta um exemplo numéricos da verificação de uma viga protendida.


Além da resolução dos exemplos através da planilha desenvolvida neste trabalho (Anexo I), os
cálculos também serão desenvolvidos analiticamente para validação dos resultados e um melhor
entendimento dos leitores.

4.1 Dados do exemplo

Calcular a viga VR03, considerando classe de agressividade II, concreto pré-moldado


com fck 40 MPa e fcj 25 MPa, concreto moldado “in-loco” (capa) com fck 30 MPa, armadura
ativa com aço CP 190 RB, com módulo de elasticidade de 196000 Mpa, armadura passiva com
aço CA-50. Laje alveolar com altura de 20 cm, capa de concreto com espessura de 5 cm. Peso
próprio da viga (g1): 25 kN/m³; peso da laje (g2): 2,65 kN/m² (LA 20cm); capa (g3): 25 kN/m³;
alvenaria (g4): 0,0 kN/m²; revestimento (g5): 1,0 kN/m² e sobrecarga variável (q): 5,0 kN/m².
Considerar que é um local onde a ações variáveis referentes à equipamentos e pesos
permanecem por longos períodos de tempo.
A figura 26 apresenta a planta de locação das vigas lajes do pavimento estudado. As
figuras 27 e 28 representam as cortes, através dos quais pode-se determinar os vãos efetivos das
lajes e da viga.
69

Figura 26: Planta e cortes simples do pavimento exemplo

Fonte: Elaborado pelo autor.


Figura 27: Corte AA

Fonte: Elaborado pelo autor.


Figura 28: Corte BB

Fonte: Elaborado pelo autor.


70

A figura 29 representa as seções transversais da viga VR 03. A primeira (a) mostra a


seção pré-fabricada antes de receber o capeamento e, a segunda (b), a seção composta após a
solidarização da capa.

Figura 29: Seções transversais da viga VR03 (unidades em cm)

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.1 Carregamentos sobre a viga

As tabelas 7 e 8 mostram as diferentes ações atuantes sobre a viga.

Tabela 7: Ações na viga: g1 e g3 sobre a viga


Descrição Área (m²) γ (kN/m³) Ação na viga (kN/m)
Pesso Próprio (g1) 0,4 x 0,7 = 0,28 25 7,00
Capa da laje (g3) 0,2 x 0,25 = 0,05 25 1,25
Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 8: Ações na viga: g2, parte de g3, g4, g5 e q


Descrição Intensidade (kN/m² ) Vão de contribuição (m ) Ação na viga (kN/m )
Laje alveolar (g2) 2,65 9,80 25,97
Capa (g3) 0,05 x 25 = 1,25 9,80 12,25
Alvenaria (g4) 0 9,80 0,00
Revestimento (g5) 1,0 9,80 + 0,2 = 10,0 10,00
Carga variável (q) 5,0 9,80 + 0,2 = 10,0 50,00
Fonte: Elaborado pelo autor.
71

Para determinação dos momentos máximos, considerou-se para o comprimento efetivo


da viga um consolo com comprimento de 35 cm, com chumbador para montagem na viga
posicionado bem no centro do consolo, a 17,5 cm da face do pilar. Desta forma, o vão efetivo
da viga é a distância de face a face de pilar (760 cm), descontadas as distâncias das faces dos
pilares até a posição dos chumbadores (2 x 17,5 cm), resultando em 725 cm.
A tabela 9 mostra os momentos máximos no centro da viga para cada tipo de
carregamento. Os momentos foram determinados considerando a viga biapoiada, através da
equação:

p l2
M , onde:
8

M = Momento (kN.m);
p = ação atuante (kN/m);
l = vão efetivo da viga (m);

Tabela 9: Momentos máximo na viga


Descrição Ação na viga (kN/m ) Vão (m ) Momento (kN.m )
Peso próprio (g1) 7,00 7,25 45,99
Laje (g2) 25,97 7,25 170,63
Capa (g3) 13,50 7,25 88,70
Alvenaria (g4) 0,00 7,25 0,00
Revestimento (g5) 10,00 7,25 65,70
Variável (q) 50,00 7,25 328,52
Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.2 Características geométricas

Na tabela 10 estão apresentadas as características geométricas da seção pré-fabricada:


área, centro de gravidade, momento de inércia à flexão, módulo resistente superior e módulo
resistente inferior.
Como trata-se de uma seção retangular, o centro de gravidade é determinado pela
metade da altura do elemento, e o momento de inércia e os módulos resistentes superior e
inferior são calculados respectivamente conforme as seguintes expressões:
72

bw  h3
I
12
I
Wi  Ws  , onde:
ycg
I = momento de inércia (m4)
bw = largura da viga (m);
h = altura da viga (m);
Wi = módulo resistente inferior (m³);
Ws = módulo resistente superior (m³);
ycg = centro de gravidade (m).

Tabela 10: Características geométricas da seção pré-fabricada


Características da seção pré-fabricada
Área (m²) 0,280
y cg = y i = y s (m) 0,350
4
I (m ) 0,011433
W i (m³) 0,032667
W s (m³) 0,032667
Fonte: Elaborado pelo autor.

Para determinação das características geométricas da seção composta, inicialmente


precisamos determinar a largura colaborante da mesa superior composta pela capa. Conforme
a NBR 6118/2014, a mesa superior de vigas com seção “T” pode ser determinada conforme a
figura 30 a seguir:
Figura 30: Dimensões da mesa superior da seção "T"

Fonte: Elaborado pelo autor.


73

Onde:
b f  b1  bc  b1

0,5  b2
b1  
0,1  a
a  l  caso de vigas bi - apoiadas
b2  distância da face de uma viga a outra, neste caso 9,60 m

Desta forma tem-se:

0,5  b2  0,5  960  480 cm


b1  
0,1 a  0,1 725  72,5 cm
b1  72,5 cm
bc  10,0 cm

b f  72,5  10  72,5  155 cm

Para levar em consideração a existência concretos diferentes resistências entre a seção


pré-fabricada e a capa, deve-se minorar as dimensões da mesa colaborante da capa em função
da razão entre os módulos de elasticidades. Abaixo está o apresentado cálculo do fator “r” de
redução, que será multiplicado pelas larguras bf e bc, proporcionando assim a homogeneização
da seção.

Ecapa 5600  30
r   0,866
Eviga 5600  40

A figura 31 apresenta a seção composta antes (a) e depois (b) da homogeneização.


74

Figura 31: Seções antes e após homogeneização

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após a definição das dimensões da seção composta, deve-se calcular as características


geométricas da seção. Neste caso, como é uma viga com seção “T”, o centro de gravidade e o
momento de inércia são calculados de maneira diferente em relação à uma viga retangular.
Além disso, é preciso calcular também a distância do centro de gravidade à fibra superior, que
não seção retangular era igual à distância do centro de gravidade até a fibra inferior.
A seguir são descritos os cálculos das características da seção composta e na tabela 11
é apresentado o resumo das características geométricas.

Área composta  A1  A2  A3  0,4  0,7  0,173  0,2  1,429  0,05  0,38605 m 2

A1  y1  A2  y 2  A3  y 3
y cg  y i 
A1  A2  A3
0,28  0,35  0,0346  0,8  0,07145 0,925
y cg  y i   0,49675 m
0,28  0,0346  0,07145

y s  htotal  yi  0,7  0,2  0,05  0,49675  0,45325 m

bc  hlaje
3
bw  h 3
I  I1  I 2  I 3   A1   y cg  y1    A2   y cg  y 2 
2 2

12 12
bf  c 3

  A3   y cg  y 3 
2

12
0,4  0,7 3 0,173  0,2 3
I  0,28  0,49675  0,35   0,0346  0,49675  0,8
2 2

12 12
1,429  0,05 3
  0,07145 0,49675  0,925  0,033879 m 4
2

12
75

I 0,033879
Wi    0,06820 m 3
yi 0,49675

I 0,033879
Ws    0,07476 m 3
ys 0,45325

Tabela 11: Características geométricas das seções


Características Seção Pré-fabricada Seção Composta
Área (m²) 0,280 0,38605
y cg = y i (m) 0,350 0,49675
y s (m) 0,350 0,45325
4
I (m ) 0,011433 0,033879
W i (m³) 0,032667 0,06820
W s (m³) 0,032667 0,07476
Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.3 Tipo de protensão

O tipo de protensão deve ser adotado conforme a tabela 13.4 da NBR 6118/2014. Esta
escolha depende exclusivamente da classe de agressividade ambiental (CAA) e do sistema de
protensão utilizado.
Neste exemplo, está sendo dimensionada uma viga protendida com o sistema de pré-
tração, em um ambiente com CAA II. Para estas condições, a norma define que deve ser
considerado concreto protendido nível 2, ou seja, protensão limitada, onde são verificadas duas
exigências relativas à fissuração: Estado-limite de formação de fissuras (ELS-F) e Estado-limite
de descompressão (ELS-D).
Para verificação do ELS-F deve-se considerar combinação frequente de serviço, onde a
ação variável principal é ser multiplicada pelo coeficiente ψ1, a ação variável secundária
multiplicada pelo coeficiente ψ2 e a tensão de tração no elemento não pode exceder fct,f, aqui
adotado como fctk,inf. Como neste exercício há apenas uma ação variável, esta será tomada como
principal e será multiplicada pelo coeficiente ψ1.
Na verificação do ELS-D deve-se considerar a combinação quase permanente de
serviço, onde todas as ações variáveis são multiplicadas pelo coeficiente ψ2 e não deve existir
tensão de tração na peça.
76

Por tratar-se de um local onde as cargas variáveis são pesos ou equipamentos que
permanece fixos por longo período de tempo, serão utilizados os coeficientes ψ1 =0,6 e ψ2 =0,4
conforme exige a NBR 8681/2003.

4.1.4 Tensão inicial nos cabos

Conforme item 9.6.1.2.1-a da NBR 6118, a tensão inicial da armadura de protensão para
aços de baixa relaxação deve respeitar os seguintes limites:

0,77  f ptk  0,77  1900  1463 MPa


 pi  
0,85  f pyk  0,85  0,9  1900  1453,5 MPa

Desta forma, será considerado σpi = 1453,5 MPa = 145,35 kN/cm².

4.1.5 Estimativa do número de cabos no tempo infinito considerando ELS-F e ELS-D

Conforme comentado anteriormente, optou-se por determinar o número de cabos para


satisfazer os critérios de fissuração e posteriormente verificar se a área de aço adotada atende
as solicitações do Estado limite último (ELU).
Como trata-se de uma estimativa considerado a peça no após a ocorrência de todas as
perdas de protensão e ainda não se sabe qual é esse valor, adota-se aqui uma perda no tempo
infinito de 30%. Desta forma, a tensão no tempo infinito fica:

 p , t    pi  1  0,30  145,35  0,70  101,745 kN / cm²

A verificação do ELS-F na fibra inferior da seção, pode ser feita pela seguinte expressão:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g 4  M g5 1  M q
i       f ctk ,inf
A Wi Wi Wi ,comp Wi ,comp

Que pode ser decomposta em:


77

Ap   p ,t  N p  ep M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5 1  M q
i       f ctk ,inf
A Wi Wi Wi ,comp Wi ,comp

Onde:

Np = Força de protensão (kN)


Ap = Área de aço de protensão (cm²)
ep = Excentricidade de protensão (m)
ep = ycg – d’
d’ = distância do centro de gravidade da armadura de protensão até a fibra inferior (m);
Mg1-5 = Momentos referentes aos carregamentos g1, g2, g3, g4, g5 (kN ∙ m)
Mq = Momento referentes ao carregamento q (kN ∙ m)
A = Área da seção pré-fabricada (m²)
Wi = Módulo resistente inferior da seção pré-fabricada (m³)
Wi,comp = Módulo resistente inferior da seção composta (m³)

f ctk ,inf  0,7  0,3  3 f ck  0,21  3 402  2,4562 MPa  2456,2 kN / m²


2

Adotando d’ igual a 0,08 m, tem-se:

e p  0,35  0,08  0,27 m

Ap 101,75 Ap 101,75  0,27 45,99  170,63  88,70 0  65,70 0,6  328,52


i       2456,2
0,28 0,03267 0,03267 0,0682 0,0682
Ap  8,92 cm²

Para a verificação do ELS-D, tem-se:

Ap   p ,t  N p  ep M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5  2  M q
i      0
A Wi Wi Wi ,comp Wi ,comp

Ap 101,75 Ap 101,75  0,27 45,99  170,63  88,70 0  65,70 0,4  328,52


i      0
0,28 0,03267 0,03267 0,0682 0,0682
Ap  10,16 cm ²
78

Assim, para a maior área de aço calculada, 10,16 cm², adotando cordoalhas de 15,2 mm
com área de aproximadamente 1,40 cm², tem-se o número de cordoalhas igual a:

10,16
n  7,25 , onde adota-se o total de 8 cordoalhas de 15,20 mm com área de aço
1,4
total de 11,20 cm².

4.1.6 Estimativa do número de cabos superiores no ato de protensão

Após a verificação do número de cabos necessários no tempo infinito, é necessário


verificar se a protensão dos cabos inferiores não gera tensão de tração acima do limite na fibra
superior da viga. Segundo a NBR 6118/2014, a tensão de tração no momento de aplicação na
protensão não pode ultrapassar 1,2 vez a resistência à tração fct,m correspondente ao valor fck,j
especificado.
Para combater esta tração excessiva, pode-se adotar uma armadura de protensão
superior, e sua necessidade pode ser verificada da seguinte forma:

 p ,t 0  Ap  p ,t 0  Ap  e p  ' p ,t 0  A' p  ' p ,t 0  A' p e' p M g1


 sup       1,2  f ctj ,m
A Ws A WS WS

Onde:
σp,t=0 = Tensão inicial nos cabos inferiores (kN/cm²)
ep’ = Excentricidade de protensão dos cabos superiores (m)
σ’p,t=0 = Tensão inicial nos cabos superiores (kN/cm²)
A’p = Área de aço de protensão superior (cm²)

f ctj ,m  0,3  3 f cj  0,3  3 252  2,565 MPa  2565 kN / m²


2

Considerando uma perda inicial nos cabos inferiores de 10% e nos cabos superiores de
2,5%, e adotando a posição dos cabos superiores 6,0 cm abaixo da face superior da viga, tem-
se:

130,82 11,2 130,82 11,2  0,27 141,72  A' p 141,72  A' p 0,29 45,99
 sup       3078
0,28 0,03267 0,28 0,03267 0,03267
79

A' p  1,36 cm²

Desta forma, serão necessárias 2 cordoalhas de 12,7 mm, com A’p = 1,974 cm².

4.1.7 Cálculo das perdas de protensão

Após a determinação da estimativa do número de cabos de protensão, pode-se calcular


de maneira mais aproximada as perdas de protensão e verificar se as perdas adotadas
incialmente são válidas.
Inicialmente é necessário determinar a posição do cabo representante de protensão.
Como são um total de 8 cabos, optou-se por dispor 5 cabos na primeira camada a 6,5 cm da
parte inferior da viga, e 3 cabos na segunda camada a 12,5 cm. O centro de gravidade (d’) pode
ser determinado pela média ponderada da posição dos cabos:

d '
A y
i cg ,i

5 1,4  6,5  3 1,4 12,5
 8,75 cm
A i 5 1,4  3 1,4

A figura 32, representa a posição final dos cabos. Os espaçamentos foram adotados
buscando respeitar a tabela 18.2 da NBR 6118/2014 e para evitar interferência entre os furos
para os pinos de montagem e entre a armadura passiva.

Figura 32: Posição das armaduras de protensão (cm)

Fonte: Elaborado pelo autor


80

4.1.7.1 Perdas Imediatas

t = 1 dia
t0 = 0 dias
σpi = 145,35 kN/cm².
Mg1 = 45,99 kN.m

 Perda por acomodação da ancoragem

Considerando uma pista de protensão com comprimento de 100 m, a acomodação da


cunha de ancoragem de 0,6 cm e módulo de elasticidade do aço de protensão de 196000 MPa,
tem-se:

l  E p
 ancor 
l
0,006 19600
 ancor   1,18 kN / cm ²
100

 Perda por relaxação da armadura

Como a perda por relaxação da armadura ocorre após a perda por acomodação da
ancoragem, deve-se descontar a perda de tensão causada por ela. Assim:

σpi = 145,35 – 1,18 = 144,17 kN/cm²

 pr t , t 0 
 t , t0  
 pi
0 ,15
 t  t0 
 t , t 0    1000   
 41,67 
 pi 144,17
  0,759
f ptk 190

Para cordoalha com baixa relaxação e com 75,9% da resistência a tração, através da
interpolação da tabela 8.4 da NBR 6118/2014 encontra-se o valor de ψ1000 = 3,088.
81

0 ,15
 1 0 
 t , t 0   3,088   1,765
 41,67 

 pr t , t 0  
1,765
144,17  2,54 kN / cm ²
100

 Perda por deformação imediata do concreto

A parcela de perda devido ao encurtamento imediato do concreto ocorre após a atuação


das perdas calculadas anteriormente. Desta forma, a tensão que atua durante a deformação
imediata do concreto é a tensão inicial (σpi) descontada as perdas de tensão devido à
acomodação da ancoragem e à relaxação da armadura. Nesta etapa, deve-se separar as perdas
dos cabos superiores das perdas dos cabos inferiores.

σpi = 145,35 – 1,18 – 2,54 = 141,63 kN/cm²

Ap  11,2 cm ²

e p  0,2625 m

A' p  1,97 cm²

e' p  0,29 m

 cg ,inf   p   c , po g ,inf

 cg ,sup   p   c , po g ,sup

N p  Ap   pi ,inf  A' p  pi ,sup

N p  11,2 141,63  1,97 141,63  1865,83 kN

M p  Ap   pi ,inf  e p  A' p  pi ,sup  e' p

M p  11,2 141,63  0,2625  1,97 141,63  0,29  335,31 kN  m

Np  M p  M g1 
 c , po g ,inf      e p
A  I 
82

1865,83  335,31  45,99 


 c , po g ,inf     0,2625  13306,25 kN / m²  1,33 kN / cm ²
0,28  0,011433 
Np   M p  M g1 
 c , po g ,sup      e' p
A  I 

1865,83   335,31  45,99 


 c , po g ,sup     0,29  674,80 kN / m²  0,0675 kN / cm ²
0,28  0,011433 

Ep
p 
Eci (t )
0,5
 f ckj 
0,5
 25 
Eci (t )     Eci     5600 40  28000 MPa
 f ck   40 
196000
p   7,00
28000

 cg ,inf  7,00 1,33  9,31 kN / cm ²

 cg ,sup  7,00  0,0675  0,472 kN / cm²

A tensão final após a primeira fase é:

 p,inf,1dia  145,35  1,18  2,54  9,31  132,32 kN / cm²

 p,sup,1dia  145,35  1,18  2,54  (0,472)  142,10 kN / cm²

Ou seja, as perdas iniciais equivalem a 8,97% para os cabos inferiores e 2,23% para os
cabos superiores.
É importante ressaltar que as perdas por deformação do concreto são diferentes ao longo
do comprimento da viga devido ao comprimento de transferência necessário para transferir toda
a carga de protensão. Neste trabalho serão verificadas apenas as perdas no meio do vão e todas
as análises posteriores serão realizadas considerando-se estas mesmas perdas para todas as
seções da viga.
83

4.1.7.2 Perdas diferidas

 Perda por fluência

Para determinação da perda por fluência é preciso calcular inicialmente, inicialmente os


coeficientes de fluência para cada fase de carregamento. Além disso, como a viga é composta
por dois tipos de cimento – cimento ARI para a seção pré-fabricada e cimento CPII para a seção
moldada “in-loco” – há a necessidade de se calcular tais coeficientes para cada seção e
posteriormente determinar o coeficiente de fluência final de cada fase através da média
ponderada.
A figura 33 mostra as seções consideradas para o cálculo dos coeficientes de fluência.

Figura 33: Seção pré-fabricada e seção moldada "in-loco" para determinação dos coeficientes
de fluência

Fonte: Elaborado pelo autor.

A tabela 12 apresenta o instante de início de atuação de cada carregamento (to) para as


duas seções. O instante infinito (t) será considerado para todas as etapas de carregamento como
t = 10000 dias.
84

Tabela 12: Idades do concreto da seção pré-fabricada e da seção moldada "in-loco"

Idade t 0 do concreto da Idade t 0 do concreto da


Fase Ação
seção pré-fabricada seção modada "in-loco"
1 Protensão 1 -
2 Peso próprio da viga 1 -
3 Peso próprio da laje 15 -
4 Execução da capa 30 1
5 Execução da alvaria 45 15
6 Execução do revestimento 60 30
7 Atuação da carga variável 75 45
8 Perda de protensão 75 45
Fonte: Elaborado pelo autor.

Para determinação dos coeficientes de fluência da seção pré-moldada foram


considerados os seguintes dados: área de concreto (Ac) 2800 cm², perímetro da seção em contato
com o ar nas fases 1 à 3 (uar) 220 cm, perímetro da seção em contato com o ar nas fases 4 à 8
(uar) 180 cm, umidade relativa do ar em 70%, temperatura média (Ti) 20ºC, abatimento do
concreto (slump) 15 cm e cimento tipo CPV-ARI.
Para determinação dos coeficientes de fluência da seção moldada “in-loco” foram
considerados os seguintes dados: área de concreto (Ac) 1225 cm², perímetro da seção em contato
com o ar nas fases 4 à 8 (uar) 165 cm, umidade relativa do ar em 70%, temperatura média (Ti)
20ºC, abatimento do concreto (slump) 9 cm e cimento tipo CPII.
Abaixo está apresentado o procedimento de cálculo para determinação do coeficiente
de fluência para a fase 3, onde o concreto da seção pré-fabricada possui idade t0 de 15 dias. A
determinação dos coeficientes de fluência para as outras idades e para a seção moldada “in-
loco” é feita de forma análoga.

CPV  ARI    3
Ti  20º C

t0  15 dias

t   10000 dias
Ti  10 20  10
t 0, fic     t0  3  15  45 dias
30 30
Ti  10 20  10
t , fic     t  3  1000  30000 dias
30 30
85

t  t 0  20 30000  45  20
 d (t )    0,9983
t  t 0  70 30000  45  70

  1  exp 7,8  0,1U   1  exp 7,8  0,1 70  1,45


2  Ac 2  2800
h fic     1,45   36,89 cm  0,3689 m
u ar 220

A  42  h3  350 h 2  588 h  113


A  42  0,36893  350 0,36892  588 0,3689  113  284,40

B  768 h3  3060 h 2  3234 h  23


B  768 0,36893  3060 0,36892  3234 0,3689  23  792,18

C  200 h3  13 h 2  1090 h  183


C  200 0,36893  13 0,36892  1090 0,3689  183  576,85

D  7579 h3  31916 h 2  35343 h  1931


D  7579 0,36893  31916 0,36892  35343 0,3689  1931 11006,46

t 2  At  B 452  284,40  45  792,18


 f (t 0 )    0,4005
t 2  C  t  D 452  576,85  45  11006,46

t 2  At  B 300002  284,40  30000  792,18


 f (t )    0,9904
t 2  C  t  D 300002  576,85  30000  11006,46

Coeficiente de fluência rápida (φa):

CPV  ARI  s  0,2

  1
   1

   28  2      2 
1 t 0   exps  1      exp0,20  1       1,0431
 28
    45   
   t0      
    

  1
   1

   28  2      2 
1 t    exps  1      exp0,20  1       1,2214
 28
      
   t      
   
f c (t 0 ) 1 t 0  1,0431
   0,854
f c (t  ) 1 t   1,2214
86

Para concretos de classes C20 a C45 tem-se:

 f c (t 0 ) 
 a  0,8  1    0,8  1  0,7609  0,117
 f c (t  ) 

Coeficiente de deformação lenta irreversível (φ∞):

Para concreto com slump entre 10 cm e 15 cm e umidade do ar U ≤ 90%, tem-se:

U  70%
1c  1,25 4,45  0,035U   1,25 4,45  0,035 70  2,5

42  h fic 42  36,89
 2c    1,387
20  h fic 20  36,89

Para concretos de classes C20 a C45 tem-se:

 f  1c  1c  2,5 1,387  3,467

Valor final do coeficiente de deformação lenta reversível (φd):

d  0,4

Coeficiente de fluência final φ(t,t0):

 t , t0    a   f   f (t )   f (t0 )  d   d

 t , t0   0,117  3,467  0,9904  0,4005  0,4  0,9983  2,561

A tabela 13 apresenta os coeficientes de fluência para cada fase de carregamento de cada


seção e também o coeficiente de fluência final calculado através da média ponderada em função
da área de cada seção.

 pré  Apré  inloco  Ainloco


 final 
Apré  Ainloco
87

Tabela 13: Coeficientes de fluência para a seção pré-fabricada, moldada "in-loco" e final

Seção pré-fabricada Seção "in-loco"


Ação φ final
t0 φ t0 φ
Protensão 1 3,749 - - 3,749
Peso próprio da viga 1 3,749 - - 3,749
Peso próprio da laje 15 2,561 - - 2,561
Execução da capa 30 2,235 1 3,578 2,644
Execução da alvaria 45 2,063 15 2,443 2,178
Execução do revestimento 60 1,936 30 2,091 1,984
Atuação da carga variável 75 1,835 45 1,894 1,853
Perda de protensão 75 1,835 45 1,894 1,853
Fonte: Elaborado pelo autor.

Após a determinação dos coeficientes de fluência calcula-se a perda por fluência para
os cabos inferiores e superiores separadamente:

 p ,c ,inf   p   t , t0    c , p 0 g ,inf

 p ,c,sup   p   t , t0    c, p 0 g ,onde

Como a perda por fluência deve ser considerada considerando-se os carregamentos com
suas respectivas datas de atuação, tem-se:

 N p  M p  M g1   4 M e 6 M e 
     e p   1   gi p   i   gi p ,comp   i 
 A  I   I I comp 
  p  
i 3 i 5
 p ,c ,inf 
 M q  e p ,comp 
 2  I
q 
 comp 

 N p   M p  M g1   4 M  e' 6 M  e' 
     e' p   1   gi p  i   gi p ,comp  i 
 A  I  I I comp 
  p    i 3 i 5
 p ,c ,sup 
  M q  e' p ,comp   
 2 I comp
q 
 
Onde:
88

N  M  M g1  
A   p   p   e p   1
 A  I  
4 M gi  e p
B  i
i 3 I
6 M gi  e p ,comp
C  i
i 5 I comp

M q  e p ,comp
D  2   q
I comp

N   M p  M g1  
A'   p     e' p   1
 A  I  
4 M gi  e' p
B'    i
i 3 I
6 M gi  e' p ,comp
C'    i
i 5 I comp

M q  e' p ,comp
D'   2  q
I comp

Desta forma, simplificando:

 p ,c ,inf   p  A  B  C  D

 p ,c,sup   p  A' B'C ' D'

N p  Ap   p ,inf, 1dia  A' p  ' p ,sup,1dia

N p  11,2  132,32  1,97  142,10  1762,44 kN

M p  Ap   p ,inf,1dia  e p  A' p  ' p ,sup,1dia e' p

M p  11,2  132,32  0,2625  1,97  142,10  0,29  307,66 kN  m

e p ,comp  yi ,comp  d '  0,4968  0,0875  0,4093 m

e' p ,comp  h  d ' '  yi ,comp  0,7  0,06  04968  0,1432 m

Eci 28   E  5600 f ck  1,0  5600 40  35417,51 MPa

Ep 196000
p    5,534
Eci 28 35417,51
89

1760,31  307,09  45,99  


A    0,2625  3,749  46116,47 kN / m²
 0,28  0,011433  

B
170,63  2,561 88,7  2,644  0,2625  15417,78 kN / m²
0,011433

C
0,00  2,178  65,70  1,984  0,4093  1574,29 kN / m²
0,03388
328,52  0,4093
D  0,4   1,853  2941,12 kN / m²
0,03388

 p ,c,inf  5,534  49038,84  15417,78  1574,29  2941,68  144465,57 kN / m²

 p ,c ,inf  14,49 kN / cm ²

1762,44   307,66  45,99  


A'      0,29  3,749  1284,30 kN / m²
 0,28  0,011433  

B' 
170,63  2,561 88,7  2,644  0,29  17032,97 kN / m²
0,011433

C' 
0,00  2,178  65,70 1,984  0,1432  550,89 kN / m²
0,03388
328,52  0,1432
D  0,4   1,853  1029,18 kN / m²
0,03388

 p ,c,sup  5,534   1252,63  17032,97  550,89  1029,18  110111,63 kN / m²

 p ,c ,sup  11,01 kN / cm ²

Assim como no caso da perda por deformação imediata do concreto, a perda por fluência
é diferente ao longo do comprimento da viga, tanto devido à variação do momento como ao
comprimento de transferência da força de protensão. Neste caso também será considerada a
perda no meio no vão para todo o comprimento do elemento.

 Perda por retração do concreto

Para a determinação do coeficiente de retração até a colocação da capa não há dúvida


de que a seção e geometria a considerar é a da viga pré-moldada. Quando se coloca a
capa a geometria seria facilmente calculada, mas já teria dois concretos. Poder-se-ia
neste caso determinar uma retração para a seção 01 e outra para a seção 02 (com
90

perímetro só da parte de cima) e far-se-ia uma composição entre os dois coeficientes


de retração. Contudo a parte superior poderá trabalhar impermeabilizada. Como a
protensão está praticamente atuando na seção 01, simplificadamente considera-se
apenas a primeira seção para o cálculo do coeficiente de retração que deverá estar a
favor da segurança. (INFORSATO, 2009, p.106).

Para o cálculo do coeficiente de retração da seção pré-fabricada será considerado: área


de concreto (Ac) 2800 cm², perímetro da seção em contato com o ar (uar) 220 cm, umidade
relativa do ar em 70%, temperatura média (Ti) 20ºC, abatimento do concreto (slump) 15 cm,
cimento tipo CPV-ARI, t0 = 1 dia e t = 10000 dias.

Para concretos com abatimento entre 10 cm e 15 cm e umidade relativa do ar U ≤ 90%,


tem-se:

 U   U   U
2 3
  U 4 
104  1s  1,25   8,09            
  15   2284   133765  7608150

  70   70   70   70
2 3 4

1s  1,25   8,09   
  
  
 
  
   104  6,2213 104
   
15 2284   133765  7608150 

  1  exp 7,8  0,1U   1  exp 7,8  0,1 70  1,45


2  Ac 2  2800
h fic     1,45   36,89 cm
u ar 220

33  2  h fic 33  2  36,89
 2s    0,8122
20,8  3  h fic 20,8  3  36,89

 cs  1s   2 s  6,2213 104  0,8122  0,0005053

Ti  10 20  10
t0, fic     t0  3   1  3 dias
30 30
Ti  10 20  10
t , fic     t  3  1000  30000 dias
30 30

Sendo h = hfic = 0,3689 m, tem-se:

A  40
B  116  h3  282  h2  220  h  4,8  43,806
91

C  2,5  h3  8,8  h  40,7  37,579

D  75  h3  585  h2  496  h  6,8  252,038

E  169  h4  88  h3  584  h2  39  h  0,8  67,184

3 2
 t   t   t 
   A   B  
 s t    100   100   100 
3 2
 t   t   t 
   C    D  E
 100   100   100 
3 2
 3   3   3 
   40     43,806   
 s t0, fic    100   100   100 
3 2
 0,00634
 3   3   t 
   37,579     252,038     67,184
 100   100   100 
3 2
 30000   30000   30000 
   40     43,806   
 s t , fic    100 
3
 100 
2
 100   1,00237
 30000   30000   30000 
   37,579     252,038     67,184
 100   100   100 

 cs t , t0    cs   s t    s t0 
 cs 10000,1  0,0005053 1,00237  0,00634  0,0005033

A perda por retração do concreto é:

 p ,s   t , t0   E p  0,0005033 19600  9,86 kN / cm²

 Perda por relaxação da armadura

 p ,r   p 0   t ,t0 

 p 0   p ,1dia

 p ,inf, 1dia  132,32 kN / cm²

 p,sup,1dia  142,10 kN / cm²

 t , t0    ln1  t , t0 
92

 t , t0   2,50  1000

 p ,inf, 1dia 132,32


  0,695
f ptk 190

 p ,sup,1dia 142,10
  0,748
f ptk 190

Para as cordoalhas inferiores, com aço de baixa relaxação e com 69,5% da resistência a
tração, através da interpolação da tabela 8.4 da NBR 6118/2014 encontra-se o valor de ψ1000 =
2,457. Para as cordoalhas superiores, com aço de baixa relaxação e com 70,8% da resistência a
tração, encontra-se o valor de ψ1000 = 2,979.

 ,1inf  2,50  1000  2,5  2,457  6,1419

 ,1sup  2,50  1000  2,5  2,979  7,4476

 6,1419
 ,1inf   ln1   ,1inf    ln 1   0,0634
 100 

 ,1sup   ln1   ,1sup    ln 1 


 7,4476
 0,0774
 100 

 p ,r ,inf   p ,inf, 1dia   ,1inf  132,32  0,0634  8,387 kN / cm²

 p ,r ,sup   p ,sup,1dia   ,1sup  142,10  0,0774  10,998 kN / cm²

 Simultaneidades das perdas

As perdas diferidas devem ser consideradas levando-se em consideração a


simultaneidade entre elas. Para isso tem-se:

 p  1   t , t0 

 p,inf  1  0,0634  1,0634

 p,sup  1  0,0774  1,0774

c  1  0,5   t, t0   1  0,5  3,749  2,874


93

Ac
  1  ep2 
Ic

0,28
inf  1  0,26252   2,6875
0,011433
0,28
sup  1  0,292   3,0596
0,011433

 
Ap

11,2  1,97  0,004703
Ac 2800

Ep 196000
p    5,534
Eci (28) 35417,51

 cs t , t0   E p   p   c, p 0 g   t , t0    p 0   t , t0 
 p t , t0  
 p   c   p    p
 9,86  14,49  8,387
 p t , t0 inf   25,89 kN / cm ²
1,0634  2,874  5,534  2,6875 0,004703
 9,86  11,01  10,998
 p t , t0 sup   25,21 kN / cm ²
1,0774  2,874  5,534  3,0596  0,004703

A tensão final nos cabos considerando todas as perdas é:

 p ,inf,    p   p ,inf

 p ,inf,   132,32  25,89  106,42kN / cm²

 p ,sup   p   p,sup

 p ,sup,  142,10  25,21  116,90kN / cm²

Ou seja, no tempo t = ∞, os cabos inferiores terão uma perda de tensão de


aproximadamente 26,78% e os cabos superiores de 19,58%.
94

4.1.8 Verificação das tensões no meio do vão no tempo infinito

Após a determinação das perdas de protensão no tempo infinito, pode-se verificar se a


armadura adotada inicialmente é suficiente para satisfazer a verificação das tensões, tanto na
borda inferior como na borda superior da viga. Neste caso deve-se também verificar as situações
de carregamento máximo e mínimo. Assim, considerando-se:

N p  Ap   p ,inf  A' p  ' p ,sup

N p  11,2  106,42  1,97  116,90  1422,69 kN

M p  Ap   p ,inf  e p  A' p  ' p ,sup e' p

M p  11,2  106,42  0,2625  1,97  116,90  0,29  245,97 kN  m

Para a verificação do estado limite de formação de fissuras (ELS-F), com ψ1 = 0,6, as


tensões limites de compressão e tração são respectivamente:

Compressão    0,7  f ck  0,7  40000  28000 kN / m².

Tração    f ctk ,inf  0,3  f ct ,m  0,3  0,7  3 402  2,456 MPa  2456 kN / m².

Ou seja:

 2456 kN / m²    28000 kN / m²

 Verificação da borda inferior

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5 Mq
i      1 
A Wi Wi Wi ,comp Wi ,comp

1422,69 245,97 45,99  170,63  88,70 0,0  65,70 328,52


i      0,6 
0,28 0,03267 0,03267 0,06820 0,06820
 i  589,34 kN / m²
95

Para situação de momento mínimo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g 4  M g5
i    
A Wi Wi Wi ,comp

1422,69 245,97 45,99  170,63  88,70 0,0  65,70


i    
0,28 0,03267 0,03267 0,06820
 i  2300,65 kN / m²

 Verificação da borda superior

Para esta verificação é preciso determinar a distância yts na seção composta que seja o
mesmo ponto de verificação da seção pré-moldada, ou seja, a distância do centro de gravidade
da seção composta até a borda superior da seção pré-fabricada. Isso ocorre pois, embora no
tempo infinito a viga já esteja trabalhando com altura total (concreto pré-fabricado mais
moldado “in-loco”), a força de protensão atua basicamente na seção pré-moldada, sendo
necessário verificar as tensões no topo da seção pré-moldada e não no topo da seção composta.

yts  h pré  ycg ,comp  0,7  0,4968  0,2032 m

Assim, o módulo resistente superior é dado por:

I comp 0,03388
Wts    0,1667 m³
yts 0,2032

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5 Mq
s      1 
A Ws Ws Wts Wts
1422,69 245,97 45,99  170,63  88,70 0,0  65,70 328,52
i      0,6 
0,28 0,03267 0,03267 0,1667 0,1667
 i  8474,37 kN / m²

Para situação de momento máximo tem-se:


96

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5
s    
A Ws Ws Wts
1422,69 245,97 45,99  170,63  88,70 0,0  65,70
i    
0,28 0,03267 0,03267 0,1667
 i  7292,16 kN / m²

Assim, como os valores das tensões estão dentro do intervalo limite, a verificação está
atendida.
Para a verificação do estado limite de descompressão (ELS-D), com ψ2 = 0,4, as tensões
limites de compressão e tração são respectivamente:

Compressão    0,7  f ck  0,7  40000  28000 kN / m².


Tração    0.

Ou seja:

0 kN / m²    28000 kN / m²

 Verificação da borda inferior

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5 Mq
i      2 
A Wi Wi Wi ,comp Wi ,comp

1422,69 245,97 45,99  170,63  88,70 0,0  65,70 328,52


i      0,4 
0,28 0,03267 0,03267 0,06820 0,06820
 i  373,99 kN / m²

Para situação de momento mínimo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g 4  M g5
i    
A Wi Wi Wi ,comp
97

1422,69 245,97 45,99  170,63  88,70 0,0  65,70


i    
0,28 0,03267 0,03267 0,06820
 i  2300,65 kN / m²

 Verificação da borda superior

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5 Mq
s      2 
A Ws Ws Wts Wts
1422,69 245,97 45,99  170,63  88,70 0,0  65,70 328,52
i      0,4 
0,28 0,03267 0,03267 0,1667 0,1667
 i  8080,30 kN / m²

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5
s    
A Ws Ws Wts
1422,69 245,97 45,99  170,63  88,70 0,0  65,70
i    
0,28 0,03267 0,03267 0,1667
 i  7292,16 kN / m²

Como os valores das tensões estão dentro do intervalo limite, a verificação está atendida.

4.1.9 Comprimento de ancoragem e comprimento de transferência da armadura ativa

Segundo a NBR 6118/2014, o comprimento de ancoragem básico para cordoalhas de


três ou sete fios é:

7    f pyd
 bp 
36  f bpd
98

Onde, fbpd deve ser calculado considerando a idade do concreto na data de protensão
para o cálculo do comprimento de transferência e 28 dias para o cálculo do comprimento de
ancoragem.
O cálculo do comprimento necessário para transferir, por aderência, a totalidade da força
de protensão ao fio, no interior da massa de concreto, deve simultaneamente considerar:

a) Se no ato da protensão, a liberação do dispositivo de tração é gradual, o comprimento


de transferência para cordoalhas de três ou sete fios deve ser calculado por:

 bp   pi
 bpt  0,5 
f pyd

b) Se no ato da protensão, a liberação não é gradual, o valor calculado em a) deve ser


multiplicado por 1,25.

Logo:

7    f pyd  pi 3,5     pi
 bpt  0,5   
36  f bpd f pyd 36  f bpd

f bpd   p1  p 2  f ctd

 p1  1,2 para cordoalhas de três e sete fios

 p 2  1,0 para situações de boa aderência

0,7  0,3  3 f ckj


2
0,21  3 252
f ctd    1,2825 MPa  0,12825 kN / cm ²
1,4 1,4

f bpd  1,2 1,0  0,12825  0,1539 kN / cm²

3,5     pi 3,5 1,52 132,32


 bpt ,inf    127,05 cm
36  f bpd 36  0,1539

3,5     pi 3,5 1,27 142,10


 bpt ,sup    114,00 cm
36  f bpd 36  0,1539
99

Como geralmente nas fábricas de pré-moldado se utiliza a desprotensão não gradual,


multiplica-se os valores acima por 1,25. Assim:

 bpt ,inf  1,25 127,05  158,8 cm

 bpt ,sup  1,25 114,00  142,5 cm

Ainda segundo a NBR 6118/2014, as tensões introduzidas no concreto pelas ancoragens


de protensão somente podem ser consideradas linearmente distribuídas na seção transversal do
elemento estrutural a uma distância da extremidade dessas armaduras, chamada de distância de
regularização.
No caso de elementos pré-fabricados, a distância de regularização  p deve ser obtida

pela expressão:

 p  h 2  0,6   bpt    bpt


2

Onde:

h é a altura do elemento estrutural.

Assim:

 p,inf  h 2  0,6   bpt ,inf   702  0,6 158,8  118,23  158,8


2 2

 p ,inf  158,8 cm

 p,sup  h 2  0,6   bpt ,sup   702  0,6 142,5  110,5  158,8


2 2

 p ,sup  142,5 cm

4.1.10 Verificação de ruptura no tempo zero (verificação da ruptura simplificada)

Para uma análise mais precisa, na planilha desenvolvida, optou-se por subdividir a viga
em vigésimos de vão. Neste caso, a seção do meio do vão passou a ser chamada de S10.
100

Inicialmente, deve-se determinar o momento de peso próprio em cada seção da seguinte


maneira:

p  l  xs p  xs
2

Ms  
2 2
Onde:

p é o carregamento devido ao peso próprio (kN/m);


l é o vão da viga (m);
xs é a distância da seção considerada em relação à extremidade (m).

A tabela 14 apresenta o momento referente ao peso próprio em cada seção.

Tabela 14: Momentos fletores referentes ao peso próprio em cada vigésimo de vão
Seção S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S 10
x s (m) 0,363 0,725 1,088 1,450 1,813 2,175 2,538 2,900 3,263 3,625
M s (kN.m) 8,74 16,56 23,46 29,44 34,49 38,63 41,85 44,15 45,53 45,99
Fonte: Elaborado pelo autor.

Como comentado anteriormente, neste roteiro não está sendo considerada a variação das
perdas de protensão ao longo do comprimento da viga devido ao comprimento de transferência.
Por simplificação a verificação das tensões está sendo feita considerando-se a porcentagem de
perdas constante em toda a viga. Porém, para a verificação da ruptura no tempo zero e das
tensões em nas diversas seções apresentadas será considerada a variação de tensão ao longo do
comprimento de transferência da força de protensão.
Sabendo-se que podemos considerar toda a força de protensão dos cabos inferiores
atuando após 1,588 m e dos cabos superiores após 1,425 m, e considerando ainda que a
transferência de tensão do aço para o concreto varie linearmente ao longo desses intervalos, a
tensão transferida do aço para o concreto em qualquer seção xs distante da extremidade da viga
pode ser determinada por:

 pi ,inf  xs
 pi ,inf, x 
s
 p ,inf
101

 pi ,sup  xs
 ' pi ,sup,x 
s
 p ,sup

Onde:

xs   p ,inf

xs   p ,sup

A tabela 15 mostra os valores de  pi ,inf ,  pi ,sup , Np e Mp para cada seção, considerando-

se:

 pi ,inf  132,32 kN / cm²

 pi ,sup  142,10 kN / cm²

e p  0,2625 m

e' p  0,290 m

Ap  11,20 cm²

A' p  1,974 cm ²

N p ,  Ap   p ,inf  A' p  ' p ,sup

M p, xs ,inf  Ap   p ,inf  e p

M p , xs ,sup  A' p  ' p ,sup e' p

Para a verificação da tensão de compressão deve-se ainda ponderar a força de protensão


pelo coeficiente γp = 1,1. Como o momento de protensão gerado pela armadura superior alivia
a compressão da fibra inferior, foi apenas considerada a majoração da força e Np e do momento
de protensão inferior pelo coeficiente mencionado.
102

Tabela 15: Valores das tensões iniciais, força de protensão e momentos de protensão inferior e
superior em cada seção no tempo zero
Seção S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S 10
x s (m) 0,363 0,725 1,088 1,450 1,813 2,175 2,538 2,900 3,263 3,625
σ pi, inf
30,20 60,40 90,60 120,80 132,32 132,32 132,32 132,32 132,32 132,32
(kN/cm²)
σ' pi, sup
36,15 72,29 108,44 142,10 142,10 142,10 142,10 142,10 142,10 142,10
(kN/cm²)
N p (kN) 409,6 819,2 1228,8 1633,5 1762,4 1762,4 1762,4 1762,4 1762,4 1762,4
M p,inf
88,8 177,6 266,4 355,2 389,0 389,0 389,0 389,0 389,0 389,0
(kN.m)
M p,sup
20,7 41,4 62,1 81,3 81,3 81,3 81,3 81,3 81,3 81,3
(kN.m)
Fonte: Elaborado pelo autor.

As tensões na borda inferior e na borda superior podem ser determinadas,


respectivamente por:

1,1 N p , xs (1,1 M p , xs ,inf  M p , xs ,sup ) Ms


 i,x   
s
A Wi Wi

N p , xs ( M p , xs ,inf  M p , xs ,sup ) Ms
 s,x   
s
A Ws Ws

A tabela 16 apresenta os valores das tensões na borda superior e inferior para cada seção.

Tabela 16: Valores das tensões na borda superior e inferior para cada seção
Seção S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S 10
x s (m) 0,363 0,725 1,088 1,450 1,813 2,175 2,538 2,900 3,263 3,625
σ s (kN/m²) -354 -737 -1147 -1647 -2068 -1941 -1842 -1772 -1730 -1716
σ i (kN/m²) 3698 7424 11179 14986 16477 16350 16252 16181 16139 16125
Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo a NBR 6118/2014, admite-se que a segurança em relação ao estado limite


último no ato de protensão seja verificada no estádio I, desde que as tensões máximas de
compressão e de tração satisfaçam, respectivamente as seguintes condições:
103

Compressão    0,7  f ck  0,7  40000  28000 kN / m².

Tração    1,2  f ctm  1,2  0,3  3 fckj 2 .  0,36  3 252  3,078 MPa  3078 kN / m²

Ou seja:

 3078 kN / m²    28000 kN / m²

Pode-se notar que, tanto na fibra inferior como na fibra superior, as tensões estão dentro
dos limites, porém, há casos em que as tensões limites não são respeitadas. Quando o limite de
compressão na fibra inferior for ultrapassado, pode-se:

a) Especificar uma resistência fckj maior para aplicar a força de protensão. Isso requer um
maior consumo de cimento ou maior tempo de cura da peça;
b) Modificar as dimensões da viga;
c) Alterar a posição (altura) dos cabos;
d) Isolar alguns cabos inferiores;

Geralmente, o fator crítico na verificação da ruptura simplificada é o excesso de tensão


de tração na fibra superior. Neste caso, algumas medidas podem ser adotadas:

a) Especificar uma resistência fckj maior para aplicar a força de protensão. Isso requer um
maior consumo de cimento ou maior tempo de cura da peça;
b) Modificar as dimensões da viga;
c) Alterar a posição dos cabos, buscando-se diminuir a excentricidade de protensão;
d) Aumentar o número de cordoalhas na fibra superior. Essa solução, muitas vezes, gera a
necessidade de aumentar também o número de cordoalhas inferiores;
e) Isolar alguns cabos inferiores.

Para a verificação da hipótese e), é preciso inicialmente determinar o momento mínimo


necessário para que a tensão de tração fique abaixo do permitido. Para isso:

Np Mp Ms
s     1,20  f ct ,m
A Ws Ws
104

1762,44 307,66 M mín


s     3078 kN / m²
0,28 0,032667 0,032667
M mín  1,494 kN.m

Com o valor do momento mínimo é possível determinar o comprimento em que não


pode atuar todo o esforço de protensão:

p  l  xs p  xs
2
M mín  
2 2

7,0  7,95  xs 7,0  xs


2
1,494  
2 2
x's  0,059 m

x' 's  7,896 m

Como x' ' s é maior que o comprimento da viga, adota-se xs  0,059 m .


Através do comprimento encontrado, verifica-se se o mesmo é superior ao comprimento
de transferência. Quando o comprimento necessário é inferior ao comprimento de transferência,
não é necessário isolar os cabos. Caso contrário, utiliza-se a expressão de tensão para calcular
a quantidade de cabos a serem isolados.
Como o comprimento requerido é menor que o comprimento de transferência, não há
necessidade de isolar nenhum cabo.
Na verificação da ruptura simplificada no tempo zero, a NBR 6118/2014 também exige
que, quando existir tensões de tração nas seções transversais, deve haver uma armadura de
tração calculada no estádio II, e a força nessa armadura pode ser considerada igual à resultante
das tensões de tração no concreto no estádio I. Essa força não pode provocar, na armadura
correspondente, acréscimos de tensão superiores a 250 MPa no caso de barras nervuradas.
Observando-se a tabela 16, nota-se que para essa situação a seção mais desfavorável é
a S5, onde  i  16228kN / m² e,  s  2068 kN / m² . A armadura pode ser calculada da seguinte
maneira:
105

Figura 34: Esquema para cálculo da força Ft de tração da seção transversal

Fonte: Elaborado pelo autor

x s 2068
 x  0,7  0,0780 m
h  s i 2068  16477

x 0,0780
Ft   s  b   2068 0,4   32,3 kN
2 2

Como a tensão na armadura não pode ser maior que 25 kN/cm², tem-se:

32,3
As   1,292 cm ²
25

Logo, adota-se 4 barras de 8,0 mm, totalizando 2,0 cm² de armadura passiva na borda
superior da viga.

4.1.11 Verificação das tensões vigésimo de vão no tempo infinito

Para uma análise mais precisa da viga, pode-se também verificar as tensões em diversas
seções ao longo do seu comprimento. Para isso, também será considerada a variação da tensão
em função do comprimento de transferência e a perda de tensão no tempo infinito igual para
todas as seções.
A determinação das tensões transferidas do aço para o concreto em cada seção pode ser
feita da mesma maneira que no item 5.1.10, porém considerando-se as perdas finais de tensão.
A tabela 17, apresenta os valores das tensões finais, força de protensão e momento de protensão
em cada seção no tempo infinito, onde:
106

 p ,inf,   xs
 p ,inf, , x 
s
 p ,inf

 p,sup,  xs
 ' pi ,sup,, x 
s
 p ,sup

xs   p ,inf

xs   p ,sup

 pi ,inf  106,42 kN / cm²

 pi ,sup  117,70 kN / cm²

e p  0,2625 m

e' p  0,290 m

Ap  11,20 cm²

A' p  1,974 cm ²

N p  Ap   p ,inf  A' p  ' p ,sup

M p  Ap   p ,inf  e p  A' p  ' p ,sup e' p

Tabela 17: Valores das tensões finais, força de protensão e momento de protensão em cada
seção no tempo infinito
Seção S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S 10
x s (m) 0,363 0,725 1,088 1,450 1,813 2,175 2,538 2,900 3,263 3,625
σ pi, inf
24,3 48,6 72,9 97,2 106,4 106,4 106,4 106,4 106,4 106,4
(kN/cm²
σ' pi, sup
29,9 59,9 89,8 117,7 117,7 117,7 117,7 117,7 117,7 117,7
(kN/cm²
Np
331,2 662,3 993,5 1320,6 1424,3 1424,3 1424,3 1424,3 1424,3 1424,3
(kN)
Mp
54,3 108,6 162,8 218,3 245,5 245,5 245,5 245,5 245,5 245,5
(kN.m)
Fonte: Elaborado pelo autor.
107

Também é necessário determinar os momentos Mg1, Mg2, Mg3, Mg4, Mg4 e Mq em cada
vigésimo de vão. Esses momentos estão apresentados na tabela 18 abaixo:

Tabela 18: Momentos devido aos carregamentos em casa vigésimo de vão


Seção S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S 10
x s (m) 0,363 0,725 1,088 1,450 1,813 2,175 2,538 2,900 3,263 3,625
M g1 (kN.m) 8,7 16,6 23,5 29,4 34,5 38,6 41,9 44,2 45,5 46,0
M g2 (kN.m) 32,1 60,8 86,1 108,1 126,6 141,8 153,7 162,1 167,2 168,9
M g3 (kN.m) 8,7 16,6 23,5 29,4 34,5 38,6 41,9 44,2 45,5 46,0
M g4 (kN.m) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
M g5 (kN.m) 12,5 23,7 33,5 42,1 49,3 55,2 59,8 63,1 65,0 65,7
M q (kN.m) 62,4 118,3 167,5 210,3 246,4 276,0 298,9 315,4 325,2 328,5
Fonte: Elaborado pelo autor.

Assim como no item 5.8.1, para a verificação do estado limite de formação de fissuras
(ELS-F), com ψ1 = 0,6, as tensões limites de compressão e tração são respectivamente:

Compressão    0,7  f ck  0,7  40000  28000 kN / m².

Tração    f ctk ,inf  0,3  f ct ,m  0,3  0,7  3 402  2,456 MPa  2456 kN / m².

Ou seja:
 2456 kN / m²    28000 kN / m²

 Verificação da borda inferior

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5 Mq
i      1 
A Wi Wi Wi ,comp Wi ,comp

Para situação de momento mínimo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g 4  M g5
i    
A Wi Wi Wi ,comp
108

 Verificação da borda superior

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5 Mq
s      1 
A Ws Ws Wts Wts
Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5
s    
A Ws Ws Wts

A tabela 19, apresenta os valores das tensões máximas e mínimas nas bordas inferior e
superior de cada seção.

Tabela 19: Valores das tensões máximas e mínimas em vigésimo de vão

Seção S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S 10
x s (m) 0,363 0,725 1,088 1,450 1,813 2,175 2,538 2,900 3,263 3,625
Situação de momento máximo
σ s (kN/m²) 1597 2975 4135 5025 5764 6747 7512 8058 8386 8495
σ i (kN/m²) 336 936 1801 2950 2702 1514 590 -70 -466 -598
Situação de momento mínimo
σ s (kN/m²) 1372 2549 3531 4268 4877 5754 6435 6923 7215 7312
σ i (kN/m²) 885 1977 3275 4800 4870 3942 3220 2705 2395 2292
Fonte: Elaborado pelo autor.

Como os valores das tensões estão dentro do intervalo limite, a verificação está atendida.
Para a verificação do estado limite de descompressão (ELS-D), com ψ2 = 0,4, as tensões
limites de compressão e tração são respectivamente:

Compressão    0,7  f ck  0,7  40000  28000 kN / m².

Tração    0.

Ou seja:
109

0 kN / m²    28000 kN / m²

 Verificação da borda inferior

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5 Mq
i      2 
A Wi Wi Wi ,comp Wi ,comp

Para situação de momento mínimo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g 4  M g5
i    
A Wi Wi Wi ,comp

 Verificação da borda superior

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5 Mq
s      2 
A Ws Ws Wts Wts

Para situação de momento máximo tem-se:

Np Mp M g1  M g 2  M g 3 M g4  M g5
s    
A Ws Ws Wts

A tabela 20, apresenta os valores das tensões máximas e mínimas nas bordas inferior e
superior de cada seção.
110

Tabela 20: Valores das tensões máximas e mínimas nas bordas inferior e superior em
vigésimo de vão para a verificação do ELS-D
Seção S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S 10
x s (m) 0,363 0,725 1,088 1,450 1,813 2,175 2,538 2,900 3,263 3,625
Situação de momento máximo
σ s (kN/m²) 1522 2833 3934 4773 5468 6416 7153 7679 7995 8101
σ i (kN/m²) 519 1283 2292 3567 3425 2323 1467 855 488 365
Situação de momento mínimo
σ s (kN/m²) 1372 2549 3531 4268 4877 5754 6435 6923 7215 7312
σ i (kN/m²) 885 1977 3275 4800 4870 3942 3220 2705 2395 2292
Fonte: Elaborado pelo autor.

Como os valores das tensões estão dentro do intervalo limite, a verificação está atendida.

4.1.12 Verificação do estado limite último na fase 4 e no tempo infinito

A verificação do estado limite último nestas duas etapas faz-se necessária pois, em
alguns casos, a principal parcela de carregamento ocorre quando a viga está trabalhando ainda
com a seção pré-fabricada, como por exemplo, vigas que suportam lajes de forro que possuem
grandes vãos. Neste caso, o peso próprio da viga, da laje e da capa resultam na maior parcela
de carregamento e, no tempo infinito, quando a viga estiver trabalhando com a seção composta,
o acréscimo de carga devido à sobrecarga será relativamente insignificante.

 Verificação do ELU na fase 4

Nesta fase tem-se:

b f  bw  0,4 m

d  h  d '  0,7  0,0875  0,6125 m


f ck 40
f cd    28,571 MPa  28571kN / m²
1,4 1,4

Considerando-se o coeficiente de majoração de ações γf de 1,30 para os elementos pré-


fabricados e 1,40 para os demais, tem-se:
111

M d  1,3  ( M g1  M g 2 )  1,4  (M g 3 )

M d  1,3  (45,99  170,63)  1,4  (88,70)  405,79 kN.m

De acordo com CARVALHO e FIGUEIREDO (2014), determina-se o valor de KMD


da seguinte maneira:

Md 405,79
KMD    0,0946
b f  d  f cd 0,4  0,61252  28571
2

Com o valor de KMD, encontram-se os valores de KX, KZ e εs, que para concretos até
50 MPa, podem ser determinados por:

KMD  0,68  KX  0,272  KX 2

0,68  0,68 2  4  0,272  KMD 0,68  0,682  1,088  0,0946


KX    0,1479
2  0,272 0,544
KZ  1  0,4  KX  1  0,4  0,1479  0,9408

Para KX variando entre 0 e 0,259, o valor da deformação εs do aço é constante em 1,0


% ou 10 ‰. Para KX variando de 0,259 até 1,0, o valor de εs pode ser determinado por:

c  c  KX   c
KX  S 
c  s KX

 c  3,5%

Como KX = 0,1479, εs = 10 ‰.

Através de KX, pode-se também determinar a posição da linha neutra:

x
KX 
d
x  KX  d  0,1479  0,6125  0,0961m  9,61 cm
112

Considerando-se, por simplificação, a tensão no cabo na fase 4 igual à tensão no tempo


infinito de σp,inf = 106,42 kN/cm² = σp,inf = 1064,2 MPa, determina-se o pré-alongamento da
armadura ativa de acordo com a tabela 6 fazendo-se uma interpolação, chegando-se no valor de
εpi = 5,46 ‰. Assim, o alongamento total da armadura no momento ruptura pode ser
determinado por:

 p   s   p  10  5,46  15,46 ‰

Novamente através da interpolação na tabela 6, com o valor de εp = 15,46 ‰, encontra-


se a tensão σsd = 1508,84 MPa = σsd = 150,88 kN/cm². Com isso, tem-se:

Md 405,79
As    4,67 cm ²
KZ  d   ds 0,9408 0,6125150,88

Como para a verificação do ELS-F foram adotados 11,2 cm² de aço, está atendida a
verificação do estado limite último para a faze 4 de carregamento.

 Verificação do ELU no tempo infinito

Nesta fase a viga está trabalhando considerando-se uma seção composta, ou sejam, o
concreto da capa está ajudando a resistir aos esforços. Desta forma, supondo-se que a linha
neutra passa na capa (seção retangular), tem-se:

b f  1,65 m

d  htotal  d '  0,95  0,0875  0,8625 m

f ck 30
f cd    21,428 MPa  21428 kN / m²
1,4 1,4

M d  1,3  (M g1  M g 2 )  1,4  (M g 3  M g 4  M g 5  M q )

M d  1,3  (45,99  170,63)  1,4  (88,70  0,0  65,70  328,52)  957,70 kN.m
113

Md 957,70
KMD    0,0364
b f  d  f cd 1,65  0,86252  21428
2

0,68  0,682  1,088 0,0364


KX   0,0547
0,544
KZ  1  0,4  0,0547  0,9781

Como KX = 0,0547, εs = 10 ‰.

Através de KX, pode-se também determinar a posição da linha neutra:

x
KX 
d
x  0,0547 0,8625  0,0472 m  4,72 cm

Como a linha neutra é menor que a altura da capa (5 cm), pode-se dizer que a hipótese
adotada é válida, ou seja, a linha neutra passa na mesa e a seção é retangular.
Com a tensão no tempo infinito de σp,inf = 106,42 kN/cm² = σp,inf = 1064,2 MPa,
determina-se o pré-alongamento da armadura ativa de acordo com a tabela 6 fazendo-se uma
interpolação, chegando-se no valor de εpi = 5,46 ‰. Assim, o alongamento total da armadura
no momento ruptura pode ser determinado por:

 p   s   p  10  5,46  15,46 ‰

Novamente através da interpolação na tabela 6, com o valor de εp = 15,46 ‰, encontra-


se a tensão σsd = 1508,84 MPa = σsd = 150,88 kN/cm². Com isso, tem-se:

Md 957,0
As    7,52 cm ²
KZ  d   ds 0,9781 0,8625150,88

Como para a verificação do ELS-F foram adotados 11,2 cm² de aço, está atendida a
verificação do estado limite último.
114

4.1.13 Cálculo da armadura transversal

 p g1 g 2  l  p l 
Vsd  1,3     1,4   g 3 g 4 g 5 q 
 2   2 

 32,97  7,25   73,5  7,25 


Vsd  1,3     1,4     528,38 kN
 2   2 

Para verificação da biela comprimida tem-se:

 f ck   40 
 v 2  1    1    0,84
 250   250 

VRd 2  0,54   v 2  f cd  bw  d  sen2  cot  cot 

 0,40  0,6125 sen2 30  cot 90  cot 30


40000
VRd 2  0,54  0,84 
1,4

VRd 2  1374,90 kN

Portanto, como Vsd ≤ VRd2 não há perigo de esmagamento das bielas.

Conforme a NBR 6118/2014, para o cálculo da armadura transversal, no caso de apoio


direto, no trecho entre o apoio e a seção situada à distância d/2 da face do apoio, a força cortante
oriunda de carga distribuída pode ser considerada constante e igual à desta seção. Desta forma,
considerando-se os carregamentos das tabelas 7 e 8, o cálculo do esforço cortante atuante pode
ser determinado por:

d 
p  
p l
  
2
V( x ) 
2 2
 d    d 
 p      p 
  2 

 p g 1 g 2 l  p g 3 g 4 g 5 q l 2
Vsd ( d )  1,3    1,4 
2  2 2   2 2 
   
   
 32,97  7,25 32,97  0,30625   73,5  7,25 (73,5)  0,30625 
Vsd ( d )  1,3      1,4    
2  2 2   2 2 
Vsd  506,06 kN
115

Para o dimensionamento da armadura transversal, considera-se, a favor da segurança,


que a seção resistente seja da viga pré-fabricada, com seção retangular 40x70.
Assim, a parcela da força cortante absorvida por mecanismos complementares da treliça
pode ser determinada por:

 M0 
Vc  Vc1  1    2 Vc1

 M Sd ,máx 

Vc1  Vc 0 , quando VSd ≤ Vc0

Vc1  0 , quando Vsd = VRd2

Vc 0  0,6  f ctd  bw  d

f ct ,m 0,7  0,3  3 402 1000


f ctd  0,7    1754,41 kN / m²
1,4 1,4
Vc0  0,6 1754,41 0,4  0,6125  257,90 kN

Como VSd é maior que Vc0 e menor que VRd2, é preciso interpolar o valor de Vc1 levando-
se em consideração seu crescimento conforme diminui VSd. Desta forma o valor de Vc1 fica:

Vc1 
VRd 2  VSd   Vc 0 
1374,9  506,06  257,90  162,97 kN
VRd 2 1374,9

Considerando-se o efeito da protensão, tem-se:

M 0   p  N p ,   f  N g  q 
Wi
 p M p
A

Como a protensão inferior necessita de um comprimento de transferência de 1,588 m


para transferir a totalidade da carga de protensão na peça, considerando-se, segundo a norma
NBR 6118/2014, que esse efeito varia linearmente, pode-se calcular o valor da tensão na seção
em análise (x = d/2 = 0,30625 m). É importante salientar que, caso houvesse cordoalhas
isoladas, dever-se-ia considerar este isolamento para determinação das tensões nesta seção.

 p,inf,   x 106,42  0,30625


 p ,inf, ,x    20,52 kN / cm²
 p ,inf 1,588
116

Analogamente, calcula-se a tensão nas cordoalhas da borda superior:

 p ,sup,  x 117,70  0,30625


 p ,sup,, x    25,29 kN / cm²
 p ,sup 1,425

N p  Ap   p ,inf,   A' p  ' p ,sup,

N p  11,2  20,52  1,974  25,29  279,75

M p  Ap   p ,inf,   e p  A' p  ' p ,sup, e' p

M p  11,2  20,52  0,2625  1,974  25,29  0,29  45,85 kN.m

M 0  0,9  279,75  0 
0,032667
 0,9  45,85  70,64 kN.m
0,28

O momento máximo Msd,máx na seção em análise pode ser determinado por:

2
d p  d 
p l   
M x  2  2
2 2
 d 
2
  d 
2

p l 
d p 
g 1 g 2    p l 
d p 
g 3 g 4  g 5  q   
 g1 g 2 2 2   g 3 g 4 g 5 q 2 2 
M d   1,3     1, 4   
  2 2 2 2
2    
   
   

 32,97  7,25  0,30625 32,97  0,306252 


M d   1,3    

 
2  2 2 
 73,5  7,25  0,30625 73,5  0,306252 
 1,4    

 2 2 

M sd  d   154,98 kN.m
2

 M0 
Vc  Vc1  1    2 Vc1

 M Sd ,máx 

 70,64 
Vc  162,97  1    237,26  325,94
 154,98 
Vc  237,26 kN
117

A parcela da força cortante que deve ser absorvida pela armadura é determinada por:

Vsw  Vsd  Vc

Vsw  506,06  237,26  268,80 kN

A armadura transversal pode ser determinada por:

A 
Vsw   sw   0,9  d  f ywd  cot  cot   sen
 s 
Vsw
Asw  s
0,9  d  f ywd  cot  cot   sen

 f yk 
 
f ywd  1,15 
435 MPa 
 

Considerando-se aço CA-50, tem-se:

 500 500 
   1,15  435 MPa 
f ywd  f   435 MPa  43,5 kN / cm ²
435 MPa 
 

268,80
Asw   100  11,215 cm ² / m
0,9  61,25  43,5  cot 90  cot 45  sen90

Considerando-se 4 ramos, tem-se:

11,215
Asw   2,804 cm ² / m , ou seja, ϕ 6,3 mm a cada 11,5 cm.
4

Por facilidade de execução será utilizado ϕ 6,3 mm a cada 10,0 cm (3,12 cm²/m).
118

 Armadura mínima transversal

Segundo a NBR 6118/2014, a armadura transversal deve ser constituída por estribos,
com taxa geométrica mínima:

Asw f
 sw   0,2  ct ,m
bw  s  sen f ywk

Ou seja:
f ct ,m
Asw  0,2   bw  s  sen
f ywk

0,3  3 402
Asw  0,2   40 100  sen90  5,614 cm ² / m
500

Considerando-se 4 ramos, tem-se:

5,614
Asw,mín   1,403 cm ² / m , ou seja, ϕ 6,3 mm a cada 22,5 cm.
4

Para que não ocorra ruptura por cisalhamento nas seções entre os estribos, o
espaçamento máximo deve atender as seguintes condições:

Vsd  0,67 VRd 2  smáx  0,6  d  30 cm

Vsd  0,67 VRd 2  smáx  0,3  d  20 cm

Desta forma:

0,67 VRd 2  921,18 kN

Vsd  528,38 kN

0,6  d  0,6  61,25  36,75 cm  30 cm


smáx  30 cm
119

A armadura mínima é igual a ϕ 6,3 mm a cada 22,5 cm e pode-se dizer que está atendida
a verificação. Para detalhamento será adotado ϕ 6,3 mm a cada 20 cm (6,24 cm²/m para 4 ramos).
Como a parcela Vc varia conforme varia Vsw, a determinação do trecho a partir do qual
pode-se utilizar armadura mínima torna-se complexa. Através da planilha desenvolvida, pode-
se facilmente verificar diversas seções da viga até encontrar a seção que resiste ao esforço
solicitante apenas com armadura mínima. Desta forma, a seção encontrada fica a 1,55 m
afastada do apoio da viga, ou seja, numa região afastada até 1,55 m das extremidades deve-se
utilizar a armadura calculada (11,215 cm²/m) e na região restante considera-se armadura
mínima.

4.1.14 Armaduras nas extremidades de vigas com apoios sem recorte

Segundo a NBR 9062/2006, em vigas que não possuem recortes nos apoios (dente
gerber), deve haver uma armadura principal (tirante) no apoio das extremidades determinada
por:
 Fd 
  Hd 
Asd   
1,2
f yd

Fd  Vsd  528,38 kN

Para vigas apoiadas em almofadas de elastômero, tem-se:

H d  0,16  Fd  0,16  528,38  84,54 kN

 528,38 
  84,54 
Asd     12,07 cm ²
1,2
50
1,15

Logo, são necessárias 4 barras de 20,0 mm (12,60 cm²). Esta armadura também é a
necessária para ancoragem da diagonal de compressão no apoio. Embora seja necessária apenas
nas extremidades, será utilizada em todo o comprimento da viga com função de porta estribos.
Além da armadura de tirante, também são necessárias armaduras de costura horizontais
e verticais, calculadas por:
120

Fd 528,38
Ash  Asv    1,52 cm ²
(8  f yd ) 8  50
1,15
Considerando-se 2 ramos para a armadura horizontal e 4 ramos para a armadura vertical,
tem-se:

1,52
Ash   0,76 cm ²  3  6,3 mm
2
1,52
Asv   0,38 cm ²  2  6,3 mm
4

Conforme o projeto de revisão da NBR 9062/2006, o comprimento de ancoragem da


armadura do tirante deve ser duas vezes o comprimento de ancoragem básico para a bitola
detalhada. Assim:

  f yd
b   25  
4  f bd
Para barras nervuradas e região de boa aderência, tem-se:

 0,7  0,3  3 402 


f bd  1  2 3  f ctd  2,25 1,0 1,0     0,3947 kN / cm ²
 1,4 10 
 
50
2,0 
1,15
b   25  2,0  55,07  50
4  0,3947
 b  55,07 cm

2  b  110 cm

Para a armadura de costura, tem-se:

50
0,63 
1,15
b   25  0,63  17,35  15,75
4  0,3947
 b  15,75 cm

2  b  31,5 cm
121

4.1.15 Verificação da tensão de aderência entre a capa e a seção pré-fabricada

Segundo a NBR 6092/2006, para poder considerar a viga composta como elemento
monolítico, a tensão de aderência entre a capa e a seção pré-fabricada deve satisfazer as
seguintes condições:

f yd  As
 sd   s    c  f ctd  0,25  f cd
bs
Fmd
 sd 
av  b

Onde:

l 7,25
av    3,625 m
2 2
b  bc  20 cm  0,2 m

Md 957,70
Fmd    1135,24 kN
KZ  d 0,9781 0,8625

1135,24
 sd   1565,85 kN / cm ²
3,625  0,20

Considerando-se que a superfície de ligação seja intencionalmente rugosa com no


mínimo 0,5 cm, os valores de βs e βc podem ser determinados através da interpolação da tabela
5 da NBR 9062/2006. Para isso, considera-se a mesma armadura dimensionada para o
cisalhamento, que no meio do vão corresponde à armadura mínima, com apenas dois ramos de
6,3 mm a cada 10 cm, conforme figura 35 abaixo, fazendo a ligação entre a viga pré-moldada e
a capa de concreto. Desta forma, tem-se:

As 2  0,312  100
  0,3117%
bs 20  10

Para esta taxa de armadura, através da interpolação na tabela 5, encontra-se:


122

 s  0,335
c  0,412

Figura 35: Posicionamento das armaduras de cisalhamento

Fonte: Elaborado pelo autor.

Assim:

f yd  As
 sd   s    c  f ctd  0,25  f cd
bs
50
 2  0,312
1,15 30000
 sd  0,335  0,412 1448,2  0,25   1051,09 kN / m²  5357,14 kN / m²
0,20  0,10 1,4

Como  sd apresentou-se maior que 1051,09 kN/m², é necessário aumentar a área de aço

presente na ligação. Neste caso, opta-se por adotar barras com diâmetro de 8,0 mm, no lugar
das barras de 6,3 mm e reduzir o espaçamento para 13 cm. Assim:

As 2  0,50  100
  0,387%
bs 20  13
 s  0,56
c  0,487
50
 2  0,50
1,15
 sd  0,56   0,487  1448,2  1646,18 kN / m²
0,2  0,13
123

Desta forma, está atendida a verificação e pode-se considerar uma seção monolítica para
o estado limite último.

4.1.16 Estimativa da Flecha

O momento de fissuração após as perdas imediatas pode ser determinado por:

 Np 
M r     f ct ,m    Wi  M p
 A 

  1,5 , para seção retangular


N p  Ap   p ,inf,1dia  A' p  ' p ,sup,1dia

N p  11,2  132,32  1,974  142,10  1762,49 kN

M p  Ap   p ,inf, 1dia  e p  A' p  ' p ,sup,1dia e' p

M p  11,2 132,32  0,2625  1,974 142,10  0,29  307,66 kN.m

f ct ,m  0,3  3 f ckj  0,3  3 252  2,565 MPa  2565 kN / m²


2

 1762,49 
M r  1,5  2565    0,0326667 307,66  638,96 kN .m
 0,28 

Observa-se que nesta fase, o momento de fissuração é superior ao momento atuante (Mg1
= 45,99 kN.m), ou seja, a seção não está fissurando. Pode-se afirmar também que, até a fase de
carregamento 3, onde o momento atuante Mg1+g2+g3 é 305,32 kN.m, a seção também não fissura,
mesmo considerando uma parcela maior de perdas.
Para o tempo infinito, o momento de fissuração pode ser determinado por:

Np
M r    f ct ,m  Wi ,comp   Wi  M p
A
  1,2 , para seção T ou duplo T
N p  Ap   p,inf,   A' p  ' p ,sup,

N p  11,2 106,42  1,974 117,70  1424,28 kN

M p  Ap   p ,inf,   e p  A' p  ' p ,sup, e' p

M p  11,2 106,42  0,2625  1,974 117,70  0,29  245,50 kN.m


124

f ct ,m  0,3  3 f ck  0,3  3 402  3,509 MPa  3509 kN / m²


2

1424,28
M r  1,2  3509  0,06820   0,0326667 245,50  698,85 kN.m
0,28

Nesta fase, o momento atuante Mg1+g2+g3+g4+g5+q é 699,54 kN.m, ou seja, a seção irá
fissurar. Neste caso deve-se levar em consideração a redução do momento de inércia causado
pela fissuração, resultando em uma análise complexa. Por simplificação, como o momento de
fissuração apresentou-se muito próximo ao momento atuante, utilizar-se-á a inércia da seção
bruta de concreto para a verificação das flechas, considerando que a peça não irá fissurar.
A tabela 21 apresenta a flechas iniciais (ai) em cada fase de carregamento, onde:

5 p l 4
ai 
384  Ecs  I c

Para as fases 1, 2 e 3 considerou-se a inércia da seção pré-fabricada e para a demais


fases de carregamento considerou-se a inércia da seção composta.

Tabela 21: Flechas iniciais em cada fase de carregamento

idade f ck p E cs ai
Fase Ação l (m) I c (m 4 )
(dias) (Mpa) (kN/m) (Mpa) (cm)

1 Peso próprio da viga 1 25 7,00 7,25 24150 0,01143 0,091


2 Peso próprio da laje 15 37,2 25,97 7,25 30488 0,01143 0,268
3 Peso próprio da capa 30 40,0 13,50 7,25 31876 0,01143 0,133
4 Execução da alvenaria 45 40,0 0,00 7,25 31876 0,03388 0,000
5 Execução do revestimento 60 40,0 10,00 7,25 31876 0,03388 0,033
6 ψ2.Atuação da carga acidental 75 40,0 20,00 7,25 31876 0,03388 0,067
Fonte: Elaborado pelo autor.

Além das flechas iniciais devido aos carregamentos, deve-se considerar também a
contra flecha inicial devido ao momento de protensão e a perda de contra flecha no tempo
infinito devido às perdas de tensão nas armaduras.
A contra flecha devido à protensão pode ser definida por:
125

M p l2
ap 
8  Ecs  I c

Neste caso, para o cálculo do momento de protensão deve-se considerar a tensão inicial
nos cabos descontando-se as perdas de tensão devido à acomodação da ancoragem e à relaxação
da armadura. Desta forma:

 p ,inf   ' p ,sup   pi  ( ancor   pr )  145,35  (1,18  2,54)  141,63 MPa

M p  Ap   p ,inf  e p  A' p  ' p ,sup e' p

M p  11,2  141,63  0,2625  1,974  141,63  0,29  335,31 kN.m  33531kN.cm

33531 7252
ap   0,798 cm
8  2415 1143333,33

A perda de contra flecha devido à perda de protensão no tempo infinito pode ser
determinada por:

M p  l 2
a p 
8  Ecs  I c

M p  M p ,  M p ,i

M p  335,31  245,50  89,81 kN.m  8981 kN.cm

8981 7252
a p   0,16 cm
8  3187,6 1143333,33
A tabela 22 apresenta o sumo das deformações imediatas em cada fase:
126

Tabela 22: Flechas imediatas em cada fase de carregamento


flecha imediata
Fase Ação Seção
(cm )
1 Protensão Pré-fabricada -0,798
1 Peso próprio da viga Pré-fabricada 0,091
2 Peso próprio da laje Pré-fabricada 0,268
3 Peso próprio da capa Pré-fabricada 0,133
4 Execução da alvenaria Composta 0,000
5 Execução do revestimento Composta 0,033
6 Atuação da carga acidental Composta 0,067
7 Perda de protensão Composta 0,162
Fonte: Elaborado pelo autor.

Para determinação da flecha final é preciso saber os coeficientes de fluência, que já


foram determinados para o cálculo das perdas por fluência e estão apresentados na tabela 13.
A tabela 23 apresenta os valores finais das flechas considerando a protensão, os
carregamentos e a fluência do concreto.

Tabela 23: Valor final da flecha no tempo infinito

flecha Coeficiente Coeficiente


Fase flecha ∞ (cm ) Soma (cm )
imediata (cm ) φ final 1+φ final
1 -0,798 3,749 4,749 -3,789 -3,789
1 0,091 3,749 4,749 0,433 -3,356
2 0,268 2,561 3,561 0,954 -2,402
3 0,133 2,644 3,644 0,486 -1,916
4 0,000 2,178 3,178 0,000 -1,916
5 0,033 1,984 2,984 0,099 -1,817
6 0,067 1,853 2,853 0,190 -1,627
7 0,162 0,926 1,926 0,312 -1,315
Fonte: Elaborado pelo autor.

A contra flecha inicial e a flecha final devem respeitar os seguintes limite:

l 725
ac ,lim    2,416 cm
300 300
l 725
a f ,lim    2,90 cm
250 250
127

Pode-se observar que a contra flecha inicial está ultrapassando o limite imposto pela
NBR 9062/2006. Neste caso, pode-se adotar as seguintes soluções, desde que satisfaça todas as
outras verificações anteriores:

a) Adotar novo arranjo das armaduras;


b) Utilizar mais cordoalhas superiores para controlar a contra flecha;
c) Aumentar o fcj do concreto para o corte da cordoalha;
d) Alterar as dimensões da viga;
e) Diminuir a força de protensão;
f) Aumentar o fck do concreto;

Aumentando o fck do concreto para 50 MPa, sem alterar a quantidade e disposição todas
cabos de protensão, todas as verificações quanto à fissuração foram atendidas e os valores finais
das flechas podem ser observados na tabela 24 abaixo.

Tabela 24: Valor final da flecha no tempo infinito utilizando com fck 50 MPa

flecha Coeficiente Coeficiente


Fase flecha ∞ (cm ) Soma (cm )
imediata (cm ) φ final 1+φ final
1 -0,695 2,382 3,382 -2,349 -2,349
1 0,079 2,382 3,382 0,269 -2,081
2 0,230 1,524 2,524 0,581 -1,500
3 0,116 2,018 3,018 0,350 -1,149
4 0,000 1,605 2,605 0,000 -1,149
5 0,031 1,450 2,450 0,075 -1,075
6 0,061 1,353 2,353 0,144 -0,931
7 0,120 0,677 1,677 0,201 -0,730
Fonte: Elaborado pelo autor.
128

5 DETALHAMENTO

5.1 Formas
Figura 36: Forma da viga VR03

Fonte: Elaborado pelo autor.


129

5.2 Armaduras

Figura 37: Armaduras da viga VR03

Fonte: Elaborado pelo autor.


130

6 CONCLUSÕES

Comparando-se os resultados apresentados analiticamente ao longo do trabalho com os


resultados apresentados no Apêndice A, pode-se perceber que a planilha desenvolvida funciona
corretamente e possui resultados confiáveis.
Embora não apresentado explicitamente, a planilha possui outras funcionalidades úteis,
como a verificação de diversas seções transversais de elementos protendidos, como vigas vaso,
vigas “L”, lajes duplo T, e também a análise das tensões em diversas seções considerando-se o
isolamento de cordoalhas e a transferência gradual da força de protensão.
Notou-se também a necessidade de melhorias, como por exemplo a variação das perdas
de protensão ao longo do comprimento da viga, já que no roteiro apresentado considera-se a
perda calculada para a seção do meio do vão como sendo igual em todos os demais pontos.
No exemplo apresentado, notou-se que o fator que determinou a quantidade de armadura
de protensão foi a verificação do estado limite de serviço quanto à fissuração, enquanto o estado
limite último foi atendido com folga para essa quantidade de armadura. Em estruturas usuais,
para edificações comerciais e residenciais, onde os vãos de vigas e lajes não apresentam valores
maiores que 8,0 m e as sobrecargas nas lajes ficam em torno dos 500 kgf/m², o estado limite de
serviço é quase sempre o limitante. O estado limite último começa a ser determinante para a
armadura longitudinal quando as sobrecargas passam a ser grandes, como por exemplo, em
câmaras de estocagens, onde podem atingir mais de 5000 kg/m².
Por fim, espera-se que este trabalho contribua para um melhor entendimento dos leitores
a respeito do concreto protendido com pré-tração e que sirva de inspiração para novos trabalhos,
como melhorias no roteiro apresentado.
131

REFERÊNCIAS

ACKER, Arnold Van. et al. Planning and design handbook on precast build structures. fib,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas


de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

______. NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas – Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR 9062: Projeto e Execução de Concreto Pré-Moldado. Rio de Janeiro, 2006.

______. Projeto de Revisão NBR 9062: Projeto e execução de estrutura de concreto pré-
moldado. Rio de Janeiro, 2016.

______. NBR 14861: Lajes alveolares pré-moldadas de concreto protendido – Requisitos e


procedimentos. Rio de Janeiro, 2011.

BUCHAIM, Roberto. Concreto Protendido: Tração Axial, Flexão Simples e Força


Cortante. 1. ed. Londrina: Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL), 2008.

CARVALHO. Roberto C.; FILHO, Jasson R. F. Cálculo e Detalhamento de Estruturas


Usuais de Concreto Armado. Segundo a NBR 6118:2014. 4. ed. São Carlos: EdUFSCar,
2014.

CARVALHO. Roberto Chust. Estruturas em Concreto Protendido. Pré-tração. Pós-tração.


Cálculo e Detalhamento. São Paulo: Pini, 2012.

CHOLFE, Luiz; BONILHA, Luciana A. S. Concreto Protendido: Teoria e Prática. São


Paulo: Pini, 2013.

EL DEBS, Mounir K. Concreto Pré-moldado: Fundamentos e Aplicações. São Carlos:


EESC-USP, 2000.
132

ELLIOT, Kim S.; JOLLY, Colin K. Multi-storey Precast Concrete Framed Structures. 2.
ed. United Kindom: Wiley Blackwell, 2014.

FUSCO, Péricles B. Estruturas de concreto: solicitações tangenciais. 1. ed. São Paulo: Pini,
2008.

HANAI, João B. Fundamentos do Concreto Protendido. São Carlos: EESC: Departamento


de Engenharia de Estruturas, 2005. Apostila.

INFORSATO, Thiago B. Considerações sobre o projeto, cálculo e detalhamento de vigas


pré-fabricadas protendidas com aderência inicial em pavimentos de edificações.
Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Programa de Pós-Graduação em Construção
Civil (PPGECiv), Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2009.

LEONHARDT, Fritz. Construções de concreto, vol. 5: concreto protendido. Tradução de


João Luís Escosteguy Merino. Rio de Janeiro: Interciência, 2007.

MUNTE. Manual Munte de Projetos Pré-fabricados. 2. ed. São Paulo: Pini, 2007.

TREVISOLI, Gabriel M. Programa livre para análise da armadura longitudinal e da


transversal de vigas pré-tracionadas para diferentes seções. Dissertação (Mestrado em
Construção Civil) - Programa de Pós-Graduação em Construção Civil (PPGECiv),
Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2015.

VASCONCELOS, Augusto C. Manual prático para a correta utilização dos aços no


concreto protendido em obediência às normas utilizadas. Belo Horizonte: Livros técnicos e
científicos; Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, 1980.

VERÍSSIMO, Gustavo. S. et al. Concreto Protendido: Estados Limites. Viçosa:


Universidade Federal de Viçosa, 1999. Apostila.

VERÍSSIMO, Gustavo. S; JUNIOR, Kléos M. L. C. Concreto Protendido: Perdas de


Protensão. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1998. Apostila.
133

VERÍSSIMO, Gustavo. S; JUNIOR, Kléos M. L. C. Concreto Protendido: Fundamentos


Básicos. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1998. Apostila.
134

APÊNDICE A – PLANILHA DESENVOLVIDA


135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151

Você também pode gostar