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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DA PAVUNA

ANÁLISE DO NOVO TESTAMENTO 1


EVANGELHOS DE MATEUS, MARCOS E LUCAS.

2011.1
SUMÁRIO
Evangelho de Mateus
Introdução 4

O construtor de pontes: apresentou um novo livro 4

O biógrafo: apresentou um novo Rei 5

O homem de fé: apresentou um novo povo

Autor 9

Lugar de origem 9

(Data 9

Destinatário. 9

Propósito 10

Texto 11

-11
Aceitação no Cânon
Mateus em estudos recentes -11

A contribuição de Mateus -13

Escotilhas de contribuição -13

Bibliografia 15

Evangelho de Marcos

Introdução 16

Conteúdo 16

Autor -17

Detalhes sobre o autor 18

Lugar de origem 19

19
Data
Destinatário 20
21
Propósito-
Texto- -21

Marcos em estudos recentes 23

Critica da redação . 24

2
-25
Critica da forma
25
Exegese
25
A moderna critica da Biblia
25
Hermenêutica
26
A contribuição de Marcos
26
Escotilhas de contribuição
27
Bibliografia

Evangelho de Lucas

Introdução 28
28
Contribuição
Conteúdo 28

31
CAutor
Lugar de origem- -32

32
Data
Destinatários 32

Propósito 33

Fontes informativas 34

Diagrama das fontes do Evangelho de Lucas 35


Texto 35

Aceitação no Cânon 36

Principios que formaram o Cânon -37

Lucas em estudos recentes 37

A contribuição de Lucas 38
Escotilhas de contribuição 38

Bibliografia 42

3
EVANGELHO DE MATEUS

INTRODUçÃO:
Cerca de vinte a trinta anos depois de Jesus ter voltado para o céu um
discipulo judeu chamado Mateus foi inspirado pelo Espiito Santo a escrever um
vro. Disso resultou o que conhecemos hoje como o "Evangelho SegundoMateus
Nenhum dos quatro Evangelhos registra qualquer palavra proferida por
Mateus. Ainda assim, em seu Evangelho, ele nos apresenta as palavras e os atos
de Jesus Cristo, o "filho de Davi, filho de Abraão" (Mt 1:1). Apesar de Mateus não
ter escrito para faiar de si mesmo, convém nos familiarizarmos com o apóstolo e
com o livro que escreveu. Assim. poderemos descobrir tudo o que ele desejava que
soubéssemos sobre Jesus Cristo

O Espirito Santo usou Mateus para realizar três tarefas importantes ao


escrever esse Evangelho

1. O Construtor de Pontes: Apresentou um novo livro

Esse novo livro é o Novo Testamento Se um leitor da Biblia pulasse de


Malaquias para Marcos, Atos ou Romanos ficaria totalmente confuso. o
Evangelho de Mateus é a ponte de transição entre o Antigo Testamento e o
Novo Testamento
O tema do Antigo Testamento é apresentado em Génesis 51: "Este éo livro
da genealogia de Adao". O Antigo Testamento mostra a história extremamente
triste da familia de Adao Deus criou o homem a sua imagem, mas o homem
pecou e, desse modo, distorceu sua imagem original (Ec. 7 29) Depois disso,o
homem gerou filhos "à sua semelhança, conforme a sua imagem" (Gn 5:3"), e
estes se mostraram täo pecadores quanto seus pais (Rm. 5.12). Não importa
como lemos o Antigo Testamento, sempre encontramos pecados e pecadores

O Novo Testamento, porém é o Livro da genealogia de Jesus Cristo" (Mt


1:1). Jesus êo útimo Adão (1 Co 15:45), e Ele veio ao mundo para salvar as
geraçbes de Adão" (da qual, a propósito, fazemos parte). Apesar de não ser
uma escolha nossa, nascemos na geração de Adäo, e isso nos torna pecadores
Mas, por uma escolha de fé, podemos nascer na geração de Jesus Cristo e nos
tornar fihos de Deus (II Co. 5.17).

Quando lemos a geneaogia em Génesis 5, a repetição da expressão "e ele


morreu soa como um badalar fünebre de um sino O Antigo Testamento mostra
que 'o salário do pecado é a morte" (Rm 623a). Mas quando passamos ao
Novo Testamento, sua primeira genealogia enfatiza o nascimento, não a mote
A mensagem do Novo Testamento diz que "o dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 6 23b)
O Antigo Testamento é um livro de promessas; o Novo Testamento, por sua
vez, é um livro de cumprimento (por certo, há inúmeras promessas preciosas no
Novo Testamento, mas me refiro aqui à ênfase principal de cada parte da
Biblia). Deus prometeu um Redentor em Gênesis 3:15, e Jesus Cristo cumpriu
essa promessa. "Cumpriré uma palavra-chave do Evangelho de Mateus, usada
cerca de vinte vezes.
Um dos propósitos desse Evangelho é mostrar que Jesus Cristo cumpriu as
promessas do Novo Testamento a respeito do Messias. Seu nascimento em
Belém cumpriu Isaias 7:14 (Mt 1:22-23). Foi levado ao Egito, onde ficaria mais
seguro e, desse modo, cumpriu Oséias 11:1 (Mt 2:14-15). Quando José e sua
familia decidiriam se estabelecer em Nazaré, cumpriram várias profecias do
Antigo Testamento (Mt 2:22-23). Em seu Evangeiho, Mateus apresenta pelo
menos 129 citações ou alusões ao Antigo Testamento. Escreveu principalmente
a leitores judeus para mostra-lhes que Jesus Cristo era, de fato, o Messias
prometido.
2. O Biógrafo: Apresentou um novo Rei

A julgar pela definição moderna, nenhum dos quatro Evangelhos pode ser
considerado uma biografia. Aliás, o apóstolo João duvidou de que fosse possivel
escrever uma biografia completa de Jesus (Jo 2125). Os Evangelhos deixam de
fora uma séria de detalhes sobre a vida de Jesus aqui na Terra.

Cada um dos quatro Evangelhos tem uma ênfase particular. O Livro


Mateus é chamado de o Evangelhodo Reir e foi escrito principalmente para
de
leitores judeus. O Livro de Marcos, o "Evangelhodo Servo, foi escrito para
instruir leitores romanos. Lucas escreveu principaimente para os gregos e
apresentou Cristo como o perfeito Filho do homem João é de interesse
universal, e sua mensagem é Esteé o Filhode Deus. Nenhum dos Evangelhos
é suficiente para contar toda
história da forma que Deus quer que a
a
vejamos
Porém, quando juntamos os quatro relatos, vemos uma imagem mais complexa
da Pessoa e obra do nosso Senhor.

Uma vez que estava acostumado a manter registros sistemáticos, Mateus


apresenta um relato extremamente organizado da vida e ministério de nosso
Senhor. O livro pode ser dividido em dez seções, que alternam o "fazereo
"ensinar. Cada seção de ensinamentos termina com a frase: "Quando Jesus
terminou estas palavras" ou uma declaração semelhante de transição. Os
capitulos podem ser divididos da seguinte maneira
NARRATIVA ENSINAMENTOS TRANSIÇÃO
1-4 5-7 7.28

8.1-9.34 9.35 10.42 11.1

11.2 12.50 13.1-52 13.53

13.53 17.27 18.1-35 19.1

19.1-23.39 24.1-25.46 26.1

26.1-28.20

(a narrativa da Paixo)

Mateus descreve Jesus como um Homem de açãoe um Mestre, registrando


pelo menos vinte milagres especificos e seis mensagens principais: o Sermão
do Monte (caps. 5-7), a comissão dos apóstolos (cap. 10), as parábolas do reino
(cap.13), as lições sobre o perdão (cap. 18), as acusações contra os fariseus
(cap. 23), e o discurso profético no monte das Oliveiras (caps. 24-25). Pelo
menos, 60% do livro é dedicado aos ensinamentos de Jesus.

E importantelembrar que Mateus concentra-se no Reino. No


Antigo
Testamento, a nação de lsrael era o reino de Deus na Terra: "Vós me sereis
reino de sacerdotes e nação santa" (Ex
19:6). Muitos, nos dias de Jesus,
esperavam pelo libertador enviado por Deus, que os libertaria da escravidão
romana e restabeleceria o reino
glorioso de lsrael.
A mensagem do Reino dos Céus foi
pregada inicialmente por Joäo Batista
(Mt 3:1-2). Jesus também pregou essa mensagem no começo do seu ministério
(Mt 4:23)eenviou os doze discipulos com a mesma
proclamação (Mt 10:1-7).
Porém, as boas novas do reino
exigiam do povo uma resposta moral e
espiritual, não apenas a aceitação de um conjunto de
regras. João Batista
arrependimento. Semelhantemente, Jesus deixou bem claro que não tinha pedia
vindo
para conquistar Roma, mas para transformar o
cressem nele. Antes de entrar na
coração e a vida daqueles que
cruz.
glória do reino, Jesus
suportou o sofrimento da
Podemos observar, ainda, que Mateus
organizou seus textos de acordo com
tópicos, näão em sequência cronológica. Agrupou dez
em vez de colocá-los dentro milagres nos capitulos 8-9
de sua sequência histórica
ao longo da
seu Evangelho. Sem
dúvida, vários outros acontecimentos foram narrativa de
omitidos. Ao considerar a harmonia existente entre totalmente
Mateus segue um padrão próprio sem, no
os
Evangelhos, vemos que
entanto, contradizer
evangelistas. os outros

6
Além de ser responsável pela transição do Antigo para o Novo Testamento e
de apresentar a biografia de Rei, Jesus Cristo,
um novo
Mateys também
Cumpriu um terceiro propósito ao escrever seu livro. l0/i
3. O Homem de Fé: Apresentou um novo povo
Esse novo povo era, evidentemente, a lgreja. Mateus é o único escritor a
usar a palavra igreja em seu texto (Mt 16:18; 18:17). O termo grego traduzido
por "igreja" significa "uma assembléia chamada para fora". No Novo
Testamento, esse termo refere-se, em geral, à consagração local dos cristãos.
No Antigo Testamento, lsrael era escolhido por Deus, começando com o
chamado de Abraão (Gn 12:1ss; Dt 7:6-8). Aliás, Estvão chama a nação de
Israel de "a congregação [igreja] no deserto" (At 7:38), pois era o povo de
Deus chamado para fora.

Porém, a lgreja do Novo Testamento é formada por um povo diferente, pois é


constituida tanto de judeus quanto de gentios. Nessa Igreja, não há qualquer
distinção racial (GI 3:28). Apesar de ter escrito principalmente para judeus, ainda
assim o Evangelho de Mateus possui um elemento "universal" que inclui os
gentios. Por exemplo, lideres gentios vão adorar o menino Jesus (Mt 2:1-12).
Jesus realiza milagres para os gentios e até os elogia por sua fé (Mt 8:5-13;
de Sabá é louvada por se mostrar disposta a fazer uma
15:21-28). Arainha
longa jornada a fim de ouvir a sabedoria de Salomäo (Mt 12:42). Num momento
de crise em seu ministério, Jesus fala de uma profecia sobre os gentios (Mt
12:14-21). Mesmo nas parábolas, Jesus indica que as bênçãos que lsrael
recusou seriam compartilhadas com os gentios (Mt 22:8-10; 21:40-46). De
acordo com o discurso no monte das Oliveiras, a mensagem seria levada "a
todas as nações (Mt 24:14); e a comissão do Senhor envolveria todas as
nações (Mt 28:19-20). hOSuclewa CGyVoi
KuclaíAmo
Na Igreja primitiva, havia apenas cristãos judeus e (prosélitos (At 2-7).
Quando o evangelho chegou a Samaria (At 8), o povo mestiço de judeus e
gentios passou a fazer parte da lgreja. Depois que Pedro foi à casa de Cornlio
(At 10), os gentios também começaram a participar da lgreja. A assembléia de
Jerusalém (At 15) determinou que os gentios não precisavam tornar-se judeus
antes de se tornar cristãos.

Mateus apresenta toda essa questão de antemão, e quando seu livro foi lido
pelos membros judeusegentios da lgreja primitiva, ajudoua resolverdiferenças
ea promover a unidade. Mateus deixa claro que esse novo povo, a lgreja, não
deveria apoiar qualquer forma de exclusão racial ou social. Pela fé em Jesus
Cristo, os cristãos são "todos um" no corpo de Cristo, a lgreja.

A própria experiência de Mateus com o Senhor, relatada em Mateus 9:9-17,


é um belo exemplo da graça de Deus. Seu antigo nome era Levi, ofilho de Alfeu
(Mc 2:14). "Mateus" significa "o dom de Deus". Ao que parece, esse nome Ihe foi
dado para começar sua conversão e seu chamado para ser discipulo.
7
E importante lembrar que os coletores de impostos faziam parte de uma das
Classes mais odiadas na sociedade judaica. Para começar, eram traidores da

sustento "vendendo-se" aos romanos ao


propria nação, pois ganhavam o
trabalhar para o governo. Cada coletor adquiria de Roma o direito de recolher
coletores
Impostos; quanto mais recolhia, mais conseguia guardar para si. Os
eram considerados ladrões e traidores, e seus contatos com os gentios também
Os colocavam à margem da religião, a ponto de serem tidos como impuros.
Jesus refletiu a opinião popular acerca dos publicanos ao classificá-los junto às
prostitutas e a outros pecadores (Mt 5:46-47; 18:17), mas deixou claro que "era
amigode publicanos e pecadores" (Mt 11:19; 21:31-32).
Mateus abriu seu coração para Jesus Cristo e se tornou uma novapess0a.
Não foi uma decisão fácil para ele. Era de Cafarnaum, cidadeque havia

rejeitado o Senhor (Mt 11:23). Também era um negociante conhecido na cidade


e, provavelmente, foi perseguido pelos amigos de outros tempos. Sem dúvida,

perdeu muito dinheiro quando deixou tudo para seguir a Cristo.

Mateus não apenas abriu seu coração, mastambém abriu sua casa. Sabia
que muitos dos seus velhos amigos, senão todos, o abandonariam quando
a situaçãoe convidou
começasse a seguir Jesus Cristo. Por isso, aproveitou
todos os coletores de impostos (é possível que alguns deles fossem gentios) e
judeus que não guardavam a lei ("pecadores").

Evidentemente, fariseus criticaram Jesus por assentar-se à mesma mesa


os
os discipulos de João Batista
que toda essa gente impura e até tentaram instigar
a criar uma desavença (Lc 5:33). No entanto, Jesus explicou por que estava
andando com "publicanos e pecadores" eram espiritualmente enfermos e

precisavam de médico. O Senhor não veio chamar os justos, pois não havia
um

justos. Veio chamar pecadores, e isso incluía os fariseus. Por certo, seus
criticos não se consideravam "enfermos espirituais", mais isso não muda o fato
de que eram isso mesmo.

Mateus não apenas abriuseu coraçãoe suacasa como também abriu suas
mãos e trabalhou para Cristo. Alexander White de Edimburgo disse, certa vez,
que, quando Mateus deixou seu emprego para seguir a Cristo, levou consigo
sua pena de escrever! Mal sabia ele, na época, que um dia seria usado pelo
Espírito para escrever o primeiro livro dos quatro Evangelhos do Novo
Testamento!
Diz à tradição que Mateus ministrou na Palestina durante vários anos, depois.
levar o
que Jesus voltou para o céu, e que fez viagens missionárias para
evangelho aos judeus dispersos entre os gentios. Seu trabalho é relacionadooà
Pérsia, Etiópia e Siria, e algumas tradições incluem ainda a Grécia. O Novo
Testamento não diz coisa alguma sobre sua vida, mas podemos afirmar com
certeza que, por onde quer que as Escrituras passem neste mundo, o
Evangelho escrito por Mateus continua a ministrar ao coração de seus leitores.

8
E PERAUAM UM REIGUE NEMAV wtAOR
OMEM DE SGUERIR
Mateus é o Evangelho de Cristo, o Rei que governa. O "Reino do Céu' é o
grande tema do Evangelho de Mateus, mas para Mateus sua importância repousa
na identidade de Jesus. JESUS O REI, que por seu nascimento, por seu batismo,
pela escolha e ensino dos discipulos, por suas obras de poder e misericórdia, e
Supremamente por sua morte e ressurreição, fez do REINO DO CEU tanto uma
experiência presente para ser desfrutada como uma esperança futura para ser
esperada. (Mateus segue o costume judaico de referir-se ao "REINO DO CEU" e
não ao "REINO DE DEUS").
Durante séculos os cristãos acreditaram que o evangelho de Mateus tinha
sido o primeiro a ser escrito, e, por conseguinte, o mais importante dos quatro.
Porém nos últimos 150 anos este ponto de vista tem sido amplamente abandonado,
e muitos estudiosos- não todos- hoje consideram o de Marcos como o primeiro
Evangelho escrito. AAUTOPIA 20

AUTOR:
VANSELAO D MATEUS
sPAL 16REA cATE O JTOR*
XAtradição da lgreja tem atribuido desde o século lI a composição deste
Evangelho a Mateus, o publicano (9:9- 10:3), chamado também de Levi, filho de
Alfeu (Mc 2:14; Lc 5:27), o coletor de impostos a quem Jesus chamou e uniu ao
grupo dos seus discipulos (Mt 10:14; Mc 3:13-19; Lc 6:13-16).

LUGAR DE ORIGEM:

A idéia mais comum é que o livro tenha sido escrito em Antioquia, um antigo
M
centro cristão. E há alguma evidência acerca disso. Inácio. bispo de
Antioquia usava esse evangelho, acima de todos os outros, e nesse lugar,
igualmente Pedro (tal como no próprio evangelho) desfrutava de
proeminência acima dos demais apóstolos. Em Antioquia e Damasco, o DA
estáter equivalia as duas didrácmas (Mt 17:24-27)

DATA:

Não se sabe ao certo a data de sua composição, mas podemos considerar


que ele tenha sido escrito antes da destruição de Jerusalém (70 D.C). Sendo assim,
podemos considerar que foi entre 50 e 70 D.C.

DESTINATÁRIOS:

O testemunho antigo é que o evangelho de Mateus visa sobre tudo aos


judeus recém-convertidos, como uma espécie de manual de instrução na fé. Assim
dãoa entenderIrineue outros. Mas outros supõem que seu propósito se assemelha
UM ao do Apocalipse, ié, consolar e fortalecer aos mártires em potencial, assegurando
Ihes o caráter genuino de Jesus como Messias. Há quem observe que esse é o
is mais universal dos evangelhos, pelo que nenhuma localidade particular foi
endereçada. O Evangelho de Mateus tem sido chamado de "manual da vida de
o Cristo e da teologia biblica" (Morton S. Enslin "Literature of the Christian
Movement, pág. 389) e isso aponta para a larga audiência. Se tivermos de supor
alguma audiência especifica, entäo nada mais convincente pode ser dito do que
esse livro Visava aos cristãos, judeus e gentios da Asia Menor e da Siria. 90/

PROPÓSITO:
Mateus não mostra declarações diretas acerca de seu propósito em escrever
seu evangelho. A busca em identificar são inferêências extraidas dos temas que o
autor aborda e da maneira como trata certos temas em comparação como a

maneira como os outros evangelhos tratam temas semelhantes. Assim,


encontramos dificuldades em identificar com exclusividade o propósito do autor. Os
temas desenvolvidos pelo escritor são diversos, complexos e até certo ponto
contestados. Dai, tentativas de identificar um propósito único e simples estão
fadadas ao fracasso. Contudo, não somos impedidos de declinar uma opinião
acerca do assunto. Se observarmos os temas mais amplamente aceitos, podemos
inferir que Mateus desejava demonstrar algumas assertivas:

1) Jesus é o prometido, o Filho de Davi, o Filho de Deus, o Filho do


Messias
Homem, Emanuel, aquele para quem o A.T aponta (Mt 1). Mateus indica ser
Jesus o novo Moisés e seus ensinamentos a nova lei, conforme se torna
como Moisés
evidente no grande Sermão da Montanha (Mt 5-7). Assim
assim sucedeu no
exigia respeito do povo por ter trazido revelações inéditas,
caso de Cristo. Mas a revelação trazida por Cristo é superior à de Moisés.
pelo que sua autoridade é maior

não reconhecendo
2) A negligéncia de muitos judeus, especialmente lideres,
Jesus durante o seu ministério. O conteúdo do próprio evangelho mostra o
intuito de fazer um apelo a judeus e gentios igualmente, assegurando a
referência
ambos que Jesus é o Messias e Salvador. A genealogia e a
freqüente das leis e costumes judaicos serviam de apelo aos judeus. A
referênciaao ministério de Jesus fora dos territórios judaicos (Mt 4: 15,25),
voltou para os
mostra a negligência dos judeuse por isso sua mensagem se
gentios (Mt 8: 11,12 e 21:43). além da grande Comissão (Mt 28:19-20),
enfatizando a universalidade do evangelho
seu inicio na
3) O reino escatológico prometido já deu sinal de chegada, com
vida, morte, ressurreição e exaltação de Jesus. Mateus se interessa pelas
de
questões escatológicas, refletindo a crençadoscristãos primitivos que
o
segundo advento de Cristo (parousia) estava próximo, e que grande
surgimento do anticristo (ver Mt 24)
tribulação aconteceria com o
havendo no mundo à
4) A manutenção desse reinado messiânico continua
medida que crentes judeus e gentios), submetem-se à autoridade de Jesus
vencendo tentações, suportando perseguiçôes, acolhendo calorosamente os
ensinamentos de Jesus, assim, demonstrando que constituem o verdadeiro
ambito em que se encontra o povo de Deuseo verdadeiro testemunho ao
mundo acerca do "evangelho do reino",
5) O reinado messiânico é não apenas o cumprimento do AT, como tambem
uma amostra do reino consumado, que surgirá na segunda volta de Cristo

(parousia)
TEXTO:

Comparado Atos o texto de Mateus é relativamente estável. Mas, a


a
exemplo dos demais evangelhos sinóticos, o texto de Mateus sofre muitas
variantes, que estão ligadas ao problema sinótico.

Obs. Incluir cópias da lista dos manuscritos do N.T.

ACEITAÇÃO NO CÂNON
Cânon-Essa palavra é a forma latina da palavra Kanon", que, no grego,
significa 'cana". Trata-se de uma planta usada de várias maneiras para
medir e pautar. Assim sendo, o temo passou a significar regra" ou
pauta", e, mais tarde, uma lista de coisas ou itens escritos em uma
coluna. O vocábulo "kanon", por exemplo, passou a significar "regra" ou
"padrão". Quando falamos sobre cânon das Escrituras referimo-nos à
lista de livros aceitos pela igreja em geral como livros que foram escrito
sob inspiração divina, os quais, por isso mesmo, são usados como regra
de fé e da experiência prática da religião cristä.

O Evangelho de Mateus foi amplamente e universalmente aceito, e durante


séculos, continuou a ser o Evangelho mais citado.

MATEUS EM ESTUDOS RECENTES

Até a poucos anos atrás, os comentaristas que escreviam em língua inglesa


desconsideravam Mateus mais do que outro dos evangelhos canônicos.

A obra de Gundry (1982) é um detalhado estudo crítico da redação do texto


grego. Este chega a tantas conclusões que estudiosos de todas as tendências
acham implausivel que não tenha sido bem recebido. Particulares
afirmações:
1- A fonte Q (quelle) contém bem mais do
que aproximadamente 250
versiculos que normalmente Ihe são atribuidos;

Nota: Q abreviação do termo alemão "Quelle", cujo significado é:


origem.
Este simbolo e termo são usados para simbolizar uma fonte informativa
sobre osensinamentose declarações de Jesus, que teria sido usada por Mt
e Lc, mas parecer não ter sido conhecida por Mc.

2- Mudanças e acréscimos que Mt faz em suas fontes


são motivadas por
interesses teológicos e não
possuem referente histórico (inclusive as
narrativas do nascimento nog caps.
1e 2o wo avRO &E
MT
11
3- O gênero de literatura em que Mateus usava teria sido reconhecido pelos
primeiros leitores como uma mistura de reflexões histórica e a-
histórica.
A começar por Bornkamm, Barth e Held, muitos estudiosos têm concentrado
a atenção nas diferenças entre Mt e Mce entre Mt e aquilo que se pode recuperar
de a, a fim de identificar o que é distintivo no evangelho de Mt. Apesar de muitos
estudos apresentarem idéias interessantes, não poucos têm uma base täo estreita
que acabam desviando do centro. Por exemplo:

1- Rolf Walker pensa que Mt foi escrito para mostrar que lsrael foi
totalmente.rejeitado, Sua afirmaçãobaseia-se na"grande comissão"(Mt
28:19). Ela oficializa que o evangelhoseja pregadoexclusivamente aos
gentios. Em parte alguma ele encara adequadamente o fato de que todos
os discípulos e os primeiros convertidos eram judeus. Só raramente
Walker é convincente na sua exegese.

2- Humbert Frankemölle defende que Mt é tão diferente de Mc que nem


deveria ser chamado de evangelho. Frankemölle chega a compará-lo
com Dt e Cr, tendo-o como um livro de história. Não a história de Jesus,
mas da comunidade, visto que nessa "ficção literária" "Jesus" é uma
figura idealizada intencionalmente amalgamada comoteólogo Mt. Mas
Frankemölle exagera na ênfase de diferenças formais entre Mt e Mc e Dt
ou Cr. Apesar de reconhecer que o evangelho de Mt seja unificado, ele
não leva em consideração que na maior parte do evangelho, Mt depende
bastante de Mc e Q.

3- Borkamm sustenta que, enquanto em Mc os discipulos não


compreendem o que Jesus diz senão quando Jesus Ihes explica
secretamente as coisas, Mt atribui aos discípulos uma compreensão clara
e fácil. Borkamm não considera que em vários pontos a vacilação dos
discipulos nãotem origem nafalta decompreensãoesim na falta defé.
Além do fato que Mt depende exageradamente do segredo messiânico
de Mc. Borkamm desconsidera o pedido feito pelos discipulos de
receberem instruções em particular (Mt 13:36), e a falta de entendimento
quanto aos ensinos de Jesus acerca da paixão, mesmo após a
explicação (Mt 16:21-26, 17:23 e 26:51-56). Borkamm desconsidera que
não estavam preparados para verem o messias sendo
Os discipulos
derrotado, que não se tratava de falta de entendimento, na verdade,
nesse aspecto a chegada a uma compreensão e também a uma fé por
partedos discipulos foi de modo singular: foi em parte uma consequência
de seu lugar na história da salvação, um modo que se tornou
definitivamente ultrapassado com o triunfo da ressurreição de Jesus.
Nossa chegada a fé nos dias de hoje ou nos dias de Mateus, de modo
algum pode ser comparada a do tempo dos primeiros discipulos. Mateus
procura deixar isto claro, mas Borkamm está tão interessado em

12
dos
enxergar a igreja de Mateus na descrição que o evangelista faz
primeiros discípulos que a exegese se torna tendencioso.
Alguns estudos recentes têm procurado manifestar uma crescenteB
preocupação em ler Mt holisticamente (ao todo), ou seja, ler Mt por suas próprias
qualidades, ainda que ao mesmo tempo mantenha um olho nos paralelos sinóticos
e outros. Buscam entender que o primeiro evangelho deve ser estudado como um
Iivro no seu próprio mérito e não como um livro copiado de outro ou modificado.
Assim fazendo, perceberemos com maior facilidade seus temas, sua unidade e sua
é insistir em que o
força própria. Isso não énegar a validade das duas abordagens;
sensibilidade
método histórico-critico tradicional seja complementado por maior
literária.

A CONTRIBUIÇÃO DE MATEUS

sinóticos devem ser levadas em


contribuições oferecidas nos evangelhos
As
a luz dos outros não é a melhor
consideração. Observar um evangelho sem buscar
opção. Ainda assim, se Mateus desaparecesse repentinamente,
grande parte de
seu conteúdo ainda seria encontrado em
Mce Lc. Nesse sentido não se pode dizer
que, por exemplo, Hb
que Mt ofereça o mesmo tipo de contribuição independente
ou Ap.
oferecem o
Mateus outros evangelhos sinóticos ao lado de João
e os
de
testemunho basilar acerca da pessoa, ministério, ensino, paixãoe ressurreição
o Messias. Fato é que não podemos
considerar os evangelhos sinóticos
Jesus,
redundantes. Cada um mostra com sua própria lente um ângulo da história e juntos
seria mostrado.
oferecem profundidade tridimensional que de outra forma não
uma
Cada um oferece uma escotilha que permite enxergar a vida da igreja na época emn
que foi escrito.

ESCOTILHAS DE CONTRIBUÇÃO:
Jesus. Isto fez
1- Mateus procurou presenvar grandes blocos de ensinos de
com que seu evangelho fosse tão popular na igreja primitiva.
Se não fosse o
versão do
sermão da montanha, a lista de parábolas registradas, sua
discurso escatológico, e outros tantos, a igreja estaria grandemente
empobrecida.
com Lucas, ao
2- Mateus contribui com outros evangelhos, particularmente
oferecer um relato alternativo da concepção virginal de Jesus, apresentado a
narrativa
partir da perspectiva de José. Com exceção dos acontecimentos da
do nascimento, dos quais não há outro registro (os magos, a fuga para o
e a volta), tais relatos têm fortes vinculos com a revelação
encontrada
Egito
no A.T. (Mq. 5:2; Nm 24:17; Os.11:1).
13
3- Mateus faz uso do A.T. de maneira peculiar. Ele faz diversas citações (entre
10 a 14, de acordo com diferentes estimativas) encontradas apenas em seu
evangelho e introduzida com uma fórmula de cumprimento caracterizada por
uma forma passiva de cumprir. São digressões (excursões, passeios) do

evangelista. São reflexöes de forma mais semítica (judaica) e bem


menos

parecida com a LXX do que a maioria das outras citações do A.T.


emn

Mateus. Fica claro que a apreciação que Mateus tem pelos vínculos entre a

antiga e nova aliança caracteriza-se por nuanças extraordinariamente


evocativas. Não se pode baratear sua noção de profecia e de cumprimento a
mera prediçãoverbal e cumprimento histórico em acontecimentos isolados.
Mateus vale-se de diversas formas de tipologia e argumentos, e adota uma
leitura fundamentalmente cristológica do A.T. Como por exemplo,
encontrado em Mt 4:1-11 (tentação no deserto), onde mostra em certo
sentido a experiência do povo de Deus (Israel, o filho de Deus), conforme
elucidado em Ex 4:22-23, com uma grande diferença: Jesus é o Filho de
Deus, vencedor pela Palavra de Deus.

Nota: LXx (Septuaginta) A Septuaginta é uma tradução do Antigo


Testamento hebraico para o grego, juntamente com certos livros adicionais.
O seu nome "Septuaginta" vem diretamente do latim, com o sentido de
setenta, o que explica sua familiar representação em números romanos.
"LXX". Esse nome deriva-se da tradição que diz que essa versão foi feita por
setenta (ou setenta e dois) anciãos judeus, durante o reinado de Ptolomeu ll
Filadelfo, tendo sido feita na cidade de Alexandria, no Egito (284-247 A.C). A
razão dessa tradução do A.T. do hebraico para o grego foi que os judeus
que tinham voltado do exilio babilônico, após três gerações, haviam-se
esquecido do hebraico.

4- Mateus dá um tratamento especial à lei. Apesar de alguns pensarem que ele


interiorize a lei, radicalize-a, subordine-a ao mandamento do amor, torne
absolutas apenas suas dimensões morais ou trate-a como um preceptor que
conduz as pessoas a Cristo, é melhor utilizar a própria classificação de
Mateus: Jesus vem para cumprir a lei (Mt 5:17).

5- Mateus mostra a base não apenas quando se olha atrás para as Escrituras
da antiga aliança, mas aponta para aquilo que a igreja veio a ser. Mateus faz
um contributo para o debate posterior sobre o relacionamento entre Israel e
a igreja, aliado a João, Romanos e Hebreus. Tratando-se de Mateus, ele
focaliza o tratamento aos lideres judeus.

6- Mateus prepara um quadro onde Jesus é pintado, tornando-se o centro do


seu evangelho. Mateus apresenta Jesus como Emanuel, "Deus conosco"
(Mt
1:23)
BIBLIOGRAFIA:
Carson, D.A e Moo, Douglas J. Introdução ao Novo Testamento. S.Paulo. Vida
Nova, 1997.
Champlim, Russel Normam e Bentes, João Marques. Enciclopédia de Biblia
Teologia e Filosofia. S. Paulo. Candeia, 1997.

Stott, John. Homens com uma Mensagem. Campinas-SP. Editora Crist Unida,
1996.

Wiersbe, Warren W.. Comentário Biblico Expositivo: Novo Testamento. SP.


Geográfica Editora,2006.

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