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Formação Lean

Não pavimente o caminho da vaca!


Vamos supor uma vaca. Sim, uma vaca. Daquelas que comem grama e dão leite. Nossa vaca
está pastando tranquilamente, junto com suas amigas, e eis que lhe surge uma necessidade:
beber água. A vaca então, começa a procurar um pequeno riacho para que ela possa matar a
sua cede. Ela anda para um lado, anda para o outro, sobre um pequeno desnível do pasto,
desce, esquece que estava com cede e volta a pastar até que ela acha o riacho. Obviamente, a
vaca, durante o percurso, deixa um claro rastro por onde passou (identificável através de suas
pegadas).

Supomos que, por algum capricho do governo, um agente ligado ao departamento de


transportes deseje ajudar as amigas da vaca a chegarem ao riacho mais rapidamente. Ele
então decide usar uma artimanha famosa dos governos: asfaltar! Claramente, se as vacas
pudessem andar em um caminho asfaltado, elas iriam chegar mais rapidamente ao riacho,
além do que o asfalto iria reduzir sensivelmente o perigo das vacas atolarem no barro do
pasto. Ele então segue o rastro da primeira vaca e vai asfaltando todo o percurso.

Será que esta é a melhor das estratégias?

Para o caso da vaca é obviamente ridículo, entretanto, nas nossas organizações essa atitude
nem sempre é tão ridícula assim. Me lembro de um de nossos projetos onde avaliávamos um
processo de faturamento. O objetivo do processo era compilar despesas, emitir uma nota
fiscal e mandar a cobrança para o cliente. Havia várias interações nebulosas no processo, como
a falta de um meio formal de se coletar as informações necessárias para se faturar o cliente,
dificuldades para separar procedimentos diferentes para diferentes tipos de produtos, enfim, a
vaca subia e descia bastante a procura do seu riacho.

Uma das primeiras ideias de nossos clientes (que foi rejeitada após nossos conselhos) era de
instalar um software de ERP milagroso que iria automatizar tudo e acabar com todos os
problemas. Eles queriam nada mais do que pavimentar o caminho da vaca. O software não ia
evitar os problemas que eles tinham. Ele não ia criar uma maneira de se coletar as informações
necessárias, nem estratificar os tipos de produtos diferentes. Ele ia apenas fazer com que os
erros acontecessem no ambiente virtual.

As empresas, assim como as vacas, possuem diversas razões para a ineficiência de seus
processos. Podem ser razões históricas ou até culturais, porém nem sempre (e quase nunca) a
tecnologia pode resolvê-los completamente. Se queremos automatizar algo, temos que
estudar o processo como um todo antes, definindo qual é o caminho mais curto “do pasto até
o riacho” e somente depois disso asfaltar.

Pensemos nisso nos nossos projetos de automação.

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