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● analisar a relação entre a legislação dos direitos reprodutivos e sexuais,

sobretudo da fertilização assistida, das mulheres com deficiência e a


acessibilidade aos direitos no sistema de saúde público brasileiro de 2015 a
2023.

● investigar as disposições legais para a fertilização assistida das mulheres


com deficiência, no Estatuto da Pessoa com Deficiência e no Projeto de Lei
3565/2020;
● determinar o papel das instituições de saúde pública na viabilização da
fertilização assistida para essa parcela da população;

● identificar lacunas no acesso à fertilização assistida enfrentadas por mulheres


com deficiência no sistema de saúde público;

UTILIZAR NESSE PARÁGRAFO:


Sob esse viés, (SILVA, 2019) relata que “a escassez de informação, a negligência
governamental, e a disparidade entre a realização singular ocorrida em 2023 e a
realidade enfrentada por outras mulheres com limitações motoras ao longo do
período de estudo constitui o impulso motivador que embasa a formulação da
problematização central desses direitos”

Em muitos casos, as mulheres com deficiência são superprotegidas por suas


famílias devido à percepção de sua fragilidade, e isso pode ser uma barreira para o
acesso à tecnologia de reprodução assistida. No entanto, a reprodução assistida
desempenha um papel importante ao oferecer a essas mulheres a oportunidade de
exercer seu direito à maternidade, independentemente das barreiras que podem
encontrar devido à deficiência e às percepções de gênero. (DANTAS, SILVA,
CARVALHO, 2014, p. 558-559).

● determinar se e em que medida as normativas legais proporcionam


oportunidades reais para as mulheres com deficiência exercerem seu direito
à maternidade.
● análise de casos para ilustrar os desafios enfrentados por mulheres com
deficiência no acesso à fertilização assistida (caso da primeira mulher com
paralisia cerebral a realizar fertilização assistida)
● análise da legislação e da jurisprudência para revisão de decisões judiciais
relevantes relacionadas ao tema (artigo 6º do Estatuto da Pessoa com
Deficiência de 2015 e o Projeto de Lei 3565/2020)

Historicamente, nota-se que as pessoas com deficiência são frequentemente


negligenciadas social e juridicamente. Essa discriminação é impulsionada pelo
preconceito, que se manifesta, sobretudo, na falta de conformidade desses
indivíduos com os padrões de “normalidade” impostos, tornando desafiador o pleno
exercício e gozo dos seus direitos em decorrência da banalização de suas
especificidades (Souza; Madeira, 2021).
Na esfera dos direitos sexuais e reprodutivos, embora a capacidade legal
para o exercício da maternidade seja garantida na legislação brasileira, não se pode
presumir a efetiva e eficaz aplicação dessa norma para o exercício desse direito de
maneira digna e plena pelas mulheres com deficiência (Souza; Madeira, 2021),
dado que a ausência de uma clara regulamentação legislativa e de recursos
adequados tornam dificultosa a concretização desse direito. Ainda, a visão
biomédica da deficiência julga as mulheres portadoras de deficiência como
incapazes de exercer a maternidade, típico atributo de gênero delegado às
mulheres sem deficiência (Lopes, 2018 apud Souza; Madeira, 2021).
Apesar da relevância do tema, Souza e Madeira (2021, p. 13) declaram que
“é alarmante a diminuta quantidade de dados no Brasil sobre mulheres com
deficiência”. Evidenciando, assim, a invisibilização desse grupo perante às políticas
públicas e à legislação brasileira, já que os dados existentes não contemplam
informações acerca do exercício da maternidade ou da qualidade de vida dessas
mulheres. Em contrapartida,
devem ser considerados não só possíveis omissões ou falhas
no reconhecimento formal dos direitos, como os obstáculos
ainda persistentes na sociedade para sua concretização
material para as mulheres, representados pela desigualdade e
discriminação de gênero, atuando como dificultadores do
exercício pleno de tais garantias nos contextos dos lares e
cotidiano familiar e sexual das mulheres brasileiras (Mendes,
2019 apud Souza; Madeira, 2021, p. 7).
Isto posto, apesar das lacunas no que tange à efetividade dos direitos
sexuais e reprodutivos das mulheres com deficiência, a criação do artigo 6º do
Estatuto da Pessoa com Deficiência* e do Projeto de Lei 3565/2020 evidenciam
uma evolução nas normas jurídicas e nas políticas públicas no país, além da
crescente conscientização sobre a importância da garantia da igualdade e dignidade
das mulheres com deficiência no exercício de seus direitos (Souza; Madeira, 2021).
Portanto, haja vista o papel crucial da fertilização assistida na vida
reprodutiva das mulheres com deficiência, torna-se indispensável a continuação de
estudos acadêmicos, bem como a criação e aprimoração das políticas públicas
brasileiras e do aparato legislativo existente, com sensibilidade às especificidades
individuais, visando o efetivo gozo dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres
com deficiência e garantindo que todas as mulheres tenham a oportunidade de
buscar a maternidade com dignidade e apoio adequado.

PEDRO
Nesta perspectiva, necessário se faz destacar a conceituação contemplada pela
Organização Mundial de Saúde – OMS, a qual define que:
A saúde reprodutiva é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, em
todos os aspectos relacionados com o sistema reprodutivo e as suas funções e
processos, e não de mera ausência de doença ou enfermidade. A saúde reprodutiva
implica, por conseguinte, que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e
satisfatória, tendo autonomia para se reproduzir e a liberdade de decidir sobre
quando e quantas vezes deve fazê-lo. Implícito nessa última condição está o direito
de homens e mulheres de serem informados e de terem acesso a métodos
eficientes, seguros, permissíveis e aceitáveis de planejamento familiar de sua
escolha, assim como outros métodos de regulação da fecundidade, de sua escolha,
que não sejam contrários à lei, e o direito de acesso a serviços apropriados de
saúde que deem à mulher condições de atravessar, com segurança, a gestação e o
parto e proporcionem aos casais a melhor chance de ter um filho sadio. Em
conformidade com a definição acima de saúde reprodutiva, a assistência à saúde
reprodutiva é definida como a constelação de métodos, técnicas e serviços que
contribuem para a saúde e o bem-estar reprodutivo, prevenindo e resolvendo
problemas de saúde reprodutiva. Isso inclui também a saúde sexual, cuja finalidade
é a intensificação das relações vitais e pessoais e não simples aconselhamento e
assistência relativos à reprodução e a doenças sexualmente transmissíveis (item
7.2, Relatório da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento das
Nações Unidas, setembro de 1994) (Organização Mundial de Saúde apud Sturza,
2021, p. 93).
Com efeito, a supracitada definição aduz sobre a efetiva implementação, o dever
paro com e a mantença do presente direito por parte do Estado, tendo em vista que
a saúde reprodutiva engloba um conjunto de métodos, técnicas e serviços.

Tópico 1: A análise da discrepância entre a legislação e a realidade vivenciada destaca a


importância de se considerar não apenas as leis existentes, mas também como essas leis
se traduzem na prática. Questionamentos sobre a eficácia das normativas na promoção de
oportunidades reais para as mulheres com deficiência exercerem seu direito à maternidade
surgem como elementos essenciais dessa discussão.

Tópico 2: De certo modo, ao investigar as disposições legais para a fertilização assistida


das mulheres com deficiência, no Estatuto da Pessoa com Deficiência e no Projeto de Lei
3565/2020, encontra-se principalmente tais medidas como o congelamento de gametas que
seria congelar óvulos ou sêmen para utilizá-los futuramente ou por meio de doação que se
define em um procedimento normalmente utilizado quando há ausência, baixa qualidade ou
problemas genéticos relacionados aos gametas ou embriões dos progenitores. Porém não
há disposições legais suficientemente disponíveis para total assistência a fertilização
assistida das mulheres com deficiência. Além disso, vale ressaltar que, O Estatuto da
Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015) contempla, também, a responsabilidade do poder
público de garantia de dignidade da pessoa com deficiência, princípio tutelado
constitucionalmente enquanto fundamento do Estado Democrático de Direito.

Tópico 3: Ao explorar o papel das instituições de saúde pública, a análise se concentra em


compreender como essas entidades têm contribuído para viabilizar a fertilização assistida.
Questões relacionadas à implementação de políticas inclusivas e à adaptação de serviços
para atender às necessidades específicas desse grupo são fundamentais para avaliar a
eficácia do sistema de saúde público.
Nesse sentido, a acessibilidade arquitetônica nos serviços de saúde ainda é um grande
obstáculo de acesso, interferindo negativamente não apenas no primeiro contato com a
instituição, mas também na desmotivação para continuidade do cuidado

Tópico 4: A identificação e discussão de lacunas no acesso à fertilização assistida


proporcionam um olhar crítico sobre as barreiras enfrentadas por mulheres com deficiência.
Essas lacunas podem estar associadas a aspectos legais, como interpretação e aplicação
das normativas, bem como a desafios estruturais e sociais que permeiam a oferta de
serviços de reprodução assistida.
Conforme Gartrell (2017), foram analisadas as desvantagens nas experiências de saúde
sexual e reprodutiva de mulheres com deficiência física e sensorial, investigando se elas
enfrentam obstáculos adicionais em comparação com mulheres sem deficiência. O estudo
identificou a necessidade de aprimorar a acessibilidade física e comunicativa dos centros de
saúde e de seus profissionais, além de destacar a importância de fortalecer os recursos
sociais e financeiros disponíveis para as mulheres com deficiência.

GARTRELL, Alexandra; BAESEL, Klaus; BECKER, Cornelia. “We do not dare to love”:
women with disabilities' sexual and reproductive health and rights. Cambodia: Reproductive
Health Matters, 2017 Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/epdf/10.1080/09688080.2017.1332447?needAccess=true.
Acesso em: 21 nov. 2023.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília: Presidência da República,
2015. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 21 nov.
2023.

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