Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Graduanda em Letras/Inglês - Universidade Federal do Maranhão
Disciplina: Teoria da Literatura II
Resenha II
vexame de não trabalhar e ser obrigado a recorrer às ruas enquanto mendigos,
pedintes. Isso tudo dentro de uma sociedade de escravização ainda.
É nesse retrato social de frustração que está o caso de Dona Plácida. A
Pobre mulher vive uma situação de “trabalhos insanos, doenças e frustrações”
(SCHWARZ, 1983). A Personagem de Machado de Assis é justamente aquela que
tenta realizar um trabalho humilde e honrado para que não sucumba a degradação
de pedir esmolas na rua e a nenhuma outra quebra de bons costumes. O que acaba
não sendo possível evitar, já que posteriormente Dona Plácida termina se
agregando à família de Virgília e acobertando a relação adúltera entre ela e Brás
Cubas.
Por mais que D. Plácida fosse uma defensora do matrimônio, da fidelidade e
da família, por necessidade ela se viu obrigada a proteger uma situação com a qual
ela não concordava. Ou seja, ao pobre não se tem a escolha de seguir com o
trabalho honesto e digno pois a necessidade é o que prevalece, ele não tem
escolha. “A vida honesta e independente não está ao alcance do pobre.”
(SCHWARZ, 1983).
Diante disso, Schwarz (1983) aponta essa situação como explicação à
tristeza de D. Plácida, já que ela trabalha tanto e pouco reconhecimento tem. Faz
parecer até que a sua vida simplesmente não tem sentido. No entanto, ao imaginar
uma razão para a existência de D. Plácida, Brás Cubas diz que ela veio justamente
para isso, para trabalhar exacerbadamente, enquanto mal se alimenta. Para adoecer
e sarar a fim de que continue trabalhando e trabalhando. Sendo assim não é que
sua existência não tenha finalidade, mas muito pelo contrário, ela está ali justamente
para contribuir com a manutenção dessa ordem e sistema social.
O que Schwarz faz é demonstrar a qualidade com que Machado de Assis
consegue representar as diferenças de classes em suas obras, sendo muito
eficiente em retratar a pobreza pois a compreende muito bem.
REFERÊNCIAS
DE ASSIS, M. Memórias Póstumas de Brás Cubas. [S.l.]: [S.n.], 1881.
SCHWARZ, Roberto. Os Pobres na Literatura Brasileira. São Paulo: Brasiliense,
1983.