Literatura e Nação.

Nação e nacionalidade é um tema por sua vez complexo, na qual pode-se

discorrer a partir de inúmeras vertentes. Nesse sentido, ao buscar as produções
literárias que apresentaria na sala de aula, antes de saber que o trabalho passaria a
ser escrito, priorizei as produções que tivessem relação com as discussões fomentadas
na aula, escolhendo, desse modo, os seguintes tópicos: nação e américa Latina,
nacionalidade e feminilidade e desenvolvimento da identidade nacional
Os livros são por sua vez uma fonte riquíssima de consulta na qual certamente
deteriam excelentes obras literárias que poderiam ser abordadas. Contudo, como a
dinâmica dessa atividade permite opções mais abertas de literatura que não
restringe-se aos livros, optei por escolher, junto a uma obra literária, longas- metragens
e documentários na qual abordam as palavras chaves que tinha escolhido. Sendo
assim, decidi usar as seguintes três produções: ‘Golda, A mulher de uma nação’’, Os
demônios, de Dostoiévski, e Caroneiros (Roads to identity), de Martina Rupp.
O primeiro trata-se de um filme produzido a pouco tempo. Lançado em 31 de
agosto deste ano, ‘’ Golda, A mulher de uma Nação’’, aborda as dificuldades e as
tensões que a protagonista, primeira ministra do Estado de Israel, enfrenta na guerra
conhecido como Yom Kippur War, um conflito de recuperação de território provocado
pelos estados árabes, na qual foram liderados pelo egito e a Síria. O filme destaca-se
justamente por sua protagonista feminina. Nesse sentido, Golda Meir foi a primeira
mulher a ocupar tal cargo político em Israel, assim como também foi a primeira mulher
no oriente médio a possuir tal posição, em um campo que até então era dominado
exclusivamente pelo público masculino.
No decorrer da narrativa, o filme nos mostra as duras decisões que Golda
deve tomar para conquistar a vitória de seu país, bem como os impactos psicológicos
causados tanto por essas decisões, quanto pelos acontecimentos violentos e
perturbadores característicos de um conflito bélico. Ademais, também nos é mostrado
o impacto desses conflitos no cotidiano feminino e a …
O segundo diz respeito a obra publicada em 1872 pelo escritor russo Fiódor
Dostoiévski. Em termos gerais, o livro pauta-se na degeneração da sociedade juvenil
russa na qual estaria infectada por um pensamento pré-socialista, que culminaria nas
décadas mais afrentes no surgimento do estado soviético. Nesse sentido, a ideia da
formação e consolidação de uma identidade nacional e transnacional surge como um
dos pontos mais discutidos durante a obra. Na narrativa, elas são representadas pelos
demônios, isto é, os personagens com tendências revolucionárias presentes na obra,
daí vindo o apelido de demônio como um ser destruidor da ordem estabelecida.
Tais personagens, por mais que foram criados e educados na Rússia, detém
seus pensamentos formulados no extrangeiro quando vão estudar fora e, quando
voltam para sua terra natal, não mais identificam-se com os costumes e culturas de sua
pátria. A nacionalidade surge aqui em um papel de fragilidade frente às influências
culturais presentes no extrangeiro, na qual invadem a cultura fragilizada e a remodelam
segundo suas intenções.
A última obra trata-se de um documentário de 50 minutos produzido por um
estúdio independente. Ele narra um grupo viajando ao redor da américa látina e
oferecendo caronas a aqueles que também vão ao mesmo destino mas se locomovem
a pé. Durante as viagens, os passageiros, em sua grande maioria argentinos,
discorrem sobre suas motivações de viajar para um outro país latino americano e das
dificuldades que enfrentam em suas viagens. Ademais, também comentam a
desvalorização da cultura latino americana , da supervalorização da cultura estrangeira,
mormente, a estadunidense, e da má reputação que alguns países latino americanos
detém no mundo afora.
Nesse sentido, é possível fazer uma relação das conversas desses diferentes
passageiros acomodados e os seus conteúdos na qual assemelham-se em suas
temáticas e ideias discutidas, podendo categorizá-los como uma comunidade
imaginada que, embora nenhum talvez tenha a chance de ver ou conhecer
pessoalmente o outro, ainda passam pelas mesmas dificuldades e, de certa maneira,
detém a mesma visão de mundo que seus companheiros. Desse modo, destaca-se no
documentário uma ideia de nacionalidade latino americana, na qual transcende a ideia
de identidade nacional vinculada ao território, na medida que apresenta uma
comunidade que se reconhece pelas suas dificuldades semelhantes.