Você está na página 1de 22

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/325350959

Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a


categorização de comportamentos na interação terapêutica (SiMCCIT)

Article in Perspectivas em Análise do Comportamento · August 2017


DOI: 10.18761/perspectivas.v2i1.47

CITATIONS READS

10 107

2 authors:

Denis Roberto Zamignani Sonia Beatriz Meyer


Paradigma Centro de Ciências e Tecnologia do Comportamento University of São Paulo
46 PUBLICATIONS 850 CITATIONS 68 PUBLICATIONS 430 CITATIONS

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Transformação da função de estímulos View project

Estudo de processos verbais na Terapia Analítico-Comportamental View project

All content following this page was uploaded by Denis Roberto Zamignani on 24 July 2018.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


www.revistaperspectivas.com.br
ISSN 2177-3548

Comportamentos verbais do terapeuta no Sistema Multidimensional para


a Categorização de Comportamentos na Interação Terapêutica*(SiMCCIT)
Therapist verbal behavior in the Multidimensional System for Categorization
of Behaviors in Therapeutic Interaction (SiMCCIT)
Denis Zamignani1 e Sonia Beatriz Meyer2

[1] Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento, Brasil [2] Universidade de São Paulo (USP), Brasil | Título abreviado: Categorização de comportamen-
tos verbais do terapeuta analítico-comportamental | Endereço para correspondência: Denis Zamignani. Rua Wanderley, 611. CEP: 05011-001. São Paulo,
SP. | E-mail: denis@nucleoparadigma.com.br

Resumo: A interação terapêutica tem sido compreendida como um dos principais fatores de
mudança na psicoterapia. Sua investigação é denominada pesquisa de processo. Ela conta com
o registro de sessões em áudio e/ou vídeo para a categorização de comportamentos e a análise
posterior de padrões de interação. O presente trabalho teve como objetivo a apresentação de
parte do Sistema Multidimensional para a Categorização de Comportamentos na Interação
Terapêutica (SiMCCIT) e da avaliação da concordância entre observadores ao utilizá-lo. A
partir de uma análise sistemática da literatura referente à classificação de comportamentos
verbais vocais, constatou-se que os sistemas de categorias já existentes não eram satisfató-
rios para o estudo da terapia analítico-comportamental, exigindo a construção de um novo
sistema. Desenvolveu-se então o Sistema de Categorização de Comportamentos Verbais do
Terapeuta, composto por 16 categorias, nove delas referentes a comportamento verbal vocal,
quatro a comportamento verbal não vocal e três categorias residuais. Elaborou-se ainda um
treino padronizado para observadores, cuja aplicação a um participante produziu índices de
concordância Kappa satisfatórios (0.67 e 0.84). São discutidas as implicações do uso do siste-
ma para a pesquisa de processo em terapia analítico-comportamental e em outras modalida-
des terapêuticas em suas diferentes etapas, assim como a possibilidade de uso do instrumento
e do software de treino para o ensino de habilidades terapêuticas.
Palavras-chave: pesquisa de processo em psicoterapia, categorização de comportamentos,
interação terapeuta-cliente, terapia analítico-comportamental

Abstract: Therapeutic interaction has been considered one of the main factors of change
in psychotherapy, and its investigation is called process research. Audio and video recording
sessions are used to code behaviors which, subsequently, permit the analysis of interaction
patterns. The objectives of the study were the presentation of part of a coding system called
“Multidimensional System for Categorization of Behaviors in Therapeutic Interaction” and the
evaluation of agreement between observers in its use. From a systematic assessment of the lite-
rature regarding the classification of vocal verbal behavior, it was found that the existing cate-
gory systems were not satisfactory for the study of behavior analytic therapy, thus requiring the
construction of a new system. A System for Coding Verbal Therapist Behavior was developed
containing 16 categories, nine of vocal verbal behavior, three for non vocal verbal behavior and
four residual categories. A standardized training for observers was also developed. Its applica-
tion to one participant produced satisfactory Kappa indexes of agreement ranging from 0.67 to
0.84. The implications of using the system for process research in behavior analytic therapy and
in other therapeutic modalities in its different stages are discussed as well as the possibility of
using the instrument and its training software for teaching therapeutic skills.
Keywords: therapeutic process research, categorization of behaviors, client-therapist interac-
tion, behavior-analytic therapy
* Trabalho parcialmente financiado pela FAPESP (processo 04/05840-8). Bolsista CAPES dou-
torado (março de 2004 a fevereiro de 2005).

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 25 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

A interação terapêutica tem sido o objeto de estudo Oliveira & Sousa, 2003; Chamberlain & Ray,
de pesquisadores de diferentes abordagens teóricas 1988; Chamberlain, Patterson, Reid, Kanavagh &
e áreas do conhecimento. Nas chamadas pesquisas Forgatch, 1984; Donadone, 2004; Garcia, 2001;
de processo (Greenberg & Pinsof, 1986; Russel & Hill, 1986; Hill, Corbett, Kanitz, Rios, Lightsey
Trull, 1986), visa-se a caracterizar a interação (ver- & Gomez, 1992; Margotto, 1998; Martins, 1999;
bal e não verbal) entre terapeuta e cliente, de modo Moreira, 2001; Novaki, 2003; Oliveira, 2002;
a identificar os processos de mudança que ocorrem Tourinho, Garcia, & Souza, 2003; Vermes, 2000;
nessa interação. Luna (1997) observa que a clínica é Yano, 2003; Zamignani & Andery, 2005).
um ambiente privilegiado para o desenvolvimento Muitos desses sistemas apresentam categorias
da pesquisa. Nesta situação, temos acesso a dados que descrevem classes de comportamentos bastan-
de relato verbal que, de outra forma, dificilmente te semelhantes, mas utilizam diferentes denomina-
poderiam ser obtidos. O pesquisador, neste am- ções e definições, existindo incompatibilidade entre
biente de pesquisa, pode ter grande controle sobre eles em função da diferença entre os elementos des-
o contexto no qual esse tipo de comportamento tacados por cada um dos pesquisadores. Além dis-
ocorre, além de contar com participantes de pes- so, os estudos da área investigam, em geral, apenas
quisa que se apresentam com regularidade por lon- comportamento verbal vocal. O estudo de respostas
gos períodos de tempo, permitindo repetidas ob- verbais vocais na psicoterapia vem sendo conduzi-
servações do fenômeno de interesse. do desde o final da década de 1960 e tem trazido
Um dos métodos mais utilizados para este fim importantes contribuições, mas sabe-se que parte
é a observação direta de sessões gravadas em áudio importante da interação terapêutica é de natureza
e/ou em vídeo e a classificação dos dados por meio não vocal (Mahl, 1987).
de categorias de comportamento. A partir da cate- O desenvolvimento de instrumentos para a ca-
gorização dos comportamentos observados, são con- tegorização de comportamentos (e.g., Hill, 1986;
duzidas análises das relações entre essas categorias, Rice & Kerr, 1986) envolve algumas etapas, que de-
de forma a identificar possíveis efeitos de diferentes vem ser cumpridas para garantir a sua validação e
classes de comportamento de um membro da díade fidedignidade. De acordo com Rice e Kerr (1986),
sobre o outro (Russel & Trull, 1986; Wampold, 1986). a primeira dessas etapas implica a consolidação de
Nas últimas décadas, o número de pesquisa- uma base teórico-clínica, a qual deve fundamen-
dores que têm se dedicado a este tipo de pesqui- tar a elaboração de categorias segundo o campo de
sa é expressivo (e.g., Almásy, 2004; Baptistussi, estudo adotado pelo pesquisador. Tal base é a con-
2001; Barbosa, 2001; Barbosa, 2006; Bischoff & dição para que o sistema desenvolvido apresente
Tracey, 1995; Brandão, 2003; Chamberlain & Ray, em suas categorias os elementos (comportamentos
1988; Chamberlain, Patterson, Reid, Kanavagh & e contextos de ocorrência) característicos da mo-
Forgatch, 1984; Donadone, 2004; Garcia, 2001; dalidade de intervenção referente à linha teórica
Hill, 1986; Hill, Corbett, Kanitz, Rios, Lightsey & adotada (incluindo comportamentos que devem
Gomez, 1992; Maciel, 2004; Martins, 1999; Meyer ocorrer e aqueles que devem ser evitados devido
& Donadone, 2002; Moreira, 2001; Nardi, 2004; à sua inconsistência ou inadequação). Esta etapa
Novaki, 2003; Oliveira, 2002; Silva, 2001; Tourinho, envolveria, de acordo com Rice e Kerr, extensiva
Garcia & Souza, 2003; Vermes, 2000; Yano, 2003; observação clínica e intensivas análises de registros
Zamignani & Andery, 2005). Ao mesmo tempo, são em áudio ou em vídeo, além de consulta à teoria
diversos os temas investigados e os recursos meto- e ao julgamento clínico dos terapeutas envolvidos.
dológicos desenvolvidos para a análise, produzindo A segunda etapa, proposta por Rice e Kerr
dados bastante esclarecedores para o entendimento (1986), consiste na especificação dos elementos
das relações que ocorrem na psicoterapia. por meio dos quais os comportamentos em cada
Diferentes sistemas de categorização foram de- classe podem ser reconhecidos. Esta etapa envolve-
senvolvidos especificamente para a análise da in- ria uma descrição precisa desses comportamentos,
teração terapeuta-cliente (e.g., Baptistussi, 2001; o que, segundo os autores, exige um cuidado para
Bischoff & Tracey, 1995; Brandão, 2003; Britto, que o instrumento seja o mais descritivo e o menos

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 26 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

inferencial possível. Quanto mais descritivo, afir- A quarta etapa na elaboração de um instrumen-
mam, menor será a complexidade da observação to, de acordo com Rice e Kerr (1986), diz respeito
e maior a possibilidade de uso do sistema em dife- ao estabelecimento da validade preditiva do siste-
rentes campos e abordagens de estudo. O produto ma - o que implica verificar a sensibilidade do ins-
concreto desta segunda fase, de acordo com Rice trumento a padrões de interação que estejam siste-
e Kerr, seria um manual detalhado para treino de maticamente relacionados ao sucesso ou insucesso
observadores. da intervenção terapêutica. Esta tarefa é bastante
De acordo com Danna e Matos (1999), a defi- complexa e envolveria a aplicação do instrumento
nição de um evento em uma dada categoria deve na investigação de um conjunto amplo de intera-
“(1) ser objetiva, clara e precisa; (2) ser expressa ções terapêuticas, nas quais os dados possam ser
na forma direta e afirmativa; (3) incluir somente relacionados com resultados.
elementos que lhe sejam pertinentes; (4) ser explí- A última etapa do desenvolvimento de um
cita e completa” (p. 134). Além disso, a definição instrumento de observação, segundo Rice e Kerr
não pode ser “circular”, ou seja, o termo definido (1986), consiste em estabelecer a validade de cons-
não pode ser utilizado em sua própria definição truto de suas categorias. A validade de constructo
(Marinotti, 2000) e devem ser evitados termos sub- compreende as evidências que indicam quão bem
jetivos, fatos interpretados ou inferidos (Cunha, os dados obtidos por meio de um instrumento refle-
1975; Fagundes, 1976/1992). É necessário consi- tem um constructo em particular2 (Kazdin, 2002).
derar também a necessidade de que o sistema seja Quando evidências diretas não podem ser obtidas,
suficientemente sensível para responder às questões evidências circunstanciais do constructo são reu-
colocadas sem, no entanto, ser excessivamente de- nidas de forma a dar suporte à assunção de que a
talhado, o que produziria dispersão nos resultados medida reflete o constructo em estudo (Cronbach
(Wampold, 1986; Zamignani, 2001). & Meehl, 1955; Suen & Ary, 1989).
A fim de manter a coerência e a validade in- Uma questão importante a ser destacada é que
terna do sistema de categorias, deve-se também a categorização de eventos representa (e deve repre-
obedecer a alguns critérios: (a) as categorias cons- sentar) apenas uma etapa da pesquisa, responsável
truídas devem ser exaustivas1 e mutuamente exclu- pelo mapeamento inicial de processos “genéricos”
dentes; (b) todos os comportamentos observados e que ocorrem na interação terapêutica. Quando a
registrados devem ser classificados, independen- categorização de eventos não é associada a nenhum
temente do número de eventos que sejam catego- outro tipo de medida, ela oferece, no máximo, uma
rizados em cada classe; (c) as categorias devem descrição da interação em curso, mas esta descrição
apresentar coerência quanto aos critérios escolhi- não permite a identificação de variáveis de controle
dos para a classificação e quanto ao grau de especi- ou a inferência de generalizações sobre o fenômeno
ficidade adotado para as classes de eventos (Danna estudado. Devido ao avanço das pesquisas de pro-
& Matos, 1999). Rice e Kerr (1986) sugerem ainda cesso em psicoterapia nas últimas décadas, hoje te-
que esta segunda etapa seja proximamente relacio- mos instrumentos disponíveis para a avaliação dos
nada à terceira, a qual envolve a obtenção de um mais diversos aspectos da interação. A associação
grau adequado de concordância entre observado- de categorias descritivas com outros instrumentos
res, já que o pesquisador precisa transitar diversas - de medida de resultado (Rice & Kerr, 1986), de
vezes entre as duas etapas. impacto da sessão (Stiles, 1980) ou outros - pode
proporcionar informações muito mais ricas a res-
1 O termo exaustiva refere-se à “necessidade de que todo e peito da interação estudada.
qualquer comportamento relevante possa ser englobado em
alguma das categorias” (Marinotti, 2000, p. 7) do sistema, ou
seja, o sistema deve conter tantas categorias quanto necessá-
rio para englobar as classes de comportamento de interesse, 2 O termo constructo refere-se às características a serem estu-
incluindo uma categoria residual para abarcar as classes de dadas ou detectadas pelo instrumento, enquanto medidas são
comportamento não contempladas nas categorias desenvol- as formas por meio das quais esses constructos são operacio-
vidas (Marinotti, 2000). nalizados (Kazdin, 2002).

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 27 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

Zamignani (2007) realizou uma avaliação sis- analisados, agrupando-as segundo similaridades.
temática da literatura sobre categorização de even- Um novo sistema de categorias foi então desenvol-
tos verbais da interação terapêutica, em busca de vido, tendo como ponto de partida a análise e a re-
elementos para o estudo da terapia analítico-com- organização das categorias dos sistemas anteriores.
portamental. Nesse trabalho, o autor analisou sete Além disso, foram considerados textos de revisão
sistemas de categorização de comportamento ver- bibliográfica sobre a interação terapêutica (e.g.,
bal vocal do terapeuta: (a) Therapy Process Code Meyer & Vermes, 2001) e textos para a forma-
(Chamberlain & Ray 1988); (b) Therapist Behavior ção de terapeutas (e.g., Fiorini, 1995). Zamignani
Code (Ford, 1978); (c) Hill Counselor Verbal estudou ainda transcrições de sessões de terapia
Response Modes (Hill, 1978); (d) Category System analítico-comportamental utilizadas em trabalhos
for Coding Interaction in Psychotherapy (Schindler, prévios, considerando também a visão de clínicos
Hohenberger-Sieber & Hahlweg, 1989); (e) Verbal e pesquisadores experientes em terapia analítico-
Response Modes Coding System (Stiles, 1992); -comportamental, de modo a identificar variáveis
(f) Categorias Relativas às Funções Básicas das não abordadas nos sistemas anteriores. As catego-
Verbalizações de Terapeutas (Tourinho, Garcia rias foram então definidas com vistas a destacar
& Souza, 2003) e (g) Categorias de Registro do comportamentos típicos da interação em terapia
Comportamento do Terapeuta (Zamignani, 2001). analítico-comportamental.
Os critérios desenvolvidos por Zamignani O Sistema Multidimensional de Categorização
(2007) para a análise sistemática dos instrumen- de Comportamentos da Interação Terapêutica
tos foram os seguintes: (a) Categorias e definições: (SiMCCIT) é composto por três eixos de catego-
este critério contemplou a clareza na definição rização. Cada um deles representa uma dimensão
das categorias de cada sistema, a construção das ou aspecto do comportamento dos participantes, a
mesmas a partir de eventos diretamente observá- saber: Comportamento Verbal, Temas e Respostas
veis ou que exigissem um mínimo de inferência Motoras.
e a consistência entre a descrição e a denomina- O presente trabalho é decorrente do estudo
ção das categorias; (b) Coerência do conjunto: este conduzido por Zamignani (2007). Tem como ob-
critério se referia à coerência interna do sistema, jetivo a apresentação de parte do sistema por ele
especialmente quanto à natureza (topográfica e/ou construído, o SiMCCIT, e da avaliação da concor-
funcional) dos eventos contemplados em cada uma dância entre observadores ao utilizá-lo. No recorte
das categorias e ao grau de especificidade das dife- deste artigo, descreve-se o eixo de categorias ver-
rentes categorias; (c) Treino sistemático: este crité- bais do terapeuta. O manual completo para catego-
rio dizia respeito à existência ou não de manual ou rização e treino sistemático de observadores consta
treino sistemático de observadores; (d) Utilização de Zamignani (2007).
prévia em pesquisas: este critério levava em consi-
deração se o sistema havia sido adotado por outros Método
pesquisadores ou em outros estudos do mesmo gru-
po de pesquisa; (e) Compatibilidade: este critério Participantes
avaliava se as categorias do sistema haviam sido • Uma díade terapeuta-cliente para a gravação de
desenvolvidas para o estudo de terapia analítico- sessões de atendimento, composta de um terapeuta
-comportamental ou se suas definições eram com- analítico-comportamental do sexo masculino, com
patíveis ou adaptáveis para o estudo da interação 25 anos de experiência clínica, e uma cliente de 32
nessa abordagem. anos, grávida, com queixa relacionada a problemas
Zamignani (2007) concluiu que nenhum dos matrimoniais, sem diagnóstico psiquiátrico prévio.
sistemas analisados correspondia de forma sa- • Três juízas para o cálculo de concordância entre
tisfatória a todos os critérios propostos. Por esse observadores. As juízas eram graduadas em psico-
motivo, o autor reexaminou as categorias e as de- logia, com formação clínica em análise do com-
finições que compunham cada um dos instrumen- portamento, experiência como terapeutas analí-
tos e catálogos de comportamentos anteriormente tico-comportamentais há pelo menos dois anos e

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 28 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

participantes de atividades do grupo de pesquisa Registro de sessões terapêuticas por meio do


sob coordenação da orientadora, segunda autora sistema preliminar de categorização.
deste trabalho. Com o auxílio do software The Observer3, o pri-
meiro autor deste artigo (aqui denominado pesqui-
Características do Sistema de Categorias sador) aplicou a versão preliminar do sistema de
Para o desenvolvimento do sistema de categoriza- categorias a uma sessão terapêutica registrada em
ção, optou-se pela adoção de categorias cuja função vídeo. Após essa categorização inicial, as dificulda-
é presumida a partir de sua forma gramatical (e.g., des encontradas e as questões decorrentes foram
imperativa, interrogativa, etc.) e de sua relação com consideradas, levando à revisão das categorias.
eventos imediatamente precedentes e subsequentes. Efetuadas as alterações, novas sessões foram
Esta escolha se baseou em recomendação da litera- observadas e categorizadas pelo pesquisador e por
tura (e.g., Danna & Matos, 1999; Marinotti, 2000) dois observadores (Observadores 1 e 2). Esses ob-
de que a categorização seja pautada em eventos di- servadores haviam participado do processo de ela-
retamente observáveis. A identificação desses even- boração das categorias e tiveram acesso ao material
tos, entretanto, não considera apenas a sua topogra- escrito com as definições do sistema, mas não ocor-
fia, mas a relação com seu contexto de ocorrência reu um treino formal para a sua utilização.
(estratégia adotada também por Hill, 1986). O método adotado para a obtenção de concor-
Outra decisão tomada foi a de não limitar o dância entre observadores baseou-se na sequência e
estudo da interação terapêutica à dimensão verbal na duração dos episódios na comparação entre pa-
vocal. Para isso, foram incluídas no sistema de ca- res de observadores (sempre o pesquisador e cada
tegorização de comportamentos verbais as catego- um dos observadores). Este método, disponível no
rias de Gestos Comunicativos. Considerou-se que software The Observer, identifica as intersecções de
tais gestos tinham relação estreita com a comuni- tempo nas quais ambos os observadores utilizaram
cação verbal vocal (Caballo, 1993), exercendo fun- a mesma categoria, independentemente do instante
ção análoga às respostas verbais vocais. Em virtude de início do episódio categorizado.
desta escolha, decidiu-se pela análise de dados a O cálculo usado (naquele momento) foi o per-
partir do registro em vídeo, e não de transcrições centual de concordância, representado pela seguin-
de sessões terapêuticas. te fórmula:
A unidade de registro do sistema é definida
como uma ação (segmento de verbalização ou res- # tempo de eventos concordantes
posta verbal não vocal) do terapeuta ou do cliente. % concordância = (# tempo concordantes + # tempo discordantes) x 100
Dada a função exercida no contexto imediato da
sessão, a ação seria classificável de acordo com os
critérios presentes em uma das categorias aqui de- Uma vez que a concordância inicial entre o pes-
finidas. Entende-se por segmento de verbalização quisador e cada um dos observadores, bem como
um trecho da fala do participante que compõe uma entre os Observadores 1 e 2, foi inferior a 40%, o
unidade funcional, delimitada por qualquer mu- sistema de categorias foi revisto e aperfeiçoado, até
dança em características específicas da fala (e.g., que as categorias criadas fossem consideradas sufi-
classe, pausa, tema, etc.), apontadas na definição cientemente abrangentes e precisas. Categorizadas
de cada categoria, ainda que dentro da mesma ver- algumas sessões e revisto o sistema, novo processo
balização desse participante. Uma mesma verbali- de categorização independente e análise de concor-
zação, portanto, pode conter mais de um segmento dância foi realizado (desta vez, apenas entre o pes-
de fala. quisador e um dos observadores – o Observador 2).
A partir do desenvolvimento da primeira ver-
são do sistema de categorias, uma série de ensaios
3 Trata-se de um sistema informatizado para análise compor-
de aplicação do sistema foi conduzida, conforme tamental, desenvolvido pela Noldus Information Technologies,
descrito a seguir. que permite a categorização diretamente pela observação do
registro em áudio e vídeo.

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 29 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

Uma única sessão terapêutica (Sessão 11) foi cate- Tabela 2


gorizada repetidamente por ambos os observadores Valores Obtidos no Cálculo de Concordância entre o
Pesquisador e o Observador 2, Referentes às Categorias
e o refinamento do sistema ocorreu sucessivamen- Verbais, na Sessão 17
te, até que se obtivesse um índice satisfatório.
Na ocasião, utilizou-se o coeficiente Kappa, Sessão 17: Dados referentes ao comportamento
sugerido pela literatura como um indicador mais verbal do terapeuta
confiável de concordância (Suen & Ary, 1989). O Medida Valor
método para a obtenção do índice (calculado por Duração (segundos) de concordâncias 2697,79
meio do software The Observer) foi baseado na se- Duração (segundos) de discordâncias 343,97
quência e duração dos episódios, resultando em um
satisfatório coeficiente Kappa de 0.79 (percentual Percentual de concordância 88,69

de concordância de 0.93), conforme ilustrado na Índice de concordância 0,89


Tabela 1. As discordâncias foram novamente exa- Coeficiente Kappa 0,67
minadas e outro ajuste nas definições foi realizado.

Versão final das categorias de comportamento


Tabela 1
Valores Obtidos no Cálculo de Concordância entre o verbal do SiMCCIT.
Pesquisador e o Observador 2, Referentes às Categorias A partir dos estudos de concordância, uma versão fi-
Verbais, na Sessão 11 nal do SiMCCIT foi proposta e um treino sistemático
Sessão 11: Dados referentes ao comportamento
de observadores foi desenvolvido. Para o desenvol-
verbal do terapeuta vimento do treino, optou-se por uma metodologia
compatível com as propostas analítico-compor-
Medida Valor
tamentais de ensino individualizado (Holland &
Duração (segundos) de concordâncias 2907,64 Skinner, 1969/1975; Skinner, 1968/1972). Tinha-se
Duração (segundos) de discordâncias 204,16 em vista uma condição de treino na qual o observa-
dor pudesse emitir respostas de escolha, simultane-
Percentual de concordância 93,44
amente à apresentação das categorias. Esta condição
Índice de concordância 0,93 de treino corresponde à noção de aprendizagem ati-
Coeficiente Kappa 0,79 va, na qual respostas do indivíduo, a partir de uma
instrução, são seguidas por consequências imediatas
(Skinner, 1968/1972), aumentando-se gradualmente
Em seguida, uma sessão que ainda não havia a dificuldade do conteúdo apresentado.
sido categorizada por ambos (Sessão 17) foi então O treino contém dois pacotes de atividades
categorizada pelos mesmos observadores (pesqui- sequenciais: 433 atividades divididas em 15 séries
sador e Observador 2) independentemente, utili- para treino das categorias referentes ao terapeuta e
zando o método de cálculo mencionado. Mais uma 265 atividades divididas em nove séries para as ca-
vez, não ocorreu treino formal para essa etapa. O tegorias referentes ao cliente . As atividades foram
4

coeficiente Kappa obtido foi de 0.67 (percentual de desenvolvidas utilizando-se o software Clic® .
5

concordância de 0.89), ainda considerado satisfató-


rio, conforme ilustrado na Tabela 2. Novos ajustes
4 O software de treinamento de observadores desenvolvido
foram então realizados com base nas discordâncias para este trabalho encontra-se em um mini-DVD anexo à tese
obtidas, dando origem à versão final do sistema de de Zamignani (2007). No presente trabalho, será abordado
categorização. apenas o treino com relação às categorias do terapeuta.
5 O Clic® 3.0 é um software livre, constituído por um conjun-
to de aplicações que permite criar diversos tipos de atividades
educativas multimídia. Foi desenvolvido pelo Departamento
de Educación de la Generalitat de Cataluña e pode ser obtido
a partir do endereço eletrônico http://clic.xtec.cat/

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 30 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

As definições e as especificações de cada cate- são apresentados, aumentando a dificuldade da


goria são apresentadas de forma subdividida, em resposta de escolha, por meio da apresentação de
segmentos ao longo do treino. Cada tela do treino trechos de interação que envolvem maior simila-
é composta por um segmento da definição de uma ridade entre categorias. Além disso, também são
categoria, conforme a Figura 1. apresentados alguns exercícios de comparação
Após a leitura de um segmento de definição, o com trechos de sessão gravados em vídeo (os tre-
observador deve clicar com o mouse sobre a tela chos em questão representam episódios fictícios
de instrução, tendo acesso a um exercício corres- de sessão, gravados por atores especialmente para
pondente ao trecho da categoria instruído. No exer- este fim), conforme a Figura 3.
cício, ele é apresentado a uma situação de escolha Ao final da apresentação de todas as categorias
entre dois trechos de transcrição de sessão, na qual verbais e dos qualificadores, uma série de exercícios
deve selecionar aquela que corresponde à defini- é apresentada, na qual o observador deve selecio-
ção apresentada, conforme a Figura 2. O trecho de nar, dentre todas as categorias disponíveis, aquela
transcrição utilizado para comparação com o tre- que melhor representa o trecho de transcrição ou o
cho correto é claramente diferente da categoria em vídeo apresentado, conforme a Figura 4. A série fi-
questão, ou refere-se a outra categoria, previamente nal do treino apresenta instruções e critérios para a
apresentada na sequência do treino. inserção das categorias no software The Observer®.
No exercício em questão, em caso de erro, a Após o desenvolvimento do treino de observa-
casela de escolha torna-se vermelha e a tela de dores, um novo observador (o Observador 3 - que
exercício permanece aberta. Em caso de acerto, o não havia participado do processo prévio de ela-
símbolo do cursor transforma-se indicando acer- boração e avaliação das categorias) foi a ele sub-
to e a tela muda automaticamente para o próxi- metido. O software de treino foi instalado em um
mo segmento de instrução. Ao final de cada série notebook, de modo que o observador realizou o
(uma série compreende a apresentação integral treino em sua própria residência. Após o treino pa-
de uma categoria), alguns exercícios adicionais dronizado, o Observador 3 foi orientado para o ma-

Figura 1. Exemplo de tela de treino na qual é apresentado um segmento de definição da categoria


Solicitação de Relato do terapeuta.

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 31 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

Figura 2. Exemplo de tela de treino na qual é apresentada uma atividade de identificação da categoria
Solicitação de Relato do terapeuta.

Figura 3. Exemplo de tela de treino na qual é apresentada uma atividade de identificação da categoria Solicitação de Relato
do terapeuta a partir de trechos fictícios de sessão terapêutica, gravados em vídeo.

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 32 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

nuseio do software The Observer. Nesse momento, A seção Resultados apresenta os dados obtidos
não foi apresentada nenhuma instrução adicional por meio dos testes preliminares de concordância
sobre o sistema de categorização propriamente dito. (entre pesquisador e Observadores 1 e 2), a versão
O Observador 3 categorizou as respostas ver- final do instrumento desenvolvido, o treino padro-
bais do terapeuta, em 30 minutos de uma sessão nizado para observadores e os dados referentes à
terapêutica (Sessão 17). Foi realizado, então, um concordância entre pesquisador e Observador 3,
cálculo de concordância entre a categorização deste obtidos a partir do treino.
observador e a do pesquisador.

Figura 4. Exemplo de tela referente aos exercícios finais do treino do terapeuta.

Resultados
O sistema é composto por 16 categorias exaustivas plos de trechos de interações terapêuticas relacio-
e mutuamente excludentes, sendo que nove delas nadas; (e) Caracterização geral da categoria: síntese
contemplam respostas verbais vocais, quatro refe- dos elementos que a constituem, com comentários
rem-se a gestos comunicativos (respostas motoras ao observador sobre o contexto típico no qual a
cuja função é análoga à de respostas verbais vocais) classe de verbalizações ocorre; (f) Critérios de in-
e três categorias são residuais. clusão ou exclusão: critérios por meio dos quais a
Cada categoria está organizada em torno dos categoria é diferenciada de outras categorias que
seguintes elementos: (a) Nome da categoria: um ró- descrevem fenômenos semelhantes6. A Tabela 3
tulo que descreve em poucas palavras o essencial da apresenta as 16 categorias do sistema.
categoria; (b) Sigla: duas ou três letras por meio das
quais a categoria é identificada; (c) Nome resumido
da categoria; (d) Definição: descrição detalhada das
6 No presente artigo, os critérios de inclusão e exclusão não
variáveis que devem controlar o pesquisador para a serão apresentados e as definições das categorias são apresen-
identificação do segmento da interação na referida tadas de forma resumida. A versão completa das categorias
categoria, com sugestões de subcategorias e exem- encontra-se em Zamignani (2007).

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 33 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

Tabela 3
Categorias Referentes ao Comportamento Verbal Vocal e Não Vocal do Terapeuta, do SiMCCIT

T = terapeuta; C = cliente.

Nome da categoria Descrição resumida Componentes Exemplos


(resumido)

Terapeuta solicita relato Verbalizações do terapeuta - Solicitação de informa- - T: Me conta... Por que é que você está procurando
(SOLICITAÇÃO DE nas quais ele solicita ao cliente ções sobre fatos. terapia?
RELATO) descrições a respeito de ações, - Solicitação de relato de - T: Quando é que isso começou?
eventos, sentimentos ou pensa- respostas encobertas do - T: Você consegue lembrar-se de um exemplo espe-
mentos. Ocorre tipicamente em cliente. cífico no qual isso aconteceu?
situações relacionadas à coleta - T: Em que momentos você tem se sentido assim?
de dados e ao levantamento - T: O que você teve vontade de fazer nessa hora?
de informações ao longo de - T: O que você pensou antes de fazer o ritual?
qualquer etapa do processo
terapêutico.

Terapeuta facilita o relato Verbalizações curtas ou - Verbalizações mínimas - T: Sei...


do cliente (FACILITAÇÃO) expressões paralinguísticas - Expressões paralin- - T: Hum hum.
que ocorrem durante a fala guísticas.
do cliente. Tipicamente, estas
verbalizações indicam atenção
ao relato do cliente e sugerem a
sua continuidade.

Terapeuta demonstra Verbalizações do terapeuta que - Nomeação e inferência - T: Imagino o quanto isso te deixa ansioso.
empatia sugerem acolhimento, aceitação, de sentimentos. - T: Essa tem sido uma parte crucial da sua vida,
(EMPATIA) cuidado, entendimento, valida- - Normalizações e valida- né?
ção da experiência ou sentimen- ção de sentimentos. - T: Com tudo isso que está acontecendo, seria
to do cliente. Diferentemente - Exclamações e expres- estranho que você ficasse tranquilo, não é mesmo?
da categoria Aprovação, que sões de interesse. Acho natural que você tenha se sentido ansioso.
se refere a uma avaliação - Verbalizações de - C: Estou conversando com o P. todo dia por tele-
sobre ações ou características cuidado. fone. Conheci pessoalmente. T: Olha só.
específicas do cliente, a Empatia - Autorrevelações sobre - T: Como é que você está? Na semana passada
tem um caráter inespecífico, experiências similares. você estava muito resfriada.
informando essencialmente - Validação de discor- - T: Você sabe... eu também já passei por isso... é
que o cliente é aceito, “bem- dâncias ou críticas do muito chato quando a gente investe toda a energia
-vindo”, sem implicar avaliação cliente. em um negócio e ele não dá certo... posso imaginar
ou julgamento. Essa classe de - Humor. o quanto você está frustrada.
verbalizações tem sido associa- - Apoio. - T: Eu gostaria muito de tê-lo ajudado para mudar
da tipicamente à criação de um - Paráfrases. essa situação. Eu me pergunto o que poderia ter
ambiente terapêutico amistoso, - Comentários de enten- sido diferente, mas o fato é que não foi possível e eu
seguro e não punitivo, para dimento. também me sinto frustrado por isso.
que o cliente se sinta à vontade - C: É, mas eu não dei o beijo que ele pediu. Falei:
para verbalizar eventos que, em “Imagina, estou dirigindo, olha o trânsito!”. Nessas
outros contextos, poderiam ser alturas o trânsito ridículo, na Castelo, né? Mas eu
alvo de punição. nem senti passar. T: Quanto mais trânsito melhor,
que você fica mais tempo com ele. [risos]
- T: Eu não sei qual será a sua decisão nesse caso,
mas qualquer que ela seja, eu estou do seu lado.
- T: E você perdeu seu emprego e está muito difícil
encontrar um outro. [resumindo a descrição do
cliente]
- C: Ela até nem colocou o meu, ela foi pegar um
dela, amarelo, assim. T: Todo mundo ajudando!

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 34 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

Terapeuta fornece informa- Verbalizações nas quais o tera- - Informações factuais. - T: Biologia requer vários cursos adicionais de
ções (INFORMAÇÃO) peuta relata eventos ou informa - Explicações. laboratório.
o cliente sobre eventos (que não - Descrição de regu- - C: Você conhece o psiquiatra X? T: Não. Não
o comportamento do cliente ou laridades ou padrões conheço um médico com esse nome.
de terceiros), estabelecendo ou recorrentes. - C: Você já atendeu casos como esse? T: Sim,
não relações causais ou expli- - Explicações teóricas e muitos.
cativas entre eles. Essa classe experimentais. - T: Um ataque de pânico pode ocorrer independen-
de verbalizações é tipicamente - Informações sobre o temente de a pessoa ter síndrome do pânico.
associada a intervenções “psico- contrato terapêutico. - T: Nós nos encontraremos duas vezes por semana.
educacionais” e ao “enquadre” - Descrição de estraté- - T: Vamos falar sobre a última semana primeiro,
ou contrato terapêutico. gias, de procedimentos depois nós vamos falar um pouco mais sobre a sua
ou do programa tera- situação em casa.
pêutico. - T: O valor da sessão é $$.
- Justificativas de inter- - T: Durante a exposição, nós vamos trazer para a
venções. sessão algo que você teme e você deverá permane-
cer em contato com ele sem fazer o ritual.
- T: Eu não gosto desse tipo de procedimento, mas é
o único que vai te ajudar nesse momento.

Terapeuta solicita reflexão Verbalizações nas quais o - Solicitação de análise. T: Gostaria que você pensasse nessa semana sobre
(SOLICITAÇÃO DE terapeuta solicita ao cliente - Solicitação de avalia- o que conversamos hoje, sobre os benefícios que
REFLEXÃO) qualificações, explicações, ção. você obtém quando se queixa dessa maneira com
interpretações, análises ou - Solicitação de previ- sua família.
previsões a respeito de qualquer são. T: Você tem alguma hipótese de por que isso
tipo de evento. Diferentemente - Solicitação de obser- aconteceu?
de Solicitação de Relato, na qual vação. T: Você está me dizendo que todos os seus namo-
o terapeuta pede que o cliente rados agem com você de forma muito semelhante
apenas relate a ocorrência ao seu pai. Você acha que isso é apenas uma
de eventos, sentimentos ou coincidência?
pensamentos, nesse caso o T: O que você achou da reação dele?
terapeuta solicita que o cliente T: Você acha correta a forma como ele agiu?
analise ou estabeleça relações T: Tendo em vista os últimos acontecimentos, você
entre os eventos em discussão. pode imaginar como será a próxima tentativa dele?
Em sessões de terapia analítico- T: E agora, o que você acha que vai acontecer?
-comportamental, essa classe de T: Eu gostaria que você registrasse as situações que
verbalizações ocorre tipicamen- te provocam ansiedade, para que possamos discutir
te quando o terapeuta busca na semana que vem.
facilitar o estabelecimento de T: Vamos fazer uma coisa: eu quero que você anote
relações funcionais e a formação em um caderninho o que você comeu em cada refei-
de autorregras. ção, a que horas você comeu e se aconteceu algo
relevante naquele dia ou logo antes de você comer.

Terapeuta recomenda ou Sugestão de alternativas de - Conselhos. T: Tente conversar com seu pai durante a semana e
solicita a execução de ação ou solicitação de que - Modelo. lhe falar sobre o que você sente nessas situações.
ações, tarefas ou técnicas cliente se engaje em ações ou - Incentivo. T: Você deveria cuidar de sua vida e deixar que seu
(RECOMENDAÇÃO) tarefas. Recomendação contem- - Estruturação de ativi- irmão administre as suas próprias coisas.
pla verbalizações nas quais o dade. T: Agora me diga o mesmo que você acabou de
terapeuta sugere alternativas de - Permissão, proibi- dizer, só que sem mexer as pernas.
ação ao cliente ou solicita o seu ção ou solicitação de T: Você não deve se sentir culpado por uma coisa
engajamento em ações ou tare- parada. que não foi sua responsabilidade. Lembre-se que
fas. Deve ser utilizada quando o nem tudo está sob seu controle.
terapeuta especifica a resposta T: Quando você for enfrentar a situação, lembre-se
a ser (ou não) emitida pelo de todas as vezes que você teve sucesso.
cliente. A literatura refere-se a T: Tente repetir a sequência do jogo assim como eu
essa classe de comportamentos fiz.
também como aconselhamento, T: Eu vou falar como eu acredito que você deveria
orientação, comando, ordem. conversar com o seu chefe.
T: Tenho certeza que você é capaz de fazer isso.
T: Agora vamos fazer um exercício de exposição:
experimente pegar na maçaneta dessa porta e ficar
por 15 minutos sem lavar as mãos.
T: Esse assunto é bastante importante. Vamos voltar
a falar sobre ele na próxima sessão.
C: Eu posso anotar tudo à noite, antes de dormir, ou
tenho que fazer na hora em que acontece? T: Faça
como você achar melhor. O importante é que você
registre o máximo de situações que ocorrerem ao
longo do dia.
T: Eu gostaria que você não colocasse os pés no
sofá.

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 35 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

Terapeuta interpreta Verbalizações nas quais o tera- - Descrições de relações T: Talvez o seu problema não seja de motivação,
(INTERPRETAÇÃO) peuta descreve, supõe ou infere explicativas entre ações mas que até agora as coisas ainda não deram certo.
relações causais e/ou explica- (do cliente e/ou de ter- T: Você se cobra em melhorar o desempenho sexual
tivas (funcionais, correlacionais ceiros) e outros eventos. com seu marido mas, da maneira como você descre-
ou de contiguidade) a respeito - Descrição de regu- ve a relação sexual, ela não é satisfatória para você.
do comportamento do cliente laridades ou padrões T: A impressão que eu tenho é que sempre que ele
ou de terceiros, ou identifica recorrentes entre ações te faz um elogio, ele é seguido por uma crítica, do
padrões de interação do cliente (do cliente e/ou de ter- tipo “Você foi ótimo na apresentação, mas...”.
e/ou de terceiros*. Na literatura ceiros) e outros eventos T: Essa é uma dúvida que te persegue, né? Se é por
clínica analítico-comportamental, ou ações. você ou pela gravidez que ele está mudando.
a análise de contingências ou a - Diagnóstico. T: Você se dá conta de que as suas obsessões
análise funcional apresentada - Devolutiva de avaliação sempre são relacionadas a situações nas quais
pelo terapeuta envolve, em par- padronizada. você age por impulso com outras pessoas e depois
te, essa classe de verbalizações. - Estabelecimento de se arrepende? Aí você fica ruminando sobre o que
sínteses. poderia ter sido diferente.
(*) Este critério diferencia esta - Metáforas ou analogias T: Você parece mais ansioso que deprimido
categoria de Informação que, explicativas. T: Isso que você acabou de descrever é conheci-
por sua vez, contém explicações - Inferências. do pela psiquiatria como Transtorno Obsessivo-
a respeito de outros eventos que - Previsões. Compulsivo.
não o comportamento do cliente - Confrontações. T: O teste indica que você tem maior interesse por
e/ou de terceiros. - Descrição de proces- profissões relacionadas ao cuidado e atendimento
so. de pessoas.
T: Então, você está dependente de álcool. Já deve
estar começando a beber de manhã, eu suponho.
T: Quando você falou que tinha dor de cabeça,
eu me lembrei daquelas mulheres que na hora de
transar dizem “Ah, eu não posso, estou com dor de
cabeça”.
T: Imagino que ele tenha sido extremamente gentil
nas primeiras semanas e depois...
T: Acredito que a próxima coisa que ele vai fazer é te
convidar para sair.
T: Você estava dizendo há pouco que o seu marido
não lhe dá a menor atenção, mas agora você está
me dizendo uma série de cuidados que ele tem com
você.
C: Porque às vezes as coisas empacam, entendeu?
T: É, eu sei, e não é de hoje, né? Não é de hoje a
coisa vem e vai piorando, piorando. Não sei, acho
até que hoje você convive melhor.

Terapeuta aprova ou Aprovação contempla ver- - Elogios ou avaliações T: Você tomou a decisão certa. Está lidando com
concorda com ações balizações do terapeuta que positivas sobre o cliente. isso muito bem!
ou avaliações do cliente sugerem avaliação ou julga- - Descrição de ganhos T: Que lindo esse teu colarzinho!
(APROVAÇÃO) mento favoráveis a respeito de terapêuticos. T: Puxa, eu estava me lembrando da época em que
ações, pensamentos, caracte- - Verbalizações de con- a gente começou a trabalhar juntos. Como as coisas
rísticas ou avaliações do cliente. cordância. estão mudadas! Você lembra que era difícil para
Verbalizações de Aprovação -Pseudodiscordância. você até mesmo vir sozinha para cá? E agora você
dirigem-se a ações ou caracte- - Relato de sentimentos está se virando sozinha, com o maior desprendimen-
rísticas específicas do cliente e positivos. to. Acho muito legal isso!
pressupõem o terapeuta como Exclamações e expres- T: Com certeza! Você tem toda a razão.
alguém que pode selecionar e sões de aprovação. C: Eu só melhorei por causa da medicação. T: De
fortalecer aspectos de seu com- - Agradecimentos. fato, a medicação pode te ajudar, mas se você não
portamento que seriam mais ou tivesse agido, tudo estaria igual.
menos apropriados. Isso difere T: Gostei muito da nossa sessão de hoje. Acho que
da categoria Empatia, que tem falamos de assuntos bastante importantes.
um caráter inespecífico e não T: Você conversa super bem! É muito agradável
envolve avaliação ou julgamento. conversar com você.
C: Consegui recuperar a minha nota de matemática.
T: Que máximo!
C: Não, você é uma das responsáveis. Você, está
sabendo me conduzir, porque eu estou tendo mais
discernimento, estou tentando encontrar o caminho.
T: Que bom, obrigada, fico muito contente.

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 36 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

Terapeuta reprova ou Avaliação ou julgamento desfa- - Discordância. T: Eu não acho que seja assim.
discorda de ações ou vorável. Reprovação contempla - Crítica. T: As coisas são muito mais simples do que você
avaliações do cliente verbalizações do terapeuta que - Ironia. pinta.
(REPROVAÇÃO) sugerem avaliação ou julga- - Ameaça. T: Eu penso que você faz bem algumas coisas, tais
mento desfavoráveis a respei- - Autorrevelações desa- como supervisionar, monitorar [APR], mas às vezes
to de ações, pensamentos, fiadoras. você entra em uma escalada de castigo, castigo,
características ou avaliações do - Relato de sentimentos castigo. [REP]
cliente. Assim como Aprovação, negativos. T: Você de fato pensa que sua mãe deveria deixá-lo
verbalizações de Reprovação vir para casa quando você quer?
dirigem-se a ações ou caracte- T: Eu vou pegar uma xícara de café. Eu estou
rísticas específicas do cliente e perdido.
pressupõem o terapeuta como T: Eu acho que a gente faz escolhas. Você pode con-
alguém que pode selecionar tinuar fugindo de escolher uma profissão... há tantas
aspectos de seu comportamen- pessoas que preferem ser donas de casa e lavar as
to que seriam mais ou menos roupas do marido o resto da vida.
apropriados. Reprovação tem T: Você quer dizer que você o deixa dormir em sua
sido frequentemente associada, cama e ele a molha toda noite? [risada]
na literatura clínica, a interações T: Quando eu resolvi sair da casa de meus pais,
aversivas em psicoterapia, que eu tinha plena consciência de que eu deveria me
podem ameaçar a manutenção sustentar, e não ficar esperando que meus pais me
da relação terapêutica. ajudassem.
T: Eu vou continuar a atendê-lo porque para mim é
um desafio, mas eu não gostei de você.
T: Eu fico muito irritado quando você fala comigo
dessa forma e, quando isso acontece, a vontade que
eu tenho é de te tratar da mesma forma.
T: Eu quero ajudá-la, mas é impossível fazermos al-
guma coisa com tantos atrasos. O que nós podemos
fazer em 10 minutos de sessão?

Outras verbalizações Verbalizações do terapeuta não - Verbalizações do T: Aceita uma balinha?


do terapeuta (OUTRAS classificáveis nas categorias terapeuta não classifi- T: Só um minutinho, que eu vou pedir uma água para
VOCAL TERAPEUTA) anteriores. cáveis nas categorias a secretária.
anteriores. T: Desculpe, eu me esqueci de desligar o celular.
- Acertos ocasionais. T: Então, a gente, na semana que vem, faz a sessão
- Recuperação de na terça-feira, das 15h às 16h.
assunto. C: Onde é que eu estava mesmo? T: Você estava
- Opiniões pessoais falando sobre sua viagem de férias.
sobre eventos externos. T [após interrupção da sessão] Então, você estava
me falando sobre o seu receio de prestar o vestibu-
lar.
C: Eu fiquei realmente chocado com aquela cena.
T: Eu acho que a televisão não deveria mostrar
esse tipo de coisa. Não acrescenta nada à vida das
pessoas.

Não exemplo: T: Eu penso que você poderia, sim,


ter comprado o livro. Afinal, o dinheiro é seu, não é?
[REC]
Não é uma verbalização do tipo opiniões pessoais
sobre eventos externos porque se refere ao compor-
tamento do cliente.

Terapeuta permanece em Esta categoria deve ser sele-


silêncio (SILÊNCIO cionada quando uma resposta
TERAPEUTA) verbal do terapeuta é encerrada
sem que uma nova resposta
verbal do mesmo falante seja
iniciada.

Respostas verbais não vocais: categorias a serem utilizadas apenas em caso de dados registrados em vídeo; do contrário, essas categorias podem
ser suprimidas do sistema.

Entende-se por comunicação não vocal respostas motoras, gestos ou expressões faciais que são substitutas comuns de verbalizações, isto é,
ações cujos significados são compartilhados entre emissor e receptor. Gestos comunicativos e expressões faciais são considerados como comu-
nicação não vocal apenas quando ocorrem na ausência de qualquer verbalização, nitidamente como signos da interação terapeuta-cliente. São
classificados por meio das categorias a seguir, com função análoga à de seus correspondentes verbais.

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 37 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

Respostas não vocais de Gestos ou expressões faciais - Meneios com a cabeça: fazer que “sim” com a cabeça, sugerindo concordân-
facilitação/ concordân- do terapeuta relacionados cia, interesse no assunto ou ação do interlocutor e/ou solicitando a continuidade
cia (CONCORDÂNCIA à concordância, aprovação, da fala do interlocutor.
TERAPEUTA) compreensão com relação à fala - Gestos de aprovação: consistem, por exemplo, em levantar o polegar enquanto
do interlocutor e que ocorrerem os outros dedos permanecem fechados (e.g., “jóia”, “ok”).
nitidamente como signos da inte- - Gestos ou expressões faciais de aprovação, concordantes.
ração terapeuta-cliente. - Gestos ou expressões que concordam com o relato do outro falante ou que
sugerem cuidado/acolhimento.
- Gestos ou expressões faciais de negação ou preocupação: gestos ou expres-
sões de negação ou preocupação, mas que sugerem concordância com relação
a uma verbalização do interlocutor ou cuidado/acolhimento.

Respostas não vo- Gestos ou expressões faciais do - Balançar a cabeça lateralmente: fazer que “não” com a cabeça, sugerindo dis-
cais de discordância terapeuta relacionados à oposi- cordância, descrença, reprovação com relação à fala ou à ação do interlocutor.
(DISCORDÂNCIA ção, discordância, descrença ou - Gesto com as mãos: gestos que indicam reprovação, discordância ou descren-
TERAPEUTA) reprovação com relação a uma ça com relação à fala ou à ação do cliente.
verbalização ou ação do interlo- - Gestos ou expressões faciais de reprovação, negação ou preocupação: gestos
cutor e que ocorrem nitidamente ou expressões que sugerem discordância, descrença, reprovação com relação à
como signos da interação fala ou à ação do interlocutor.
terapeuta-cliente

Respostas não vocais de Gestos ou expressões faciais - Qualquer gesto com as mãos ou a cabeça apontando ou indicando algum
pedido, ordem, comando, do terapeuta relacionados a objeto ou evento: sugerindo que o cliente olhe em direção, pegue o objeto ou se
incentivo (COMANDO pedido, ordem ou incentivo, dirija ao ponto indicado.
TERAPEUTA) ou que sugerem algum tipo de - Gestos com as mãos espalmadas: gestos com a palma da mão dirigida ao
contenção do cliente, ordenação interlocutor, sugerindo ordem de parada ou interrupção da verbalização ou ação
ou organização do ambiente da em curso.
sessão. Devem ocorrer nitida- - Gestos ou expressões de pedido, ordem, comando ou incentivo: gestos ou ex-
mente como signos da interação pressões faciais que sugerem pedido, ordem, comando ou incentivo com relação
terapeuta-cliente. à ação ou à verbalização do cliente.

Outras respostas não Gestos não contemplados nas - Respostas motoras, gestos ou expressões faciais do terapeuta que ocorrem
vocais categorias anteriores. na ausência de qualquer verbalização, cujo significado não é contemplado nas
(GESTO OUTROS categorias anteriores. Devem ocorrer nitidamente como signos da interação
TERAPEUTA) terapeuta-cliente.

Registro insuficien- Qualquer ação do terapeuta cuja - Verbalizações são categorizadas como Insuficiente Terapeuta apenas quando
te (INSUFICIENTE identificação está impossibilitada não podem ser identificadas mesmo depois de observadas por três vezes.
TERAPEUTA) devido a problemas no registro Falas interrompidas do terapeuta, cujo conteúdo identificável não é suficiente
em áudio ou vídeo. para a categorização em uma das categorias anteriores, são classificadas como
Insuficiente Terapeuta.

Após o desenvolvimento do treino de observa- Tabela 4


dores, o Observador 3 foi a ele submetido e orien- Valores Obtidos no Cálculo de Concordância entre o
Observador 3 e o Pesquisador, Referentes às Categorias de
tado para o manuseio do software The Observer. Na Respostas Verbais do Terapeuta, na Categorização Final de 30
sequência, ele categorizou as respostas verbais do Minutos da Sessão 17
terapeuta e do cliente, com seus respectivos quali-
ficadores, em 30 minutos de uma sessão terapêuti- Sessão 17: Dados referentes ao comportamento
ca (Sessão 17). Os dados de concordância entre a verbal do terapeuta
categorização do Observador 3 e a do pesquisador Medida Valor
encontram-se na Tabela 4. Duração (segundos) de concordâncias 1749,07

Duração (segundos) de discordâncias 50,93

Percentual de concordância 97,17

Índice de concordância 0,97

Coeficiente Kappa 0,84

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 38 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

Como se vê, a Tabela 4 mostra altos índices de con- mento bibliográfico, desenvolveu-se uma análise
cordância entre observadores com relação às ca- dos sistemas de categorização existentes, visando
tegorias do terapeuta. Uma vez que o Observador à identificação de elementos relevantes da intera-
3 efetuou a categorização baseado unicamente no ção terapêutica.
treino de observadores (e na consulta eventual ao Além de ter como base outros sistemas já es-
manual), pode-se considerar que o treino (acom- tudados, a construção do sistema de categorização
panhado do manual) cumpriu adequadamente a foi pautada em repetidas tentativas de categoriza-
sua função, assim como as categorias e definições ção de sessões terapêuticas - transcrições de sessões
foram suficientemente precisas. utilizadas em trabalhos anteriores, além de sessões
registradas em vídeo especialmente para o presente
Discussão trabalho. Durante processo de elaboração do siste-
A escolha por aprofundar o estudo sobre a cate- ma, ocorreram diversas consultas a grupos de pes-
gorização de eventos e, mesmo, desenvolver um quisadores que acompanharam e discutiram os cri-
novo sistema, tem como origem a identificação de térios de categorização envolvidos. Considerando
algumas inconsistências encontradas na literatura todos estes aspectos, pode-se afirmar que a primei-
de pesquisa – nacional e estrangeira. Essas incon- ra etapa (i.e., consolidação de uma base teórico-clí-
sistências dizem respeito especialmente à grande nica) proposta por Rice e Kerr (1986) foi cumprida.
diversidade de categorias e de definições utilizadas, Quanto às definições elaboradas, especificou-se
à ausência de sistemas que englobassem compor- cada elemento que compõe as categorias, com su-
tamentos não vocais e à reduzida aplicabilidade de gestões de rótulos de subcategorias (caso haja inte-
parte dos sistemas até então desenvolvidos para o resse do pesquisador), além de vários exemplos para
estudo da terapia analítico-comportamental. cada uma delas (cabe lembrar que não foi parte da
Algumas características desta modalidade de proposta do trabalho de Zamignani, 2007, estabele-
terapia consideradas na elaboração do sistema cer subcategorias mutuamente exclusivas, não tendo
foram: (a) a ênfase nas consequências do com- havido nenhum teste neste sentido). Quanto ao ca-
portamento dentro da sessão terapêutica - daí a ráter descritivo do instrumento, houve um cuidado
proposta em se diferenciar os tipos de “feedback” em estabelecer categorias que exigissem o mínimo
fornecidos pelo terapeuta enquanto Facilitação, de inferência. Embora as categorias propostas não
Empatia, Aprovação e Reprovação; (b) a coexistên- sejam de natureza exclusivamente topográfica, sua
cia na literatura da abordagem de propostas tera- definição estabelece uma série de critérios formais
pêuticas de cunho prescritivo – contempladas nas que orientam a sua identificação. Pode-se afirmar
categorias Informação, Recomendação, Aprovação que a segunda etapa (i.e., especificação dos elemen-
e Reprovação - e reflexivo – contempladas no siste- tos por meio dos quais os comportamentos em cada
ma por meio das categorias Solicitação de Reflexão classe podem ser reconhecidos) proposta por Rice e
e Interpretação; (c) a importância atribuída à rela- Kerr (1986) também foi cumprida.
ção terapêutica na condução da intervenção dentro O estudo de concordância entre observado-
da abordagem – tendo nas categorias Facilitação, res referente ao Sistema de Categorias Verbais do
Empatia, Aprovação e Reprovação, bem como em Terapeuta foi conduzido, obtendo-se dados bas-
algumas categorias não vocais, alguns indicadores tante consistentes, com alto grau de concordância
de seu estabelecimento ou manutenção. entre os diferentes observadores, tendo sido o cri-
A construção do presente sistema de catego- tério cumprido. Este dado, entretanto, não dispen-
rização teve como ponto de partida uma exten- sa a necessidade de novos estudos de concordância
siva análise da literatura em diferentes campos, com outros conjuntos de sessões. A criação de um
incluindo um estudo das pesquisas clínicas até extenso treino sistemático se mostrou um empre-
então desenvolvidas, da literatura para a forma- endimento proveitoso, na medida em que produziu
ção de terapeutas analítico-comportamentais e de um bom índice de concordância nas categorias do
textos de metodologia para o desenvolvimento de terapeuta entre o pesquisador e o Observador 3 - o
instrumentos de observação. Além desse levanta- qual havia sido exposto unicamente ao treino siste-

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 39 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

mático. Vale ressaltar a necessidade de novas verifi- cada uma delas e ao desenvolvimento de eventuais
cações de concordância, especialmente um teste em critérios de diferenciação entre elas. Isso porque o
que ambos os observadores sejam treinados exclu- uso das subcategorias pode ser necessário para o
sivamente pelo software de treino. estudo de algumas questões de pesquisa.
Houve uma preocupação no trabalho de Outra evidência de validade do presente ins-
Zamignani (2007) de se aplicar o conjunto de ca- trumento advém de seu processo de construção.
tegorias desenvolvidas a diferentes sessões tera- De modo semelhante ao caminho traçado por Hill
pêuticas, o que foi feito desde as etapas iniciais, (1986), o desenvolvimento deste sistema de catego-
no estudo de sessões de atendimento em pesqui- rização baseou-se no estudo cuidadoso de outros
sas previamente desenvolvidas até a categorização sistemas, cujas categorias foram posteriormente re-
efetuada no desenvolvimento do trabalho propria- organizadas em um novo esquema. Este processo,
mente dito. É importante acrescentar que, embo- segundo a autora, assegura um tipo de validade de
ra não tenha sido objeto do presente artigo, o tra- conteúdo. É importante lembrar que tais evidên-
balho de Zamignani (2007) incluiu um estudo de cias não são suficientes para se estabelecer com
aplicação das categorias a um conjunto de sessões segurança a validade do instrumento, mas elas se
terapêuticas. Além disso, vários trabalhos investi- somam neste sentido, e evidências provenientes de
garam sessões terapêuticas utilizando a versão pre- novos estudos podem fortalecer este indicador de
liminar ou a versão definitiva do sistema de cate- validade. Novos estudos podem seguir a recomen-
gorias para as respostas verbais vocais do terapeuta dação de Rice e Kerr (1986), de que a categorização
(Amaral, 2010; Araldi & Martins, 2005; Baldivia & seja associada a resultados do processo.
Souza, 2005; Barros & Bistocchi, 2006; Carvalho Em um artigo de revisão da área de pesquisas
& Henrique, 2005; Donadone, 2009; Kameyama, de processo em psicoterapia, Greenberg e Pinsof
2011; Lima & Lopes, 2006; Oshiro, 2011; Pinto, (1986) afirmam que a falta de uma “microteoria da
2007; Rocha, 2008; Rossi, 2011; Rubba & Leite, psicoterapia” teria retardado o desenvolvimento da
2006; Sadi, 2010; Xavier, 2010). pesquisa na área. Esta teoria, segundo os autores,
Outros autores ainda adaptaram as categorias deveria ser suficientemente clara, de modo a espe-
do sistema para o estudo de diferentes modalidades cificar o que deve ocorrer e quando, nas diferentes
de sessões terapêuticas, tais como terapia analítico- etapas de seu desenvolvimento, além de explicitar
-comportamental infantil (Del Prette, 2006), grupo as relações entre os diferentes processos que ocor-
psicoeducacional (Silveira, 2007) e terapia analí- rem em pontos específicos, dentro e fora da sessão
tico-comportamental de casal (Marques, 2009). terapêutica. Essa microteoria seria a base na qual
Os dados obtidos por meio de tais estudos foram os pesquisadores buscariam apoio para especificar
utilizados para o aperfeiçoamento do sistema de quando e para onde olhar no curso da terapia, o que
categorização, além de evidenciarem a adequação favoreceria a identificação de padrões de mudança
do sistema para o estudo de diferentes questões de que ocorrem ao longo do processo terapêutico.
pesquisa clínica, o que fornece algumas evidências O SiMCCIT foi elaborado visando ao estudo
de validade aparente7 das categorias desenvolvi- da interação na terapia analítico-comportamental.
das no presente trabalho. É importante considerar, Sessões dessa modalidade de psicoterapia foram a
entretanto, que mais estudos são necessários para base para a organização do sistema e para a elabo-
demonstrar sua aplicabilidade a diferentes moda- ração das definições de categorias nele contidas.
lidades de intervenção, o que eventualmente pode Um exercício de aplicação de categoria às diferentes
levar a seu aperfeiçoamento. Também é necessário etapas do processo terapêutico analítico-compor-
um estudo mais detalhado das subcategorias pro- tamental foi conduzido no trabalho de Zamignani
postas, com vistas a uma descrição mais precisa de (2007). As categorias desenvolvidas mostraram-se
úteis para a descrição dos padrões de interação que
7 O termo validade aparente diz respeito à extensão à qual
ocorrem em diferentes momentos do processo tera-
o sistema de observação parece medir o que ele se propõe a pêutico. Nas sessões iniciais, são identificados com-
medir (Suen & Ary, 1989). portamentos relacionados à coleta de dados (cate-

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 40 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

gorias Solicitação de Relato, Solicitação de Reflexão sentado visa a contribuir para o desenvolvimento
e Facilitação), ao estabelecimento do contrato dessa área, permitindo a comparação entre dados
(Informação) e à devolutiva inicial (Interpretação e de diferentes pesquisas e, a partir de uma massa de
Informação). Comportamentos relacionados à rela- dados mais robusta, a identificação de padrões mais
ção terapêutica e ao estabelecimento da aliança te- sutis, de difícil detecção com conjuntos menores de
rapêutica são identificados nas categorias Empatia, dados. Apesar da ênfase em processos da terapia
Facilitação e Aprovação, enquanto eventos que po- analítico-comportamental, acredita-se que os fe-
dem colocar em risco tal relação são identificados nômenos destacados nas categorias que compõem
principalmente na categoria Reprovação, mas tam- o SiMCCIT também possam ser identificados em
bém em outras categorias, a depender da sequência terapias de outras abordagens, talvez com maior
de eventos. ou menor ênfase em algumas classes de compor-
O sistema prevê também a detecção de com- tamento.
portamentos do terapeuta envolvidos em diferen- Merece ainda consideração a possibilidade
tes modelos de intervenção que podem ser carac- de utilização do SiMCCIT para o ensino de ha-
terísticos da terapia analítico-comportamental. bilidades básicas do terapeuta. O seu processo de
Intervenções diretivas são identificadas nas cate- construção tinha em vista apenas a descrição do
gorias Recomendação, Informação, Aprovação e processo terapêutico para a pesquisa (e, portan-
Reprovação, ao passo que as categorias Solicitação to, não visava ao desenvolvimento de categorias
de Reflexão e Interpretação são mais características prescritivas, destinadas à formação de terapeutas).
de intervenções reflexivas. As categorias não vocais Entretanto, a própria organização do sistema de
foram elaboradas tendo em vista ações típicas do categorias destaca os eventos relevantes em terapia
processo terapêutico que não são acompanhadas de analítico-comportamental, o que tem permitido o
respostas vocais (gestos de Aprovação, Reprovação uso do software de treino de observadores como
e Comando). O sistema conta ainda com catego- material didático auxiliar no ensino de terapeutas
rias residuais que podem ser utilizadas no caso analítico-comportamentais.
de trecho do registro incompreensível (Registro Acreditamos que o SiMCCIT, por sua descri-
Insuficiente) ou de comportamentos não contem- ção minuciosa de comportamentos do terapeuta
plados nas outras categorias (Outras Terapeuta). que ocorrem na interação terapêutica, por ter sido
O SiMCCIT foi aplicado no presente estudo por construído a partir de um amplo levantamento de
meio do software The Observer, que permite a cate- comportamentos da sessão terapêutica e por ofe-
gorização a partir dos dados em vídeo. Entretanto, recer ao pesquisador um catálogo amplo e de fácil
o sistema já foi aplicado em trabalhos que utiliza- utilização para o estudo de diferentes questões do
ram a transcrição de sessões - nesse caso, suprimin- processo terapêutico, pode preencher uma impor-
do ou incluindo notas de transcrição referentes às tante lacuna metodológica no desenvolvimento das
categorias não vocais (e.g., Del Prette, 2006) e fo- pesquisas de processo no Brasil.
lhas de registro com intervalo de tempo (Amaral,
2010). Em ambos os casos, a utilização do sistema Referências
se mostrou viável. Almásy, C. (2004). Efeitos da consequência na sessão
Nas últimas décadas, muitos autores (e.g., terapêutica. Dissertação de mestrado. Pontifícia
Dougher, 1999; Hayes, 1987; Kohlenberg & Tsai, Universidade Católica de São Paulo.
1991; Pérez Álvarez, 1996) avançaram no desenvol- Amaral, S. S. (2010). Efeitos da solicitação e de sub-
vimento de uma descrição dos processos que ocor- sequente descrição dos relatos verbais de um te-
rem na terapia de base analítico-comportamental, rapeuta sobre seu desempenho em sessões pos-
especialmente no que se refere à interação terapeu-
ta-cliente em terapia verbal8. O sistema aqui apre-
do processo terapêutico necessariamente deve passar por uma
compreensão dos processos
8 Grande parte da interação que ocorre em psicoterapia é verbais e de sua interação com eventos não verbais que ocor-
eminentemente verbal (Pérez Álvares, 1996) e a investigação rem ao longo da terapia.

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 41 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

teriores (Dissertação de mestrado). Pontifícia Carvalho, A., & Henrique, C. T. (2005). As inter-
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. venções do terapeuta e sua relação com os esta-
Araldi, S., & Martins, T. C. (2005). A interação ver- dos internos relatados pelo cliente e terapeuta
bal terapeuta-cliente: Categorização e análise da (Trabalho de conclusão de curso). Universidade
fala de terapeutas formandos e recém formados São Judas Tadeu, São Paulo.
(Trabalho de conclusão de curso). Universidade Chamberlain, P., & Ray, J. (1988). The therapy
São Judas Tadeu, São Paulo process code: A multidimensional system for
Baldivia, F. M., & Souza, M. V. (2005). A avaliação observing therapist interactions in family tre-
da sessão terapêutica e sua relação com as in- atment. Em R. J. Prinz (Ed.), Advances in beha-
tervenções do terapeuta (Trabalho de conclusão vioral assessment of children and families (pp.
de curso). Universidade São Judas Tadeu, São 189-217). Greenwich: JAI.
Paulo. Chamberlain, P., Patterson, G., Reid, J., Kanavagh,
Baptistussi, M. C. (2001). Comportamentos do tera- K., & Forgatch, M. (1984). Observation of client
peuta na sessão que favorecem a redução de efei- resistance. Behavior Therapy, 15, 144-155.
tos supressivos sobre comportamentos punidos Cronbach, L. J., & Meehl, P. E. (1955). Construct
do cliente (Dissertação de mestrado).Pontifícia validity in psychological tests. Psychological
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. Bulletim, 52, 281-302.
Barbosa, D. R. (2001) Relação entre mudan- Cunha, W. H. A. (1975). Alguns princípios de ca-
ças de peso e competência social em dois ado- tegorização, descrição e análise do comporta-
lescentes obesos durante intervenção clínica mento. Ciência e Cultura, 28(1), 15-24.
comportamental (Dissertação de mestrado). Danna, M. F., & Matos, M. A. (1999). Ensinando
Universidade de São Paulo, São Paulo. observação: Uma introdução. São Paulo: Edicon.
Barbosa, J. I. C. (2006). Análise das funções de ver- Del Prette G. (2006). Terapia analítico-compor-
balizações de terapeuta e cliente sobre sentimen- tamental infantil: Relações entre o brincar e
tos, emoções e estados motivacionais na terapia comportamentos da terapeuta e da criança
analítico-comportamental (Tese de doutorado). (Dissertação de mestrado). Universidade de
Universidade Federal do Pará, Belém. São Paulo, São Paulo.
Barros, A. R., & Bistocchi, A. (2006). A fala do Donadone, J. C. (2004). O uso da orientação em in-
cliente em diferentes abordagens: Categorização tervenções clínicas por terapeutas comportamen-
e análise das relações funcionais (Trabalho de tais experientes e pouco experientes (Dissertação
conclusão de curso). Universidade São Judas de mestrado). Universidade de São Paulo, São
Tadeu, São Paulo. Paulo.
Bischoff, M. M., & Tracey, T. J. G. (1995). Client Donadone, J. C. (2009). Análise de contingências de
resistance as predicted by therapist behavior: orientações e auto-orientações em intervenções
A study of sequential dependence. Journal of clínicas comportamentais (Tese de doutorado).
Counseling Psychology, 42, 487-495. Universidade de São Paulo, São Paulo.
Brandão, F. S. (2003). O manejo das emoções por Dougher, M. J. (1999). Clinical Behavior Analysis.
terapeutas comportamentais. (Dissertação de Reno, Nevada: Context Press.
mestrado). Universidade de São Paulo, São Fagundes, A. J. F. M. (1992). Descrição, definição e
Paulo. registro de comportamento. São Paulo: Edicon.
Britto, I. G. S., Oliveira, J. A., & Sousa, L. F. D. (Trabalho original publicado em 1976)
(2003). A relação terapêutica evidencia- Fiorini, H. J. (1995). Teorias e Técnicas de
da através do método de observação direta. Psicoterapia. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Ford, J. D. (1978). Therapeutic relationship in beha-
Cognitiva, 5(2), 139-149. vior therapy: An empirical analysis. Journal of
Caballo, V. E. (1993). Manual de evaluación y en- Consulting and Clinical Psychology, 46(6), 1302-
trenamiento de las habilidades sociales. Madrid: 1314.
Siglo Veintiuno de España Editores S.A.

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 42 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

Garcia, M. R. (2001). Uma tentativa de identificação de curso). Universidade São Judas Tadeu, São
de respostas de esquiva e da utilização do proce- Paulo.
dimento de bloqueio de esquiva através da aná- Luna, S. V. (1997). O terapeuta é um cientista? Em
lise de uma relação terapêutica (Dissertação de R. A. Banaco (Org.), Sobre comportamento e
mestrado). Pontifícia Universidade Católica de cognição: Vol. 1. Aspectos teóricos, metodo-
São Paulo, São Paulo. lógicos e de formação em análise do compor-
Greenberg, L. S., & Pinsof, W. M. (1986). The tamento e terapia cognitivista (pp. 299-307).
psychotherapeutic process: A research book. New Santo André: ESETec.
York: The Guilford Press. Maciel, J. M. (2004). Terapia analítico-comporta-
Hayes, S. C. (1987). A contextual approach to mental e ansiedade: Análise da interação verbal
therapeutic change. In: N. S. Jacobson (Org.), terapeuta-cliente (Dissertação de mestrado).
Psychoterapists in clinical practice: Cognitive Universidade Federal do Pará, Belém.
and behavioral perspectives (pp. 327-387). New Mahl, G. F. (1987). Exploration in nonverbal and
York: Guilford Press. vocal behavior. New Jersey: Laurence Erlbaum
Hill, C. E. (1978). The development of a system Associates.
for classifying counselor responses. Journal of Margotto, A. (1998). Identificando mudanças na in-
Counseling Psychology, 25, 461-468. teração verbal em situação clínica (Dissertação
Hill, C. E. (1986). An overview of the Hill counselor de mestrado). Universidade de São Paulo, São
and client verbal response mode category syste- Paulo.
ms. Em L. S. Greenberg & W. M. Pinsof (Eds.), Marinotti, M. (2000). Categorização: Agrupando
The psychotherapeutic process: A research hand- comportamentos ou eventos em classes. Texto
book. New York: The Guilford Press. elaborado para uso interno na disciplina
“Observação como Fonte de Dados na Análise
Hill, C. E., Corbett, M. M., Kanitz, B., Rios, P., do Comportamento” do Programa de Estudos
Lightsey, R., & Gomez, M. (1992). Client Pós-Graduados em Análise do Comportamento
behavior in counseling and therapy sessions: da Pontifícia Universidade Católica de São
Development of a pantheoretical measure. Paulo, São Paulo.
Journal of Counseling Psychology, 39, 539-549. Marques, E. (2009). Classificação dos comportamen-
Holland, J. G., & Skinner, B. F. (1975) A análise do tos verbais vocais do terapeuta de casal a partir
comportamento. São Paulo: EPU. (Trabalho ori- de um sistema multidimensional de categori-
ginal publicado em 1969). zação (Monografia de especialização). Núcleo
Kameyama, M. (2011). Efeitos de relatos de senti- Paradigma de Análise do Comportamento, São
mentos em supervisão sobre o desempenho em Paulo.
sessão do terapeuta analítico-comportamental Martins, P. (1999). Atuação de terapeutas esta-
(Qualificação de mestrado). Universidade de giários com relação a falas sobre eventos pri-
São Paulo, São Paulo. vados em sessões de psicoterapia comporta-
Kazdin, A. E. (2002). Methodology: General les- mental (Dissertação de mestrado). Belém:
sons to guide research. Em A. E. Kazdin (Org.), Universidade Federal do Pará.
Methodological issues & strategies in clinical Meyer, S. B., & Donadone, J. (2002). O emprego da
research (Vol. 3, pp. 877- 888). Washington: orientação por terapeutas comportamentais.
American Psychological Association. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e
Kohlenberg & Tsai, (1991). Functional analytic Cognitiva, 4(2), 79-90.
psychotherapy: Creating intense and curative Meyer, S. B. & Vermes, J. S. (2001). Relação tera-
therapeutic relationships. New York: Plenum. pêutica. Em: B. Range (Org.), Psicoterapias
Lima, M. N., & Lopes, R. T. (2006). A avaliação cognitivo-comportamentais: Um diálogo com a
da sessão terapêutica em diferentes abordagens: psiquiatria. São Paulo: Artmed.
Uma análise da percepção e sentimentos do te- Moreira, S. B. S. (2001). Descrição de algumas vari-
rapeuta e do cliente (Trabalho de conclusão áveis em um procedimento de supervisão de te-

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 43 www.revistaperspectivas.com.br


Comportamentos verbais do terapeuta no sistema multidimensional para a categorização de comportamentos na interação terapêutica 25-45

rapia analítica do comportamento (Dissertação (Trabalho de conclusão de curso). Universidade


de mestrado).Pontifícia Universidade Católica São Judas Tadeu, São Paulo.
de São Paulo, São Paulo. Russel, R. L., & Trull, T. (1986). Sequential analy-
Nardi, R. (2004). Proposta de método de interpre- ses of language variables in psychotherapy pro-
tação da interação terapeuta-cliente: Análise cess research. Journal of Consulting and Clinical
comportamental da esquiva através do compor- Psychology, 54(1), 16-21.
tamento verbal de terapeuta e cliente em um Sadi, H. M. (2010). Análise dos comportamentos de
caso de dor crônica (Dissertação de mestrado). terapeuta e cliente em um caso de transtorno de
Universidade de São Paulo, São Paulo. personalidade borderline. (Qualificação de dou-
Novaki, P. (2003). Influência da experiência e de torado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
modelo na descrição de intervenções terapêuti- Schindler, L., Hohenberger-Sieber, E., & Hahlweg,
cas (Dissertação de mestrado). Universidade de K. (1989). Observing client-therapist interac-
São Paulo, São Paulo. tion in behavior therapy: Development and first
Oliveira, S. C. (2002). A interpretação na terapia application of an observational system. British
comportamental: Um estudo exploratório com Journal of Clinical Psychology, 28, 213-226.
uma terapeuta em treinamento (Dissertação de Silva, A. S. (2001). Investigação dos efeitos do re-
mestrado). Universidade de Brasília, Brasília. forçamento na sessão terapêutica sobre os rela-
Oshiro, C. K. B. (2011). Efeitos de intervenções base- tos de eventos privados, relatos de relações entre
adas em análises de contingências extrassessão e eventos privados e variáveis externas e relatos
na psicoterapia analítica funcional (Qualificação de relações entre eventos ambientais e respostas
de Doutorado). Universidade de São Paulo, São abertas (Dissertação de mestrado). Pontifícia
Paulo. Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
Pérez-Álvarez, M. P. (1996). La psicoterapia desde Silveira, F. F. (2007). Intervenção com cuidadoras em
el punto de vista conductista. Madrid: Biblioteca grupo: Descrição da atuação do terapeuta sob
Nueva. uma perspectiva comportamental (Dissertação
Pinto, M. G. A. (2007). Um estudo sobre relações en- de mestrado). Universidade de São Paulo, São
tre o dizer e o fazer: Algumas variáveis que ope- Paulo.
ram no controle do planejamento de sessões tera- Skinner, B. F. (1972). Tecnologia do ensino. São
pêuticas. (Dissertação de mestrado). Pontifícia Paulo: Herder. (Trabalho original publicado
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. em 1968).
Rice, L. N., & Kerr, G. P. (1986). Measures of client Stiles, W. B. (1980). Measurement of the impact of
and therapist vocal quality. Em L. S. Greenbert psychotherapy sessions. Journal of Consulting
& W. M. Pinsof (Eds.), The psychotherapeu- and Clinical Psychology, 48, 176-185.
tic process: A research handbook. New York: Stiles, W. B. (1992). Describing talk: A taxonomy of
Guilford Press. verbal response modes. Newbury Pak: Sage.
Rocha, G. V. M (2008). Psicoterapia analítico- Suen, H. K., & Ary, D. (1989). Analyzing quanti-
-comportamental com adolescentes infratores de tative behavioral observation data. New Jersey:
alto-risco: Modificação de padrões anti-sociais Lawrence Erlbaum Associates.
e diminuição da reincidência criminal (Tese de Tourinho, E. Z, Garcia, M. G., & Souza, L. M.
doutorado). Universidade de São Paulo, São (2003). Avaliação ampliada de categorias para
Paulo. análise de verbalizações de terapeutas. Projeto
Rossi, P. R. (2011). Categorização de sessões ini- de pesquisa. Universidade Federal do Pará,
ciais de psicoterapias bem e mal sucedidas. Belém.
(Qualificação de mestrado). Universidade de Vermes, J. S. (2000). Uma avaliação dos comporta-
São Paulo, São Paulo. mentos do terapeuta durante a sessão: Relatos
Rubba, G. A., & Leite, J. P. (2006). As interven- verbais do terapeuta e do cliente (Relatório final
ções do terapeuta em diferentes abordagens: de iniciação científica). Pontifícia Universidade
Categorização e análise das relações funcionais Católica de São Paulo, São Paulo.

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 44 www.revistaperspectivas.com.br


Denis Roberto Zamignani e Sonia Beatriz Meyer 25-45

Wampold, B. E. (1986). State of the art in sequential


analysis: Comment on Lichtenberg and Heck.
Journal of Counseling Psychology, 33(2), 182-185.
Xavier, R. N. (2010). Microanálise da modelagem
de repertórios em um estudo de caso de terapia
analítico-comportamental infantil (Qualificação
deMestrado). Universidade de São Paulo, São
Paulo.
Yano, Y. (2003). Tratamento padronizado e indivi-
dualizado no transtorno do pânico (Tese de dou-
torado).Universidade de São Paulo, São Paulo.
Zamignani, D. R. (2001). Uma tentativa de carac-
terização da prática clínica do analista do com-
portamento no atendimento de clientes com e
sem o diagnóstico de transtorno obsessivo-com-
pulsivo (Dissertação de mestrado).Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
Zamignani, D. R. (2007). O desenvolvimento de um
sistema multidimensional para a categoriza-
ção de comportamentos na interação terapêu-
tica (Tese de doutorado). Universidade de São
Paulo, São Paulo.
Zamignani, D. R., & Andery, M. A. P. A. (2005).
Interação entre terapeutas comportamentais e
clientes diagnosticados com transtorno obses-
sivo-compulsivo. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
21(1), 109-119.

Informações do artigo

História do artigo
Data de submissão em: 17/12/2010
Primeira decisão editorial em: 03/03/2011
Aceito para publicação em: 22/06/2011

Revista Perspectivas 2011 vol. 02 n ° 01 pp. 25-45 45 www.revistaperspectivas.com.br

View publication stats

Você também pode gostar