Você está na página 1de 10

5/28/2023

Técnicas de Observação e Testes Objetivos (TOTO)

A Entrevista Devolutiva
Orientações sobre a Elaboração de Documentos Escritos (Resolução do CFP 06/2019)

Prof. Me. José Luís Costa


Aula 12 Centro Universitário Estácio de Sergipe
Curso de Psicologia

Objetivos da Aprendizagem

No final desta aula, o aluno deverá ser capaz de:


1. Compreender a especificidade da comunicação dos resultados na entrevista
devolutiva.
2. Interpretar a Resolução 06/2019, que institui regras para a elaboração de
documentos escritos produzidos pelos psicólogos.

1
5/28/2023

Resolução CFP nº 06/2019

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou no Diário Oficial da União a Resolução


CFP nº 06/2019, que institui regras para a elaboração de documentos escritos produzidos
pelos psicólogos no exercício profissional da psicologia, e revoga as Resoluções CFP nº
15/1996 e 07/2003. A publicação substitui a Resolução CFP nº 04/2019.

• A resolução CFP nº 06/2019, tem um formato mais normativo e orienta de forma mais
precisa a escrita de documentos psicológicos;
• Para além disso, a escrita evidencia a diferença de cada um dos documentos redigidos
pelos psicólogos, sobretudo a diferença entre laudo e relatório.

Resolução CFP nº 06/2019

Importante

A Resolução CFP nº 06/2019, tem o objetivo de orientar as(os) psicólogas(os)


na elaboração de documentos escritos no exercício profissional, e fornecer os
subsídios éticos e técnicos necessários para a produção qualificada da
comunicação escrita.

2
5/28/2023

A Entrevista Devolutiva

▪ A entrevista devolutiva deve iniciar-se abordando os aspetos mais sadios,


adaptativos e/ou preservados da dinâmica de funcionamento do cliente;
▪ De seguida deve-se comunicar os resultados que requerem mais cuidado, na
medida e no ritmo que possam ser compreendidos e tolerados pelo cliente e/ou
os seus responsáveis, já sugerindo os encaminhamentos apropriados.

Obs.: a(s) entrevista(s) devolutiva(s) deve(m) ser realizada(s) dentro do contexto global do
processo e é da responsabilidade exclusiva do psicólogo que realizou a avaliação psicológica
(nas suas várias modalidades).

Entrevista Devolutiva:
Comunicação dos resultados (output)

▪ Podemos afirmar, que a comunicação dos resultados (output) não é mais que a
formalização oral e escrita de conclusões a que o psicólogo chegou, que foram
estabelecidas em função de um determinado nível de inferência:
▪ No entanto, há que ter em conta que a comunicação não abrange todos os dados e,
quase sempre, não compreende todas as conclusões:
▪ O psicólogo deve selecionar informações que, por um lado, são pertinentes aos
motivos do encaminhamento e se mantêm num determinado nível de inferência,
previsto pelo objetivo do exame e, por outro lado, se estrutura conforme a natureza
do serviço ao qual será encaminhado o laudo ou de acordo com o tipo de profissional
que o solicitou.

6
Cunha (2003, p. 118)

3
5/28/2023

Entrevista Devolutiva:
Comunicação dos resultados (output)

A comunicação dos resultados (ou informe) constitui-se como uma etapa essencial
de uma avaliação psicológica, por isso, deve ser prevista no contrato de trabalho
com o cliente e/ou responsável:
• Na operacionalização do processo, a comunicação dos resultados deve ser realizada
como o último passo – seguem-se apenas as recomendações pertinentes e o
encerramento (onde se inclui o encaminhamento);
• É da responsabilidade do psicólogo definir o tipo de comunicação, conteúdo e forma.

7
Cunha (2003)

Entrevista Devolutiva:
Comunicação dos resultados (output)

O tipo de comunicação dos resultados é definido pelos objetivos da avaliação psicológica

• p. ex., os laudos, geralmente respondem a questões como “o que”, “quanto”, “como”,


“por que”, “para que” e “quando”;
• Os pareceres restringem-se à análise de problemas específicos colocados por
determinado profissional que já dispõe de várias informações sobre o cliente/paciente;
• i.e., o tipo de informe depende do objetivo ou dos objetivos do exame, que podem ser, p.
ex., de classificação simples, de entendimento dinâmico, de diagnóstico diferencial, etc.
• Quase sempre, os laudos se constituem como o resultado de um processo
psicodiagnóstico com vários objetivos, enquanto um parecer pressupõe um único
objetivo (cf. as recomendações contidas na Resolução 006/2019):
• Como consequência, os laudos costumam ser mais extensos, abrangentes e
minuciosos;
• Ao invés, os pareceres são mais focalizados, resumidos e curtos.

4
5/28/2023

Entrevista Devolutiva:
Comunicação dos resultados (output)

Dependendo dos objetivos, podem ser necessários vários tipos de comunicação:

• p. ex., entrevista de devolução com os pais e com o cliente/paciente; laudo encaminhado


ao pediatra; laudo encaminhado à escola especial; parecer para o serviço de orientação
de uma escola que fez a sugestão inicial do exame, etc.;
• O conteúdo da comunicação é definido, tanto pelas questões específicas, formuladas
no início do processo, como pela identidade do recetor:
• Existem questões cuja resposta é do interesse de um recetor, mas não de outro (cf.
ex. do slide seguinte).

Entrevista Devolutiva:
Comunicação dos resultados (output)

• p. ex., um menino tem manifestado comportamentos agressivos contra pessoas do


sexo feminino e foi encaminhado para avaliação pela pré-escola:
• Ao psicoterapeuta, ao qual será encaminhado, p. ex., o laudo, interessa interpretar
os sintomas e as causas, i.e., importa o entendimento dinâmico do caso;
• À escola importa mais saber como se apresenta, em que circunstâncias, e como
manejar o problema;
• O que isto quer dizer, é que o conteúdo pode variar quanto à natureza dos dados,
conforme as questões a que responde.

10

10

5
5/28/2023

Entrevista Devolutiva:
Comunicação dos resultados (output)

Importa ter em conta, não só o nível de inferência que os resultados podem atingir
mas, também, o cumprimento de certas normas éticas

• p. ex., determinadas informações podem ser passadas a um recetor, cuja profissão


pressuponha um certo código de ética, mas, talvez, não a outro:
• O sigilo profissional compromete o psicólogo a não fornecer certas informações, ou a
prestá-las somente a quem de direito e sempre tendo em conta o benefício do cliente,
vejamos um ex.:
• A suspeita da presença de traços psicóticos numa criança deve ser
obrigatoriamente comunicada ao profissional responsável pelo tratamento
neurológico, já que a criança pode responder de forma diferente a certos
medicamentos – claro que aqui, o psicólogo conta com a ética profissional do
neurologista;
• Por outro lado, o informe sobre a mesma criança, para a escola, pode perfeitamente
dispensar a classificação nosológica, cujo conhecimento poderia eventualmente
levar a uma discriminação da criança.
11
Cunha (2003)

11

Entrevista Devolutiva:
Comunicação dos resultados (output)

Obs.: para a escola, interessa mais saber que existe um problema, como se
manifesta, qual a melhor maneira de lidar com ele e que a criança está a ter um
atendimento diferenciado:
• Mas atenção, no caso da escola ter um psicólogo, este deverá receber um laudo
mais extenso e profundo – espera-se que o psicólogo saiba selecionar as
informações que deve fornecer à professora ou a outro;
• Se, p. ex., o psicólogo que realizou o psicodiagnóstico souber que a escola não
dispõe de um local onde o informe possa ser mantido sigilosamente, recomenda-se
restringir a comunicação a um contato telefónico ou pessoal (tal exige uma avaliação
clara da situação).

12

12

6
5/28/2023

Entrevista Devolutiva:
Comunicação dos resultados (output)

Outro ex., história de caso, que incluísse uma tentativa de estupro por um membro
da família, guardada sigilosamente pelos pais de uma menina:

• Este é um tipo de informação que, preferencialmente, deve ser comunicada, de forma


pessoal, com autorização do responsável, somente ao profissional que se
encarregará da psicoterapia do cliente, mas não ao técnico que, por ex., se irá
responsabilizar por um programa foniátrico (fonoaudiólogo).

13

13

Linguagem a adotar na comunicação


dos resultados (1)

▪ A terminologia e a linguagem, devem ser adequadas às do recetor:


▪ Desta forma, o informe preserva a comunicação necessária, de acordo com a profissão,
o nível sociocultural e intelectual e com as condições emocionais do recetor:

▪ p. ex., o laudo encaminhado a outro psicólogo vai diferir bastante, na forma, do


encaminhado a um ortopedista e será muito diferente da devolução realizada com
pais ansiosos e de nível sociocultural inferior.

14
Cunha (2003)

14

7
5/28/2023

Linguagem a adotar na comunicação


dos resultados (2)

▪ Para que a comunicação dos resultados seja cientificamente adequada:


▪ É necessário que a seleção, organização e integração dos dados se realize, chegando
a inferências sobre o caso, tendo como pontos de referência as perguntas iniciais – que
permitem a elaboração da(s) hipótese(s) diagnóstica(s) e os objetivos do exame:
▪ Estes dados que surgem da testagem, numa terminologia científica, precisam ser
descodificados, conforme a identidade e a qualidade do recetor, sendo comunicados
de forma oral e escrita.

15

15

Considerações importantes (1)

• Apesar de anteriormente existir um pressuposto de que os resultados de um


psicodiagnóstico não seriam de interesse do cliente, devido à sua complexidade
científica, na atualidade, acredita-se que o cliente tenha direito a um feedback:
• Embora cada problemática tenha a sua especificidade, a mesma pode ser apresentada
sob diferentes perspetivas, consoante as características peculiares: nível social e
profissão da pessoa a quem se está a devolver os resultados;
• Importa salientar que, de acordo com o código de ética, “o psicólogo está obrigado a
fornecer a este (ao examinando) as informações que foram encaminhadas ao
solicitante e a orientá-lo em função dos resultados obtidos” – mas para que a
comunicação seja eficaz, deve ser clara, precisa e inteligível, logo, a linguagem
científica tem de ser traduzida para um modo coloquial de dizer as coisas, com o uso de
um vocabulário acessível e enfatizando as questões que serão mais úteis.

16

16

8
5/28/2023

Considerações importantes (2)

(como já estudado) importa recordar que a devolução escrita é realizada por meio de um
laudo/relatório, e deve conter uma linguagem clara, inteligível e precisa, adequada ao
requerente (conforme a Resolução CFP nº 06/2019), restringindo-se às informações
que se fizerem necessárias.

17

17

TPC (sugestão de leitura)

Como prática de estudo autónomo, o aluno deverá ler e interpretar a Resolução CFP
nº 06/2019 comentada, disponibilizada pelo professor da disciplina na plataforma
estudante.estacio.

18

18

9
5/28/2023

Referências

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução 06/2019 comentada: Orientações


sobre elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício
profissional. Brasília DF, 2019.
CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico V. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
HUTZ, C. S; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C. M.; KRUG, J. S. (Org.). Psicodiagnóstico.
Porto Alegre: Artmed, 2016.

19

19

10

Você também pode gostar