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Corrosão

Aulas 5
Meios Corrosivos - Concreto
O Concreto é um material de construção de grande diversidade de uso, daí sua
durabilidade ser fator importante na avaliação de um projeto.

As estruturas de concreto são projetadas e executadas para manter condições


mínimas de segurança, estabilidade e funcionalidade durante um tempo de vida
útil, sem custos não previstos de manutenção e de reparos.

O concreto é constituído principalmente de cimento, areia, água e agregados de


diferentes tamanhos. Em alguns casos são usados aditivos como plastificantes.

As matérias-primas usadas na fabricação do cimento Portland são, principalmente,


calcário, sílica, alumina e óxido de ferro. Essas substâncias reagem entre si,
quando aquecidas, formando os principais componentes do cimento.

A corrosão do concreto é de grande importância, pois provoca não somente a sua


deterioração, mas também pode afetar a estabilidade e a durabilidade das
estruturas.
Meios Corrosivos - Concreto
A armadura não é suscetível de sofrer corrosão, a não ser que ocorram
contaminação e deterioração do concreto. Os constituintes do concreto inibem a
corrosão do material metálico e se opõem à entrada de contaminantes.

Daí se poder afirmar que, quanto mais o concreto se mantiver inalterado, mais
protegida estará a armadura. Na maioria dos casos a armadura permanece por
longo tempo resistente aos agentes corrosivos, podendo esse tempo ser
praticamente indefinido. Mas ocorrem alguns casos onde a corrosão da armadura é
bastante rápida e progressiva.

Corrosão ou Deterioração

A corrosão observada em concreto pode estar associada a fatores:

Mecânicos: vibrações e erosão;


Físicos: variações de temperatura;
Biológicos: bactérias;
Químicos: produtos químicos como ácidos e sais.
Meios Corrosivos - Concreto

Argamassa

Armadura

Esquematização da deterioração de concreto.


Armadura: 1. sem corrosão, 2. armadura com início de corrosão, devido à penetração
do meio corrosivo pela fissura, 3. continuidade da corrosão na armadura, 4. grande
formação de óxido de Fe, conseqüente aumento de pressão, acarretando a
desagregação do concreto.
Meios Corrosivos – Concreto
Fatores Aceleradores da Corrosão:
1. Falhas de concretagem.
Meios Corrosivos - Concreto

Falhas de concretagem.
Meios Corrosivos - Concreto

Vigas fraturadas.
Meios Corrosivos - Concreto

Armadura com corrosão severa.


Meios Corrosivos - Concreto

Estrutura de concreto com corrosão na armadura.


Meios Corrosivos - Concreto
Fatores Aceleradores da Corrosão:
2. Lixiviação – eflorescência
O hidróxido de cálcio, Ca(OH)2, originado pela hidratação do cimento, que é
um dos componentes do concreto, pode solubilizar em água, ocasionando a
deterioração do concreto. O Ca(OH)2 lixiviado ao entrar em contato com o ar
reage com o CO2 formando o carbonato de cálcio, CaCO3, insolúvel:

Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O

A lixiviação do Ca(OH)2 com a conseqüente formação do CaCO3 insolúvel é


responsável pelo aparecimento da eflorescência, caracterizado por depósitos
de cor branca na superfície do concreto.

Algumas vezes este depósito aparece sob a forma de estalactites.


Quando o processo de lixiviação é acentuado, o concreto torna-se
poroso, expondo a armadura aos agressores (UR, O2, poluentes, ...)
Lixiviação em concreto observando-se
o produto branco de carbonato de cálcio,
CaCO3.
Meios Corrosivos - Concreto

Lixiviação aparecendo sob a forma de estalactites.


Meios Corrosivos - Concreto
3. Ácidos
O contato direto do concreto com soluções ácidas, como por exemplo, clorídrico,
fluorídrico, nítrico e sulfúrico, ocasiona a deterioração do concreto, pois eles
reagem com os componentes do concreto e diminuem o valor do seu pH.

No ataque ácido do concreto observa-se, em muitos casos, a destruição da pasta


de cimento, podendo-se visualizar o aspecto típico do agregado.

No caso do concreto armado, tem-se, em


seguida do ataque à pasta de cimento,
o ataque à armadura, notando-se a
formação de coloração castanho-alaranjada
característica dos sais de ferro.

Ainda no caso da ação corrosiva de ácidos


sobre o concreto, convém citar o problema
da chuva ácida, que em contato com o
concreto pode ocasionar o ataque à pasta
de cimento e sobre a armadura.
Meios Corrosivos - Concreto

Pilar de concreto atacado por solução de ácido


Pilar de concreto atacado por solução
sulfúrico: observar aspecto branco devido ao
de ácido sulfúrico.
sulfato de cálcio.
Meios Corrosivos - Concreto

Pilares de concreto armado de sustentação de


arquibancada de estádio de futebol sendo
recuperados: ataque por urina humana.
Concreto atacado por solução ácida
de sulfato de cobre, CuSO4 azul.
Meios Corrosivos - Concreto
4. Cloretos

Cloretos solúveis podem diminuir a ação protetora da película de passivação


existente no meio alcalino, proporcionado pela pasta de cimento. Podem
também diminuir a resistividade do concreto, facilitando o processo
eletroquímico de corrosão das armaduras.

Os cloretos podem resultar:


- Durante a preparação do concreto: dos agregados, da água de amassamento
ou de aditivos, como o cloreto de cálcio usado como acelerador do
endurecimento do concreto;
- Durante a utilização: do meio ambiente, como cloreto de sódio, em atmosferas
marinhas.

No Brasil, estima-se para o concreto armado, um valor máximo de 0,4% de cloreto


em relação à massa de concreto.
Meios Corrosivos - Concreto

Corrosão em concreto localizado em orla marinha.


Meios Corrosivos - Concreto
5. Água do Mar

Estruturas de concreto continuamente imersas no mar, são mantidas sem


deterioração, devido à formação de uma densa película protetora de carbonato de
cálcio (insolúvel) e brucita (hidróxido de Mg, Mg(OH)2), resultantes da reação
entre os íons bicarbonato e magnésio, existentes na água do mar, com o hidróxido
de cálcio do concreto.

Na área de variação de maré e de respingos a deterioração ocorre de forma


severa, pois fica facilitada a permeação do cloreto.

Na área atmosférica a estrutura fica sujeita à ação de névoa salina e a corrosão é


menos severa.

Na área enterrada, geralmente não se observa a corrosão, pois são


preferencialmente fixados em rochas.
Meios Corrosivos - Concreto

Trecho do Elevado do Joá (RJ) sujeito à ação de névoa salina.


Meios Corrosivos - Alimentos
A importância do efeito corrosivo dos alimentos está ligada à formação de
possíveis sais metálicos tóxicos. Além do caráter tóxico, eles podem
alterar características do alimento como sabor, aroma e aparência, bem
como ocasionar rancidez. Mesmo que a ação corrosiva seja pequena,
observa-se que mínimas quantidades de:

- Zinco, ferro e cobre: modificam o aroma do leite;


- Ferro: pode reagir com tanino ocasionando o escurecimento de vegetais em
conserva;
- Estanho: ocasiona turvação na cerveja e em vinhos brancos;
- Chumbo: causa saturnismo, doença que ataca o sistema nervoso.
Meios Corrosivos - Alimentos

Para evitar a deterioração de alimentos, são adicionados conservantes,


geralmente ácidos orgânicos, como o ácido cítrico, que podem atacar alguns
recipientes metálicos. Esse fato pode ser observado em embalagens de
conservas alimentícias que usam folhas de flandres (aço revestido com estanho) e
tem solda de liga chumbo-estanho: o ataque na região de solda ocasiona a
contaminação do alimento com chumbo. Para evitar este ataque, o reveste-se a
parte interna da lata com resina epóxi-fenólica ou usa-se embalagem de vidro.

As indústrias de alimentos e de laticínios, como exigem materiais resistentes à


corrosão e também de fácil limpeza, utilizam-se em grande escala equipamentos
de aço inoxidável. Entretanto, diversos casos de corrosão por pite e de corrosão
sob tensão fraturante, em aços inoxidáveis, tem ocorrido em indústria de
alimentos.
Meios Corrosivos – Madeira

Embora não sejam muito freqüentes casos de corrosão associados com madeira
e plásticos, deve-se considerar a possibilidade de tais materiais sofrerem
decomposição, originando produtos corrosivos.

Assim, a madeira pode emitir vapores corrosivos, geralmente constituídos de


ácido acético, provenientes da hidrólise de substâncias orgânicas, como
polissacarídeos acetilados. Embora haja, também, formação de pequenas
quantidades de ácidos fórmico, propiônico e butírico, o ácido acético é o
maior responsável pela ação corrosiva.

Em alguns casos a madeira sofre tratamento com materiais protetores e


impermeabilizantes, para evitar a sua decomposição por ação microbiológica,
entre estes materiais, existem alguns à base de sais de cobre. Problema: Nesse
caso, pode-se ter a lixiviação de íons de Cu e os mesmos podem originar
corrosão galvânica em materiais metálicos como Al, Zn e aço, quando em contato
com a madeira.
Meios Corrosivos – Madeira

Existem diversos tipos de tratamentos que podem ser empregados na proteção


da madeira. Os tratamentos anti-sépticos, por exemplo, destroem os
microorganismos através de processos químicos.

São muito utilizados porque tem a vantagem de ser aplicados antes da


colocação das madeiras, fazendo com que toda a peça seja submetida ao
tratamento.

Os métodos anti-sépticos mais comuns são: tratamento por imersão, por


difusão, por impregnação por vácuo e por vácuo à pressão.

Tratamento por imersão: utiliza como anti-sépticos solventes orgânicos. É


eficaz em qualquer tipo de madeira exceto àquelas de pouca permeabilidade.
Provoca certo grau de estabilização dimensional, assim como protege contra
fungos.

Tratamento por difusão: emprega anti-sépticos à base de compostos bóricos.


Aplica-se em todos os tipos de madeiras.
Meios Corrosivos – Madeira
Tratamento por impregnação por vácuo: utiliza solventes orgânicos, onde a
madeira com muita seiva deve ser totalmente penetrada. Pode ser usado em
todas as madeiras, proporcionando estabilização dimensional, como também
contra fungos.

Tratamento por impregnação por vácuo sob pressão: usa anti-sépticos como
cobre e cromo. Impede o apodrecimento da madeira.

Por mais que se utilize madeiras tratadas, é sempre importante que se


tomem todas as precauções necessárias contra a exposição excessiva à
umidade e ao sol.

Por isso o ideal é que se use sempre, além do tratamento, algum tipo de
acabamento, como vernizes ou tintas, pois a pintura protege a madeira da
entrada imediata de água, assim como de uma degradação superficial.

A qualidade de um determinado tipo de acabamento em madeira está


relacionada com a textura da madeira e com o tipo de aplicação.
Meios Corrosivos – Madeira

Madeiras com textura grosseira, geralmente, exigem aplicação inicial de um


selador para evitar uma penetração demasiada da fase líquida do material de
acabamento, pois diminuem o excesso de porosidade da superfície, corrigindo
pequenas falhas e melhorando o rendimento das tintas de acabamento.
De maneira geral, para madeiras recentes é recomendável o emprego do
tratamento anti-séptico, e posteriormente, a aplicação de três capas de pintura:
uma primeira, uma intermediária e o acabamento que ficaria ideal com duas
aplicações.
As tintas de acabamento recomendadas para madeira são o esmalte sintético e
a tinta à óleo. Esta última vem perdendo lugar para o esmalte sintético, que na
verdade é uma variação aprimorada da tinta à óleo, que traz componentes anti-
corrosivos e é lavável.
Meios Corrosivos – Plásticos

No caso de plásticos, pode-se ter a formação de vapores corrosivos


originados por decomposição, geralmente térmica, ou, em alguns casos,
microbiológica.

Os plásticos contendo compostos orgânicos halogenados são os que formam


produtos mais corrosivos quando decompostos termicamente, como evidenciado
nos exemplos:

- poli (cloreto de vinila) PVC – aquecido a 70-80ºC desprende cloreto de


hidrogênio, HCl gasoso, que em presença de água forma ácido clorídrico,
formando o meio bastante corrosivo. Pode também sofrer decomposição quando
irradiado com luz ultravioleta, tornando-se corrosivo, em temperatura ambiente;

- teflon – aquecido em temperaturas elevadas, acima de 350ºC, desprende


fluoreto de hidrogênio, HF gasoso, que em presença de água forma ácido
fluorídrico.
Meios Corrosivos – Plásticos

- borracha clorada – exposta à luz ultravioleta ou aquecida a altas temperaturas


desprende cloreto de hidrogênio, HCl gasoso, que em presença de água torna o
meio bastante corrosivo devido à formação de ácido clorídrico.

Os plásticos contendo substâncias nitrogenadas podem originar amônia, NH3, em


sua decomposição, como é o caso do náilon, hexametileno, adipamida, tornando-
se corrosivo para o cobre ou suas ligas.
PRÓXIMAS AULAS:
Métodos de Proteção contra a Corrosão

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