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Corrosão

Aula 4
Meios Corrosivos
Corrosão causada por Águas Naturais

Os materiais metálicos em contato com a água tendem a sofrer corrosão, a qual


vai depender de várias substâncias que podem estar contaminando a mesma.
Mais freqüentes contaminantes:

- gases dissolvidos: O2, N2, CO2, Cl2, SO2, SO3, H2S,...


- sais dissolvidos: cloreto de sódio, de ferro e de magnésio, carbonato de sódio,
bicarbonato de cálcio, …
- matéria orgânica de origem animal ou vegetal;
- bactérias, limos e algas;
- sólidos suspensos.

Também deve ser considerado o pH, a temperatura e a velocidade de agitação da


água.
Meios Corrosivos
Casos particulares:

- Água potável:
É de fundamental importância a qualidade sanitária, procurando-se, portanto, evitar
a presença de sólidos suspensos, de sais e de microorganismos responsáveis por
doenças transmissíveis por via hídrica;

- Água para sistemas de resfriamento:


Procura-se evitar a presença de sólidos suspensos ou sais formadores de
depósitos (incrustação) e crescimento biológico, que poderiam, ao se depositarem,
criar condições para corrosão por aeração diferencial;

- Água para geração de vapor:


Evita-se a presença de oxigênio e de sais incrustantes (como bicarbonatos de
cálcio e magnésio). No caso de caldeiras, o O2 oxidaria a magnetita (Fe3O4),
protetor, formando Fe2O3 (hematita) não-protetor, e os sais incrustantes
depositariam, por exemplo, CaCO3 (carbonato de cálcio), dificultando a troca
térmica;
Meios Corrosivos
Casos particulares:

- Água de processo:
Água utilizada em processos para fabricação de produtos químicos ou
farmacêuticos, evita-se a presença de impurezas, como sais, usando-se água
deionizada, e, no caso de produtos farmacêuticos ou medicinais, água super ultra
pura (Milique);

Em decorrência dessas considerações, justificam-se como etapas fundamentais


no tratamento de águas:

- potável: clarificação para eliminar sólidos suspensos, cloração para a desinfecção


e controle de pH; (clarificação: tratamentos físicos e químicos no qual é adicionado
um coagulante na água-sulfato de alumínio, que passa então à
floculação/sedimentação/filtração).

- de resfriamento: cloração, adição de inibidores de corrosão e controle de pH;

- de caldeiras: desaeração para eliminar O2, abrandamento ou desmineralização


para eliminar a dureza da água e controle de pH.
Meios Corrosivos
Sais Dissolvidos na água:

Os sais podem agir acelerando ou retardando a velocidade do processo corrosivo.


Entre os sais que influenciam com maior freqüência a corrosão estão: cloretos,
sulfatos, sais, bicarbonatos de cálcio, magnésio e de ferro.

O efeito do cloreto de sódio, na corrosão, deve-se ao fato de este sal ser um


eletrólito forte, ocasionando, portanto, aumento de condutividade, que é
fundamental no mecanismo eletroquímico.

O íon cloreto atua também na despassivação do aço inox e das ligas de alumínio,
visto que ele pode penetrar na camada protetora de óxido de Cr e de Al.

No caso de presença de íons sulfato, SO42-, deve-se considerar a possibilidade


de ocorrência de corrosão microbiológica, originada por bactérias redutoras de
sulfato, acelerando o processo corrosivo.
Meios Corrosivos
Sais Dissolvidos na água:

Normalmente, um sal colocado na água, daria uma aceleração no processo


corrosivo, como, por exemplo, NaCl. Mas não se pode generalizar, pois pode-
se ter sais dissolvidos que retardem a corrosão.
A água pode decompor alguns sais dissolvidos (por hidrólise), principalmente, os
cloretos ou sulfatos de alumínio, de ferro e de magnésio, carbonato de sódio e
silicato de sódio.

Na hidrólise dos sais devem ser consideradas duas possibilidades:

- sais cuja parte catiônica se hidrolisa formando soluções ácidas, pH < 7: sais de
Al3+, Fe3+, Fe2+, Mg2+, Zn2+,... Pode ocorrer corrosão com desprendimento de H2,
pelo ataque do meio ácido ao metal.

- sais cuja parte aniônica se hidrolisa formando soluções básicas, pH > 7: fosfatos,
carbonatos, silicatos, … O meio básico forma sobre, por ex.: Fe, uma película
protetora, agindo como inibidor de corrosão. Mas metais como Al, Zn e Pb são
atacados nestes meios.
Meios Corrosivos
Sais Dissolvidos na água:

Deve-se considerar, também, a presença dos sais dissolvidos que poderiam


ocasionar problemas de incrustações ou depósitos de bicarbonatos de cálcio, de
magnésio e de ferro. Esses sais são solúveis, mas com o aquecimento se
decompõem transformando-se em CaCO3, Mg(OH)2 e Fe2O3.nH2O, que são
insolúveis, se depositam no sistema, ocasionando a perda de eficiência térmica e
corrosão.

Os sais, principalmente de cálcio e de magnésio, quando dissolvidos na água,


caracterizam o tipo de água dura. Quando esses sais se apresentam sob a forma
de sulfatos ou cloretos, a água tem dureza permanente. E quando se apresentam
sob a forma de bicarbonato tem-se a dureza temporária.

Ex.: o CaCO3 insolúvel pode ficar aderido às paredes das tubulações, evitando o
contato do meio corrosivo com o material metálico, diminuindo o desgaste do
metal. Mas há o problema de troca térmica, pois a camada depositada aumenta
com o tempo de operação, diminuindo a seção da tubulação e funcionando como
isolante térmico.
Meios Corrosivos

Tubos com incrustações de carbonato de cálcio, exceto o tubo inferior à


direita.
Meios Corrosivos

Tubo com incrustação de carbonato de cálcio.


Meios Corrosivos

Trecho de tubulação de caldeira com crosta de carbonato de cálcio.


Meios Corrosivos

Tubos de trocador de calor incrustados com fosfato e silicato de alumínio e


cálcio.
Meios Corrosivos

Tubos de trocador de calor limpos.


Tubos de trocador de calor incrustados
com fosfato e silicato de alumínio e cálcio.
Meios Corrosivos
Gases Dissolvidos na água:

Entre os gases mais comumente encontrados na água pode-se destacar: O2, H2S,
SO2, SO3, NH3, CO2 e Cl2.

Alguns desses gases são encontrados sempre na água, como o O2 e o CO2,


enquanto outros, aparecem na água provenientes da absorção de poluentes
atmosféricos ou devido ao tratamento com o cloro.

O O2 é considerado como um fator de controle do processo corrosivo, podendo


acelerá-lo ou retardá-lo.

Há casos em que o O2 é fundamental para proteção de materiais metálicos, como


proteção de Al e aços inox. Haverá a formação de Al2O3 e Cr2O3, que passivam
esses materiais.

O CO2, solubilizado em água, forma o ácido carbônico (H2CO3) que acidifica o


meio e acelera o processo corrosivo.
Meios Corrosivos
Gases Dissolvidos na água:

A presença de H2S na água é, geralmente, devida a causas puramente químicas


ou biológicas. Esse gás pode ocasionar odor e gosto característicos na água e
ação corrosiva sobre o ferro, aço e outros metais, com formação dos sulfetos
correspondentes.
Fe + H2S → FeS + H2

A remoção de gás sulfídrico pode ser feita por aeração, redução de pH e cloração.

Os gases SO2 e SO3, dissolvidos na água, ocasionam diminuição do valor de pH,


porque formam ácido sulfuroso e sulfúrico, acelerando o processo corrosivo devido
à ação desses ácidos sobre o metal.

A presença de amônia pode causar corrosão na ligas de Cu e Zn, pois ocorre a


formação de complexos solúveis.

A presença de cloro, originado do tratamento de água, ocasiona aumento do teor


de cloreto e diminuição do pH, criando condições para a ocorrência de corrosão,
daí a necessidade de neutralização após a cloração, em uma ETA.
Meios Corrosivos
Sólidos Suspensos na água:

Geralmente a água contém as mais diversas partículas em suspensão, as quais


necessitam ser removidas a fim de tornar a água adequada ao uso.

COMO AS PARTÍCULAS ATUAM NA CORROSÃO?


● Essas partículas podem ser absorvidas pela torre de resfriamento e também
podem ser poluentes atmosféricos sólidos como, pós de diferentes naturezas,
como de cimento, óxido de alumínio, óxido de cálcio e também matéria orgânica.

● Essas partículas também podem se depositar em tubos trocadores de calor,


reduzindo a eficiência térmica do equipamento e causando a corrosão sob o
depósito, devido a formação de pilha de aeração diferencial.

● As partículas poderiam ainda causar a dureza da água e mudanças no pH.

● Podem acelerar o processo de erosão.


Meios Corrosivos
Sólidos Suspensos na água:

COMO EVITAR A CORROSÃO POR SÓLIDOS SUSPENSOS?


● Deve-se retirar estas partículas ou por passagem da água em filtros adequados
ou,
● realizando o processo de clarificação na água. Consiste de:
Adição de um coagulante (floculante), geralmente o sulfato de alumínio, tendo-se
em seguida os processos de floculação, decantação e filtração.

Matéria Orgânica na água:


A presença de matéria orgânica na água pode resultar no crescimento de
biológico.

O CRESCIMENTO BIOLÓGICO NAS ÁGUAS INDUSTRIAIS CAUSA:


● Crescimento de algas, fungos e bactérias;
● Formação de meio ácido, ex.: bactérias oxidantes de S;
● Despolarização da área catódica por bactéria redutora de sulfato;
● Formação de tubérculos de óxidos de ferro hidratados.
Meios Corrosivos

Tubérculos em tubulação condutora de água.


Meios Corrosivos

Tubulação de água com tubérculos de óxidos de ferro.


Meios Corrosivos

Furos em tubulação de água ocasionados por corrosão sob depósitos.


Meios Corrosivos
Bases e Ácidos na água:

Essas substâncias, quando presentes na água, modificam o pH.

Exemplos:
● alumínio: são resistentes à ação do ácido nítrico, devido a ação oxidante deste
ácido formar uma camada protetora de óxido de alumínio, mas, no entanto, não é
resistente ao ácido clorídrico. Não resistem também a elevados pH, ex. em
hidróxido de sódio e potássio.

● chumbo: resiste ao ácido sulfúrico (solução de até 70%), devido à formação de


uma camada de sulfato de chumbo, mas não resiste às bases fortes.

● ferro e suas ligas: a corrosão aumenta em pH < 4, diminuindo com a elevação


do pH.

● aços inoxidáveis: podem resistir ao ácido nítrico, mas não resistem ao ácido
clorídrico.
Meios Corrosivos
Temperatura da água:

Os efeitos da temperatura são vários:

● as reações de corrosão, em água, são usualmente mais rápidas em elevadas T.


● mudanças na T podem afetar a solubilidade dos produtos de corrosão.
● os gases são menos solúveis com a elevação da T.

Velocidade de circulação da água:


● É importante pois o seu aumento, em geral, aumenta a taxa de corrosão,
porque pode remover as camadas de produtos de corrosão aderentes ao material
metálico e que estavam retardando o processo corrosivo. (no caso de camada
protetora)

● Por outro lado, se a velocidade de circulação da água for muito pequena,


poderá ocorrer a deposição de sólidos e por conseguinte aumentará a
possibilidade de corrosão por aeração diferencial.

Procura-se estabelecer uma velocidade crítica de circulação da água, ligada à


natureza do material metálico e à composição da água.
Meios Corrosivos
Ação Mecânica da água:

Além do ataque imediato ao equipamento, pode originar processos corrosivos


decorrentes de:

● destruição do filme protetor sobre o material metálico: caso originado por erosão
ou cavitação.
● em áreas de estagnação, pode haver a deposição de partículas metálicas ou
produtos de corrosão arrastados pela ação mecânica.

Em água potável:
Pode ocasionar além da perda da espessura ou perfuração da tubulação, produtos
de corrosão que podem torná-la imprópria para uso, devido a não mais atender os
padrões de potabilidade.

A contaminação da água potável com sais de chumbo ou de cobre a tornam


imprópria para uso humano. O chumbo pode ser proveniente de corrosão em
juntas de chumbo usadas em tubulações de ferro fundido, e o cobre, advém da
corrosão em tubos deste metal.
Meios Corrosivos
Em água potável:

A corrosão em tubulações de aço carbono ou ferro fundido pode aumentar o teor


de ferro na água, tornando-a imprópria para diversos usos.

As autoridades sanitárias estabelecem concentrações máximas de metais


permitidas em água para consumo humano. Valores em mg/L adotados no Brasil:

Chumbo 0,05
Manganês 0,1
Ferro 0,3
Cobre 1,0
Zinco 5,0

Tubérculos de óxidos de ferro em tubo de condução de água potável.


Meios Corrosivos
Em água do mar:

A ação corrosiva da água do mar pode ser determinada inicialmente por sua
salinidade. Essa salinidade é praticamente constante em oceanos, mas pode variar
em mares, conforme a tabela:
salinidade, %
Oceano Atlântico 3,54
Oceano Pacífico 3,49
Mar Mediterrâneo 3,70
Mar Vermelho >4,1
Mar Báltico 0,2
Mar Cáspio 16,4

A água do mar é um meio corrosivo complexo constituído de sais, matéria orgânica


viva, matéria orgânica em decomposição e gases dissolvidos. Logo, a ação
corrosiva da água do mar não se restringe à ação isolada da salinidade, ocorrendo
uma ação conjunta dos diferentes constituintes.
Meios Corrosivos
Em água do mar:

A natureza química da água do mar e suas características biológicas fazem com


que os materiais submersos sejam submetidos a diferentes variáveis, como:
● presença de vários sais (cloreto de sódio, de magnésio, bicarbonato de cálcio,
sulfato de magnésio, brometo de magnésio,...);
● temperaturas variáveis;
● presença de agentes poluentes;
● desenvolvimento de fouling:

Ao submergir estruturas metálicas em água do mar, inicia-se um processo de


incrustação proveniente de organismos vegetais ou animais, que crescem
aderentes à superfície metálica. Há proliferação de algas, limos, mexilhões, que
poderão formar um depósito extremamente duro e aderente, o biofouling ou
fouling.
Com isso: as instalações podem ficar com excesso de peso, bóias podem diminuir
sua capacidade de boiar, maior consumo de combustível para o deslocamento de
navios com biofouling, decréscimo da eficiência de sonar, gastos com limpeza de
remoção do biofouling, ocorrência de corrosão sob os depósitos.
Meios Corrosivos

Estacas em água do mar com


biofouling na faixa de variação
de maré.
Meios Corrosivos

Amarras, usadas em bóias marinhas, com mexilhões.


Meios Corrosivos
Limpeza de Tubulações: PIG

Raspador usado para a limpeza de Água escura proveniente da limpeza


tubulações incrustadas. da tubulação por passagem de pig.
Meios Corrosivos
Proteção:

Em água do mar:
- Uso de cloro: diminui o fouling;
- Revestimento com camada de liga cobre-níquel com o objetivo de tornar a
superfície tóxica aos microorganismos;
- Revestimento com plástico como o Teflon (politetrafluoretileno);
- Revestimentos com tintas anti incrustantes contendo agentes biocidas;
- Revestimento, como tintas, à base de resina epóxi, como alcatrão de hulha-epóxi
coal tar epoxi.
- Proteção catódica com ânodos de zinco ou de alumínio;
- Proteção catódica por corrente impressa ou forçada.
Meios Corrosivos

Estacas protegidas com massa epóxi-poliamida, na faixa de variação de maré e


zona de respingos, tinta de alcatrão de hulha-epóxi na área sujeita à névoa salina
e proteção catódica por corrente impressa na parte submersa.
Meios Corrosivos - Solo
O comportamento do solo como meio corrosivo deve ser considerado de grande
importância, levando-se em consideração as enormes extensões de tubulações
enterradas, como oleodutos, gasoduto, tanques de armazenamento de
combustíveis.

A corrosão em tubulação ou tanque de armazenamento contendo combustíveis


pode causar perfurações que provocam vazamentos, com conseqüente
contaminação do solo ou de lençóis freáticos, e com possibilidade de incêndios e
explosões.

A velocidade de corrosão no solo não é muito influenciada por pequenas variações


na composição ou estrutura do material metálico, sendo mais influente a natureza
do solo. Esta natureza pode ser influenciada por diversas variáveis evidenciadas a
seguir:

- aeração, umidade, pH - sais solúveis e gases


- microorganismos - resistividade elétrica
- condições climáticas - presença de fertilizantes
- presença de água - presença de despejos industriais
- profundidade de localização da estrutura
Meios Corrosivos - Solo
O solo pode ser considerado como um dos meios corrosivos mais complexos para
se determinar previamente sua ação agressiva para os materiais metálicos.

Essa complexidade fica logo evidenciada na tomada de amostras de solos para


análise físico-química. Dois problemas costumam ocorrer: a variabilidade de solos,
dificultando a tomada de amostras no campo e a determinação do tipo de análise.

Amostras de solos devem ser coletadas ao longo da extensão das tubulações


enterradas a fim de melhor se avaliar as características do solo.

Outras considerações importantes na corrosão causada pelos solos nas estruturas


metálicas enterradas: contato bimetálico com formação de pilha galvânica,
correntes de fuga, contaminação dos solos, …
Meios Corrosivos - Solo
Características do Solo

As classes de solo podem ser divididas em grupos por texturas contendo


diferentes quantidades de argila, lama, sedimentos e areia. Solos aerados podem
ser vermelhos, amarelos ou marrons, devido à presença de compostos de ferro.

Solos escuros contém matéria orgânica em decomposição. A análise do solo para


efeitos de corrosão envolve os compostos solúveis em água, incluindo formadores
de bases como o sódio, potássio, cálcio e magnésio, e formadores de ácidos
como carbonato, bicarbonato, cloro, nitrato e sulfato.

Aeração e retenção de água são os principais atributos físicos do solo. Solos


granulares (contendo areia e cascalho) que tem boa drenagem e aeração, atacam
o metal numa taxa de corrosão próxima da atmosfera na superfície do solo.

Solos argilosos e lamacentos são caracterizados por textura fina, alta retenção de
água, aeração pobre e baixa drenagem, fatores que podem aumentar a taxa de
corrosão sobre o metal.
Meios Corrosivos - Solo
Mecanismos de Corrosão

Aeração Diferencial

A corrosão por aeração diferencial pode resultar de várias condições. Por exemplo,
quando um tubo passa através de dois solos diferentes que possuem diferentes
permeabilidades ao oxigênio, uma corrente galvânica flui da superfície mais
pobremente aerada (anódica) para a mais aerada (catódica).

Sais Dissolvidos

Solos contendo altas concentrações de sais dissolvidos são os mais corrosivos. A


presença dos sais gera alta condutividade elétrica no meio (ou baixa resistividade).
A medição da resistividade permite inferir as características corrosivas do solo.
Observações das características de drenagem e/ou medições do pH
complementam as medições de resistividade.
Meios Corrosivos - Solo
A tabela abaixo lista a relação entre o nível de resistividade do solo e a corrosão de
metais. Deve-se porém considerar a influência de outros fatores que podem alterar
estes limites.

Resistividade Elétrica (ohm.cm) Grau de agressividade

< 1.000 Extremamente agressivo


1.000-2.000 Fortemente agressivo
2.000-3.500 Moderadamente agressivo
3.500-5.000 Pouco agressivo
5.000-10.000 Ligeiramente agressivo

Portanto, há perigo quando a resistividade < 1.000 ohm.cm


Há dúvida entre 1.000 e 5.000 ohm.cm
Não há perigo algum quando a resistividade > 5.000 ohm.cm
Meios Corrosivos - Solo

Corrosividade Taxa média de corrosão para o aço


(µm/ano)
Muito alta > 100
Alta 100-30
Baixa 30-4
Muito baixa <4
Meios Corrosivos - Solo
Ação de Bactérias

A presença de bactérias influencia a corrosão subterrânea. Bactérias anaeróbias


redutoras de sulfato são as mais importantes entre as bactérias presentes no solo.
Elas atuam como despolarizadora da reação catódica e permitem a propagação da
corrosão em solos sem oxigênio.

O sulfato solúvel, condição favorável à ação desta bactéria, é detectado na


medição de resistividade. O aspecto do ataque forma tubérculos como pode ser
visto na figura a seguir.

Imagem da corrosão bacteriana obtida por MEV.


Meios Corrosivos - Solo
Medidas Preventivas

- A corrosão no solo é mais eficientemente controlada através de proteção


catódica, embora possam ser usados também revestimentos de proteção como a
base de asfalto betuminoso (coal tar), fitas plásticas, polietileno ou FBE (fusion
bonded epoxi).
- Substituição de tubos metálicos por não-metálicos, como tubos de PVC,
polietileno, PRFV (plástico reforçado com fibra de vidro).

- A proteção catódica tem as seguintes vantagens:


1. pode ser instalada em estruturas já existentes sem necessidade de grandes
transformações ou de interdição de uso das instalações.
2. a efetividade da proteção catódica pode ser avaliada por um simples método
não destrutivo de medição elétrica.
Meios Corrosivos - Solo

Trecho de tubulação parcialmente enterrado, com corrosão


Localizada na área pouco abaixo da superfície do solo.

Tubulação parcialmente enterrada e sujeita à corrosão pouco abaixo da superfície do solo.


Meios Corrosivos - Solo

Tubulações em trecho de penetração no solo com proteção adicional com fita plástica.
Meios Corrosivos - Solo

Tubulação entrando no solo: necessidade de proteção


nesta área.
Meios Corrosivos - Solo

Corrosão, como previsto, devida ao


posicionamento, no trecho da tubulação
da foto anterior.
Meios Corrosivos - Solo
Condições Climáticas

Chuvas: aumentam a umidade, aumentando a condutividade elétrica dos solos.


Essa ação é mais acentuada quando os solos apresentam baixa porosidade e não
são bem drenados. As chuvas podem solubilizar poluentes, como o ácido sulfúrico
ocasionando a chuva ácida. A água dessa chuva, penetrando no solo, ocasiona
aumento da acidez do solo e da condutividade elétrica.

Temperatura: em função das várias estações, tem-se diferentes temperaturas na


atmosfera. Essas temperaturas, em função do seu aumento, influenciam a umidade
do solo, principalmente pouco abaixo da superfície.

Ventos: possibilitam maior evaporação da água do solo.

Umidade relativa da atmosfera: se for elevada, haverá menor possibilidade de


evaporação da água do solo.
Meios Corrosivos - Solo
Presença de Fertilizantes
Como são geralmente compostos por sais como nitrato de amônio, fosfato de
amônio, cloreto de potássio, vão influenciar diretamente na resistividade elétrica do
solo, tornando-a baixa e deixando o solo com caráter corrosivo. Essa condição é
verificada em solos de áreas de agricultura.

Despejos Industriais
Altera as características do solo, podendo, em função da natureza desses
despejos, torná-lo corrosivo.

Profundidade
Em função da profundidade em que as tubulações são enterradas, a corrosão pode
ou não se acentuar. Em grandes profundidade, como o teor de oxigênio é baixo, a
taxa de corrosão será menor, a não ser que haja a presença de bactérias redutoras
de sulfato que são anaeróbias.

Em pequenas profundidades (2 a 3 m) a corrosão é controlada pela resistividade e,


em grandes profundidades (> 10m) a corrosão é controlada pela difusão de O2 e
bactérias anaeróbias.
Meios Corrosivos - Solo
Contato Bimetálico

O contato entre materiais metálicos diferentes possibilita a formação de pilha


galvânica. Para a total formação dessa pilha, há necessidade de ligação entre
materiais metálicos diferentes em presença de eletrólito, ocorrendo a corrosão
galvânica.

Como exemplo de corrosão galvânica no solo pode-se citar aquela ocasionada pela
malha de aterramento de cobre ligadas a tubulações de aço carbono enterradas.

O objetivo desse aterramento é fornecer adequado caminho de baixa resistência


para a condução de corrente para o solo, como mecanismo de segurança para o
ser humano e para os equipamentos. Entretanto, pode ocorrer corrosão galvânica
se a malha de cobre encostar na tubulação. A tubulação será o ânodo, a malha de
cobre, o cátodo, e o solo será o eletrólito.

Prevenção: isolamento elétrico entre os materiais formadores de par galvânico.


Meios Corrosivos - Solo
Correntes de Fuga

Severos casos de corrosão podem acontecer quando as estruturas metálicas são


sujeitas a correntes elétricas produzidas por uma fonte externa.

Tubulações enterradas estão sujeitas a esse caso, devido a correntes de


interferência que abandonam o seu circuito normal para fluir pelo solo. Essas
correntes são chamadas de correntes de fuga.

Quando elas atingem estruturas enterradas, podem causar corrosão nas áreas
onde abandonam essas instalações para retornarem ao circuito original, através do
solo. O tipo de corrosão ocasionada é a corrosão eletrolítica.
Meios Corrosivos - Solo

Perfurações em trecho de adutora de água potável ocasionadas por correntes de fuga.


Meios Corrosivos - Solo

Eletrodo de referência, ponto de teste e voltímetro registrador para


detectar presença de corrente de fuga.
PRÓXIMA AULA:
Corrosão no concreto

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