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Curso: TECNOLOGIA EM PROCESSOS QUÍMICOS

Disciplina: TRATAMENTO DE EFLUENTES

Me. FERNANDA DE MENDONÇA MACEDO


Aula 04: Características químicas das

águas naturais, parte I


2- CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS
Os parâmetros químicos são os índices mais usados para caracterizar a qualidade
de uma água.
Através deles podemos relacionar valores que nos permitam:
- CLASSIFICAR a água por seu conteúdo mineral, através da composição de
seus íons;
- CARACTERIZAR o grau de contaminação e a origem ou natureza dos principais
poluentes ou seus efeitos;
- TIPIFICAR casos de cargas ou picos de concentração de substâncias tóxicas e
apontar as principais fontes;
- AVALIAR o equilíbrio bioquímico necessário para a manutenção da vida
aquática e as necessidades de nutrientes tais como compostos de nitrogênio,
fósforo, sílica, ferro e de co-fatores enzimáticos.
2- CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS
CARACTERÍSTICAS:
1- pH;
2- Alcalinidade;
3- Acidez;
4- Dureza;
5- Oxigênio Dissolvido;
6- Salinidade;
7- Demanda Química e Bioquímica de Oxigênio;
8- Carbono Orgânico Total;
9- Compostos Orgânicos;
10- Ferro e Manganês;
11- Nitrogênio;
12- Fósforo;
13- Fluoretos;
14- Metais Pesados;
15- Agrotóxicos.
2.1- pH ( Potencial hidrogeniônico)
+ -
As moléculas de água quando se ionizam dividem-se em íons H e OH . Define-se
então pH como o co-logarítmo decimal da concentração efetiva ou atividade dos

+
íons hidrogênio pH = - log [H ]
O desequilíbrio entre a quantidade desses íons no interior da massa de água fará
com que esta tenha um pH superior a 7,0 (mais hidroxilas) ou inferior (mais cátions
+
H ).
A relação dióxido de carbono-bicarbonatos presentes nas águas naturais é o
principal fator de definição do nível do pH, pois o dióxido dissolvido transforma-se
em ácido carbônico. Apresenta relações fundamentais com acidez e alcalinidade
de modo que é praticamente impossível falar destas sem ter aquele em mente.
2.1- pH ( Potencial hidrogeniônico)
As alterações naturais do pH:
1. Tem origem na decomposição de rochas em contato com a água;
2. Na absorção de gases da atmosfera (difusão gasosa);
3. Na oxidação de matéria orgânica;
4. Na fotossíntese;
5. Na introdução de despejos domésticos e industriais.

As águas naturais de superfície apresentam pH variando


de 6,0 a 8,5 (intervalo adequado para manutenção da vida
aquática).

Alterações podem ser decorrentes da atividade algal


(fotossíntese e respiração), concentração significativa de
matéria orgânica e dissolução de rochas, por exemplo. O
Rio negro apresenta valores de pH abaixo de 5,0,
resultado do fato exposto anteriormente.
2.1- pH ( Potencial hidrogeniônico)
Importância do pH na potabilização das águas de consumo:

1. Na desinfecção com compostos de cloro, pois a formação de ácido hipocloso


(HOCl), significativamente mais eficiente na inativação dos microrganismos, é
governada pelo pH. Segundo a portaria 2914 de 2011, a desinfecção com
compostos de cloro deve ser feita em pH inferior a 8,0.

2. Na coagulação com sais de ferro e alumínio que se vincula a uma faixa de


variação de pH na qual o processo se concretiza, usualmente mais ampla para
o ferro e mais restrita para o alumínio.
3. No controle da corrosão nas adutoras e redes de distribuição.

4. Na formação de subprodutos de THM (trihalometanos), mais pronunciada a


valores mais elevados de pH.
5. No abrandamento de águas de dureza mais significativa.
2.1- pH ( Potencial hidrogeniônico)
Importância do pH na saúde humana:

O pH da água de consumo não apresenta efeito digno de nota sobre a saúde


humana, uma vez que bebidas e frutas apresentam pH com valores
significantemente mais baixos e são usualmente ingeridas.

Exemplo: refrigerantes (2,0 – 4,0), maçã (2,9 – 3,3)

Padrões de potabilidade nacional (Portaria 2914) e WHO, para o intervalo de pH


da água tratada (6,0 a 9,5).
Objetivo: minimizar as perspectivas de corrosão ou incrustação nas redes de
distribuição.
2.2- Alcalinidade
Quimicamente definindo alcalinidade é a propriedade inversa da acidez, ou seja, é
a capacidade de neutralização de ácidos. Em geral a presença de alcalinidade
leva o pH para valores superiores a 7,0, porém pH inferiores (acima de 4) não
significa que não hajam substâncias alcalinas dissolvidas no meio aquoso. Os
principais constituintes da alcalinidade:
-
1. Bicarbonatos (HCO3 )
2-
2. Carbonatos (CO3 )
-
3. Hidróxidos (OH )
Para pH superiores a 9,4 tem-se dureza de carbonatos e
predominantemente de hidróxidos.
Entre pH de 8,3 e 9,4, predominam os carbonatos e ausência de hidroxilas.
Para pH inferiores a 8,3 e acima de 4.4 ocorre apenas dureza de bicarbonato.
Abaixo de 4,4 não ocorre alcalinidade.
2.2- Alcalinidade

Prevalência de bicarbonatos: difusão atmosférica (CO2 dissolvido) e/ou


decomposição da matéria orgânica (minerais do solo).
CO2 + CaCO3 + H2O Ca(HCO3)2
2.3- Acidez
Capacidade de neutralização de soluções alcalinas, ou seja, é a capacidade
da água em resistir às mudanças de pH em função da introdução de bases.
Em geral a acidez está associada a presença de CO2 livre.

A presença de ácidos orgânicos é mais comum em águas superficiais, enquanto


que nas águas subterrâneas é menos freqüente a ocorrência de ácidos em geral.

Em algumas ocasiões as águas subterrâneas poderão conter ácido


sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos.

De um modo geral o teor acentuado de acidez pode ter origem na decomposição


da matéria orgânica, na presença de gás sulfídrico, na introdução de despejos

industriais ou passagens da água por áreas de mineração.


2.4- Dureza
+2
Indica a concentração de cátions multivalentes em solução, sobre tudo Ca e
+2 +3 +2 +2 +2
Mg e em menor magnitude Al , Fe , Mn e Sr .

Reflete a natureza geológica da bacia hidrográfica.

Classificação:

A dureza total da água compõe-se de duas partes: dureza temporária e dureza


permanente.

A dureza é dita temporária, quando desaparece com o calor, e permanente,


quando não desaparece com o calor, ou seja, a dureza permanente é aquela
que não é removível com a fervura da água.

++ -
Ca + 2HCO3 2CaCO3 + 2H2O
2.4- Dureza
Classificação:
- Mole ou branda: < 50mg/L de CaCO3
- Dureza moderada: entre 50 e 150mg/L Ca CO3
- Dura: entre 150 e 300 mg/L de Ca CO3
- Muito dura: > 300 mg/L de CaCO3

Padrões de potabilidade nacional (Portaria 2914) e WHO, estabelecem o limite


de 500 mg/L CaCO3.

Assim pode-se resumir que uma água dura provoca uma série de inconvenientes:
1. é desagradável ao paladar;
2. gasta muito sabão para formar espuma;
3. dá lugar a depósitos perigosos nas caldeiras e aquecedores;
4. deposita sais em equipamentos;
5. mancha louças.
2.4- Dureza
Aceitabilidade do consumidor: Embora a dureza até 200 mg/L CaCO3 possa
ser tolerada, o intervalo de 80 a 100 mg/L CaCO3 apresenta maior
aceitabilidade.
No Brasil verifica-se o consumo de água com dureza superior a 100 mg/L
CaCO3. Diversas cidades no interior de São Paulo confirmam essa assertiva.
2.5- Oxigênio Dissolvido
Parâmetro mais importante para expressar a qualidade de um ambiente
aquático.

OD ∝ Pressão atmosférica

OD∝ 1
T
Concentração de OD à saturação ao nível do mar em
função da temperatura .
2.5- Oxigênio Dissolvido
[OD] : Além dos lançamentos industriais, essa [ ] pode variar naturalmente.

Exemplo: A velocidade dos cursos d´água e a intensa atividade fotossintética da


comunidade algal e das plantas aquáticas.
2.6- Salinidade

Vincula-se a presença de sais minerais dissolvidos formados por ânions como


cloreto, sulfato e bicarbonato e cátions como cálcio, magnésio, potássio e sódio.
Com base na dificuldade na determinação da [ ] de cada sal, (onde a somatória
da [ ] de todos os sais seria a indicação mais precisa) .

Como característica da estimativa de salinidade, padronizou-


se a determinação de cloretos como indicador de salinidade.
2.6- Salinidade
Fatores:

1. Intrusão de água do mar no aquífero freático, por vezes maximizada pela


magnitude da vazão recalcada* e consequente rebaixamento do nível do
lençol;

2. Grau do intemperismo e composição das rochas e solos da bacia de


drenagem;
3. Balanço hídrico referente à precipitação e à evaporação;
4. Influência e característica das águas subterrâneas;
5. Lançamento de águas residuárias domésticas e industriais.

* Vazão recalcada também chamado de adução, significa o simples transporte de água de um


determinado ponto a outro (geralmente para um local mais elevado) utilizando-se, para tanto, um
sistema de bombeamento d’água, também chamado de sistema
2.7- Demanda Química e Bioquímica de
Oxigênio
Expressam a presença da matéria orgânica, constituindo-se de importante
indicador de qualidade de águas naturais.

DBO: Indica a intensidade de consumo de oxigênio (mg/L) necessário para às


bactérias na estabilização da matéria orgânica carbonácea (acabando também
por indicar a concentração de carbono biodegradável).

DQO: determinada pela titulação química do dicromato de potássio (K2Cr2O7), e


compreende toda matéria orgânica, passível ou não de degradação pela ação

bacteriana (portanto valor sempre superior à DBO).


2.8- Carbono orgânico total (COT)
Indicador da concentração de matéria orgânica nas águas naturais. Divide-se
em parcelas dissolvidas ou particuladas.

Determina-se quantificando o CO2 liberado, devendo ser removida as formas


inorgânicas, como, além do próprio CO2, carbonatos e bicarbonatos, passiveis
de elevar o resultado.
Em águas superficiais o teor de COT varia de 1 a 20mg/L, elevando-se para
1000mg/L em águas residuárias.

Amplitude de variação da concentração do COT em águas naturais


2.8- Carbono orgânico total (COT)

A amplitude de concentração varia com a região.

Na figura abaixo apresenta a distribuição de frequência e a frequência


acumulada do monitoramento das concentrações de COT verificadas no afluente
no período de estiagem (agosto 1998). Tais concentrações foram determinadas
com base nas médias aritméticas dos valores instantâneos durante cada período
diário de 12 horas.

Histograma da concentração de COT e curva dos percentuais acumulados

para a água bruta


2.9- Compostos Orgânicos

COT compostos orgânicos contaminantes orgânicos

COT
2.9- Compostos Orgânicos
Concentrações máximas dos compostos orgânicos inserido na Port. 2941/2011 AWWA

COMPOSTO Padrão de Potabilidade Nacional Padrão de Potabilidade


ORGÂNICO (Port. 2914/2011) - µg/L Americano (AWWA) - µg/L
Acrilamida 0,5 0,5
Benzeno 5 5
Benzo(a)pireno 0,7 0,2
Cloreto de vinila 5 2
1,2Dicloretano 10 5
1,1 Dicloroeteno 30 7
Diclorometano 20 5
Estireno 20 100
Tetracloreto de 2 5
Carbono
Tetracloroeteno 40 5
Triclorobenzenos 20 70
Tricloroeteno 70 5
2.9- Compostos Orgânicos
Recentes pesquisas têm-se reportado a produtos da indústria farmacêutica
utilizados em tratamentos de reposição hormonal, constituintes de pílulas
anticoncepcionais e de cosméticos presentes nos efluentes de estações de
tratamento de esgotos.

PERTUBADORES ENDÓCRINOS ou AGENTES HORMONALMENTE ATIVOS

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