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Faculdade de Direito de Lisboa – Ano letivo 2021/2022

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I

Casos Práticos- Vigência da Lei

Caso Prático 1

A 1 de Janeiro de 2009, a Assembleia da República aprova os seguintes diplomas:

a) Lei a/2009, publicada a 2 de Janeiro, a qual continha o seguinte artigo: «artigo


12.º – Esta lei entra em vigor 10 dias após a sua publicação»;
b) Lei b/2009, a qual não continha qualquer norma sobre o seu início de vigência e
foi publicada a 10 de Janeiro;
c) Lei c/2009, a qual continha o seguinte artigo: «artigo 6.º – esta lei entra em
vigor dia 1 de Fevereiro de 2009»;
d) Um novo Regimento da Assembleia da República, o qual não continha qualquer
norma sobre o seu início de vigência e foi publicada a 3 de Janeiro.

Indique a data de entrada em vigor dos referidos diplomas, atendendo aos artigos 1º , 2º
e 3º da Lei 74/98 de 11 de Novembro, alterada e republicada pela Lei nº 42/2007, de 24
de Agosto.
Tem de haver publicação nos termos do artigo 119º da CRP, artigo 5º/1 do CC e do
artigo 1º/1, art. 3º/2 da Lei Formulária. O artigo 5/1 do CC indica atos normativos,
assim referindo-se a todas as leis que sem a publicação são ineficazes nos termos do
artigo 119º

a) A lei a/2009 foi publicada no dia 2 de janeiro conforme termos do artigo 119º da
CRP, artigo 5º/1 do CC e do artigo 1º/1, art. 3º/2 da Lei Formulária, sob pena de
ineficácia estabelecido no artigo 119º/2 da Constituição e art. 1º/1 da Lei
Formulária. Uma vez publicada a lei está apta a produzir efeitos. A lei assim
entra em vigor no dia 12 de janeiro, visto que está estabelecido o período de 10
dias na publicação e assim estamos perante vacatio legis ad hoc direto, pois está
expresso o período, isto nos termos do artigo 279º CC ex vi art. 296º do mesmo
código
b) A lei b/2009 foi publicada no dia 10 de janeiro, conforme os termos …. Desta
forma, com base do artigo 2º/2 da LF aplica-se o prazo de vacatio legis
supletivo que estabelece a sua entrada em vigor 5 dias após a sua publicação,
nos termos do termos do artigo 279º CC ex vi art. 296º do mesmo código, assim
no dia 15 de janeiro
c) ??
d) Art. 119/1/f, art. 5º/1 e artigo 1º/1, art. 3º/2 da Lei Formulária, sob pena de
inefcicácia. Vacatio legis supletivo termos do artigo 279º CC ex vi art. 296º.
Entra em vigor dia 8 de janeiro.

Caso Prático 2

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A 12 de Novembro de 2009 é publicada a Lei x/2009, da qual consta o seguinte


preceito: «artigo 18.º – a presente lei entra em vigor no próprio dia da sua
publicação».

a) Qual a data de entrada em vigor da Lei x? É necessário a publicação


do ato no jornal oficial, o DRE nos termos dos artigos 119/1/f da
CRP, art. 5º/1 e artigo 1º/1, art. 3º/2 da Lei Formulária, sob pena
de ineficácia nos termos do artigo 119/2 CRP. O artigo 2º/1 da LF
Derrogação = revogação parcial. Afasta se apenas uma parte da lei (art. 2º/2 ultima
parte). DIVERGENCIA DOUTRINÁRIA: considerar a LF como uma lei de valor
reforçado é assumir que esta se sobrepõem às leis ordinárias e aos decretos, esta
estabelece as diretrizes gerais para os atos normativos e sendo uma lei de valor
reforçado nunca pode ser afastada. REGÊNCIA (MTS): a LF nada menciona sobre ser
uma lei de valor reforçado e assim considera-a uma lei ordinária.
OLIVEIRA ASCENSÃO: é uma lei ordinária, logo é a mesma hierarquia, só pode
entrar em vigor (e afastar outra, neste caso a LF que determina os prazos) caso seja uma
lei de emergência ou outra situação (estado de sitio…) que assim o justifique
Adotando a posição de que a LF
b) E se se tratasse de um Decreto-Lei?
c) E se se tratasse de um Decreto-Legislativo Regional?
Mesma discussão sobre a LF pois são da mesma hierarquia que a lei ordinária.
d) E se se tratasse de uma Lei Constitucional? Pode entrar em vigor no próprio
dia pois é uma lei hierarquicamente superior
e) E se se tratasse de um Decreto regulamentar?
f) E se se tratasse de um Despacho Normativo?
Tem de seguir os preceitos da LF para a publicação conforme os termos dos
artigos … para o período de vacatio legis
g) E se se tratasse de um Regimento da Assembleia da República? QUAL É A
NATUREZA JURIDICA DE UM REGIMENTO DA AR? Maioria da doutrina
considera como lei ordinária, e caso seja essa a opção adotada existe novamente
a divergência doutrinária relativamente à Lei Formulária

Caso Prático 3

A 1 de Março de 2009 é publicada a Lei n.º 14/2009. Esta estabelecia um novo


regime jurídico de licenciamento de obras em zonas históricas.

O texto aprovado pela Assembleia da República continha o seguinte preceito:

«Artigo 4.º

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1 – A instalação de elevadores em prédios situados em


centros históricos carece de autorização, a conceder pela
Câmara municipal;
2 – Requerida a autorização pelo particular, a Câmara
Municipal deve proferir uma decisão no prazo de 15 dias;
3 – Caso não seja proferida decisão dentro do prazo
determinado pelo número anterior, considera-se a obra
autorizada;
4 – A realização de obras sem autorização prévia é
punida com coima no valor de € 500 a € 2.500».
.
Porém, da versão publicada em Diário da República constava o seguinte:

«Artigo 4º
1– A instalação de elevadores em prédios situados em centros
históricos carece de autorização, a conceder pela Câmara
Municipal.
2 – Requerida a autorização pelo particular, a Câmara
Municipal deve proferir uma decisão no prazo de 25 dias.
3 – Caso não seja proferida decisão dentro do prazo
determinado pelo número anterior, considera-se a obra
autorizada.
4 – A realização de obras sem autorização prévia é punida com
coima no valor de € 500 a € 2.500».

Para cada uma das seguintes subhipóteses:

a) A 12 de Abril, a Assembleia da República aprova declaração de


retificação da Lei n.º 14/2009, de 1 de Março, a repor a conformidade
entre o texto publicado no artigo 4.º desse diploma e o texto que havia
sido aprovado. A declaração é publicada na 1.ª Série do Diário da
República no dia seguinte.
A declaração de retificação tem de cumprir três requisitos que constam
do artigo 5º da Lei Formulária – material (art. 5/1 LF), orgânico (tem
de ser o mesmo órgão que emanou o ato: lei tem de ser a AR, decreto-
lei o Gov e decreto-lei regional as Assembleias Regionais), temporal
(art. 5/2 LF – tem de ser 60 dias apos a publicação). Quais são os
efeitos que se produzem com a declaração de retificação?
b) A 12 de Abril, o Governo aprova declaração de retificação da Lei n.º
14/2009, de 1 de Março, a repor a conformidade entre o texto publicado
no artigo 4.º desse diploma e o texto que havia sido aprovado. A

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declaração é publicada na 1.ª Série do Diário da República no dia


seguinte.
Não está cumprido o requisito orgânico, porque é uma lei e foi
aprovada a declaração de retificação foi elaborada pelo Governo. HÁ
DISCUSSÃO, à luz do artigo 9º/3 do CC (“Na fixação do sentido e
alcance da lei, o intérprete presumirá que o legislador consagrou as
soluções mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos
adequados.”) toma-se a melhor opção para a situação, por outro lado
perante uma situação de incumprimento do requisito orgânico
aplicamos o artigo 2º/3 analogicamente da Lei Formulária.
c) A 12 de Agosto a Assembleia da República aprova declaração de
retificação da Lei n.º 14/2009, de 1 de Março, a repor a conformidade
entre o texto publicado no artigo 4.º desse diploma e o texto que havia
sido aprovado. A declaração foi publicada na 1.ª serie do Diário da
República a 14 de Agosto.
d) A 30 de Abril, a Assembleia da República aprova declaração de
retificação da Lei n.º 14/2009, de 1 de Março, a repor a conformidade
entre o texto publicado no artigo 4.º desse diploma e o texto que havia
sido aprovado. A declaração foi publicada na 1.ª série do Diário da
República a 7 de Maio. Publicação muito depois da aprovação, pelo que
não cumpre o requisito temporal do artigo 5º/2

Responda à seguinte questão:

O sr. Zé é administrador de um prédio de seis andares, situado no Bairro Alto.


Na sequência de decisão dos condóminos nesse sentido, Zé dirige-se à Câmara
Municipal de Lisboa e requer autorização para a instalação de elevador no prédio. O
pedido é feito a 1 de Outubro. Podem as obras de instalação do elevador começar no dia
16 de Outubro?

Caso Prático 4

Depois de um mau resultado do partido do Governo nas eleições autárquicas, e


na eminência de eleições legislativas, o Governo reunido em Conselho de Ministros,
aprova o Decreto – Lei n.º 1/2010, de 2 de Janeiro, nos termos do qual: “(artigo 1.º)
Os transportes públicos são de utilização gratuita, em qualquer dia da semana, para os
idosos com mais de 65 anos. (artigo 2.º) Os encarregados de educação dos jovens em
idade escolar, ou aqueles quando maiores, poderão requerer, junto do Presidente do
Conselho Diretivo do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres
(IMTT, I.P), uma isenção total de tarifa nos transportes que utilizem para se deslocar
para a escola. (artigo 3.º) É expressamente proibida a mendicância em transportes
públicos. (artigo 4.º) Este Diploma entra em vigor no dia da sua publicação”.

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Entretanto, é detetado que o Decreto-Lei n.º 1/2010, havia sido publicado com uma
gralha, pelo que, a 1 de Março de 2010, é publicada a Declaração de Retificação n.º
1/2010, aprovada pela Assembleia da República onde pode ler-se que: “Para os devidos
efeitos se declara que o Decreto-Lei n.º 1/2010 saiu com a seguinte inexatidão, que se
retifica: no artigo 2.º onde se lê «os jovens em idade escolar» deve ler-se «os jovens em
idade escolar que nunca tenham reprovado um ano».
Nunca se poderia imaginar que a aprovação destes Diplomas viesse causar tanto
alarido. DÂMASO funcionário da Imprensa Nacional Casa da Moeda que, por acaso foi
quem colocou online no respetivo site, a Declaração de Retificação n.º 1/2010, requer,
dia 5 de Fevereiro 2010, a isenção total de tarifas do filho AFONSO no Metropolitano,
transporte que utiliza para se deslocar para a escola. Tal veio a ser a deferido a 1 de
Março, apesar do jovem em questão ter ficado retido pelo menos duas vezes em cada
ano. A 1 de Abril, porém, consultando a cópia do processo de aluno de AFONSO que
tinha sido junto ao requerimento para instrução, o Presidente do Conselho Diretivo do
IMMT, IP revoga o despacho em que autorizou a isenção de tarifas, o que DÂMASO
contesta.
Apesar do que resulta DL 1/2010 diariamente, são inúmeros os invisuais que
mendigam nas carruagens do Metropolitano de Lisboa, o que é visto com naturalidade
por todos os passageiros e mesmo por alguns polícias que por vezes fazem ronda nas
carruagens. No entanto, certo dia, CRAFT, agente da PSP zeloso da lei e da ordem, que
viajava na linha amarela, surpreende EGA mendigando durante a viagem, interpelando-
o. Na mesma viagem, interpela GOUVARINHO, cigana que lia a sina a uma
passageira, prática proibida em transportes públicos por uma Lei de 1960, de cuja
ocorrência já há mais de 30 anos não havia notícia, mas que ultimamente se vinha
verificando no metropolitano.

Tendo em conta apenas os dados fornecidos, pronuncie-se sobre:

a) A entrada em vigor dos atos normativos referidos;


O decreto lei 1/2010 foi publicado conforme …, a não publicação pode conduzir
à ineficácia
DIVERGENCIA DOUTRINÁRIA: relativamente à entrada em vigor no
dia da sua publicação. Uma das posições tomadas conforme os artigos …
assumindo assim o estabelecimento do período de vacatio legis
A 1 de março de 2010 é publicada a declaração de retificação, todavia para ser
válida é necessário cumprir os critérios orgânicos: temporal, conforme o artigo
5º/2 da Lei Formulária o prazo de retificação é de 60 dias, pelo que este cumpre;
o segundo critério é o critério material que … e o critério orgânico que não se
verificam
O que é que acontece quando não cumpre o requisito material ou orgânico:
o artigo 5º/1 da lei Formulária contempla apenas o critério temporal, assim
há DIVERGENCIA DOUTRINÁRIA: regência estamos a falar de um ato
jurídico-político é um ato que se integra no direito público, e no direito público

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só se pode fazer aquilo que está presente na lei, logo se é feito algo não presente
na lei implica um desvalor (invalidade, ineficácia, ilegalidade – nulidade ou
anulabilidade), assim se o 5º/1 da LF prevê que a ausência do critério temporal
pode causar a nulidade da lei, aplica-se analogamente a falta dos outros critérios
Costume: prática reiterada com caracter de obrigatoriedade, conforme o artigo
3º do CC. Análise e verificação dos dois elementos, corpus e animus: … .
verificados os dois pressupostos, é necessário avaliar a sua posição
relativamente à lei. Se o costume for posterior à lei …. (??????#####). Pode
estar em causa uma caducidade por falta dos pressupostos, para aplicar uma lei
existe uma previsão, dentro da previsão existem pressupostos – o fim da situação
e dos pressupostos pode conduzir ou não à cessação da lei, DIVERGENCIA
DOUTRINÁRIA
MTS: assume que podemos declarar a caducidade da tácita, em que
desaparecendo os pressupostos de vigência da norma leva a cessação da norma.
Podem ser pressuopostos implícitos (“a lei vigora nos termos da pandemia e
assim é obrigatório o uso de máscara” – entende-se que é apenas durante a
pandemia)
Galvão Teles: não existe caducidade tácita, porque o artigo 7º/1 não prevê essa
possibilidade, apenas quando há um prazo. A lei fica apenas adormecida e
quando existe uma observação do caso novamente a lei aplica-se
b) A pretensão de Dâmaso e a posição e do Presidente do Conselho Diretivo do
IMTT;

c) A licitude das condutas de Ega e Gouvarinho.

Casos Práticos- Cessação de vigência da Lei


Caso Prático 1
A Lei a. foi publicada a 1 de janeiro. Segundo o seu artigo 1.º, «os hipermercados devem
encerrar ao domingo». Por sua vez, o artigo 2.º do mesmo diploma determinava que «a presente
lei entra em vigor dois meses após a sua publicação». A 1 de fevereiro do mesmo ano é
publicada a Lei b. Segundo o seu artigo primeiro «os hipermercados podem abrir a todos os dias
da semana». A Lei b não tinha qualquer artigo que regulasse a sua data de entrada em vigor.
Hoje, o diretor jurídico da cadeia de hipermercados Gota Adoçicada pede-lhe seu parecer sobre
se pode abrir os seus estabelecimentos ao público aos domingos.
A lei a) foi publicada conforme termos do artigo 119º da CRP, artigo 5º/1 do CC e do artigo
1º/1, art. 3º/2 da Lei Formulária, sob pena de ineficácia estabelecido no artigo 119º/2 da
Constituição e art. 1º/1 da Lei Formulária e entra em vigor conforme o artigo 2º da mesma no
dia 1 de março. A lei b) não tendo estabelecido o dia de entrada em vigor aplica-se o principio
de vacatio legis ad hoc direto previsto nos termos do artigo 5º/2 do CC e no artigo 2º/2 da LF
(74/98) que estabelece que a lei entra em vigor no quinto (5) dia a seguir à publicação, pelo que
a lei b) entra em vigor no dia 6 de fevereiro, antes da lei a).
Visto que a lei b) entra em vigor antes da lei a), a lei a) não é uma revogação, pois a lei ainda
não está em vigor, é um impedimento à vigência. A revogação pressupõem

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Subhipótese: A sua resposta seria diferente se o artigo 2.º da Lei a) tivesse a seguinte redação:
«a presente lei entra em vigor no dia 6 de fevereiro do presente ano
Caso o artigo 2º da lei a) estabelece-se a entrada em vigor deste ato no dia 6 de fevereiro,
período de vacatio legis ad hoc indireto. A lei b) mantem o seu período de vacatio legis ad hoc
direto, pelo que passam as duas a entrar em vigor no mesmo dia. Qual a lei que deve prevalecer
à luz do critério temporal? DIVERGENCIA DOUTRINÁRIA: só com a publicação é que se
pode atribuir eficácia, caso se valorize a aprovação das normas, estamos a dar eficácia à lei
antes da publicação. Não se pode deixar nas mãos do funcionário da casa da Moeda decidir qual
a lei que é publicada ainda estamos perante uma colisão insanável, formando uma lacuna e
anulam-se mutuamente (MC e Oliveira Ascensão); MTS defende a aprovação da lei que é
aprovada depois

Caso Prático 2
A Lei x/2002, de 12 de fevereiro estabelece o regime jurídico da caça desportiva. O seu artigo
2.º estabelece que «apenas é permitida a atividade de caça desportiva durante a época de caça, a
determinar pelo Ministro do Ambiente». O Ministro do Ambiente fixou seguidamente, por
regulamento, fixou o início da época de caça a 1 de agosto e o respetivo término a 1 de outubro.
A 4 de abril de 2009 é publicado o Decreto-Lei n.º x/2009 que determina que a caça à perdiz
passa a ser lícita durante todo o ano.
Pronuncie-se sobre a vigência dos atos normativos referidos.
A lei x/2002, de 12 fevereiro, não tendo estabelecido o dia de entrada em vigor aplica-se o
principio de vacatio legis previsto nos termos do artigo 5º/2 do CC e no artigo 2º/2 da LF
(74/98) que estabelece que a lei entra em vigor no quinto (5) dia a seguir à publicação, pelo que
a lei entra em vigor no dia 17 de fevereiro. O regulamento fixado pelo Ministro do Ambiente
surge como um complemento à lei x visto que é hierarquicamente inferior e estava já previsto
na lei x que o MA determinaria a época de caça. O decreto-lei x/2009 sendo hierarquicamente
igual à lei x/2002, posterior e incompatível com o disposto na lei de 2002 revoga tacitamente
esta, conforme os termos do artigo 7º/1 e 2 do CC.

Caso Prático 3
A Lei 1/2001 de 1 de janeiro estabelece que os contratos administrativos podem
ser livremente alterados pela entidade pública adjudicante a todo o tempo. A Lei 2/2002
de 2 de fevereiro aprovou o Código dos Contratos Administrativos. Neste diploma nada é
dito sobre esse poder de alteração unilateral.
Continuam as entidades públicas adjudicantes a poder alterar unilateralmente os contratos
administrativos, após a entrada em vigor do Código dos Contratos Administrativos?
A lei 1/2001 de 1 de janeiro, não tendo estabelecido o dia de entrada em vigor aplica-se o
principio de vacatio legis previsto nos termos do artigo 5º/2 do CC e no artigo 2º/2 da LF
(74/98) que estabelece que a lei entra em vigor no quinto (5) dia a seguir à publicação, pelo que
a lei entra em vigor no dia 5 de janeiro. À lei 2/2002 de 1 de fevereiro aplica-se o mesmo
procedimento, pelo que começa a vigorar no dia 5 de fevereiro.
Apesar da lei 2 ter entrado em vigor posteriormente, o facto de não mencionar nada sobre a lei 1
nem o disposto nesta significa que as entidades públicas podem continuar a alterar
unilateralmente os contratos administrativos.
REVOGAÇÃO GLOBAL: dirige-se a um instituto jurídico ou ramo do direito (esta é tácita
quando decorre da circunstância de a lei nova regular toda a matéria da lei anterior – art. 7º/1)

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Caso Prático 4
A Lei k/2008, de 4 de abril, estabelece que as sociedades comerciais que tenham sede
em Portugal, mas que exerçam maioritariamente a sua atividade em país estrangeiro, podem
realizar as suas assembleias gerais em Portugal ou nesse país estrangeiro.
A Lei l/2009, de 20 de fevereiro, estatui que as sociedades comerciais com sede em
Portugal, apenas podem realizar assembleias gerais em Portugal.
Quid juris?
A lei k/2008 publicada no dia 4 de abril, sob pena de ineficácia estabelecido no artigo 119º/2 da
Constituição e art. 1º/1 da Lei Formulária, não tendo estabelecido o dia de entrada em vigor
aplica- principio de vacatio legis ad hoc previsto nos termos do artigo 5º/2 do CC e no artigo
2º/2 da LF (74/98) que estabelece que a lei entra em vigor no quinto (5) (prazo supletivo) dia a
seguir à publicação, pelo que a lei entra em vigor no dia 8 de abril. À lei 1/2009 de 20 de
fevereiro aplica-se o mesmo procedimento, pelo que começa a vigorar no dia 25 de fevereiro.
Neste caso, estando perante duas leis que estabelecem ordens contraditórias – uma que diz que
as empresas podem realizar as suas assembleias em Portugal ou no estrangeiro e outra que diz
que podem apenas realizar as assembleias em Portugal – há uma revogação tácita que se
caracteriza pela incompatibilidade da lei anterior com a posterior, previsto no artigo 7º/2
segunda parte do CC. Verificam-se efetivamente os três pressupostos necessários a revogação
de uma lei: o critério material, ou seja serem incompatíveis, o critério hierárquico, serem da
mesma hierarquia e ainda o critério temporal, a lei revogatória entrar em vigor depois da lei
revogada. Desta forma a lei k/2008 de 4 abril é revogada no dia em que a lei 1/2009 entra em
vigor, ou seja no dia 25 de fevereiro de 2009.

Caso Prático 5
No seguimento das restrições pandémicas do COVID-19, o Governo aprova o
Decreto-Lei n.o 54/2020, de 9 de setembro, que regula o "funcionamento geral dos
estabelecimentos abertos ao público", nele se prevendo que "podem estar abertos durante 5
horas por dia". Esse Decreto-Lei entrou em vigor no dia 1 de outubro de
2020. Posteriormente, a Lei n.o 22/2020, de 10 de outubro regula o "funcionamento dos
estabelecimentos de restauração", nela se prevendo que "podem estar abertos durante 10
horas por dia". A Lei n.o 22/2020 entrou em vigor no dia 1 de novembro de 2020.
A Lei n.o 23/2020, de 9 de novembro de 2020, veio regular novamente o
"funcionamento geral de estabelecimentos abertos ao público", nela se prevendo que
"podem estar abertos 8 horas por dia". No dia 20 de novembro de 2020, o restaurante X
esteve aberto ao público durante 9 horas.
Quid iuris?

O decreto-lei 54/2020 de 9 de setembro, estabelece o dia de entrada em vigor pelo que se aplica
o princípio de vacatio legis ad hoc indireto previsto nos termos do artigo 5º/2 do CC e no artigo
2º/2 da LF (74/98) pelo que está estabelecido que entra em vigor no dia 1 de outubro de 2020. A
lei no 22/2020 publicada no dia 10 de outubro conforme termos do artigo 119º da CRP, artigo
5º/1 do CC e do artigo 1º/1, art. 3º/2 da Lei Formulária, sob pena de ineficácia estabelecido no
artigo 119º/2 da Constituição e art. 1º/1 da Lei Formulária. Uma vez publicada a lei está apta a

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produzir efeitos, a partir do dia 1 de novembro como está explicito, pelo que segue o princípio
de vacatio legis ad hoc indireto. Por sua vez a lei 23/2020 publicada a 9 de novembro de 2020,
seguindo os termos anteriormente enunciados sob pena de ineficácia
As leis e o decreto lei tendo a mesma hierarquia são passiveis de ser revogados uns pelos outros,
ou seja cumprindo o critério hierárquico

Caso Prático 8
O Decreto-Lei m/2001 de 16 de abril estatui o seguinte «todos os estudantes do
ensino superior com média superior a 16 valores têm direito a uma bolsa de mérito anual no
valor de € 1.500».
A 24 de Agosto de 2004, devido à necessidade de conter o défice das contas públicas,
o Decreto-Lei n/2004 veio revogar o Decreto-Lei m/2001 de 16 de abril.
A 11 de outubro de 2008, reposto o equilíbrio das contas públicas, a Assembleia da
República aprovou a Lei o/2008, a qual estabelecia um conjunto de medidas destinadas
a incentivar o bom aproveitamento dos estudantes do ensino superior. Deste diploma
constava, entre outros, o seguinte artigo «é revogado o Decreto-Lei n.o n/2004, de 24 de
agosto».
Hortênsio acaba o primeiro ano do curso de Direito na FDL com média de 17 e deseja
fazer uma viagem ao México nas férias. Pode contar com o dinheiro da bolsa para pagar a
viagem?
O decreto-lei m/2001 publicado a 16 de abril conforme do artigo 119º CRP, artigo 5º/1 do CC e
do artigo 1º/1, art. 3º/2 da Lei Formulária, sob pena de ineficácia estabelecido no artigo 119º/2
da Constituição e art. 1º/1 da Lei Formulária entra em vigor no dia 21 de abril, pois não tendo
estabelecido uma data de entrada em vigor aplica-se o principio de vacatio legis ad hoc direto
em que se estabelece, de acordo com os termos dos artigos 5º/2 do CC e no 2º/2 da Lei
Formulária, o prazo supletivo de cinco dias.
O decreto-lei n/2004de 24 de agosto de 2004 publicado nos termos anteriormente mencionados
a que se aplica também o principio vacatio legis ad hoc direto com o prazo supletivo de cinco
dias vigora a partir do dia 28 de agosto.
O decreto lei de 2004 revoga expressamente, conforme os termos do artigo 7º/1 primeira parte,
o decreto lei de 2001 e substitui o seu regime, pelo que é uma revogação expressa e substitutiva.
A revogação de uma lei obedece a três critérios que neste caso se encontram preenchidos: o
critério material em que as duas leis têm de ser incompatíveis, o que sucede neste caso; o
critério hierárquico em que as duas devem ser da mesma hierarquia ou a revogatória deve ser
superior à revogada, também cumprido neste caso por serem ambos decretos-lei e por fim o
critério temporal que estabelece que a lei revogatória tem de entrar em vigor depois da lei
revogada o que também se verifica neste caso, pelo que assim podemos concluir que o decreto-
lei m/2001 é revogado pelo decreto-lei n/2004 no dia 28 de agosto de 2004
A Lei o/2008 publicada a 11 de outubro nos termos anteriormente referidos e também se aplica
o principio vacatio legis ad hoc direto cujo base legal foi anteriormente descrita, pelo que o
prazo supletivo de cinco dias faz com que a lei o entre em vigor no dia 14 de outubro. Sucede
novamente o que se passou anteriormente pelo que a revogação do decreto lei n pela lei o dá-se
nos mesmo termos que o decreto-lei n revogou o decreto-lei m/2001, sendo assim uma
revogação expressa e substitutiva, que cumpre os três pressupostos necessários para haver
revogação: material, temporal e hierárquico pois as leis e os decretos-lei têm o mesmo valor.
Deste modo o decreto lei n/2004 é revogado pela lei o/2008 no dia 14 de outubro que é o dia
que esta entra em vigor.

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Visto que o decreto-lei n revogava o decreto-lei m que decretava a atribuição de uma bolsa aos
alunos com media superior a 16 valores, e a lei o vem revogar o decreto-lei n, acontece que
tacitamente o decreto-lei m volta a aplicar-se pelo que exposto o Hortênsio, que é um estudante
universitário teve uma média superior a 16 valores vai receber a bolsa. NÃO! PORQUE
ARTIGO 7º/4, O DECRETO-LEI M NÃO VOLTA A VIGORAR

Artigo 7/4: a revogação da lei revogatória não importa o renascimento da lei que esta
revogora. Assim a lei o que revoga o decreto-lei n não implica o renascimento do decreto-lei
m. É o principio da não

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