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1. Aspectos gerais
- Os actos normativos só começam a produzir efeitos após a publicação no jornal
oficial (5º/1 CC), designadamente no Diário da República Electrónico (1º/1 LFormulária –
74/98), e isto é assim porque a publicação é condição de eficácia dos actos normativos
(119º/2 CRP).
- Em princípio, as normas começam a produzir efeitos no dia neles fixado (e não no
dia da data da disponibilização) (2º/1), contudo
- o início de vigência não pode dar-se no próprio dia da publicação (2º/1/pt final
LFormulária).
Excepção: se é verdade que não pode ser afastada por uma fonte de hierarquia
inferior, a LFormulária é uma lei ordinária, pelo que pode ser afastada por
fonte de hierarquia similar, como uma Lei da AR ou um DL do Governo
(OAscensão; MTSousa; MNBrito)1. Alguns consideram, porém, que isto só
pode acontecer caso se verifique uma situação que o justifique: (i) situação de
inadiável vigência (catástrofe, pandemia); (ii) evitar prejuízos ou frustração
dos objectivos visados com a lei (compra de divisa estrangeira) (OA, MNB)2.
Pode ainda questionar-se se não será a LFormulária uma lei de valor
reforçado, na medida em que consubstancia um acto normativo que é
pressuposto de outros.
2. Vacatio legis
- Consiste no período de tempo que medeia entre a data da publicação e a data da
entrada em vigor. Os prazos de vacatio legis podem consistir quer em prazos determinados
pelas autoridades na própria lei3, quer, quando o legislador nada diz sobre o assunto, em
prazos supletivos (5º/2 CC).
1 Como se compreende, também a resolução da AR (166º/5 CRP) que autoriza e confirma a declaração do
estado de sítio ou do estado de emergência (161/l CRP) ou autoriza o PR a declarar a guerra ou a fazer a paz
(161/m CRP) deve poder entrar em vigor no próprio dia da sua publicação (MTSousa).
2 Possível crítica a esta tese: a consideração das circunstâncias concretas para saber se se admite a derrota in
casu da norma da Lei Formulária parece pressupor uma situação de ponderação. No entanto, só há ponderação,
se as restantes normas de conflitos não se aplicarem ao caso. Na situação do caso prático, a norma do DL1 é
materiamente especial relativamente à Lei Formulária, pelo que por via da aplicação da lex specialis seria admissível
defender a prevalência da norma resultante do artigo 10.º do DL1 sem lugar à consideração da inexistência de
uma situação de urgência.
3 Os prazos superiores ao supletivo podem justificar-se para permitir o estudo ou o conhecimento cabal do
conteúdo da lei, o que acontece comummente com regimes jurídicos inteiramente novos, muito complexos ou
que alteram em grande medida a regulação jurídica que até aí existiu. Os prazos inferiores ao supletivo podem
justificar-se com a necessidade resultante dos fins do diploma em causa.
- Prazo supletivo de vacatio legis: a lei entra em vigor (em todo o território
nacional e no estrangeiro) no quinto dia após a sua publicação no DR (2º/2 LFormulária),
prazo que se inicia no dia seguinte ao da sua publicação (2º/4 LFormulária).
Exemplo: se certa lei foi publicada no dia 1 de certo mês, como o prazo se
inicia no dia 2, a lei entra em vigor às 00h00 do dia 6.