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Apostila CNV
Apostila CNV
A CNV nos ajuda a nos ligarmos uns aos outros e a nós mesmos, possibilitando que nossa compaixão
natural floresça. Ela nos guia no processo de reformular a maneira pela qual nos expressamos e
escutamos os outros, mediante a concentração em quatro áreas: As ações concretas que estamos
observando e que afetam nosso bem-estar (observação), como nos sentimos em relação ao que
estamos observando (sentimento), as necessidades, valores, desejos que estão gerando nossos
sentimentos (necessidades) e as ações concretas que pedimos para enriquecer nossa vida (pedido).
O autor: Marshall Bertram Rosenberg foi psicólogo, americano, nascido em 1934 e falecido em 2015.
Em 1961 obteve seu PHD em psicologia clínica pela Universidade de Wisconsin - Madison.
No começo dos anos sessenta, em sintonia com o movimento dos direitos civis americano,
Rosenberg começou a trabalhar como orientador educacional em escolas e universidades que
abandonavam a segregação racial, processo este que não pôde ser chamado de transição pacífica.
Durante este período tenso, porém frutífero, Rosenberg providenciava arbitragem e treinamento em
técnicas comunicativas. Foi neste pano de fundo que desenvolveu um método comunicativo
chamado Comunicação Não-Violenta (CNV).
Antes de sua morte, Rosenberg viajava para mediar conflitos e levar programas de paz a regiões
assoladas por guerras, como Sérvia - Croácia e Ruanda, mas o interessante é notar que sua
estratégia serve também para apaziguar os combates verbais do nosso dia-a-dia.
Segundo Marshall Rosenberg, é na maneira como falamos e ouvimos os outros que está a chave
para o problema das desavenças e discórdias.
Características da CNV:
Empatia – Esse termo é a base do conceito da CNV. É a habilidade de se colocar no lugar de outra
pessoa, e não apenas sentir como ela, mas enxergar o mundo como ela. Essa é a premissa para criar
uma comunicação integral e mais saudável;
Escuta ativa – Perceber o seu grau de disponibilidade no qual você se coloca ao ouvir uma pessoa
durante uma conversa. Ouvir ativamente é prestar atenção à fala do outro com curiosidade e
atenção;
Autenticidade – Contrária à hipocrisia, a autenticidade é uma atitude de congruência consigo
mesmo. Praticar a verdade compreendendo os aspectos intrínsecos da nossa natureza. É manter
valores e convicções independente do desconforto;
Compaixão – Não é sentir pena ou dó de outrem, pois isso delimita e inferioriza as pessoas como
“coitado”, “pobrezinho”. Compaixão é “sentir com”, imaginar como uma pessoa se sente em
determinada situação. É mais que dar respostas ou soluções a um problema, é estar presente e se
conectar;
Clareza – “A base da violência é estar sofrendo e não saber como dizer isso com clareza”. É a
exatidão em demonstrar sentimentos e/ou necessidades, de forma que não tenha espaço para
interpretações erradas ou dúbias.
Atenção - Apenas ouvir, sem necessidade de responder, de retrucar ou contra argumentar
imediatamente. Se colocar em conversas na posição de ouvir ativamente, prestar atenção com
curiosidade;
Entrega – Dedicação e disponibilidade em escutar o outro. Estar e ser presente com compromisso,
atitude e envolvimento para a satisfação das necessidades alheias;
Conexão – A conexão é o lugar onde a verdade reina. Onde as pessoas podem ser quem realmente
são com empatia, disponibilidade, vulnerabilidade e empatia. É a linguagem do coração. Conexão
exige ação e persistência para entender que existe um lugar seguro para dialogar e discordar sem
medo, expressando sentimentos e necessidades e criando laços de compreensão e confiança;
Necessidades – As necessidades estão ligadas aos sentimentos. Necessidades não atendidas geram
bons sentimentos e necessidades não atendidas geram sentimentos ruins. Segundo Marshall "toda
violência é uma expressão trágica de uma necessidade não satisfeita";
Acolhimento – É a percepção das necessidades do outro. É compreender o que o outro está
comunicando por meio de suas palavras e comportamento. É comum que por traz destas palavras e
comportamentos haja uma dor muito grande, que a pessoa tenta mascarar.
Família - As relações familiares não são estáticas, porém dinâmicas, como uma dança que varia com
seus ritmos e com os ritmos de cada pessoa com quem nos relacionamos. Perceber esse dinamismo
nos ajuda nas questões variadas que envolvem a família como: afetos, cuidado, memórias, poder e
histórias que alteram a maneira como nos expressamos com cada pessoa.
Por meio da prática da autoempatia é possível oferecermos empatia às pessoas que convivemos e,
consequentemente, impactar mudanças no sistema familiar.
Em todas as relações familiares a CNV pode atuar de maneira eficaz visando uma melhor
comunicação com resultados práticos.
Na CNV o foco é dizer ou expressar o que se deseja e não o que não se deseja, e assim deixar mais
claro aquilo que queremos. Exemplo do cotidiano:
Segundo a CNV, uma maneira efetiva e assertiva é dizer o que realmente queremos, exemplo:
Mãe: _ “Gostaria que você ficasse mais tempo em casa, porque, eu sinto sua falta”.
Pai: _ “Gostaria que você deixasse um pouco seu celular e passasse mais tempo conversando com a
nossa família”.
Relacionamentos amorosos – A exemplo das relações familiares, os relacionamentos amorosos têm
muito a ganhar com a aplicação da CNV. Como a abordagem da CNV baseia-se em compreender e
expressar sentimentos, fazendo isso da maneira correta, o relacionamento amoroso tende a ser
mais autêntico (autenticidade é uma das bases da CNV).
A CNV é uma forma de ter diálogos mais francos e corajosos e por isso, nem sempre fáceis, porque
você poderá receber um não como resposta; sendo essencial estar pronta (o) para isso.
Conhecidos, colegas e amigos - Para entender as necessidades das pessoas, começamos por
respeitar sua forma de pensar, sentir e falar, assim como exigimos para nós mesmos. Seja verdadeiro
e objetivo. Por isso, não faça rodeios. Não espere que a outra pessoa entenda plenamente o que
você está dizendo se você não consegue passar a sua mensagem com total clareza. Vale dizer que
também é muito importante estar aberto e solícito, caso a outra pessoa não tenha entendido o que
foi dito.
Ambientes de ensino – A violência se manifesta em diversas esferas e comportamentos da nossa
sociedade. Assim, seu reflexo pode aparecer no ambiente escolar. Ela pode estar escondida nas
ordens, nos gritos, nas brigas, na repressão de formas expressivas dos alunos, ou até mesmo na falta
de escuta ativa.
Nesse sentido, podemos ver a violência não só como um ato físico, mas também verbal ou gestual –
nem sempre tão demarcados como ações violentas.
Ações repressoras, inibidoras e constrangedoras podem estar entrelaçadas com aspectos das
microviolências que reproduzimos todos os dias – e isso afeta a vida até nas escolas!
Exemplo: Às vezes, o aluno fica frustrado porque gostaria de brincar em um momento de estudo. A
professora pode trabalhar a situação ouvindo a necessidade do aluno, estimulando que ele a
reconheça e faça o pedido por um tempo de diversão.
Em contrapartida, pode apresentar sua necessidade de ensinar e vê-los aprender coisas novas que
serão importantes para diversas atividades na vida. Em seguida, mostrar sua compaixão com a
necessidade do aluno e demarcar que após o momento de estudos, ou em outro dia, a aula poderá
ser mais interativa e com brincadeiras.
Ambientes de trabalho - Conflitos no trabalho são inevitáveis e, muitas vezes, até necessários. É
uma situação que pode ser produtiva, pois ao trazer um ponto de vista diferente ou estar diante de
uma reação oposta de um colaborador, cria-se uma reflexão sobre o que precisa ser ajustado dentro
da organização. A essência de um conflito é justamente a percepção de uma ideia distinta. O ponto
central da questão é a intensidade, que não deve passar do limite de uma convivência saudável. É
exatamente nesta hora que a Comunicação Não Violenta (CNV) entra em cena.
Exemplo: Em uma empresa de cosméticos, Flávia solicitou um relatório sobre o histórico de venda
de um produto nos últimos seis meses. Lívia estava sobrecarregada com outras tarefas e questionou
Flávia sobre a importância do relatório, já que o produto era líder de vendas da seguinte forma:
“Não vejo sentido nenhum em levantar dados de vendas para um produto que lidera o mercado”. As
duas perderam quase 45 minutos discutindo a importância ou não de fazer o relatório.
Ambientes sociais - Para Rosenberg, é na forma como as pessoas se comunicam entre si que se
encontra a solução para resolver desentendimentos e discussões. Mas ele aponta que existem
algumas maneiras de se comunicar que fazem com que as pessoas apresentem comportamentos
violentos, o que definiu como “comunicação alienante da vida”. Exemplos disso são julgamentos
moralizantes (que trazem sentimentos como culpa, depreciação, rotulação e crítica), comparações,
negação de responsabilidade e transformação de desejos em exigências.
Além disso, quando se está na posição de ouvinte existem alguns comportamentos que impedem as
pessoas de estarem presentes o suficiente para se conectarem com empatia. São eles os impulsos de
educar, competir pelo sofrimento, educar, consolar, contar história, ser solidário ou encerrar o
assunto.
Em meio a uma conversa, o melhor é ouvir, ao invés de deduzir possibilidades. Exemplo: se alguém
disser: “Você está fazendo isso errado”; não crie histórias na sua cabeça, como: “Você não sabe fazer
nada, é um idiota e faz tudo errado”; o melhor a fazer é ouvir tudo o que a pessoa tem a dizer, para
só então questionar o interlocutor: “Por que estou fazendo isso errado?” ou “Onde estou
errando?”.Assim, além de parar de deduzir quais podem ser esses erros e porque a pessoa está
dizendo isso, e se culpar por isso, você ainda ganha a oportunidade de melhorar suas habilidades.
Pilares da CNV
1 – Autenticidade: é uma expressão daquilo que é verdadeiro e legítimo em nós. Tem a ver com a
nossa constituição humana, que podemos acessar e aceitar. Está relacionada com o reconhecimento
de que somos ao mesmo tempo construtivos e destrutivos, bons e nem tanto.
A honestidade e autenticidade abre espaço para a singularidade, embora mantendo a conexão com
o humano em todos nós. A expressão da nossa verdade essencial e clara demanda uma atitude firme
e constante e também um trabalho individual de autoconsciência que praticamos por toda a vida. A
autenticidade pode ser cuidadosa e respeitosa, é uma força corajosa e não-violenta que trazemos na
nossa comunicação, para falar do que sentimos e necessitamos.
Falar de si de forma autêntica (e não calar ou apenas julgar) e enxergar o outro com empatia nos
ajuda a construir pontes com o outro, especialmente na hora do desentendimento. Para isso, o
convite é trocar a lente do erro, da culpa, da vergonha, para a lente do “somos todos humanos e
imperfeitos”. E isso também vai criando um clima de confiança entre as pessoas, porque o outro
percebe que não está sendo acusado, que não precisa se defender na conversa com você e você
percebe que pode falar a sua verdade de um jeito que o outro consegue ouvir. Mais do que uma
técnica de fala, praticar diálogos corajosos são uma jornada de construção de uma mudança
profunda de olhar para o que acontece, tanto para si mesmo, quanto para o outro. Com esta
mudança, além de tomar consciência do que você sente e precisa, você também enxerga isso no
outro. Em vez de ver só o comportamento que não gosta e julgá-lo como “errado, inadequado ou
As pessoas de nossa geração têm pavor de conflito, porque elas sabem que as formas que conhecem
para lidar com os desentendimentos são tão ineficientes para cuidar da relação e do problema, que
é melhor desejar que o conflito não exista ou ignorá-lo. Só que onde tem gente, tem algum conflito,
alguma hora. Ainda que pequeno.
Exemplo: você quer falar para um amigo que não gostou quando ele atrasou duas horas para chegar
na sua casa. Calar e fazer umas expressões de desânimo provavelmente não vai transmitir a
mensagem. Tampouco dizer algo como: “Deixar alguém esperando tudo isso não se faz, é uma falta
de respeito!”. Se você queria sensibilizar o outro para o seu incômodo ou até estimular nele alguma
mudança, essas duas soluções têm poucas chances de funcionar. Na primeira, o outro é poupado de
saber da importância que você dá para isso. Na segunda, em vez de te ouvir, o outro tende a se
defender.
2 – Autocompaixão – Segundo Marshall Rosenberg, a utilidade mais importante da CNV pode ser no
desenvolvimento da autocompaixão, pois quando internamente somos violentos para com nós
mesmos, é difícil ter compaixão verdadeira pelos outros. Precisamos nos avaliar mesmo quando
somos menos que perfeitos. Nos avaliar de maneira que promova crescimento em vez de ódio por
nós mesmos.
Autocompaixão é a capacidade, que também pode ser desenvolvida, de oferecermos apoio e
suporte para nós mesmos, antes de qualquer julgamento ou avaliação. É validarmos nossa
experiência a nível dos sentimentos que estamos convivendo e das necessidades que eles indicam
que estão querendo ser atendidas. É um ato de gentileza e de amizade internos. Faz um contraponto
com hábitos de cobrança e exigência ou de ideal de eu – o narcisismo, que nos momentos de dor e
fracasso não nos apoiam.
Se a experiência do viver é, muitas vezes, difícil para cada um de nós, fazer nascer esse amigo
interno e gentil para nos ajudar, pode cuidar de seguirmos apoiados internamente nos momentos
difíceis da vida.
Podemos sim “aprender uma lição” a partir do autojulgamento severo, mas qual a energia do
aprendizado e da mudança? Como fica nossa autoestima? Marshall compartilha conosco o seu
desejo de que nossas mudanças fossem estimuladas por um claro desejo de melhorar nossa vida e a
dos outros em vez de por energias destrutivas como a vergonha ou a culpa”. e o modo como nos
avaliamos nos faz sentir vergonha, e, em consequência disso, mudamos nosso comportamento,
estaremos permitindo que nosso crescimento e aprendizado sejam guiados pelo ódio por nós
mesmos. A vergonha é uma forma de ódio por si próprio, e as atitudes tomadas em reação à
É um verbo que nos faz resistir ao aprendizado, uma vez que ele implica que não temos escolha.
Deveria ter feito isso e pronto. O ser humano tende a resistir a qualquer tipo de exigência, porque a
exigência ameaça a nossa autonomia, que é uma das necessidades mais fundamentais.
É uma habilidade, que pode ser desenvolvida, de compreender o significado da experiência que uma
outra pessoa está vivenciando e legitimar essa experiência. Demanda um aquietar de nossas
conversas internas, prontas, condicionadas, para abrirmos o espaço curioso e interessado da escuta
do outro.
Numa metáfora, é entrar dentro da casa da pessoa que estamos ouvindo, olhar o que ela tem na
pendurado na parede, como ela arruma sua sala, o que ela come, qual é sua tradição religiosa, que
músicas ela ouve, qual sua cultura familiar, quais são suas experiências, crenças, realidades. E daí,
quando conhecemos mais do mundo de dentro dessa pessoa fica mais fácil a compreendermos e
validarmos seus sentimentos e necessidades. E também, fica muito provável que a conexão entre as
pessoas flua a contento.
Empatia tem relação com sentimentos e não apenas de forma intelectual. Ou seja, você pode
observar as necessidade e desafios de alguém, racionalmente, sem ser empático, sem se conectar
com seus sentimentos – nesse caso você está trabalhando a simpatia. Para a empatia o exercício é
ouvir e “viver” o que o outro sente por dentro. Ouça o que essas pessoas têm a dizer, sem querer
responder, apenas ouça. Nesse exercício, se coloque dentro da experiência narrada. Esse exercício
pode transformar sua relação, bem como a forma de enxergar os outros.
Carl Rogers descreveu o impacto da empatia em que a recebe: “Quando alguém realmente o escuta
sem julgá-lo, sem tentar assumir a responsabilidade por você, sem tentar moldá-lo, é muito bom...
“Aquele foi um dos momentos de aprendizagem mais significativos de minha vida – e ensinado por
uma criança -, por isso pensei: ‘Não importa a sala cheia de adultos esperando por mim!’ Milly e eu
passamos para um banco que nos dava mais privacidade e nos sentamos, com meu braço ao redor
de seus ombros, sua cabeça em meu peito, e seu braço em volta de minha cintura, e falou até se dar
por satisfeita. E sabe de uma coisa? Não demorou tanto tempo assim”.
Conceito: Ego - Entende-se geralmente por ego, algo pejorativo, diz-se de alguém que pensa muito
em si mesmo que seu “ego” é muito grande. O ego é, realmente, o conceito ou imagem que o
indivíduo tem de si mesmo. A psicanálise entende que o ego é a personalidade que, no âmbito
psíquico, influencia o comportamento de alguém, partindo de suas próprias experiências e
controlando suas vontades e impulsos.
O ego, na comunicação não violenta, significa corpo, matéria. O ego é o nosso corpo físico.
CORPO/MATÉRIA ALMA/CONSCIÊNCIA/INCONSCIENTE/CORAÇÃO
TEMPORAL ATEMPORAL
KRONOS KAIROS
INVESTIMENTO NA MATÉRIA (EU) INVESTIMENTO NO PRÓXIMO
OBTENÇÃO DO PRAZER
MEDO DA MORTE
FINITO INFINITO
NECESSIDADES DESEJOS
SOMBRA LUZ
Albert Mehrabian, nascido em 1939 em uma família armênia que vive no Irã, é professor emérito de
psicologia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Embora ele tenha treinado originalmente
como engenheiro, ele é mais conhecido por suas publicações sobre a importância relativa das
mensagens verbais e não verbais. Pioneiro em pesquisas sobre linguagem corporal, ficou conhecido
pela decodificação das mensagens não-verbais (Regra: 7%/38%/55%).
55% da mensagem geral é como a pessoa se movimenta ao entregar a mensagem. Cérebro instintivo
ou reptiliano, intenção de falar, dinâmica energética do psiquismo. 38% da mensagem geral é forma
[seu tom, volume da voz, velocidade da fala etc] como a pessoa entrega a mensagem. Cérebro
emocional (Sistema límbico), timbre, “cor da voz”, pureza. 7% da mensagem geral pode ser atribuída
às palavras que a pessoa usa. Cérebro intelectual (Neocórtex) verbalização, exteriorização,
A comunicação verbal engloba todo o conteúdo repassado por meio de palavras faladas ou pela
escrita. É o e-mail que um líder envia aos seus liderados, a conversa por telefone com algum ente
querido, uma carta recebida com um aviso do banco etc.
Já a comunicação não verbal engloba todos os aspectos que compõem um discurso: tom de voz
usado, postura, troca de olhares, expressões faciais etc. Em suma, é a linguagem corporal adotada
pelo falante que detém grande importância para que uma mensagem seja repassada da melhor
forma.
RAZÃO EMOÇÃO
PENSAMENTO COMPORTAMENTO
PASSADO E FUTURO PRESENTE
LÓGICO SUBJETIVO
MECÂNICO ABSTRATO
CÉTICO SONHADOR
CRÍTICO IMAGINATIVO
COGNITIVO EMOTIVO
MATERIALISTA AVENTUREIRO
VERBAL AMOROSO “NÃO VERBAL”
A derivação faz sentido, uma vez que demonstrar nossos sentimentos nada mais é do que colocar
para fora o que se passa no nosso interior. A emoção é uma sensação que pode causar até mesmo
impactos físicos, provocados por estímulos de diferentes naturezas. Eles podem ser sentimentos ou
episódios específicos.
Vivenciar uma emoção, no entanto, é uma experiência bastante particular: assim como você pode
sentir ela de uma forma, outra pessoa pode demonstrar de uma maneira diferente.
A alegria, por exemplo, pode trazer reações físicas como o sorriso e o aumento dos batimentos
cardíacos, assim como também alteração na respiração e até choro.
7 Emoções básicas:
Alegria: Estado de satisfação extrema; sentimento de contentamento ou de prazer excessivo: a
alegria de ser feliz. A alegria surge de situações diversas. Ex: A alegria de rever um amigo depois de
muito tempo.
Surpresa: Surpresa quer dizer aquilo que é inesperado, é a propriedade do que surpreende. Uma
surpresa também pode ser um ato realizado espontaneamente por alguém, sem que o outro, ou os
outros, tenham conhecimento. Como em uma festa surpresa, comum em aniversários ou datas
comemorativas. Também pode-se dizer de algo que não correu como deveria. Ex: "os resultados dos
exames foi uma surpresa para todos", o que significa que foi diferente do esperado.
Raiva: É uma das emoções mais intensas e frequentes sentidas cotidianamente. É considerada uma
emoção básica que pode ser definida em termos gerais como a pretensão de causar dano e hostilizar
alguém. A raiva é desencadeada por frustrações causadas por ações próprias ou agentes externos.
Ex: “Fiquei com raiva pois liguei várias vezes e ela não atendeu o celular”.
Aversão: Aversão é um sentimento de repulsa, algo que afasta de alguém ou alguma coisa. Como
aversão a baratas, é o nojo ou asco deste tipo de inseto. Ou a aversão a pessoas falsas, em que o
indivíduo sequer consegue conviver socialmente com alguém que demonstra falsidade. Podemos
entender a aversão como nojo, repulsa, horror, asco, repugnância. Ex: “Tenho aversão a seres
humanos que maltratam bichos”.
Medo: Medo é um estado emocional que surge em resposta a consciência perante uma situação de
eventual perigo. O aumento do batimento cardíaco, a aceleração da respiração e a contração
muscular são algumas das características físicas desencadeadas pelo medo. O medo é uma sensação
de alerta de extrema importância para a sobrevivência das espécies, principalmente para o ser
humano. A ideia de que algo ou alguma coisa possa ameaçar a segurança ou a vida de alguém, faz
com que o cérebro ative, involuntariamente, uma série de compostos químicos que provocam
reações que caracterizam o medo. As pessoas podem desenvolver fobias por várias coisas. Ex: medo
de palhaços, medo de gatos, medo de altura, medo de aranha.
Conceito: Sentimentos - Os sentimentos podem ser definidos como os estados e as reações que o
corpo humano é capaz de expressar diante dos acontecimentos que os indivíduos vivenciam. Estas
reações ou estados do corpo humano são coisas comuns a todos os seres humanos e podem ser
manifestados tanto para acontecimentos recentes quanto para algo que seja revivido por meio de
lembranças ativadas pela memória. Os sentimentos incorporam muitas caracterizações e diversos
modos de se apresentar, pois ora podem indicar algo bom e positivo, ora podem demonstrar coisas
ruins.
Como surgem os sentimentos? Os sentimentos são oriundos do sistema límbico ou cérebro
emocional. Os sentimentos são um estado de ânimo que surge em relação a estímulos externos,
sendo considerados a expressão mental da emoção. Quando a emoção se processa no cérebro e a
pessoa é consciente dela e do estado de humor que provoca em si mesma, ocorre um sentimento.
Logo, a origem dos sentimentos são as emoções definidas e avaliadas racionalmente que
determinarão o nosso estado de espírito.
Conceito: Necessidade – É aquilo que é inevitável, imprescindível, fundamental, que tem grande
importância, que deve ser feito ou cumprido por ação, imposição ou obrigação. Necessidade é aquilo
que é estritamente necessário, ou seja, que é indispensável, que é útil, que não se pode deixar de ter
ou ser.
Marshall Rosenberg, o criador da Comunicação Não Violenta (CNV) diz que "toda violência é uma
expressão trágica de uma necessidade não satisfeita". Todos temos necessidades comuns que nos
fazem sentir satisfeitos ou insatisfeitos. Por isto, tudo que fazemos, todos os nossos
comportamentos (ditos por Marshall como estratégias), nos levam a alcançar alguma necessidade
ou manter alguma necessidade. Lembrando que necessidade é algo que nunca cessa - não é porque
você comeu hoje que não precisará comer amanhã. Funciona assim com todas as necessidades. Elas
precisam ser supridas sempre.
Conceito: Empatia - Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra
pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender
sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro
indivíduo. A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao
altruísmo - amor e interesse pelo próximo - e à capacidade de ajudar. Quando um indivíduo
consegue sentir a dor ou o sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar, desperta a vontade de
ajudar e de agir seguindo princípios morais. A capacidade de se colocar no lugar do outro, que se
desenvolve através da empatia, ajuda a compreender melhor o comportamento alheio em
determinadas circunstâncias e a forma como outra pessoa toma as decisões.
Com origem no termo em grego empatheia, que significava "paixão", a empatia pressupõe uma
comunicação afetiva com outra pessoa e é um dos fundamentos da identificação e compreensão
psicológica de outros indivíduos.
Segundo Marshall Rosenberg, a empatia é a compreensão respeitosa daquilo que os outros estão
vivendo. A verdadeira empatia requer que se escute com todo o ser: “Ouvir somente com os ouvidos
é uma coisa. Ouvir com o intelecto é outra. Mas ouvir com a alma não se limita a um único sentido, o
ouvido ou a mente, por exemplo. Portanto, ele exige o esvaziamento de todos os sentidos. E,
quando os sentidos estão vazios, então todo o ser escuta. Então ocorre uma compreensão direta do
que está ali mesmo diante de você que não pode nunca ser ouvida com os ouvidos ou compreendida
com a mente”.
Ser empático é se identificar com outra pessoa ou com a situação vivida por ela. É saber ouvir os
outros e se esforçar para compreender os seus problemas, suas dificuldades e as suas emoções.
Quando alguém diz “houve uma empatia imediata entre nós”, isso significa que houve um grande
envolvimento, uma identificação instantânea. O contato com a outra pessoa gerou prazer, alegria e
satisfação. Houve compatibilidade. Nesse contexto, a empatia pode ser considerada o oposto de
antipatia. Para ser empático é preciso conseguir ultrapassar as barreiras do egoísmo, do preconceito
ou do medo do que é desconhecido ou diferente. Para que uma pessoa consiga exercer a empatia é
preciso retirar a atenção de seus próprios problemas e manter seu foco de atenção na outra pessoa.
A empatia pode ocorrer em todos os tipos de relacionamentos humanos: nas relações familiares, nas
amizades, no ambiente de trabalho e até mesmo com pessoas desconhecidas. É um sentimento
indispensável para melhorar a qualidade da comunicação e do relacionamento entre as pessoas. Nas
relações pessoais a empatia pode ser fundamental para a compreensão de dificuldades das pessoas
com quem se convive, ajudando a diminuir e evitar conflitos. O mesmo pode ocorrer no ambiente de
trabalho, já que a empatia pode ajudar que um colega compreenda as dificuldades enfrentadas por
outro. A empatia entre pessoas que não se conhecem é a mais difícil de ocorrer, já que se caracteriza
por um sentimento de compreensão com uma pessoa com quem não existe nenhum vínculo de
afeto. Entretanto, é importante saber que a empatia é um sentimento que pode ser praticado. Uma
das maneiras de exercitar a empatia é treinar manter um olhar de afeto sobre as necessidades de
outras pessoas.
Quando assistimos a um filme e nos emocionamos com determinadas cenas estamos ativando as
mesmas áreas cerebrais que o ator está experenciando. Quanto maior a identificação da experiência
em nós, maior a ativação neuronal. Um elegante experimento demostrou esse fato: através de
ressonância magnética funcional, observou-se a atividade neuronal de uma bailarina clássica quando
essa assistia uma apresentação de um bailarino clássico do sexo oposto. Nesse caso, as mesmas
áreas cerebrais envolvidas para execução do movimento eram identificadas no cérebro da
observadora. Além disso, quando a experiência era feita com uma bailarina que assistia a
apresentação de outra dançarina clássica, ou seja, alguém do mesmo sexo, a atividade neuronal era
ainda maior. Contudo, quando essa mesma bailarina observava um jogo de capoeira, cujos
fundamentos não eram de seu conhecimento, seu cérebro mostrava pouca atividade. Atualmente
esse sistema espelho está sendo amplamente estudado e observamos seu envolvimento em muitos
processos importantes, como no aprendizado por imitação, no desenvolvimento da linguagem,
assim como em diferentes patologias, entre elas o autismo. Por isso, nesse contexto, cabe a frase do
brilhante neurocientista Ramachandram “A descoberta dos neurônios-espelho representa para os
estudos da mente o que o DNA representou para a biologia”.
Esse dado não é muito conhecido e é importante o recordarmos. A empatia não existiria sem o
movimento, sem nossas ações, gestos, posturas… De fato, ao contrário do que podemos pensar, os
neurônios espelho não são um tipo específico de neurônios. Na verdade, eles são células do sistema
de pirâmide relacionadas ao movimento. No entanto, eles têm a particularidade de serem ativados
não só com o nosso movimento, mas também quando observamos o dos demais. Isso foi o que
descobriu o Dr. Giacomo Rizzolatti.
Os neurônios espelho nos permitem empatizar com aqueles que nos cercam. Eles são a ponte que
nos conecta, que nos vincula entre nós e que, por sua vez, nos permite experimentar três processos
muito básicos: 1 - Poder conhecer e compreender o que a pessoa que tenho em frente sente ou
experimenta (componente cognitivo). 2 - Também podemos “sentir” o que essa pessoa sente
(componente emocional). 3 - Finalmente, e esse tipo de resposta sem dúvida exige maior
sofisticação e sensibilidade, podemos, por sua vez, responder de forma compassiva, dando forma a
esse comportamento social que nos permite avançar em um grupo.
Devemos, portanto, aprender a olhar para os outros deixando de lado os preconceitos. Também não
serve que nos limitemos a “sentir o mesmo que os outros sentem”, é necessário que possamos
compreender sua realidade, mas manter a nossa para poder participar efetivamente do processo de
ajuda, de apoio, de altruísmo. Porque, afinal, o sentimento que não é acompanhado pela ação é
inútil. Assim, se chegamos onde estamos, é precisamente porque fomos proativos, porque nos
preocupamos com cada membro de nosso grupo social ao entender que juntos avançamos em
melhores condições do que na solidão. Lembremos, portanto, qual é o verdadeiro propósito dos
neurônios espelho e da empatia: promover nossa sociabilidade, nossa subsistência, nossa conexão
com quem está ao nosso redor.
Conceito: Rapport - Rapport é um conceito originário da psicologia que remete à técnica de criar
uma ligação de empatia com outra pessoa. O termo vem do francês Rapporter, cujo significado vem
da sincronização que permite estabelecer uma relação harmônica. A técnica objetiva gerar confiança
Elementos do Rapport
Para compreender melhor o que é Rapport, temos que levar em conta os elementos que o compõe.
Esse conceito, em primeiro plano, está relacionado a sentir a conexão que transcende o campo das
palavras. Desse modo, em sua essência e amplitude, exige atenção e equilíbrio dos seguintes
elementos:
1 – Contato Visual - Para se estabelecer Rapport de forma efetiva, é preciso, em primeiro lugar, olhar
nos olhos da pessoa que está diante de você. Digo isso, pois é a partir do contato visual pleno, que
conseguimos realmente enxergar o que está além das palavras, como disse no parágrafo anterior.
2 – Expressão Facial - Outro ponto importante do processo de Rapport são as expressões faciais que
não conseguem mentir. Quando observamos o que o rosto da pessoa nos diz, conseguimos
compreender melhor o que ela, muitas vezes, tenta nos dizer e não consegue. Com isso, tornamos a
comunicação muito mais eficiente em todos os seus aspectos.
3 – Postura Corporal - A partir da observação da forma como as pessoas se comportam, ou seja, da
sua postura corporal, é possível saber se estão à vontade ou incomodadas com algo, se estão
receptivas ou resistentes, entre outros pontos, que ajudam a compreendê-la melhor e a encontrar
maneiras para se comunicar com elas na essência.
4 – Equilíbrio Emocional - Nossas emoções também dizem bastante sobre nós. Se estamos com
raiva, tristes, ansiosos, felizes, vamos demonstrar de alguma forma. Assim, observar estes
sentimentos, buscando compreender se há um equilíbrio entre eles também é essencial para saber
como está o outro.
5 – Tom de Voz (Timbre) - Outro elemento que também denuncia bastante como o outro se sente e
que pode e deve ser espelhado é o tom de voz que a pessoa utiliza para se comunicar. Ou seja, se ela
está um pouco irritada, vai falar de forma mais agressiva, se está triste, vai usar um timbre um pouco
mais baixo e lento, já se está feliz, vai demonstrar bastante alegria em sua voz.
6 – Andamento (Timing) - Quando o Rapport é criado, geralmente se cria uma conexão com o outro,
que acaba por nos fazer perder a noção do tempo. Neste sentido, é fundamental estarmos atentos
com relação a isso, para que consigamos nos desconectar e finalizar o processo, ou a sessão de
Coaching, por exemplo.
7 – Volume (Intensidade da voz) - Aqui nada mais é do que observar se a pessoa com a qual você
está tentando uma conexão tem ou está falando muito alto, muito baixo ou de forma intermediária.
Conseguindo identificar isso, fica muito mais fácil se espelhar, de forma sutil, e se conectar
verdadeiramente com o outro.
3 tipos de empatia
Cognitiva - Empatia Cognitiva significa que você consegue compreender como a outra pessoa vê o
mundo. Se quando você se comunica com uma determinada pessoa você utiliza termos diferentes
ou palavras especificas, pode ser um sinal de que você está exercitando a sua Empatia Cognitiva.
Você quer que te entendam e por você conhecer que a outra pessoa utiliza um vocabulário
diferente, tenta se adaptar. Um exemplo comum é quando você interage por muito tempo com
pessoas de outro estado e acaba absorvendo o sotaque. Para exercitar a Empatia Cognitiva,
precisamos ouvir a outra pessoa com atenção. Ouvir não se trata apenas de comunicação verbal,
mas também de observar com atenção e entender a comunicação não verbal. Rapport está
diretamente relacionado a Empatia Cognitiva, mas também se relaciona com a Empatia Solidária.
Quando um profissional possui uma Empatia Cognitiva, essa pessoa consegue compreender e
processar as normas e acordos da organização que muitas vezes não são explícitos. Estas normas e
acordos orientam os comportamentos e atitudes dos indivíduos. A soma dos valores,
comportamentos e atitudes são o que compõe uma determinada “cultura organizacional”. Outra
forma de ver a Empatia Cognitiva é pela facilidade que alguém vai ter em entender os modelos
mentais de diferentes pessoas.
Emocional - Empatia Emocional significa que você consegue se sentir da mesma forma que a outra
pessoa se sente. Talvez a Empatia Emocional seja a forma mais comum a ser discutida, algumas
pessoas descrevem como “tentar se colocar no lugar da outra pessoa”. Particularmente, considero
esta definição uma abstração muito incompleta o que leva a diversos equívocos de entendimento
sobre Empatia. A Empatia Emocional exige que você conheça a outra pessoa de forma profunda,
apenas “tentar se colocar no lugar” não é o suficiente. Empatia Emocional seria como se você se
transformasse na outra pessoa, assumindo seus sentimentos, modelos mentais e etc. É uma tarefa
tão difícil que muitas vezes nos mesmos não nos conhecemos o suficiente para ter Empatia
Emocional por nós mesmos.
Solidária ou compassiva - Significa que não apenas compreendemos a situação de uma pessoa, mas
também nos sentimos solidários com ela, nos movemos espontaneamente para ajudar, se
necessário. Relacionamentos exigem uma grande diversidade de competências e algumas delas
estão relacionadas a Empatia. Embora muito seja falado sobre Empatia, é extremamente difícil saber
o quão bem-sucedidos estamos sendo quando se trata de exercer empatia.
Compreender, exercitar e melhorar a nossa habilidade com Empatia contribui positivamente para
quando estamos tentando ensinar outras pessoas, motivar outras pessoas, negociar com outras
pessoas, desenvolver e influenciar outras pessoas.
O primeiro passo é querer a conexão com o outro, é preciso dirigir seu interesse para o outro.
Tornando-nos aptos a compreender o outro, nos interessamos pela sua existência e seu destino.
Importante que seja um interesse genuíno que nada se confunda com curiosidade, vantagem
pessoal ou poder. Para desenvolver empatia por alguém é preciso desprender-se de qualquer tipo
de pensamento em relação a ele, qualquer julgamento e preconceito e tentar senti-lo de um modo
mais direto e intuitivo. Antes de formar conceitos é fundamental a disposição de buscar as
qualidades interiores em detrimento às aparências.
É um passo além de ser simpático ou carismático. É ser espontâneo em sabedoria e na arte de
surpreender. É uma pessoa que transfere sua experiência sem pedir nada em troca. Os empáticos
dão vida à vida. São sempre lembrados como pessoas insubstituíveis. Fazem total diferença no nosso
dia a dia. Os empáticos são capazes de superar o pessimismo e o mau humor, além de superar a
necessidade diária – e estúpida – de estar acima dos outros sempre. São pessoas sempre afetuosas.
São verdadeiros pacificadores. Na presença deles, imperam serenidade e calmaria. Temos de
aprender com eles! São lentos para condenar e rápidos em compreender. São pessoas maduras e
sabem que a “verdade” está sempre longe do ideal. Minha verdade pode não ser a sua, e vice-versa.
Ser empático é saber entender a falha do outro, deixar as mágoas de lado e compreender que somos
todos imperfeitos. Seu objetivo não é ganhar discussões, e sim conquistar pessoas. São tão
surpreendentes que não têm medo de pedir desculpas. Ao contrário, pessoas que não possuem
empatia colocam o status social acima de tudo, escondendo suas emoções e seus medos nas
sombras de uma vida falsa e vazia.
Mas como poderíamos melhorar nossa capacidade de sermos mais empáticos e, assim, jogar luz à
nossa vida e aos que nos rodeiam? Primeiramente, não espere nada de ninguém. Ouça mais e fale
menos. Aja com respeito e bondade com as pessoas, e caso seja ofendido ou não retribuído de
alguma forma, entenda que o problema não está em você. É perda de tempo ficar remoendo
situações desagradáveis. Não perca suas energias acusando as pessoas, exaltando um erro alheio ou
se gabando dos seus acertos perante os outros. A vida é mais do que isso. Se você se irrita
facilmente com pequenas coisas no dia a dia, saiba que reformas internas são necessárias em busca
de atitudes mais empáticas.
O escritor Augusto Cury dissertou muito bem sobre o tema: “Nunca exija o que os outros não podem
dar. No momento em que uma pessoa erra, falha, se equivoca, não consegue abrir o leque da
inteligência para dar respostas lúcidas. Exigir lucidez nos focos de tensão é uma afronta aos direitos
humanos”.
Seja humilde e não viva baseado em fatores externos. Seja você mesmo e compreenda que todos
nós estamos vivendo em busca de aprendizado interior, e só assim poderemos lidar com o próximo.
Conceito: Conflitos - Luta armada entre países conflitantes; guerra. Ex: o conflito entre Palestina e
Israel.
Ausência de concordância, de entendimento; oposição de interesses, de opiniões; divergência. Ex:
conflito entre capitalistas e socialistas.
Oposição mútua entre as partes que disputam o mesmo direito, competência ou atribuição.
Condição mental de quem apresenta hesitação ou insegurança entre opções excludentes, estado de
quem expressa sentimentos de essência oposta.
Oposição, choque de interesses, entre personagens, normalmente entre o protagonista e forças
externas ou até consigo mesmo. Etimologicamente, vem do latim: conflictus.
Na CNV, aprenderemos que o conflito é bem vindo. A forma como olhamos para o conflito e o
encaramos é que vai definir o que o conflito será para nós. Em nosso cotidiano, é comum nos
depararmos com conflitos, que impactam a conexão com aqueles mais próximos ou mesmo com
aquelas pessoas com as quais não temos tanta convivência, mas que a qualidade do relacionamento,
de alguma forma, nos importa. Por vezes, encontramos dificuldades de expressar nossa honestidade
comunicando nossos limites, principalmente quando estamos recebendo expressões de forma
acusatória.
E, se junto com estes conflitos e ausência de limites, vêm episódios de raiva, pode ser ainda mais
desafiador partir para os próximos passos. E pode ser trágico quando as estratégias escolhidas para
seguir não servem à vida e aos relacionamentos que queremos nutrir.
Julgamento – Nossa sociedade atual tem quase como um mantra a frase: “Não julgue”. E a CNV
também diria: “Não julgue”. Mas há complemento para essa frase. Não julgue o outro, julgue a si
mesmo. Nesse caso seria o contrário dos neurônios espelhos. Na comunicação não violenta, nós nos
avaliamos o tempo todo, mas em relação ao outro, nós observamos, sem avaliar. O erro de julgar
alguém é que, muito provavelmente, você vai deixar a desejar no mesmo aspecto em que você está
julgando outrem. O ser humano é capaz de errar em tudo.
Marshall Rosenberg diz que ao julgarmos alguém, diminuímos a probabilidade de que essa pessoa
ouça a mensagem que desejamos lhe transmitir. Em vez disso, é provável que eles a escutem como
crítica, e assim, resistam ao que dizemos.
Indignação moral – Na comunicação de um fato que nos incomoda, é normal ficarmos indignados
moralmente. Em algumas ocasiões, ficamos mais indignados até que a vítima do fato. Mas essa
indignação moral não ajuda a vítima. A indignação pode causar mais dor à pessoa que está lhe
relatando algo que a feriu. O caminho correto é o da solidariedade e empatia.
Condenação – Sentenciar alguém por uma atitude errada também não ajuda ninguém. Nem mesmo
a vítima. O senso de justiça está dentro de cada ser humano. É natural julgar, se indignar e condenar
uma atitude ruim, mas nós precisamos controlar esse senso e deixar para os verdadeiros
responsáveis fazê-los, pois a nossa condenação pode “matar” aquele que a ouve.
Nossos conflitos surgem de necessidades não atendidas. Marshall Rosenberg diz que “toda violência
é uma expressão trágica de uma necessidade não atendida”. Isto quer dizer que sempre que agimos
de maneira a magoar ou machucar alguém, estamos tentando satisfazer alguma necessidade, mas
não sabemos bem qual é esta necessidade e nem como fazer isto. Os vícios, traições e outros males
podem surgir também de necessidades não atendidas, sendo reconhecidas ou não por nós.
Baseado no princípio de que toda violência é resultado de uma necessidade não atendida, Marshall
Rosenberg demonstra como podemos criar diálogos estruturados que identifiquem melhor nossas
necessidades não atendidas e os sentimentos que discorrem disso.
A partir dessa identificação mais clara, podemos então agir para sanar nossas necessidades,
chegando a um denominador comum mais empático, mesmo que esse denominador seja uma
discordância pacífica. De forma mais ampla, a teoria da CNV trabalha em três grandes dimensões: a
CNV falar, ou seja, como expressamos nossas necessidades e sentimentos; a CNV ouvir, ou seja, a
maneira como ouvimos o outro e identificamos suas necessidades e sentimentos; e a CNV auto
dialogar, ou seja, a forma como estruturamos e mantemos nossos diálogos internos.
Violência
A CNV acredita que toda forma de comunicação humana tem por objetivo demonstrar necessidades
universais. Ou seja, que existe uma reivindicação por trás de cada mensagem que emitimos, mesmo
que esteja encoberta por gritos, ofensas, julgamentos e agressões verbais ou físicas. Em geral, essa
violência é resultado de imposições da cultura dominante, que gera ambientes com grande pressão
pelo poder e competitividade. Diante desse cenário, o mais comum é que as pessoas reajam de um
jeito negativo, tentando se defender e mascarar suas falhas.
Os tipos de violência são vários. Elencamos alguns que são mais “comuns”.
Abuso físico – Significa o uso da força para produzir injúrias, feridas, dor ou incapacidade em
outrem. Ato moderado: Ameaças não relacionadas a abuso sexual e sem uso de armas; agressões
contra animais ou objetos pessoais; violência física (empurrões, tapas, beliscões, sem uso de
instrumentos perfurantes, cortantes ou que causem contusões).
Abuso psicológico – Nomeia agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar, rejeitar,
humilhar a vítima, restringir a liberdade ou ainda, isolá-la do convívio social. Ato severo: Agressões
físicas que causem lesões temporárias; ameaças com arma; agressões físicas que causem cicatrizes;
lesões de caráter permanente, queimaduras; uso de arma.
Abuso sexual – Diz respeito ao ato ou jogo sexual que ocorre na relação hétero ou homossexual e
visa estimular a vítima ou utilizá-la para obter excitação sexual e práticas eróticas, pornográficas e
sexuais impostas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
Negligência ou abandono – Ausência, recusa ou deserção de cuidados necessários a alguém que
deveria recebê-los.
Os gatilhos mentais são agentes externos capazes de provocar uma reação nas pessoas e tirá-las da
zona de conforto. Em outras palavras, são estímulos que agem diretamente no cérebro. Mas não se
trata de hipnose ou algo do tipo, pois a base dos gatilhos mentais está na psicologia. Devemos nos
utilizar desses gatilhos de forma positiva, não para acusar ou lembrar alguém de algo condenável
que fez no passado, pois isso apenas geraria mais conflitos, mas para estimular bons pensamentos e
sentimentos.
Aprendizados na família
Não herdamos apenas a cor dos olhos ou a casa de família. A nossa identidade e a forma como
gerimos as emoções também são uma herança. Está na nossa memória e no inconsciente. Este
legado molda-nos para sempre e, se não estivermos despertos para ele, podemos acabar a repetir
padrões disfuncionais do passado e a viver traumas e ansiedades que não são nossas. Vários
conflitos que vivemos podem ter sido herdados de nossos ancestrais. Precisamos entender a origem
dos conflitos para conseguirmos lidar da melhor forma com os mesmos.
É mais ou menos evidente que o nosso pai, a nossa mãe, a relação que têm entre si e que têm
conosco nos define para sempre. Mas nem sempre é muito óbvio como.
Podemos replicar os mesmos padrões ou podemos fugir deles. Mas há outras pessoas, relações,
ideias e crenças que nos moldam: a forma como se falava de sexualidade em casa, as posições
políticas e religiosas, o valor que se dava ao trabalho, ao dinheiro e à família, aquele tio que sempre
nos apoiou ou uma avó cuja história de vida foi uma referência.
As escolhas alargam-se quando há muitas referências, mas, mesmo assim, escolha nem sempre é a
palavra certa. A herança emocional, na realidade, demonstra que somos um pouco menos livres do
que pensamos.
A família – a primeira forma de sociedade com que nos contatamos, em que aprendemos as
primeiras regras e sentimos os primeiros afetos começa a moldar quem somos ainda antes de
darmos os primeiros passos. Os pais são centrais e uma base segura de onde partir e onde voltar.
Não é por acaso que, tradicionalmente, os psicoterapeutas lidam com muitas questões relacionadas
com a família, com as recordações e emoções de infância. E que as questões mais abordadas são
experiências que revelam carências de amor e de reconhecimento.
Pessoas que se sentiram abandonadas e negligenciadas, comparadas e criticadas, que sentiram que
os pais não gostavam delas, que eram agredidas, que se sentiam invisíveis ou um estorvo são alguns
dos problemas mais frequentes.
1º Pilar da CNV: Empatia - Como sabemos, a Comunicação não-violenta não é apenas uma
metodologia de comunicação para transformar conflitos, ela é uma consciência e uma intenção de
uma validação para aquilo que é importante para cada ser humano. Assim, as minhas necessidades
de pertencimento, apoio, respeito e sentido são tão importantes como as suas necessidades de
espaço, sentido, clareza e segurança. No diálogo empático, honesto e respeitoso, vamos buscar um
caminho para que as nossas necessidades fiquem atendidas.
Empatia é um movimento de olhar para a experiência do outro a partir do universo dele. É oferecer
presença na escuta, não para concordar ou discordar, nem para buscar soluções ou aconselhar, mas
sim para compreender os sentimentos e necessidades do outro.
É uma habilidade, que pode ser desenvolvida, de compreender o significado da experiência que uma
outra pessoa está vivenciando e legitimar essa experiência. Demanda um aquietar de nossas
conversas internas, prontas, condicionadas, para abrirmos o espaço curioso e interessado da escuta
do outro. Numa metáfora, é entrar dentro da casa da pessoa que estamos ouvindo, olhar o que ela
tem pendurado na parede, como ela arruma sua sala, o que ela come, qual é sua tradição religiosa,
que músicas ela ouve, qual sua cultura familiar, quais são suas experiências, crenças, realidades. E
daí, quando conhecemos mais do mundo de dentro dessa pessoa fica mais fácil compreendermos e
validarmos seus sentimentos e necessidades. E também, fica muito provável que a conexão entre as
pessoas flua a contento.
Como eu escuto? Empatia é compreender antes de resolver. Escutar sem empatia é olhar sem ver.
É dizer sim com o rosto enquanto a mente está ausente, desconectada e afastada emocionalmente
de quem está na frente. Poucas competências são tão essenciais para construir relacionamentos
Escutar sem empatia é algo mais comum do que podemos pensar a princípio. Além disso, às vezes
tendemos a ritualizar tanto nossas interações cotidianas que não percebemos a falta de conexão
emocional, essa que, quase sem saber, dirigimos a quem está diante de nós. Um exemplo muito
característico são os pais e mães que respondem quase automaticamente aos filhos quando
explicam algo a eles. São frases banais como “sim, este desenho está muito bonito” ou “sério? Que
interessante“, enquanto os pegam na escola ou enquanto estão ocupados com outras coisas e as
crianças tentam explicar o que fizeram durante o dia.
Essas dinâmicas não significam que amamos menos nossos filhos, de maneira alguma. Significam
que às vezes não temos tempo para estar presentes e nos limitamos apenas a ouvir sem empatia,
porque a vida é agitada, porque nossas jornadas fazem nosso pensamento estar em todos os lugares
(e em nenhum ao mesmo tempo).
O homem, geralmente, tem dificuldade de desenvolver essa escuta empática, pois tudo que ele quer
em um diálogo é “resolver os problemas”, quando na verdade, o que a outra pessoa queria era ser
ouvida e compreendida.
A empatia está em nossa capacidade de sermos presentes. A empatia requer tempo e saber estar
presente, sem pressa e sem desculpas. A atitude empática se vale primeiro do olhar. Precisamos
olhar para o outro sem julgar, com proximidade e carinho. Devemos saber como responder. As
críticas, os julgamentos ou o “eu no seu lugar teria feito” não ajudam nesses casos.
Por sua vez, a empatia precisa, acima de tudo, ser proativa. Porque quem demonstra que entende,
mas não faz nada, erra. Fazer acreditar que somos valiosos, mas nos negligenciar mais tarde, deixa
uma marca e dói.
Você acha que está se comunicando? A maior questão da comunicação é a ilusão de que ela está
acontecendo. Precisamos ter uma comunicação efetiva, a forma de se expressar e de ouvir tem que
ser sensível. Toda vez que iniciarmos uma comunicação, precisamos refletir se estamos nos
comunicando da forma correta, se a pessoa está recebendo a mensagem exata que queremos
transmitir e se estamos realmente ouvindo de forma empática aquilo que está sendo falado. Não
podemos tentar adivinhar o que a pessoa está querendo falar e sim compreender o que está sendo
falado.
Presença e olhar – Oferecer empatia é estar presente de corpo e pensamento. Não adianta escutar
alguém com a mente longe do que está sendo falado naquele momento. Para Rosenberg, a empatia
está em nossa capacidade de estarmos presentes. O corpo precisa comunicar presença. Devemos
oferecer presença, atenção e olhar empático. Bocejar, olhar para o relógio demonstram total falta
de interesse e consideração com o próximo. Precisamos focar no que a pessoa está comunicando
naquele momento sem desviar o olhar e o pensamento. Precisamos olhar para a alma da pessoa,
não ter interesse em algo que a pessoa pode nos oferecer.
O olhar de uma criança para seu pai ou mão nos seus primeiros meses de vida demonstram
completa empatia, ou seja, naturalmente somos seres que se importam com o outro. O que não
podemos deixar é que as circunstâncias da vida nos tire a capacidade natural que temos de oferecer
empatia.
A – Escuta;
C – Escuta.
Não interrompa, na comunicação, as pessoas oferecem pausas e nesses momentos devemos
pontuar as falas. Não é simples repetição, mas uma demonstração de que as palavras dela são
importantes e que você realmente escutou o que ela estava falando. Para isso, deve haver conexão,
ou a pessoa pode interpretar suas paráfrases como algo pejorativo ou deboche.
Pratique a escuta ativa, pois quando a pessoa é compreendida, ela pode ser curada. Marshall
Rosenberg testemunha em seu livro que por várias vezes viu pessoas transcendendo os efeitos
paralisantes da dor psicológica, quando tiveram contato suficiente com alguém que as escutou com
empatia. Como ouvintes, não precisamos de insights sobre dinâmica psicológica ou de treinamento
em psicoterapia. O que é essencial é a nossa capacidade de estarmos presentes em relação ao que
realmente está acontecendo dentro da outra pessoa – em relação aos sentimentos e necessidades
únicos que uma pessoa está vivendo naquele mesmo instante.
Mudar de assunto: “Vamos sair pra jantar hoje?”. Mudar de assunto é demonstrar total desinteresse
sobre o que a pessoa está falando. Caso não queira falar sobre algo, devemos ser autênticos e deixar
claro que não dá para ter aquela conversa no momento, mas mudar de assunto quando alguém quer
ser escutado, com certeza bloqueia a empatia.
Entrevistar: “Quando foi que isso começou?”. Pedir detalhes do ocorrido bloqueia a empatia, pois
isso traz a atenção para você, é como se dissesse: “eu vou te escutar, mas do meu jeito. Naquele
momento o importante é ouvir o relato do outro.
Educar: “No fundo é uma boa lição para não fazer mais isso”. “Isso pode acabar sendo uma
experiência muito positiva para você, se você fizer isso ou aquilo...”. É sabido que os problemas e
desafios da vida nos ensinam a agir e entender o que nos acontece. Mas o outro pode não querer
escutar isso de você. A não ser que essa pessoa te veja como alguém habilitado para aconselhar
dessa forma (pai, mãe, mentor, professor), você estará apenas bloqueando a conexão entre vocês.
A compreensão ajuda a construir confiança, e, quando tem confiança, as pessoas se mostram mais
autênticas - Transmitir segurança e gerar uma relação de confiança, para que a pessoa tenha
coragem de se abrir e dizer o que realmente está acontecendo. Especialmente se estiver em um
momento mais sensível, como em uma crise.
Contagia: Quem está sendo ouvido fica mais aberto a ouvir – Quando escutamos o suficiente para
gerar uma conexão, aquele que falou fica propenso a escutar e acolher as palavras daquele que
dispensou atenção e empatia.
Mostra para o outro que eu me importo: Valorização, reconhecimento e consideração – Demonstrar
para o outro a importância que ele tem traz equilíbrio na relação, pois sempre que recebemos algo,
naturalmente sentimos que temos também algo a dar. Essa troca é saudável e pode trazer solução a
uma crise.
Autocompaixão abrange perdoar-se, reconhecer no corpo onde dói, enxergar os lados maravilhosos
que habitam nosso ser e que insistimos em desonrar ou subestimar. Uma pessoa empática que não
sobreleve a autocompaixão como dimensão fundamental está contrariando sua própria existência,
como se abrisse mão da sua vida para salvar a do outro, arrancando seu coração para presenteá-lo a
terceiros. Em uma dimensão maior, é por amar meus filhos que cuido de mim, é por querer
trabalhar que descanso, é por desejar um mundo melhor que me permito estar em contato com a
minha felicidade. O contrário de tudo isso é a negação da vida, pela qual somos corresponsáveis.
Algumas frases típicas são: “Isso foi burrice!”; “Como pude fazer uma coisa tão idiota?”; O que há de
errado comigo?”; Estou sempre pisando na bola”; “Isso foi tão egoísta!”.
Se a experiência do viver é, muitas vezes, difícil para cada um de nós, fazer nascer esse amigo
interno e gentil para nos ajudar, pode cuidar de seguirmos apoiados internamente nos momentos
difíceis da vida.
Num momento de autorreflexão é importante fazer algumas perguntas para entendermos como
estamos nos tratando, considerando que se não conseguirmos demonstrar empatia a nós mesmos,
dificilmente teremos empatia genuína por outrem.
Como eu estou?
3 Elementos da Autocompaixão
Gentileza – É preciso nos tratar com a mesma gentileza e cuidado que trataríamos um amigo, não é
difícil entender por que um pouco de autocompaixão faz bem: pessoas assim evitam fazer críticas
destrutivas a si mesmas ou fazer generalizações negativas (do tipo “eu SEMPRE estrago tudo”). Além
disso, elas veem seus problemas e falhas como parte normal da condição humana. Sem dramas.
Não é fácil olhar para si mesmo e pensar que os seus próprios pensamentos te machucam e te
limitam, como um chefe malvado que só mostra os seus defeitos. Mas é a realidade.
Humanização – É praticar a humanidade que já existe em cada um de nós, mas desta vez, conosco.
Somos mortais, ou seja, vulneráveis e imperfeitos. Um alívio perceber o mundo assim, tira toda a
pressão desnecessária que as coisas não são boas o suficiente ou que não somos bons o suficiente.
Aliás, o que é ser bom o suficiente?! De onde vêm essa ideia maluca que devemos ser as melhores
pessoas em tudo que fazemos?! Chorar no trabalho não pode, mostra vulnerabilidade. Dizer “eu te
amo” é um jogo, quem fala antes ganha. Ou chego em primeiro lugar, ou tudo foi em vão. Como diz
Rosenberg em seu livro (CNV), precisamos nos perdoar quando formos menos do que perfeitos.
Atenção plena - A atenção plena ou mindfulness sugere observar as nossas emoções, relacionando
as nossas experiências pessoais com as dos outros na mesma situação. Dessa maneira, podemos
ampliar a nossa perspectiva. O papel de observador corresponde em enxergar os sentimentos de
sofrimento, dor e angústia como eles são. Sem julgar, tentar suprimi-los ou negá-los.
Não dá para ignorar a dor e sentir compaixão ao mesmo tempo. Assim, a atenção plena requer não
ficar super identificando os pensamentos e sentimentos, para não ficarmos presos numa corrente
negativa.
3º Pilar da CNV: Autenticidade – Nas palavras de Brené Brown, a autenticidade é “A prática diária
de abandonar quem nós pensamos que devemos ser e abraçar quem somos”. É uma expressão
daquilo que é verdadeiro e legítimo em nós. Tem a ver com a nossa constituição humana, que
podemos acessar e aceitar. Está relacionada com o reconhecimento de que somos ao mesmo tempo
construtivos e destrutivos, bons e nem tanto. A minha honestidade e autenticidade abre espaço para
minha singularidade, embora mantendo minha conexão com o humano em todos nós.
Gandhi associou a verdade (Satya) com firmeza (Agraha), pois entendia que a expressão da nossa
verdade essencial e clara demanda uma atitude firme e constante e também um trabalho individual
de autoconsciência que praticamos por toda a vida. Seu movimento de libertação da Índia do
domínio da Inglaterra ficou conhecido como a “Força da Alma”, Satyagraha.
A autenticidade pode ser cuidadosa e respeitosa, é uma força corajosa e não-violenta que trazemos
na nossa comunicação, para falar do que sentimos e necessitamos.
Autenticidade externa – Compartilho meus sentimentos e necessidades. Caso não consigamos lidar
com nossos sentimentos e necessidades internamente, precisamos compartilhá-los. A pergunta a ser
feita é: Se eu ficar com esses sentimentos e necessidades apenas para mim, eu vou implodir? Se a
repetição de fatos nos faz sentir incomodados a ponto de não saber lidar com eles internamente,
demos usar nossa autenticidade externa e compartilhar o que sentimos e necessitamos.
Não devemos culpar o outro por nossos sentimentos, devemos ter auto responsabilidade, trazer
para nós a responsabilidade por nossos sentimentos e necessidades, pois quando estão conosco
conseguiremos resolver, mas quando externamos a responsabilidade pelo que sentimos, colocamos
no outro a obrigação de resolver algo que é nosso. Dessa forma, nem sempre a resolução do conflito
virá de forma satisfatória.
Ser sincero ou autêntico? - Muita gente usa a sinceridade como desculpa para grosserias. “O que eu
tenho para falar, falo na cara!”; “Não douro pílula, não uso meias palavras, sou uma pessoa
sincera!”; “Se não gosto de alguém, não faço a menor questão de esconder ou disfarçar...”.
Quantas vezes ouvimos frases como essas? Na verdade, elas são, na grande maioria das vezes,
desculpas para esconder a falta de tato de pessoas ríspidas. Pessoas assim escondem a própria
rudeza nomeando-a de sinceridade.
Apenas um pequeno exemplo: Ao invés de dizer o seu trabalho foi deplorável, o chefe pode dizer
tenho certeza de que você poderia fazer melhor. E sei que fará melhor da próxima vez. Ou seja: se
precisava ‘dar uma bronca’, ela foi dada, mas o profissional foi valorizado e teve sua capacidade
reconhecida.
As pessoas que reagem a tudo com respostas ásperas dificilmente conseguem manter bons
relacionamentos – seja com amigos, com clientes ou com a família. Só fica perto delas quem precisa,
porque as relações são pautadas por medo ou por imposição e autoridade. E não é isso que
queremos! Buscamos relacionamentos duradouros e agradáveis para todos os lados.
OBSERVAÇÃO AVALIAÇÃO
Até hoje, só vi João estudando na véspera João vive deixando as coisas para depois
das provas (verbos de conotação avaliatória)
Acho que o trabalho dela não será aceito / O trabalho dela não será aceito (implicar que
Ela disse que o trabalho dela não será aceito minhas inferências são as únicas possíveis)
Ainda não vi aquela família estrangeira da Os estrangeiros não cuidam da própria casa
outra rua limpar a casa (não ser específico a quem me refiro)
Em 20 partidas, Zequinha não marcou Zequinha é péssimo jogador de futebol (não
nenhum gol ser específico no motivo da afirmação)
Não tenho atração física por Maria Maria é feia (usar adjetivos e advérbios
como se fossem fatos)
2- Sentimentos - O segundo passo é identificar e expressar com honestidade o que você sente em
relação ao que observa: frustração, tristeza, mágoa, insegurança, irritação, etc. Por exemplo:
“Quando você atrasa as entregas me sinto muito inseguro”. Isso ajuda a criar empatia e facilita o
entendimento do outro sobre você. Mas atenção! A responsabilidade pelo que você sente é só sua.
Não culpe o outro pelo sentimento gerado e aceite que todos somos vulneráveis.
Durante os mais de 10 anos de período escolar, você se lembra quantas vezes te perguntaram como
você se estava se sentindo? Seja num momento de dor ou numa celebração, independente do
contexto, é possível que essa pergunta nunca tenha sido feita, não é verdade? Na verdade, o
estímulo costuma vir na direção oposta, acessar sentimentos ou o simples ato de sentir é tido como
fraqueza: “menino grande não chora” ou “mocinha deve se comportar”. Isto é, não só somos
estimulados a olhar para fora, como somos desencorajados a olhar para dentro. Aprendemos em
cada momento, em cada situação, a nos perguntar: “o que esperam que eu diga e faça agora?” ou
“qual o comportamento é mais adequado para mim nesse contexto?”. E essa vai se tornando a
maior força guia dos nossos comportamentos e ações.
Se não valorizarmos nossas próprias necessidades, é difícil que os outros o façam. Pode ser
assustador buscar essa valorização num mundo onde somos, com frequência, julgados por
identificarmos e revelarmos nossas necessidades. As mulheres, em especial, estão sujeitas a críticas.
Durante séculos, a imagem da mulher amorosa tem sido associada ao sacrifício e à negação de suas
próprias necessidades, com o objetivo de cuidar dos outros. Devido ao fato de as mulheres serem
socialmente ensinadas a considerar o cuidado com os outros como sua maior obrigação, elas muitas
vezes aprenderam a ignorar as próprias necessidades. Por ter medo de pedir o que precisa, uma
mulher pode simplesmente deixar de dizer que ela teve um dia cheio, está cansada e gostaria de ter
algum tempo à noite para si mesma.
Lista de necessidades
4 – Pedido - O último passo é pedir que determinadas ações sejam realizadas para atender às nossas
necessidades. Podemos fazer um pedido de solução ou de conexão.
Solução - É importante ser claro no pedido. Por isso, prefira uma linguagem positiva. Em lugar de
exigir “Não quero que grite”, peça “Gostaria que falasse mais baixo”. Quando a gente pede um “não
fazer”, as pessoas ficam confusas quanto ao que realmente está sendo pedido. Além disso, a
solicitação negativa pode provocar resistência em seu ouvinte. Marshall relata: “Num seminário,
uma mulher, frustrada porque o marido estava passando tempo demais no trabalho, descreveu
como seu pedido tinha se voltado contra ela: ‘Pedi que ele não passasse tanto tempo no trabalho.
Três semanas depois, ele reagiu anunciando que havia se inscrito num torneio de golfe!’. Ela havia
comunicado a ele com sucesso o que ela não queria – que ele passasse tanto tempo no trabalho -,
mas tinha deixado de pedir o que ela realmente queria. Solicitada a reformular seu pedido, ela
pensou por um minuto e disse: ‘Eu queria ter-lhe dito que desejava que ele passasse pelo menos
uma noite por semana em casa com as crianças e comigo’”. Além de utilizarmos uma linguagem
positiva, devemos evitar frases vagas, abstratas ou ambíguas e formular nossas solicitações na forma
de ações concretas que os outros possam realizar.
Às vezes a gente expressa um desconforto e espera erroneamente que o ouvinte compreenda o
pedido que está embutido. Por exemplo, um casal conversando: “Estou aborrecido porque você se
esqueceu de comprar a cebola que pedi para o jantar”. Embora pareça óbvio para ele um pedido
para voltar à loja, o companheiro pode pensar que suas palavras foram ditas apenas para que ele se
sentisse culpado. Igualmente problemática é a situação oposta: quando as pessoas fazem seus
pedidos sem primeiro comunicar os sentimentos e necessidades por trás deles. Isso é especialmente
verdadeiro quando o pedido assume a forma de uma pergunta: “Por que você não vai cortar o
cabelo?”. Essa pergunta pode facilmente ser entendida pelos jovens como uma exigência ou um
ataque, a menos que os pais se lembrem de primeiro revelar seus próprios sentimentos e
necessidades: “Estamos preocupados, porque seu cabelo está ficando tão comprido que pode
impedir você de ver as coisas, especialmente quando está em sua bicicleta. Que tal cortá-lo?”.
Quanto mais claros formos a respeito do que queremos obter, mais provável será que o consigamos.
Entretanto, é mais comum que as pessoas conversem sem estar conscientes do que estão pedindo.
Podemos pensar que não estamos pedindo nada, no entanto, Marshall nos diz que sempre que
dizemos algo a alguém, estamos pedindo algo em troca. Pode ser simplesmente uma conexão de
Conexão - A mensagem que enviamos nem sempre é a mensagem que é recebida. Geralmente
dependemos de pistas verbais para determinar se nossa mensagem foi compreendida da maneira
que queríamos. Mas, se não temos certeza de que foi recebida como pretendíamos, podemos
solicitar claramente uma resposta que nos diga como a mensagem foi ouvida, a fim de evitar
qualquer mal-entendido.
Em algumas ocasiões, apenas um “está claro?”, é suficiente. Em outras, precisamos de mais do que
um “Sim, entendi” para estarmos seguros de que a mensagem foi recebida. Aqui, podemos pedir ao
outro que repita com suas palavras o que acabara de ouvir. Temos então uma oportunidade de
reformular partes de nossa mensagem de modo que resolva qualquer discrepância que notarmos no
retorno recebido.
Pode ser que, num primeiro momento, isso soe estranho. Pode ser que o outro interprete como uma
afronta a sua capacidade auditiva ou interpretativa. Quando isso acontecer, podemos nos valer da
Comunicação não-violenta mais uma vez para mostrar o quão importante é para nós ter a confiança
de que conseguimos emitir realmente a sutileza da mensagem. É importante certificar-se de que
ambos saíram com a mesma compreensão da conversa. Pergunte ao outro o que ele entendeu sobre
o que você disse. Quando as pessoas confiam que o nosso compromisso maior é com a qualidade do
relacionamento e que nossa expectativa é usar o processo para atender a necessidade de todos,
então elas podem confiar que fazemos verdadeiros pedidos, e não exigências camufladas.
Perguntas frequentes para pedidos de conexão: “Como é isso pra você?”; “Como é pra você ouvir o
que estou contando?”; Gostaria de te ouvir, como você recebe isso?”.
O exemplo dado por Marshal Rosenberg em seu livro “Comunicação Não-Violenta” retrata bem
como podemos utilizar a CNV em nossas relações:
Nesse episódio, Carlos, de 15 anos, pegou o carro de Jorge, um amigo da família, sem permissão. Ele
saiu para se divertir com os amigos e devolveu o carro intacto à garage, onde sua falta não havia sido
notada. Entretanto, depois disso, a filha de Jorge (Eva, de 14 anos), que também tinha participado
do passeio, contou ao pai o que tinha acontecido. Jorge então informou ao pai de Carlos, que agora
está abordando o filho. O pai começou recentemente a praticar a CNV.
PAI – Fiquei sabendo que você, a Eva e o Ricardo pegaram o carro do Jorge sem pedir permissão.
CARLOS – É, você sempre pega tão pesado quando faço alguma coisa de que não gosta...
PAI – Você está dizendo que gostaria de receber mais compreensão e um tratamento mais justo para
o que você faz?
CARLOS – Ah, claro, até parece que vou receber um tratamento justo e compreensivo de você!
PAI – (silenciosamente, para si mesmo: Rapaz, como fico com raiva quando ele diz isso! Ele não
enxerga quanto me esforço? Eu realmente preciso de um pouco de respeito pelo quanto isso é
difícil, e acho que também preciso que ele se importe um pouco pelo medo que estou sentindo”.)
Está me parecendo que você acha que, não me importa o que diga, você não será tratado com
justiça.
CARLOS – E você se importa de me tratar com justiça? Quando acontece alguma coisa, você só quer
alguém para poder castigar. Além do mais, grande coisa! Mesmo que realmente tenhamos pego o
carro, ninguém se machucou e o carro está de volta no lugar onde estava. Quero dizer, isso não é
nenhum crime.
PAI – Você está com medo de que haverá consequências drásticas se você admitir ter pegado o carro
e quer acreditar que será tratado com justiça?
CARLOS – Sim.
PAI – (dando um tempo em silêncio, para a conexão se aprofundar) O que eu posso fazer para que
você acredite nisso?
PAI – (perdendo o contato com suas próprias necessidades, diz em silêncio: “Rapaz, há momento em
que eu poderia simplesmente matar o pirralho... Fico furioso quando ele diz coisas como essa!
Realmente, não parece que ele se importa... que diabos do que estou precisando agora? Preciso
saber, já que estou me esforçando tanto, que ele se importa comigo”. Gritando com raiva) Sabe,
Carlos, quando você diz coisas como essa, fico realmente furioso. Estou me esforçando muito para
ficar de seu lado nessa situação, mas quando ouço coisas como essa... olhe, preciso saber se você
está sequer com vontade de continuar conversando comigo.
CARLOS – Bem, então acho que quero que você faça as coisas do jeito novo.
PAI – (com humor) Estou contente de ver que seu senso de autopreservação ainda está intacto.
Agora preciso que você me diga se está disposto a me dar um pouco de honestidade e
vulnerabilidade.
CARLOS – O que você quer dizer com “vulnerabilidade”?
PAI – Significa que você me diz o que realmente está sentindo a respeito das coisas sobre as quais
estamos conversando, e eu lhe digo o mesmo de minha parte (com voz firme). Você está disposto?
CARLOS – Não, eu não quis dizer isso. Quero dizer, na verdade o erro não foi dela.
PAI – Ah, então você está chateado porque ela está pagando por algo que originalmente foi ideia
sua?
CARLOS – Bem, sim, ela só fez o que eu disse a ela para fazer.
PAI – Está me parecendo que você está um tanto magoado por dentro, vendo que tipo de efeito sua
decisão teve para Eva.
CARLOS – Bem, eu não pensei no que poderia dar errado. Sim, acho que realmente pisei feio na bola.
PAI – Prefiro que você veja a coisa como algo que você fez que não saiu do jeito que queria. E eu
ainda preciso ter certeza de que você tem consciência das consequências. Você poderia me dizer o
que está sentindo nesse momento a respeito do que fez?
CARLOS – Sim, eu não queria causar tantos problemas. Eu simplesmente não pensei nisso.
PAI – Você está dizendo que gostaria de ter pensado mais a respeito e tido uma ideia mais clara
antes de agir?
CARLOS – Mas, pai, isso é de dar medo! Ele vai ficar uma fera!
PAI – Sim, é provável que fique. Essa é uma das consequências. Você está disposto a ter
responsabilidade por seus atos? Eu gosto do Jorge, quero que ele continue sendo meu amigo, e
aposto que você gostaria de manter sua amizade com Eva. Não é verdade?
CARLOS – (com medo e relutância) Bem... ok. Sim, acho que sim.
PAI – Você está com medo e precisando saber se estará seguro se for lá falar com ele?
CARLOS – Sim.
PAI – Iremos juntos. Estarei lá por você e com você. Estou realmente orgulhoso de você por estar
disposto a isso.