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Guia de Estudos

Comunicação
Não Violenta
Olá, sou Diana Bonar, fundadora da PeaceFlow. Após 10 anos de atuação com a pre-
venção da violência junto a organizações internacionais, eu resolvi trilhar uma carreira
solo focada na área de Gestão de Conflitos e Estudos da Paz, e a Comunicação Não
Violenta se tornou parte fundamental deste trabalho.

Guia de Estudos
Meu primeiro contato com esta área de construção da paz foi em 2008, quando
eu morava em Londres, junto à Organização Peace Brigades International.

Comunicação
Voltando ao Brasil em 2010 eu comecei a trabalhar junto a Partners Global
na implementação de um projeto incrível que levou a Mediação de Conflitos
para dentro de escolas em zonas afetadas pelo crime e violência no Rio de
Janeiro. Como Coordenadora de Treinamentos deste projeto eu fiz muitas
formações e cursos no Brasil e no exterior focados em facilitação de diálog-

Não Violenta
os, Comunicação Não Violenta, Negociação e Mediação de Conflitos.

Em 2014 assumi a posição de Coordenadora de Treinamento e Desenvolvimento In-


stitucional na Organização Internacional de Prevenção da Violência Luta pela Paz, sit-
uada no Complexo da Maré, em Londres, Jamaica, África do Sul e com centenas de
Organização da apostila por Diana Bonar parceiros ao redor do mundo. A minha função era a expansão nacional desta metod-
ologia de prevenção de violência, e assim pude conhecer do Vale do Jequitinhonha
às comunidades ribeirinhas de Manaus. Presenciei muita história de superação e resil-
iência. E pude levar a semente da Comunicação Não Violenta para todos esses locais.

Em 2016 fui umas das líderes mulheres a ser selecionada no mundo para participar do
Global Sports Mentoring Program, uma iniciativa diplomática de cons-trução da paz
ligada ao Departamento de Estado dos EUA e ao Centre for Sports, Peace and Society.

Em 2017 fui uma das 24 pessoas no mundo a ser contemplada com a bolsa
de especialização em Prevenção de Conflitos e Estudos da Paz do Rotary
Internacional.

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Após 6 anos atuando ao lado da Luta pela Paz, um caminho de muito crescimento Apresentação da Apostila
pessoal e profissional nasceu a PeaceFlow. Todo conhecimento que acumulei ao lon-
go do meu trabalho de campo, de gestão de projetos e pessoas, de elaboração de O objetivo desta apostila é nortear os seus estudos.
treinamentos, de mediação de conflitos, de consultoria e o aprendizado com tantos
desafios superados estão direcionados para minha nova forma de atuação na con- Fiz uma coletânea de links, livros e referências em que confio para facilitar a sua busca
strução da paz, com consultoria e treinamentos em gestão de conflitos. por conhecimento. O aprofundamento na Comunicação Não Violenta exige o estudo
de temas transversais, por esse motivo, além na CNV você também encontrará outros
Conheça melhor o meu trabalho aqui na página www.peaceflow.com.br. temas, como a Autocompaixão, Atenção Plena e Neurociência.
Nos aconhe nas mídias sociais abaixo:
Esta apostila está dividida em duas sessões:
1. Conteúdo para aprofundamento
2. Palavra do especialisa

Na sessão de conteúdo você encontrará trechos retirado integralmente da internet


com a devida referência e o link para acessar o conteúdo completo direto na fonte.

Na medida do possível foquei em fontes em português, mas para alguns temas só


encontrei em inglês.

Na área A Palavra do Especialista você encontrará alguns textos escritos por profissio-
nais de diferentes áreas que incorporaram a CNV em suas profissões. É uma ótima dica
de como usar esse conhecimento no ambiente profissional e familiar.

A minha sugestão é que este material seja usado virtualmente, porque possui muitos
links que direcionam para outras páginas, e é uma forma de evitar a impressão e con-
tribuir com o meio ambiente.

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Sumário

Sessão 1 - Conteúdo
1. Introdução à CNV
2. O que é AHIMSA?
3. Neurociência das emoções
4. Inteligência Emocional
5. Autocompaixão
6. Fadiga da Compaixão
7. Atenção Plena
8. A teoria das necessidades humanas universais
9. Lista de sentimentos e necessidades (link para PDF)
10. Aumentando a diversidade nos encontros de Comunicação Não-Violenta
11. Recomendação de leituras e vídeos

Sessão 2 - A palavra do especialista


1. CNV: mudando a consciência, os relacionamentos e os sistemas,
por Roxy Manning, com Janey Skinner
2. O que é uma pesssoa difícil, por Diana Bonar
3. Como a CNV é minha aliada no ambiente organizacional,
por Gabriela Barroso, Diretora Comercial
4. CNV na Advocacia Colaborativa, por Leila Amboni e Mariama Pieratti
5. CNV na Mediação de Conflitos, por Carolina Nalon
6. Pertencimento, por Sandra Caselato
7. Como melhorar a relação amorosa com a CNV, por Cristina Rafaela
8. Uma escola que atravessa oceanos, por Flávia Fassi Samel

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Rosenberg escolheu a comunicação conhecida como “não violenta” para se
Introdução à Comunicação Não-Violenta aproximar da filosofia de Mohandas Gandhi do ahimsa (ou não violência).

A  Comunicação Não Violenta  (CNV) é um processo de  pesquisa  contínua Este texto foi retirado na íntegra de wikipedia
desenvolvido por  Marshall Bertram Rosenberg  e uma equipe internacional de
colegas, que apoia o estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em Saiba mais aqui nestes vídeos:
que predomina comunicação eficaz e com  empatia. Enfatiza a importância de
determinar ações à base de  valores  comuns. Quando usada como guia na co- Para se aprofundar no assunto conheça nossos cursos Onlines e presenciais em www.
construção de acordos, a CNV pode tomar a forma de uma série de distinções, peaceflow.com.br
entre as quais:
Gestão de Conflitos com ênfase na CNV
• Distinção entre observações e juízos de valor
Diana Bonar – Por trás de todo comportamento há uma necessidade
• Distinção entre sentimentos e opiniões
Diana Bonar – Necessidades e Estratégias
• Distinção entre necessidades (ou valores universais) e estratégias
Diana Bonar – CNV e o propósito da raiva
• Distinção entre pedidos e exigências/ameaças

Carolina Nalon - Para início de conversa TEDx


Uma comunicação à base destas distinções tende a evitar dinâmicas classifi-
catórias, dominatórias e desresponsabilizantes, que rotulem ou enquadrem os
Diana Bonar, CNV no ambiente de trabalho: Entrevista com Great Place to work
interlocutores ou terceiros.

A CNV enxerga uma continuidade entre as esferas pessoal, interpessoal e social, Diana Bonar e Cristina Rafaela: Palestra Pais e Filhos Festival da Empatia
e proporciona formas práticas de intervir nelas.

Aqueles que se apoiam na comunicação não violenta (chamada também de  co-
municação empática) consideram que todas as ações estão originadas numa
tentativa de satisfazer necessidades humanas, mas tentam fazê-lo evitando o
uso do medo, da vergonha, da acusação, da ideia de falha, da  coerção  ou das
ameaças. O ideal da CNV é conseguir que nossas necessidades, desejos, anseios
e esperanças não sejam satisfeitos às custas de outra pessoa. Um princípio-
chave da comunicação não violenta é a capacidade de se expressar sem usar
julgamentos de «bom” ou “mau”, do que está certo ou errado. A ênfase é posta
em expressar sentimentos e necessidades, em vez de críticas ou juízos de valor.

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2. O que é AHIMSA? 3. A Neurociência das Emoções

AHIMA é a não-violência, é o respeito incondicional a toda manifestação de vida, Poucas pessoas sabem como o conhecimento da Neurociência é fundamental
qualquer que seja a forma em que se apresente, incluindo a si mesmo. Portanto para entendermos melhor o efeito das emoções em todo o nosso sistema huma-
é a ausência de intenção de fazer mal a qualquer ser vivo, assim como a si mes- no. A diferença das reações diante dos conflitos pode estar relacionada com a
mo. AHIMA é um dos yamas da Yoga clássica, fazendo parte de princípios que experimentação emocional de cada pessoa ou até mesmo do que é chamado de
forma um código de conduta para evolução do ser humano. “sequestro da amigdala”, quando a parte mais primitiva do nosso cérebro toma o
controle sobre as nossas ações.
“Ahimsa, rightly understood, is the ultimate weapon; it turns one’s enemy into
a friend, thereby banishing the possibility of further conflict. In the practice of
Dentro do vasto e complexo campo da neurociência o que mais nos importa
yoga, it is important to understand that the same life flows in the veins of all
creatures.” – Swami Kriyananda” para o conteúdo de inteligência emocional e gestão de conflitos é a formação e
funcionamento do cérebro trino.
Leia mais aqui.
Referências: Gandhi and Non-Violence, William Borman. Chapter 1, “Ahimsa: O cérebro  trino ou triúnico é uma teoria desenvolvida pelo médico e neurocientis-
Gandhi’s Concept” (1986)
ta norte-americano Paul MacLean. A teoria expõe que os seres humanos têm o cére-
bro divido em três unidades diferentes. Essas unidades se desenvolvem em diferentes
«Não aceitar as coisas como elas são, mas entendê-las, ir ao cerne da
questão, examiná-las, usar o coração, a mente e tudo o que tens para en- momentos do nosso ciclo evolutivo, por isso diz-se que foram criadas de baixo para
contrar um modo de viver diferente. cima.
Mas isso depende de ti e não de outro alguém, porque nisto não há profes-
sor, nem aluno, não há líder, não há guru, não há mestre, nem salvador. Tu
Quer dizer, a parte mais antiga e primitiva do cérebro se desenvolve ainda no úte-
próprio és o professor e o aluno, tu és o mestre, tu és o guru, tu és o líder.
Tu és tudo. ro, enquanto o cérebro emocional se organiza nos primeiros seis anos de vida, e
E perceber isto, é transformar o que existe.» Jiddu Khrisnamurti o córtex pré-frontal se desenvolve mais adiante.

Leia mais aqui. A física avançada e a tecnologia converteram a neurociência em um dos campos de
pesquisa mais populares, e têm permitido entender melhor o funcionamento do cére-
bro trino.

Veja o artigo completo aqui.


Para mais embasamento científico busque por Paul Maclean

Sentimentos e Emoções
Como usar as emoções para mudar de hábito - Por Marcio Schulzt

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4. Inteligência Emocional 5. O que é autocompaixão?

Os psicólogos  Peter Salovey e  John  D.  Mayer definiram inteligência emocional


“Para nos vermos positivamente, tendemos a inflar os nossos egos e colocar os
como: ”a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensa­
outros pra baixo para que nos sintamos melhor por comparação. Mas essa es-
mento, compreender e raciocinar com ela, além de saber regulá-la em si mesmo
tratégia vem com um preço – ela nos impede de atingir todo o nosso potencial
e nos outros.”
na vida.” – Kristin Neff

Na prática, isso significa que a inteligência emocional está relacionada a perce- “Para compreender melhor o que é autocompaixão, precisamos ter maior clareza
ber emoções, raciocinar a partir do que dizem as emoções, entender o que es- do que significa compaixão. Temos mais facilidade de cuidar  e ser compreen-
sas emoções significam, gerenciá-las. Segundo o psicólogo Daniel Goleman, in- sivos com os outros do que conosco. Se alguma pessoa com quem nos preocu-
teligência emocional exige um conjunto de cinco habilidades: pamos nos pede ajuda, sabemos ajudar e compreender as suas dificuldades.
A partir dessa compreensão e dessa atenção às necessidades dos outros, po-
1. Autoconsciência: capacidade de reconhecer as próprias emoções. demos nos motivar a agir com o intuito de aliviar o seu sofrimento e de trazer
2. Autorregulação: capacidade de lidar com as próprias emoções. benefícios. A compaixão é essa disposição de agir, em benefício do outro.
3. Automotivação: capacidade de se motivar e de se manter motivado.
Sabemos ser bons amigos das pessoas, mas temos grande dificuldade em
4. Empatia: capacidade de enxergar as situações pela perspectiva dos outros.
sermos tão bons com a gente, com o nosso mundo interno, com a nossa reali-
5. Habilidades sociais: conjunto de capacidades envolvidas na interação so-
dade. O mundo nos ensina que precisamos ser eficientes, perfeitos, bons no que
cial.
fazemos, e que precisamos atender a diversas expectativas quanto ao que se

considera ter sucesso na vida. Precisamos estudar e tirar as melhores notas na
Leia o artigo completo aqui neste link que também disponibiliza uma websérie
escola para entrar numa boa Universidade e conseguir um emprego que permita
sobre o tema.
conquistar uma série de coisas; precisamos casar, ter filhos, depois ter netos;
precisamos cuidar da saúde, ter uma vida espiritual; precisamos poder viajar e
Aqui um vídeo do próprio Daniel Goleman sobre estratégias para ser tornar mais emo-
conhecer outros lugares, comprar um imóvel, trocar de carro periodicamente.
cionalmente inteligente. Video em inglês com opção de legendas em português.
Não somos ensinados a estar satisfeitos com o que temos, a precisar de menos
para ser felizes, a apreciar as nossas qualidades. Pelo contrário, somos incenti-
Leitura obrigatória é o livro clássico Inteligência Emocional de Daniel Goleman.
vados a buscar uma felicidade que parece estar sempre fora do nosso alcance
e, pior ainda, aprendemos a nos enxergar por comparação com outras pessoas.
Dessa forma, nossa autoimagem vai sendo construída a partir de referenciais ex-
ternos: nos sentimos bem conosco se estamos melhores em comparação com
algumas pessoas. Aprendemos a competir desde muito cedo, e vamos flutuando
nossa percepção de nós mesmos conforme esse referencial externo. O proble-
ma disso é que é impossível, por comparação, nos sentirmos bem o tempo todo.
Na maioria das vezes, podemos observar alguém que tenha algo que não temos,
seja uma relação, seja um carro, ou status, ou aparência atraente. E quando nos

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sentimos inferiores, nos isolamos, nos sentimos inadequados, e temos vergonha cobranças que incorporamos ao longo da vida.
de falar sobre isso. Como se o problema fosse unicamente nosso.
Embora seja possível cuidar do outro passando por cima das nossas necessi-
Enquanto a autoestima depende desse referencial externo, a autocompaixão dades, a longo prazo essa ação não se sustenta. Em algum momento, nosso corpo
possibilita resgatar uma aceitação incondicional com o que quer que se apre- e nossas emoções nos sinalizam que também precisamos desse cuidado e desse
sente na nossa vida. A partir de um olhar atento e de uma disposição de cuidado, olhar atento. Não por acaso, a  síndrome de burnout  (caracterizada por fadiga
podemos escutar as nossas necessidades e nos mover a partir do que tenha excessiva, desânimo, sensação de impotência e estresse) é tão presente entre os
sentido para a nossa vida, sem precisar atender a uma expectativa externa para profissionais da saúde, que precisam cuidar dos outros grande parte do tempo.
nos sentirmos bem conosco. Através dessa aceitação, inclusive da necessidade Cuidar de si é, portanto, um pré-requisito indispensável para cuidar dos outros.
de transformação, podemos perceber que o que nos faz sofrer se encontra no
A boa notícia é que a habilidade de ser (auto)compassivo pode ser treinada. É o que
universo de muitas pessoas. Do mesmo modo, percebemos as nossas poten-
tem sido demonstrado pela pesquisadora e psicóloga Kristin Neff, da Universidade do
cialidades e as reconhecemos nos outros. Não precisamos ter algo ou ser al-
Texas. Neff tem mostrado através de diversos estudos que cultivar a autocompaixão
guém para sermos nossos bons amigos, da mesma forma como fazemos com
possibilita uma série de benefícios, como: redução dos sintomas de estresse e de-
os nossos melhores amigos.
pressão, assim como outros sintomas de adoecimento mental; aumento da liberação
Quando não cultivamos a autocompaixão, somos duros e rígidos conosco; temos do hormônio de ocitocina no corpo, responsável pelo prazer e pelas emoções prazer-
dificuldade em aceitar nossos erros, e nos culpamos por eles; nos cobramos para osas; diminuição da autocrítica e da sensação de isolamento; aumento da conexão
sermos perfeitos com frequência, e nos desapontamos com as expectativas tão entre as pessoas; e, principalmente, aumento de comportamentos pró-sociais, como a
altas que criamos; achamos que não estamos suficientemente prontos quando compaixão e a empatia. Em uma cultura que favorece a competição a qualquer custo,
somos reconhecidos, pois temos dificuldade de aceitar que já merecemos a fe- cultivar a autocompaixão tem se mostrado como um dos caminhos para superar a
licidade e o reconhecimento nesse exato momento; nos julgamos pelos nossos sensação de baixa autoestima e de isolamento, infelizmente, cada vez mais crescente
pensamentos e emoções não prazerosos, e os reprimimos; não reconhecemos nos dias de hoje.”
e não sabemos escutar as nossas necessidades, pois precisamos dar conta das
Texto por Caroline de Oliveira Bertoline, Psicóloga especializada na área de atenção
necessidades dos outros antes;  suportamos por muito tempo situações que
plena e compaixão . Texto retirado na íntregra do Website da autora.
não nos fazem bem por acharmos que não merecemos algo melhor; nos so-
brecarregamos de coisas, deveres, cobranças; perseguimos e projetamos nos “Cultivando a autocompaixão, nós não nos avaliamos conforme os nossos
outros nossas necessidades não atendidas de cuidado, valorização e aceitação; sucessos, e não nos comparamos com os outros. Ao invés disso, reconhecemos
temos dificuldade de expor as nossas fragilidades e vulnerabilidades; achamos as nossas falhas e erros com paciência, compreensão e bondade. Percebemos
que temos algum problema quando não cumprimos com qualquer um dos itens os nossos problemas dentro de um contexto maior da nossa condição humana
do “roteiro de felicidade” (como casar e ter filhos, ou ter um emprego, por ex); compartilhada. Então, a autocompaixão, diferentemente da autoestima, nos per-
também nos culpamos se não nos sentimos felizes quando estamos cumprindo mite estar mais conectados com as outras pessoas, e mais positivamente à sua
com esse roteiro, ou se não atingimos alguma meta; nos achamos estranhos, disposição. Finalmente, a autocompaixão nos permite ser honestos conosco.
inadequados, pois nos sentimos pressionados a sermos uma outra pessoa. Com essa atitude de aceitação, a autocompaixão promove uma compreensão
realista da nossa situação.” – Thupten Jinpa
Nesse exato momento, quando nos damos conta disso, também podemos nos
julgar por não sermos compassivos conosco. Mais um item da lista imensa de

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Recomendações para saber mais 6. Fadiga da Compaixão
Livro: Autocompaixão: pare de se torturar e deixe a insegurança pra trás
Kristin Neff, Editora Lúcia Letra “Comecei a escrever esse texto enquanto assistia a uma aula da especialização na área
Mindfulness e Autocompaixão de Resolução de Conflitos e Estudos da Paz no Centro de Paz da Tailândia, junto com
outras 24 pessoas de 20 países diferentes. Todos nós “fadigados pela compaixão” ou
Livro: Felicidade Genuína com Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) Secundário. A maioria das pessoas já
por Alan Wallace ouviu falar sobre TEPT ou já viveram situações de trauma.

Vídeos:
O psicólogo e professor Dr. Sonbat palestrava sobre o tema de traumas e autocuidado.
Autocompaixão com Kristin Neff
Eu assistia com atenção para incorporar o aprendizado junto ao público com quem
Superando objeções trabalho e com parte da minha equipe que lida diretamente com si­tuações mais difí-
Os 3 elementos da Autocompaixão ceis, comuns a uma zona de guerra urbana. Eu nunca me consi­derei uma pessoa trau-
matizada. Nunca sofri acidentes graves, nunca fui violentada de nenhuma forma, nun-
O espaço entre autocompaixão e autoestima ca apanhei e nunca presenciei ao vivo cenas graves de violência. Mas eu já conheci,
ouvi e ajudei muitas pessoas que passaram por esses traumas.
Pesquise também sobre vulnerabilidade com Brene Brown.

Bene Brown - Ouvindo a vergonha Enquanto ele dissertava sobre o assunto, mostrava gráficos e vídeos e aplicava
questionários para avaliar o nosso nível de trauma, eu comecei a sentir um nó na
Bene Brown - O poder da vulnerabilidade garganta. Lembrei das vezes que cheguei em casa me “arrastando”, das vezes
que chorei sem saber exatamente o porquê, das vezes que perdi minhas coisas,
das vezes que eu não consegui me lembrar o que tinha feito no final de semana
passado, das vezes que eu senti um isolamento, dos pesadelos de perseguição,
armas e mortes. Continua....

Texto retirado na íntegra do Medium da autora Diana Bonar. Leia o texto com-
pleto aqui.

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7. Atenção Plena 8. Necessidades Humanas Universais

Qualquer forma de meditação será uma aliada na disciplina e prática de gestão Uma frase do Marshall Rosemberg diz:
de conflitos e desenvolvimento da inteligência emocional. Estudos da Neuro-
“Toda violência é uma expressão trágica de necessidades não atendidas”
ciência já comprovam o efeito em nosso cérebro e como contribui para auto
regulação das emoções. A teoria das necessidades humanas parte do princípio que nós seres humanos com-
partilhamos as mesmas necessidades. Se nosso corpo fisico precisa de água e alimento
“Mindfulness é a intenção de levar a atenção ao momento presente livre de julgamen- para permanercer saudável, o nosso campo emocional e espiritual precisa de autono-
tos e emoções (1). Essa definição ao longo desses mais de 30 anos continua sendo mia, liberdade e acolhimento para sentir bem-estar. Independente de raça, culura ou
a que expressa melhor o significado de Mindfulness. Ela foi criada pelo médico Jon crença, todos os seres humanos possuem o mesmo conjunto de necessidades, e irão
Kaba-Zinn, que é o criador do protocolo mãe de Mindfulness, responsável por dar um ter sentimentos negativos quando não conseguem atender à essas necessidades e
modelo que pudesse ser usado em pesquisas. Seu protocolo tinha como objetivo at- sentimentos positivos quando conseguem.
ender pacientes com depressão e dor crônica que não respondiam a medicamentos.” O que nos distingue é a forma, a ação, o comportamento, a nossa estratatégia indi-
vidual ou coletiva para buscar atender essas necessidades. Neste sentido, mesmo as
Texto escrito pelo Dr. Guaraci Tanaka, especialista em Neruciência e Mindful- atitudes violentas são formas drásticas, um meio, de atender necessidades, como as de
ness. Leia o arttigo completo aqui: Mindfulness por Guaraci Tanaka segurança, pertencimento, sentido, expressão entre outras.

Todas as necessidades e sentimentos são legítimos e compartilhados entre nós hu-


Este website traz um bom resumo de vídeos e especialistas de Mindfulness.
manos. O que precisamos controlar são os nossos comportamentos, atitudes e escol-
E também iniciativas em vários locais do Brasil.
har de como satisfazer a nossa realização na vida. Quanto maior for a consciência de
um indivíduo sobre as suas necessidades e a dos outros, mais hábil e criativo ele se
QUAL APP usar:
tornará para buscar variadas soluções para uma mesma questão. O que facilita a con-
Aqui você encontra a recomendação de alguns aplicativos que te ajudam a
exão com outras pessoas e aumenta a capacidade em gerir conflitos de forma positiva.
praticar todos os dias.

Livros: Marshall Rosember dizia que:


Quer se aprofundar ainda mais? “Por trás de todo comportamento há uma necessidade”
Veja aqui uma lista de livros excelentes sobre o tema.
Esta frase é um convite para olharmos mais a fundo e encontrarmos as necessidades
escondidas por trás de um comportamento que nos é desafiador. Busque as necessi-
dades por trás dos julgamentos que escuta sobre você, e também por trás das críticas
que você faz de outras pessoas. Essa busca ajuda a lapidar a nossa capacidade empáti-
ca.

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“A Comunicação Não-Violenta (CNV), criada por Marshal Rosenberg, busca desenvolv-
er uma expressão mais autêntica e honesta e uma escuta mais empática por meio da
alteração do foco e da intenção por trás da comunicação. Essa alteração visa contribuir
para a conexão entre as pessoas através de um entendimento profundo, da empatia
que emerge a partir de um denominador comum: nossa humanidade compartilhada
(valores, princípios ou necessidades comuns a todos os seres humanos). Além da CNV,
várias outras teorias e abordagens entendem o ser humano a partir de suas Necessi-
dades Humanas Universais, como as de Manfred Max-Neef (Economia), Mary Clarck
(Biologia), Maslow (Psicologia), Johan Galtung (Estudos de Paz), entre outros.“

Trecho escrito por pela Psicóloga e facilitora de CNV com décadas de experiência San-
dra Caselato . Acesse o texto completo aqui.

Estudo Completo por Joseph Galtung sobre a abordagem das necessidades hu-
manas universais pode ser encontrado aqui em inglês.

9. ACESSE AQUI A SUA LISTA DE SENTIIMENTOS E NECESSIDADES

Esta lista de sentimentos e necessidades foi elaborada para ser um material de con-
sulta frequente. Esta organizada em PDF para que você possa imprimir e carregar com
você. Aumentar o vocabulário e consciência sobre as necessidades irá facilitar muitos
diálogos que você precisará ter em sua vida, principalemente os mais delicados.

Esperamos que seja útil. E fique a vontade para compartilhar com outras pessoas.

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10. Aumentando a diversidade nos encontros de CNV
A experiência de vida de Roxy como imigrante afro-caribenha, combinada com sua
formação acadêmica e trabalho profissional como psicóloga clínica licenciada e Trein-
adora Certificada de CNV cultivou nela uma profunda paixão pelo trabalho que apoia
a mudança social, seja com indivíduos, casais ou instituições.

“Eu participei de dezenas de eventos sobre comunicação não-violenta (CNV) ao


redor do mundo. Se o encontro é nos Estados Unidos ou em um país europeu,
um fato é aparente: muitas vezes sou a única pessoa de cor visivelmente pre-
sente. Nos EUA, pessoas brancas me abordaram várias vezes para perguntar:
“Como podemos ter mais pessoas de cor na sala?” Infelizmente, pessoas de cor
também se aproximaram de mim para me dizer por que elas não estão voltando
aos encontros de CNV. Este ensaio é para compartilhar com as pessoas – es-
pecialmente as pessoas brancas – que querem aumentar a diversidade nos en-
contros algumas das coisas que elas podem fazer para tornar os encontros de
CNV mais acolhedores para pessoas de cor nos EUA.

Um primeiro passo importante é se informar.

Você está realmente ciente das experiências de pessoas de cor na América?


Você já olhou para as estatísticas sobre as disparidades raciais em renda, con-
quistas, detenção, moradia e discriminação no trabalho? Você já considerou o
que essas estatísticas significam para a experiência do dia-a-dia de muitas pes-
soas de cor?

Houve vários casos em encontros de CNV, ao surgir o assunto da raça, que ouvi
alguém minimizar as experiências de pessoas de cor. Isso pode acontecer em
declarações explícitas ou de maneiras sutis. Por exemplo, depois que um homem
latino compartilhou como policiais espancaram seu irmão simplesmente por ter
perguntado por que ele foi parado (a gênese da desconfiança subsequente do
locutor diante da polícia), uma mulher branca expressou choque que exista al-
guém que acredite que os policiais não foram solícitos. Quando isso aconteceu,
muitas das pessoas de cor ficaram caladas no grupo. Como é possível começar
a se conectar quando as experiências diretas de vida são desafiadas? Como foi
possível que as estatísticas sobre violência policial contra pessoas de cor não
foram apenas desconhecidas, mas também desafiadas?

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Você está fazendo seu próprio trabalho interno fora desses encontros ou anda Um terceiro passo é distinguir entre intenção e impacto, e se atentar ao
perguntando essas coisas para pessoas de cor que vêm a sua oficina para apren- impacto.
der e compartilhar a CNV? Obtenha apoio fora desses eventos para entender as
questões de discriminação e as disparidades resultantes dela. A maioria das pessoas que vem para os encontros de CNV tem em seus corações
a intenção de se conectar e apoiar. Apesar de suas melhores intenções, às vezes
Em uma oficina recente, uma afro-americana descreveu, com muita dor, seu
seus esforços para se conectar têm um impacto diferente da sua intenção. O que
cansaço total em relação a seus amigos brancos, pedindo que os alertasse
você faz quando isso acontece, especialmente em torno de questões de diversi-
quando eles diziam algo racialmente insensível. Ela descreveu estar exausta por
dade, afeta o quão acolhedores os encontros de CNV podem ser. Quando você
tentar lidar internamente com essas questões, à medida que surgiam. Ela ficou
afeta alguém, mesmo quando não foi sua intenção, geralmente sabe o que fazer.
perplexa por ter sido convidada a cuidadosamente guardar qualquer reação que
Muitos ensinamentos na CNV tratam disso – conexão antes de correção; empa-
pudesse ter para educar com calma a própria pessoa da qual o comentário a
tia primeiro. Mas o que tenho visto acontecer repetidamente quando se trata de
afetou. Observe o impacto que pedidos de educação e apoio que você faz po-
diversidade é o oposto. As pessoas ficam tão horrorizadas com a possibilidade
dem ter sobre outras pessoas cuja experiência não é reconhecida. Escolha  fazer
de serem percebidas como racistas que se concentram em serem entendidas
o seu trabalho interno  de maneiras que não são desgastantes para as pessoas
por sua intenção, insistindo frequentemente que a pessoa de cor que expressou
de cor presentes no ambiente!
dor diante das ações da pessoa branca pare de expressar dor e reconheça a
Se você já iniciou seu trabalho interno e aprendeu as questões, pode fazer intenção da pessoa branca.
muito para apoiar as comunidades de CNV quando essas questões de
diversidade surgirem. Por exemplo, em uma oficina recente, uma mulher afro-americana – que acabara
de explicar como era doloroso compartilhar suas experiências de discriminação
Uma consequência do privilégio que muitas pessoas brancas experimentam é
– explodiu em profunda dor e raiva quando a resposta de alguém foi deixá-la
que elas, apesar da melhor das intenções, podem estar completamente incon-
saber que desejavam conhecê-la melhor e pediu à mulher afro-americana para
scientes das experiências das pessoas de cor, ou porque experimentar certos
compartilhar suas experiências de discriminação. O solicitante continuou inter-
comportamentos pode ser desafiante para uma pessoa de cor.
rompendo a mulher afro-americana, protestando: “Não foi isso que eu quis dizer”.
Eu vi surgir uma questão de sensibilidade racial em um ambiente diverso, e ob-
Uma jovem asiática-americana explicou como esses tipos de experiências a le-
servei todos recorrendo a outra pessoa de cor para intervir. Se você é uma pes-
varam a se distanciar de encontros de CNV. Ela compartilhou que quando tentou
soa branca e está ciente da questão, intervenha em seu lugar. Você pode ajudar
abordar coisas que aconteceram nestes encontros que ela achava dolorosas,
a comunidade a entender e demonstrar que essa não é uma questão de pes-
outras pessoas insistiam que ela se concentrasse em observações, sentimentos
soas de cor, mas um desafio para todos na comunidade. Você pode remover a
e necessidades. Sua experiência foi que, enquanto as pessoas tentavam fazer
pressão descrita anteriormente de que, se algo me provocar enquanto pessoa
com que ela se concentrasse apenas no momento atual e na intenção de quem
de cor, eu devo colocar de lado meus incômodos e gatilhos e tomar a palavra.
falava, quer a pessoa intencionasse isso ou não, a dor estimulada nela pelo con-
Se  você  tem o conhecimento e a consciência para facilitar, então intervenha.
texto histórico em que essas interações caíram, foi minimizada e negligenciada.
Ajude a educar aqueles que ainda precisam entrar para endereçar a discriminação
e as disparidades do sistema. Como uma mulher descreveu, “se eu entrar na loja e você vier de trás do bal-
cão para me seguir, você pode ter feito isso completamente por acaso. Isso não

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muda o impacto em mim enquanto eu sinto a dor que surge quando este evento falar sobre isso e temos medo de admiti-lo. É um assunto tão doloroso – e, em
me lembra da quantidade de vezes que lojistas me seguiram, me pararam e me alguns casos, tão arriscado – que gera tanto medo para pessoas brancas como
pediram para abrir minha bolsa para provar que eu não estava furtando em lo- pessoas de cor, que ambos os lados tendem a evitá-lo.
jas. Não conheço sua intenção e a dor estimulada em mim é real ”, explicou ela.
“Ouvir sua intenção não diminui a dor que esta é  minha experiência, e que isso
O próximo passo é aceitar que você vai cometer erros e que  vai  estimular a
aconteceu com frequência suficiente para ser um padrão no qual suas ações se
dor de alguém. Isso não significa evitar o assunto. Fale sobre isso. Enderece o
encaixam.”
tema. Nomeie seus medos. Se você afetar alguém, então use suas habilidades
Neste caso, use a CNV integralmente. Ou ofereça empatia à pessoa vivendo essa de CNV e lide com isso. Empatize! Se você não conseguir, faça autoempatia e
dor, ou busque receber empatia você mesmo de outra pessoa. Pedir a uma pes- ajude a outra pessoa a receber empatia.
soa de cor para parar e cuidar da dor alheia cai diretamente em outra armadilha
que as pessoas de cor acham muito familiar: Não deveríamos “deixar” as pes-
Se você afetar alguém e não entender o motivo, peça a um amigo branco ou
soas brancas desconfortáveis. Então, nossa dor precisa ser particular e apenas
a alguém mais experiente (e não afetado) para ajudá-lo a entender.  Empenhe-
compartilhada entre nós. Como podemos querer fazer parte de um espaço que
se!  Não fuja e ignore o elefante na sala. Se você é branco, pode fingir que não
se orgulha da autenticidade, quando nossa autenticidade é restrita apenas ao
está lá e que ele sairá quando a pessoa de cor sair. Mas se você é uma pessoa
que é confortável para você?
de cor, esse elefante tem sua tromba enrolada em volta do seu coração, esper-
Continue a fazer o seu trabalho interno. Perceba quando sua dor em relação às ando para segui-lo na próxima reunião. Reconheça que isso não é uma questão
possíveis percepções sobre você  ou sobre o impacto de suas ações, surge e apenas para as pessoas de cor. Todas e todos perdemos algo precioso – uma
recebe apoio.Mas não permita que receber apoio ou resolver sua própria dor lhe comunidade autêntica – quando não discutimos questões de diversidade, es-
impeçam de reconhecer o impacto de suas ações em pessoas de cor. Que não pecialmente quando isso resulta em pessoas saindo e não voltando.
seja um impedimento para você empatizar com a dor que experimentamos ao
Este ensaio também destaca um aspecto de liderança que é especialmente im-
ouvir suas palavras.
portante quando se trata de questões como inclusão, dinâmicas de grupo e fun-
Relacionado a esses pontos está a questão sobre o que é “aceitável” cionamento de grupos. Você não precisa ser o líder designado em um grupo para
falar em encontros de CNV. realizar essas ações. Como líder, você terá certo poder estrutural que facilitará
suas ações terem um impacto nos outros membros do grupo. Mas, grandes mu-
Fiz parte de muitos grupos de CNV onde discutimos tópicos intensos. As pes-
danças podem acontecer quando as pessoas lideram de baixo, quando tomamos
soas compartilharão histórias de traumas pessoais comoventes e os grupos
atos de liderança a partir de posições de menos poder estrutural.
pararão para expressar cuidado e sustentar o espaço para elas. Mas, de novo
e de novo, vi pessoas de cor expressarem dor sobre o racismo. As pessoas se Independentemente da sua posição no grupo, a maneira como você responde
calam. Mudamos o assunto. Iniciamos um debate sobre a validade da experiên- quando confrontado com essas questões pode impactar como o grupo funciona
cia do interlocutor ou pedimos ao interlocutor para provar sua observação. e o quão acolhedor o ambiente do grupo é para todas e todos. Como uma pes-
soa branca que testemunha algumas das dinâmicas dolorosas descritas anteri-
A América ainda está tão atormentada sobre racismo, tão insegura sobre como
ormente no artigo, você pode optar por usar o privilégio que tem como pessoa
admiti-lo e falar sobre, que mesmo em encontros de CNV, não sabemos como
branca para mudar os padrões frequentemente inconscientes que atormentam

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grupos bem-intencionados, tenha ou não o poder estrutural que vem junto ao 11. Recomendação de leituras e vídeos
nome de líder. É uma ótima oportunidade para realmente viver em alinhamento
com seus valores, para criar um clima mais inclusivo e para liderar pelo exemplo.”
Recomendação de livros

Tradução livre do artigo “Increasing Diversity in NVC Circles” escrito originalmente Vivendo a Comunicação Não Violenta
em inglês por Roxy Manning. Marshall Rosenberg, Editora Sextante

Fonte: http://www.roxannemanning.com/2015/12/30/increasing-diversi-  
ty-in-nvc-circles/ The Surprising Purpose of Anger
Marshall Rosenberg, Editora Puddle Dancer
Traduzido por Colibri: https://colabcolibri.com/facilitacao-de-grupos/aumentan-
do-a-diversidade-nos-encontros-de-comunicacao-nao-violenta-cnv/
A arte da imperfeição
Brené Brown, Editora Novo Conceito

A coragem de ser imperfeito


Brené Brown, Editora Sextante

Autocompaixão: pare de se torturar e deixe a insegurança pra trás


Kristin Neff, Editora Lúcida Letra

Inteligência Emocional
Daniel Goleman, Editora Objetiva 

Tornar-se pessoa
Carl Rogers, Editora Martins Fontes
O trabalho de Rogers é central na psicologia humanista e deu origem a muitas
teorias, como a própria CNV.

O inferno somos nós


Leandro Carnal e Monja Coen, Editora Papirus

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A Autobiografia de Martin Lither King
Com base em arquivo inédito de textos autobiográficos do próprio King, incluin-
do cartas e diários não publicados, assim como filmes e gravações. Recomendações de vídeos:

The Surprising Purpose of Anger: Beyond Anger Management: Finding the Gift Sobre Comunicação Não Violenta
(Nonviolent Communication Guides) 
Marshall Rosemberg As causas da Raiva

Reweaving Our Human Fabric: Working Together to Create a Nonviolent Future


Workshop de Marshall Rosemberg
Miki Kashtan, socióloga, facilitadora de Comunicação Não-Violenta e escritora

Naturalizando a CNV
Livros de Gene Sharp
Gene Sharp foi um professor emérito de ciências políticas da Universidade de
Cultura de Paz nas escolas, usando a CNV
Massachusetts Dartmouth. É conhecido por seu extenso trabalho sobre luta
não-violenta, que tem influenciado várias resistências anti-governamentais ao
Parentalidade com Empatia
redor do mundo.
Ele passou a vida pesquisando sobre a resistência não-violenta e o porquê deste
Entrevista com a Great Place to Work - Ambiente de trabalho
ser o método mais eficaz de se derrubar regimes corruptos e opressivos. O tra-
balho de Gene Sharp influenciou movimentos de resistência pelo mundo – e con-
Sobre Autocompaixão
tinua a fazê-lo.
Saiba mais sobre ele aqui:
O que fazer com a empatia que dói?
PDF do Livro: Da Ditatura à Democracia
(Disponibilizada pela Organização Aeinstein, fundada por ele)
Os componentes da autocompaixão

TED - Fadiga da Compaixão

Sobre as emoções

Inteligência Emocional

Amor de peixe

Fases do Luto

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Controle e escolhas
SESSÃO 2
As 9 atitudes de Mindfulness
A palavra do Especialista
O que é mindfulness

Sobre conflitos sistêmicos

Solution in Conflict Transformation

Entrevista sobre conflitos assimétricos

Empatia e transformação sistêmica

Lugar de fala

Precisamos romper com os silêncios

What can I do to change?

Como acontece o processo de desumanização

Sexismos, preconceito e desumanização 

More than mean

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1. CNV: mudando a consciência, os relacionamentos e os
sistemas

Por Roxy Manning, com Janey Skinner

A Comunicação Não Violenta (CNV) foi desenvolvida, em parte, porque seu


fundador, Marshall Rosenberg, foi inspirado pelo trabalho de Mahatma Gandhi,
Martin Luther King e incontáveis outros que responderam pacificamente e po-
derosamente a vastos abusos e desigualdades sistemáticos. Rosenberg pres-
enciou o poder transformador de um compromisso ativo e corajoso com a não
violência. Como King, ele também acreditava que uma transformação duradoura
não vem apenas da criação da mudança externa, mas do trabalho por essa mu-
dança a partir de um lugar que abrange a humanidade em todos.

À medida em que os ensinamentos da comunicação não violenta de Rosenberg


se espalharam, a CNV, em muitos lugares, se distanciou da poderosa força de
transformação social que ele tinha imaginado. Muitos que aprenderam esse trabalho
faziam parte dos grupos sociais dominantes de suas épocas. Nos Estados Unidos, o
método de difundir a CNV por meio de workshops significava que ele frequentemente
ressoava em plateias brancas, de classe média, que tinham tempo, educação e dinheiro
para participar, e que eram majoritariamente atraídos pela liberação pessoal que
a consciência da CNV traz. As pessoas que não foram pessoalmente afetadas pelas
desigualdades sociais tenderam a se concentrar nos aspectos de crescimento pessoal ou
de transformação interna da CNV. Eles aplicaram os conceitos a questões relevantes para
seus mundos sem a consciência das maneiras pelas quais suas perspectivas, moldadas
pelas questões e ambientes que conheciam, representavam apenas uma pequena
fração do poder da CNV. Como resultado, uma crítica frequente à CNV é que ela ignora
ou minimiza questões raciais, de classe e outras desigualdades sociais. Esta é uma falha
do modo como a CNV foi aplicada e ensinada, não da abordagem em si.

Leia o artigo completo aqui: CNV: mudando a consciência, os relacionamentos e os sistemas.

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2. O que é uma pessoa difícil? aquilo que preciso para me sentir pleno e realizado. Como autonomia, amor,
liberdade, consideração, empatia, troca, apoio e por aí vai.
Por Diana Bonar, especialista em Gestão de Conflitos Em gestão de conflitos aprendemos justamente como sair deste nó de julgamen-
tos e percepções que aumentam o atrito, e a nos comunicarmos de uma forma
Em primeiro lugar é importante você refletir sobre quem é a “sua pessoa difícil”. uma que traga autenticidade, empatia e assertividade ao mesmo tempo.
característica desafiadora para você, pode não ser para outras pessoas. Através de Uma vez que conseguimos identificar as nossas necessidades por trás de um
pesquisas que conduzo em meus treinamentos e consultorias eu posso te trazer rótulo que damos a outra pessoa, somos capazes de nos expressar a partir deste
alguns insights sobre quais rótulos, em geral, as “pessoas difíceis carregam”. lugar. O que nos deixa mais próximos do que chamamos de ZOPA – a Zona de
- Intransigentes Possível Acordo. E, se você for capaz de identificar a real motivação desta pes-
- Donos da verdade soa para se comportar de forma “intransigente”, “impondo sua verdade” mais
- Autoritários facilidade você terá em lidar com ela. Uma vez que as necessidades, o que real-
- Irônicos e sarcásticos mente importa, para ambos, além da superfície aparente, for revelado, maior será
- Grosseiros a possibilidades de soluções possíveis.
- Repetitivos em suas ideias Podemos dizer que a “sua pessoa difícil” também diz muitos sobre as suas com-
- Controladores petências negociais e a sua habilidade em lidar com emoções como raiva, frus-
- “Sempre na defensiva” tração, irritação, decepção, indignação.
Ao desmistificar a “sua pessoa difícil” e trazê-la para o seu lado como alguém
A maior parte deles descreve uma pessoa com escuta fraca, com dificuldade em que tem sentimento, necessidades e limitações nas formas que escolhe para
levar em consideração outros pontos de vista. Portanto, quanto maior for a sua expressar, ficará mais fácil iniciar uma conversa. Ao humanizarmos o nosso
necessidade por escuta e consideração, mais essa pessoa poderá parecer difícil “oponente”, “a pessoa insuportável” , o “chefe autoritário”... estamos estimulan-
ao seu olhar. do sentimentos como compaixão e empatia. Através deles podemos reduzir o
nosso receio, e facilitar o início de uma conversa transformadora.
E você, será que é a pessoa difícil de alguém? Já ouvir alguns desses rótulos E lembre-se que pode ser que você também seja a pessoa difícil de alguém.
sobre você? Algumas dicas para melhorar o seu approach com esta pessoa:
- Pratique a autorregularão emocional;
De acordo com a Comunicação Não Violenta (CNV) os rótulos negativos que da- - Desabafe com alguém que possa te oferecer empatia;
mos para outras pessoas indicam as nossas necessidades não atendidas nesta - Descontrua a imagem negativa desta pessoa e olhe para ela como mais um ser
relação. Assim como, o comportamento das pessoas também é motivado para humano buscando realização;
atender suas necessidades. Isso significa que o comportamento difícil que você - Identifique suas necessidades
vê no outro, é a forma que essa pessoa encontrou para zelar por algo que é im-
portante para ela, por mais drástico que este comportamento possa parecer. Eu organizei para você uma lista de sentimentos e necessidades que irá facilitar
o seu exercício de buscar a ZOPA.
Vale ressaltar que o termo “Necessidades” para CNV carrega um conceito espe-
cífico, diferente de necessidades materiais, aqui esta palavra se significa tudo Diana Bonar, especialista em gestão de conflitos e fundadora da PeaceFlow

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3. Como a Comunicação Não Violenta tem sido minha aliada 4. Comunicação Não Violenta nas Práticas Colaborativas
no ambiente organizacional e porque você deveria investir
por Leila Amboni e Mariama Pieratti, advogadas com experiência em práticas
seu tempo nisso. coloborativas e CNV

Por Gabriela Barroso, Diretora de Vendasl da SMI Sabemos que o conflito é inerente à condição humana. A sociedade em que
vivemos, em especial, tem se mostrado cada vez mais complexa e polarizada. O
É uma sensação maravilhosa escrever este artigo para você! A prática da fluxo intenso de informações, a velocidade com que as mudanças vêm ocorren-
Comunicação Não Violenta (CNV) precisa ser encorajada e ampliada nos do e a diversidade cada vez mais presente no dia a dia das pessoas contribuem
ambientes organizacionais. Estar aqui te contando meus avanços evidencia para um cenário bastante desafiador. Tudo isso seria, em tese, um terreno fértil
que é possível fazer diferente. Quero compartilhar sobre os desafios e para o advocacia contenciosa.
conquistas, individuais e coletivas, das minhas práticas de CNV. Quero lhe
contar especialmente sobre minha atuação como Diretora de Vendas. Trabalho O exercício da advocacia muitas vezes está associado a uma prática litigiosa.
numa agência de representação e marketing. Sou responsável diretamente por Associa-se o advogado a alguém que defenderá os interesses de seu cliente con-
dezessete pessoas, vinte oito indiretamente. Nesta jornada pude contar com a tra a outra parte, quando os esforços de solução amigável parecem ter chegado
mentoria de Diana Bonar, referência para mim sobre Cultura e Educação para ao seu limite. Essa realidade, infelizmente, não está apenas no “senso comum”,
a Paz. Minha gratidão à Diana pela parceria e por esta oportunidade de partil- mas permeia também a forma como o direito é ensinado nas universidades.
ha. Gratidão à minha equipe por confiar neste processo. Meu desejo é encorajar
você a investir na prática da CNV em suas relações profissionais, independente No entanto, o que a experiência tem nos mostrado é que o litígio não é, na maioria
de seu papel de atuação. dos casos, a melhor forma de se alcançar uma solução satisfatória. As partes,
ao simplesmente delegarem o seu problema a um terceiro, perdendo totalmente
Em 2012 fiz meu mergulho mais profundo no autoconhecimento e transformei o controle do resultado da questão, assim como do tempo que levará para o seu
significativamente minha forma de atuar profissionalmente. Meu “click interno” encerramento, muitas vezes se veem frustradas e desatendidas - ainda que o
partiu de uma famosa frase de Peter Drucker, “as pessoas são contratadas por resultado seja o provimento judicial daquilo que tinham requerido. A solução,
suas habilidades técnicas, mas são demitidas por seus comportamentos”. Na muitas vezes, não atende à necessidade que de fato estava em jogo naquele
ocasião eu atuava como Gerente de Vendas numa grande construtora, com uma conflito.
cultura baseada em meritocracia, muita competição e uma linguagem belicis-
ta. Eu tenho mais de 16 anos de vivência na área de vendas e posso dizer que Leia o artigo completo aqui: CNV NA ADVOCACIA COLABORATIVA
a agressividade sempre esteve presente, e claro, reforçada pela narrativa dos
líderes das empresas por onde passei. Você pode imaginar o quanto eu estava
impregnada dessa agressividade. E, eu escolhi me distanciar disso!

Leia o artigo completo aqui: Como a Comunicação Não Violenta tem sido minha aliada
no ambiente organizacional e porque você deveria investir seu tempo nisso. .

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5. Comunicação Não Violenta na Mediação de Conflitos 6.. PERTENCIMENTO

por Carolina Nalon, Mediadora e facilitadora em CNV Por Sandra Caselato, psicóloga e facilitadora de CNV com mais de 10 anos de
experiência.
A mediação de conflitos vem sendo cada vez mais buscada na resolução de
conflitos. Ela é uma alternativa ao litígio judicial e se apresenta com várias vanta- Pelejo com uma sensação de não pertencimento desde criança. Simplesmente
gens. Não somente a redução de custos e de tempo envolvidos na resolução de não me sinto parte - de grupos, de lugares, da minha própria família, do mundo...
conflitos, mas principalmente porque é um processo que visa restaurar vínculos Desenho a representação dessa situação numa folha de papel. É um sentimento
entre as partes, o que é fundamental para que o conflito não volte a acontecer ou, conhecido me perceber de fora, um pequeno ponto cinza no canto da folha, insig-
pelo menos, que o acordo seja duradouro e cumprido. nificante, longe de onde as coisas acontecem. Ocupando a maior parte do papel,
que é a vida, circulam cores coloridas e vibrantes, em torno de um centro potente
A mediação é, portanto, altamente indicada para casos onde existe uma relação que irradia luz. Tudo acontece lá, nesse outro lugar, fora de mim. Observo no de-
continuada, ou seja, relações que, depois que o processo (que pode ser judicial senho este movimento de vida vibrante e parece que há um olho em seu centro,
ou não) acabar, essas pessoas terão que continuar convivendo, por exemplo ca- me observando. Um olho laranja, que me olha de soslaio com um...
sais divorciados que têm filhos. E essa é uma fala muito importante ao longo de
todo o processo de mediação “depois que vocês chegarem a um acordo, nós Leia o artigo completo aqui: Pertencimento
mediadores vamos sair da vida de vocês, os advogadas e o juíz também; quem
vai continuar? Vocês e a sua família. Por isso, a importância de vocês se dis-
porem a retomar esse vínculo, a resgatar uma maneira respeitosa de se comu-
nicar. Como vocês querem que seja essa relação daqui para frente? Idealmente,
como gostariam que fosse a comunicação entre vocês?”.

Leia o artigo completo aqui: CNV NA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

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7. Como Melhorar a Relação de Casal com a Comunicação 8. Uma escola que atravessa oceanos
Não Violenta?
Por Flávia Fassi Samel, Psicóloga, Educadora e facilitadora de CNV

por Cristina Rafaela, Terapeuta Sistêmica Familiar e facilitadora de CNV


Em um mundo com um constante oferta de mídias e tecnologia capaz de for-
necer conteúdos e informações, fica a pergunta: Qual o papel da escola? Na
- Você nunca me ouve!
visão compartilhada por muitos, a escola que conhecemos antes da internet e
- É claro que eu ouço!
tecnologia se baseava em juntar todos os esforços para que, os alunos ao final
do ano, tivessem assimilado determinados conteúdos. Não era pouca coisa.
Se você e seu/sua parceiro/a estão experimentando conflitos na relação, talvez
seja a hora de olhar para como cada um lida com os momentos de dificuldade e
Seja uma escola pública ou privada, o foco continua o mesmo: fazer os alunos
tensão na vida de vocês.
aprenderem o que já vinha pronto, na mesma medida que isso era traduzido
em notas e aprovações ditadas por um critério de regras arbitrárias. Ao atrelar
O diálogo acima foi de um casal que atendi recentemente. No meu consultório,
aprendizado com o resultado de conseguir passar de ano ou conseguir tirar nota
Ana* disse a Pedro*: “Você só fica nesse celular o tempo inteiro! Você não me
“x” na prova, construímos um barco com furos. O naufrágio se torna inevitável
escuta mesmo! Olha para você, você é muito egoísta!”. Essa fala de Ana não
nestas condições. Até agora conseguimos dar um jeito de tirar a água deste
havia sido a primeira. Eles dois já haviam brigado muito por causa do mesmo
barco furado, mas as pessoas estão cansadas de passar os baldes umas para
tema. E por mais que ela continuasse a falar com ele, parece que o efeito era
as outras. E quando digo pessoas, são todas, desde famílias, professores, ges-
justamente o contrário do que ela esperava.
tores, funcionários e até os alunos. Pergunte a qualquer um destes grupos qual
sua satisfação com o sistema escolar, e com variações haverá um denominador
A abordagem da Comunicação Não Violenta nos mostra que dificilmente jul-
comum: uma grande frustração por ninguém conseguir mais dar conta.
gando ou culpando uma pessoa, ela se abrirá para compreender o que estamos
precisando ou o que estamos sentindo. O mais observado e esperado, nesses
Mas dar conta de quê? Isso que vamos ver aqui. Juntos.
casos, é que sobrevenha uma postura de defesa ou ainda apareça uma justi-
ficativa. Pedro costumava justamente retrucar Ana dizendo “mas eu só estava
Você, leitor destas palavras nesse texto, naturalmente vai arrumando a sua com-
olhando um whatsapp de trabalho e era urgente!”. E às vezes devolvia com outro
preensão do que está sendo escrito. Vai encontrando sentidos, fazendo pontes
ataque: “Você só me critica, Ana! Me deixa em paz!”
dentro de você na medida que os parágrafos vão avançando. Assim é com a vida,
assim é com tudo que fazemos, com as interações e pessoas do nosso redor.
Leia o artigo completo aqui: CNV na terapia de Casais.

E não seria diferente na escola, pois esta forma de viver e conviver envolve a
construção de um aprendizado significativo para todos.

Leia o artigo completo aqui: Uma escola que atravessa oceanos

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Créditos da apostila
Caminhe pela vida buscando qual é a necessidade por trás de cada dor
Organização de Textos: Diana Bonar
individual ou social, permita-se ficar vulnerável, não saber, e aprender.
Textos: múltiplos autores

Design gráfico: Fernanda Gusmão Pernes | fernandagusmaopernes@gmail.com Que a compaixão e a empatia façam parte da sua caminhada.
Portfolio: https://www.behance.net/fernandagusmaopernes/
Diana Bonar
Fotografias: U.S. Dept. of State in cooperation with University of Tennessee Center
www.peaceflow.com.br
for S U.S. Dept. of State in cooperation with University of Tennessee Center for
Sport, Peace, & Society.

Fotógrafo: Jaron Johns port, Peace, & Society.

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