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Felipe G.

Mattos Curso de Mecânica Industrial 28/11/2023

1 – O que é Tolerância dimensional?

Ao longo do ciclo de desenvolvimento de produtos, a tolerância dimensional e


geométrica é um dos mais importantes elementos a serem observados, apresentando
impactos diretos na qualidade final e nos custos de fabricação.
Por causa dessa variação, o controle estatístico de processos deve avaliar a qualidade
dos lotes de produção segundo a tolerância especificada.
“São desvios dentro dos quais a peça possa funcionar corretamente”.

A tolerância dimensional e geométrica assume um papel fundamental para o projeto e


fabricação de produtos, pois estabelece uma representação da variação entre a
dimensão máxima e mínima que um componente pode ter. Nesse sentido, as
tolerâncias que controlam certas variações devem ser definidas em consonância com a
precisão dos processos e das máquinas disponíveis.
Atualmente, existem softwares dedicados a acomodar a variação por meio de análises
estatísticas ou otimizações de tolerância usando as ferramentas de Computer Aided
Engineering (CAE), isto é, engenharia assistida por computador. Esses softwares
também são frequentemente denominados como ferramentas de Computer Aided
Tolerancing (CAT), ou toleranciamento assistido por computador.

2 – Pesquise e responda como calcular os valores de afastamento superior e inferior?

Os afastamentos são desvios e/ou erros aceitáveis dos valores nominais.


Esses valores de desvio podem ser para mais ou para menos e permitem a execução e
montagem de uma peça sem prejuízos para seu funcionamento e intercambiabilidade.
Para o afastamento superior, basta fazer a diferença entre o valor da di-mensão máxima
menos a dimensão nominal. Para o afastamento inferior, é feita a diferença entre
dimensão mínima menos nominal. É possível existir valores negativos para o
afastamento inferior.

No campo da tolerância indicado no desenho técnico, os valores em menor fonte ao


lado da dimensão nominal são diretamente os de afastamento. Algumas tolerâncias
atribuem os afastamentos de forma simétrica, apenas utilizando junto o sinal de mais e
menos.

3 – Qual a importância da norma ABNT NBR 6158:1995 e sua aplicação

Esta Norma fixa o conjunto de princípios, regras e tabelas que se aplicam à tecnologia
mecânica, a fim de permitir escolha racional de tolerâncias e ajustes, visando a
fabricação de peças intercambiáveis.
O campo de aplicação desta Norma abrange dimensões nominais de até 3150 mm de
peças intercambiáveis.
Esta Norma, embora preparada para utilização em peças cilíndricas, aplica-se a outras
formas, visto que os termos "furo" e "eixo" nela empregados têm significados
convencionais. Em particular, o termo "furo" ou "eixo" pode referirse a uma dimensão
interna ou externa de duas faces paralelas ou planos tangentes de qualquer peça, como
a largura de um rasgo ou a espessura de uma chaveta. O sistema prescrito nesta
Norma também estabelece ajustes entre elementos cilíndricos conjugados e ajustes
entre peças que tenham elementos com faces paralelas.
Na aplicação desta Norma é necessário consultar:

NBR 6165 - Temperatura de referência para medições


industriais de dimensões lineares - Padronização

NBR 6409 - Tolerâncias de forma e tolerâncias de posição - Procedimento

4 – O que é Tolerância geométrica (GD&T)?

GD&T, sigla em inglês para Dimensionamento Geométrico e Tolerânciamento, é uma


linguagem de desenho que utiliza símbolos geométricos para expressar os requisitos
funcionais do produto em termos de projeto de peças, ou seja, o chamado desenho
geométrico é um claro desdobramento dos requisitos de aplicação do produto a partir
do projeto.
Ao ler um desenho baseado em GD&T é mandatório que consigamos entender boa
parte das necessidades de aplicação funcionais do produto. E é exatamente por isso
que surgiu essa forma de escrita diferenciada. O sistema típico cartesiano não reflete
completamente as necessidades de aplicação do produto a partir do projeto.

Stanley Parker, engenheiro naval da marinha britânica durante a Segunda Guerra


Mundial, reconhecido como criador do sistema de GD&T, percebeu que conseguia
montar peças reprovadas pela inspeção. No caso em que ele estava envolvido, ele
percebeu que a inspeção estava sendo realizada exatamente conforme o desenho. O
que estava errado era o conceito de peça boa e o conceito de peça ruim pelo sistema
tradicional cartesiano (CD&T – Classical Dimensioning & Tolerancing).
De acordo com Parker, o sistema cartesiano deveria ter aplicação em somente um único
item: a tolerância em dimensões nominais. Além disso, ele percebeu que as dimensões
nominais são incapazes de distinguir entre as características de referência e recursos
controlados, e pior ainda, são totalmente incapazes de definir sistemas de coordenadas.
CD&T também gera um quadrado como forma da zona de tolerância gerando um erro
conceitual com impacto em reprovação de peças boas. Finalmente, ele percebeu que
CD&T não fornece nenhuma maneira de alterarmos as tolerâncias aplicadas às
características em função da variação do dimensional da peça.

A reprovação de peças boas é uma conseqüência natural da aplicação do sistema


cartesiano quando temos por objetivo controlar um aspecto geométrico da peça. Na
figura abaixo, podemos ver o exemplo do uso do sistema cartesiano para controlar a
posição real do centro do furo. Pela representação descrita, o centro do furo pode estar
contido dentro de um quadrado imaginário de 0,2 x 0,2.

Quando aprovamos um ponto exatamente na diagonal do quadrado nós estamos


aprovando um ponto numa condição mais crítica em distância do que um ponto
imediatamente após qualquer um dos lados do quadrado o qual reprovamos. Ou seja,
reprovamos um ponto mais próximo do centro real do que outro mais distante que
aprovamos. Exatamente: dois pesos e duas medidas.

A solução trazida pelo GD&T é a aplicação da zona de tolerância cilíndrica na qual


aumentamos o campo de tolerância em 57%. As peças boas que eram reprovadas são
os pontos na região hachurada do círculo circunscrito que antes eram descartados.

Utilizar o sistema cartesiano tradicional para controle geométrico gera reprovação de


peças boas inevitavelmente. Além disso, o GD&T é uma representação de desenho
normalizado.
Hoje a maioria das empresas que utilizam GD&T se comprometeram a seguir a ASME
Y14.5 ou o conjunto de normas ISO sobre GD&T. A norma ASME Y14.5 emergiu como o
padrão preferido nos Estados Unidos e em vários outros países, principalmente devido à
sua estabilidade, a ênfase na intenção do projeto, a definição matemática e a tradução
para vários idiomas. Atualmente a versão corrente é a ASME Y14.5‐2009.

A percepção que se tem é o grande aumento do uso dessa ferramenta principalmente


na cadeia de fornecimento do setor automobilístico e aeroespacial. Ainda há grandes
deficiências com relação ao conhecimento profundo para desenvolvimento de projetos e
principalmente em interpretação e desdobramento de controles no processo. Sendo
uma ferramenta que é aprendida muitas vezes pelo sistema do telefone sem fio ao ler o
manual de referência todo mundo acha que entende, mas na prática poucas pessoas
conseguem aplicar na profundidade devida não será surpreendente que em breve ela
apareça como o requisito específico de alguma montadora para minimizar a falta de
padronização e os desvios com relação ao que é realmente correto. Afinal de contas,
qual a diferença entre se medir um batimento axial simples ou a retilinidade aplicada ao
eixo de um diâmetro?

O fato final é bastante simples: GD&T é necessário porque é a forma mais correta e
padronizada de se representar e controlar as características funcionais e geométricas do
produto e com certeza é uma solução que gera um volume significativo de economia na
interface projeto e processo.

5 – Acesse a NBR 14646 e explique através da norma o que significa Tolerância geométrica zero.

No geral, o valor de tolerância especificado para uma tolerância geométrica deve ser
maior que zero. Uma exceção onde a tolerância de valor zero é aceitável é uma
tolerância geométrica (por exemplo, posição) que tem um modificador de condição de
material de zona de tolerância Ⓜ ou Ⓛ aplicado. Neste caso, a região de tolerância
inclui uma tolerância extra, pois o elemento parte de sua condição especificada.
Para eliminar esse problema, você deverá modificar a tolerância para um valor diferente
de zero ou, no caso de uma tolerância geométrica de valor zero, especificar uma
condição de material de zona de tolerância Ⓜ ou Ⓛ

NBR 14646:2001
5.2.2 A exigência adicional (ver ISO 8015), juntamente com , restringe ainda mais o
elemento a permanecer dentro da envolvente forma perfeita na dimensão de máximo
material φ 20,0. Neste exemplo, as dimensões efetivas locais devem permanecer entre
φ 19,9 e φ 20,0 e o efeito combinado dos afastamentos de retitude e de circularidade
não deve causar que o elemento ultrapasse as condições de envolvente. Por exemplo, o
afastamento de retitude das geratrizes ou do eixo deve ser 0,0 (zero) quando a
dimensão efetiva for φ 20,0 e não deve exceder 0,1 quando a dimensão efetiva for φ
19,9. Entretanto, o afastamento de perpendicularidade, devido à indicação, pode ser
aumentado para 0,3 (dimensão virtual = φ 20,0) quando a dimensão efetiva local do
elemento for φ 19,9.

6 – Classifique os rebites de acordo com a ABNT NBR 9580: 2015.


Além desses tipos, existe, ainda, o rebite de repuxo, caracterizado por
um cilindro tubular e uma haste interna, cuja função é remanchar uma das
extremidades quando for tracionada. Com isso, por meio de um aplicador específico,
sua aplicação torna-se rápida e precisa. Isso o faz ser amplamente empregado em
uniões de chapas finas.
Veja sua representação na Figura 2.

7 – Classifique os diferentes tipos de arruelas.

Arruela lisa — empregada sob uma porca para impedir que haja danos
à superfície e distribuir a força do aperto. Não tem a função de trava e, por isso, é
usada quando há pouca ou nenhuma vibração.

Arruela de pressão — utilizada em conjuntos mecânicos submetidos a


grandes esforços e vibrações. A arruela de pressão funciona como elemento de trava,
evitando o afrouxamento do parafuso e da porca, pois, quando um deles é apertado, a
arruela comprime-se, gerando uma grande força de atrito entre as superfícies em
contato.

Arruela estrelada — feita de aço mola, tem dentes que se deformam


quando há o aperto da porca ou do parafuso, proporcionando travamento, como na
arruela de pressão.

Arruelas dentada e serrilhada — funcionam como a arruela estralada,


porém são empregadas em equipamentos sujeitos a grandes vibrações e pe-quenos
esforços, como eletrodomésticos, painéis automotivos, equipamentos de refrigeração,
etc.

Arruela ondulada — funciona como as anteriores, pela deformação e


pelo aumento da força de atrito. Porém, por não ter cantos vivos, é indicada para
superfícies pintadas e equipamentos com acabamento externo de chapas finas.

Arruela de travamento com orelha — após o aperto, dobra-se a orelha


sobre um canto vivo da peça e/ou um segmento da arruela, travando uma das faces
laterais da porca/parafuso.

Arruela para perfilados — utilizada em montagens que envolvem canto-neiras ou


perfis em ângulo, por compensar a angulação e deixar as superfícies a serem fixadas
paralelas.

8 – Aplicando o conceito de acordo com Kapp (2016) diferencie “eixo” e “árvore”.

Eixo é um elemento fixo, não submetido a esforço de torção e que apenas suporta
rodas, polias, etc. Como exemplo tem-se o elemento que suporta as rodas de uma
carreta agrícola. Já a árvore é um elemento que gira transmitindo potência, portanto é
submetido a esforço de torção.
É comum serem utilizados indiscriminadamente as palavras “eixo” e “árvore”. Mas há
uma diferença conceitual entre os dois termos: de acordo com Kapp (2016?), o eixo só
suporta flexão, tendo função estrutural, ao passo que a árvore suporta flexão, torção,
cisalhamento e carregamento axial, por transmitir potência por torção

Apesar de a maioria dos eixos transmitir torque de uma engrenagem de


entrada ou polia, para uma engrenagem de saída ou polia nem todos os eixos são
giratórios: eixos fixos, estacionários, podem suportar elementos mecânicos que giram
e transmitem força e momento. Por exemplo: eixos não tracionados de veículos, eixos
que suportam polias, etc.

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