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19/04/2022 15:52 O Portal da História - O Estudo da História

Noções gerais sobre metodologia e prática histórica.

2. Fichas

As fichas são indispensáveis, tanto para o investigador como para o estudante. Elas são pontos de
referência, pequenos fios de uma longa teia que vamos construindo ao longo dos anos.

Constituir um ficheiro é uma das primeiras necessidades de qualquer estudante e, claro, do


investigador. Sobre este assunto não há regras absolutas, e o que os professores, os investigadores e
todas as pessoas que estudam num determinado momento um assunto, para a realização de um
trabalho escolar ou de um relatório no emprego, podem fazer é transmitir a sua experiência de
organização do trabalho. Existem vários tipos de fichas, algumas são indispensáveis, outras estão
dependentes do tipo de trabalho que se irá realizar:

1. fichas bibliográficas;
2. fichas de leitura de livros ou artigos;
3. fichas temáticas;
4. fichas de autor;
5. fichas de citações, e
6. fichas de trabalho.

Como se vê, é impossível realizar todas estes tipos de fichas na realização de um trabalho específico.
Pode ter-se um simples ficheiro de leitura e reunir todas as outras ideias em cadernos de
apontamentos; podemos só ter fichas de citações, se necessitarmos de ter um abundante material
narrativo para citar no trabalho.

Se o objectivo fôr escrever o trabalho enumerando como foram encarados por diferentes autores um
ou mais assuntos, então o ficheiro a criar será formado por fichas temáticas. Mas, se quisermos
organizar a apresentação de um modo diferente, por exemplo, por meio da descrição das posições de
um autor sobre vários assuntos, então realizaremos fichas de autor, e faremos uma ou mais fichas
sobre cada assunto tratado pelo autor estudado.

O tipo de ficha é determinado pelo tipo de trabalho, e pela maneira como o vamos apresentar.

Fichas bibliográficas
A ficha bibliográfica "base" é a organizada por
autor. Cada livro que se identifica dedica-se uma
ficha. Arrumam-se as fichas numa pequena
caixa, ou entre dois cartões unidos por dois
elásticos largos, um que passe pelos lados e o
outro pelas partes superior e inferior.

Na parte superior direita da ficha deve-se


colocar a cota da Biblioteca em que a
referenciámos, e do lado esquerdo para o que é
que nos pode servir - para a introdução, para um
capítulo, ou sub-capítulo, e assim por diante.

As fichas bibliográficas são arrumadas em dois


tipos de ficheiros: Exemplo de uma ficha bibliográfica

1) O ficheiro bibliográfico, que registará todos os livros que se deverão procurar, e não apenas os
que se tenham encontrado e lido;

2) O ficheiro de leitura, que compreende fichas dedicadas a livros, e artigos, que se leram
efectivamente.

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O ficheiro bibliográfico deve acompanhar-nos sempre que vamos a uma biblioteca. As fichas só
registam os dados essenciais do livro em questão e a sua localização nas bibliotecas que se tenha
visitado. Poderá acrescentar-se uma nota qualquer, muito curta, a explicar porque estamos
interessados em encontrar o livro, mas mais nada. Um ficheiro bibliográfico elaborado correctamente é
um auxiliar extraordinário para o resto da vida.

Com base nestas fichas criam-se as fichas de assuntos.

As fichas bibliográficas devem ser escritas seguindo regras precisas de citação bibliográfica.

Fichas de leitura
São as fichas mais correntes e de facto as mais
indispensáveis. São as fichas em que se
anotam com precisão todas as referências
bibliográficas de um livro ou de um artigo, se
escreve o seu resumo, se transcrevem algumas
citações mais importantes, se escreve uma
apreciação ou observações de leitura.

Todas as fichas são realizadas de acordo com


uma regra geral: devem conter uma única ideia
ou a discussão de uma ideia, e conter
informação de uma única fonte.

O formato pode ser um qualquer, mas o A5


como base parece-me o melhor; não é grande Exemplo de uma ficha de leitura
nem é muito pequeno, e é um formato fácil de
encontrar. Há os cadernos e os blocos de apontamentos, e quando só temos folhas A4 à mão é fácil
de criar - é só dividir ao meio, não é verdade ! O papel em que se escreve não deve ser muito leve,
sendo que o mínimo deve ser o de 80 gr/m2, para não se estragar ou rasgar facilmente, e permitir a
utilização dos mais diversos meios de escrita - esferográficas, canetas de tinta permanente,
marcadores, lápis -, sem borrar.

O exemplo mostrado, que é uma ficha de citações não é obrigatório, mas as fichas devem incluir
sempre 4 zonas, que neste exemplo estão separadas por linhas

1. zona de citação bibliográfica básica,


2. zona que remete para o plano de trabalho,
3. zona de transcrição, que é a área maior,
4. zona de notas, ou melhor, área onde eventualmente podem ser escritas notas .

Reparem que as notas estão colocadas na parte de cima e do lado direito da ficha, porque são as
zonas mais visíveis quando necessitar-mos de as folhear.

O método normal de fichar um livro, ou um artigo que se está a ler, ou que se leu, passa normalmente
por 5 passos:

1. Indicações bibliográficas precisas, bastante mais completas do que as da ficha bibliográfica,


descrevendo claramente o livro - se tem ilustrações, índice, o número de páginas, tamanho, a
edição, se se souber de outras, etc.;
2. informações sobre o autor, quando não é muito conhecido;
3. resumo do livro, que pode ser breve ou longo;
4. citações extensas, sempre entre «aspas», dos trechos que se pensa vir a citar, com indicação
precisa e clara da, ou das, páginas;
5. comentários pessoais, entre [ parênteses rectos ], para não haver qualquer possibilidade de
confusão com as citações;

Não se esqueçam que as marcas que colocarem na ficha, por qualquer razão, normalmente
remetendo para uma parte do trabalho a realizar, devem ser realizadas com a ideia, de que ou
poderão ser retiradas, ou não impedirão de se utilizarem outras quando as reutilizar-mos para outro
trabalho. Quero dizer com isto que não utilizem marcas muito grandes.

Fichas temáticas
Há quem lhes chame «fichas ideográficas». São
fichas que se destinam a servirem de
apontamentos pessoais, transcrição de

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passagens e de anotação de ideias próprias que


surgem provocadas pela leitura.

Caracterizam-se por terem um ASSUNTO como


CABEÇALHO, que é criado de acordo com o
plano de estudo, ou de acordo com uma lista de
assuntos pré-existente, como seja a CDU -
Classificação Decimal Universal.

Servem para serem agrupadas por temas, e


podermos assim saber facilmente o que lemos
sobre um determinado assunto. O conjunto das
fichas temáticas cria um ficheiros de ideias que
pode ser organizado das maneiras mais
variadas. Exemplo de uma ficha temática
Assim, numa tese sobre a História do Exército,
podemos ter fichas sobre o Corpo de oficiais, a Artilharia, a Engenharia, os Hospitais, o material
médico, a legislação; mas também poderemos querer organizar as fichas de uma maneira cronológica,
e organizá-lo por períodos, para nos apercebermos da evolução diacrónica da instituição militar, dos
períodos de maior ou menor actividade legislativa, etc., etc. Por isso é bom tentar dar uma data à ficha
temática.

Nestas fichas, é preciso, aqui mais do que nunca, ter cuidado em notar bem o que é citação (entre
aspas " ") do que é escrito por nós ( parênteses rectos [ ]).

Fontes:
Adelino Torres
O Método no Estudo
Lisboa, A Regra do Jogo, 1980

Umberto Eco,
Como se faz uma Tese em Ciências Humanas,
2ª ed., Lisboa, Editorial Presença,1982 (Ed. original, Milão, 1977)

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© Manuel Amaral 2000-2010

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