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INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

DISCIPLINA: TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO

UNIDADE TEMÁTICA: TOMADA DE NOTAS

CONTEÚDO: FICHAMENTO

FICHAS
A ficha foi criada no século XVIII pelo Abade Rozier, da Academia Francesa de Ciências e,
actualmente, o sistema de ficha é utilizado nas mais diversas instituições, para serviços
administrativos, nas actividades académicas e nas bibliotecas, onde, para consulta do público,
existem fichas de autores, de títulos, de séries e de assuntos, todas em ordem alfabética.

Para o pesquisador, a ficha é um instrumento de trabalho imprescindível. Como o investigador


manipula o material bibliográfico, que em sua maior parte não lhe pertence, as fichas permitem:
a) identificar as obras;
b) conhecer seu conteúdo;
c) fazer citações;
d) analisar o material;
e) elaborar críticas.

Aspecto físico
É desejável que se dê uma atenção especial ao aspecto físico das fichas e, dado o seu uso
contínuo, é mais viável ao estudioso a opção por um tamanho único de fichas, mesmo que utilize
vários fichários.
Os tamanhos mais comuns de fichas são:
Tipo grande 12,5 cm x 20,5 cm
Tipo médio 10,5 cm x 15,5 cm
Tipo pequeno (internacional) 7,5 cm x 12,5 cm

Sendo as fichas utilizadas tanto para indicação bibliográfica quanto para resumo, entre outras
formas, é conveniente que a escolha do tamanho seja baseada em características individuais, ou
seja, quem tiver letra pequena não necessita de muito espaço para escrever, ao contrário dos que

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possuem letra grande; para pessoas mais sintéticas o ideal é a ficha pequena, caso não optar-se-á
pelas fichas médias ou grandes.

Composição das fichas


A estrutura das fichas, de qualquer tipo, compreende três partes principais: cabeçalho,
referência bibliográfica e corpo ou texto. As outras, optativas, são, em ordem de sequência,
principalmente nas fichas bibliográficas, a indicação da obra (quem, principalmente, deve lê-la) e
o local em que ela pode ser encontrada (qual biblioteca).

Cabeçalho
O cabeçalho compreende: o título genérico, subtítulos ou os títulos específicos, o número de
classificação da ficha e a letra indicativa da sequência (quando se utiliza mais de uma ficha, em
continuação). Esses elementos são escritos na parte superior da ficha, em duas linhas: na
primeira, consta apenas, à esquerda, o título genérico, na segunda, em quatro quadrinhos, da
esquerda para a direita, os subtítulos ou títulos específicos, o número de classificação e o código
indicativo da sequência.

Referência bibliográfica
A referência bibliográfica deve sempre ser apresentada, segundo as normas cientificamente
estabelecidas.

Corpo do texto
Faz-se a apresentação do conteúdo das fichas de acordo com tipo de ficha solicitada ou
pretendida.

Indicação da obra
Deve-se pensar que as fichas, depois de utilizadas para a realização de um trabalho, poderão ser
novamente usadas na vida acadêmica ou profissional. Dessa forma, é importante que se faça a
indicação da obra, quer para estudos e pesquisas em disciplinas específicas, quer para estudantes
de determinada área.

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Indicação do local
É possível que, depois de fichada uma obra, haja necessidade de voltar a consultá-la. Assim, é
também importante a indicação do local em que se encontra disponível o material.

Exemplo de uma ficha

Título genérico

Subtítulos específicos

Referência bibliográfica

Corpo ou texto (conteúdo fichado)

Indicação da obra

Indicação do local

O que é ficha de leitura?


Segundo Magalhães Filho ficha de leitura é o arquivo do texto, obra ou tema que um indivíduo
leu, contendo a referência e o essencial do conteúdo lido. Afigura-se como uma forma de
assimilar criticamente os melhores textos. Pelo que se pode afirmar que ela é um recurso
didáctico usado pelos estudantes ou pesquisadores na construção do seu próprio conhecimento.

Pode-se definir a técnica de fichamento como sendo o acto através do qual se regista os estudos
de uma obra ou texto, em fichas ou em folhas de papel. Fichar é seleccionar, organizar e registar

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informações que no futuro servirão como material organizado para consulta e fonte para estudos
posteriores.

Para César Luiz Pasold, a ciência do fichamento é uma arte, pois, deve haver no produto desta
técnica uma preocupação estética. Ou seja, o operador desta ferramenta deve zelar para que o
trabalhado resultante da aplicação dessa técnica seja apresentado de maneira organizada,
ordenada e de fácil manuseio.

A elaboração de ficha de leitura deve ocorrer em etapas que se relacionam às técnicas de leitura e
técnicas de redacção:

1. Ler ininterruptamente o texto (leitura corrida) e sem anotações, permitindo-se, assim, o


primeiro contacto com alguns aspectos da obra como: tema tratado, seus aspectos estruturais e
estilo do autor e ao mesmo tempo resolver dúvidas ou incertezas relativas ao vocabulário
empregue e aos conceitos introduzidos no texto;

2. Em seguida, fazer uma leitura mais cuidadosa, selecionando as ideias a serem destacas,
isto é, sublinhando ou anotando os elementos linguísticos essenciais, procurando compreender o
que o autor pretende dizer em cada parágrafo;

3. Contrair o texto lido;


4. Elaborar uma ficha de leitura.
Uma outra técnica que ajuda no fichamento e que também deve ser usada é a do sublinhado.
Sublinhar é isolar do texto um número reduzido de frases e expressões que melhor sintetizam as
informações lidas. Ou seja, implica a redução de texto e não transcrição total. O número de
frases ou expressões destacadas deve ser reduzido, destacar somente a ideia que mais chamou
atenção evitar sublinhar ideias repetidas, sublinhar textos que representem uma ideia central.
Assim, não se trata de resumir o texto ou parte dele, mas sim de isolar nele o que lhe parece mais
significativo.
A ficha de leitura não deixa de ser resumo do texto lido e, mais do que uma técnica de leitura, ela
converte-se em instrumento de pesquisa bibliográfica, funcionando como recursos de memória
imprescindíveis sempre que se está a elaborar uma monografia científica.

Alguns docentes solicitam dos seus estudantes as fichas de leitura com o objectivo de aprimorar
e desenvolver a sua capacidade de leitura e apreensão das ideias propostas pelos textos lidos,

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pelo que, ao ser solicitado uma ficha de leitura, que se defina o tipo de ficha que o docente
deseja.

Importância da ficha de leitura

i) permitir o registo da referência bibliográfica completa, para uso posterior na redacção do


relatório final ou de uma monografia;

ii) referenciar informações ou elementos do texto, de modo a que, posteriormente, e sempre que
necessário, seja possível e facilmente localizável no texto;

iii) sintetizar o trabalho de modo a podermos utilizar essa informação na redacção do estado das
artes.

Convém ressaltar que, conforme a maioria da doutrina, existem cinco tipos básicos de
fichamento a serem tomados em consideração na produção de trabalhos de natureza científica: o
fichamento bibliográfico; o fichamento de resumo ou conteúdo; o fichamento de esboço; o
fichamento de citações e o fichamento crítico (de comentários ou analítico).

Tipos de fichas
Pela natureza das fichas, elas podem apresentar-se sob forma de arquivos bibliográficos dos
livros ou textos lidos ou a serem lidos, sob forma de resumo, citação e de opinião/crítica.

1. Fichas bibliográficas ou de catalogação bibliográfica


São as que nelas se registam as informações bibliográficas completas da obra (apelido e nome do
autor, título da obra, edição, local da publicação, editora, ano da publicação e n°de páginas); as
anotações sobre os tópicos da obra, as palavras-chave e a temática da obra ou texto.
Segundo Ângelo Domingos Salvador, a ficha bibliográfica, de obra inteira ou parte dela, pode
referir-se a alguns ou a todos os seguintes aspectos: a) o campo do saber que é abordado; b) os
problemas significativos tratados; c) as conclusões alcançadas; d) as contribuições especiais em
relação ao assunto do trabalho; e) as fontes dos dados.
A produção desta ficha, através de um levantamento bibliográfico nas bibliotecas que se têm
acesso, é antecedido por uma pesquisa bibliográfica.
Actualmente, o uso do arquivo electrónico facilita a organização dos dados anteriormente
referidos, oferecendo maior rapidez na localização e transcrição dos mesmos.

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2. Ficha de resumo ou conteúdo
Como características da ficha de resumo ou conteúdo, podemos citar as seguintes constatações
retiradas da obra de Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi:
Ficha de resumo é uma apresentação sintética, clara e objectiva do pensamento do autor, isto é, a
capitalização das ideias essenciais (condensação fiel das ideias) do conteúdo apresentado pelo
autor.
Note-se que a ficha de resumo não é uma cópia dos tópicos, nem a exposição abreviada das
ideias do autor, bem como a transcrição das partes do texto original, mas sim uma breve e curta
apresentação dos elementos necessários para a compreensão do texto, usando as suas próprias
palavras, sem se distanciar das ideias veiculadas no texto original.
É deveras importante saber que não é possível resumir um texto à medida que se faz a primeira
leitura e a reprodução de frases do texto, em regra, indica que ele não foi compreendido.

Resumir é apresentar, pelas próprias palavras, os pontos relevantes de um texto, procurando dar
conta das ideias principais e do seu encadeamento lógico, que sustentam o argumento do autor.
Ao ler um texto com vista a produzir uma ficha de resumo é importante não perder de vista três
elementos:

i) As partes essenciais do texto;

ii) A sequência dessas partes;

iii) A correlação entre cada uma dessas partes;

Elaborar uma boa ficha de resumo não é tão fácil quanto parece. É uma competência que deve
ser aprendida e praticada. Para concretizar essa tarefa deve ter-se em consideração o seguinte:

 O texto a ser lido por inteiro e ininterruptamente, sempre com a preocupação de


responder à seguinte pergunta: de que trata o texto? É preciso compreender o texto e ter uma
noção do conjunto antes de iniciar o resumo.
 Fazer-se sempre uma segunda leitura do texto, tentando compreender melhor o
significado das palavras desconhecidas. As frases mais complexas devem ser identificadas e
deve-se procurar perceber o seu sentido. Nalguns casos, quando a linguagem é muito técnica ou
erudita, deve elaborar-se um glossário do texto de modo a agilizar a leitura.
 Ler para resumir é segmentar o texto, agrupando as ideias que tenham alguma unidade de

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significação. Se o texto for pequeno, o parágrafo pode ser adoptado como unidade de leitura
(cada parágrafo encerra uma ideia ou um aspecto de uma ideia). Se o texto for maior é
aconselhável adoptar um critério de segmentação mais funcional, a partir de subtítulos ou
capítulos, por exemplo.

N.B: Ao produzir-se a ficha de resumo, não cabe no conteúdo “fichado”, os comentários,


julgamentos ou juízo de valores sobre o que está sendo resumido.

3. Ficha de esboço

Tem certa semelhança com a ficha de resumo ou conteúdo, pois refere-se à apresentação das
principais ideias expressas pelo autor, ao longo da sua obra ou parte dela, porém de forma mais
detalhada.

Aspectos principais:

a) é a mais extensa das fichas, apesar de requerer, também, capacidade de síntese, pois o
conteúdo de uma obra, parte dela ou de um artigo mais extenso é expresso em uma ou algumas
fichas;

b) é a mais detalhada, em virtude de a síntese das ideias ser realizada quase que de página a
página;

c) exige a indicação das páginas, em espaço apropriado, à esquerda da ficha, à medida que se vai
sintetizando o material. Pode ocorrer que uma ideia do autor venha expressa em mais de uma
página. Nesse caso, a indicação da página será dupla.

4. Ficha de citação
A ficha de citação é a transcrição literal do texto, ou seja, é a reprodução fiel das frases que se
pretende usar na produção do texto técnico-científico. Deve-se ter os seguintes cuidados:

a) toda citação tem de vir entre aspas. É através deste sinal que se distingue uma ficha de
citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a
ficha, se transcreva como do autor das fichas, os pensamentos neles contidos;

b) após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída. Isso permitirá a
posterior utilização no trabalho com a correcta indicação bibliográfica;

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c) a transcrição tem de ser textual. Isso inclui os erros de grafia, se houver. Após eles, coloca-se
o termo sic, minúscula e entre colchetes.

d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se no local da omissão, três
pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final do texto e entre parênteses, no
meio;

e) a frase deve ser completada, se necessário, quando se extrair uma parte ou parágrafo de um
texto, este pode perder seu significado, necessitando de um esclarecimento, o qual deve ser
intercalado, entre colchetes.

f) quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal facto tem de ser assinalado. Muitas vezes
o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa. Nesse caso, é imprescindível
indicar, entre parênteses, a referência bibliográfica da obra da qual foi extraída a citação.

Além disso, segundo João Bosco Medeiros, a transcrição directa de até três linhas deve ser
contida entre aspas duplas. Quanto às citações directas com mais de três linhas devem ser
destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que o do texto utilizado e
sem aspas.

Por fim, quanto aos tipos de citação, depreendem-se três:


1. citação directa – na citação directa utiliza-se literalmente as próprias palavras do autor;
2. citação indirecta – na citação indirecta reproduz-se ideias do autor com as próprias palavras.
Ou seja, pega-se a ideia do autor e a expressa por palavras próprias;
3. citação de citação – na citação de citação é realizada a menção de um documento ao qual não
se teve acesso, mas que se conheceu através de outro autor.
Portanto, segundo a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), a
citação é a menção de uma informação extraída de outra fonte. Pode ser uma citação directa,
citação indireta ou citação de citação.

N.B: Quando a citação passar de uma página para a outra, deve-se conter o número das duas
páginas, (Exemplo: pp. 255-256).

5. Ficha crítica (de comentário ou analítica)


Neste tipo de ficha, o estudante ou pesquisador, para além de descrever o conteúdo da obra lida,
interpreta, incluindo uma crítica pessoal às ideias expressas pelo autor da obra.

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Lakatos e Marconi (2003) afirmam que a ficha crítica pode apresentar um comentário sobre a
forma pela qual o autor desenvolve o seu trabalho, no que se refere aos aspectos metodológicos.

Referência Bibliográfica
 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia
científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
 MEDEIROS, João Bosco. Redacção Científica: a prática de fichamentos, resenhas,
resumos. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

 SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 11 ed. São Paulo:


Cortez, 1984.

 RUIZ, J. Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 4 ed. São
Paulo: Atlas, 1996.

 http://www.vestibular1.com.br/novidades/nov5.htm
Consulta efectuada em 13-02-2015 às 17:18
 http://www.dapp.min-edu.pt/rbe/documentos/BE_PI/Anexo%202.htm
Consulta efectuada em 13-02-2015 às 18:39

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