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mediante a análise da concepção de Herói apresentada na filosofia de Hegel. Não obstante, temos
um problema de fundo que norteia este trabalho. Nós sabemos do esforço de alguns intelectuais
contemporâneos para estabelecer uma relação de subordinação entre ética e política, isto é, entre as
regras que constituem o contexto da ação propriamente política e a universalidade das leis morais
ou éticas. Ou, ainda em outros termos, entre o que é legal e o que é moral. Ora, durante o século
revolucionários, sejam aquelas das vanguardas isoladas ou aquelas de grupos ou partidos inseridos
nos movimentos de massas, parecia mover-se estritamente pela máxima de que os fins justificam
os meios. Isto de fato isola em si mesma a ação política – neste caso transformadora e de ruptura
com a ordem estabelecida - ao contexto próprio do seu exercício, exercício este orientado
pragmaticamente por valores que servem ao mesmo tempo para a avaliação particular do sucesso
universalidade , determinar para o próprio agente o nível de sua convicção, entre outros aspectos. A
moralidade da ação é credenciada pelo valor intrínseco à finalidade – o Telos - que, em última
instância, se acredita ou se toma como o que é fundamental, como o que é universal. Uma das
críticas mais comuns a isto é que se há alguma forma ou acepção de moralidade ou de exercício
moral neste tipo de ação, contexto e projeto, certamente seria de caráter dogmático, determinado
– o qual se toma por ser universal a partir do marco teórico que o justifica como tal. Segundo esta
perspectiva crítica, a moralidade ou a ética são totalmente caudatárias destes valores circunscritos
ao projeto político, sendo este derivado de uma concepção muito própria sobre a realidade e a
história. Se considerarmos uma outra perspectiva moderna por excelência como a de Kant, por
veremos justamente o oposto, a saber: o balizamento das regras e leis da ação política através da
analogia com a Lei Moral. Se focarmos outro moderno, Hobbes, por exemplo, notaremos que a
observância por parte dos indivíduos para aquilo que o filósofo considera ‘leis morais’ – as leis
ditadas pela reta-razão aos homens- , é condição para a efetivação de um contexto de Paz obtido
mediante a instituição pelo contrato do Estado político. O Estado político, por sua vez, cria as suas
Leis como regras que compõe o contexto sócio político em concordância com as leis morais, que
no estado de guerra só eram possível em consciência. Neste sentido, para Hobbes, o Estado
moralidade é possível. Ou seja, um contexto no qual cada agente pode agir moralmente –
observando as máximas ditadas pela reta-razão – sem o risco da morte violenta. Enunciamos
Hobbes e Kant para demonstrar que, mesmo em duas acepções distintas acerca do que é a moral e
dos seus fundamentos, os dois filósofos subordinam o domínio da ação política, i.e., as suas regras à
Lei ou leis Morais. Ora, isto revela ao menos que os autores modernos estabeleceram ou
pretendiam estabelecer uma relação condicionante entre Moral e Política. Isto é, que a ação
política deve ter um balizamento moral – de uma moral cujos os fundamentos escapam e são
independentes ao contexto próprio da política – e que exatamente por isto à esta última – a Política
- pode ser conferido uma determinação universal. Uma determinação universal das regras que
Frente aos atuais desmandos das atividades públicas, a reivindicação quase desesperada de
uma sociedade por Ética na Política tem ao menos – e isto já é um consolo - uma referência
histórica no percurso intelectual da modernidade. Isto ocorre , não por outro motivo, senão pela
tentativa de barrar o domínio da particularidade, na sua expressão mais perversa, almejando alguma
universalidade, que o contexto político por si só parece não poder produzir. Evoca-se então a
particularidade, subordinando o mesmo ao crivo da Ética – mesmo que não se tenha clareza e
exatidão do que isto propriamente significa e dos problemas – para muitos pensadores, insolúveis –