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Brazilian Journal of Development 108267

ISSN: 2525-8761

A influência da cirurgia ortognática no âmbito psicossocial em


pacientes com deformidades dentofaciais: Revisão de literatura

The association of orthognathic surgery in the psychosocial contex in


patients with dentofacial deformities: Literature review

DOI:10.34117/bjdv7n11-449

Recebimento dos originais: 12/10/2021


Aceitação para publicação: 24/11/2021

Gilliane da Silva Bentes


Graduanda em Odontologia
Instituição Centro Universitário do Norte- Uninorte
Av. Joaquim Nabuco, 1281-1355, Centro – Manaus-AM, CEP:69020030.
E-mail: gilliane.bentes23@gmail.com

Hiana Souza Lima de Oliveira


Graduanda em Odontologia
Instituição Centro Universitário do Norte- Uninorte
Av. Joaquim Nabuco, 1281-1355, Centro – Manaus-AM, CEP:69020030.
E-mail: hiana.lima33@gmail.com

Katyanne Meireles Martins


Graduanda em Odontologia
Instituição Centro Universitário do Norte- Uninorte
Av. Joaquim Nabuco, 1281-1355, Centro – Manaus-AM, CEP:69020030.
E-mail: katyanne.mm.98@gmail.com

Yuri da Silva Pimenta


Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilo-Facial (HUJBB/UFPA)
Mestre em Cirurgia – (FM/UFAM)
Av. Joaquim Nabuco, 1281-1355, Centro – Manaus-AM, CEP:69020030.
E-mail: ypimenta@hotmail.com

RESUMO
A cirurgia ortognática é um procedimento cirúrgico que corrige as deformidades
esqueléticas faciais e irregularidades dentárias associadas. As deformidades dentofaciais
possuem potencial psicológico e social destrutivo, podendo causar impactos negativos e
influenciar a autoconfiança dos indivíduos, os relacionamentos externos, resultando
impactos psicossociais. O presente trabalho tem como propósito discutir através de uma
revisão de literatura, utilizando artigos publicados entre 2016 até 2021. Com o objetivo
de investigar a autoestima e os aspectos socioemocionais de pacientes com deformidade
dentária imersos a cirurgia ortognática, além do impacto psicossocial sofrido pelos
pacientes submetidos a esta cirurgia, discutindo sobre a necessidade de acompanhamento
multidisciplinar para os mesmos desde sua indicação até o pós-cirúrgico. A busca por
artigos se deu por meio de sites como Scielo, Bireme e Pubmed, abordando temas

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referentes ao estado psicossocial de pacientes que foram operados. Logo, as razões que
motivam os pacientes a buscarem o tratamento ortognático estão relacionadas à estética
e/ou à função, devendo estes ser examinados e em seguida ser realizado o planejamento
ortocirúrgico, informando-os sobre os riscos, benefícios e possíveis complicações
associadas. A correção ortognática possibilita uma melhora harmônica dos ossos
esqueléticos faciais, resultando em uma estética facial favorável e em um aprimoramento
das funções do sistema estomatognático. Também reconhecendo um avanço por parte dos
cirurgiões-dentistas e os cirurgiões bucomaxilofaciais ao valorizarem o encaminhamento
para profissionais de saúde mental no tratamento de pacientes com deformidade
dentofacial. Desse modo, apontamos que os aspectos psicossociais estão diretamente
ligados a esse tipo de tratamento.

Palavras-chave: Cirurgia ortognática, Deformidades dentofaciais, Má oclusão, Impacto


psicossocial.

ABSTRACT
Orthognathic surgery is a surgical procedure that corrects skeletal facial deformities and
associated dental irregularities. Dentofacial deformities have destructive psychological
and social potential, which can cause negative impacts and influence individuals' self-
confidence, external relationships, resulting in psychosocial impacts. The present work
aims to discuss through a literature review, using articles published between 2016 and
2021. In order to investigate the self-esteem and social-emotional aspects of patients with
dental deformities immersed in orthognathic surgery, in addition to the psychosocial
impact suffered by patients submitted to this surgery, discussing the need for
multidisciplinary follow-up for them from its indication to the post-surgical period. The
search for articles was carried out through sites such as Scielo, Bireme and Pubmed,
approaching topics related to the psychosocial state of patients who underwent surgery.
Therefore, the reasons that motivate patients to seek orthognathic treatment are related to
esthetics and/or function, which should be examined and then orthosurgical planning
carried out, informing them about the risks, benefits and possible associated
complications. Orthognathic correction enables a harmonic improvement of facial
skeletal bones, resulting in favorable facial esthetics and an improvement in the functions
of the stomatognathic system. Also recognizing an advance on the part of dentists and
maxillofacial surgeons in valuing referral to mental health professionals in the treatment
of patients with dentofacial deformities. Thus, we point out that psychosocial aspects are
directly linked to this type of treatment.

Keywords: Orthognathic surgery, Dentofacial deformities, Malocclusion, Psychosocial


impact.

1 INTRODUÇÃO
A deformidade dentofacial é descrita como uma desarmonia facial e dentária
crítica que influencia a qualidade de vida de um sujeito. A reparação para as deformidades
dentofaciais inclui o tratamento ortodôntico no final da fase de crescimento e
desenvolvimento craniofacial, seguido de cirurgia ortognática (MIGLIORUCCI et al.,
2017). Nesse sentido, a cirurgia ortognática é uma escolha de tratamento para pacientes

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com deformidades dentárias e ósseas, podendo atingir resultados funcionais e, ao mesmo


tempo, proporcionar harmonia facial adequada (CARVALHO et al., 2019).
A cirurgia ortognática atende simultaneamente, a saber, o tecido mole e o
esquelético. Sua finalidade funcional e estética é atingir uma oclusão dentária de nível e
classe I, além de promover um equilíbrio facial e proporcional (NARAN et al., 2018).
Para a confecção de um plano de tratamento é apurado a origem e gravidade da
deformidade dentofacial, a faixa etária do paciente e as regiões afetadas, para que ocorra
um reparo na deformidade ou interromper a sua evolução (MODONESI et al., 2017).
Portanto, os pacientes necessitam de uma ação interdisciplinar no tratamento
reabilitador. Em muitos casos, o psicólogo pode cooperar juntamente com cirurgião-
dentista e o cirurgião bucomaxilofacial e entender as razões de satisfações e insatisfações
dos pacientes, sua provável resposta ao tratamento e como melhor o processo em geral
(SILVA et al., 2016).
Os psicólogos são membros fundamentais para equipe interdisciplinar, e possuem
acesso no tratamento ortognático (SELVARAJ et al., 2019). A saúde mental deve ser
julgada antes, depois e após a cirurgia, visto que a nova fisionomia trará ao paciente
alguns momentos de autorreflexão e as diferentes emoções que surgirão. Contudo, as
respostas são individuais para cada paciente (ALMEIDA et al., 2017).
A dificuldade de interação social, escolha do cargo, escolha do cônjuge e
características de entidades podem ser vistos como um problema (CARVALHO et al.,
2019). Sendo assim, a manifestação de desejo de resolver seus problemas pessoais e
sociais por meio de mudanças físicas aumenta (OLIVEIRA et al., 2020). Quando levamos
em consideração os motivos estéticos, as justificativas plausíveis que levam os pacientes
a buscarem a cirurgia envolvem distúrbios funcionais da face e dos dentes, incluindo má
oclusão, doença temporomandibular, dor crônica, movimento mandibular restrito e ruído
nas articulações (MACENA et al., 2019).
Desse modo a cirurgia ortognática tem pontos positivos quando se trata de
questões psicossociais, com uma melhora na qualidade de vida e uma boa condição
psicossocial (MUGNIER et al., 2020). De acordo com os relatos espontâneos dos
pacientes após a cirurgia, embora não tenham sido visualizadas alterações no volume total
de ar, houve melhora na estética, assim como a melhora da respiração através da cirurgia
(SIGILIÃO & MORAES, 2020).

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Com isso, o objetivo desse trabalho é discutir através de uma revisão de literatura,
sobre a influência da cirurgia ortognática no âmbito psicossocial de pacientes com
deformidades dentofaciais.

2 REVISÃO DE LITERATURA
O exposto trabalho de revisão de literatura buscou os artigos mais relevantes
publicados no período de 2016 até 2021, durante a pesquisa foram encontradas 35
publicações relacionadas ao assunto, em seguida, todos os títulos e resumos dos artigos
passaram por um processo de análise. Posteriormente, os artigos selecionados
compreenderam dados necessários com informações importantes sobre cirurgia
ortognática, deformidades dentofaciais, autoestima e fatores estéticos.
A busca bibliográfica foi realizada nos seguintes bancos de dados: Literatura
Latino Americana e do Caribe (LILACS), Literatura Internacional em Saúde e Ciências
Biomédicas (Pumed/MEDLINE) e Scientific Electronic Library Online (Scielo), os
descritores utilizados para a pesquisa foram: estética, autoestima, cirurgia ortognática,
deformidades dentofaciais. A exclusão de alguns artigos deste estudo ocorreu
principalmente, pela falta de clareza nas informações no resumo. Já os 25 artigos
selecionados apresentaram informações relevantes que tornaram possível elaborar este
trabalho.

2.1 DEFORMIDADE DENTOFACIAL


Definam-se como deformidades dentofaciais problemas de maloclusão dentária
correlacionada com modificações ósseas, por essa razão, é necessário um tratamento
abrangente ortodôntico associado com cirurgia ortognática. Podendo ser decorrentes de
fatores ambientais e genéticos que interferem no crescimento e desenvolvimento
craniofacial, acarretando em alterações na estrutura e função do sistema estomatognático
(TORRES et al., 2017).
Relacionado aos problemas desarmônicos dento-oclusais é possível detectar
quadros de disfunção da articulação temporomandibular (DTM), termo abrangente para
um conjunto de sintomas e sinais clínicos que incluem os músculos da mastigação, a
articulação temporomandibular e as estruturas associadas (PASSOS et al., 2017).
A deformidade dentofacial de Classe II corresponde ao retrognatismo da
mandíbula com relação a maxila, portanto, os elementos dentários inferiores ocluem para

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distal ocasionando um desequilíbrio na região dos incisivos, por meio da sobressaliência


ou orvejet e das linhas faciais de um perfil côncavo (SARTORETO et al., 2018).
A Classe III associada a maloclusão refere-se ao prognatismo, na qual a mandíbula
encontra-se mesializada em relação a maxila. Podendo ser associada ou não a uma má-
formação da maxila. Embora, não seja muito comum essa condição, seu planejamento e
tratamento são complexos (GARBIN et al., 2017).

2.2 CIRURGIA ORTOGNÁTICA


A cirurgia ortognática é uma intervenção cirúrgica utilizada para correção da
posição e do tamanho da maxila e mandíbula. Tem como objetivo para seu sucesso a
reparação das deformidades dentofaciais de origem congênitas ou adquiridas. Impactando
em mudanças de padrão estético, na função e na proporção das vias aéreas superiores
(REAL et al., 2016).
O planejamento para a cirurgia ortognática é indispensável e visa a reprodução da
movimentação óssea apropriada, que será realizada no centro cirúrgico, além de prover
um guia cirúrgico antes de fixar a estrutura óssea no local pretendido (SUENAGA et al.,
2016).
Os indivíduos que se submetem à cirurgia ortognática permanecem internados por
um período relativamente curto, variando entre 12 horas a 3 dias. Nessa circunstância, a
equipe de enfermagem precisa ter um planejamento assistencial no pós-alta nesses
pacientes. O planejamento de alta deve levar em consideração as necessidades detectadas
no pré-operatório, as situações que não foram resolvidas na internação e as que irão surgir
no pós-operatório (ASSIS et al., 2018).

2.3 FATORES PSICOSSOCIAIS


A face reflete essencialmente a aparência do indivíduo, podendo ser avaliada por
sua beleza e fascinação, dependendo do julgamento, percepção e da preferência pessoal
do avaliador. A beleza é influenciada pela cultura, educação e pela mídia, e o interesse
em encontrar o equilíbrio aumento até mesmo em termos de representar aspectos mais
joviais (SOVINSKI et al., 2016).
Eventualmente, desde crianças até a idade adulta, a estética facial abrange as
relações interpessoais e profissionais, especialmente nos âmbitos escolares e trabalhistas.
Em meio ao convívio social os pacientes que se justificam e subsequente julgam-se com
imperfeições esqueléticas, disfunção e insatisfação com a harmonia facial, buscam com

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mais frequência à cirurgia ortognática, contudo, levando consigo variações de humor


(THIESEN et al., 2020).
A autoestima está relacionada ao amor próprio, ou seja, como o ser humano se
visualiza como pessoa, se ama e mantem o respeito por si, na qual estabelece limites
próprios de forma particular e não visando exigências externas que podem lhe causar
culpa e dor em situações e pessoas, que levam o indivíduo se afastar (SENA & MAIA et
al., 2017).
Com as deformidades dentárias e faciais obtêm-se resultados extremamente
negativos, abrangendo a autoestima, a estética e o relacionamento interpessoal dos
pacientes e, além disso, afetando o convívio. Portanto, ocasionando danos culturais,
sociais e psicológicos (HEINZMANN et al., 2020).
A literatura tem mostrado a associação entre a deformidade dentofacial e as
dimensões sócias e psicológicas do indivíduo, portanto, é necessária a orientação para o
paciente que irá realizar o tratamento ortodôntico seguido de cirurgia ortognática visando
fornecer serviços de saúde mental (SILVA et al., 2016).
Uma pesquisa italiana a respeito do progresso de um estado mental antes da
cirurgia ortognática e sua conexão com o nível de deformidades revelou que os pacientes
com o índice mais elevado de deformidades dentais caracterizam-se como introvertidos,
ansiosos, dependentes, solitários, insociáveis e neuróticos (BAREL et al., 2018).
Para aumentar as chances de sucesso no pós-cirúrgico é necessário a avaliação
psicológica antes da realização da cirurgia ortognática, visando examinar possíveis
transtorno como ansiedade, depressão e síndrome do pânico (GABARDO et al., 2019).
As deformidades dentárias e faciais com a capacidade psicológico e social
destrutiva podem afetar todos esses pontos de vista, pois esses indivíduos apresentam
níveis super baixos de autoestima e autoconfiança, o que os coloca em desvantagem social
(GARBIN et al., 2016).
Logo, esses pacientes geralmente se beneficiam da cirurgia ortognática, dispondo
de um quadro benéfico no aspecto de melhora da função social, mudanças positiva na
vida, na diminuição da ansiedade e na elevação da autoconfiança e autoestima
(AGIRNASLIGIL et al., 2019).

3 DISCUSSÃO
Os artigos encontrados e analisados abordam assuntos diversos e foi percebido
que um dos temas mais recorrentes é o da área psicossocial em pacientes com

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deformidades dentofaciais. Desse modo, as pesquisas que se utilizam do constructo da


autoestima se apoderam e postulam de uma “historicização” e sistematização teórica
enquanto traço ou/e estado de personalidade que pode ser construído, adaptado e
modificado com o tempo (SENA & MAIA et al., 2017).
Os pacientes podem ser categorizados como Padrão I, II ou III. No Padrão I o
paciente é identificado pela normalidade facial; a má oclusão, se presente, é apenas
dentária, e não associada a qualquer disparidade esquelética vertical ou sagital. Já os
Padrões II e III são identificados de grau sagital sendo respectivamente positivo e
negativo entre a maxila e a mandíbula (PASSOS et al., 2017).
No levantamento foram encontrados dados que comprovam, em porcentagem, que
aproximadamente 4% da população adulta apresenta uma deformidade dentofacial que
requer tratamento orto-cirúrgico para sua correção. Quando levamos em conta a má
oclusão de Classe III, sua incidência varia entre 3% e 13% da população (THIESEN et
al., 2020).
Também foi possível observar a relação entre a presença de sintomas de disfunção
temporomandibular e a redução da força de mordida em indivíduos com deformidade
dentofacial, mostrando que, além da má oclusão, a presença de sinais de disfunção
temporomandibular também pode ter contribuído para a redução da força muscular.
Porém, estudos envolvendo um número maior de indivíduos são indicados para que se
possa verificar a influência da má oclusão como fator agravante da disfunção
temporomandibular e, assim, colaborar com a investigação na área, contribuindo para a
avaliação e tratamento de indivíduos com deformidade dentofacial (PASSOS et al.,
2017).
Além disso, outro problema apresentado pelos pacientes no distúrbio funcional, o
qual envolve a má oclusão, as desordens temporomandibulares, são as dores crônicas ou
intermitentes, as limitações dos movimentos mandibulares, os ruídos nas articulações, as
dores na face e, algumas vezes dor no ouvido (BARROS et al., 2019).
Os artigos, no geral, defendem que o objetivo do tratamento orto-cirúrgico não se
consiste apenas em tratar os componentes estéticos e funcionais da deformidade
dentofacial, mas também em considerar o componente psicológico da paciente. Para um
correto planejamento da conduta a ser seguida em um caso com indicação orto-cirúrgica,
identificar o grau de envolvimento emocional que a deformidade causa no paciente é tão
importante, quanto o grau de comprometimento funcional e estético que ele apresenta
(THIESEN et al., 2020).

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Nos artigos o debate sobre a autoestima e a sua importância na saúde mental


reflete principalmente sobre os adolescentes, sendo considerada a variação mais crítica
para a formação das relações sociais desse grupo, influenciando seu comprometimento
em projetos, uma vez que quando consegue manter seus níveis elevados, esses sujeitos
tornam-se mais confiantes e seguros de si (SENA & MAIA et al., 2017).
Ela também afeta a relação do indivíduo com o ambiente, dessa forma as crianças
e adolescentes com bons níveis propendem a serem mais persistentes e,
consequentemente, alcançarem mais progressos perante aos que possuem baixos níveis
em mesmas tarefas. E no tocante a saúde mental e bem-estar psicológico, sua carência
está relacionada a alguns eventos mentais negativos como a depressão e o suicídio (SENA
& MAIA et al., 2017).
Em relação aos parâmetros psicológicos, verificou que a minoria dos cirurgiões
dentistas realizam avaliações psicológicas inicias. Apenas 7,1% afirmaram o seu uso;
92,9% dos participantes preferem não utilizar questionários psicológicos nas suas
avaliações iniciais. Similarmente, no estudo realizado por Juggins, 6,8% dos pacientes
responderam afirmativamente, enquanto os restantes 93,2% responderam negativamente
(SILVA et al., 2016).
Podemos atribuir o pouco uso dos questionários psicológicos à falta de
conhecimento das medidas existentes e/ou falta de experiência para aplicá-las, e não a
resultados negativos vivenciados. Um dos exemplos de questionários em específico que
poderia ser utilizado é o criado por Cunningham no ano de 2000, o Orthognathic Quality
of Life Questionnaire (OQLQ), em 2000 (SILVA et al., 2016).
A necessidade da utilização dos questionários por pacientes para beneficia-los em
um processo de intervenção psicológico/psiquiátrico é indispensável. Mais da metade dos
participantes (55,4%) considera que apenas 25% dos pacientes com necessidade de
TOCO se beneficiam de acompanhamento psicológico/psiquiátrico (SILVA et al., 2016).
Encontramos uma percentagem um pouco mais elevada comparativamente ao
estudo realizado por Juggins, no qual 48,6% dos participantes consideram que até 25%
se beneficiariam. Dos cirurgiões-dentistas e cirurgiões bucomaxilofaciais 85,7% dos
participantes consideraram precisar de formação nesta área específica, enquanto 14,3%
afirmaram não a consideram necessárias (SILVA et al., 2016).
Assim, a elaboração conceitual e a utilização do constructo da autoestima servem
para enriquecer as possibilidades de entendimento dos indivíduos, motivando uma
relação dialógica que não fique estática, mas que cada elemento abordado possa dar vazão

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aos sentimentos dos pacientes; assim à qualificação da escuta profissional, a fim de que
suas intervenções no sentido de melhoria e prevenção da saúde em circunstâncias clínicas
psicossociais sejam mais eficientes e eficazes (SENA & MAIA et al., 2017).
Dessa forma, pesquisas relacionadas a alterações psicossociais e à qualidade de
vida de pacientes submetidos à terapia ortodôntica associada à cirurgia ortognática
permitem um melhor entendimento do componente psíquico dos pacientes. Assim, é
possível incrementar a satisfação, a autoestima e uma melhor adaptação social a partir de
modificações nos procedimentos futuros (HEINZMANN et al. 2020).

4 CONCLUSÃO
A estética transcende a superficialidade, quando passa a ser ferida
emocionalmente, desenvolve baixa autoestima, cria isolamento social e conduz o
indivíduo a depressão. Logo, a cirurgia ortognática é um procedimento primordial para
tratar as deformidades dentofaciais significativas. Pois, através desta os problemas
funcionais, estéticos e psicossociais são sanados, elevando a autoestima e formando uma
nova imagem corporal do indivíduo.

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