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Curso | Auxiliar em Agropecuária

Secretaria de Justiça De Rondônia - Termo de Cooperação nº 020/ PGE – 2019

Auxiliar em
Agropecuária
MÓDULO IV
Tópico 01
20 horas
Curso | Auxiliar em Agropecuária

Apresentação

Prezado estudante,

Bem-vindo a disciplina de Gestão de Custos Agropecuários!

Pretendemos com essa disciplina proporcionar conhecimentos básicos


na administração de uma unidade rural, através de conceitos vivenciados no
dia a dia.

Espero que esse conteúdo seja uma peça chave para tomada de decisão
e início de boas escolhas na gestão rural.

Sucesso em sua formação profissional!


Curso | Auxiliar em Agropecuária

Sumário
TÓPICO III..................................................................................................................... 10
ELABORAÇÃO DE PLANILHA DE CUSTO ............................................................ 10
O QUE É A PLANILHA DE CUSTOS?................................................................. 10
TÓPICO IV - SOFTWARE DE GESTÃO DE CUSTOS ......................................... 12
Curso | Auxiliar em Agropecuária

Indicação de ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de


linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o


assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.

Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros,


filmes, músicas, sites, programas de TV.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em


diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa
realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.

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Curso | Auxiliar em Agropecuária
Secretaria de Justiça De Rondônia - Termo de Cooperação nº 020/ PGE – 2019

UNIDADE III
Elaboração de Planilha de Custo

Calcular de maneira correta o custo de produção é essencial para o sucesso na


gestão de qualquer propriedade rural, independentemente do tamanho da área, da
quantidade de funcionários ou dos recursos financeiros disponíveis. As planilhas
possibilitam maior domínio sobre a fazenda, podendo controlar atividades, produtos e
recursos.

O que é planilha de custos?

É onde são inseridos todos os custos para manutenção de uma empresa, para
auxiliar nas negociações visando evitar erros em questão a valores ou na quantidade.

➢ Como é feita?
Primeiro é preciso diferenciar os custos fixos e os variáveis já que eles interferem
na composição dos preços de formas distintas.

É hora de colocar esse conhecimento em prática. Você pode elaborar sua planilha
a partir dos seguintes passos:

1. Faça uma lista das despesas:


Aqui nós já demos vários exemplos de despesas, tanto fixas quanto
variáveis. O primeiro passo para começar sua planilha é listá-las,
sempre lembrando de separá-las nessas duas categorias. De
preferência, crie outras subdivisões que facilitem a identificação.
2. Anote todos os pagamentos É possível que, no começo, ainda faltem muitas despesas na sua
feitos planilha. Por isso, é importante anotar cada pagamento realizado
para depois classificá-lo de acordo com a categoria.
3. Adicione uma provisão para Embora você não tenha como antecipar esses imprevistos, o fato é
imprevistos nas despesas que eles sempre acontecem. Em um mês é necessário comprar um
fixas equipamento, no outro é a impressora que quebra e precisa de
reparos, e assim por diante
4. Inclua Investimentos Todo profissional tem o desejo de crescer. Para isso, vai precisar
comprar equipamentos, investir em capacitação própria e dos
funcionários e até mesmo transferir seu escritório para um local
melhor. Esse é o caminho para se diferenciar no mercado.

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4. Reavalie permanentemente Sua planilha deve ser flexível, de acordo com a realidade da
empresa. Por isso, você deve acrescentar ou eliminar itens
conforme eles retratam as operações que realmente acontecem ali.

Exemplos:

O Sebrae disponibiliza planilhas que facilitam a gestão. Para ter acesso, consulte
o site: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/sebraeaz/planilhas-que-
facilitam-a-gestao-
empresarial,85e44e64c093d510VgnVCM1000004c00210aRCRD.

A Embrapa também disponibiliza planilhas eletrônicas para gerenciamento rural


e instruções para utilização, acesse o site: https://www.embrapa.br/busca-de-
publicacoes/-/publicacao/631546/planilha-eletronica-para-gerenciamento-
rural-instrucoes-de-uso

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UNIDADE IV
SOFTWARE DE GESTÃO DE CUSTOS

É muito comum as empresas rurais utilizarem planilhas de Excel, ou até mesmo


planilhas manuais. Mas o agronegócio envolve muitos dados, gerando incertezas quanto
ao custo da produção agropecuária.
Pensando em melhor organizar e gerir a empresa rural de maneira mais precisa, o
uso de softwares facilita a administração.
A Embrapa desenvolveu um aplicativo de celular que auxilia a calcular o custo de
produção de suínos e frangos de corte. É o
aplicativo Custo Fácil. O aplicativo tem
uma interface simples. Ao abrir a tela
inicial de inserção dos dados, são
mostradas quatro opções a serem
preenchidas: alojamento/desempenho,
investimento realizado, despesas e
receitas.
Fonte: Embrapa Suínos e Aves

Outro software bem aceito é o Aegro,


ele auxilia no registro dados operacionais e financeiros relacionados aos processos de
administrar uma fazenda. Essa ferramenta digital oferece recursos que ajudam
no planejamento agrícola, registro de atividades da lavoura, monitoramento de equipe e
na gestão de orçamentos e custos.

No software para agricultura


Aegro você consegue visualizar o custo
de produção total e por talhão de modo
fácil e simples. Isso permite segurança
na tomada de decisão e definição de
estratégias mais eficientes para a
fazenda.

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O Aegro também possibilita que você faça o custo de produção orçado. Ou seja,
você consegue planejar o quanto pretende gastar de acordo com seu capital e previsão de
captação de crédito. E durante a safra você pode acompanhar como está indo o custo,
além das comparações do custo orçado e realizado. Assim, é possível acompanhar
exatamente onde e com o que está gastando mais.

Nesse vídeo você conseguirá entender melhor a interface e as funções


existentes no software Aegro. https://youtu.be/XZUFwvAAXtk

O SW-Rural foi desenvolvido para oferecer uma gestão completa buscando


monitorar informações sobre climas, pragas, sementes, estoque, uso de fertilizantes, ciclo
produtivo, custos, cotações de venda, contas a pagar e receber, empréstimos bancários e
até a administração dos funcionários.

Fonte: Brazsoft software Sw-Rural

O Sw-Rural é disponibilizado em três versões, Software Agrícola - Software


Pecuário e Software Agropecuário versão que integra as funcionalidades. Existem duas
versões, a gratuita e a mais completa é paga.
Outro aplicativo utilizado no gerenciamento de pequenas empresas e pode ser
utilizado em diversas áreas de atuação é o Comin Saara ABC. Trata-se de uma ferramenta
que auxilia o gerente de custos da empresa a implementar um sistema informatizado de
gestão de custos baseada em atividades (ABM - Activity Based Management).

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Auxiliar em
Agropecuária
MÓDULO IV
Tópico 01
20 horas
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Apresentação

Prezado estudante,

Bem-vindo a disciplina de Gestão de Custos Agropecuários!

Pretendemos com essa disciplina proporcionar conhecimentos básicos


na administração de uma unidade rural, através de conceitos vivenciados no
dia a dia.

Espero que esse conteúdo seja uma peça chave para tomada de decisão
e início de boas escolhas na gestão rural.

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Sumário
UNIDADE V - Viabilidade econômica da atividade agropecuária ............ 05
Considerações Finais ............................................................................. 07
Referências Bibliográficas ...................................................................... 08
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Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o


assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.

Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros,


filmes, músicas, sites, programas de TV.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em


diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa
realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.

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É importante que o agricultor entenda todo o processo que envolve a produção do


seu produto final, porque é através desse conhecimento que ele poderá verificar se esse
produto gera rendimento e se possibilita o retorno do capital investido. Após a análise dos
resultados, torna-se mais fácil a tomada de decisões estratégicas relacionadas ao início ou
continuidade daquela atividade.
A análise econômica, ao permitir que o produtor conheça os resultados financeiros
obtidos num determinado ano, torna-se fundamental para nortear as decisões a serem
tomadas no momento do planejamento da atividade para o ano seguinte, e para orientar
nas decisões relativas aos investimentos (GUIDUCCI, et al., 2012)
A análise financeira de uma propriedade rural inicia-se pela definição do volume
de produção. Depois, calcula-se o investimento físico, definem-se e calculam-se os custos
fixos, estimam-se os custos variáveis, projetam-se os custos totais, identificam-se os
custos de comercialização e a margem de lucro, calcula-se o preço de venda, apuram-se
as receitas e os resultados operacionais, projeta-se o investimento inicial, para finalmente,
analisar a viabilidade financeira do empreendimento (ARRUDA, 2013).
Podemos ver tudo isso de forma prática no estudo da viabilidade econômico
financeira da instalação de açudes para a prática de piscicultura em uma propriedade rural
localizada no interior do município de Santo Cristo, RS, realizado por Krein e Cervi
(2017). Abaixo são apresentados alguns dados primordiais para que a atividade seja
considerada viável ou não.

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Obs. Para ver o estudo a integra acesse; http://www.fema.com.br/site/wp-content/uploads/2019/06/KREIN-


E.-J.-AN%C3%81LISE-DE-VIABILIDADE-ECON%C3%94MICO-FINANCEIRA-PARA-A-
INSTALA%C3%87%C3%83O-DE-A%C3%87UDES-VISANDO-A-PR%C3%81TICA-DA-
PISCICULTURA-EM-PROPRIEDADE-RURAL.pdf

Pontos importantes que devem ser levados em consideração antes de iniciar as atividades:

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Alguns exemplos.
Num estudo produzido pela
EMBRAPA Semiárido, após produzir a
planilha de custo de produção, foi
apresentada a avaliação de viabilidade
econômica do cultivo de um hectare
melancia na região do Submédio São
Fonte: AZEVEDO et al. (2018) Francisco (ARAÚJO, 2007).

Esse outro exemplo trata-se de um estudo de viabilidade econômica de agricultura


de precisão no cultivo de arroz irrigado. O estudo foi desenvolvido por Santos (2014) no
estado do Rio Grande do Sul. Nos resultados apresentados vemos a comparação entra a
produtividade e o custo de implantação do arroz em dois sistemas, o convencional e o
sistema utilizando agricultura de precisão.

Considerações Finais

O Gestor rural deve fazer uso de todas as ferramentas tecnológicas e


contábeis, disponíveis e que se mostram eficazes à gestão do seu negócio e ao
crescimento da sua marca no mercado. Buscando sempre se atualizar sobre as novas
soluções no mercado e alternativas de valorização de seus produtos e/ou serviços.

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Referências Bibliográficas
ARAUJO, J. L. P.; CORREIA, R. C.; SILVA, L. M. M. da; RAMALHO, P. J. P. Estudo da composição
dos custos e da viabilidade econômica do sistema de produção de melancia na região do Submédio
São Francisco. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-
/publicacao/160553/estudo-da-composicao-dos-custos-e-da-viabilidade-economica-do-sistema-de-
producao-de-melancia-na-regiao-do-submedio-sao-francisco>. Acesso em: 25 out. 2020.
ARAUJO, L. C. G. de. Organização, sistemas e métodos e as tecnologias de gestão organizacional. 2.
ed. São Paulo: Atlas, 2006.
AZER, A. M. Tempos Modernos da Administração Rural. 2010. Disponível em:
http://www.fucamp.edu.br. Acesso em 28/09/2020.
AZER, A. M. Tempos modernos da administração rural. Cadernos da FUCAMP, v.6. 2007. Disponível
em: <http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/view/98>. Acesso em: 1 set. 2020.
AZEVEDO, A. B. A. Estudo de viabilidade econômica - EVE. In: Azevedo, A. B. A.; ALVES, A. S.;
LACERDA, T. R. (Org.). Estudo de viabilidade econômica na agricultura familiar. Cruz das Almas,
BA: UFRB, 2018. 81p.
BRITO, A. J. Contabilidade do agronegócio. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
280 p.
CEPEA. Site. Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br>. Acesso em: 13.out 2020.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral de administração. 5 ed. São Paulo: Markron books, 1997.
DAVIS, J. H. et al. Concept of agribusiness. 1957.
GUIDUCCI, R. C. N.; ALVES, E. R. A.; LIMA FILHO, J. R.; MOTA, M. M. Aspectos metodológicos da
análise de viabilidade econômica de sistemas de produção In: GUIDUCCI, R. C. N.; LIMA FILHO, J. R.;
MOTA, M. M. (Eds.). Viabilidade econômica de sistemas de produção agropecuários: metodologia e
estudos de caso. Brasília, DF: Embrapa, 2012. p.17-78.
Instituto Agro. Site. Disponível em: <https://institutoagro.com.br/custo-de-producao-agricola/#metodos>.
Acesso em: 23 out. 2020.
KAY, R. D.; EDWARDS, W. M.; DUFFY, P. A. AMON, T. Gestão de Propriedades Rurais. 7 Ed. São
Paulo: AMGH, 2014, 468p.
LIMA, K. S. A Utilização das informações contábeis para a gestão de uma empresa rural-Itaporã
(MS). 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Contábeis) – Faculdade de
Administração, Ciências Contábeis e Economia, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados,
MS, 2018.
MAHER, M. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas, 2001.
NOVAIS, D. Administração e Economia Rural. (Apostila). 2014. Disponível em: <
http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/09-40-22-apostilaadmeeconomiarural.pdf>. Acesso
em: 20 out. 2020.
SÁ, A. L. Dicionário de Contabilidade. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1990.
SANTOS, L. B. Viabilidade econômica da implantação de agricultura de precisão na cultura de arroz
irrigado em Cachoerinha do Sul/RS., 2014. 71p. Dissertação (Mestrado em Agricultura de precisão) –
Programa de Pós-graduação em Agricultura de precisão, Universidade Federal de Santa Maria, Santa
Maria. 2014.
SANTOS, A. dos. A importância do planejamento nas empresas de micro, pequeno e médio portes.
Universidade Cândido Mendes, Rio de janeiro, 2010. Disponível
em:<http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/t205745.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2020.
SILVA, N. et al. A importância do administrador rural para equacionar estrategicamente a produção do
agronegócio. In: Congresso Internacional de Administração, 2007, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa:
UEPG, 2007. p. 1-8.
ULRICH, E. R. Contabilidade rural e perspectivas da gestão no agronegócio. Revista de Administração
e Ciências Contábeis do IDEAU. v. 4, n. 9, p 1-14, 2009.

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nova
Alessandra Bandeira Antunes Azevedo
Edelaine dos Santos Alves
Tamara Rangel de Lacerda

Estudo de Viabilidade Econômica na


Agricultura Familiar

Cruz das Almas - BA


2018
Este livro faz parte do Edital Interno SEAD/EDUFRB No 04/2016.

FICHA CATALOGRÁFICA

A994e Azevedo, Alessandra Bandeira Antunes.


Estudo de viabilidade econômica na agricultura
familiar / Alessandra Bandeira Antunes Azevedo,
Adelaine dos Santos Alves e Tamara Rangel de
Lacerda._ Cruz das Almas, BA: UFRB, 2018.
81p.; il.

ISBN: 978-85-5971-052-6

1.Agricultura familiar – Extensão universitária.


2.Comunidade e universidade – Análise. I.Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia, Superintendência de
Educação Aberta e a Distância. II.Alves, Adelaine dos
Santos. III.Lacerda, Tamara Rangel de. IV.Título.

CDD: 338.1
Ficha elaborada pela Biblioteca Universitária de Cruz das Almas - UFRB.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA - UFRB

Silvio Luiz de Oliveira Soglia Georgina Gonçalves dos Santos


Reitor Vice-Reitora

SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA-SEAD

Ariston de Lima Cardoso Adilson Gomes dos Santos


Superintendente – Coordenador UAB Coordenador Adjunto UAB

SUPERINTENDENTE DA EDITORA UFRB


Sérgio Augusto Soares Mattos

CONSELHO EDITORIAL

Alexandre Américo Almassy Júnior Nadja Vladi Cardoso Gumes SUPLENTES


Celso Luiz Borges de Oliveira Sérgio Augusto Soares Mattos Carlos Alfredo Lopes de Carvalho
Geovana da Paz Monteiro (presidente) Robério Marcelo Ribeiro
Jeane Saskya Campos Tavares Silvana Lúcia da Silva Lima Rosineide Pereira Mubarack Garcia
Léa Araujo de Carvalho Wilson Rogério Penteado Júnior

EDITORA FILIADA À

EQUIPE DE PRODUÇÃO DA SEAD

Agesandro Azevedo Carvalho Jônatas de Freitas Santos Carlos André Lima de Matos
Técnico em Assuntos Educacionais Técnico em Informática Diagramador - Estagiário
Karina Zanoti Fonseca
Sabrina Carvalho Machado Luiz Artur
Chefe do Núcleo de Mídias
Assistente em Administração Assistente em Administração

Dayane Sousa Alves Raimar Ramos de Macedo Filho


Assistente em Administração Diagramador - Estagiário

SEAD - UFRB
Casa N◦ 1 - Campus Universitário. Telefone: (75) 3621-6922.
EDITORA - UFRB
Biblioteca do Campus de Cruz das Almas. Telefone: (75) 3621-7672. Rua Rui Barbosa, 710 - Centro. Cruz das
Almas-BA.
Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1 A Agricultura Familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2 Estudo de Viabilidade Econômica – EVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3 Metodologia da aplicação do EVE na Agricultura Familiar . . . . . . . 39

4 Estudo de casos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

Anexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Apresentação

A
motivação para fazer esse e-book surge quando nos deparamos com os questiona-
mentos de um grupo de agricultores familiares, que fazem parte de uma comunidade
chamada Sapucaia, localizada nos limites da Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia – Campus Cruz das Almas– BA.

O projeto “Florescer Sapucaia”, aprovado pela FAPESB e desenvolvido pelo Programa de


Educação Tutorial – PET Mata Atlântica: Conservação e Desenvolvimento e pelo LEVRE (Lab-
oratório de Ecologia Vegetal e Restauração Ecológica) e que em 2015 também foi aprovado no
Edital PIBEX/UFRB 02/2015, reunia atividades de ensino, pesquisa e extensão na comunidade
da Sapucaia.

Caracterizada como um povoado rural, cuja economia está diretamente relacionada às


atividades agrícolas, a história da Sapucaia está entrelaçada com a da Universidade. Segundo
relatos, muitos moradores da Sapucaia são filhos e netos dos trabalhadores que construíram a
Escola de Agronomia, hoje UFRB.

O eixo do Projeto, intitulado “Gestão Coletiva com os Agricultores Familiares”, previa


a realização de uma feirinha com produtos oriundos da agricultura familiar do povoado da
Sapucaia, de forma que promovesse divulgação e reconhecimento do povoado, a valorização
da alimentação saudável oriunda do trabalho desenvolvido no povoado e uma oportunidade de
criação de um canal de escoamento dos produtos.

Neste momento, iniciaram-se os questionamentos e dúvidas dos participantes do projeto.


Por quanto vender? Como vou saber por quanto tenho que vender uma dúzia de limões? Eu
não gastei quase nada, tem aí no quintal, etc. Será que vai ter gente para comprar? Essas
inquietações levaram aos docentes, discentes e agricultores a decidirem que precisariam
buscar mecanismos que oferecessem autonomia e segurança aos agricultores. A opção foi
desenvolver o estudo de viabilidade econômica – EVE baseado no método Capina – Cooper-
ação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa, em que é estimulada de maneira autogerida
e democrática a interiorização e apropriação dos conteúdos para que gere autonomia aos
agricultores. Contudo, os estudos da Capina se concentram em grupos da economia solidária.
Nosso coletivo ainda eram agricultores familiares individuais que por uma primeira vez estavam
se reunindo coletivamente para construir algo em comum, a feira.

Estava posto o nosso desafio. Adaptar o estudo de viabilidade econômica da Capina,


para a agricultura familiar e para agricultores individuais. Depois de vários meses de projeto,
testando, ajustando a metodologia juntamente com os agricultores, conseguimos desenvolver
um material didático com uma linguagem simples, que oferece um passo a passo para fazer o
estudo de viabilidade econômica de produtos como: limões, frutas, farinha, mingau, sorvete de
aipim e outros produtos.

O objetivo do livro é embasar os facilitadores e agricultores familiares da ferramenta do


estudo de viabilidade econômica para os pequenos proprietários de terra da agricultura familiar
de uma maneira simples e didática.

O livro está estruturado em quatro capítulos. No primeiro capítulo, apresentamos a agri-


cultura familiar, suas características e seus desafios. No segundo capítulo, são debatidos
os aspectos teóricos do estudo de viabilidade econômica. No terceiro capítulo, é mostrada
passo a passo da metodologia desenvolvida em conjunto com os agricultores da Sapucaia e
no quarto capítulo, oferecemos ao leitor cinco estudos de casos. Nos anexos estão os slides
desenvolvidos pela equipe demonstrando todo o estudo de viabilidade, além dos exercícios
que eram dados ao coletivo. Esses anexos buscam oferecer ao leitor um guia para que ele
possa replicar e aprimorar o EVE da agricultura familiar.

Alessandra Bandeira Antunes Azevedo


Edelaine dos Santos Alves
Tamara Rangel de Lacerda
1 A Agricultura Familiar

A
agricultura familiar se apresenta
como uma categoria em dis-
cussão, devido a sua importân-
cia social, produtiva, econômica e ambi-
ental na atualidade brasileira. Contudo,
apesar de ter ganhado expressividade nos
últimos anos, não se trata de um novo seg-
mento de agricultores, pois estes possuem
um significativo passado de lutas e história
(RAMBO et al., 2016).

Schneider e Cassol (2013) explicam que o valor conceitual da agricultura familiar é muito
recente e se deve a três principais fatores: à retomada do movimento sindical após a ditadura
militar, às pesquisas no campo das ciências sociais no início da década de 1990 e à implantação
do Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar1 – pelo Estado neste
mesmo período.

1
Criado em 1995, constitui hoje um dos programas que mais fortalece a Agricultura Familiar no Brasil, apoiando
atividades agrícolas e não agrícolas nas linhas de custeio e investimento, além de financiar investimentos coletivos
e cooperativas de agricultores familiares. Está presente em quase todos municípios, é executado de forma
descentralizada e sua execução se dá prioritariamente por meio de Bancos públicos (BIANCHIN, 2015).
12 1 A Agricultura Familiar

Wanderley (2003) explica que existem diversos posicionamentos no campo teórico quanto
ao conceito de agricultura familiar, dentre os quais há aqueles que se limitam à definição
operacional adotada pelo Pronaf sobre seus beneficiários, como também há uma vertente
que a define como uma camada daqueles que se adaptam à modernização da agricultura em
comparação aos chamados produtores pequenos incapazes de assimilar tais mudanças.

De acordo com Deponti (2007), o tema agricultura familiar tem sido central nas discussões
teóricas e constitui diversos entendimentos quanto ao seu futuro na sociedade contemporânea.
A autora demonstra em seu trabalho que existem teóricos que profetizam seu desapareci-
mento e há aqueles que acreditam que a agricultura familiar é uma categoria que apresenta
capacidade de se manter e se reproduzir ao longo de gerações.

Já Altafin (2007) discute a existência de duas vertentes, entre a diversidade de contribuições


encontradas na literatura, de um lado uma que considera a agricultura familiar brasileira
como uma nova categoria, gerada através das transformações das sociedades capitalistas
desenvolvidas e, de outro, uma que a trata como um conceito em evolução, considerando suas
significativas raízes históricas.

Diante do amplo quadro de discussões acerca da agricultura familiar no Brasil, o objetivo


deste capítulo é tecer suas principais definições, de acordo com seu conceito em evolução,
entender o atual cenário socioeconômico e das políticas públicas e discutir as especificidades
e desafios postos para os agricultores familiares neste cenário. Assim, buscaremos entender
quem são esses sujeitos e porquê um EVE adaptado às suas realidades é relevante e contribui
para o fortalecimento da agricultura familiar.

As raízes camponesas da agricultura familiar brasileira

O estudo da agricultura familiar através da perspectiva camponesa no campo sociológico


visualiza o agricultor como um sujeito que, ainda que se demonstre com capacidade de
resistência e adaptação aos novos contextos socioeconômicos da sociedade contemporânea,
não se afasta de seus traços camponeses em suas raízes e tradições (DEPONTI, 2007).

Quando Wanderley (1996) se refere à agricultura familiar como um conceito genérico, ela
parte da ideia de que essa categoria é entendida como aquela em que a família é proprietária
dos meios de produção ao mesmo tempo em que realiza o trabalho na unidade produtiva,
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 13

fato que resulta na maneira específica como ela se comporta econômica e socialmente. Uma
das situações particulares desse conceito genérico, definido pela autora, corresponde ao
campesinato, que é um modo específico de produzir e de viver em sociedade, ou seja, “uma
agricultura camponesa, cuja base é dada pela unidade de produção gerida pela família”
(WANDERLEY, 2003, p.4).

Wanderley (1996) explica que a agricultura camponesa pode ser considerada uma das
formas sociais da agricultura familiar por que, além desta estabelecer a relação “propriedade-
trabalho-família”, apresenta particularidades como: trabalho em sistema de policultura-pecuária,
perspectiva de passar o trabalho e a produção para as próximas gerações e relativa autonomia
de trabalho. Neste contexto, os escritos de Chayanov explicam que, diferente de uma empresa
capitalista, a produção na unidade familiar se orienta pela satisfação das necessidades e
produção da família, visando seu bem-estar e não somente a obtenção do lucro (GERARDI;
SALAMONI, 2014).

Para compreender a conformação da agricultura camponesa no Brasil é preciso, portanto,


resgatar aspectos de processos históricos do país, desde seu período colonial. Como Wan-
derley (1996) defende, é preciso buscar o patrimônio sociocultural do campesinato brasileiro,
através das particularidades vivenciadas ao longo da história, para entender que:

[...] a agricultura familiar sempre ocupou um lugar secundário, subalterno na so-


ciedade brasileira, sendo historicamente um setor bloqueado, impossibilitado de
desenvolver suas potencialidades, pois quem se impôs como modelo dominante foi a
grande propriedade (DEPONTI, 2007, p.4).

Neste sentido, Altafin (2007) considera uma ausência de registros sobre os agricultores
familiares na maioria dos livros de história no Brasil, nos quais a produção de alimentos é
apenas retratada de acordo com a grande agricultura escravocrata, da monocultura e da
exportação, excluindo o camponês, que é visto como um ator inferior nesse processo. A
autora buscou então, através de uma mais recente historiografia brasileira, realizar um resgate
sobre a importância de cinco grupos que deram origem à agricultura camponesa no Brasil,
classificados e descritos por ela como:

• Os índios: foram os primeiros fornecedores de alimentos para a colônia por-


tuguesa e, antes da sua chegada, eles já produziam milho, mandioca, feijões,
14 1 A Agricultura Familiar

batata-doce, entre outros produtos. A autora se referencia em Cardoso (1987) para


explicar a existência de um “protocampesinato” neste período, através da presença
de escravos índios que viviam em grandes fazendas, cultivavam alimentos em lotes
e vendiam excedente aos seus donos ou fora da fazenda.

• Os escravos africanos: Também com referências em Cardoso (1987), a autora


sugere um “protocampesinato” destes sujeitos, que cultivavam diversos alimentos
em lotes. Ela explica que havia vários motivos para concessão dessa terra e do
tempo livre para os escravos, por exemplo, ao deixar ligados à fazenda evitavam
fugas que, se ocorressem, resultariam na revogação da concessão.

• Os mestiços: de acordo com a autora, eram populações formadas por filhos


bastardos dos senhores de engenho, que ocupavam terras marginais e vivam da
agricultura na maioria das vezes. Os alimentos por eles produzidos representavam
uma importante forma de abastecimento de vilas e povoados que foram crescendo.

• Os brancos não herdeiros: eram aqueles filhos de senhores de engenho que


não eram os primogênitos, pois até 1835 havia o regime denominado morgadio,
que garantia herança apenas ao primogênito, como explica a autora (1987). Os
outros filhos ocupavam terras em áreas abandonadas, com solo de baixa fertilidade
e, em alguns casos, obtinham nova concessão da sesmaria.

• Os imigrantes europeus: os primeiros chegaram em 1808, inicialmente para


trabalhar na produção de alimentos para o abastecimento dos centros urbanos
e recebiam lotes do governo, porém quando as colônias deixaram de ganhar
o suporte do Estado a estratégia de imigração subsidiada foi abandonada. O
envolvimento de imigrantes com culturas como o café era inviabilizado pelas
barreiras impostas pelos grandes fazendeiros.

A partir dessa análise, é possível perceber que o contexto no qual os camponeses estavam
inseridos historicamente demonstra que, como discute Wanderley (1996), o acesso à terra
foi doloroso e restrito, tendo como resultado características que ainda hoje verificamos na
agricultura familiar:
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 15

[...] a pobreza, o isolamento, a produção centrada na subsistência mínima e a


extrema mobilidade espacial. [...] tendo que se adaptar às exigências da agricultura
moderna, esta forma de agricultura guarda ainda muito dos seus traços camponeses,
tanto porque ainda tem que “enfrentar” os velhos problemas, nunca resolvidos, como
porque, fragilizada, nas condições da modernização brasileira, continua a contar, na
maioria dos casos, com suas próprias forças (WANDERLEY, 1996, p.16).

De agricultura camponesa à agricultura familiar

Ainda seguindo a linearidade do processo histórico da origem da agricultura familiar, Altafin


(2007) ilustra a consolidação do termo “camponês” durante o período de industrialização e
transformação econômica no Brasil, a partir do século XX. Segundo a autora, esse momento é
marcado por lutas do operariado e pela estruturação dos partidos de esquerda, que passaram a
organizar os trabalhadores do campo e politizaram o conceito de “camponês”, além de também
terem denominado de “latinfundiários” os senhores de engenho, estanceiros, fazendeiros e
seringalistas. De outro modo, Schneider e Cassol (2013) explicam que era possível encontrar
uma diversidade de definições para o que seria um camponês, a exemplo de colono, sitiante,
ribeirinho, geraiseiro, lavrador, entre outras.

Da organização dos camponeses surgiram as Ligas Camponesas no final do ano de 1950


no Nordeste, constituindo importantes organizações de luta pela terra e pelos direitos dos
trabalhadores do campo (SILIPRANDI, 2015). As Ligas se estenderam por todo o país e no
governo de João Goulart foram iniciadas medidas para garantir o direito sobre áreas ocupadas e
para formalizar o instituto da desapropriação de terras para a produção de alimentos. O governo
chegou a enviar ao Congresso Nacional um projeto de reforma agrária no início de 1964, mas
este não chegou a ser votado devido ao golpe militar no mesmo ano, que desarticulou as Ligas
Camponesas e diversos movimentos de esquerda em todo país (ALTAFIN, 2007).

Ainda de acordo com a autora, os camponeses passam a ser considerados “pequenos


produtores”, dentro do modelo de desenvolvimento adotado para o campo pela ditadura militar,
que se voltou para modernização tecnológica. Como explica Altafin (2007), o interesse em
classificar quanto ao tamanho das áreas e de produção em pequenos, médios e grandes, era
para “maquiar” as desigualdades de acesso à terra e estabelecer categorias operacionais para
aplicação diferenciada das políticas públicas, que privilegiava apenas as grandes propriedades
enquanto produtora de alimentos para exportação.
16 1 A Agricultura Familiar

Através da intensificação da chamada “modernização conservadora”, no final dos anos de


1970 e início de 1980, houve uma polarização e adjetivação do conceito de pequeno produtor,
que dividiu os agricultores em:

[...] pequena produção integrada e pequena produção excluída da integração. Na


primeira estavam todos aqueles agricultores de características familiares que du-
plamente se integraram ao processo produtivo ditado pela agroindústria e, por con-
seguinte, ao mercado. No segundo caso todos os outros que permaneciam à margem
da modernização da agropecuária brasileira (ALTAFIN, 2007, p.12).

Após esse período, quando é chegado o fim da ditadura militar e ocorre a ascensão das
organizações populares na década de 1980, começa-se a adotar o termo agricultura familiar
como uma nova categoria-síntese pelos movimentos sociais do campo, aglutinados pelo
sindicalismo rural ligado à Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
–, como explica Schneider (2003). Ainda de acordo com o autor, em 1990 houve uma
grande efervescência desses movimentos, a exemplo do MST (Movimento dos trabalhadores
rurais Sem-Terra) e do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), consolidando formas de
manifestação política que ainda perduram.

Esses movimentos e as demais organizações sindicais do campo pressionaram o Estado


por políticas públicas que os incluíssem no processo de desenvolvimento do país, resultando na
criação do Pronaf em 1996 (SCHNEIDER, 2003). O Pronaf representou, então, uma proposta
de política pública que voltava o olhar para este segmento de agricultores, que esteve relegado
ao segundo plano e esquecido pelo Estado durante as últimas décadas, se colocando para
construir um novo paradigma de desenvolvimento rural (CARNEIRO, 1997).

Nesse contexto, as pesquisas acadêmicas começaram a se aprofundar na busca pela


compreensão desse segmento social, consolidando por fim o termo agricultura familiar, que
passou a ser difundido nos diferentes setores da sociedade e possibilitou abrigar grande
número de situações de agricultores que se contrapõem à agricultura patronal (ALTAFIN,
2007).

Atualmente, a agricultura familiar é definida pela Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006,


que considera como agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que não possua
mais do que quatro módulos fiscais, que utilize predominantemente mão-de-obra da própria
família, que tenha renda originada em maior parte das atividades do próprio estabelecimento
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 17

ou empreendimento e que o dirija com sua família (BRASIL, 2006). A Lei engloba também
silvicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores, seguindo determinadas especificidades
estabelecidas.

O Censo Agropecuário de 20062 , que apresenta resultados da agricultura familiar, admite


o conceito definido pela Lei no 11.326, mas destaca que ele não é inédito no arcabouço legal
brasileiro, em que conceitos muito próximos foram utilizados no Pronaf, e na academia, como
nas pesquisas da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) e
no INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) realizadas anteriormente a
lei (IBGE, 2006).

Uma agricultura plural

Uma das características principais reconhecidas sobre os agricultores familiares brasileiros


é a enorme diversidade econômica e heterogeneidade social que apresentam em sua forma de
trabalho e na produção para autoconsumo e comercialização (SCHNEIDER; CASSOL, 2014).

A fim de aprofundar as discussões e definições acerca do perfil socioeconômico da agri-


cultura familiar no Brasil, o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), desenvolveu em
2009 um estudo dessa categoria a partir dos resultados do Censo Agropecuário de 2006 no
primeiro caderno temático do IBGE, realizando também uma comparação com os estudos da
FAO/INCRA realizados em 2000 (FRANÇA et al. 2009).

De acordo com França et al (2009), em 2006 foram identificados 4.367.902 estabelecimen-


tos familiares, o que representa 84,4% do total de estabelecimentos rurais, ocupando uma área
de 80,25 milhões de hectares (24,3% da área total). Esses estabelecimentos apresentavam
área média de 18,37ha, contra 309,18ha dos não- familiares. O Nordeste continha metade do
total desses estabelecimentos (2.187.295) e 35,3% da área total, representando 89% do total
dos estabelecimentos e 37% da área total na região, sendo a Bahia o maior estado do Brasil
com agricultura familiar, com 665.831 estabelecimentos (15,2% do total) (FRANÇA et al, 2009).

Em relação a condição dos agricultores sob às terras, 74,7% são proprietários, o que
2
As informações mais atuais correspondem ao último Censo Agropecuário, realizado em 2006, pois o que
estava previsto para 2016 teve de ser adiado devido aos cortes orçamentários aprovados na Lei Orçamentária
(LOA) pelo Congresso Nacional em 14/01/2016, como informa em nota o IBGE. O Instituto ainda notifica que
o Censo Agropecuário está adiado até que haja a liberação dos recursos necessários para a operação (IBGE,
2016).
18 1 A Agricultura Familiar

corresponde a 3,2 milhões. Outros 170 mil declararam acessar as terras como “assentado sem
titulação definitiva” e outros 691 mil tinham acesso temporário ou precário às terras, sendo
como arrendatários (196 mil), parceiros (126 mil) ou ocupantes (368 mil) (FRANÇA et al, 2009).

O censo de 2006 revela também que 69% dos agricultores familiares declaram ter obtido
alguma receita durante o ano, o que corresponde a 1/3 das receitas dos estabelecimentos
brasileiros. Essa receita média foi de R$ 13,6 mil (R$ 1.1 mil mensais), relacionadas princi-
palmente à venda de produtos vegetais, sendo 67,5% das receitas obtidas, a segunda fonte
de receita foram as vendas de animais e seus produtos (21%), e entre as demais receitas se
destacou a prestação de serviço externo. Mais de 1,7 milhões pessoas declararam ter recebido
outra receita advindas de aposentadorias ou pensões (65%) e salários com atividade fora do
estabelecimento (24%) (FRANÇA et al, 2010).

A agricultura familiar exerce inúmeras atividades produtivas no campo, as quais podem


variar a depender da região e do contexto socioeconômico e cultural das famílias. De acordo
com o Censo Agropecuário de 2006, 45% da área ocupada pela agricultura familiar no Brasil
era destinada ao cultivo de pastagens, 28% ocupada com matas, florestas ou sistemas
agroflorestais e 22% com lavouras. Apesar de ocupar uma menor área com as lavouras, o
setor é responsável pelo fornecimento da maior parte dos alimentos no mercado interno (IBGE,
2007).

Ainda segundo o Censo 2006, dentre os principais alimentos produzidos pelos agricultores
familiares, em ordem decrescente, estavam: a mandioca, o feijão, o milho, o café, o arroz, o
leite, carnes suínas e bovinas, aves e trigo. Há também aqueles que trabalham no extrativismo,
na pesca, na produção de mel, na horticultura, na fruticultura, entre outros (IBGE, 2007). Isso
demonstra o quão diversas são as possibilidades dos agricultores familiares desenvolverem
suas atividades produtivas, na maioria das vezes combinando determinadas delas. Essa
característica de sistema do tipo policultura-pecuária acompanha os agricultores familiares faz
longa data, como demonstra Wanderley (1996):

O sistema tradicional de produção camponês, denominado de “policultura-pecuária” e


considerado “uma sábia combinação entre diferentes técnicas”, foi se aperfeiçoando
ao longo do tempo, até atingir um equilíbrio numa relação específica entre um grande
número de atividades agrícolas e de criação animal. Com efeito, os estudos sobre
as sociedades camponesas tradicionais mostram que a evolução destas pode ser
percebida através do esforço de aperfeiçoar esta diversidade, seja pela introdução
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 19

de novas culturas, até o limite da supressão das áreas de pousio, seja pelo apro-
fundamento da relação entre as culturas e as atividades pecuárias efetuadas no
estabelecimento (WANDERLEY, 1996, p.3).

Por outro lado, a capacidade de comportar uma diversificação de atividades combinada a


determinadas questões socioeconômicas, sobretudo financeiras, tem levado os agricultores a
se dedicar em variados trabalhos econômicos e produtivos, que não necessariamente estão
ligados à agricultura ou ao cultivo da terra (SCHNEIDER, 2003). Essa forma de organização
do trabalho familiar, segundo Schneider (2003), é chamada de pluriatividade e vem emergindo
e se expandindo nas unidades familiares, considerando que não raramente parte dos membros
das famílias passa a desenvolver atividades não-agrícolas dentro ou fora dos estabelecimentos.

A pluriatividade não é um fenômeno recente, como destaca Neves (1997), porém é um


debate que Schneider (2003) considera como sendo ainda “embrionário” no Brasil, mas que já
é compreendido como uma estratégia de reprodução social e econômica da agricultura familiar.
Em sua pesquisa, o autor busca interpretar essa realidade, resgatando traços que justifiquem o
fenômeno, como a teoria de Chayanov que atribui a busca pela forma complementar de renda
às situações em que:

A família não dispõe de uma quantidade suficiente de terra para suas necessidades,
ou quando “sobram braços” para trabalhar, ela tende a buscar em atividades arte-
sanais e comerciais ou em outras atividades não-agrícolas uma forma de ocupar a
força de trabalho para garantir o equilíbrio entre trabalho e consumo (SCHNEIDER,
2003, p.9).

De acordo com Carneiro (1999), existem inúmeras formas de associação da atividade


não-agrícola no interior da unidade familiar, o que implica em uma diversidade de significados
que esta combinação poderá assumir na reprodução social da agricultura familiar. A autora
explica que essas possibilidades podem advir de combinadas condições socioeconômicas
e fatores particulares à família, tais como: “o capital cultural, o capital material, a fase do
desenvolvimento do grupo doméstico, a composição etária e sexual dos membros da unidade
familiar” (CARNEIRO, 1999, p.2).

Ainda buscando interpretar este fenômeno, Schneider (2003) destaca como elemento im-
portante a questão dos obstáculos naturais que, embora sejam notórios os avanços científicos
e tecnológicos, podem comprometer a produção de alimentos, ou seja, se uma atividade
20 1 A Agricultura Familiar

muito dependente de fatores naturais como clima e solo pode ser limitada em decorrência de
variações nestes, levando a família a buscar uma fonte alternativa para complementar a renda
naquele período. Apesar desse esforço, o autor considera que existem diversas complexidades
das relações sociais engendradas nesse processo que, portanto, faz-se necessário estudar
a pluriatividade a partir do modo como é exercida pelos próprios agricultores, adentrando no
ambiente intrafamiliar para conhecer os mecanismos específicos que configuram a família
como “pluriativa” (SCHNEIDER, 2003).

Wanderley (1996) considera que a pluriatividade não representa necessariamente a de-


sagregação da agricultura familiar, como defendem outros autores, mas sim como uma forma
pela qual a família pode viabilizar suas estratégias de reprodução presentes e futuras. A
autora discorda que o fenômeno representa somente um processo gradual de abandono das
atividades agrícolas e passagem do meio rural para o meio urbano. Ela o compreende num
sentido inverso, em que a pluriatividade seria uma estratégia da família para assegurar a sua
permanência (WANDERLEY, 2003).

Desafios para o desenvolvimento da agricultura familiar

A diversidade e as múltiplas funções da agricultura familiar em diferentes dinâmicas socioe-


conômicas são características herdadas da prática camponesa que foram inibidas pelo modelo
produtivista, como explica Altafin (2007). A autora ainda demonstra que essas características
contribuem, ainda hoje, com a garantia de uma segurança alimentar, observada por duas
dimensões: a capacidade de fornecer volumes de alimentos ao mercado e a capacidade de
possibilitar o acesso aos alimentos.

Isso pode ser observado nos dados fornecidos pelo Censo Agropecuário de 2006, que
demonstram que a agricultura familiar é responsável pelo fornecimento de alimentos básicos
para a população brasileira, mesmo ocupando 24,3% dos estabelecimentos rurais com 84,4%
de estabelecimentos, o que revela a discrepante estrutura agrária do país (IBGE, 2007).

Por outro lado, segundo o INCRA/FAO (2000), apesar de exibir grande capacidade produtiva
e contribuir efetivamente para o abastecimento do país mesmo com o pouco acesso à terra, ao
crédito e às inovações tecnológicas, a agricultura familiar no Brasil é representada por metade
dos brasileiros em situação de risco, que vivem abaixo da linha de pobreza. Isso ocorre por que,
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 21

dentre outros fatores, ainda que a visibilidade de políticas públicas voltadas para a agricultura
familiar apresente avanços, o financiamento destinado à agricultura é desproporcional em
comparação aos agricultores patronais, sendo que em todas as regiões do país a participação
dos estabelecimentos familiares no crédito rural é inferior ao volume bruto da produção do qual
são responsáveis (INCRA/FAO, 2000).

Outro aspecto importante para se avaliar quando se trata do desenvolvimento da agricultura


familiar é a sua relação com o meio ambiente. Este segmento apresenta grande capacidade
de causar menores impactos ao meio ambiente em comparação à agricultura convencional,
considerando a diversificação dos produtos e o aproveitamento e otimização dos insumos
utilizados na produção, como discute Santos et al. (2014).

Tal necessidade de se pensar uma agricultura que cause menores impactos decorre do
atual quadro de esgotamento dos recursos naturais e ameaças ecológicas em todo o mundo,
como explica Altieri (2012). O autor destaca que isso é fruto do modelo tecnológico implantado
pela chamada revolução verde nos anos 70, que promoveu o drástico aumento da monocultura,
da mecanização, do melhoramento genético e da utilização de agrotóxicos. Esse processo
de modernização marginalizou parte de agricultores familiares que não puderam arcar com
os investimentos e chegou a outra parte por meio dos programas de extensão e crédito do
governo, mas, de todo modo, os impactos têm atingido todos eles, principalmente pelos riscos
à saúde e ao meio ambiente (ALTIERI, 2012).

Dessa forma, a tradição camponesa, que outrora foi considerada como “atrasada” diante
do saber universal, passa a ser vista então como um meio para pensar um novo modelo de
agricultura, pois se faz necessário resgatar os velhos saberes do agricultor familiar, apresentado
como “aquele que conhece de modo especial e detalhado a terra, as plantas e os animais que
são seus, e que, por esta razão, sente-se comprometido com o respeito e a preservação da
natureza” (WANDERLEY, 2003, p.13).

Neste sentido, os agricultores familiares têm passado a buscar alternativas para reduzir
os custos da sua produção ou substituir insumos externos, bem como agregar valor aos
produtos, constituindo importantes estratégias para a construção da sua autonomia, como
explicam Schneider e Ferrari (2015). De acordo com os autores, a redução dos custos
de produção permite que os agricultores dependam menos de insumos como sementes
22 1 A Agricultura Familiar

melhoradas, fertilizantes e agrotóxicos, sendo esta uma das estratégias de diversificação das
atividades produtivas que têm se constituído como fundamentais para fortalecer a agricultura
familiar.

Na produção agroecológica, os empreendimentos solidários e a organização em coop-


erativas constituem alternativas importantes para a busca de autonomia pelos agricultores.
São propostas que contribuem para elucidar o papel produtivo e político da agricultura familiar,
isso porque possibilitam realizar um contraponto ao modelo vigente de agricultura ao resgatar
os saberes tradicionais, sucumbidos pela revolução verde, bem como incorporar técnicas
produtivas limpas e ressignificar o modo de produção familiar (GUZMÁN; MOLINA, 2013).

A proposta da agroecologia é fundamentada em “um conjunto de conhecimentos e técnicas


que se desenvolvem a partir dos agricultores e de seus processos de experimentação” (ALTIERI,
2012, p.16). Portanto, as comunidades locais têm a capacidade de experimentar, avaliar
e expandir diversas técnicas inovadoras de adaptação à sua realidade, como o uso das
tecnologias sociais3 , em que os saberes populares e científicos buscam, juntos, soluções para
o problema que é debatido e envolve toda a comunidade.

Dessa forma, vimos que a agricultura famil-


iar apresenta grandes potenciais, mas também
limitações para seu fortalecimento e desenvolvi-
mento, o que torna importante, portanto, que
haja estudos e trabalhos voltados para a adap-
tação de técnicas para esse setor, como a cri-
ação de uma metodologia de EVE aplicável
para as especificidades produtivas e sociais
dos agricultores familiares.

3
De acordo com o Instituto de Tecnologia Social – ITS é definida como um “conjunto de técnicas e metodologias
transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que
representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida.” (ITS, 2003).
2 Estudo de Viabilidade Econômica
– EVE

O
objetivo do capítulo é demonstrar como se dá
a construção de um Estudo de Viabilidade
Econômica – EVE e como ele pode ser utilizado
na agricultura familiar, adaptando o conteúdo já conhecido
para outros meios de produção. Analisar a viabilidade
econômica de um pequeno empreendimento ou da produção
da agricultura familiar é a forma pela qual um grupo ou um(a)
produtor(a) pode compreender todos os valores envolvidos no
processo de produção e avaliar se seu produto final é viável e
lhe garante um retorno financeiro justo.

Vale ressaltar que a maioria do material bibliográfico que mescla viabilidade econômica e
gestão participativa está focado em grupos. A inovação dessa proposta se dá no sentido de
adaptar a ferramenta para o(a) agricultor(a) familiar.

O EVE em empreendimentos populares e na agricultura familiar

Zeeland (2014) aponta que:

A realização de um estudo de viabilidade econômica e associativa de forma coletiva


tem, como objetivo, o conhecimento do projeto por todas as pessoas que integram
o grupo e o levantamento de dados acerca dos diversos aspectos e processos que
envolvem o projeto.
24 2 Estudo de Viabilidade Econômica – EVE

Outro aspecto importante é a avaliação de que tipo de atividade será desenvolvido e


de que forma o processo será organizado, a partir dos dados levantados. (ZEELAND,
2014, p.20)

É importante que o agricultor(a) ou o cooperado(a)/associado(a) de empreendimentos


populares entenda todo o processo que envolve a produção do seu produto final, porque é
através desse conhecimento que ele poderá verificar se esse produto gera um rendimento
e se possibilita o retorno do capital investido. Somente depois de analisar esses resultados
será possível fazer uma avaliação da atividade econômica, o que facilita a tomada de decisões
estratégicas relacionadas ao início ou continuidade daquela atividade.

Neste sentido, o EVE é um meio de avaliar se os empreendimentos possuem condições


favoráveis para sua sobrevivência financeira e seu desenvolvimento sustentável. O professor
Gabriel Kraychete em seu texto no livro da SETRE (Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda
e Esporte) sobre Economia Solidária em 2011, trabalha a questão da viabilidade econômica
relacionada a outros pontos considerados importantes para o desenvolvimento dos empreendi-
mentos econômicos solidários - EES, como: a relação do trabalho, a gestão associativa,
a sustentabilidade e o desenvolvimento local desses grupos, buscando assim estimular a
autogestão e o empoderamento dos grupos.

Um empreendimento associativo é composto pelos princípios do cooperativismo e do


associativismo, que prevalece a relação social entre seus membros no qual todos são donos
do empreendimento e empregados ao mesmo tempo. Uma cooperativa ou associação deve
ser gerida de forma democrática e fundamentada em regras e acordos por eles formulados
em assembleia. Como é exposto no livro da SETRE, a viabilidade desses EES é o que vai
sustentar o seu processo de produção e o diferenciar da lógica capitalista.

As condições de viabilidade de um empreendimento associativo, portanto, têm por


substrato a reprodução de uma determinada relação social de produção, marcada
pela condição de não mercadoria da força de trabalho e pela apropriação do resultado
do trabalho pelos trabalhadores associados, conforme as regras por eles definidas.
Esta forma social de produção suscita e requer mecanismos democráticos de controle
e de gestão. (BAHIA, 2011, p.11)

Quando se trata do associativismo, a princípio existe uma dificuldade de compreensão do


trabalho em grupo e do direito igual para todos, em um processo de gestão igualitária, por isso
é necessário criar o hábito do aprendizado que deve ser praticado por todos.
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 25

A organização da economia popular solidária se estabelece quando todos os membros


conhecem todo o processo de funcionamento do grupo, o que é chamado de princípio do
autoconhecimento, a partir de então é possível criar uma autonomia no seu processo de
produção. No mesmo momento que é pensado o desenvolvimento desses empreendimentos,
é necessário pensar na sustentabilidade econômica deles. Segundo Kraychete “[...] Os mecan-
ismos de gestão e as condições de sustentabilidade dos empreendimentos são determinados
pela relação de propriedade pré-existente dos trabalhadores com os meios de produção”
(BAHIA, 2011, p.14).

De acordo com o exemplo de Kraychete (2011), o agricultor familiar e o artesão são con-
siderados trabalhadores detentores do próprio meio de produção, pois possuem os materiais
e os equipamentos que lhes dão condições de manuseio e execução das suas atividades
produtivas.

Os agricultores familiares, antes de iniciarem uma atividade associativa, já exercem


um trabalho na condição de proprietários dos meios de produção. Eles já possuem a
terra e os instrumentos de trabalho. Ou seja, não existe uma separação prévia entre
força de trabalho e meios de produção. Os objetos de trabalho (matéria-prima) e
os meios de trabalho (ferramentas, equipamentos) pertencem ao agricultor familiar.
Nesta situação não se encontram apenas os agricultores familiares, mas também
algumas modalidades de produção de artesanato (KRAYCHETE, 2011, p.14).

Todo meio de produção deve ser pensando de forma sustentável, pois um dos objetivos do
associativismo e do cooperativismo é proporcionar aos seus membros uma melhor condição
de vida de forma digna e sustentável, sem deixar de ser economicamente viável. Os EES
devem planejar e organizar seu meio de produção e sua gestão, e através do EVE é possível
gerir melhor suas decisões. Esse estudo é feito de forma coletiva com a participação do grupo
e não imposta de cima para baixo.

Na perspectiva aqui apresentada, a realização do estudo de viabilidade envolve,


necessariamente, a participação dos integrantes dos empreendimentos associativos.
Ou seja, não se trata de um trabalho tecnocrático, realizado por especialistas externos
ao grupo, mas de um processo de construção coletiva de conhecimentos, no qual os
integrantes dos grupos e assessores descobrem juntos as condições necessárias à
sustentabilidade do empreendimento. (BAHIA, 2011, p.19)

Como também é descrito por Zeeland (2014) quando fala que a gestão democrática
26 2 Estudo de Viabilidade Econômica – EVE

[...] é um processo contínuo de construção coletiva. O planejamento, o monitoramento


e a avaliação realizados de forma participativa são importantes elementos neste
processo. Um estudo de viabilidade econômica realizado de forma participativa
fornece os dados e ajuda na construção de um processo coletivo de tomada de
decisões, portanto faz parte da gestão democrática (ZEELAND, 2014, p.30).

A construção desses saberes deve ser feita de forma coletiva, prevalecendo a cultura do
EES e o aprendizado dos membros do grupo em relação ao seu meio de produção e todo o
processo que o cerca. O EVE deve ser utilizado não somente para o desenvolvimento financeiro
do grupo, mas também para orientar o grupo na hora das tomadas de decisões, sejam elas de
gestão, preço, marketing, adesão, controle ou rentabilidade do seu empreendimento.

Conceitos para entender o EVE

Para entender como funciona o EVE, é necessário conhecer definições e conceitos que
são utilizados na construção do estudo. Dessa forma, apresentamos a seguir um quadro-
resumo com alguns deles, de acordo com as formulações do grupo Capina (Cooperação e
Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa):

Quadro 2.1: Resumo.

• Custo Fixo: são todos os custos necessários para manter a produção.


• Custo Variável: são todos os custos necessários para produção do produto final.
• Investimento: é todo recurso investido para a abertura do empreendimento.
• Vida útil do equipamento: É um prazo estimado no qual é esperado um bom funciona-
mento da máquina, normalmente é informado pelo fabricante podendo variar de acordo a
atividade executada pelo equipamento.
• Depreciação: é o valor que deve ser guardado de acordo ao tempo de vida útil do equipa-
mento, para que futuramente ele possa ser trocado por um novo.
• Manutenção: é o valor que deve ser guardado para possíveis reparos nos equipamentos
ao longo da sua vida útil.
• Despesa: é todo o valor que eu gasto para produzir.
• Receita: é todo o valor que eu recebo com a venda do que produzir.
• Margem de contribuição: é o valor que sobra quando eu tiro minha despesa da receita.
(receita – despesa = margem de contribuição).
• Ponto de Equilíbrio: indica a quantidade mínima de produtos que deve ser vendida para
gerar uma receita positiva.
Fonte: (CAPINA, 1998).
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 27

A execução do EVE:
O Estudo de Viabilidade deve ser iniciado a partir de uma discussão em relação ao que
será ou já é produzido pelo grupo, levando em consideração desde o espaço de produção,
local dos encontros, investimentos, equipamentos, matéria-prima até a quantidade produzida,
quantidade vendida, entre outros.

O primeiro passo para a construção do EVE, então, é reunir o grupo ou a família (no caso
dos agricultores familiares) e discutir o que eles entendem sobre o assunto e se eles querem
participar do momento de aprendizado. Em seguida, é necessário que eles definam quais
produtos serão estudados primeiro. Por se tratar de um estudo econômico, ele deve ser feito
para cada produto que é produzido ou que se pretenda produzir, pois cada um apresenta suas
especificidades.

O segundo momento engloba a parte teórica do estudo, nesse ponto são vistos o custo fixo
e variável da produção, os custos de investimento necessário e por consequência o valor da
depreciação e manutenção dos equipamentos envolvidos no processo, tratamento de despesas
e receitas e a formação de preço do produto final, que se trata da margem de contribuição e
do ponto de equilíbrio.

E o terceiro momento é o passo de junção de todos os dados levantados no estudo, ou


seja, é a hora de analisar todo o processo de construção do EVE, verificar se está sendo viável
trabalhar em determinado produto, quanto o grupo está tendo de rendimento com a produção
de X quantidade daquele produto, qual a quantidade que possível de comercializar e se a
venda é suficiente para cobrir todos os custos.

Neste sentido, o grupo Capina explica que a primeira fase do EVE é saber formular e
responder algumas perguntas essenciais sobre os objetivos da produção – “O que vamos
produzir?”, “Que quantidade pretendemos produzir?” –, pois os números a serem calculados
vão surgir a partir dessas respostas (CAPINA, 1998).

Portanto, é importante fazer o levantamento dos custos, do preço e da quantidade a


ser comercializada, trabalhando essas questões de forma coletiva e buscando sempre a
participação dos envolvidos.

A seguir, elencamos algumas perguntas que consideramos importantes para a execução


do EVE, servindo como um ponto de partida:
28 2 Estudo de Viabilidade Econômica – EVE

Após obter as respostas para todas essas questões, começaremos a entender quais são
os itens que precisamos calcular e como proceder passo a passo, é o que vamos ver a seguir:

Como calcular os custos fixos e variáveis?


O custo fixo é a soma de todos os itens que pelos quais é preciso se pagar todo mês,
independentemente da quantidade produzida, por exemplo: contas de energia, aluguel,
depreciação dos equipamentos, taxa de manutenção, impostos, etc.
Já o custo variável é a soma dos gastos que vão ser gerados ao longo do mês de acordo
com o que é produzido, ou seja, esse valor pode aumentar ou diminuir a depender da
quantidade da produção naquele mês, por exemplo: matérias-primas, embalagens, mão-
de-obra, etc.
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 29

Como calcular a depreciação dos equipamentos?


O cálculo da depreciação indica o valor a ser guardado por ano ou por mês de acordo a
vida útil do investimento, esse valor será utilizado futuramente quando o grupo necessitar
substituir um equipamento ou comprar uma máquina nova.

PREÇO DE COMPRA-VALOR RESIDUAL=PERDA DE VALOR

PERDA DE VALOR/VIDA ÚTIL=PERDA DE VALOR ANUAL

PERDA DE VALOR/12 MESES=PERDA DE VALOR MENSAL

• Exemplo: depreciação de uma máquina de costura

Preço de compra: R$ 850 Perda de valor: 850,00 – 200,00 = R$ 650


Valor residual: R$ 200 Perda de valor anual: 650,00 / 10 = R$ 65
Vida útil: 10 anos Perda de valor mensal: 650,00 / 12 = R$ 5,41

Dessa forma, deverá ser guardado mensalmente R$ 5,41 para a compra de uma nova
máquina de costura 10 anos após. O valor final pode variar de acordo com as flutuações
de mercado ou tecnológicas, mas já é um fundo garantido.

Demonstração do cálculo da depreciação

Itens Quant. Valor unit. Valor resid- Valor vida útil Depreciação Depreciação

de compra ual de (ano) anual mensal

perda

Máquina 01 R$ 850 R$ 200 R$ 10 R$ 65 R$ 5,41

de cos- 650

tura

TOTAL R$ 65 R$ 5,41
30 2 Estudo de Viabilidade Econômica – EVE

Como calcular o valor para a manutenção dos equipamentos?


A taxa de manutenção dos equipamentos equivale a 1% do valor do investimento, ou
seja 1% do valor de compra do equipamento. O valor a ser guardado por mês será
utilizado futuramente quando o equipamento necessitar de manutenção ou conserto.
Seguindo com o exemplo da máquina de costura, temos:

Demonstração da taxa de manutenção

Itens Valor unit. de com- Manutenção mensal


Quant. pra (1% do valor)

Máquina de costura 01 R$ 850 R$ 200

TOTAL R$ 8,50

Como calcular as despesas?


A despesa será, portanto, o somatório dos custos fixos e variáveis obtidos naquele mês
de produção, levando em consideração todos os itens mencionados acima.

Como calcular as receitas?


A receita é a demonstração do valor que é arrecadado com a venda de um determi-
nado produto. Através desse resultado, é possível identificar junto com o resultado da
produção se será possível através da receita obtida cobrir todos os custos da produção.

PREÇO DE VENDA UNIÁRIO × QUANTIDADE MENSAL PRODUZIDA = RECEITA

Exemplo:

Preço de venda unitário: R$ 20


Quantidade mensal produzida: 10
Receita: 20,00 × 10 = R$ 200
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 31

Como calcular a margem de contribuição?


A margem de contribuição é o valor referente à sobra da venda de cada produto, que
deve ser usado para ajudar a pagar os custos fixos mensais.

PRECÇO DE VENDAS - CUSTO VARIÁVEL POR UNIDADE =


MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

Exemplo:

Preço de venda do produto: R$ 20


Custo variável unitário: 10
Margem de contribuição: R$ 20 - R$ 10 = R$ 10

Como calcular o ponto de equilíbrio?


O valor do ponto de equilíbrio é a quantidade que deve ser vendido de um item por mês
para que o grupo consiga pagar todos os seus custos (fixo e variável), o que for vendido
acima dessa quantidade é considerado como sobra e pode ser usado da melhor forma
que o grupo decidir.

CUSTO FIXO MENSAL / MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO = PONTO


DE EQUILÍBRIO

Exemplo:

Custo fixo mensal: R$ 20


Margem de contribuição: 10
Ponto de equilíbrio: R$ 20 / R$ 10 = 2 unidades

As especificidades do EVE para a Agricultura Familiar

Zeeland (2014) afirma em seu estudo que “O entendimento destes processos, principal-
mente como calcular e obter os dados para poder tomar novas decisões, fortalece o grupo.”
(ZEELAND, 2014, p.29). Neste sentido, ao se pensar no EVE para o fortalecimento da pro-
dutividade dos agricultores familiares, é preciso um pouco mais de atenção devido às suas
32 2 Estudo de Viabilidade Econômica – EVE

especificidades no processo produtivo.

Como exemplo, é possível citar algumas informações da Cartilha do SEBRAE – Série


Agricultura Familiar – Coleção Passo a Passo: Alface. Ela demonstra o que é necessário
observar e considerar no cultivo da alface, em que o(a) produtor(a) deve considerar o solo, a
água, o clima, o tamanho da área entre outras especificações de plantio, cultivo, colheita e
mercado (SEBRAE, 2011).

Estudar o período de plantio de uma determinada área envolve todo o seu processo desde
o preparo da terra até o período de colheita. No entanto, o estudo de viabilidade aplicado em
produtos artesanais ou caseiros que dispõem de tempo de preparo determinado é diferente
dos produtos da agricultura, por ter um tempo maior para obter o produto final.

Portanto, para a construção do EVE na agricultura familiar é necessário considerar o


tamanho da área que será cultivada, o tipo de cultivo, o tempo de cuidado com a terra, o
tempo de crescimento da plantação, o tempo de colheita, as condições climáticas, perdas e
se existem outras plantações no mesmo espaço, entre outras coisas que possam alterar o
valor do produto final além dos pontos que já fazem parte do EVE, ou seja: reunião do grupo,
perguntas para iniciar o EVE, levantamento de investimento, depreciação, manutenção, custo
fixo mensal.

A partir do custo variável haverá um diferencial. O custo variável é dividido em três partes
que englobam o período do plantio, do cultivo e da colheita. Neste caso, não se utiliza o
cálculo da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio, pois não existe uma segurança na
quantidade de fruto produzido.

No final do processo, é necessário criar uma expectativa de retorno do investimento da


plantação, ou seja, considerando um plantio que tenha um determinando tempo de trabalho
para dá o fruto, é preciso saber qual será o tempo de retorno do valor investido. Considerando o
tempo que será gasto para colher o fruto, perdas e o preço de venda da quantidade produzida.

Desta forma, foi pensado um modelo que representasse esse tipo de investimento para
uma produção que leve um tempo de três anos para dar fruto. De acordo com SEBRAE
“A definição da modalidade de cultivo é o passo mais importante para o sucesso do
plantio.” (SEBRAE, 2011, p.6, grifo do autor). Logo, é preciso considerar o tempo que a
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 33

plantação estudada levará para ser colhida, podendo ser observado no modelo abaixo.

Exemplo: Cálculo de tempo de retorno de investimento para plantação com duração de

três anos.

Uma plantação de um fruto tem um custo variável ou custo de produção, relacionados a


sua plantação dividida em três fazes, sendo elas o plantio, o cultivo e a colheita. Essa divisão
se dá pelo período que é necessário para crescimento dos pés que correspondem ao total de
03 anos. Nesse período a um custo de manutenção da área com limpeza e cuidados com a
plantação.

Digamos que essa plantação teve os seguintes custos:

Custo variável de Plantio: R$ 935


Custo variável de Cultivo: R$ 2.220
Custo variável de Colheita: R$ 3.000

Custo de manutenção do plantio:

1o ano = custo variável de plantio + custo variável de cultivo (manutenção da área).

2o ano = custo variável de cultivo (manutenção da área).

3o ano = custo variável de cultivo

Custo do plantio durante três anos:

Tabela 2.1: Demonstração do custo de plantio em três anos.

1o ano (plantio e cultivo) R$ 3.155 (935 + 2.220)


2o ano (cultivo) R$ 2.220
3o ano (cultivo) R$ 2.220
TOTAL R$ 7.595

Custo de manutenção e colheita a partir do terceiro ano:

1o ano: receita – despesa = sobra.

2o ano: receita – despesa = sobra.

3o ano: receita – despesa = sobra.


34 2 Estudo de Viabilidade Econômica – EVE

Tabela 2.2: Demonstração do custo de manutenção e colheita.

COLHEITA RECEITA DESPESA SOBRAS


o
1 ano (colheita) R$ 5.400 R$ 3.000 R$ 2.400
2o ano (colheita) R$ 5.400 R$ 3.000 R$ 2.400
3o ano (colheita) R$ 5.400 R$ 3.000 R$ 2.400
TOTAL R$ 16.200 R$ 9.000 R$ 7.200

Considerando que a receita feita nos três primeiros anos foi de R$ 5.400 (cinco mil e
quatrocentos reais), sendo subtraindo o valor da receita pelo valor do custo de manutenção,
percebe-se que há uma sobra no valor de R$ 2.400 (dois mil e quatrocentos reais) em cada
ano. Portanto, percebe-se que dentro de cada ano o valor do investimento inicial é diluído nas
sobras anuais. Pois, os três anos de plantio e manutenção corresponderam a um investimento
financeiro de R$ 7.595 (sete mil, quinhentos e noventa e cinco reais), no qual o retorno do
investimento aplicado foi ressarcido em três anos.

Exemplos de cálculos voltados para a agricultura familiar:

a) Investimento:

Roçadeira a gasolina que será utilizada no plantio:

Itens Quant. Valor Unitário Valor Total


Roçadeira 01 R$ 500 R$ 500
TOTAL R$ 500

b) Depreciação:

Depreciação mensal e anual da roçadeira ao longo de 10 anos:


Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 35

Itens Quant. Valor Valor Útil Valor Depreciação Depreciação


Unitário (ano) Residual Anual Mensal
de Com-
pra
Roçadeira 01 R$ 500 10 R$ 200 R$ 30 R$ 2,50
TOTAL R$ 30 R$ 2,50

c) Manutenção:

Manutenção mensal da roçadeira:

Itens Quant. Valor Unitário de Compra Manutenção Mensal (1% do valor)


Roçadeira 01 R$ 500 R$ 5,00
TOTAL R$ 5,00

d) Custo Fixo Mensal:

Custo fixo mensal de depreciação e manutenção dos equipamentos, que são usados
diretamente na produção:

Itens Valor
Depreciação R$ 2,50
Manutenção R$ 5,00
TOTAL R$ 7,50

Obs.: Mesmo que não seja necessário a manutenção/substituição do produto no mês, é interessante
que sempre se guarde o percentual com o objetivo de criar um fundo de reserva.

É importante salientar que nesse caso de plantio de longa duração de colheita, o custo fixo
normalmente será diluído nas outras plantações de ciclos menores, que podem funcionar
como policultivo. Desta forma, diferentes culturas podem ser cultivadas na mesma área do
plantio de longa duração possibilitando que o retorno do investimento seja mais rápido e
contribuindo com o custeio dos custos fixos da produção.

e) Custo Variável:

Custo variável do plantio, que corresponde aos gastos que aumentam ou diminuem con-
forme a quantidade produzida.

Exemplo da produção do limoeiro:


36 2 Estudo de Viabilidade Econômica – EVE

PLANTIO
Itens Quant. Valor Unitário Valor Total
Pés de Enxerto 16 R$ 3,50 R$ 56
Dia de Trabalho 02 dias R$ 50 R$ 100
TOTAL R$ 156

Custo variável do cultivo, nesse período há um custo de manutenção da área com limpeza
e cuidados com os pés, que corresponde a um ano.

CULTIVO
Itens Quant. Valor Unitário Valor Total Anual
Dia de Trabalho/Limpeza da área 1 vez/mês R$ 50 R$ 600
Adubo 3 sacos R$ 50 R$ 150
TOTAL R$ 750

Custo variável da colheita e manutenção após os 03 anos.

COLHEITA
Itens Quant. Valor Unitário Valor Total Anual
Dia de Trabalho/Limpeza da área 06 dias p/ ano R$ 50 R$ 300
Adubo orgânico Meia caçamba/ano R$ 1.500 R$ 750
TOTAL R$ 1.750

Para isso é preciso conhecer as características da


cultura e estimar o tempo que ela vai estar na sua
idade de alta produtividade. Vejamos o exemplo
para três anos.

f) Tempo de Retorno de Investimento:

CUSTO DE PLANTIO DURANTE TRÊS ANOS

1o ano (plantio e cultivo) R$ 906 (R$ 156 + R$ 750)

2o ano (cultivo) R$ 750

3o ano (cultivo) R$ 750

TOTAL R$ 2.506
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 37

Custo de Manutenção e Colheita a partir do terceiro ano

COLHEITA RECEITA DESPESA (colheita) SOBRAS


o
1 ano (colheita) R$ 2.640 R$ 1.750 R$ 890
2o ano (colheita) R$ 2.640 R$ 1.750 R$ 890
3o ano (colheita) R$ 2.640 R$ 1.750 R$ 890
TOTAL R$ 7.920 R$ 5.250 R$ 2.670

O exemplo acima demonstra de forma ilustrativa que o agricultor em três anos de colheita
de limões (após o período de 03 anos de cultivo) recuperaria o valor financeiro aplicado na sua
produção. Considerando que a plantação dos 16 pés de um mesmo fruto não teve nenhuma
perda, que esses pés deram um total de 70 frutos por pé equivalendo a 1120 frutos no mês
e que o produtor vende 11 caixas/mês com 100 frutos cada por R$ 20,00 reais cada caixa,
obtendo um percentual de R$ 220,00 reais ao mês e no ano R$ 2.640,00 reais, é possível
considerar que no final do processo o agricultor cobrirá o valor investido e ainda terá uma sobra
de R$ 264,00 reais logo nos três primeiros anos de colheita. Sendo: R$ 7.920,00 (receita
bruta) - R$ 5.2500,00 (despesas de manutenção) = R$ 2.670,00 (sobra da receita).

Subtraindo o valor que sobra da receita de R$ 2.677,00 reais pelo custo de manutenção de
plantio de R$ 2.406,00 reais, sobra ainda R$ 264,00 reais. É importante considerar que todo o
cálculo feito faz parte de uma simulação feita no intuito de demonstrar todo o processo de um
Estudo de Viabilidade Econômico aplicado em um produto da agricultura.
3 Metodologia da aplicação do EVE
na Agricultura Familiar

Educador e educando na visão Freiriana

Tal como propõe Freire, buscou-se a oposição a uma educação bancária que “deposita”
conhecimentos no educando. Partimos da premissa que ensinar não é “transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção” e que a formação envolve
o saber técnico e científico aliada à leitura de mundo. (FREIRE, 1996, p.22).

Na visão “bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos que se julgam sábios aos
que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da
ideologia da opressão – a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de
alienação da ignorância, segundo a qual está se encontra sempre no outro.

O educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições fixas, invariáveis. Será


sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem. A rigidez destas
posições nega a educação e o conhecimento como processo de busca. (FREIRE, 2005, p.67)

Assim sendo, é imprescindível levar-se em consideração a situação dos envolvidos, estu-


dantes e agricultores de um país periférico e de uma região historicamente discriminada, ou
seja, o Nordeste. É fundamental que a educação seja problematizadora, pela dialogicidade. É
preciso estar consciente que “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa
a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo. Mediatizados
pelos objetos cognoscíveis que, na prática ‘bancária’, são possuídos pelo educador que os
descreve ou os deposita nos educandos passivos” (FREIRE, 2005, p.79).
40 3 Metodologia da aplicação do EVE na Agricultura Familiar

Nesse aspecto, ratifica as palavras de Freire (1996, p.29) quando diz que:

“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que - fazeres se
encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando.
Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para
constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para
conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.

No processo de criar, organizando-se para produzir a sobrevivência, é possível realizar- se


a leitura de mundo em que linguagem e realidade.

É neste sentido que a leitura crítica da realidade, dando-se num processo de al-
fabetização ou não e associada, sobretudo a certas práticas claramente políticas
de mobilização e de organização, pode constituir-se num instrumento para o que
Gramsci chamaria de ação contra-hegemônica (FREIRE, 2008, p.21)

Nessa perspectiva, a orientação é estabelecer a troca de saberes, a construção do conhec-


imento de maneira coletiva como alvo de discussão, análise e reflexão a partir da realidade
de cada espaço. O que é preciso é que o conhecimento seja aplicável à realidade, à con-
strução de conhecimentos gerem novas posturas para os agricultores, despertando o espírito
empreendedor.

Quando Boaventura de Sousa (1996) apresenta A ecologia de saberes, ele está propondo
que esta deva contar com a participação de diferentes saberes e seus sujeitos. A ecologia é
plural. É um equívoco e uma visão reducionista, considerar a ecologia no singular. A ecologia
de saberes chama atenção ao saber propositivo, uma vez que foca no reconhecimento da
pluralidade de saberes heterogêneos, da autonomia de cada um deles.

A ecologia dos saberes definida pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos
“consiste na promoção de diálogos entre o saber científico ou humanístico que a universidade
produz e saberes leigos, populares, tradicionais, urbanos, camponeses, provindos de culturas
não ocidentais que circulam na sociedade” (SANTOS, 1996). Propõe uma articulação entre o
saber popular, social, com o saber técnico e científico, num processo de mutua fertilização e
de inclusão do conhecimento social excluído das universidades.

No contexto da atual educação intertranscultural, Paulo Freire está vivo com a concepção
de que as diferenças devem não apenas ser respeitadas, mas compreendidas como riquezas
culturais com as quais todos podem aprender e crescer.
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 41

Como fizemos juntos o EVE da Agricultura Familiar

A metodologia desenvolvida para a aplicação do EVE na Agricultura Familiar no coletivo da


Sapucaia foi construída de maneira processual, através de uma aproximação e fortalecimento
dos laços de confiança com o coletivo da Feira da Sapucaia. As ações do Projeto e realização
do EVE iniciaram-se em Agosto de 2016 e duraram quatro meses, divididos em sete encontros
com duas horas de duração cada.

A metodologia participativa adotada pela equipe executora permitiu aos(as) produtores(as)


serem parte da construção do estudo e assumirem posicionamentos quanto a isto. Segundo
Freire (1983) “na comunicação, não há sujeitos passivos. Os sujeitos co-intencionados ao
objeto de seu pensar se comunicam seu conteúdo”.

Os diálogos estabelecidos foram feitos a partir de Acordos Coletivos, que foram as normas,
coletivamente pactuadas em reunião e já trabalhadas pelos sujeitos nos projetos anteriores.
Durante todo o processo a equipe refletia e convidava o coletivo da Sapucaia a necessidade
de refletir. O objetivo era que as pessoas manifestassem as suas expectativas quanto ao EVE
e, a partir do confronto entre essas expectativas, surgisse a discussão sobre: a pertinência da
iniciativa, suas possibilidades reais de êxito, suas implicações a longo prazo etc. Esse foi um
momento importante e rico no desenvolvimento do projeto, principalmente pelo fato de diminuir
as projeções românticas quanto aos seus resultados e calçar sobre mais elementos concretos
as expectativas de todos os envolvidos.

Metodologia da aplicação do EVE

A metodologia desenvolvida para o EVE com os agricultores familiares da Sapucaia seguiu


a linha de atuação que já vínhamos construindo nas etapas anteriores: a autogestão. A
construção desse espaço, portanto, foi acordada de forma coletiva de a disponibilidade e
interesse de todos os envolvidos.

É importante considerar que cada experiência e cada coletivo apresenta uma realidade
diferente e o ideal a ser feito é adaptar a metodologia à esta realidade, o que vai influenciar,
por exemplo, na duração da atividade, nos tipos de materiais disponíveis para serem utilizados,
no local e horário de encontro, entre outros fatores. Durante o desenvolvimento do estudo,
muitas vezes a metodologia também necessita ser readaptada, pois os sujeitos envolvidos
42 3 Metodologia da aplicação do EVE na Agricultura Familiar

apresentam diferentes níveis de compreensão, e tratando-se de uma construção coletiva ela


deve estar acessível e aberta à discussão de todos participantes.

Neste sentido, buscamos construir slides de apresentação power point com linguagem
bem simples e exposição do conteúdo teórico com exemplos baseados nas experiências
dos participantes. Além disso, estimular a fixação desse conteúdo com exercícios realizados
coletivamente no momento do encontro e também com atividades para que os participantes
pudessem praticar em casa.

No primeiro encontro, cada feirante escolheu um produto que gostaria de fazer o EVE e a
cada etapa que íamos apresentando algum conteúdo novo ele aplicava no seu produto. Assim
fomos realizando 10 EVEs simultaneamente com produtos diversos. Cada participante ganhou
um caderno com os exercícios dos encontros, sendo estes adaptados a duas categorias:
agricultura e beneficiamento de produtos ou artesanatos, visto que na feira há aqueles que
comercializam seus produtos in natura (como frutas e legumes), produtos beneficiados (farinha,
temperos prontos, etc.), alimentos (mingau, bolo, etc.) e artesanatos (pano de prato, bolsas,
etc.).

Ainda nesse primeiro encontro começamos a conversar sobre como o EVE iria ajudá-los
no escoamento de seus produtos na feira e em outras atividades de comercialização. Algumas
questões foram levantadas e começamos uma roda de conversa sobre os temas listados
abaixo:

• Conhecer o que precisa para sua ativi- investimentos e colocavam preços nos seus
dade dar certo; produtos. A partir dessa conversa apresen-

• Identificar as dificuldades da sua ativi- tamos as perguntas norteadoras do EVE: 1.

dade; Que quantidade desejo produzir? 2. Quais


materiais precisarei? Quanto custa? 3. Pre-
• Planejar seus gastos (investimentos);
cisarei de equipamentos? Quanto custa? 4.
• Formar os preços de venda dos seus
Qual tempo de produção do meu produto? 5.
produtos;
Meu produto está disponível o ano todo? 6.
• Estimar o retorno do seu trabalho na Vou precisar de embalagem? Quanto custa?
feirinha. 7. Qual preço desse produto no mercado? 8.

Assim fomos trocando experiências so- Alguém já vende este mesmo produto onde

bre como eles se planejavam, faziam seus desejo comercializar?


Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 43

Essas perguntas foram norteando a outro bate-papo. Conversamos sobre a importância de


cada uma delas e sobre o exercício que cada um iria fazer no encontro, a partir da escolha
de um produto para desenvolver o EVE. Construímos simultaneamente com eles através da
projeção do exercício, onde fazíamos de um produto e eles do que escolheram.

No segundo encontro, após revisar e resolver o exercício juntos, já existia uma empolgação
no coletivo e aproveitamos para puxar um outro tema: custos fixo e variável. Após a explicação
da teoria, começamos uma brincadeira de apresentar vários produtos e serviços do cotidiano
dos participantes e dizer se seu custo era fixo ou variável. Essa prática gerou reflexões e
debates sobre os motivos que faziam do custo daquele produto ser fixo ou variável, envolvendo
a opinião de todos participantes. Conversamos também sobre o que são investimentos e como
eles costumam pensar e realizar os seus. Os dois temas geraram exercícios para casa, a fim
de fixar o conteúdo.

Uma questão que consideramos importante de trabalhar durante o desenvolvimento das


atividades é o estímulo e a parceria, o que contribui para a construção de valores de soli-
dariedade entre os participantes. Neste sentido, sempre terminamos o encontro com uma
frase de reflexão sobre a importância de tentar superar limites e de trabalhar coletivamente.
Assim, geramos uma conversa gostosa e cheia de esperança.

No terceiro encontro, após revisar o conteúdo trabalhado, continuamos a conversa sobre


investimento de equipamentos e materiais, utilizando o exemplo de uma roçadeira a gasolina e
de uma máquina de costura, a fim de contemplar diferentes áreas de trabalho que existem entre
os participantes. Introduzimos então a teoria sobre a depreciação dos equipamentos e fizemos
exercícios práticos sobre seu cálculo. Após os resultados, os participantes se surpreenderam
e puderam refletir e dialogar sobre como é pequeno o valor que devem guardar mensalmente
para repor ou fazer a manutenção dos equipamentos.

No quarto encontro, utilizamos o exemplo da receita de um bolo para tratar do assunto


receitas e despesas em teoria. Aprendemos juntos como calcular exatamente o preço de
acordo com a quantidade dos ingredientes que devemos utilizar para fazer um bolo, sem
desperdícios e suposições, fazendo assim uma analogia com as diferentes áreas, pois o
mesmo cálculo é feito para mensurar, por exemplo, o preço e a quantidade de adubo e outros
insumos em uma plantação. No final planejamos o próximo encontro, onde iriamos colocar em
44 3 Metodologia da aplicação do EVE na Agricultura Familiar

prática os cálculos e aprendizados deste assunto fazendo juntos um mingau de milho.

Dessa forma, no quinto encontro, cada participante levou um ingrediente ou material e


fizemos juntos o mingau de milho, prática na qual pudemos registrar o tempo de preparo
(importante para calcular a mão-de-obra aplicada) e calcular as despesas de acordo com as
medidas. No final, foi possível estimar um preço e realizar uma comparação com a forma com
que eles estimavam o preço antes das práticas do EVE, gerando uma discussão prévia sobre
a viabilidade desse produto.

No sexto e no sétimos encontros, conversamos então sobre margem de contribuição e ponto


de equilíbrio, a fim de entender mais elementos para a formação do preço final, considerando
todos os elementos estudados e vendo como se calcular os custos fixos e variáveis para obter
um resultado final. Os estudos de cada produto foram calculados e finalizados juntos, sendo
apresentado por cada participante.

No oitavo e nono encontros concluímos os estudos de EVE com os participantes. Alguns


deles já trouxeram respondida sua tabela baseada na que construímos juntas nos encontros
anteriores quando fizemos o EVE do mingau de milho. Os que apresentaram dificuldade,
fizemos com eles. Ao final do encontro, uma sensação de satisfação tomou conta de toda
a equipe e dos participantes, pois todos tinham em mãos o estudo do EVE do produto mais
significativo para sua comercialização e a esperança de que eles iriam realizando diversos
EVEs à medida que fossem escolhendo outros produtos para comercializar, pois o aprendizado
foi processual e participativo.

Nessa metodologia, é importante considerar que os registros e materiais escritos devem


ficar com os participantes para que eles possam tê-los como exemplo e guiar o passo-a-
passo no momento de replicar o estudo para seus outros produtos ou até mesmo repassar as
experiências para outros companheiros.
4 Estudo de casos

Amanda e o pé de Limão

Na pequena cidade de Quixabeira, morava Sr. Joaquim, um agricultor familiar que tinha um
sítio muito arborizado onde plantava hortaliças e legumes, criava algumas galinhas e tinha uma
vaquinha para a subsistência da sua mulher e dos seus quatro filhos. O pouco que sobrava da
sua plantação vendia aos sábados na feira da cidade.

Certo dia, Amanda, filha mais velha do Sr. Joaquim, foi convidada pela sua professora para
assistir a um curso sobre empreendedorismo. Lá foram faladas muitas coisas que a deixaram
cheias de ideias, mas uma a chamou muita atenção: O estudo de Viabilidade Econômica.
Achava mesmo que seu pai não sabia colocar preço nos produtos que vendia na feira e por
diversas vezes havia falado com ele sobre o tema, mas seu velho pai, respondia que não podia
vender muito caro porque se não as pessoas não compravam, e que como eles tiraram do
quintal, qualquer coisa estava bom.

Chegando em casa, Amanda foi para o quintal e subiu na mangueira, seu lugar favorito
para pensar. Ficou olhando o quintal e começaram a passar várias ideias na sua cabeça.
Contou os pés de frutas que tinham no seu quintal: 1 jaqueira, 3 limoeiros, 1 goiabeira e 1
mangueira e 1 abacateiro. Como os limoeiros estavam carregados resolveu testar o tal estudo
que havia aprendido no curso. Desceu correndo da mangueira e foi pedir ao pai permissão
para fazer uma experiência com os limoeiros. Tentou explicar ao seu velho querido o que
passava pela sua cabeça, mas se atrapalhou toda. O pai sorriu e disse: Se é para a escola
46 4 Estudo de casos

pode fazer minha filha.

A garota, toda empolgada, no outro dia pediu a ajuda da professora para fazer o estudo de
viabilidade econômica nos 03 limoeiros do seu sítio. A professora sorriu e concordou com o
desafio. Combinou depois da aula de conversarem para traçar as estratégias. Como primeira
tarefa, a professora pediu a Amanda que respondesse a algumas perguntas:

1 - Que quantidade produz por limoeiro por média?


2 - Quais materiais tenho que comprar?
3 - Quanto custam esses materiais?
4 - Meu produto está disponível o ano todo?
5 - Preciso de algum equipamento?
6 - Quanto tempo leva para produzir?
7 - Preciso de embalagens?
8 - Qual preço do meu produto no mercado?
9 - Alguém já vende este produto na feira? 10- Qual será o preço do meu produto?

No primeiro momento, Amanda olhou para essas perguntas, baixou a cabeça e pensou.
“Que bobagem a minha!!! Isso é impossível de responder. Como vou saber essas coisas?”
Observando o rostinho de Amanda, a professora, sorriu e disse: “Calma, querida, você vai ver
que não é tão complicado assim. Vamos passo a passo.”

Com as tabelas desenvolvidas pelas duas, as coisas foram clareando e Amanda foi ficando
feliz à medida que compreendia o estudo e via a possibilidade de ajudar ao seu pai.

Abaixo está o estudo de viabilidade econômica dos limoeiros do sítio do Sr. Joaquim:

Quadro 4.1: Investimento.

Itens Quantidade Valor Uniárito Valor Total


Carinho de mão 01 R$ 100,00 R$ 100,00
TOTAL R$ 100,00
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 47

Quadro 4.2: Depreciação.

Itens Quant. Valor Vida Útil Valor Depreciação Depreciação


Unitário (ano) Resid- Anual Mensal
de Com- ual
pra
Carinho 01 R$ 2 R$ 20,00 R$ 40,00 R$ 3,33
de 100,00
mão
TOTAL R$ 40,00 R$ 33,00

Quadro 4.3: Manutenção.

Itens Quant. Valor Uniárito de Com- Manutenção Mensal


pra (1% do valor)
Carinho de mão 01 R$ 100,00 R$ 1,00
TOTAL R$ 1,00

Quadro 4.4: Custo fixo mensal.

Itens Valor
Depreciação R$ 3,33
Manutenção R$ 1,00
TOTAL R$ 4,33

Quadro 4.5: Custo variável colheita.

COLHEITA
Itens Quant. Valor Valor Total Valor Total Anual
Unitário Mensal
Dia Trabalho/col- 12 dias R$ 45,00 R$ 45,00 R$ 540,00
heita
Dia Trabal- 06 dias R$ 45,00 R$ 22,50 R$ 270,00
ho/limpeza da
área
Adubo Orgânico 02 sacos R$ 50,00 R$ 8,33 R$ 100,00
(25kg)
Caixa plástica 05 R$ 25,00 R$ 10,42 R$ 125,00
p/horfifruti
TOTAL R$ 86,25 R$ 1.035,00
48 4 Estudo de casos

Quadro 4.6: Preço de venda e Quantidade de produção.

Preço de venda R$ 30,00


Quantidade colhida 600 limões/mês
Quantidade caixa 04 (150 limões/cx)

Quadro 4.7: Custo de Manutenção e Colheita.

COLHEITA RECEITA DESPESA SOBRAS


1o ANO (colheita) R$ 1.440,00 R$ 1.035,00 R$ 405,00
Receita Anual

COLHEITA RECEITA DESPESA SOBRAS


1o ano (colheita) R$ 1.440,00 R$ 1.035,00 R$ 405,00
Receita Mensal

Suco de Aipim de Dona Flor

Dona Flor, uma senhora de 50 anos, morava com a netinha em uma vila na zona rural
próximo da capital de Alagoas. Muito católica adorava ir à missa todos os domingos. Era muito
querida na comunidade e estava envolvida nas atividades da igreja para arrecadar recursos
para as obras assistenciais.

Certo dia, as senhoras do grupo da Dona Flor decidiram criar uma feira depois da missa
para vender artesanato e guloseimas para arrecadar fundos. Dona Flor chegou em casa
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 49

toda preocupada, tinha que achar alguma coisa para vender. Pensativa lembrou que todos
elogiavam muito o seu suco de aipim. Decidiu então que faria o suco, mas imediatamente
surgiu outras questões: “Por quanto eu vendo? Será que é um produto que vai dar lucro para a
igreja? Para fazer o suco são necessários vários ingredientes e embalagens, precisa ter onde
conservar... Ai meu Deus, acho que não vai dar certo!”

Sua netinha, Carolina, que chegava da escola, percebeu a vó agitada e perguntou o que
se passava e se poderia ajudar. Sentadas no sofá, Dona Flor contou a Carolina tudo o que se
passava e suas dúvidas. A garota sorriu e disse a Vó que na faculdade onde fazia o curso de
Tecnólogo em Gestão de Cooperativas, ela tinha feito uma disciplina que iria ajudar muito a
encontrar as resposta para suas dúvidas. A senhora ficou animada.

Carolina falou a Vó que para começar o estudo de viabilidade econômica elas teriam que
responder algumas perguntas. Animada, Dona Flor percebendo que a conversa seria longa,
providenciou um bolinho de fubá e foi passar um café. Enquanto a vó passava o café, Carolina
foi pegar a lista de perguntas que precisaria responder com a Vó.

1- Que quantidade preparar de suco de aipim?


2- Quais ingredientes tenho que comprar?
3- Quanto custam esses ingredientes?
4- O aipim está disponível o ano todo?
5- Preciso de algum equipamento?
6- Quanto tempo leva para o preparo?
7- Preciso de embalagens?
8- Qual preço do meu produto no mercado?
9- Outra pessoa venderá suco de aipim na feirinha?
10- Qual será o preço do meu produto?

Abaixo está o estudo de viabilidade econômica do suco de Aipim da Dona Flor.

Quadro 4.8: Investimento.

Itens Quantidade Valor Unitário Valor Total


Liquidificador 1 R$ 150,00 R$ 150,00
TOTAL R$ 150,00
50 4 Estudo de casos

Quadro 4.9: Depreciação.

Itens Quant. Valor Valor Útil Valor Depreciação Depreciação


Unitário de (ano) Residual Anual Mensal
Compra
Liquidificador 1 R$ 150,00 03 R$ 100,00 R$ 33,33 R$ 2,80
TOTAL R$ 33,33 R$ 2,80

Quadro 4.10: Manutenção.

Itens Quantidade Valor Unitário de Manutenção Men-


Compra sal (1% do valor)
Liquidificador 1 R$ 150,00 R$ 1,50
TOTAL R$ 1,50

Quadro 4.11: Custo fixo mensal.

Itens Valor
Depreciação R$ 2,80
Manutenção R$ 1,50
Gás R$ 3,00
TOTAL R$ 7,30

Quadro 4.12: Custo variável.

Itens Quantidade Valor Unitário Valor Total


Raiz de aipim co- 1 raiz média R$ 1,00 R$ 1,00
zida e batida
Leite condensado 1 caixa R$ 2,90 R$ 2,90
Maracujá 1 unid. R$ 0,55 R$ 0,55
Energia R$ 5,00 R$ 5,00
Água R$ 5,00 R$ 5,00
Copo descartável 1 pacote R$ 3,50 R$ 3,50
Mão de obra 1 horas R$ 4,58 R$ 4,58
TOTAL R$ 22,53

Obs.: A mão de obra foi calculada em cima do valor do salário mínimo na época (R$ 880,00), levando
em consideração que uma pessoa trabalha 06 dias por semana e 08 horas por dia.

Quadro 4.13: Preço de venda e Quantidade de produção.

Preço de venda R$ 2,50


Quantidade produzida 12 copos (200 ml)
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 51

Quadro 4.14: Resultados e quantidade da Margem de Contribuição.

Produto Preço Venda Custo Variável Margem de Con-


Unitário tribuição Unitária
Suco de aipim R$ 2,50 R$ 1,84 R$ 0,66

Quadro 4.15: Resultados e quantidade do Ponto de Equilíbrio.

Custo fixo mensal Margem de Contribuição Ponto de Equilíbrio


Unitária
R$ 7,30 R$ 0,66 11

Quadro 4.16: Receita.

Preço de Venda unit. Quant. mensal produzida Receita


R$ 2,50 12 30,00

Quadro 4.17: Sobra.

Receita Custo fixo mensal + var- Sobra


iável
R$30,00 (7,30+22,03) = R$ 29,33 R$ 0,67

Empreendendo com o mingau de Dona Lúcia

Pedro era um jovem que morava com os pais numa pequena comunidade rural do interior
da Bahia. Garoto estudioso e trabalhador. Sempre teve como objetivo estudar para ajudar aos
pais que lutavam tanto para dar uma vida boa ao único filho. Sr Antônio trabalhava em sua
pequena propriedade cultivando milho, feijão e amendoim, e Dona Lúcia tinha uma lanchonete
na frente de casa e também ajudava na lavoura. Apesar de muito trabalho, os recursos eram
poucos.

Pedro, quando chegava do trabalho, tomava um café rápido e saía correndo para a escola
técnica. Pretendia trabalhar em uma indústria como soldador. No seu terceiro ano, uma das
disciplinas estava deixando Pedro muito animado, era a disciplina de empreendedorismo que
falava de como montar e gerir seu negócio. À medida que o professor ia explicando ele só
lembrava da sua mãe e da lanchonete. Sabia que por falta de conhecimento ela nunca tinha
feito nenhum estudo e colocava os preços baseado na experiência sem levar em consideração
todas aquelas coisas que o professor falava.
52 4 Estudo de casos

Um dia o professor passou a aula toda falando da importância de inovar, de sempre estar
oferecendo novos produtos aos clientes e da importância do estudo de viabilidade econômica
para determinar um preço do produto. Como tarefa de casa, o professor pediu aos alunos
que pensassem em um produto e fizessem o estudo de maneira fictícia. Só para testarem
a ferramenta. Pedro perguntou ao professor se poderia fazer sobre algum produto para a
lanchonete da sua mãe e o professor concordou.

Chegou em casa animado, contou aos pais e propôs de apresentar um novo produto.
Pensou no mingau de milho que sua mãe fazia tão bem e todos elogiavam muito, mas que
ela não vendia em sua lanchonete. Seria uma chance de ter um produto para passar abrir a
lanchonete também pela manhã e aproveitar o milho que seu pai já plantava, agregando maior
valor. Dona Lúcia, a princípio ficou com muitas dúvidas, pois significava mais trabalho para
ela. Depois de muita argumentação de Pedro, a mãe resolveu colaborar com o filho e fazer um
teste.

Pedro explicou à mãe que teriam que começar respondendo uma série de perguntas, mas
que ele iria ajuda-la em todo o processo:

1- Que quantidade preparar em média de mingau de milho?


2- Quais materiais tenho que comprar?
3- Quanto custam esses materiais?
4- O milho está disponível o ano todo?
5- Preciso de algum equipamento?
6- Quanto tempo leva para preparar?
7- Preciso de embalagens?
8- Qual preço do mingau de milho no mercado?
9- Alguém já vende mingau de milho na comunidade?
10- Qual será o preço do meu produto?

Abaixo está o estudo de viabilidade econômica do mingau de milho:


Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 53

Quadro 4.18: Investimento.

Itens Quantidade Valor Unitário Valor Total


Fogão 01 R$ 500,00 R$ 500,00
Liquidificador 01 R$ 1500,00 R$ 1500,00
TOTAL R$ 650,00

Quadro 4.19: Depreciação.

Itens Quant. Valor Vida Útil Valor Depreciação Depreciação


Unitário (ano) Residual Anual Mensal
de Com-
pra
Fogão 01 R$ 500,00 05 R$ 150,00 R$ 30,00 R$ 2,50
Liquidificador 01 R$ 150,00 05 R$ 70,00 14,00 2,50
TOTAL R$ 44,00 R$ 5,00

Quadro 4.20: Manutenção.

Itens Quant. Valor Unitário de Manutenção Men-


Compra sal (1% do valor)
Fogão 01 R$ 500,00 R$ 5,00
Liquidificador 01 R$ 1500,00 R$1,50
TOTAL R$ 6,50

Quadro 4.21: Custo fixo mensal.

Itens Valor
Gás R$ 6,00
Depreciação R$ 5,00
Manutenção R$ 6,50
Outros R$ 10,00
TOTAL R$ 27,50
54 4 Estudo de casos

Quadro 4.22: Custo variável.

Itens Quantidade Valor Unitário VAlor Total


Grão de Milho 1 litro R$ 10,00 R$ 10,00
Manteiga 250 gramas R$ 2,00 R$2,00
Açúcar 1/2 quilo R$ 1,50 R$1,50
Leite em pó 250 gramas R$ 5,50 R$5,50
Leite 1 litro R$ 3,00 R$3,00
Copo descartável 1 pacote com 40 uni. R$ 1,30 R$ 1,30
Guardanapo 1 pacote R$ 1,00 R$ 1,00
Mão de obra 2 horas R$ 4,58 R$ 9,16
TOTAL R$ 33,48

Obs.: A mão de obra foi calculada em cima do valor do salário mínimo na época (R$ 880,00), levando
em consideração que um pessoa trabalha 06 dias por semana e 08 horas por dia.

Quadro 4.23: Preço de venda e Quantidade de produção.

Preço de venda R$ 2,50


Quantidade produzida 40 copos

Quadro 4.24: Resultados e quantidade da Margem de Contribuição.

Produto Preço Venda Custo Variável Margem de Con-


Unitário tribuição Unitária
Mingau de milho R$ 2,50 R$ 0,84 R$ 1,66

Obs.: Para obter o custo variável unitário, deve-se dividir o valor do custo variável pela quantidade
produzida.

Quadro 4.25: Resultados e quantidade do Ponto de Equilíbrio.

Custo Fixo mensal Margem de Contribuição Ponto de Equilíbrio


Unitária
R$ 27,50 R$ 1,66 16 copos

Quadro 4.26: Receita.

Preço de Venda unit. Quant. mensal produzida Receita


R$ 2,50 R$ 40,00 100,00

Quadro 4.27: Sobra.

Receita Custo fixo mensal + variável Sobra


R$100,00 R$ (27,50+33,48) = 60,98 39,02
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 55

Fazendo contas na Casa de Farinha

Em uma pequena comunidade no interior da Bahia, Sr.


José plantava, colhia e vendia mandioca para o atraves-
sador, que a comercializava no centro da cidade de Cruz
das Almas. Com esse trabalho e o cultivo de algumas hor-
taliças em seu quintal, ele sustentava seus dois filhos, que
ainda estavam na escola e ajudavam o pai nos finais de
semana. Mas as coisas não iam tão bem financeiramente.

Certo dia, ele ficou sabendo que a Universidade local estava desenvolvendo um projeto
juntamente com a associação de moradores da comunidade e que iriam acontecer algumas
oficinas com cursos de viabilidade econômica. Ele ficou muito esperançoso, pensou que
essa podia ser a chance de melhorar os negócios. Na oficina, houve uma discussão sobre a
importância do beneficiamento dos produtos e de estabelecer parcerias entre os agricultores
da comunidade, por exemplo reativando a casa de farinha da associação.

Sr. José pensou que a mandioca que ele produzia podia ser beneficiada por ele mesmo e
não precisaria mais depender do preço do atravessador, melhorando assim o valor agregado
do seu produto e estabelecendo uma clientela na própria comunidade. No segundo encontro,
expressou sua ideia de produzir sua farinha para a comunidade, que foi bem aceita por todos,
e aceitou o desafio de administrar a casa de farinha da associação. Para isso a equipe do
projeto, junto com ele, responder algumas perguntas:

1- Que quantidade costumo produzir de mandioca?


2- Quais materiais tenho que comprar?
3- Quanto custam esses materiais?
4- A mandioca está disponível o ano todo?
5- Preciso de algum equipamento?
6- Quanto tempo leva para produzir a farinha?
7- Preciso de embalagens?
56 4 Estudo de casos

8- Qual preço da farinha no mercado?


9- Alguém já vende farinha na comunidade?
10- Qual será o preço da minha farinha?

Abaixo está o estudo de viabilidade econômica da farinha de mandioca:

Quadro 4.28: Investimento.

Itens Quantidade Valor Unitário Valor Total


Forno a lenha 1 R$ 2.500,00 R$ 2.500,00
Prensa 1 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
Trituradora 1 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00
Masseira 1 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
Colcho 1 R$ 1.300,00 R$ 1.300,00
Balança 1 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
TOTAL R$ 11.300,00

Quadro 4.29: Depreciação.

Itens Quant. Valor Vida Valor Depreciação Depreciação


Unitário Útil Resid- Anual Mensal
de Com- (ano) ual
pra
Forno a 1 R$ 5 R$ R$ 320,00 R$ 26,67
lenha 2.500,00 900,00
Prensa 1 R$ 5 400,00 320,00 26,67
2.500,00
Trituradora 1 R$ 5 R$ R$ 100,00 R$ 8,33
1.500,00 1.00,00
Masseira 1 R$ 5 R$ R$ 280,00 R$ 23,33
2.000,00 600,00
Colcho 1 R$ 7 R$ R$ 160,00 R$ 13,33
1.300,00 500,00
Balança 1 R$ 5 R$ R$ 260,00 R$ 21,66
2.00,00 700,00
TOTAL R$ 1.440,00 R$ 119,59
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 57

Quadro 4.30: Manutenção.

Itens Quant. Valor Unitário de Manutenção Mensal


Compra (1% do valor)
Forno a lenha 1 R$ 2.500,00 R$ 25,00
Prensa 1 R$ 2.000,00 R$ 20,00
Trituradora 1 R$ 1.500,00 R$ 15,00
Masseira 1 R$ 2.000,00 R$ 20,00
Colcho 1 R$ 1.300,00 R$ 13,00
Balança 1 R$ 2.000,00 R$ 20,00
TOTAL R$ 113,00

Quadro 4.31: Custo fixo mensal.

Itens Valor
Energia R$ 57,00
Água R$ 20,25
Depreciação R$ 119,59
Manutenção R$ 113,00
TOTAL R$ 309,84

Quadro 4.32: Custo variável para produção de 1 saco de farinha de mandioca.

Itens Quantidade Valor Unitário Valor Total


Mandioca 167 kg R$ 0,60 R$ 100,20
Lenha 0,5 m R$ 20,00 R$ 20,00
Mão de Obra 4 horas R$ 5,50 R$ 22,00
TOTAL R$ 142,20

Quadro 4.33: Preço de venda e Quantidade de produção.

Preço de venda R$ 170,00


Quantidade produzida 15 sacos (50kg)

Quadro 4.34: Resultados e quantidade da Margem de Contribuição.

Produto Preço Venda Custo Variável Margem de


Unitário Contribuição
Unitária
Farinha de man- R$ 170,00 R$ 142,20 R$ 27,80
dioca
58 4 Estudo de casos

Quadro 4.35: Resultados e quantidade do Ponto de Equilíbrio.

Custo Fixo mensal Margem de Contribuição Ponto de Equilíbrio


Unitária
R$ 309,84 R$ 27,80 11

Quadro 4.36: Receita.

Preço de Venda unit. Quant. mensal produzida Receita


R$ 170,00 15 R$ 2.550,00

Quadro 4.37: Sobra.

Receita Custo fixo mensal + var- Sobra


iável total
R$ 2.550,00 (R$ 309,84 + R$ 2.133,00) R$ R$ 107,16
= R$ 2.442,84
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ANEXOS
26/02/2018

Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 63

Para que serve um Estudo de


Viabilidade Econômica?
• Conhecer o que precisa para sua atividade dar certo;

• Identificar as dificuldades da sua atividade;

• Planejar seus gastos (investimentos);


Estudo de Viabilidade • Formar os preços de venda dos seus produtos;

Econômica - EVE • Estimar o retorno do seu trabalho na feirinha.

Feira da Sapucaia

Oficina 1

O que é preciso? Exemplo


O primeiro passo se perguntar sobre a produção, por exemplo:

1- Que quantidade vou produzir?


2- Quais materiais tenho que comprar?
BOLO DE AIPIM
3- Quanto custam esses materiais? VOU PRECISAR DE OVOS, AÇUCAR, LEITE,
MANTEIGA, COCO, AIPIM, SAL, FORNO, GÁS,
4- Meu produto está disponível o ano todo?
FORMA DE BOLO, ETC.
5- Preciso de algum equipamento?
QUAL A QUANTIDADE EU PRECISO?
6- Quanto tempo leva para produzir? QUANTO CUSTA CADA MATERIAL?

7- Preciso de embalagens?
EM QUANTAS FATIAS IREI CORTAR?
8- Qual preço do meu produto no mercado?
NORMALMENTE QUANTO CUSTA UMA
9- Alguém já vende este produto na feirinha? FATIA DE BOLO DE AIPIM?
10- Qual será o preço do meu produto?
QUAL EMBALAGEM VOU USAR? A FATIA TERÁ QUAL PREÇO??

Custo Fixo x Custo Variável


Custo Fixo ou Custo Variável?
Vamos entender...
• CUSTO FIXO: Aquilo que eu tenho que
pagar o mesmo valor todo mês (ou
toda semana, toda quinzena)

• CUSTO VARIÁVEL: Aqueles gastos que


tenho ao longo do tempo, que podem
aumentar ou diminuir de acordo com
o que é produzido e vendido.
ALUGUEL DE CASA, GALPÃO, ETC CONTRIBUIÇÃO PARA A FEIRINHA

1
26/02/2018

64 Anexos

Custo Fixo ou Custo Variável? Custo Fixo ou Custo Variável?

LEITE, OVOS, MANTEIGA PARA


ADUBOS CAPINA E MANEJO
PREPARAR UM BOLO. BOTIJÃO DE GÁS

Custo Fixo ou Custo Variável?

“Toda conquista começa com a


decisão de tentar”
(Gail Devers)

CONTA DE ÁGUA

2
26/02/2018
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 65

Revisão:
Custos Fixos e Variáveis
 CUSTO FIXO: mesmo valor pago
mensalmente

Estudo de Viabilidade  CUSTO VARIÁVEL: valores variam a


depender da produção e da
venda
Econômica - EVE
Feira da Sapucaia  CUSTO FIXO VARIÁVEL: parte deve
ser pago mensalmente e outra
Oficina 2
parte varia com a produção

Investimentos Investimentos
Aquilo que é preciso comprar e gastar para iniciar
uma produção, por exemplo: Tomaremos como exemplo a
atividade de costura:

PREÇO VALOR
ITEM QUANT.
UNI. (R$) TOTAL (R$)
Máquina de
1 600 600
costura
Mesa 1 150 150
Cadeira 1 100 100
TOTAL 850

Exercício Exercício
Vamos calcular o investimento para implantar uma horta: Vamos calcular o investimento para implantar uma horta:

PREÇO VALOR PREÇO VALOR


ITEM QUANT. ITEM QUANT.
UNI. (R$) TOTAL (R$) UNI. (R$) TOTAL (R$)
Enxada Enxada 1 40 40
Pá Pá 1 30 30
Ancinho Ancinho 1 25 25
Regador Regador 2 20 40

TOTAL TOTAL 135

1
26/02/2018
66 Anexos

Depreciação
Os equipamentos têm um tempo de vida útil, após o
qual apresentam problemas e deixam de funcionar.

A depreciação é a reserva que precisamos fazer para “Ter vontade de aprender é o primeiro
que após esse tempo tenhamos dinheiro para adquirir
um equipamento novo. passo para realizar as mudanças”

2
26/02/2018
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 67

Revisão
Depreciação

Estudo de Viabilidade
Econômica - EVE
Feira da Sapucaia

Oficina 3

Depreciação - Como calcular? Depreciação - Como calcular?


Vamos calcular a depreciação da máquina de costura
Para calcular é preciso conhecer
informações como:
Vida Útil da
5 anos
Máquina
 O preço de compra da máquina Máquina de Costura Valores (R$)
 Sua vida útil – quantos anos ela dura Preço de compra 600
Valor residual (de revenda) 200
em boas condições
Perda do valor 400
 O seu valor residual – por quanto ela
Perda do valor por ano
80
poderá ser vendida no fim da vida útil. (400 / 5 anos)
Perda do valor por mês
6,70
(80 / 12 meses)

Depreciação - Como calcular? Exercício


• Qual a depreciação de uma roçadeira a gasolina?

A depreciação da máquina de costura é


de 6,70 por mês, então eu terei que
guardar esse valor mensalmente para
que após 5 anos de uso eu possa
comprar uma nova máquina.

O mesmo é feito para todos


equipamentos que foram investidos!

1
26/02/2018
68 Anexos

Exercício Exercício (respostas)


Vida Útil da Vida Útil da
8 anos 8 anos
Roçadeira Roçadeira

Roçadeira a gasolina Valores (R$) Roçadeira a gasolina Valores (R$)


Preço de compra 700 Preço de compra 700
Valor residual (de revenda) 150 Valor residual (de revenda) 150
Perda do valor ?? Perda do valor 550
Perda do valor por ano Perda do valor por ano
?? 68,75
( ?? / 8 anos) (550 / 8 anos)
Perda do valor por mês Perda do valor por mês
?? 5,73
( ?? / 12 meses) (68,75 / 12 meses)

Aprendemos que...
• Para calcular a depreciação é preciso
saber a vida útil do equipamento e seu
preço de revenda;
“Por mais difícil que algo possa
parecer, jamais deixe de tentar!”
• É importante reservar um valor por mês
para investir na compra da um novo
equipamento

2
26/02/2018
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 69

Revisão
Exercício da Depreciação
• Qual a depreciação de uma roçadeira a gasolina?

Estudo de Viabilidade
Econômica - EVE
Feira da Sapucaia

Oficina 4

Revisão Despesas e Receita


Calculo da Depreciação
• Despesa: tudo aquilo que é gasto na produção.
Roçadeira a gasolina Valores (R$)
Preço de compra 700 • Receita: tudo que é arrecadado, ou seja, todas as
Valor residual (de revenda) 150 entradas de recursos que ocorreram na
comercialização de seu produto.
Perda do valor 550
Perda do valor por ano
68,75
(550 / 8 anos)
Perda do valor por mês
5,73
(68,75 / 12 meses)

É importante reservar um R$ 5,73 por mês para investir


na compra de uma nova roçadeira após 8 anos de uso.

Despesas e Receita Quais são minhas despesas?


Receita = Despesa = Resultado Nulo

Receita > Despesa = Resultado positivo

Receita < Despesa = Resultado negativo

1
26/02/2018
70 Anexos

Vamos entender...
Vamos entender...
Receita de Bolo
Como calcular as despesas para produzir o bolo?
Ingredientes para preparar um bolo de cenoura:

• 2 cenouras grandes
• ½ xícara de chá de óleo Mas em meu bolo
• 4 ovos eu vou usar apenas
• 2 xícaras de farinha de trigo
• 2 xícaras de chá de açúcar 350 gramas, quanto
• 1 colher de fermento e pó custa?
Para a cobertura:
• 01 caixa de leite condensado 1.000 g --- 3,50
• 05 colheres de chocolate em pó 1 kg  R$ 3,50 350g  R$ 1,22
350 g ----- ??
• 01 colher de margarina

Vamos entender...
Vamos entender...
Como calcular despesas da produção do bolo?
Como calcular as despesas para produzir o bolo?
Ingrediente Custo total Custo por bolo
farinha de trigo 1 kg – R$ 3,50 350g – R$ 1,22 Se o bolo custa R$ 12,57 em ingredientes, para que o
2 cenouras 1 kg – R$ 4,00 300g – R$ 1,20 resultado seja positivo (Receita > Despesa) ele deve ser
vendido por um valor maior.
óleo de soja 900ml – R$ 3,60 120ml – R$ 0,48
ovos 1 dúzia – R$ 6,00 4 ovos – R$ 2,00
açúcar 1kg – R$ 2,50 400g – R$ 1,00 EXEMPLO:
fermento em pó 100g – R$ 2,20 10g – R$ 0,22 Se o bolo tem 15 fatias e o preço de cada uma é R$
leite condensado 1 caixa – R$ 4,00 1 caixa – R$ 4,00
2,00, então o valor do bolo será de R$ 30,00.  Receita
maior do que a despesa = Resultado positivo!
achocolatado 400g – R$ 6,00 30g – R$ 0,45
margarina 500g – R$ 5,00 200g – R$ 2,00
TOTAL -------------- R$ 12,57 MAS ATENSÇÃO: ESSE AINDA NÃO É O PREÇO FINAL
CACULADO! ESTE VEREMOS MAIS ADIANTE!

Aprendemos que...

 As despesas são todos os custos da produção;


“Nenhum obstáculo será grande se a
 A receita é todo o retorno obtido pela produção;
sua vontade de vencer for maior”
 A receita deve ser maior que a despesa!

2
26/02/2018
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 71

Preparação de um produto:
fazendo mingau de milho!
Vamos observar:

 Os ingredientes e os valores
Estudo de Viabilidade  O tempo de produção

Econômica - EVE
Feira da Sapucaia

Oficina 5

Nesta oficina cada participante leva um ingrediente


de um determinado produto e juntos realizam os
cálculos do custo e o tempo do preparo.
Pode ser usado qualquer exemplo acessível para os
participantes.
Os dados obtidos servirão daqui pra frente para
serem trabalhados em como funciona a formação
do preço.

1
26/02/2018
72 Anexos

Formando o preço
Como formar o preço de maneira justa para quem
produz e para quem compra?

Estudo de Viabilidade
Econômica - EVE
Feira da Sapucaia

Oficina 6

Formando o preço Exemplo do bolo de cenoura


Primeiro: é preciso calcular todos os tipos de despesas Despesas com a matéria-prima (ingredientes):
incluídos em todo processo de produção.
Ingrediente Custo total Custo por bolo
farinha de trigo 1 kg – R$ 3,50 350g – R$ 1,22
DESPESAS
2 cenouras 1 kg – R$ 4,00 300g – R$ 1,20
óleo de soja 900ml – R$ 3,60 120ml – R$ 0,48
CUSTOS FIXOS CUSTOS VARIÁVEIS
ovos 1 dúzia – R$ 6,00 4 ovos – R$ 2,00
açúcar 1kg – R$ 2,50 400g – R$ 1,00
DEPRECIAÇÃO MATERIAIS
CONTAS EMBALAGENS fermento em pó 100g – R$ 2,20 10g – R$ 0,22
CONTIBUIÇÃO MÃO-DE-OBRA leite condensado 1 caixa – R$ 4,00 1 caixa – R$ 4,00
ETC achocolatado 400g – R$ 6,00 30g – R$ 0,45
margarina 500g – R$ 5,00 200g – R$ 2,00
TOTAL -------------- R$ 12,57

Exemplo do bolo de cenoura Exemplo do bolo de cenoura


COMO CALCULAR A MÃO-DE-OBRA PELO TEMPO TRABALHADO
Despesa Custo
Ingredientes R$ 12,57
Embalagens (pratinhos + garfos
Salário mínimo mensal: R$ 880,00 descartáveis)
R$ 2,50

TOTAL R$ 15,07
Trabalhando6 dias por semana = 24 dias
Custos indiretos (gás, água, material de
R$ 1,507 (10%)
Salário por dia por dia: R$ 36,67 limpeza, energia, etc)
Custo da mão-de-obra (2h trabalhadas) R$ 9,16
Trabalhando 8 horas por dia TOTAL R$ 25,74

Salário por hora: R$ 4,58


Então, o custo de um bolo de cenoura é calculado em
R$ 25,74, este valor é o PONTO DE EQUILIBRIO

1
26/02/2018
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 73

Ponto de Equilíbrio Margem de contribuição

 Indica a quantidade mínima que deve ser • É o valor de sobra, acima do ponto de equilíbrio.
produzida para que a produção não apresente
nem lucro nem prejuízo. Por exemplo...

 O valor paga as despesas. Se o custo para produzir um bolo é R$ 25,74, esse será
o valor mínimo a ser cobrado (ponto de equilíbrio),
 Qualquer produção abaixo então se eu vendo por R$ 30,00 (receita), eu terei:
do ponto de equilíbrio resultará
RECEITA – PONTO DE EQUILÍBRIO = MARGEM DE CONTIBUIÇÃO
em um prejuízo.
R$ 30,00 – R$ 25,74 = R$ 4,26

Por fim são feitos os cálculos do preço do produto do


último encontro, bem como resolvidos os produtos de
cada participante coletivamente.

2
74 Anexos

Oficina sobre Estudo de Viabilidade Econômica da

Projeto Fazendo Contas na Feira da Sapucaia


PROEXT – UFRB

Caderno de Atividades

Nome:______________________________________________________________
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 75

UFRB - PIBEX 03/2016


Projeto Fazendo as Contas na Feira da Sapucaia

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA (EVE)


AULA 1

“O que preciso saber para realizar um EVE?”

O que vou produzir?


Qual a quantidade que vou produzir?

Materiais Custo
R$
R$
Quais materiais vou R$
precisar comprar? R$
R$
R$
R$

Vou precisar de algum


equipamento?  SIM  NÃO

Equipamento Custo
R$
R$

Outras perguntas importantes:

Meu produto está disponível o ano todo? SIM NÃO


Alguém já vende este produto na feirinha? SIM NÃO
Vou precisar de embalagens? SIM NÃO

Quanto tempo leva para


produzir?

Qual preço do meu produto no mercado? R$


Qual será o preço do meu produto? R$
76 Anexos

UFRB - PIBEX 03/2016


Projeto Fazendo as Contas na Feira da Sapucaia

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA (EVE)


AULA 2

Custos Fixos e Variáveis

CUSTO CUSTO CUSTO CUSTO


FIXO VARIÁVEL FIXO VARIÁVEL

ALUGUEL CONTRIBUIÇÃO

ADUBOS BOTIJÃO DE GÁS

Investimentos

ITEM QUANTIA PREÇO UNI. VALOR TOTAL

Enxada R$ R$

Pá R$ R$

Ancinho R$ R$

Regador R$ R$

TOTAL R$
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 77

UFRB - PIBEX 03/2016


Projeto Fazendo as Contas na Feira da Sapucaia

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA (EVE)


AULA 3

Depreciação

Cálculos da
depreciação de uma
roçadeira a gasolina
com vida útil de
trabalho de 8 anos.

ROÇADEIRA A GASOLINA VALORES

Preço de compra R$ 700

Valor residual (de revenda) R$ 150

Perda do valor R$

Perda do valor por ano


R$
( __________ / 8 anos)

Perda do valor por mês


R$
( _________ / 12 meses)

O VALOR DA DEPRECIAÇÃO POR MÊS É DE R$___________


78 Anexos

UFRB - PIBEX 03/2016


Projeto Fazendo as Contas na Feira da Sapucaia

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA (EVE)


AULA 4

Despesa e Receita

Vamos calcular as despesas dos materiais para fazer um bolo de cenoura?

• 2 xícaras de chá de açúcar


Ingredientes:
• 1 colher de fermento e pó
• 2 cenouras grandes
• 01 caixa de leite condensado
• 1/2 xícara de chá de óleo
• 05 colheres de chocolate em
• 4 ovos

• 2 xícaras de farinha de trigo
• 01 colher de margarina

INGREDIENTE CUSTO TOTAL CUSTO POR BOLO

farinha de trigo 1 kg – R$ 3,50 350g – R$ ________

2 cenouras 1 kg – R$ 4,00 300g – R$ ________

óleo de soja 900ml – R$ 3,60 120ml – R$ ________

ovos 1 dúzia – R$ 6,00 4 ovos – R$ ________

açúcar 1kg – R$ 2,50 400g – R$ ________

fermento em pó 100g – R$ 2,20 10g – R$ _________

leite condensado 1 caixa – R$ 4,00 1 caixa – R$ ________

achocolatado 400g – R$ 6,00 30g – R$ _________

margarina 500g – R$ 5,00 200g – R$ _________

TOTAL R$ ___________
Estudo de Viabilidade Econômica na Agricultura Familiar 79

UFRB - PIBEX 03/2016


Projeto Fazendo as Contas na Feira da Sapucaia

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA (EVE)


Nome: _______________________________________________________________
Meu produto é: ________________________________________________________

Investimento: O que preciso comprar ou gastar para iniciar a produção?

Itens Quantia Valor Unitário Valor Total


R$ R$
R$ R$
R$ R$
TOTAL R$

Depreciação: Calcular a depreciação é importante para conhecer a reserva que preciso fazer para
que após um tempo tenha dinheiro para adquirir um equipamento novo.

Itens Valor Unitário Vida Útil Valor Depreciação Depreciação


de Compra (ano) Residual Anual Mensal
R$ R$ R$ R$
R$ R$ R$ R$
R$ R$ R$ R$
TOTAL R$ R$

Custo fixo mensal: contas, depreciação do equipamento, contribuição para feirinha, etc.

Itens Valor
R$
R$
R$
TOTAL R$

Custo variável: gastos que podem diminuir ou aumentar a cada mês a depender da produção.

MATERIAIS
Itens Quantia Valor Unitário Valor Total
R$ R$
R$ R$
R$ R$
80 Anexos

UFRB - PIBEX 03/2016


Projeto Fazendo as Contas na Feira da Sapucaia

R$ R$
R$ R$
R$ R$
R$ R$
R$ R$
R$ R$
R$ R$
R$ R$
TOTAL R$

OUTROS CUSTOS
Itens Quantia Valor Unitário Valor Total
R$ R$
R$ R$
R$ R$
R$ R$
TOTAL R$

CUSTO VARIÁVEL TOTAL


MATERIAIS + OUTROS CUSTOS R$

Ponto de Equilíbrio: a quantidade mínima que deve ser produzida para que a produção não
apresente nem lucro nem prejuízo.

CUSTO FIXO + CUSTO VARIÁVEL = PONTO DE EQUILÍBRIO

Custo fixo mensal Custo variável mensal Ponto de Equilíbrio

R$ R$ R$

Margem de Contribuição: É o valor de sobra, acima do ponto de equilíbrio.

RECEITA (preço de venda) – PONTO DE EQUILÍBRIO = MARGEM DE CONTIBUIÇÃO

Margem de Contribuição
Preço de Venda Ponto de Equilíbrio
Unitária
R$ R$ R$
Coleção SENAR 139

ADMINISTRAÇÃO DA
EMPRESA RURAL

Ambiente externo
Presidente do Conselho Deliberativo
João Martins da Silva Júnior

Entidades Integrantes do Conselho Deliberativo


Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
Ministério da Educação - MEC
Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB
Agroindústrias / indicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI

Secretário Executivo
Daniel Klüppel Carrara

Chefe do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social


Andréa Barbosa Alves
Coleção SENAR 139

ADMINISTRAÇÃO DA
EMPRESA RURAL

Ambiente externo

TRABALHADOR NA ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROSSILVIPASTORIS


© 2009, SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

Coleção SENAR - 139

ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL


Ambiente externo

FOTOGRAFIA
Banco de imagens público
Rodrigo Farhat
Valéria Gedanken

Senar - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

Administração da empresa rural: ambiente externo / Serviço Nacional de Aprendiza-


gem Rural. -- 4. ed. Brasília: SENAR, 2015.

40 p. : il. ; 21 cm -- (Coleção SENAR; 139)

ISBN 978-85-7664-051-6
1. Administração agrícola. 2. Administração rural. I. Título. II.
Série.

CDU 631.1

IMPRESSO NO BRASIL
Sumário
Apresentação 5

Introdução 7

Administração da empresa rural: ambiente externo 8

I - Conhecer a importância das atividades agrossilvipastoris e da


administração rural no agronegócio 9
1 - Conheça a importância das atividades agrossilvipastoris no agronegócio 10
2 - Conheça a importância da administração rural no agronegócio 18

II - Conhecer o mercado de fatores e de produtos 19


1 - Analise o mercado de fatores 19
2 - Analise o mercado de produtos 19

III - Conhecer a política agrícola e os principais instrumentos de apoio ao


produtor rural 21
1 - Conheça o crédito rural 22
2 - Conheça a garantia de renda dos produtores 23
3 - Conheça o seguro rural 24
4 - Conheça as instituições de pesquisa 25
5 - Conheça o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR 26
6 - Conheça os órgãos de assistência técnica e extensão rural 28
7 - Conheça o sistema de armazenamento e abastecimento 29

IV - Conhecer a legislação relativa à segurança do trabalhador rural 30

V - Conhecer a legislação relativa ao meio ambiente 32


1 - Utilize corretamente os agrotóxicos 33
2 - Conheça o instituto nacional de processamento de embalagens vazias- inpEV 34

VI - Conhecer a defesa sanitária 35


VII - Conhecer as principais formas de associativismo 36
1 - Conheça as associações 36
2 - Conheça os sindicatos 37
3 - Conheça as cooperativas 37

Referências 39
Apresentação
Os produtores rurais brasileiros mostram diariamente sua competência na
produção de alimentos e na preservação ambiental. Com a eficiência da nossa
agropecuária, o Brasil colhe sucessivos bons resultados na economia. O setor é
responsável por um terço do Produto Interno Bruto (PIB), um terço dos empregos
gerados no país e por um terço das receitas das nossas exportações.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) contribui para a pujança do
campo brasileiro. Nossos cursos de Formação Profissional e Promoção Social,
voltados para 300 ocupações do campo, aperfeiçoam conhecimentos, habilidades
e atitudes de homens e mulheres do Brasil rural.
As cartilhas da coleção SENAR são o complemento fundamental para fixação da
aprendizagem construída nesses processos e representam fonte permanente
de consulta e referência. São elaboradas pensando exclusivamente em você,
que trabalha no campo. Seu conteúdo, fotos e ilustrações traduzem todo o
conhecimento acadêmico e prático em soluções para os desafios que enfrenta
diariamente na lida do campo.
Desde que foi criado, o SENAR vem mobilizando esforços e reunindo experiências
para oferecer serviços educacionais de qualidade. Capacitamos quem trabalha
na produção rural para que alcance cada vez maior eficiência, gerenciando com
competência suas atividades, com tecnologia adequada, segurança e respeito ao
meio ambiente.
Desejamos que sua participação neste treinamento e o conteúdo desta cartilha
possam contribuir para o seu desenvolvimento social, profissional e humano!
Ótima aprendizagem.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural


– www.senar.org.br –
Introdução
Esta cartilha procura mostrar a importância das atividades agrossilvi-
pastoris e da administração rural no agronegócio. Trata também das vari-
áveis que afetam a administração da empresa rural, a política agrícola e os
principais instrumentos de apoio ao produtor. Aborda ainda, a legislação
relativa à segurança do trabalhador rural e do meio ambiente e refere-se
à defesa sanitária e as principais formas de associativismo.

Coleção | SENAR

7
Administração da empresa rural:
ambiente externo
Para que o produtor possa acompanhar as mudanças que estão ocor-
rendo na economia mundial, a eficiência na área tecnológica e da gestão
das atividades agrícolas é cada vez mais exigida dele. Assim, além de pro-
duzir de forma economicamente viável, ambientalmente correta, social-
mente justa e conforme as determinações da defesa sanitária e se possí-
vel, de modo associativista, ou seja, além do ambiente interno (produção)
é imprescindível o conhecimento do ambiente externo à propriedade.
Coleção | SENAR

8
I Conhecer a importância das
atividades agrossilvipastoris e da
administração rural no agronegócio

O agronegócio exerce função econômica e social muito importante. As


riquezas geradas fortalecem a economia brasileira e proporcionam condi-
ções para melhoria da qualidade de vida, no meio rural e, principalmente,
nas pequenas e médias cidades.
O agronegócio é a soma de todas as cadeias produtivas compreen-
dendo desde a produção e distribuição de insumos, a produção agrossil-
vipastoril até a comercialização de alimentos, fibras e energia, ou seja, é o
propulsor da economia do Brasil sendo responsável por cerca de 30% do
PIB, 36% das exportações e 37% dos empregos.
1 - Conheça a importância das atividades
agrossilvipastoris no agronegócio
1.1 - Entenda o agronegócio
A participação do produtor no agronegócio se dá através das diferen-
tes cadeias produtivas e em todas elas prevalece a visão do todo, onde as
providências em relação aos insumos, à produção, ao armazenamento, à
industrialização, à distribuição e ao consumo da matéria prima, não podem
ser consideradas de forma separada.
Atualmente, na linguagem usual, a cadeia produtiva agrícola divide-se em:
• O que vem antes da porteira das fazendas;
Coleção | SENAR

• O que se passa dentro das fazendas;


• O que ocorre depois da porteira.

10
O que vem antes da porteira das fazendas (ambiente externo)
Caracteriza-se pelos insumos e pelos serviços indispensáveis à pro-
dução rural: a pesquisa cientifica, a extensão rural, os fertilizantes, os
defensivos, os corretivos, as sementes, as máquinas e equipamentos, o
crédito, o seguro rural.

Coleção | SENAR

11
O que acontece dentro das fazendas (ambiente interno)
Tanto o que ocorre antes como depois da porteira depende do que se
passa dentro das fazendas, ou seja, do plantio, dos tratos culturais, da
colheita sob gestão enérgica de recursos gerenciais e humanos, da área
comercial, ambiental, fiscal, tributária, trabalhista, técnica e outras ações.
Uma cadeia produtiva só será eficiente e seu produto final somente
será competitivo em termos de preço e qualidade, se a distribuição da
renda no seu interior for equilibrada, de modo que todos os elos sejam
remunerados adequadamente.
Seja qual for a cadeia produtiva na qual o produtor está inserido, ele
sempre será o elemento principal, independente de seu tamanho, familiar
ou empresarial.

Ambiente e relação entre os componentes do agronegócio


Coleção | SENAR

12
O que ocorre depois da porteira (ambiente externo)
Contém o transporte da produção, sua armazenagem, a industrializa-
ção, a distribuição e o comércio interno ou externo.

Coleção | SENAR

13
Representação Genérica de Cadeias Produtivas

ANTES DA PORTEIRA DENTRO DA FAZENDA DEPOIS DA PORTEIRA


Indústria de
Compradores e
insumos, máquinas e Produtores de Distribuição
processadores
equipamentos

Fertilizantes Leite
Sementes Feirantes
Calcário Padarias
Produtos veterinários Carne Mercearias
Inseminação artificial Pequenos varejos
Ordenha mecânica
Rações Ovos Cooperativas Supermercado
Tanque de Feiras livres
resfriamento Varejões
Frutas Mini usinas Sacolões
Utensílios
Hortaliças
Agroindústrias Outros: bares,
Tratores, máquinas e nacionais e restaurantes,
implementos Café multinacionais atacadistas

Cana
Exportadores
Outros Serviços
Serviços técnicos Serviços técnicos Serviços técnicos técnicos

Indentificação dos principais insumos e produtos agropecuários


da sua região
Depois de observar o quadro da representação genérica de cadeias
produtivas faça os exercícios de acordo com sua realidade:
• Verifique se na sua região existe alguma cadeia produtiva consolida-
Coleção | SENAR

da ou com potencial de desenvolvimento que você possa se inserir


• Que tipos de insumos você compra?
• Esquematize a cadeia produtiva de seu interesse
14
1.2 - Conheça os principais produtos do
agronegócio brasileiro
A geração de pesquisas para a agricultura e pecuária tropical, as
condições climáticas favoráveis, terras disponíveis e áreas de pastagens
degradadas a serem recuperadas e a visão empresarial associada ao es-
pírito empreendedor dos produtores rurais fazem com que o Brasil se
destaque na produção de alimentos e agricultura energética com ênfase
em etanol e biodiesel.
Como exemplo de alimentos, produzimos arroz, café, frutas, hortaliças,
leite, soja, milho, carnes (ave, suína e bovina), suco de laranja, entre ou-
tros.
Como exemplo de agricultura energética produzimos cana-de-açúcar,
mamona, gergelim, algodão, girassol, amendoim, dendê e diversas outras.
O quadro a seguir, mostra matéria-prima proveniente de alguns produ-
tos agrossilvipastoris e sua respectiva utilização.

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Matéria-prima proveniente de produtos agrossilvipastoris

MATÉRIA PRIMA UTILIZAÇÃO

Têxtil
Algodão
Farmacológico
Papel e celulose
Madeira
Indústria moveleira
Óleo, biodiesel, torta para ração, composição
Soja
de massas, biscoitos e outros
Mandioca Farinhas e polvilho
Trigo Farinhas, panificação
Pimentas Indústria de condimentos
Ervas Medicamentos, chás
Frutas em geral Sucos, doces, cosméticos
Castanhas Alimentação e cosméticos
Produtos Lácteos (iogurte, requeijão, queijos,
Leite
e outros)
Mel, própolis, geleia real,
Indústria apícola
ceras, pólen
Açúcar e álcool
Cana-de-açúcar Fabricação de cachaça, açúcar mascavo e
rapadura
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1.3 - Conheça a importância dos principais
produtos agropecuários exportados pelo Brasil
As exportações de produtos agropecuários contribuem positivamente
para o aumento do saldo da balança comercial (diferença do valor dos
produtos exportados e dos importados), o fortalecimento das cadeias
produtivas e a geração de empregos diretos e indiretos no campo.
As vendas de produtos básicos, especialmente agrícolas, continuam
sendo a principal fonte do superávit comercial brasileiro. Assim, a solidez
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das contas externas brasileiras continua dependendo fundamentalmente


dos produtos originários do campo.

17
Principais produtos agrossilvipastoris e destinos

2 - Conheça a importância da
administração rural no agronegócio
Com a globalização da economia e a formação de acordos comerciais
entre os países, a empresa rural está diante do desafio de produzir com
maior eficiência técnica e econômica, para oferecer produtos de qualidade
a preços competitivos. Nesse sentido, é importante a capacitação do em-
presário rural nas variáveis que afetam a gestão de seu negócio como o
mercado de fatores e de produtos, política agrícola, legislações trabalhis-
tas, ambiental, sanitária e outras, bem como o desenvolvimento do espírito
associativista para unir esforços e distribuir benefícios.
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18
II Conhecer o mercado de fatores
e de produtos

1 - Analise o mercado de fatores


O mercado de fatores envolve a identificação e descrição dos insumos
e serviços necessários a serem adquiridos para a execução da produção.

Para a análise completa do mercado de fatores o produtor deve saber


responder:
• De quem é possível comprar?
• Por quanto é possível comprar?
• Quanto é possível comprar?

2 - Analise o mercado de produtos


O mercado de produtos representa tudo o que é produzido nas pro-
priedades rurais em produtos (carne, grãos, frutas, etc.) ou serviços (alu-
guel de pasto, uso de máquinas, etc.).

A análise do mercado envolve a descrição genérica do produto ou ser-


viço e do seu nicho de mercado com o objetivo de identificar o segmento
onde o produto será comercializado, destacando inclusive o grupo de con-
sumidores relevantes.
Para a análise completa do mercado de produtos o produtor deve sa-
ber responder:
• Qual o produto que o mercado deseja adquirir?
• Para quem é possível vender?
• Por quanto é possível vender?
• Quanto é possível vender?

Atenção:

É importante conhecer os períodos de safra e entressafra dos


produtos no mercado interno e externo. Com esse conhecimento os
produtores programam o plantio visando a colheita em épocas estra-
tégicas de melhor preço.
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20
III Conhecer a política agrícola e
os principais instrumentos de
apoio ao produtor rural

O Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura Pecuária e


Abastecimento (MAPA), define os programas de desenvolvimento e os ins-
trumentos de política agrícola, procurando conciliar a busca do crescimen-
to da agropecuária com os objetivos sociais e ambientais.

Alguns instrumentos da política agrícola são apresentados a seguir:


1 - Conheça o crédito rural
O crédito rural é o instrumento de política agrícola que financia as
atividades rurais.
Existem três formas básicas de crédito rural:
Crédito para custeio: destinado ao financiamento de determinada safra
(capital de giro);
Crédito para investimento: destinado a compra de máquinas, constru-
ção de benfeitorias e aquisição de animais. Trata-se de financiamento que
envolve mais de uma safra; o prazo de pagamento é mais longo e pode ter
um período de carência antes do início da amortização da dívida.
Crédito para a comercialização: está ligado à política de preços míni-
mos. As três modalidades principais são os Empréstimos do Governo Fe-
deral (EGF), as Aquisições do Governo Federal (AGF) e as compras diretas
efetuadas pelo Governo Federal.

Atenção:

1 - Diferentes linhas de crédito e as formas de acessá-los são


encontrados em bancos oficiais, instituições privadas e cooperativas
de crédito. Dentre elas, encontra-se uma linha especial destinada ao
financiamento da agricultura familiar, o Programa Nacional de Forta-
lecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
2 - Existem empresas especializadas que são credenciadas pelas
instituições financeiras com a finalidade de auxiliar o empresário rural
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a elaborar projetos para fins de obtenção de crédito rural.

22
Sede do Banco Central - Brasília - DF Sede do Banco do Brasil - Brasília - DF

2 - Conheça a garantia de renda dos produtores


A garantia de renda aos produtores é o conjunto de instrumentos de
apoio a preços e garantia de renda dos produtores e de abastecimento
complementar, desenvolvido através da Política de Garantia de Preços Míni-
mos (PGPM).
Todo ano, o governo define os preços mínimos para os produtos con-
templados por essa política. Quando os preços de mercado estão abaixo
do preço mínimo oficial, o governo compra a produção agrícola para for-
mar estoques reguladores do produto. Esses estoques são utilizados para
abastecer o mercado em épocas de escassez. A Companhia Nacional de
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Abastecimento (Conab) é o órgão do governo responsável pela execução


da política de preços mínimos. Os principais instrumentos utilizados são
as linhas de crédito mencionadas anteriormente (EGF, AGF e Compra Dire-
23
ta). No caso do EGF, o governo libera o empréstimo para que o produtor
armazene seu produto e espere a melhor época de venda, em geral, na
entressafra. A modalidade AGF ocorre quando o governo se compromete
a comprar a produção ao preço mínimo estabelecido no início da safra.
Para saber mais sobre a garantia de renda aos produtores consulte:
www.conab.gov.br.

Sede da Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB - Brasília - DF

3 - Conheça o seguro rural


As atividades agrossilvipastoris apresentam riscos e incertezas, decor-
rentes tanto da instabilidade de origem climática e das ameaças sanitárias,
quanto das oscilações do mercado.
O seguro agrícola é um importante mecanismo de proteção da renda
do produtor rural. Ele atua de forma a amenizar os riscos de perdas na
Coleção | SENAR

atividade agropecuária e proporciona a recuperação de sua capacidade


financeira na eventualidade de sinistros ocorridos por motivos naturais
incontroláveis.

24
A força do seguro agrícola no Brasil depende da parceria entre gover-
no, seguradoras, resseguradoras, agentes financeiros e produtores, em
busca do modelo ideal de proteção às atividades agrícolas.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Brasília - DF

4 - Conheça as instituições de pesquisa


Atualmente, o Brasil possui a melhor tecnologia agropecuária tropical
no mundo e é competitivo em diversas cadeias produtivas, em grande
parte devido aos trabalhos realizados em pesquisa, desenvolvimento e
inovação.
A tecnologia agrossilvipastoril é obtida através da pesquisa e é um
processo dinâmico exigindo recursos constantes. Sem eles, a tecnologia
não evolui e o Brasil perde competitividade, empregos e renda.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), universi-
dades, organizações estaduais de pesquisa agropecuária entre outras,
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por meio da realização de pesquisas promovem avanços tecnológicos


contribuindo para que os produtores aumentem sua renda e ofereça me-
lhor produto ao consumidor em preço e qualidade.
25
Atenção:

A administração rural também é um tipo de tecnologia. Esteja


atento às inovações nessa área, por exemplo, ao uso do microcom-
putador como instrumento de trabalho.

Sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA - Brasília - DF

5 - Conheça o Serviço Nacional de


Aprendizagem Rural - SENAR
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, é uma instituição
de direito privado, paraestatal, sem fins lucrativos, mantida pela classe pa-
tronal rural, vinculado a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil -
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CNA e dirigida por um Conselho Deliberativo, composto por representantes


do governo, da classe patronal e da classe trabalhadora.

26
O SENAR tem como principal fonte mantenedora de sua estrutura ope-
rativa a contribuição compulsória dos produtores rurais sejam eles pes-
soas físicas ou jurídicas. Sua missão é desenvolver ações de formação
profissional rural - FPR, em atenção às demandas do mercado de traba-
lho, e atividades da promoção social - PS, voltadas às pessoas do meio
rural, contribuindo para sua profissionalização, integração na sociedade,
melhoria da qualidade de vida e pleno exercício da cidadania.
O SENAR, presente em todas as unidades da federação, segue as re-
comendações da Organização Internacional do Trabalho - OIT, as políticas
do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE e do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento - MAPA, e nas diretrizes emanadas da Con-
federação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA e suas federações
vinculadas.

Atenção:

Qualquer entidade que oferecer formação profissional deverá contar


com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de apren-
dizagem, de forma a manter a qualidade no ensino.

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Sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA e do Serviço Nacional de Apren-


dizagem Rural - SENAR - Brasília - DF
27
6 - Conheça os órgãos de assistência
técnica e extensão rural
As instituições públicas e privadas de assistência técnica e extensão
rural atuam em todo o Brasil de diferentes formas. As ações de assistên-
cia técnica podem ser realizadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (SENAR), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater)
nos estados, por organizações não governamentais (ONGs), cooperativas,
empresas privadas, profissionais liberais e instituições que fazem parceria
com o SENAR, órgãos federais, estaduais e municipais.

O SENAR por intermédio de suas administrações regionais oferece um


modelo de assistência técnica associado à consultoria gerencial, em conso-
nância com as ações de Formação Profissional Rural.
Todas as instituições acima citadas têm como objetivo principal promo-
ver o desenvolvimento rural sustentável, por meio da difusão de tecnolo-
gias de produção agropecuária e gerenciais, em diferentes regiões do País,
visando à melhoria da qualidade de vida do homem do campo.
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Sede da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER - Brasília - DF


28
7 - Conheça o sistema de
armazenamento e abastecimento
O órgão oficial responsável pelo armazenamento e abastecimento no
Brasil é a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Instituições pri-
vadas e cooperativas também exercem essas funções.
Apenas cerca de 5% dos produtores brasileiros armazenam a sua pro-
dução na própria fazenda, o que é pouco quando comparado aos produto-
res dos EUA com 65%, Europa entre 50 e 55% e da Argentina com 25%.

Sede da Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB - Brasília - DF


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29
IV Conhecer a legislação relativa
à segurança e saúde do
trabalhador rural

Está em vigor desde março de 2005 a Norma Reguladora de Seguran-


ça e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração
Florestal e Aquicultura (NR-31) e a Norma Reguladora de Atividades e
Operações Insalubres (NR-15) que tem por objetivo estabelecer os pre-
ceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho,
de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das
atividades acima citadas com a segurança e saúde e o meio ambiente do
trabalho.
O trabalho no meio rural apresenta riscos ocupacionais com gravidade
variável, classificados em:

RISCOS RISCOS RISCOS RISCOS


RISCOS ACIDENTES
FISÍCOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS ERGONÔMICOS
Arranjo físico
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso
inadequado
Levantamento e Máquinas e
Vibrações
Fumos Bactérias transporte manual equipamentos sem
de peso proteção
Ferramentas
Radiações Exigência de postura
Névoas Protozoários inadequadas ou
ionizantes inadequada
defeituosas
Radiações
Controle rígido de
não- Neblinas Fungos Iluminação inadequada
produtividade
ionizantes
Imposição de ritmos
Frio Gases Parasitas Eletricidade
excessivos
Trabalho em turno e Probabilidade de
Calor Vapores Bacilos
noturno incêndio ou explosão
Substâncias
compostas
Pressão Jornada de trabalho Armazenamento
ou produtos
anormal químicos prolongada inadequado
em geral
Monotonia e Animais peçonhentos.
repetitividade. Outras situações de risco
Umidade Outras situações que poderão contribuir
causadoras de stress para a ocorrência de
físico e/ou psíquico acidentes

Fonte: portaria nº 25 de 29/12 / 1994, anexo IV da NR 05

A falta de um modelo de prevenção aos acidentes de trabalho e o


descumprimento das normas (NR-31) causam um elevado gasto em bene-
fícios decorrentes de acidentes de trabalho por parte do governo e perda
Coleção | SENAR

da produtividade pelas empresas rurais devido aos custos dos acidentes.


Para mais informações, consulte a página do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) na internet: www.mte.gov.br
31
V Conhecer a legislação relativa
ao meio ambiente

O Código Florestal Brasileiro regulamenta as áreas de reserva legal


e de preservação permanente, sejam elas de propriedade privada ou
pública. Por exemplo, a lei “determina a proteção de florestas nativas
e define como áreas de preservação permanente (onde a conservação
da vegetação é obrigatória): uma faixa de 30 a 500 metros nas margens
dos rios (dependendo da largura do curso d’água), a beira de lagos e
de reservatórios de água, os topos de morro, encostas com declividade
superior a 45° e locais acima de 1800 metros de altitude”. Na região da
Amazônia Legal, as propriedades rurais têm que manter 80% de suas
áreas nativas, como reserva legal exceto aquelas que estejam na região
do bioma cerrado, onde este valor cai para 35%. No restante do País, o
percentual é de 20%.
Segundo o novo código florestal (lei no 12.651 de 25 de maio de
2012), todo imóvel rural fica obrigado a fazer o Cadastramento Ambiental
Rural - CAR, de caráter declaratório, onde o proprietário deve deixar claro
quais são as Áreas de Proteção Permanente - APP, reserva legal, áreas
consolidadas e áreas para fins agropecuários dentro da propriedade.
Atenção:
1 - A lei dos crimes ambientais reordena a legislação ambiental
brasileira no que se refere às infrações e punições. A partir dela, por
meio de multas e embargos, além de responabilização criminal, auto-
ra ou co-autora da infração ambiental, pode ser penalizada. Define,
também, que o poluidor é obrigado a indenizar danos ambientais
que causar, independentemente de culpa.
2 - Em relação à fauna silvestre, a lei classifica como crime o uso,
perseguição, apanha de animais silvestres, a caça profissional, o co-
mércio de espécimes da fauna silvestre e produtos derivados de sua
caça, além de proibir a introdução de espécie exótica (importada) e
a caça amadorística sem autorização do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
3 - Dependendo da atividade a ser desenvolvida, consulte o ór-
gão municipal, estadual ou federal para obter informações sobre o
licenciamento ambiental.

1 - Utilize corretamente os agrotóxicos


A utilização de agrotóxicos muitas vezes é imprescindível. Nesses ca-
sos, o uso inadequado pode acarretar sérias consequências sobre a qua-
lidade e a segurança dos alimentos, os custos de produção e a saúde dos
trabalhadores. Portanto, é necessário a precaução quanto ao seu impacto
sobre os recursos naturais. Utilizado corretamente, pode proporcionar
ganhos de produtividade com menores riscos à saúde dos trabalhadores,
dos consumidores e com reduzidos danos ao meio ambiente.
Coleção | SENAR

A Lei dos Agrotóxicos regulamenta a pesquisa, a fabricação, a comercializa-


ção, a aplicação, o controle, a fiscalização e também o destino correto das em-
balagens vazias, visando a preservação da saúde humana e do meio ambiente.
33
Essa lei impõe ainda, a obrigatoriedade do receituário agronômico para
venda de agrotóxicos ao consumidor. Exige também registro dos produtos
nos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da
Saúde e no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA).

Sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA -
Brasília - DF

2 - Conheça o instituto nacional de


processamento de embalagens vazias- inpEV
O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias inpEV
(www.inpev.org.br) também orienta como se deve proceder para descartar
embalagens vazias de agrotóxicos, conforme Lei Federal nº 997/00.
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34
VI Conhecer a defesa sanitária

A Política Agrícola Brasileira, definida pelo Ministério da Agricultura Pecu-


ária e Abastecimento (MAPA), tem a defesa sanitária entre suas prioridades.
Os objetivos da defesa sanitária são assegurar: a sanidade das populações
vegetais; a saúde dos rebanhos; a idoneidade dos insumos e dos serviços
utilizados na agropecuária; e a identidade e a segurança higiênico-sanitária
e tecnológica dos produtos agropecuários finais destinados ao consumi-
dor. O trabalho de vigilância e defesa sanitária, inspeção e classificação de
produtos de origem vegetal e animal, é feito por meio de órgãos federais,
estaduais e municipais ou através de convênios e parcerias com outras ins-
tituições.
A questão de defesa sanitária exige recursos financeiros públicos e apoio
privado. Implica em atuação integrada e cuidadosa entre o governo federal
e os governos estaduais e entre estes e os governos dos municípios, com
a presença de órgãos de representação de produtores. Exige também a
atuação conjunta com todos os governos dos países da América do Sul.

Atenção:

1 - O cumprimento da legislação que trata da defesa agropecuária está


de acordo com compromissos internacionais firmados pelo Brasil.
2 - Por lei, o município é a unidade geográfica básica para a organização
e funcionamento dos serviços oficiais de sanidade agropecuária.
VII Conhecer as principais formas
de associativismo
A palavra associativismo é utilizada para indicar algumas formas de or-
ganização de pessoas com objetivos comuns. O princípio básico do associa-
tivismo é a ajuda mútua e o fortalecimento das ações individuais, permitindo
a cada produtor, poder e representatividade para ajudar a mudar a realida-
de de sua região.
A formação de estruturas coletivas (associativismo) pode possibilitar aos
médios e pequenos produtores como os da agricultura familiar, acesso aos
mercados internos e externos.
Devido às características do meio rural torna-se importante a união e
a organização dos produtores rurais para que consigam promover ações
bem articuladas com objetivos e metas claras. Como exemplo, isoladamente,
cada um deles, é incapaz de influenciar os preços tanto dos insumos que
compram quanto dos produtos que vendem.
As formas mais comuns de associativismo são as associações, os sindi-
catos e as cooperativas.

1 - Conheça as
associações
Associação é um grupo formal ou
informal de pessoas com objetivos
comuns, sem fins lucrativos. Exemplos: Associações dos Apicultores, As-
sociação de Produtores de Leite, Associação de Artesãs, Associação de
Horticultores.

2 - Conheça os sindicatos
Sindicato é a entidade representativa de classes profissionais (traba-
lhadores e produtores) para a defesa de interesses coletivos e individuais.
O conjunto de sindicatos de uma mesma categoria de um estado forma a
federação estadual e o conjunto das federações estaduais forma a confede-
ração. Exemplos:
Exemplo 1: Sindicato Rural <nome do município>; Federação da Agricul-
tura e da Pecuária do <nome do estado>; Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA);
Exemplo 2: Sindicato dos Trabalhadores Rurais <nome do município>;
Federação dos Trabalhadores Rurais <nome do estado>; Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG).

3 - Conheça as cooperativas
A cooperativa é uma sociedade de pessoas
físicas, constituída por, no mínimo, 20 mem-
bros de determinado grupo econômico ou
social, com objetivo de desempenhar determi-
nada atividade econômica.
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As cooperativas são um caminho de or-


ganização e solidariedade. Difundem valores

37
como transparência ética, voluntariado, honestidade, igualdade, respon-
sabilidade e justiça social.
A cooperativa exige responsabilidade, comprometimento e participação de
todos os cooperados dentro de uma estrutura de decisão democrática. Caso o
resultado seja positivo, todos ganham, caso negativo, todos deixam de ganhar.
Exemplo de cooperativas:
Cooperativas de produção:
reúnem grupos de produtores;
Cooperativas de crédito:
proporcionam, aos cooperados,
acesso ao crédito e à moeda com
juros reduzidos;
Cooperativas de consumo:
destinam-se ao repasse de gêne-
ros aos associados;
Cooperativas de trabalho: re-
únem prestadores de serviços.

Atenção:

1 - A lei 5.764/71 rege a criação e o funcionamento das coopera-


tivas no Brasil.
2 - A interação entre associações, sindicatos e cooperativas forta-
lece a representatividade e defesa dos interesses comuns.
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3 - Em todas as formas associativistas, os membros devem exer-


cer plenamente seus direitos e obrigações, visando alcançar os obje-
tivos comuns.
38
Referências
ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. São Paulo: Atlas,
2003. 147p.
BACHA, Carlos J. Caetano. Economia e política agrícola no Brasil. São Pau-
lo: Atlas, 2004. 226p.
CALDAS, Ruy de Araújo (Org.); et al.. Agronegócio Brasileiro. Brasília:
CNPq, 1988. 275p.
NEVES, Marcos Fava. Agronegócios & desenvolvimento sustentável. São
Paulo: Atlas, 2007. 172p.
PERES, Fernando Curi; et al.. O Programa Empreendedor Rural. Curitiba:
SEBRAE/PR e SENAR/PR, 2009.

Coleção | SENAR

39
Coleção | SENAR

40
www.senar.org.br
Acesse também o portal de educação à distância do SENAR:
http://ead.senar.org.br/

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