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REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353

Ano VII – Número 12 – Janeiro de 2009 – Periódicos Semestral

CESARIANA EM VACAS

JOSÉ, Luana Trombini

FRANCO, Fernanda Oliveira


Acadêmicos da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED

luana_trombini@hotmail.com

PEREIRA, Daniela Mello

DIAS,Luis Gustavo Gosuen Gonçalves


Docente da Associação Cultural e Educacional de Garça – FAMED

danielamello@yahoo.com.br

gustavogosuen@gmail.com

RESUMO

Normalmente, quando há indicação de uma cesariana, existem vários fenômenos associados a ela,
entre os mais importantes, cita-se: anomalias pélvicas, estática fetal anômala, gigantismo fetal,
monstruosidades, hidropsias, obstrução da via fetal, prolapso vaginal, fetos enfisematosos entre
outros. Isso torna o ato cirúrgico e anestésico mais difícil. Convém lembrar que o risco aumenta, pois,
ocorrem alterações fisiológicas que alteram a resposta do paciente e do feto em relação ao
anestésico ou ainda técnicas que podem ser consideradas cômodas para a mãe, mas
desconfortáveis para o feto, aumentando o risco de morbidade ou mortalidade do feto.
Palavra chave: cesariana, feto, cirúrgico.
Tema central: Medicina Veterinária.

ABSTRACT

Normally, when there is indication of a cesarean operation, there are several associate phenomena
link it, between the most important, it is quoted: pelvic anomalies, static anomalous fetal, gigantism
fetal, monstruosidades, hidropsias, obstruction of the road fetal, vaginal prolapse, fetuses
enfisematosos between others. That makes the most difficult surgical and anesthetic act. It is suitable
to remember what the risk increases, so, there take place physiologic alterations that alter the answer

Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça
ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400‐000 – Garça/SP – Tel.: (0**14) 3407‐8000 www.revista.inf.br –
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of the patient and of the fetus regarding the anesthetic or still techniques that can be considered
bureaus for the mother, but uncomfortable for the fetus, increasing the risk of morbidity or mortality of
the fetus.
Key word: caesarean, fetus, surgical.

1. INTRODUÇÃO

A cesariana é indicada para os diversos tipos de distocias, incluindo aquelas


causadas por tamanho desproporcional relativo do feto quando a entrada pélvica nas
vacas jovens é muito pequena para permitir o parto, quando há má posição fetal,
hidropsia do âmnio e do alantóide, torção uterina e também quando há fetos
enfisematosos. Em muitos casos, a escolha entre a fetotomia ou a cesariana dependera
da experiência relativa do com cada técnica. A escolha do caso também e importante. A
vaca que tenha sofrido um longo período de manipulação fetal ou tentativas de fetotomia
estando sistematicamente comprometida não é uma candidata para a cesariana
(TOLIOLLO e VICENTE, 1995).
Diferentes formas de abordagem são indicadas nas diversas situações de
distocia (Noorsdy, 1979). A abordagem pelo flanco ou paralombar esquerda é a incisão
padrão para o um feto não contaminado viável ou recentemente morto, onde a vaca é
capaz de tolerar a cirurgia enquanto esta em pé. Em algumas situações, a laparotomia
pelo flanco direito fica indicada quando existe uma distensão acentuada do rúmen ou
quando o exame clinico indica que a remoção pelo lado direito seria mais conveniente.
Por exemplo, um feto de tamanho desproporcional situado no lado direito de cavidade
abdominal seria difícil de ser retirado pela incisão no flanco esquerdo. Nos casos de
rotina, contudo, a incisão pelo flanco esquerdo é mais conveniente, pois são
encontrados menos problemas com o intestino. A abordagem pelo flanco direito também
foi recomendada nos casos de hidropsia. No caso de um feto morto ou feto

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enfisematoso, a abordagem paramediana ventral deve ser empregada, mas requer que
a vaca esteja deitada e considerada incapaz de permanecer em pé durante a cirurgia.
Uma alternativa é a abordagem obliqua ventrolateral que poderá ser realizada com o
animal em decúbito lateral. Ambas as técnicas reduzem a contaminação do peritônio,
que poderá ocorrer durante a remoção do feto enfisematoso contaminado e seus debris
associados (TURNER e MCILWRAITH, 2002).
O objetivo deste trabalho é, através de revisão literária, mostrar as técnicas
anestésicas e cirúrgicas necessárias para a retirada de fetos, vivos ou mortos das
fêmeas na época do parto.

2. CONTEÚDO

Essa cirurgia é realizada em qualquer local, portanto, trata-se de um


procedimento ás vezes realizado em condições difíceis e adversas, na maior parte dos
casos por um cirurgião cansado, na tentativa de fazer o bezerro nascer, e com
freqüência sob pressão de outros chamados para atendimento. Dessa forma, esse
procedimento requer, mais que outros, uma rotina que pode ser realizada em todas as
circunstâncias possíveis (ANDDREWS et al., 2008).
A cesariana é efetivada com o animal sobre analgesia local. A imobilização
utilizando cordas, com ou sem sedação, é uma medida suplementar de restrição. O
veterinário, bem como seus auxiliares, deverão sempre cercar de condições que
respondam pela sua segurança e pela melhoria das chances de sobrevivência do animal
(TURNER e MCILWRAITH, 2002).
Deve-se tomar uma rápida decisão quanto operar a vaca de pé ou em decúbito.
A posição de pé é infinitamente preferível, de forma que se a vaca for dócil utilize pouca
ou nenhuma sedação, apenas contenção manual. Caso o animal seja suficientemente
bravo é necessário de sedação profunda (ANDREWS et al., 2008).
Devemos ter algumas considerações sobre a anestesia, tais como: a resposta da
fêmea ao efeito anestésico pode se alterar em função de seu estado fisiológico,
i

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empregar drogas e técnicas anestésicas que resultem em baixo risco de vida a fêmea e
ao feto, qualquer droga anestésica atravessam com rapidez a barreira placentária
atingindo o feto que possui atividade hepática deficiente e utilizar drogas que
possibilitem rápido retorno anestésico o que sem duvida facilita a amamentação
(TOLIOLLO e VICENTE, 1995).
A anestesia infiltrativa paravertebral (figura 1), seguida da anestesia infiltrativa do
flanco descrevendo um “T” é recomendada para se fazer a cesariana com o animal em
pé, facilitando manipulações obstétricas, por isso faz-se a associação com anestesia
peridural com 5 a 7 ml de lidocaína, evitando assim o decúbito que é indesejável nesse
acesso cirúrgico. A anestesia local infiltrativa paramamária é usada freqüentemente pela
facilidade de abordagem da área. Faz-se a infiltração de 80 a 100 ml de lidocaína 2 %
em retângulo ou cordão anestésico. Entretanto só é empregada nos casos em que o
animal se apresenta debilitado e prostrado, ou é indócil, daí a vantagem de
aproveitamento do decúbito. A anestesia infiltrativa do flanco direito em “L” invertido
(figura 2), emprega-se 80 a 100 ml de lidocaína 1 % e agulha 100 X 12 é indicada
quando se opta pela posição em pé (MASSONE, 2003).

Figura 1 Figura 2

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A abordagem pelo flanco (figura 3) pode ser executada com o animal em estação
sob anestesia local ou em decúbito lateral sob sedação e anestesia local, sendo através
da fossa paralombar esquerda ou direita (STAINKI, 2008).
A incisão do lado direito deve ser evitada, em razão da propensão a prolapso
marcante de alças de intestino delgado. No entanto, ocasionalmente lesões antigas do
lado esquerdo podem tornar tal procedimento necessário, de modo que o cirurgião deve
estar ciente dessa complicação quando realiza a cirurgia do lado direito (ANDREWS et
al., 2008).
A laparotomia paramediana ventral (figura 4) é uma técnica alternativa que exige
o decúbito e a imobilização da fêmea. Esta abordagem oferece vantagem nos casos de
fetos enfisematosos, proporcionando melhor exposição do útero e evitando o
derramamento de conteúdo para o interior da cavidade abdominal. A incisão deve ser
realizada paralela à linha média, entre a linha alba e a veia abdominal superficial
(TONILLO e VICENTE, 1995).
Figura 3 Figura 4

Após a penetração na cavidade peritonial, o cirurgião manipula a porção do corno


uterino que contém o feto e tenta exteriorizar uma região para a histerotomia, mas que
nem sempre é possível. O útero deverá ser exposto o máximo possível, evitando a
contaminação abdominal pelos líquidos fetais. A não ser que o alantocórion esteja

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separado ou descole facilmente, o mesmo deve ser deixado no interior do útero


(TURNER e MCILWRAITH, 2002).
A incisão uterina é normalmente feita sobre um membro do feto, longa o bastante
para permitir a sua remoção sem que se dilacere a incisão uterina. Deve-se procurar
evitar a incisão sobre as carúnculas (STAINKI, 2008).
Para a retirada do bezerro deve-se segurar uma das pernas e trazê-lo através
das membranas fetais, em direção à incisão abdominal. Se estiver em apresentação
posterior, manipule cada perna e cabeça separadamente. O auxiliar procura evitar o
derramamento dos líquidos fetais para a cavidade abdominal da fêmea retendo o útero
próximo da incisão (ANDREWS et al., 2008).
Antes de iniciar a fechamento uterino, o alantocórion é afastado por uma
distância de 5 cm da margem da incisão uterina e uma sutura contínua simples com fio
absorvível é disposta ao redor de toda a margem uterina, penetrando todas as camadas,
para promover hemostasia do órgão. Isto é necessário, devido ao fato de que o
endométrio é fracamente vinculado ao miométrio e existe pouca hemostasia natural para
as calibrosas veias subendoteliais. Deve-se ter muito cuidado de manter o alantocórion
separado da margem da incisão uterina, evitando sua inclusão na linha de sutura e
provocando assim a retenção da placenta (TURNER e MCILWRAITH, 2002).
O útero é suturado com padrões de suturas contínuas invaginantes não
contaminantes, o método de Utrecht com 2 cm das bordas da incisão e ângulo de 45º
para a síntese do útero é o mais indicado pois mantém os nós das extremidades da
sutura sepultados pelas bordas invaginadas do órgão (STAINKI, 2008).
Freqüentemente, se desenvolvem aderências entre o útero e os órgãos viscerais,
que muitas vezes se originam nas extremidades da incisão quando os nós permaneciam
expostos. As aderências também ocorreram ao longo da linha de sutura quando os
padrões de sutura eram expostos, isto é, não promoviam invaginamento e
sepultamento. A resposta inflamatória varia conforme a natureza do fio implantado
(ANDREWS et al., 2008).

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O ponto inicial é disposto de forma obliqua, de modo que o nó é oculto no interior


da sutura invertida. Similarmente, o padrão de sutura contínua é inserido obliquamente,
promovendo mínima exposição do material. Nesta técnica é importante que cada ponto
seja puxado firmemente, após cada inserção, promovendo uma aposição rente das
bordas do útero. A finalização da sutura segue o mesmo padrão do ponto inicial,
devendo o nó final ficar sepultado sob as dobras invaginadas do útero. O fio indicado é o
absorvível sintético, vicryl nº 2 (TURNER e MCILWRAITH, 2002).
A sutura do peritônio e feita junto com o músculo transverso, com pontos
eversores contínuos para justapor peritônio com peritônio. A pele é submetida à sutura
de colchoeiro horizontal, com fio não absorvível (ANDREWS et al., 2008).
A conduta pós-operatória deve constar de: antibióticoterapia com posologia
variável dependendo de cada caso, fluidaterapia quando houver necessidade, controle
da involução uterina, observar a presença da lactação, atentar para ocorrência de
pododermatite asséptica difusa aguda, limpeza da ferida cirúrgica e retirada dos pontos
(TONILLO e VICENTE, 1995).
3. CONCLUSÃO

A cesariana é um procedimento cirúrgico importante e comum em vacas, é


indicada nos casos em que deseja conservar a vida da vaca e do bezerro. As técnicas
anestésicas e as cirúrgicas estão interligadas umas as outras e qual a técnica a ser
utilizada fica a escolha do profissional.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KERSJES, A.W.; NEMETH, F.; RUTGERS, L.J.E. Atlas de cirurgia dos grandes
animais. São Paulo: Manole, 1986. 143p.

TONIOLLO, G.H.; VICENTE, W.R.R. Manual de obstetrícia veterinária. São Paulo:


Varela, 1995. 124p.

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MASSONE, F. Anestesiologia veterinária, farmacologia e técnica. 4 ed. Rio de


Janeiro: Guanabara, 2003. 183-190p.

ANDREWS, A. H.; BLOWEY, R. W; BOYD, H.; EDDY, R. G. Medicina bovina doença e


criação de bovinos. 2 ed. São Paulo: Roca, 2008. 986-992p.

TURNER, A. S., McILWRAITH, C. W. Técnicas cirúrgicas em animais de grande


porte. 1 ed. São Paulo: Roca, 2002. 289-295p.

NOORSDY, J. L. Selection of incision site for cesarean section in the cow. VM/SAC,
1979.

STAINKI, D. R. Cesariana nas espécies domestica. http://pucrs.campus2.br/~stainki /


Obstetricia/Cesariana.pdf. Acessado em 30/08/2008.

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