UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO

CURSO DE MESTRADO

Jaqueline Cabral da Silva Souza

PRÉ-PROJETO DE PESQUISA
A ERA DAS IMAGENS FALSAS:
O PAPEL DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA OPINIÃO PÚBLICA E POLÍTICA

Linha de pesquisa: Mídia e Representação Social

Vinculado ao objetivo 16 (paz, justiça e instituições eficazes) dos OBJETIVOS DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - ONU

CAMPO GRANDE
2023
 RESUMO

Esta pesquisa propõe abordar o papel da inteligência artificial na disseminação de

imagens falsas e o impacto disso na opinião pública e política. Acredita-se que a facilidade de
criação e disseminação de imagens manipuladas na era digital contribui para a proliferação de
fake news. Como consequência, a confiança na veracidade das informações veiculadas pelas
mídias pode ser abalada. O objetivo deste projeto é desenvolver uma metodologia simples e
acessível para identificar imagens manipuladas, a fim de contribuir para a promoção da
transparência e veracidade nas informações divulgadas. Serão utilizadas ferramentas de
análise semiótica para identificar os elementos que caracterizam as imagens criadas por
inteligência artificial que buscam reproduzir padrões visuais típicos da linguagem fotográfica.
Espera-se que os resultados deste projeto contribuam para a compreensão dos movimentos em
curso na comunicação contemporânea e promova uma reflexão sobre a importância da
checagem de informações na era da informação digital.

Palavras-chave:
Inteligência artificial, imagens falsas, fake news, semiótica, veracidade das informações,
checagem de informações.
 INTRODUÇÃO

A presente dissertação aborda o papel da inteligência artificial na disseminação de

imagens falsas e o impacto disso na opinião pública e política. Acredita-se que a facilidade de
criação e disseminação de imagens manipuladas na era digital contribui para a proliferação de
fake news.
A internet e as redes sociais instauraram uma lógica inédita imensamente facilitadora
para a publicação e o compartilhamento. Tal lógica atingiu seu pico a partir das mídias
móveis que permitem a publicação e interação de qualquer ponto do espaço, no
momento em que se desejar. Qualquer pessoa pode abrir um site, um blog ou um
perfil em quaisquer plataformas que quiser (SANTAELLA, 2018, p. 31)

Como consequência, a confiança na veracidade das informações veiculadas pelas

mídias pode ser abalada.

Faz-se importante acrescentar que, em muitos casos, grande parte de uma sociedade
não possui conhecimento técnico suficiente para poder perceber as propriedades que
realmente distinguem dois objetos “semelhantes” e, por conseguinte, reconhecem-nos
como idênticos. (EMÉRITO, 2015, p. 16)

Com base nos estudos da semiótica, é possível compreender que as imagens não são
apenas um reflexo da realidade, mas sim uma construção simbólica que pode ser interpretada
de diferentes maneiras pelos indivíduos. Através dos signos, que “é aquilo que, sob certo
aspecto ou modo, representa algo para alguém” (PEIRCE, 2017, p. 46)
A ascensão da inteligência artificial (IA) nas últimas décadas tem trazido
possibilidades revolucionárias para a comunicação política, e uma delas é a geração de
imagens por meio da IA. A tecnologia pode ser usada para criar imagens personalizadas para
campanhas políticas, construir narrativas e moldar a opinião pública. Essa mudança na forma
como a imagem é usada na comunicação política levanta questões importantes sobre sua
influência na construção da opinião pública e política, e como essa influência pode ser
gerenciada para garantir a transparência e a ética no processo democrático.

A opinião pública é uma espécie de máquina de guerra ideológica utilizada pelas elites
intelectuais e pela burguesia de toga com o intuito de legitimar as suas próprias
reivindicações no domínio político e enfraquecer o absolutismo real. (CHAMPAGNE,
1990, apud MORGADO, 2005, pag.3)

A utilização de imagens geradas por inteligência artificial pode levar a uma

manipulação da percepção da realidade, interferindo na construção da opinião pública e
política. Assim, a compreensão do papel da inteligência artificial na era das imagens falsas se
torna fundamental para uma análise crítica do uso dessas tecnologias na sociedade atual.
 De acordo com Joly (2007 apud FAKHOURY; CAMARGO; AGUILAR 2017), "Os
programas estão se tornando cada vez mais sofisticados e com o poder de criar universos
virtuais capazes de se apresentarem como tal, mas com possibilidades de produzirem imagens
falsas de qualquer imagem aparentemente real. Deste modo as imagens se tornam
manipuláveis e capazes de perderem a distinção entre real e virtual".
Como um dos principais pontos para o desenvolvimento da pesquisa tem-se o trabalho
da autora como artista visual. Além de consumidora e criadora de imagens para mídias
digitais, percebeu um grande aumento de imagens geradas por IA nas plataformas.
O objetivo deste projeto é desenvolver uma metodologia simples e acessível para
identificar imagens manipuladas, a fim de contribuir para a promoção da transparência e
veracidade nas informações divulgadas.
Serão utilizadas ferramentas de análise semiótica para identificar os elementos que
caracterizam as imagens criadas por inteligência artificial que buscam reproduzir padrões
visuais típicos da linguagem fotográfica.
Espera-se que os resultados deste projeto contribuam para a compreensão dos
movimentos em curso na comunicação contemporânea e promova uma reflexão sobre a
importância da checagem de informações na era da informação digital.
A pesquisa se justifica pela necessidade de se aprimorar os métodos de verificação de
veracidade de informações divulgadas na mídia, e pela importância da promoção da
transparência e ética na comunicação, visando contribuir para o fortalecimento da democracia
e da confiança na mídia e nas instituições políticas.
JUSTIFICATIVA
A disseminação de imagens falsas e desinformação têm se tornado um problema cada
vez mais presente na sociedade atual, afetando diretamente a construção da opinião pública e
política. Com o avanço da inteligência artificial, a produção e disseminação dessas imagens se
tornou ainda mais comum, sendo necessário compreender a influência dessas tecnologias
nesse processo. Além disso, é fundamental investigar medidas de combate à disseminação de
desinformação e promover o uso responsável da tecnologia, de forma a contribuir para uma
sociedade mais informada e consciente.

OBJETIVOS
Objetivo Geral:
O objetivo geral deste projeto é analisar a influência da inteligência artificial na construção da
opinião pública e política por meio da geração de imagens falsas.

Objetivos Específicos:
Investigar o impacto da disseminação de imagens falsas na opinião pública e política;
Compreender os movimentos em curso na comunicação contemporânea e as implicações
disso na opinião pública e política;
Avaliar o papel da inteligência artificial na produção e detecção de imagens falsas;
Propor medidas de combate à disseminação de imagens falsas e desinformação;
Desenvolver uma metodologia simples e acessível para identificar imagens manipuladas;

METODOLOGIA

Para a realização deste projeto, em um primeiro momento será realizada uma revisão
bibliográfica sobre o tema, abrangendo estudos e pesquisas que abordem a influência da
inteligência artificial na construção da opinião pública e política.
No segundo momento, serão realizadas análises de casos e exemplos de utilização de
imagens falsas e desinformação em contextos políticos e sociais. Realizando a analise
semiótica sobre as imagens ou vídeos de casos.
Também serão realizadas entrevistas com especialistas em inteligência artificial,
comunicação e política, a fim de obter insights relevantes sobre o tema.
1.Revisão Bibliográfica
Nesta seção, será realizada um levantamento bibliográfico relevante sobre o tema.
Explorando o estado atual da pesquisa, incluindo estudos que foram realizados sobre o
impacto da IA na opinião pública e política. Além disso, examinar estruturas teóricas que
foram utilizadas para estudar este tópico.

2. Análise de Casos
Nesse momento, será analisado casos do uso de imagens falsas e desinformação em
contextos políticos e sociais. Vamos realizar uma análise semiótica dessas imagens ou vídeos
e explorar seu impacto na opinião pública e política. Também vamos discutir o papel da IA na
criação e disseminação dessas imagens.

3. Entrevistas com Especialistas

Nesta seção, serão realizadas entrevistas com especialistas nas áreas de IA,
comunicação e política. Essas entrevistas fornecerão insights valiosos sobre o impacto da IA
na opinião pública e política. Elaboração de perguntas aos especialistas sobre suas opiniões
sobre o uso de IA em campanhas políticas, a ética da IA e o potencial impacto da IA na
democracia.

RESULTADOS ESPERADOS:
Espera-se que a metodologia desenvolvida neste projeto contribua para a compreensão
dos movimentos em curso na comunicação contemporânea, promovendo uma reflexão sobre a
importância da checagem de informações na era da informação digital. Além disso, espera-se
que a metodologia possa ser utilizada como uma ferramenta simples e acessível para a
identificação de imagens manipuladas, contribuindo para a promoção da transparência e
veracidade nas informações divulgadas pelas mídias digitais.
CRONOGRAMA

ETAPAS 1° Semestre 2° Semestre 3° Semestre 4° Semestre

Levantamento X
bibliográfico
Leituras e X X
fichamentos
Redação e revisão X X X
do texto
Defesa do pré- ?
projeto
Coleta de dados e X X
entrevistas
Tabulação e análise X X
dos dados
Revisão e redação X X
final
Defesa da ?
dissertação
REFERÊNCIAS

FAKHOURY, Renata Svizzero; CAMARGO, Mayckel Barbosa de Oliveira; AGUILAR, Ivan

Abdo. VIRTUAL OU REAL: A DIFICULDADE NA DIFERENCIAÇÃO ENTRE
IMAGENS GERADAS POR COMPUTADOR E FOTOGRAFIAS. In: Anais
GRAPHICA 2017 - XII International Conference on Graphics Engineering for Arts and
Design.Anais.Araçatuba(SP)UNIP,2017.Disponívelem:<https//www.even3.com.br/anais/
graphica2017/49629-VIRTUAL-OU-REAL--A-DIFICULDADE-NA-DIFERENCIACAO-
ENTRE-IMAGENS-GERADAS-POR-COMPUTADOR-E-FOTOGRAFIAS>. Acesso em:
09/05/2023 01:17

MORGADO, Isabel Salema. A pressão política sobre os líderes de opinião. In. CORREIA,
João Carlos (Org). Comunicação e Política. Estudos de Comunicação. Universidade da Beira
Interior. 2005.

PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2017

ROQUE, Tatiana; BRUNO, Fernanda. “Fenômeno da pós-verdade transforma os

consensos já estabelecidos”. Folha de São Paulo, 18 de novembro de 2018. Disponível em: .
Acesso em 9 de maio de 20213.

SANTAELLA, Lucia. A pós-verdade é verdadeira ou falsa? Editora estação das letras e

cores, 2018.